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Sumário
Apresentação
Capítulo I - Uma Rosa Vermelha
A outra Rosa Luxemburgo: a Rosa Mulher
Civilização ocidental e guerra Rosa Luxemburg no centenário do
seu assassinato
Tantas Rosas, um mesmo perfume Pensamentos não morrem
Capítulo II - Pétalas e poéticas
Dois naufrágios de Ulisses a ninguém
Atravessamentos entre filosofia e literatura no pensamento da
desconstrução
O testemunho do desenho: uma cortesia dos cegos
Saudades da literatura
Deslocamento e Nadificação: A Filosofia Trágica de Macabéa
O encontro entre dança e pensamento no processo criativo de Pina
Bausch
Capítulo III - Flores do político
Pensamentos outros do Direito: desconstrução, justiça,
hospitalidade, desobediência civil e revolução
Hospitalidade e vulnerabilidade: notas sobre ética em Judith
Butler e Jacques Derrida
A temporalidade da vingança e a doação do tempo no direito
Habermas nos trópicos: o conceito de esfera pública e o
contratualismo político brasileiro
Capítulo IV -Outros ramos e pensamentos outros
Observações sobre a poética política de Augusto Boal e a
insurgência de uma filosofia popular brasileira
Referências
A humanidade fabricada: identidade, violência e exclusão na
construção do imaginário moderno/colonial
Comportamento impróprio ao local de cultura
O real-segredo de Slavoj Žižek
Capítulo V - Raízes e Filosofias Populares Brasileiras
Tentáculos Digressões sobre uma filosofia sem idade ou de todas as
idades
Rosas negras para uma filosofia desde o Brasil: Lélia Gonzales,
Beatriz Nascimento e Helena Theodoro
Resistência, ódio e amor!
(Sobre)vida retirante: por onde nos conduz o sertanejo Severino?
A gira macumbística da filosofia brasileira
Referências
AUTORAS E AUTORES
Copyright
Conselho editorial
Para Maria Cristina Derzi
Queixo-me às rosas
Que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti
Cartola
Georgia Amitrano
Marcelo de Mello Rangel
Rafael Haddock-Lobo
Capítulo I - Uma Rosa Vermelha
A outra Rosa Luxemburgo: a Rosa Mulher
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Maria Socorro Ramos Militão
Introdução
Neste artigo, busco apresentar a outra face da revolucionária socialista
Rosa Luxemburgo, a Rosa mulher, que é praticamente desconhecida.
Procuro evidenciar a sua incansável batalha para tornar-se um Ser humano
completo, dar voz a essa outra Rosa ignorada e ainda mais desprezada que a
filósofa política.
Contudo, antes de apresentar esta sua outra face, é preciso situá-la no
contexto histórico do final do século XIX e início do XX, no qual atuou
como revolucionária e contribuiu com a reflexão sobre os grandes
problemas sociais e políticos do período, inserindo-se nos debates políticos
travados no interior do maior partido político de esquerda da Alemanha e
entre os círculos socialistas. Contexto em que se tornou respeitada pelo
elevado nível de produção intelectual e no qual resistiu, bravamente, ao
machismo e aos preconceitos presentes no interior do partido e na ultra
conservadora sociedade alemã. Porém, apesar de ter uma obra muito vasta,
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a filósofa polaco-alemã é, ainda hoje, pouco conhecida entre os muitos
teóricos marxistas.
Em 15 de janeiro de 2019 registrou-se os 100 anos da morte de Rosa
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Luxemburgo (1871-1919) , a combatente de primeira hora do revisionismo
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teórico que irrompeu no interior da social-democracia alemã , e, em sua
homenagem lanço, aqui, um olhar sobre a Rosa vermelha mulher, ignorada
e triplamente estigmatizada: como mulher, judia e comunista.
A Rosa vermelha revolucionária
Rosa Luxemburgo foi fundadora e líder da socialdemocracia polonesa,
líder da ala de esquerda da socialdemocracia alemã junto com Karl
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Liebknecht (1871-1919) , e, como teórica da política, protagonizou e foi
mártir das revoluções Russa de 1905 e Alemã de 1918-19. Além disso, ela
rejeitou alianças de classes em prol de interesses nacionais, opôs-se com
vigor ao voluntarismo centralista do bolchevismo e ao fatalismo
revolucionário do “centro marxista”. E, como herdeira da Economia
Política de Marx, criticou alguns pressupostos da teoria da reprodução do
capital, algo que nenhum marxista ousou fazer, propondo-se a reformulá-la
e extraindo dela uma teoria do imperialismo.
Loureiro (2009) acentua que, apesar de ser uma cidadã alemã, Rosa
sentia-se como uma exilada por ser vista, pelos seus inimigos políticos,
como estrangeira, judia e revolucionária. Como judia, ela “era objeto de
perseguição. E como mulher, ela era, como todas as mulheres, o negro do
mundo” (LOUREIRO, 2009, p. 69). Estes foram os principais motivos que
a levaram a ser discriminada e perseguida por toda a vida.
Diante deste árido cenário, ela buscou viver de forma autodeterminada,
tendo sido uma das poucas mulheres politicamente ativas no interior do
partido, onde enfrentou o preconceito contra as mulheres que exerciam
papel em público, e que era largamente disseminado nos partidos de
esquerda. Este mesmo preconceito levou Rosa à perseguição que a tornaria
mártir da revolução na Alemanha, ao ser brutalmente assassinada em 15 de
novembro de 1919, junto com seu companheiro de luta Karl Liebknecht,
por militares de extrema direita, que depois apoiariam Hitler.
A autonomia de espírito foi, certamente, sua marca registrada. Mas,
além disso, e, sobretudo, Rosa tinha uma profunda identificação com as
massas de trabalhadores, uma total dedicação aos oprimidos e explorados,
um ódio mortal à injustiça, um desprezo ilimitado pela autossuficiência do
burocrata, sobretudo do burocrata acomodado que, a pretexto de servir os
trabalhadores, deles se servia. Estes sentimentos se manifestavam nela com
inigualável intensidade, dando a tudo o que fez e escreveu grandeza e força
excepcionais. Por isso, Rosa sentia não apenas amor e compaixão pelos
subalternos, mas também respeito, e se destacava pela
identificação com a massa, pela disposição de esclarecê-la, animá-la e se colocar incondicionalmente à sua testa, sem pretender comandá-la em sua
movimentação espontânea. Assim ela o disse e assim ela fez. Nenhuma fratura se interpunha entre sua proposta e sua ação (SINGER apud
LUXEMBURGO, 1984, VIII).
Este desejo remonta a juventude, quando ela aspirava ter uma vida
“normal”: casar, ter filhos, etc., mas Leo era o revolucionário típico,
“durão”, acostumado à luta política clandestina, por isso unir prazer e dever
não estava nos seus planos, e ela o censurava por ele só pensar na “causa
política”, lamentando pela conflituosa relação que a fazia sentir-se infeliz.
Para Charles Rapoport, que os conhecia bem, “Rosa era sentimental e
apaixonada, romântica e sensível ao extremo e não tinha medo de expor
essa sensibilidade”. Observe como ela expressa esse romantismo e
sensibilidade ao manifestar sua vontade de ser mãe a Leo, em carta de 6 de
março de 1899,
[...] Querido, sabes o que ontem caiu em cima de mim, durante o meu passeio no Tiergarten? Não estou exagerando! De repente um pequeno de
três a quatro anos, de finos cabelos loiros, vestido com um terninho encantador, enrolou-se nas minhas pernas e pôs-se a olhar-me fixamente com
seus olhinhos redondos. Senti de repente uma vontade louca de pegá-lo, fugir com ele, levá-lo para casa e guardá-lo como se fosse meu! Ah, meu
querido, será que nunca terei um bebê? (LOUREIRO, 2005, p. 69).
Nesta carta, ela mostra ser o oposto do burocrata de partido, para quem
a política é sinônima de conchavos e de acordos espúrios, como é o caso de
“velhos e bem comportados companheiros da defunta social-democracia
alemã, para quem as carteirinhas de filiação são tudo, os homens e o
espírito, nada” (LOUREIRO, 2005, p. 29). Ela lutava por todas as minorias
e por todos os oprimidos – trabalhadores, negros, judeus, e mulheres,
especialmente –, por isso era vista como um problema nos grupos que
atuava, ficando sempre mais à esquerda dos esquerdistas.
O reconhecimento público
Rosa se juntou a Lênin contra a guerra imperialista e pelo socialismo
no início da Primeira Guerra Mundial, quando ocorreu a traição da maioria
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dos dirigentes da II Internacional . Lênin a conhecia bem e a respeitava
muito, por isso ele rendeu lhe homenagem póstuma no discurso de abertura
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do Congresso da III Internacional , e a defendeu com firmeza diante de
seus críticos da social democracia alemã, dizendo
A esses (críticos) responderemos com um velho ditado russo: ‘Às vezes as águias descem e voam entre as aves do quintal, mas as aves do quintal
jamais se elevarão até as nuvens’. Rosa equivocou-se em muitas coisas, a respeito da independência da Polônia, na análise dos mencheviques em
1903, na sua teoria da acumulação de capital [...], equivocou-se no que escreveu na prisão de 1918 (corrigiu a maioria desses erros no final de
1918 e início de 1919, quando voltou à liberdade). Mas, apesar de seus erros, foi e continua sendo uma águia (LOUREIRO, 2005, p. 22).
ETTINGER, Elzbieta. Rosa Luxemburgo: uma vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989.
GUIMARÃES, Juarez R. (org.). Rosa vermelha. São Paulo: Busca Vida, 1987.
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SCHÜTRUMPF, Jörn (Org.). Rosa Luxemburgo ou o preço da liberdade. Reimpressão da 2 ed. brasileira. Tradução Isabel Loureiro et al. São Paulo: Expressão Popular, 2015.
SINGER, Paul. Uma discípula de Marx que ousava criticar Marx. In: LOUREIRO, Isabel Maria (Org.). Socialismo ou barbárie: Rosa Luxemburgo no Brasil. 2 ed. São Paulo: RLS,
2009.
VARES, Luiz Pilla. Rosa, a vermelha - textos escolhidos. São Paulo: Busca Vida, 1988.
Civilização ocidental e guerra Rosa Luxemburg no centenário do
seu assassinato
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Giovanni Fresu
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Georgia Amitrano
Inicio este texto pedindo licença, pedindo agô a Oxalá, que vem antes
de todos, èpa Babá. Peço agô também a meu Pai, Logum Edé, Loci Logum.
Peço agô, ainda a Iemanjá, pois que vou atravessar o mar, desde o
Mediterrâneo até o Brasil, Odoyá. Peço agô ainda a Exu, e que esse Orixá
possa me abrir os caminhos nessa longa travessia. Laroyê.
* * *
Na Odisseia, a viagem de Ulisses ou Odisseu para Ítaca, sua terra
natal, de volta da Guerra de Tróia que durou 10 anos, o herói grego coloca-
se à prova e enfrenta desafios quase intransponíveis. Para sair vivo deles,
Ulisses usa ardis os mais variados, na medida em não teria força física para
enfrentá-los de frente. Foram precisos subterfúgios e armadilhas para
ultrapassá-los um a um. A volta do herói é contada em 24 cantos no grande
poema homérico, que li na tradução de Trajano Vieira. Na orelha do livro,
assinada por Claude Calame, o helenista e antropólogo suíço alerta
Em contraste com o retorno de Agamênon, que termina no sangue conjugal em Micenas; diferentemente do retorno de Menelau, que conduz o
herói junto da bela Helena ao Egito, o itinerário de Ulisses assume um contorno etnográfico: confronto com seres no limite do humano, entre o
divino e o animal, jovens mulheres sedutoras e capciosas como Circe e Calipso, monstros canibais e antissociais como os Ciclopes e os Lestrigões,
numa geografia de fábula. Desenha-se assim, em contraste, por meio da interrogação, uma imagem da civilização dos homens; (CALAME, in
HOMERO, 2011)
até que o mar sobre nós foi fechado”. (ALIGHIERI, 1998, p. 178-180)
Em Ítaca não há nada, nem houve nada. O que houve foi sua viagem.
Kaváfis apresenta um Ulisses medroso, volúvel, aberto a todas as
experiências, que se porta diante da vida, não como herói, mas surpreso e
boquiaberto diante do mundo. Um acumulador de experiência.
Poderia pensar a mitologia em torno do herói Ulisses, a partir do
encontro com Nausicaa, ou a partir das mulheres que são fundamentais na
trajetória do herói da Odisseia. Náufrago, nu, sujo, ele é acolhido por
Nausicaa, já encantada por Atena, deusa que acompanha e protege Ulisses,
na costa da Esquéria, lar dos feácios. Aí, não só Nausicaa o acolhe, como o
veste para que possa chegar à cidade e ter com seu pai e pedir-lhe meios
para continuar seu retorno à Ítaca. Mas, ele só pode falar com o pai de
Nausicaa, se passar por Arete, sua mãe, e abraçar-lhe os joelhos. É a partir
da hospitalidade e do acolhimento que ele pode continuar empreendendo
seu retorno. Penso ser significativo demais esse gesto, bem como o papel de
todas as mulheres na Odisseia, desde Penélope. Todo o tempo, a mulher
trai, seduz, sim, mas sobretudo, acolhe, hospeda, ensina, protege, conduz.
Outro Ulisses, cujo nome é uma clara referência ao personagem de
Homero, professor de filosofia de Loreley em Uma Aprendizagem ou o
livro dos Prazeres, de Clarice Lispector, coloca a aluna numa espécie de
Odisseia até o entendimento. Logo no início de sua trajetória, ela se
reconhece num estado bicho, de “não entender”:
E era bom. “Não entender” era tão vasto que ultrapassava qualquer entender – entender era sempre limitado. Mas não entender não tinha fronteiras
e levava ao infinito, ao Deus. Não era um não entender como um simples de espírito. O bom era ter uma inteligência e não entender. Era uma
bênção estranha de ter a loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura de estupidez.
(LISPECTOR, 1982, p. 44)
BIBLIOGRAFIA
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Atravessamentos entre filosofia e literatura no pensamento da
desconstrução
47
Suelen Carvalho
BIBLIOGRAFIA
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O testemunho do desenho: uma cortesia dos cegos
60
Fransuelen Geremias Silva
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DERRIDA, Jacques. Gramatologia. Trad. Miriam Chanaiderman; Renato Janine Ribeiro. – São Paulo: Ed. Perpectiva, 2017.
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DERRIDA, Jacques. Pensar em não ver. In: Pensar em não ver – escritos sobre as artes do visível (1979-2004) Org. Ginette Michaud, Joana Masó, Javier Bassas. Trad. Marcelo
Jacques Moraes – Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2012, p. 63-90
DERRIDA, Jacques. Com o desígnio, o desenho. In: Pensar em não ver – escritos sobre as artes do visível (1979-2004) Org. Ginette Michaud, Joana Masó, Javier Bassas. Trad.
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Saudades da literatura
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Guilherme Cadaval
O que é estranho é a lentidão desse movimento. A mão move-se num tempo pouco humano, que não é o da ação viável, nem o da esperança mas,
antes, a sombra do tempo, ela própria sombra de uma mão deslizando irrealmente para um objeto convertido em sua sombra. Essa mão
experimenta, em certos momentos, uma enorme necessidade de agarrar: ela deve agarrar o lápis, tem de fazê-lo, é uma ordem, uma exigência
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imperiosa.
BLANCHOT, M. O espaço literário. Tradução: Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.
BLANCHOT, M. A literatura e o direito à morte. In: “A parte do fogo”. Tradução: Ana Maria Scherer. Rio de Janeiro: Rocco, 2011a.
DERRIDA, J. Essa estranha instituição chamada literatura. Tradução: Marileide Dias Esqueda. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.
Deslocamento e Nadificação: A Filosofia Trágica de Macabéa
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Carina Duarte Blacutt
Clarice Lispector cria, então, seu último romance, num livro a que
ela atribui 13 títulos diferentes. São eles: A Culpa é Minha, A Hora da
Estrela, Ela Que Se Arranje, O Direito ao Grito, Quanto ao Futuro,
Lamento de um Blue, Ela Não Sabe Gritar, Uma Sensação de Perda,
Assovio no Vento Escuro, Eu Não Posso Fazer Nada, Registro dos Fatos
Antecedentes, História Lacrimogênea de Cordel, Saída Discreta Pela Porta
dos Fundos.
Em 1985, Susana de Amaral dirige, então, o filme A Hora da
Estrela, com roteiro adaptado do livro. Em sua versão cinematográfica o
narrador é excluído para dar maior ênfase à personagem Macabéa e sua
vivência de desconstrução e construção de identidade. Construção que se dá
por meio do contexto social, da interação com outros personagens e, ainda,
da reflexão sobre a essência do eu e de sua identidade.
Quanto a moça, ela vive num limbo impessoal, sem alcançar o pior nem o melhor. Ela somente vive inspirando e expirando, inspirando e
expirando. Na verdade - para que mais que isso? O seu viver é ralo. Sim. (...) Incompetente para vida. Faltava-lhe o jeito de se ajeitar. Só
vagamente tomava conhecimento da espécie de ausência que tinha de si em si mesma. Se fosse criatura que se exprimisse diria: o mundo é fora de
mim, eu sou fora de mim. (Ibidem. p. 23-24)
Bibliografia
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LISPECTOR, Clarice. Entrevistas. Coleção Encontros, organização Evelyn Rocha; [apresentação] Benjamin Moser. Rio de Janeiro: Beco do Azougue. 2011.
LISPECTOR, Clarice. Clarice na cabeceira: romances, organização, introdução e apresentações: José Castello. Rio de Janeiro: Rocco. 2011.
LISPECTOR, Clarice. Outros escritos; organização de Teresa Montero e Lícia Manzo. Rio de Janeiro: Rocco. 2005
MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.
MOSER, Benjamin. Clarice, uma biografia. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
NASCIMENTO, Evando. Derrida e a literatura: Notas de literatura e filosofia nos textos da desconstrução. Niterói: Editora Universidade Federal Fluminense, 1999.
NASCIMENTO, Evando. Clarice Lispector: Uma literatura pensante. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.
SÁ-CARNEIRO, Mário de. Orpheu, ed. fac-similada dos três volumes. 2. ed. Lisboa: Contexto, 1994.
SANTOS, Roberto Correa dos. Clarice Lispector / Roberto Correa dos Santos. - São Paulo: Atual, 1987.
SARTRE, Jean Paul. O que é Subjetividade? Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
SARTRE, Jean Paul. Esboço para uma teoria das emoções. Porto Alegre: L&PM, 2009.
O encontro entre dança e pensamento no processo criativo de Pina
Bausch
105
Renata Tavares Noyama
O que é dança-teatro?
O hibridismo entre dança e teatro, que surgiu da vertente alemã da
dança moderna do início do século XX precisa, em primeiro lugar, ser
entendido como um apagamento de fronteiras entre os dois campos. E de
maneira bastante radical, radical o suficiente para transformar ambos os
conceitos. O termos tanztheather, primeiramente usado por Rudolf Von
Laban para descrever suas danças corais, começou a ser usado ao longo da
primeira metade do século XX por alguns coreógrafos, mas de forma mais
esporádica, com a intenção de tentar nomear um gênero independente, ou
seja, de marcar posição contrária a estéticas tradicionais. Um exemplo disto
é o uso deste termo por Kurt Jooss em sua famosa peça A Mesa Verde, uma
composição intensa que põe o dedo na ferida da Guerra e precisava ser
claramente diferenciada de um balé convencional. Mas apenas no final da
década de 70, quando a Companhia de Wuppertal estava sob a direção de
Pina Bausch há alguns anos, é que o termo passou a significar propriamente
uma forma de trabalhar, um resultado, uma estética, um gênero. Por isso o
nome de Pina Bausch é o primeiro a vir a tona quando se pensa em dança-
teatro.
Uma questão que deve ser colocada é a de que tais fronteiras,
definições de que algo é ou não e dança, ou de que algo é ou não e teatro
pertencem a um entendimento de arte que é o justamente o que se pretende
questionar. A dança-teatro é inequivocamente um exemplo de arte pos-
dramática, o que significa um questionamento não somente do lugar e do
conceito do drama burguês, mas também de suas raizes mais antigas e
profundas, filosóficas por excelência. Portanto, cabe antes de tudo evitar
uma interpretação superficial de que possa se tratar de algum tipo de
colagem, junção, ou mero jogo aleatório de composição.
Com a palavra ausdruckstanz, dança de expressão, Rudolf von Laban
iniciou uma atitude nova em relação à dança de sua época. Ate aquele
momento a dança era uma arte cuja compreensão se dava plenamente
dentro dos parâmetros da representação, e além de primordialmente
mimética, era uma arte de valores declaradamente aristocráticos. A dança
moderna como um todo, ou seja, os movimentos de rompimento com o balé
clássico que surgem tanto na Europa quanto nos Estados Unidos na virada
do século XIX para o XX tem como ponto em comum a busca de uma
movimentação mais expressiva e menos presa a formas pré-estabelecidas.
Mas a vertente europeia desenvolveu-se dando mais ênfase a certa noção de
conteúdo, a não se orientar somente por uma movimentação livre do corpo,
(ou melhor, orientando-se sim por esse propósito mas com certa intenção “a
mais”). Mais do que Martha Graham ou Merce Cunningham, Kurt Jooss,
Pina Bausch e outros tinham uma espécie de crença de que a dança pode
quase falar uma linguagem “universal”, e dizer o que as palavras não
podem dizer. Ou ao menos eles declaravam esta intenção de modo mais
enfático do que os norteamericanos.
Em uma entrevista de 1999, Christopher Bowen pergunta a Pina
Bausch se ela se via parte deste movimento da performance do final do
século XX, em que as pessoas estão falando sobre seus problemas, sobre a
condição humana, diretamente para o público, mais do que através de
personagens históricos ou ficcionais. E Pina Bausch diz:
Eu tenho certeza de que você assiste a muito mais performances do que eu. Eu não vejo tantas, portanto é muito difícil para mim responder isto. O
que nós estamos fazendo é ainda uma abstração. Não é algo privado; há sentimentos que pertencem a todos nós. Se você for realmente honesto,
não é privado, porque nós conhecemos todos estes sentimentos. Nós temos os mesmos desejos; todos nós sentimos medo. Existem diferenças – o
gosto, o sabor é diferente. Mas nós estamos todos juntos, e esta é a riqueza – todas as possibilidades – que eu celebro em minhas peças. (apud
Climenhaga, 2013, p. 101)
KOLDEHOFF, Stefan; PINA BAUSCH FOUNDATION (Org.). O-ton Pina Bausch. Interviews und Reden. Wädenswill: Nimbus, 2016.
SÁNCHEZ, Lícia Maria Morais. A Dramaturgia da Memória no Teatro-Dança. São Paulo: Perspectiva, 2010.
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Luciana Pimenta
Derrida responde:
[...] Abraão rompe e marca uma ruptura por entrar em uma relação singular com Deus. [...] Por que responder a Deus? Esse amor supõe a ruptura,
o sacrifício daquilo que nós, homens ou mulheres, chamamos o ‘amor’. [...] ele rompe todos os elos afetivos com o mundo dos humanos e com
seus próximos e, por isso, aliás, Kierkegaard diz, desse ponto de vista, que Abraão permanece criminoso, que ele é um criminoso. [...] Como se
ele odiasse aqueles que ama. [...] Abraão escolhe um amor contra o outro. [...] [...] Porque ele acha isso mais justo. A responsabilidade é um desses
conceitos que é mais fácil associar à ideia de direito e de justiça do que a ideia de amor.
[...] Como uma épokhé última? Sim…, responde Derrida, mas então portar em mim é tanto portar o ser vivo quanto o ser morto. (DERRIDA,2015,
p.15)
O sol se levantou mais cedo e cegou o medo nos olhos de quem foi ver
tanta luz. Cegueira. Talvez seja dela, pois, que pensamentos outros do
Direito estejam a carecer. Saramago já o tinha anunciado, em Ensaio sobre
a cegueira (1995), onde a questão da animalidade também restou
vivenciada. E talvez essa cegueira seja, aqui, a própria possibilidade de
pensar a desobediência civil e seu elo com a desconstrução. Se voltarmos
no tempo, no tempo de uma fundamentação teológica do Direito, um tempo
medieval (talvez não muito distante do tempo-presente-vivo-morto do
Brasil contemporâneo), Tomás de Aquino, na Suma Teológica (2005)
justificava a obediência à lei injusta, em nome do bem comum, para evitar a
perturbação e a desordem. Não restava ali, por mando de Deus – “aqueles
que mandam, mandam em meu nome” qualquer espaço para a
desobediência.
Passados alguns séculos, em que pese o tempo não nos ter liberado de
afirmações como as de Edir Macedo (2019), de que suas filhas não devem
estudar para servir a Deus e não assumirem posições superiores à de seus
maridos, o tema da desobediência se coloca como uma pedra angular da
legitimidade. Talvez aqui se tenha o encontro da desconstrução tanto com o
amor quanto com o ódio. O amor e ódio legítimos. A justa ira (já
mencionada hoje na fala do Marcelo, pela manhã, ali onde o sol levantou
mais cedo e nos cegou).
Sim, falamos, com Derrida, de um lugar de cegueira. Um lugar que
nos devolve ao lugar do amor, ao saber de cor! Também um lugar para o
ódio. Ambos legítimos. Um lugar que nos devolve ao começo para
recebermos nossos mortos: a voz de minha Mãe, a voz de Elis, e as vozes
tão vivas de Marx, Rosa Luxemburgo e Derrida. Estão todos aqui. Aqui
estamos, em torno deles. Essa reunião é uma festa do amor, da
singularidade. Uma celebração da alteridade e dos mortos que nos fazem
tão vivos.
Esse semestre, venho dedicando meus os estudos de Direito e
Literatura ao Quarto de Despejo (2014), de Carolina Maria de Jesus. No
mês passado, fizemos em Belo Horizonte um Congresso de Direito,
Congresso sobre Direito, Memória, Democracia e Crimes de Lesa
Humanidade, realizado em Belo Horizonte, nos dias 28 e 29 de agosto de
2019. Nele apresentei, em conjunto com uma orientanda, um artigo
intitulado “A revolução Carolina Maria de Jesus e a necessidade de
superação da miséria brasileira”, um artigo onde procuramos desconstruir a
imagem montada de Carolina para desloca-la ao seu merecido lugar de
escritora e poeta. Um trabalho que nos conecta ao verdadeiro sentido da
desconstrução: “A desconstrução é a condição de possibilidade e a
promessa de uma revolução do político”, lembra Fernanda Bernardo (2011).
Assumamos essa promessa. Com amor! Com desobediência! O medo de
amar se desconstrua em nós, também o medo de odiar: o medo de odiar a
maldade, odiar o horror, odiar uma epistemologia racista e excludente,
modo de assim sermos livre – irresponsável e responsavelmente livres –
para seguirmos em busca da justiça.
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O MEDO DE AMAR É O MEDO DE SER LIVRE. GUEDES, Beto (compositor). O medo de amar é o medo de ser livre. In: O sal da terra (Best of). EMI Music, 2010. CD. 14
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Hospitalidade e vulnerabilidade: notas sobre ética em Judith Butler
e Jacques Derrida
109
Ana Luiza Gussen
Para Butler isso implica dizer que suas condições de surgimento jamais
poderão ser completamente acessadas. Ela então questiona: estaria assim
aniquilada a possibilidade de se pensar a responsabilidade ou de dar um
relato de si? Butler alerta que o relato de si tem um preço que vai além de
perceber que sou incapaz de acessar muitas condições da minha própria
formação. É perceber que essas dimensões não narráveis e que os
parâmetros sociais de interpelação, ou seja, as normas pelas quais o “eu”
torna-se inteligível, persistem em mim como condições que possibilitam o
meu desejo, como condições estrangeiras. (BUTLER, 2015, p.170)
Esse sujeito fundado na abertura, numa vulnerabilidade primária, é
então opaco a si mesmo e, portanto, a responsabilidade com outro não
deveria estar ligada com um conceito de si-mesmo que seja transparente por
completo para si mesmo (BUTLER, 2015, p.170). Esse caminho proposto
por Butler para pensar o relato de si é embalada também pelo impulso de
pensar “como a formação do sujeito implica um quadro de referência para
entender a resposta ética e uma teoria da responsabilidade.” (BUTLER,
2015, p.171). Para Butler, a vulnerabilidade implica o sujeito naquilo que
está além dele e ainda assim é parte dele. Dessa forma, essa noção carrega
consigo uma parte de imprevisibilidade do que não pode ser controlado. Há
dessa forma um entrelaçamento entre todas essas vidas e a minha própria –
uma ligação de um ao outro e a processos vivos que estão além da forma
humana – que não se resume, ou não pode pretender se reduzir a um elo de
nacionalidade ou proximidade comunitária.
Pensar a vulnerabilidade como traço estrutural, enquanto uma abertura
à alteridade que nos atravessa nos níveis mais fundamentais, tem
consequências para pensarmos na nossa relação ética e nossa
responsabilidade com tudo aquilo que nos constitui e que ao mesmo tempo
não se encerra em nós. Me aproximo aqui de Derrida, partindo de Lévinas,
quando ele pensa a hospitalidade incondicional – e o acolhimento como seu
quase-sinônimo. Pensar a hospitalidade incondicional significa, de acordo
com Rodrigues (2013), apontar para os limites dos pensamentos que se
restringem à ordem do mesmo. Para Derrida “é necessário habituar-se com
esta aporia na qual, finitos e mortais, somos de antemão jogados e sem a
qual não haveria promessa alguma de caminho. É preciso começar por
responder. (DERRIDA, 2015, p.42)
O acolhimento, como pontua Derrida, é sobretudo um primeiro
movimento, e um movimento aparentemente passivo. O acolhimento diz
sobre a receptividade, do receber como relação ética. Quando Derrida
afirma que a hospitalidade não é uma região da ética – ou um dentre outros
problemas éticos – e sim a eticidade propriamente dita, e que essa
hospitalidade, ela é incondicional ou não é hospitalidade, somos levados a
pensar com ele que a abertura ao outro não carrega intencionalidade
anterior ao acolhimento. A própria ideia de que se poderia ter escolha lhe
arranca imediatamente da incondicionalidade. Ao mesmo passo uma
hospitalidade condicionada é apenas um mero cumprimento das regras da
hospitalidade e, de fato, não é bem isso que significa receber. A necessidade
de operar essas inversões e deslocamentos está em fazer com que surja uma
abertura no sentido ético, na ética da alteridade.
Esse receber, que Derrida propõe como sinônimo de acolher, só se faz
possível na medida desmedida em que se recebe para além da capacidade
do eu. A hipótese de uma hospitalidade incondicional, parece, na verdade,
causadora de um incômodo incontornável, mas, de certo modo,
completamente previsível. Como diz Derrida, “todas essas possibilidades
são sentidas como ameaças que pesam sobre o território próprio do próprio
e sobre o direito de propriedade privada. (DERRIDA, 2003, p. 47).
Assim, quando pensamos a possibilidade de injúria e de uma reação
violenta com essa chegada do outro, tenta-se de alguma forma esboçar
como o estrangeiro vem encarnando a face do medo e da ameaça do
próprio. Derrida opera uma inversão para refletir sobre o que ele chama por
implacável lei da hospitalidade:
O hospedeiro como host é um guest hóspede. O hospedeiro que recebe (host) o hóspede, convidado ou recebido (guest), e que crê ser proprietário
do lugar é na verdade um hóspede recebido em sua própria casa. A hospitalidade que in.cit. “ele oferece na sua própria casa, ele a recebe de sua
própria casa – que no fundo não lhe pertence. A habitação se abre a ela mesma, a sua “essência” sem essência, como “terra de asilo”. O que
acolher é sobretudo acolhido em-si.” (Derrida, 2015, p.57-58)
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A temporalidade da vingança e a doação do tempo no direito
110
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111
Luciano Severino de Freitas
Afirmação ou negação?
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Capítulo IV -Outros ramos e
pensamentos outros
Observações sobre a poética política de Augusto Boal e a
insurgência de uma filosofia popular brasileira
114
Samon Noyama
Temos aqui, então, uma questão central que perpassa toda nossa
reflexão: se para Aristóteles era possível distinguir a poesia, e com ela o
teatro, da política; para Boal todo teatro é necessariamente político.
Retomando a ideia de que filosofia e arte, no ocidente, mantiveram ao
longo dos séculos uma relação dialética de aproximação e distanciamento,
pensar a poética política de Boal nos põe em diálogo com parte dessa
história.
Fundamentalmente, o que torna sua compreensão ímpar no que diz
respeito ao papel e funcionamento do teatro é o protagonismo do
espectador. A mobilização do espectador, na medida em que ele se torna o
centro da experiência teatral, distingue completamente Boal da tradição
teatral no ocidente, até mesmo das ideias precursoras de Brecht, que
exerceram muita influência em seu pensamento. Mais uma vez Schechner
nos ajuda a entender este processo: “ele expandiu radicalmente a noção do
coro grego de forma que a plateia ativa – o espect-ator – era o participante
mais importante do evento teatrão” (2013, 12).
Retornemos, pois, à leitura que Boal faz da Poética. É interessante
notar que o cuidado com o qual ele perpassa os elementos principais da
obra aristotélica, recorrendo inclusive ao repertório do filósofo em outras
obras, como a Ética a Nicomaco e a Metafísica, revela uma dupla
preocupação: por um lado, em caracterizar com honestidade intelectual a
estrutura lógica e os princípios que constituem a compreensão por parte de
Aristóteles do fenômeno teatral, bem como de destacar as teses ali
implicadas e as conclusões dali extraídas e consagradas. Por outro lado, em
usar sua própria filosofia para contestá-lo naquilo que ele entende, a meu
ver, como o grande problema da Poética, qual seja, o de construir um
programa sistemático aparentemente imparcial e separado da política
quando, na verdade, isso se mostra impossível.
Já dissemos que Boal discorda em absoluto da possibilidade de se
separar o teatro da política e que tal separação, pelo menos do ponto de
vista da articulação do sistema filosófico aristotélico, é sustentada pelo
filósofo. O interesse de Boal é tão grande no assunto que ele empreende em
“O sistema trágico coercitivo de Aristóteles” uma análise detalhada dos
principais elementos da Poética e, cotejando com a obra do filósofo,
procura explicar porque entende que o legado aristotélico se consolidou, no
fim das contas, como um mecanismo de controle e exercício de poder por
parte do Estado.
Na Grécia antiga, enquanto o teatro ainda se aproximava mais de uma
manifestação coletiva, popular e de ordem religiosa, ele pouco poderia
contribuir para o poder estatal visto que sua ordem interna, se é que isso
existia, não poderia ainda servir como um amálgama da polis. Contudo, o
aprimoramento das práticas dramáticas e algumas transformações
substanciais em sua execução, criaram a possibilidade de uma emulação
entre o Estado e o teatro. Foi o surgimento do protagonista, criado por
Thepsis, que proporcionou esta profunda modificação estrutural.
Inicialmente uma expressão transgressora, o protagonista foi neutralizado
pelos tragediógrafos, e suas falas cada vez mais representativas do
pensamento estatal. O diálogo entre o rei Édipo e o coro expressava a
conversa entre a aristocracia e o povo; as festas populares deram lugar,
pouco a pouco, à expressão de um protagonista-aristocrata.
Gostaria de fazer aqui duas digressões, ambas inspiradas na
interpretação que Nietzsche fez, no século XIX, da tragédia grega.
Anunciadas em seu primeiro livro, O nascimento da tragédia, elas apontam
para (1) as transformações estruturais da tragédia e sua relação com o
desenvolvimento da polis grega e (2) a compreensão última da tragédia
como a manifestação de uma reconciliação interminável entre duas forças
da natureza que, como já é de amplo conhecimento, Nietzsche chamou de
apolínio e dionisíaco. Com relação à última, marcada pelo sedutor elemento
iconoclasta das duas divindades em questão, ficamos com a vontade
irresistível de pensar sobre os desdobramentos metafóricos de Apolo e
Dioniso, especialmente em como tais figuras nos permitem potencializar as
reflexões que Boal oferece ao testemunhar os limites da compreensão de
teatro e de arte derivadas da visão de mundo construída no ocidente a partir
de Aristóteles.
“O herói trágico surge quando o Estado começa a utilizar o teatro para
fins políticos de coerção do povo” (2013,56), diz Boal. Seria leviano acusar
Aristóteles de pretender com a Poética delimitar as formas possíveis de
fazer poesia e enquadrar a expressão artística àquele conjunto de hierarquia,
estrutura e regras de seu texto, afinal, sabemos que o filósofo demonstrou
mais afeição a uma descrição detalhada do exercício da atividade poética
visando sua perfeição. Mas a tragédia grega que Aristóteles descreve a
reconhece como execução perfeita é justamente o Édipo rei, de Sófocles. E
talvez fosse ainda mais leviano extirpar seu conteúdo e caráter
eminentemente político, porque a reivindicação da relação entre arte e
política feita por Boal faz aqui todo o sentido. A utilização do herói trágico
e sua desdita para fins políticos pelo Estado suscita, no mínimo, o interesse
em saber, afinal: o que a tragédia grega poderia oferecer de tão atraente?
Em que medida ela poderia, de fato, funcionar como uma estratégia de
coerção e, consequentemente, dominação?
Boal dedica então parte considerável deste ensaio para definir,
primeiro, uma compreensão não-dogmática do caráter imitativo da arte para
depois, gradativamente, elencar as definições de felicidade, virtude e
justiça. Contudo, não resta dúvidas de que a parte mais relevante de seu
ensaio pode ser observada quando ele começa a responder, efetivamente, de
que forma é possível enxergar no teatro um elemento purificador e
intimidatório, e a debater a finalidade última da tragédia enquanto ação
humana – definida por Aristóteles no parágrafo sexto da Poética – que é,
pois, produzir a catarse. Antes disso, porém, Boal ainda faz duas breves
observações.
A primeira é a de que há um conjunto de recursos (renováveis, diga-se
de passagem) disponíveis para tornar certa população satisfeita ou contente
com as desigualdades que marcam a sociedade a que pertencem, ou, pelo
menos, uniformemente passivos diante delas, ainda que não exatamente
contentes. Nesse sentido, para Boal, não há uma distinção significativa
entre burocracia, aparato policial e a tragédia grega. A segunda observação
nos lembra que o sistema apresentado na poética aristotélica não é somente
um sistema repressivo, pois se detém também em questões estéticas e
estruturais da poesia. Finalmente ele sugere que, de acordo com a sua
leitura, o principal argumento que justifica investigar a função repressora da
tragédia está diretamente ligado com a sua finalidade última.
Boal recorre a Butcher, Racine, Bernays e Milton. Ao primeiro deles
ele atribui sua compreensão do conceito de catarse e os apontamentos
necessários para formular seus argumentos, que parecem suficientemente
anunciados na seguinte passagem:
A natureza tem certos fins em vista; quando fracassa e não consegue atingir seus objetivos intervêm a arte e a ciência. O homem, como parte da
natureza, tem certos fins em vista: a saúde, a vida gregária no Estado; a felicidade, a virtude e a justiça etc. Quando falha na consecução desses
objetivos, intervém a arte da tragédia. Essa correção das ações do homem, do cidadão, chama-se catarse. (2013, p. 50)
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A humanidade fabricada: identidade, violência e exclusão na
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117
Diego dos Santos Reis
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Comportamento impróprio ao local de cultura
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O real-segredo de Slavoj Žižek
122
Gabriel Ponciano
A luta de classes, nos diz Žižek, não é o Sentido último para interpretar
qualquer fenômeno social, mas, antes, o que cada fenômeno social busca
obliterar, ocultar. A luta de classes, sob essa perspectiva, se assemelha
muito a um segredo. Um segredo que regula todos os fenômenos sociais de
forma a permanecer como tal. Um segredo que, portanto, dá um sentido,
oferece uma causa aos fenômenos sociais. Não estaríamos, pois, frente a
uma ideia, ou, melhor, frente à Ideia cuja realidade social é mero efeito
dissimulador?
Žižek indica que sua solução contornaria “a desgastada linha de
argumentação” que aponta que a distinção entre “ideologia” e “realidade”
implicaria numa “visão divina” epistemologicamente insustentável (ŽIŽEK,
1996, p. 30), mas essa solução não recai em uma “visão divina” ainda mais
epistemologicamente insustentável, se quisermos, por óbvio,
permanecermos materialistas? Como poderíamos vislumbrar o segredo do
real, nomeá-lo e, ainda mais, ditar as regras de seu funcionamento quando,
por definição, o real seria justamente aquilo que escapa a qualquer tipo de
simbolização? Se formos fiéis à noção de real trazida pelo próprio Žižek
quando, tratando de Derrida, o apresentou como “o X irrepresentável em
cujo “recalcamento” fundamenta-se a própria realidade” (ŽIŽEK, 1996,
p.26), talvez devêssemos deixar de lado, ao tratarmos dele, não apenas os
nomes, mas também os números, principalmente o número 1 – em vez de
falarmos em “um núcleo traumático”, como faz Žižek quando da análise da
Antropologia Estrutural, deveríamos falar em “núcleos traumáticos”, de
lacunas, em vez de “lacuna”. Lacunas na constituição da ficção que
chamamos de “realidade”. Eis que dessa forma manteríamos a tensão, o
caráter inominável, imensurável, irrepresentável do real em todo seu vigor,
e não haveria espaço para que nos refugiássemos na segurança do
idealismo.
BIBLIOGRAFIA
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Capítulo V - Raízes e Filosofias
Populares Brasileiras
Tentáculos Digressões sobre uma filosofia sem idade ou de todas as
idades
126
Dirce Eleonora Nigro Solis
Introdução
Escolhi falar sobre os Tentáculos que nos assombram, sem, no entanto,
aterrorizar, na filosofia. São digressões sobre uma filosofia sem idade e por
que não dizer de todas as idades da filosofia, inspiradas no pensador
Jacques Derrida. Inicio com a imagem do polvo que poderíamos ler po(l)vo,
colocando o L entre parênteses. O polvo é então aqui uma metáfora. Ao
nos depararmos com a imagem de um polvo, percebemos que esse molusco
marinho possui oito braços revestidos de duas fileiras de ventosas cada. Só
Lula tem oito braços e mais dois tentáculos, propriamente falando. No
entanto, usaremos tentáculos para falar do po(l)vo e nomeando agora, eles
são apêndices delgados flexíveis, portanto, não sedimentados, usados como
127
órgão tátil ou de preensão nesses invertebrados aquáticos.
O movimento dos tentáculos é movimento de fluidez, e utilizo a
imagem aqui para falar de desconstrução, do deslocamento da
desconstrução e de uma descolagem “talvez”. O tentáculo se desdobra, faz
dobra , redobra, estende-se como se fosse ao infinito, mas se recolhe, vai e
vem, estende, distende, recupera e volta; é fluxo e refluxo; desloca, desvia,
mas também descola. E quando descola, se refaz.
Os polvos são os argonautas dos mares, são os exploradores.
Argonauta, cientificamente falando, é um tipo de polvo (família dos
argonautídeos), cujas fêmeas, com a finalidade de deposição dos ovos ou
para abrigo, são capazes de secretar uma espécie de concha calcária.
Como meios de defesa, o polvo possui a capacidade de expelir tinta,
uma camuflagem, mudando de cor em virtude dos cromatóforos e além
disso, quando ameaçado, possui autotomia dos braços, tal como a lagartixa
que libera sua cauda. Seus olhos, com estrutura semelhante àquela do órgão
de visão humano, percebem cor (o que é discutível entre alguns
pesquisadores) e sua visão é binocular. Tais características auxiliam esse
animal na caça. Os braços liberados servem como distrativos para os
predadores que o perseguem.
Simbolicamente eis a descontrução, o rastro, a différance com a.
Tomo o polvo aqui como o movimento da desconstrução, mas também
como os olhos da desconstrução – que são os seus tentáculos.
A capacidade de descolagem faz dos polvos e aqui não importa se com
tentáculos ou braços, animais autótomes, o descolamento permite que seus
braços, agora tentáculos, se regenerem de novo, mas quando se regeneram,
não são os mesmos de anteriormente, instala-se ali a différance, com a.
Polvos também possuem um apurado sentido de toque físico e
suas ventosas por serem equipadas com quimioreceptores possibilitam-lhes
que possam sentir o gosto do objeto que tocam, conseguem perceber
inclusive as texturas, mas não a forma dos objetos tocados. Embora com
diminuta percepção de posicionamento espacial, seus braços contém
sensores de tensão que lhes permitem sentir o comprimento das distensões.
Por ser um invertebrado, não se sabe ao certo qual a capacidade cerebral
necessária para permitir uma correta percepção do posicionamento de seus
braços, mas a flexibilidade deles é muito maior que
a língua dos vertebrados.
E muitas vezes, simbolicamente, povo se parece ao polvo.
Os oito braços como tentáculos de uma filosofia sem idade
A filosofia de Derrida, e este mês são 15 anos de sua morte ( 9 de
outubro), pode ser pensada em termos de tentáculos. E os tentáculos em
termos de filosofia, de uma filosofia sem idade, gestada em todos os
momentos da história do homem sem que isso represente uma cronologia,
um desenrolar logocêntrico, mas antes um movimento no desvio. O polvo
possui oito braços, ou metaforicamente para os efeitos da desconstrução,
tentáculos. E a desconstrução pode desdobrar-se em tentáculos que vão ao
infinito. Tentáculos tais como: a síncope da escritura desde a
Gramatologia; a alteridade tal como em O Monolinguismo do Outro; os
espectros a partir de Espectros de Marx, mas não só, pois a espectralidade
acompanha a obra de Derrida em inesgotáveis momentos; o por vir da
linguagem; o por vir da democracia; o por vir da justiça; a incompletude do
perdão e do dom; a différance e o rastro e poderíamos ficar aqui
enumerando athèses, próteses (de origem), exergos, inúmeros tentáculos
partidos que se desfazem, mas se refazem de novo, que podem ser
capturados nos desvios, deslocamentos e descolamentos da desconstrução .
Tentáculos que se movem em fluxos livres e intermitentes. Nada mais atual
no mundo de hoje, nesse Brasil que tem que continuar grafado com S e não
com z.
Então, o outro nome que utilizarei para a desconstrução: tentáculos.
Tentáculos e seus movimentos.
Mas de muitos, escolho para falar, hoje, apenas três.
Primeiro tentáculo
“Falamos somente uma língua, mas ela não é nossa”, diríamos a partir
do Monolinguismo (1996); apesar de “ser nossa” em seus desdobramentos
tentaculares.
Herdamos uma certa língua dominante no Brasil, a língua do
colonizador de outrora, o português, mas junto com ele, dependendo da
região, a estrangeirice do italiano, espanhol, francês, alemão, japonês,
coreano, a línguas africanas, as línguas dos povos originários. Com elas
herdamos múltiplas linguagens.
É preciso navegar/Pra poder se esclarecer/Do lado de lá do mar/É preciso ver pra crer/Gente que lutou pra se libertar/Ver no amanhã/ Novo sol
chegar/Ter que trabalhar/Reconstruir/Bom futuro há de vir/Eu vi Luanda, Benguela ,Lobito e outras mais/Na Catumbela o samba jorrou, me deu
sinai/s Que naquela terra cantaram, sambaram meus avós/Ilha de Mussolo teve gente que chorou/ Iá, iá, iá, iá/iá iá iá/ Iá, iá, iá, iá/iá iá iá
E o refrão:
Samba vem lá de Angola/Não vem da Bahia não/Samba vem lá de Angola/Não vem lá do Rio não.
Para ouvir:
https://www.youtube.com/watch?v=cNeHY5z_XN8
A política da língua samba faz sucumbir o semba. Prótese ou enxerto,
o samba desloca e descola de semba, como o tentáculo do polvo para tentar
se proteger nesse caso e não para atacar, mas se movimenta no
deslocamento e se faz singular. Porém, não pode e não poderia nunca
abdicar dos pretos.
Falei do ritmo dos pretos , mas ligeiramente também convém lembrar
a dança.
A dança surgiu em tempos remotos onde provavelmente os humanos
batiam os pés no chão. A dança é uma escritura, ou melhor, uma
arquiescritura (o que significa num contexto onde o que vale não é a
origem primeira, mas o jogo das diferenças) e ao combinar passos com o pé
e palmas com as mãos vai descobrindo e intensificando novos sons. De
gestos individualizados foi aos poucos se transformando em ritual
religioso como garantia da sobrevivência humana: evocação do sol ou da
chuva, dos deuses da abundância contra a escassez, dos elementos
protetores da natureza e dos homens. Os primeiros registros de dança de
que se tem notícia remontam ao antigo Egito, dois mil anos antes de Cristo,
mas certamente ela é bem mais antiga que essa referência. Com ela os
homens evocam espíritos, evocam deuses, elas são rituais, espectrais,
portanto. Aparecem no culto aos deuses, mas também nas comemorações e
festas, na homenagem à terra e aos orixás.
Semba , com o tempo, tornou-se uma dança de salão urbana em
Angola, a dança de passadas. Não se caracteriza como dança ritual, mas
como divertimento. Com passos largos, as passadas são distintas para
cavalheiros e damas que os seguem. Um grande enfoque na improvisação
dos cavalheiros é esperado.
Já o samba é uma forma de dança que tem origem no Brasil a partir
de danças rituais africanas. É ligada ao ritmo musical de mesmo nome
praticado mais tarde por passistas de escolas de samba e em pagodes. A
dança oriunda do Rio de Janeiro deriva do samba de roda, folguedo que tem
destaque na Bahia no século XIX e com influência africana. Tem
semelhanças com o coco , dança de roda mais antiga ainda originária da
Capitania de Pernambuco, onde se observa o batuque africano misturado às
130
danças indígenas. Mesmo sendo perseguido no Rio de Janeiro , o samba de
roda aí se desenvolveu e criou raízes.
Os movimentos corporais podem ser mais bem explorados em suas
possibilidades, sem estarem enquadrados na rigidez das séries
milimetricamente articuladas e dos compassos ritmados. Adiantam-se os
estudos das múltiplas possibilidades de movimento do corpo humano. Há
um deslocamento com relação à padronização das séries. É possível o
improviso. Solos do imprevisível acontecem. Desconstrução é isso:
movimentos em direção ao im-possível e que tomam o indecidível como
ponto de partida e não de chegada, movimentos como aqueles dos
tentáculos do polvo.
Como movimentos e criações que explodem e se colocam numa
espécie de limitrofia a desconstrução acontece na dança no momento em
que podem ser escritas no tempo e no espaço ideias e emoções à medida
dos movimentos. A dança traz ideias onde se conjuga temporização e
131
espaçamento .
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Resistência, ódio e amor!
136
Marcelo de Mello Rangel
Para
Thamara Rodrigues
Rafael Haddock-Lobo
Marcelo Moraes
1.
Venho trabalhando há algum tempo com o problema da violência
especialmente a partir da compreensão de que todos os nossos
comportamentos teóricos e práticos são violentos, o que significa dizer mais
precisamente que todos nós somos determinados por um conjunto de
sentidos, significados e afetos que são mais transcendentais ou gerais, os
quais nos mobilizam sem que possamos visualizar. Nesse sentido, sempre
que pensamos e fazemos algo junto a alguém ou a alguma coisa que
desponta diante de nós tendemos a posicioná-los, sintetizá-los, delimitá-los,
a conferir e a restringir espaços e possibilidades, e isto de acordo com tais
orientações.
O que está em questão aqui é que todo horizonte, realidade
(Wirklichkeit) ou mundo se constitui a partir de um momento mais
dramático no qual temos uma disputa, um conflito (sempre assimétrico)
entre determinadas perspectivas, grupos, visões de mundo, modos de
comportamento... de modo que a partir dos vencedores o que temos é uma
hierarquização e, por conseguinte, a constituição de um aspecto, de uma
forma, de uma sociedade.
A origem ou emergência (Entstehung) de determinado horizonte ou
realidade é, assim, violenta, com base na qual temos um conflito entre
perspectivas e, em seguida, a instauração de um aspecto que se dá
justamente a partir do obscurecimento ou periferização significativa de
determinados grupos. Esta seria o que podemos chamar de uma primeira
137
violência, a que está na origem de todos os mundos possíveis . Temos,
então, uma movimentação que vai da objetividade (Gegenständlichkeit)
para a transcendentalidade, ou seja, aquela perspectiva que era, no momento
anterior à delimitação de uma realidade específica, mais visível, assume o
protagonismo numa dada relação e vai se tornando a própria fonte (o
horizonte) – disponibilizando compreensões, valores e afetos - dos
comportamentos teóricos e práticos que se tornam possíveis. E isto de
maneira cada vez mais geral e imediata (imperceptível), constituindo um
mundo sedimentado e que tende à duração (a certa repetição).
E os homens em geral, por sua vez, participam desse processo como
espaços ou atividade que tenderia a se conformar rapidamente a este
conjunto de sentidos, significados e afetos que se generaliza. Havendo,
desse modo, uma tendência perturbadora a certa conformidade entre nós e o
espaço no qual nos mobilizamos. Assim, temos a emergência de horizontes
históricos, realidades, mundos, e, a um só tempo, a sua sedimentação e a
própria tendência à duração.
2.
Portanto, somos todos violentos, posicionamos (violentamos) o que
vem ao nosso encontro, e, assim, tendemos a nos mobilizar de modo a
continuar o horizonte ou realidade na qual nos encontramos e, por
conseguinte, a atuar em nome da duração dessa relação, de determinada
hierarquia. E o que é mais perturbador é esta tendência a certa identificação
ou conformidade à realidade na qual nos mobilizamos, e isso, ao menos
mais em geral, a despeito da própria posição ocupada. E claro que neste
sentido temos, além de uma espécie de tendência à identificação e
conformidade à realidade na qual nos encontramos, a própria constituição
de instituições, mecanismos, substâncias que também atuam neste sentido
que é o da (intensificação da) conformidade (ou conformação).
O que temos, assim, é que realidades, mundos, tendem a durar!
3.
No entanto, essa é apenas parte da descrição da lógica própria à
história, à realidade, e isto porque se, por um lado, elas tendem a durar, a
compreensão da sua emergência nos ajuda no sentido de acompanhar de
uma maneira mais precisa o que seria a mobilidade da história ou da
realidade, e, claro, dos homens em geral.
Descrevemos, mais acima, o momento de instauração ou de
emergência de um horizonte, realidade ou mundo, e, retomando, temos o
que chamamos de um embate, de uma disputa dramática e assimétrica entre
perspectivas, grupos, visões de mundo, modos de comportamento
específicos. Acompanhamos, também, que quando uma delas ocupa certa
posição de protagonismo, as outras vão sendo remetidas a posições
periferizadas. No entanto é necessário sublinhar que apesar de certo
obscurecimento, tais perspectivas permanecem resistindo, produzindo
enfrentamentos, deslizamentos, incomodando, obsediando, constituindo
alianças, supervivendo.
De modo que todo aspecto ou realidade tende a durar, mas também
possui uma espécie de mobilidade e instabilidade interna, sendo exatamente
essa a condição para que a história ou a realidade em algum momento volte
a se diferenciar e a assumir outros aspectos e hierarquias possíveis. Assim,
já podemos tematizar isto que seria a mobilidade da história ou da realidade
de uma maneira mais complexa, ela se mobiliza a partir de momentos de
maior sedimentação e estabilidade, passando por momentos de maior
instabilidade com base nos quais se torna possível (ou não) a sua
diferenciação e, então, a constituição de outros momentos de maior
138
estabilidade .
Desse modo, a partir dessa descrição, o que temos é que a história ou a
realidade tende a se diferenciar. Ou melhor, ela tende a durar, como
explicitamos mais acima, e também (ou mais propriamente) a se diferenciar.
E tende a se diferenciar (especialmente) porque temos a mobilização
constante, a resistência e a supervivência dos homens e mulheres que, em
determinada relação ou conjuntura, ocupam posições mais periferizadas.
4.
Nesse sentido, o que aparece, ao menos num primeiro momento, é que
a história ou a realidade se constitui e também se diferencia ou se mobiliza
justamente a partir da atividade posicionadora, sintetizante, e da
possibilidade de uma resistência também fundada nessa atividade que é a de
(re)posicionar, de maneira que deveríamos insistir e assumir essa tendência
ao posicionamento, o que estou chamando aqui de violência (logo essa
tendência à violência), como a própria possibilidade de resistência e de
provocação (ou não) da rearticulação ou diferenciação do horizonte
histórico, da realidade.
A ideia aqui, ao menos de forma mais sucinta, seria a de que se sempre
posicionamos e nos (re)posicionamos (de forma assimétrica, claro), se
sempre somos violentos, seria fundamental então, no que diz respeito às
resistências, algo como a assunção da violência (como necessária,
ontológica), ou seja, a assunção do embate entre perspectivas a partir da
necessidade que é a do posicionamento, do (re)posicionamento
(assimétrico) recíproco. Em outras palavras, se sempre posicionamos e
somos posicionados o que nos restaria seria participar cuidadosa e
estrategicamente desse jogo de (re)posicionamentos mais circunstanciais até
que a história ou a realidade pudesse (ou não) se diferenciar, se reorganizar
com base em outros protagonismos possíveis.
5.
Teríamos um afeto ou comportamento de base fundamental aqui,
aquele que tornaria possível a própria insistência nesse jogo de
(re)posicionamentos, o “ódio”, compreendido aqui a partir do que Paulo
Freire chama de “inconformismo”, de modo que, como lembra Benjamin:
nos esquecemos e precisamos de certa forma “reaprender a odiar”, a
questionar, interpelar, objetar, contestar, argumentar e contradizer para
139
resistir e superviver . O que também está de alguma forma na base dos
140
argumentos mais recentes de Ailton Krenak, Mbembe e Bell Hooks . É
preciso reaprender a “odiar”!
É preciso reaprender (recorrentemente) a “odiar” porque e como já
vimos a realidade (re)emerge a partir de um ato de violência, e porque
desde então temos o esquecimento dessa origem e, por sua vez, a
generalização ou transcendentalização de determinada perspectiva, visão de
mundo, modo de comportamento o qual aparece como o único possível e
mesmo ideal.
“É preciso reaprender a odiar” (o que também se refere à “justa ira”
141
reivindicada por Paulo Freire ) diz respeito à necessidade de certo
“inconformismo” fundamental à resistência, ao questionamento, à objeção...
a uma resistência compreendida com base (a partir da) na assunção da
violência, ou ainda, na participação cuidadosa e estratégica nesse jogo
assimétrico que seria o de (re)posicionamentos.
6.
No entanto, tenho pensado nesse “ódio” e nessa mobilização violenta
especialmente a partir de Nietzsche, Benjamin, Paulo Freire, Krenak, Bell
Hooks e Mbembe, mas também junto a Maria Firmina dos Reis, Castro
Alves, Dona Ivone Lara e Chico César. E a primeira questão que proponho
é sobre a auto-suficiência deste “ódio”, ou ainda, será mesmo que ele é tão
imediato e disponível ou acabado assim? Periferizados em geral “odeiam”
(se rebelam, “inconformados”) tão imediatamente aqueles que ocupam
posições mais protagonistas e insistem em posicioná-los, em violentá-los, e,
então, resistem a partir (da assunção) dessa lógica que é a da violência
(resistência (re)posicionadora)?
Gostaria de trabalhar com a compreensão (mesmo que provisória) de
que, ao contrário dessa lógica mais imediata, o “ódio” (entendido aqui
como “inconformismo”) aparece muito mais como um afeto ou
comportamento que precisa ser provocado e cultivado, e, ainda, num
segundo momento, trabalho com a hipótese de que ele é fundamental, no
entanto não de maneira isolada. A ideia é a de que o “ódio”, isoladamente, é
insuficiente no que diz respeito à (insistência na) resistência
((re)posicionadora, violenta).
A primeira questão aqui é a de que o “ódio”, fundamental à resistência
não é, ao menos não em geral, um afeto ou comportamento que já esteja
disponível e mesmo organizado no sentido de tornar possível
questionamentos recorrentes. Quando Benjamin, Paulo Freire ou Mbembe
sublinham, de alguma forma, que é preciso “reaprender a odiar”, o que
parece estar em questão é muito mais que é preciso se esforçar no sentido
de estar sempre retomando um movimento que é (ontologicamente)
antinatural, o de lembrar justamente que nos mobilizamos dentro de uma
realidade – específica - constituída a partir da violência e do protagonismo
de determinadas perspectivas que acabam sendo decisivas na orientação dos
comportamentos em geral. Ou ainda, eles parecem lembrar que o mais
comum ou recorrente, mesmo no que diz respeito a grupos mais
periferizados, não é exatamente o “ódio” e a resistência, mas sim o que
Benjamin chamou de uma espécie de tendência à “empatia”, à identificação
imediata com a realidade ou o status quo no interior do qual nos
142
mobilizamos .
Nesse sentido, reaprender a “odiar” parece passar inicialmente por um
exercício de lembrança recorrente do caráter de violência, de
posicionamento que constitui a realidade, especialmente o horizonte
143
histórico que é o nosso (o da técnica ). E provocar, assim, certa fissura no
que diz respeito à “empatia” mais imediata que tendemos a ter em relação
ao nosso mundo e seus valores.
Desse modo, o que é mais propriamente natural ou comum é
justamente a participação e continuação mais imediata do horizonte ou
realidade na qual nos encontramos mesmo que ocupemos posições mais
periferizadas. O que implica, portanto, na tendência de que o “ódio” como
base afetiva para uma resistência mais direcionada e insistente precisa ser
cuidadosa e pacientemente cultivado. Mas então como “odiar” e, portanto,
como construir e insistir nessa resistência?
Para “odiar” e se dedicar à resistência de forma mais consistente e
recorrente é preciso “amar”! É isso que parece estar em questão, por
exemplo, na música “Sorriso Negro”, que compõe o terceiro álbum da
carreira de Dona Ivone Lara (“Sorriso Negro”, 1981), e no “Negão”, quinta
faixa do oitavo álbum de Chico César, “Estado de Poesia” (2015). Para
“odiar” (se “inconformar”), visualizar e questionar determinada realidade
no interior da qual também nos encontramos, e ainda mais do que isso, para
insistir nessa mobilização crítica (re)posicionadora (e não sucumbir) é
preciso “amar”! Mas o que significa “amar” aqui?
“Amar”, ao menos aqui, significa se colocar junto aos ancestrais, fazer
justiça aos mortos. Ou ainda melhor, é necessário se colocar junto a eles,
entre eles, ouvi-los cuidadosamente e, então, tomar parte, levar adiante
alguns de seus sonhos, modos de ser e ritmos. A compreensão aqui é a de
que é apenas quando ouvimos e nos juntamos aos mortos que reunimos a
confiança, a alegria, os afetos, a orientação e sabedoria necessárias para
visualizar, mesmo que parcial e provisoriamente, o caráter violento e
determinante ou quase-transcendental da realidade (específica) na qual nos
mobilizamos; assim, se torna possível, a partir desse “amor”, “odiar”,
criticar, questionar e resistir também (re)posicionando(se). Nesse caso,
quando Benjamin, Paulo Freire, Ailton Krenak, Bell Hooks e Mbembe
(Fanon) lembram, de algum modo, que é preciso “reaprender a odiar”, o
que parece estar em questão é tornar possível determinada percepção quase-
impossível e, por conseguinte, uma fissura no que diz respeito àquela
“empatia” imediata à qual tendemos, o que só seria provável, também
segundo Maria Firmana dos Reis, Dona Ivone e Chico César, a partir de um
outro reaprendizado, o do “amor”!
Esse reaprendizado que é o do “ódio”, o qual tornaria possível, por
exemplo, a supressão, mesmo que provisória, dessa “empatia” mais
imediata com o “vencedor” (cf. Benjamin, 2005), precisaria de um outro
reaprendizado que é o do “amor”! Que é justamente esta reaproximação em
relação aos ancestrais, aos mortos, ouvindo-os, acolhendo-os e, em seguida,
fazendo justiça a eles, ou melhor, participando e levando adiante parte de
seus sonhos, modos de ser e ritmos.
Quando este movimento de “amor” e justificação se torna possível,
temos a liberação da alegria, confiança, amizade etc., as quais – também -
tornam possível “odiar”, ou ainda, a própria supressão de determinada
“empatia” e o questionamento insistente do mundo no qual nos
encontramos, (re)posicionando aqueles contra os quais determinada
atividade se mostra necessária. De modo que o que parece que temos é a
constituição de uma atmosfera afetiva complexa determinada pelo “amor” e
pelo “ódio”, a qual tornaria possível, como temos sublinhado, a participação
insistente naquele jogo violento e assimétrico que é o de
(re)posicionamentos, mas, também, o que podemos chamar de um segundo
modo de resistência, o de (“simplesmente”) fazer justiça aos ancestrais (cf.
Benjamin, 2005).
O que me parece é que na medida em que também “amamos” os
mortos tornamos possível a reconstituição de nós mesmos e de parte do
mundo ao nosso redor, vamos tornando a atmosfera afetiva na qual nos
mobilizamos mais complexa, vamos nos alegrando, construindo confiança,
alegria, humor, certa paciência e astúcia, certo ritmo... criando e recriando
determinados espaços comuns, ou como diz Done Ivone Lara: “negro é uma
cor de respeito, negro é inspiração... negro é a voz da verdade, negro é
destino é amor, negro também é saudade. Um sorriso negro, um abraço
negro, traz felicidade...”.
O que podemos chamar de certa sabedoria afetiva própria ao “sorriso
144
negro” o qual traz “felicidade” e que é a “raiz da liberdade” . Claro, sem
esquecer do que caracteriza mais propriamente a realidade na qual nos
mobilizamos, a periferização: “negro sem emprego, fica sem sossego”, ou
como diz Chico César, “negam que aqui tem preto negão, negam que aqui
tem preconceito de cor... essa negação nega a atitude de um negro amor...
ainda não sabem, mas sabemos que a opressão é a falta de pressa do
opressor pedir perdão a quem não perdeu tempo e a muito tempo perdoou,
mas nunca esqueceu não”.
A ideia aqui, pensando especialmente no nosso próximo encontro da
Anpof em 2020, é a de continuar junto a Dona Ivone, a Chico César, aos
mortos, e trabalhar com a compreensão de que a partir desse “amor” junto e
entre os mortos também temos, além da sentimentalidade própria à
resistência mais (re)posicionadora, a possibilidade de uma resistência que é
a de (“simplesmente”) fazer justiça aos ancestrais, e assim ainda tornar
possível a constituição, o aparecimento, a emergência de algum espaço
afetivo e ético-político mais complexo, comum, o qual ao aparecer já tornou
possível o que chamo, junto a Chico César, de certo “perdão”, ou ainda, a
própria possibilidade de determinada disponibilidade e entrega (paralelas à
resistência (re)posicionadora) a uma existência “amorosa” complexa e
alegre junto e com base nos ancestrais, entre os mortos que também estão
aqui entre nós.
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(Sobre)vida retirante: por onde nos conduz o sertanejo Severino?
145
William Costa
Para Castor Ruiz, Severino espanhol de pés e coração brasileiros, por ter aberto o caminho que propomos em nosso texto e por, na constância de
seu trabalho, difundir formas-de-vida repletas de esperança.
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A gira macumbística da filosofia brasileira
148
Rafael Haddock-Lobo
Oferendas
O ponto cruzado de umbanda que trago para abrir os trabalhos me
obriga a ofertar duas rosas, uma para cada Iabá, Iansã e Iemanjá. Mas
queria que essas duas rosas que oferto também ecoassem o vermelho e
preto das rosas antes lançadas às ruas: a rosa vermelha trazida por Socorro,
ofertada aos que apenas possuem suas proles e cuja mãe polaca tão bem os
149
defendeu ; e as rosas negras, trazidas pela mão do Axogun de Odé, que
150
persevera na tentativa de fazer justiça às mães pretas . Essas rosas, a
vermelha e as negras, precisam sempre reverberar em nossas falas, pois,
marcadas pelas ruas, elas nos lembram da violência na diferença das raças e
das classes, que as pombas e as giras, com as asas e as saias rodadas, tanto
ecoam.
Minhas duas rosas, contudo, são uma para a promessa e outra
para o perjúrio: a rosa branca que trago, ofereço à Dirce, mãe-d’água que
conhece tão bem os seres marinhos, os de escamas, os de pele, os de
151
carapaça e os de tentáculos , lula e po(l)vo sempre juntos, unidos nas águas
do saber e do político, e a quem devo, e ainda ofertarei, um texto sobre o
povo das águas. Mas trago também uma outra rosa, cor-de-rosa esta, que
152
ofereço à Georgia , em nome das tempestades, dos raios e das ventanias
que provocam as mudanças, os movimentos e as reviravoltas nos
pensamentos.
Meu pai veio de Aruanda e a nossa mãe é Iansã
Ô gira, deixa a gira girar / Ô gira, deixa a gira girar
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Dona Ivone Lara. “Sorriso Negro”, composição de Adilson Barbado, Jair de Carvalho e Jorge Portela. In.: Sorriso Negro, 1981.
O MEDO DE AMAR É O MEDO DE SER LIVRE. GUEDES, Beto (compositor). O medo de amar é o medo de ser livre. In: O sal da terra (Best of). EMI Music, 2010. CD. 14
músicas. 47min54s. Disponível em Spotify.
É
O MEDO DE AMAR É O MEDO DE SER LIVRE. REGINA, Elis (intérprete). In: Elis. 2002, CD. 12 músicas. 43min18s. Disponível em Spotify.
AUTORAS E AUTORES
ANA LUIZA GUSSEN
Mestranda no Programa de Pós-graduação em Filosofia da UFRJ.
CARINA DUARTE BLACUTT
Mestre em Filosofia pela UFRJ.
DIEGO DOS SANTOS REIS
Pós-doutorando na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.
Doutor e Mestre em Filosofia pelo Programa de Pós-Graduação em
Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Licenciado em
Filosofia pela mesma instituição. Email: diegoreis.br@gmail.com
DIRCE ELEONORA NIGRO SOLIS
Professora Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
ELISA DE MAGALHÃES
Professora da EBA e do PPGAV da UFRJ
FRANSUELEN GEREMIAS SILVA
Mestranda em Filosofia, na linha filosofia moderna e contemporânea, pela
Universidade Federal de Minas Gerais e mestranda em Direito, na linha
Teoria do Direito e da Justiça, pela Faculdade Mineira de Direito. Bolsista
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq).
GABRIEL PONCIANO
Doutor em Filosofia pela UFRJ.
GEORGIA AMITRANO
Professora Associada do Instituto de Filosofia da Universidade Federal de
Uberlândia.
GIOVANNI FRES
Professor do Instituto de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em
Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia.
GUILHERME CADAVAL
Doutor em Filosofia pela UFRJ.
LUCIANA PIMENTA
Doutora em Direito, pela PUC Minas; Mestre em Filosofia Social e Política,
pela UFMG; Professora de Filosofia do Direito e Hermenêutica e
Argumentação Jurídica, no curso de Direito da PUC Minas; Coordenadora
do Projeto Direito e Literatura, na PUC Minas e Líder do Grupo de
Pesquisa Direito e Literatura: um olhar para as questões humanas e sociais a
partir da Literatura (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6833527945435589).
LUCIANO SEVERINO DE FREITAS
Bacharel em Direito pela Faculdade Jacy de Assis da Universidade Federal
de Uberlândia/Minas Gerais. Doutorando em Filosofia pela Universidade
Federal de Uberlândia/Minas Gerais. Mestre em Filosofia Moderna e
Contemporânea, com ênfase em Filosofia Social e Política pela
Universidade Federal de Uberlândia/Minas Gerais. Docente do Curso de
Direito da Universidade Presidente Antônio Carlos – FUPAC/UNIPAC-
Uberlândia/Minas Gerais. Advogado. E-mail:
luciano_severino@hotmail.com
MARCELO CORRÊA GIACOMINI
Professor do Departamento de Direito da Universidade Federal de Juiz de
Fora, campus Governador Valadares (UFJF-GV).
MARCELO DE MELLO RANGEL
Professor do Departamento de História, do Programa de Pós-graduação em
História e do Programa de Pós-graduação em Filosofia da UFOP.
MARCELO JOSÉ DERZI MORAES
Doutor em Filosofia. Professor do Departamento de Educação da
FFP/UERJ.
MARIA SOCORRO RAMOS MILITÃO
Professora Associada do Instituto de Filosofia e Programa de Pós-
Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia; Profa. do
Programa de Pós-Graduação (Profi) da Universidade Federal do Tocantins;
membro fundadora da International Gramsci Society e do Grupo de Estudos
Marxistas: Marx e Gramsci, do IFILO-UFU.
PEDRO MENEZES
Mestre em Filosofia pela UFRJ.
RAFAEL HADDOCK-LOBO
Professor do Departamento de Filosofia e do PPGBIOS da UFRJ e do
PPGFIL-UERJ. Coordenador do Laboratório X de Encruzilhadas
Filosóficas. Contato: laboratoriox.ifcs@gmail.com
RENATA TAVARES NOYAMA
Professora do Departamento de Filosofia e do PROF-FILO da UNESPAR
SAMON NOYAMA
Professor do Departamento de Filosofia e do PROFILO da UNESPAR
SUELEN CARVALHO
Mestranda no Programa de Pós Graduação em Filosofia da UFRJ, em 2019.
WILLIAM COSTA
Doutorando em Filosofia na Unisinos e bolsista Capes.
Copyright
desta edição ©2020 by Ape’Ku Editora e Produtora Ltda
Foi feito o depósito legal conforme Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da editora
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Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22.231-010
contato@apeku.com.br
www.apeku.com.br
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Notas
[←1]
Professora Associada do Instituto de Filosofia e Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia; Profa. do Programa de Pós-
Graduação (Profi) da Universidade Federal do Tocantins; membro fundadora da International Gramsci Society e do Grupo de Estudos Marxistas: Marx e Gramsci, do
IFILO-UFU.
[←2]
No Brasil, seus maiores interpretes são Mario Pedrosa e Paul Singer, Michael Löwy, Paulo Arantes e Isabel Loureiro.
[←3]
Filha de uma abastada família judia polonesa anticzarista, militante desde os 16 anos tornou-se dirigente do movimento comunista internacional. Na Universidade de
Zurique - única a aceitar mulher à época - estudou ciências naturais, direito e economia política, e seria a única mulher de sua turma a doutorar-se em economia, com a
tese “O desenvolvimento industrial da Alemanha”.
[←4]
A atuação política de Rosa Luxemburgo se desenvolve em duas fases: 1891-1914, da Segunda Internacional; 1914-1919, da Primeira Guerra Mundial e das
revoluções russa e alemã.
[←5]
Político e dirigente socialista alemão assassinado junto com Rosa a mando do governo socialdemocrata.
[←6]
O revisionismo buscou rever as ideias de Karl Marx sobre a transição do capitalismo ao socialismo, defendendo que para chegar à sociedade socialista bastava
reformar o capitalismo e não promover uma revolução armada.
[←7]
O político alemão foi o primeiro grande revisionista do marxismo e, como membro do SPD, foi um dos principais defensores da socialdemocracia além de fundador
do revisionismo e do socialismo evolutivo.
[←8]
Georgi Valentinovitch Plekhanov (1856-1918) foi um revolucionário e teórico marxista russo. Karl Johann Kautsky (1854-1938) foi um filósofo tcheco-austríaco,
jornalista e teórico marxista e da história do marxismo, um dos fundadores da socialdemocrata e editor do quarto volume d’O capital, de Karl Marx, as Teorias de Mais-
Valia, que continha a crítica de Marx às teorias econômicas de seus predecessores.
[←9]
O revolucionário marxista fundou, junto com Rosa, o partido da Social Democracia da Polônia, o Partido Comunista da Polônia e a Liga Spartacus alemã; e teve com
ela uma longa relação amorosa e grande parceira política. Foi assassinado por paramilitares de direita em Berlim, em março de 1919, ao investigar a morte de Rosa.
[←10]
Filho da amiga Clara, 13 anos mais jovem, com quem Rosa teve uma relação amorosa, após separar-se de Leo.
[←11]
Com quem Rosa teve uma relação amorosa, descoberta apenas em 1983.
[←12]
Revolucionário marxista e, junto com Rosa, fundou o Partido Comunista da Polônia e a Liga Spartacus na Alemanha, (que virou Partido Comunista alemão), foi
assassinado por paramilitares quando investigava a morte de Rosa, poucos dias após perder sua companheira.
[←13]
Rosa escreveu esta carta na prisão em Breslau, enviada a sua amiga Sonia, na véspera de 24 de dezembro de 1917.
[←14]
A Segunda Internacional (1889-1916), organizou os partidos socialistas e operários. Criada por Engels no Congresso Internacional de Paris de 1889, deu continuou o
trabalho da extinta I Internacional, extinta nos anos 1870.
[←15]
A Internacional Comunista, Comintern ou Terceira Internacional (1919-1943), a organização internacional criada por Lenin e PCUS (bolchevique), em 1919, reuniu
partidos comunistas contra os apoiadores da I Guerra Mundial.
[←16]
Professor do Instituto de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia.
[←17]
G. Fresu, Lenin leitor de Marx. Dialética e determinismo na história do movimento operário, Anita Garibaldi Editora, São Paulo, 2016.
[←18]
R. Luxemburgo, Testos escolhidos, I. Loureiro (Org), Volume II (1914-1919), Unesp Editora, São Paulo, 2011, pag. 1.
[←19]
Rosa Luxemburgo, La ricostruzione dell’Internazionale (A reconstrução da Internacional), cit., p. 420.
[←20]
“A guerra é um assassínio metódico, organizado e gigantesco. Mas para induzir o ser humano normal ao assassínio sistemático deve-se alcançar o adequado estado de
embriaguez. E é este, sempre, o método estabelecido por aqueles que conduzem a guerra. À bestialidade da ação deve corresponder a bestialidade do pensamento e do
sentimento, e esta deve preceder e acompanhar aquela”, Rosa Luxemburgo, La crisi della socialdemocrazia (A crise da socialdemocracia), Scritti politici, Editori Riuniti,
Roma, 1967, p. 449.
[←21]
R. Luxemburgo, Testos escolhidos, I. Loureiro (Org), Volume II (1914-1919), Unesp Editora, São Paulo, 2011, pag. 44.
[←22]
As informações históricas gerais, colocadas neste trabalho com finalidade didática, pensada para um curso de estudos universitários e acompanhar os
aprofundamentos conceptuais, são o resultado de diferentes leituras de livros históricos sobre a Idade Contemporânea: AA.VV., Storia contemporanea, Roma, Donzelli,
1997; G. Sabatucci, V. Vidotto, Storia contemporanea. L’Ottocento, Laterza, Bari, 2009; G. Sabatucci, V. Vidotto, Storia contemporanea. ll Novecento, Laterza, Bari,
2009; M. Salvati, Il Novecento. Interpretazioni e bilanci, Laterza, Bari 2001; G. De Luna, La passione e la ragione. Fonti e metodi dello storico contemporaneo, La Nuova
Italia, Firenze, 2001; E. J. Hobsbawm, Intervista sul nuovo secolo, Laterza, Bari 1999; E. J. Hobsbawm, Il secolo breve, Rizzoli, Milano, 1994; E. Santarelli, Il mondo
contemporaneo, Editori Riuniti, Roma, 1974;
[←23]
AA.VV., Storia contemporanea, Roma, Donzelli, 1997.
[←24]
R. Luxemburgo, Testos escolhidos, I. Loureiro (Org), Volume II (1914-1919), Unesp Editora, São Paulo, 2011, pag. 47.
[←25]
Ivi, p. 468.
[←26]
Ivi, p. 470.
[←27]
D. Losurdo, Controstoria del liberalismo, Edizioni Laterza, Roma-Bari, 2005.
[←28]
J. Locke, Il secondo trattato sul governo, Rizzoli, Milano, 1998, pag. 67.
[←29]
Karl Marx, Il Manifesto del partito comunista, Editori Laterza Bari, 1999 p. 11.
[←30]
Karl Marx, Il Capitale, Editori Riuniti Roma, 1994, III volume, p. 259- 292.
[←31]
J. A. Hobson, L’imperialismo, (a cura di) L. Meldolesi, Istituto Editoriale Internazionale, Milano, 1974.
[←32]
R. Hilferding, Il capitale finanziario, Feltrinelli, Milano, 1976.
[←33]
R. Luxemburgo, Testos escolhidos, I. Loureiro (Org), Volume II (1914-1919), Unesp Editora, São Paulo, 2011, pag. 6.
[←34]
R. Luxemburgo, Testos escolhidos, I. Loureiro (Org), Volume II (1914-1919), Unesp Editora, São Paulo, 2011, pag. 21.
[←35]
Professora Associada do Instituto de Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia.
[←36]
SHAKESPEARE, William. Romeu e Julieta. Tradução de Beatriz Viégas-Faria. Porto Alegre: L&PM, 1998.
[←37]
Em 1919, Bertolt Brecht escreveu um epitáfio poético em homenagem a ela, que recebeu música de Kurt Weill em 1928, sendo renomeado O Réquiem de Berlim.
[←38]
SOUZA, Paulo César (Org.).Bertolt Brecht Poemas:1913-1956. São Paulo: Ed.32, 2000.
[←39]
Diz-se que Rosa Luxemburgo não se achava bela, tanto pelos seus traços de faciais quanto por um defeito na perna. O que também é dito dela por muitos homens que
nunca viram muitas fotos suas nem leram seus escritos.
[←40]
Palavras de Kant.
[←41]
Cf. KANT, Immanuel Observações sobre o sentimento do belo e do sublime. Campinas, São Paulo: Papirus editora, 1993. KANT, Immanuel. Metafísica dos
Costumes. São Paulo: editora Edipro, 2003.
[←42]
Karl Liebknecht ficou conhecido por ter, junto com Rosa Luxemburgo, fundado a Liga Spartacus, em 1916. Foi um advogado antimilitarista.
[←43]
Uma alusão à Jezabel bíblica.
[←44]
Observação na margem esquerda, sem indicar o lugar de inserção. In LUXEMBURGO, Rosa. A Revolução Russa Petrópolis, 1991, p.91.
[←45]
Derrida, Jacques . Adeus a Emmanuel Levinas. São Paulo: Perspectiva, 2004, p.60.
[←46]
Professora da EBA e do PPGAV da UFRJ
[←47]
Mestranda no Programa de Pós Graduação em Filosofia da UFRJ, em 2019.
[←48]
DERRIDA, Essa estranha instituição chamada literatura, p. 86.
[←49]
Ibid., p.70.
[←50]
Ibid., p. 80.
[←51]
Ibid., p. 73.
[←52]
Ibid., p. 49.
[←53]
Ibid., p. 48.
[←54]
Ibid., p. 48
[←55]
Ibid., p. 47.
[←56]
Ibid., p. 49.
[←57]
Ibid., p. 49.
[←58]
Ibid., p. 55.
[←59]
Ibid., p. 56.
[←60]
Mestranda em Filosofia, na linha filosofia moderna e contemporânea, pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestranda em Direito, na linha Teoria do Direito e
da Justiça, pela Faculdade Mineira de Direito. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
[←61]
A palavra différance é produzida a partir da introdução fonética da letra [a] na escrita da palavra différence. O efeito dessa substituição na palavra francesa só pode ser
percebido na escrita, pois o som da palavra não é modificado. O [a] aparece em uma invisibilidade sonora, escapando à ordem do sensível, e também escapa à
inteligibilidade, pois não se oferece como presença, relacionando-se mais com a noção de rastro e menos com aquilo a que se chama de si mesmo.
[←62]
Como lembra Derrida (2012b, p. 77) a autoridade do logos na cultura grega caminha junto com a autoridade da phonê, a pensar na forma que específica que isso
respiga na cultura Ocidental, já que no início havia o Logos, traduzida em geral por verbo: “no início era verbo, e o verbo estava com Deus, e o Deus era verbo”
(Evangelho de João). Tal estrutura de privilegio ao logos, teria ligado a cultura grega a uma escrita alfabética, isto é, uma escrita fonética associada a palavra falada. Cabe
pensar também na teoria dos dois mundos, de Platão, que colocou, de um lado, as ideias –perfeitas, imutáveis, que guardam a verdade, e, de outro lado, as coisas, cópias
imperfeitas e corruptíveis. De forma que, o mundo das ideias é colocado num lugar hierarquicamente superior e antecedente ao das coisas, só podendo ser acessado pela
razão e traduzida pela fala.
[←63]
Para Derrida (2017, p. 83) o feito do espaçamento designa o espaço constituído entre termos, como um intervalo em geral, entretanto, cabe ressaltar, que tal lacuna
perpassa pela “articulação do espaço e do tempo, o vir-a-ser-espaço do tempo e o vir-a-ser-tempo do espaço, é sempre o não-percebido, o não-presente e o não-consciente.
” Dessa forma, a obra não pode ser analisada como uma presença completa, já que o espaçamento implica a separação entre o representado e o representante e a
experiência da différance.
[←64]
É preciso entender que o acontecimento não é algo que vê, pois ele acontece, logo, não falo somente do que se ver na tela. O acontecimento que se vê, que pré-vemos,
não é um acontecimento, pois sua acontecimentalizada é neutralizada pela antecipação. Se existe algo no horizonte que avança em nossa direção e que podemos ver, isso
não é acontecimento, pelo menos no sentindo puro (se houver) da palavra acontecimento, a qual não é possível prever. (DERRIDA, 2012b, p.70)
[←65]
Cabe observar a diferença entre visível e visibilidade. Enquanto a primeira está relacionada ao sentido sensível, a segunda não se refere à visibilidade sensível, mas a
uma visibilidade inteligível, como o eidos [ideia] de Platão. “O eidos, enquanto ontos on, é uma visibilidade não visível – no sentindo sensível -, mas uma visibilidade que
precisa de uma luz. Essa luz lhe vem do que Platão chama de bem, agathon, que ele compara ao Sol. O Sol torna visível o ser, mas também faz crescer, faz ser. Essa luz
que torna possível o ser, isto é, o eidos, enquanto ente verdadeiro, esse Sol não é ele próprio visível.” (DERRIDA, 2012b. p.82)
[←66]
Como menciona Derrida, os olhos também foram feitos para chorar (2012b, p.66).
[←67]
“A par de desenvolver tais análises no campo de sua fenomenologia do inconsciente, permanece, contudo, na filosofia de Husserl, a análise do signo (como escrita,
traço de lembrança e imagem exterior) inserida nos modelos de verdade como adequação e revelação: Por um lado, os signos linguísticos manifestam sentidos ideais já
constituídos e não alteráveis pela materialidade do signo; por outro lado, a imagem, tanto a figurativo-perceptiva como a (re)presentativa (imaginação e lembrança), é vista
como correspondência ou segundo graus de adequação a significados ideais que ela figura por analogia ou similitude.” (SERRA, 2011, p.125)
[←68]
A escolha do [da] e não do [na] é crucial para a nossa abordagem. Ao optar pelo [da], queremos lembrar da autonomia da pintura de testemunhar enquanto obra e,
portanto, de se emancipar tanto do artista quanto do sujeito contemplador. Entretanto, tal movimento, paradoxalmente, não se separa do [dentro] da imagem, do
testemunhar [na] pintura. Tal separação é escorregadia, de forma que, o “fora” e o “dentro” oscilam no processo interpretativo.
[←69]
Doutor em Filosofia pela UFRJ.
[←70]
BLANCHOT, M. O espaço literário. Tradução: Álvaro Cabral, Rio de Janeiro: Rocco, 2011, p. 15-6.
[←71]
BLANCHOT, M. A literatura e o direito à morte. In: “A parte do fogo”. Tradução: Ana Maria Scherer. Rio de Janeiro: Rocco, 2011a, p. 322.
[←72]
Ibid., p. 320.
[←73]
DERRIDA, J. Essa estranha instituição chamada literatura. Tradução: Marileide Dias Esqueda. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014, p. 86.
[←74]
BLANCHOT, 2011a, p. 325.
[←75]
Idem.
[←76]
Idem.
[←77]
Idem.
[←78]
DERRIDA, 2014, p. 60.
[←79]
BATAILLE, G. A literatura e o mal. Tradução: Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015, p. 22.
[←80]
Idem.
[←81]
BLANCHOT, 2011a, p. 320.
[←82]
Ibid., p. 324.
[←83]
Cf. DERRIDA, 2014, p. 83-4.
[←84]
BLANCHOT, 2011a, p. 320.
[←85]
Ibid., p. 327-8.
[←86]
Idem.
[←87]
Ibid., p. 329.
[←88]
BATAILLE, 2015, p. 14.
[←89]
BLANCHOT, 2011a, p. 332.
[←90]
Idem.
[←91]
Ibid., p. 330.
[←92]
Ibid., p. 333.
[←93]
Idem.
[←94]
Idem.
[←95]
Idem.
[←96]
Ibid., p. 334.
[←97]
Ibid., p. 335.
[←98]
Ibid., p. 336.
[←99]
Idem.
[←100]
Mestre em Filosofia pela UFRJ.
[←101]
Comentário sobre os personagens de Jorge Amado, mas que perfeitamente se enquadra em Macabéa. José Castelo relembra a frase de Alberto Camus: “Não se trata de
ideologia, mas da própria vida”. Macabéa é a representação da vida das nordestinas retirantes que sofrem com a profunda desigualdade social do país.
[←102]
Tal perspectiva podemos encontrar em José Castello (2012). Também há uma perspectiva de competição entre Rodrigo S.M. e Clarice Lispector, quanto a construção
de identidade, em Evando Nascimento (2012).
[←103]
Na versão cinematográfica, a cena do espelho se dá com Macabéa apenas tateando seu rosto e o túrbito do reflexo se dá pela precariedade do espelho e da iluminação.
Um viés interpretativo dessa alteração do filme para o romance é a intenção da diretora de relacionar a precariedade da condição social de Macabéa como interferência
direta na percepção de si. A questão do reflexo de sua imagem é apontada em diversas cenas do filme, como quando se penteia olhando o reflexo no vidro da janela de seu
apartamento, ou quando falta o trabalho para dança em frente ao espelho da colega de quarto.
[←104]
Antíoco IV Epifânio foi um rei da dinastia Selêucida que governou a Síria entre 175 a.C. e 164 a.C. Nos romances de Clarice Lispector o conceito de epifania é
constantemente abordado. É curiosa a coincidência entre o nome do rei helenista, combatido por Macabeu, e o conceito presente nas obras claricianas.
[←105]
Professora do Departamento de Filosofia e do PROF-FILO da UNESPAR
[←106]
Dizer sem palavras não significa, necessariamente, ausência de textos, nas peças de Pina Bausch ou qualquer outra tendência de teatro pós-dramático. Significa,
contudo, que o texto não é o guia do espetáculo, que o texto tem o mesmo espaço que o não-texto, ou mais que isso, significa que a peça não pode ser vista a partir nem
através do texto, o que supõe a desconstrução da forma de viver as experiências em nossa cultura euro-falo-logocêntrica.
[←107]
Doutora em Direito, pela PUC Minas; Mestre em Filosofia Social e Política, pela UFMG; Professora de Filosofia do Direito e Hermenêutica e Argumentação Jurídica,
no curso de Direito da PUC Minas; Coordenadora do Projeto Direito e Literatura, na PUC Minas e Líder do Grupo de Pesquisa Direito e Literatura: um olhar para as
questões humanas e sociais a partir da Literatura (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6833527945435589).
[←108]
O medo de mar é o medo de ser livre, composição de Beto Guedes.
[←109]
Mestranda no Programa de Pós-graduação em Filosofia da UFRJ.
[←110]
Professor do Departamento de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares (UFJF-GV).
[←111]
Bacharel em Direito pela Faculdade Jacy de Assis da Universidade Federal de Uberlândia/Minas Gerais. Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal de
Uberlândia/Minas Gerais. Mestre em Filosofia Moderna e Contemporânea, com ênfase em Filosofia Social e Política pela Universidade Federal de Uberlândia/Minas
Gerais. Docente do Curso de Direito da Universidade Presidente Antônio Carlos – FUPAC/UNIPAC- Uberlândia/Minas Gerais. Advogado. E-mail:
luciano_severino@hotmail.com
[←112]
Não conhecemos os processos pelos quais pensamos, criamos, escrevemos. É dessa situação em particular que eu reflito. Também é desejável pensar no conhecimento
em termos de circulação e comércio, em vez de capital e propriedade. [...] Então, a pergunta: «Quem ‹tem› o saber? «Pode parecer mais relevante do que: «de qual saber
se trata? «Ou» o que é o saber?»[...] (tradução livre)
[←113]
A colonização persistente entendida não como uma datação temporal, mas como um processo contínuo de afirmação e reafirmação de estruturas sociais, econômicas,
jurídicas, modos de pensamento, vida e outros, arcaicos, forjados na base do patrimonialismo político.
[←114]
Professor do Departamento de Filosofia e do PROFILO da UNESPAR
[←115]
Ver: “Três momentos da retórica antiga”, introdução de Roberto de Oliveira Brandão para A poética clássica, 2005.
[←116]
Estas reflexões nos inclinam a escrever um texto sobre a influência implacável de uma concepção de formação universal da humanidade que não recusa a coerção
como elemento pedagógico, com bem expresso nas concepções de educação e de ensino de Rousseau, Kant e Hegel. Lessing, apesar de crítico de seu tempo, não se opõe a
tal concepção, ainda que, como os demais filósofos, tenha apreço considerável pela liberdade humana como valor.
[←117]
Pós-doutorando na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Doutor e Mestre em Filosofia pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Licenciado em Filosofia pela mesma instituição. Email: diegoreis.br@gmail.com
[←118]
EVARISTO, Conceição. “Do velho ao jovem”. Poemas da recordação e outros movimentos. Belo Horizonte: Nandyala, 2008. p. 51.
[←119]
Mestre em Filosofia pela UFRJ.
[←120]
Front homosexuel d’action révolutionnaire (FHAR), 1971.
[←121]
Com muita semelhança, Marcelo Moraes e Adriano Negris escrevem, em um artigo intitulado Escrituras da cidade: Ordem e desordem a partir de Derrida (2016). Lá
eles escrevem como as políticas racistas, preconceituosas, conservadoras e higienistas que operam sobre a o bairro boêmio da Lapa no Rio de Janeiro e sobre a figura do
vadio ou malandro. Sejam essas políticas movimentadas pela maquina do turismo ou da repressão policial, visam produzir um <<Bon Vadio>>, um vadio que ande dentro
da lei ou que leve o choque de ordem, que não atrapalhe, invés disso, que seja útil para o turismo exótico. O vadio é impossivel de ser acolhido incondicionalmente por
essas políticas.
[←122]
Doutor em Filosofia pela UFRJ.
[←123]
Cf. The Sublime Object of Ideology
[←124]
Podemos pensar em casos mais recentes desse tipo de procedimento, ainda largamente utilizado em coberturas jornalísticas, na forma pela qual Nicolás Maduro, por
exemplo, é retratado ou como Kim Jong-un o fora antes de seu encontro com Donald Trump.
[←125]
Ver O espectro da ideologia in Um Mapa da ideologia, nota 9, p. 35.
[←126]
Professora Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
[←127]
Apêndices delgados não sedimentados e flexíveis encontrados em invertebrados aquáticos (cnidários e cefalópodes) na parte anterior ou na cabeça e utilizados em
geral na obtenção de alimentos
[←128]
No samba, música brasileira por excelência, a harmonia é produzida pelos instrumentos de corda, como o cavaquinho e o violão. Já o ritmo é dado, por exemplo, pelo
surdo ou pelo pandeiro. Com o passar do tempo, instrumentos como flauta, piano e saxofone, também foram incorporados, dando origem a novos estilos de samba. Este
foi evoluindo com distintos modos de ser tocado, com e cantado, o que faz dele um ritmo musical dos mais ricos.
[←129]
Vejamos a situação nesse momento proposta: Khatibi respondendo ao Monolinguismo do outro de Derrida em sua expressiva “ Lettre ouverte à Jacques Derrida”
publicada na revista Europe em 2004. Trata-se da situação linguística dos judeus e muçulmanos no Magreb. Para Derrida o judeu argelino sofre o interdito de acesso às
línguas não francesas- o árabe, o berbere, o hebreu- como, simbolicamente , à língua francesa, ele está submetido a este ‘interdito fundamental, a interdição absoluta, a
interdição da dicção e do dizer’”: “ On interdit l’accès au dire, voilà tout, à un certain dire » (Derrida, 1996 : 58). Par-là, il est voué à vivre dans la traduction, « il est jeté
dans la traduction absolue » puisqu’ « il n’y a pour lui que des langues d’arrivée (Derrida,1996:117).
[←130]
Quem fosse pego dançando samba poderia ser preso, uma vez que ele era associado à expressão da cultura negra. Somente no início dos anos 40, governo Vargas, o
samba passa a ser compreendido como fazendo parte da cultura nacional.
[←131]
Temporização (temporisation) é um desvio econômico para a noção de diferir em Derrida. Envolve a ideia de tempo, uma mediação temporal. Na ideia de
temporização temos a ideia de momento presente com elementos que avançam ou recuam para remeter a um outro elemento futuro ou passado. Num segundo sentido,
diferir é espaçamento (espacement), que significa distinção e intervalo. Espaçamento sugere que o presente não basta para que a significação seja dada; diferir em outros
para que surja a significação.
Espaçamento (espacement) é um termo que aparece no Prefácio de Un coup de dés de Mallarmé para marcar o intervalo que permite os diferentes ( com t , différent
(indica o outro, o desigual) e com d différend ( indica a divergência, o discordar): “um regard aux premiers mots du poème pour que des suivants, disposés comme ils sont,
l’amènent aux derniers, le tout sans nouveauté qu’un espacement de la lecture” ( Préface à un coup de dês- Mallarmé)).[grifos nossos].
[←132]
O tronco macro-jê é um tronco linguístico cuja constituição ainda hipotética, abarca povos que estão situados em regiões não litorâneas e mais centrais do Brasil, sem
adentrar, no entanto, pelo Amazonas, Amapá, Roraima e Acre no Norte com 150 tipos de linguas dentre elas o tupi guarani. Também pode-se atestar sua ocorrência em
pequenos grupos em parte do Paraguai e da Bolívia. Com o descobrimento do Brasil , os invasores europeus passaram a ter contato com as tribos tupi-guaranis que
habitavam a costa brasileira. Os índios de fala diversa àquela dos tupis- guaranis eram chamados por eles de tapuia , ou seja “inimigo”. Para os europeus era como se só
existissem duas nações, então: tupi-guarni e tapuia. Foram os antropólogos do início do século XX que adotaram para os tapuia, o nome gês. Em 1953, a Associação
Brasileira de Antropologia adotou a forma «jê» em substituição a «gê».
[←133]
Árvore alta ( Machaerium incorruptibile ) da fam. das leguminosas, subfam. papilionoídea, nativa do Brasil (MT, RJ, PR, SC), de madeira nobre, dura, lisa, de
colorido variável entre o bege acastanhado e o vermelho ou marrom-escuro, us. em móveis, objetos de adorno, marchetaria etc., com folíolos lanceolados, flores escassas,
em racemos, e vagens retilíneas, arredondadas no ápice; jacarandá-cabiúna, jacarandá-preto.Os cabiúnas, assim eram chamados os pretos.
[←134]
Dedico esse texto à memória da minha mãe Maria Cristina Derzi. Mulher negra de Iansã, mãe de sete filhos: uma guerreira.
[←135]
Doutor em Filosofia. Professor do Departamento de Educação da FFP/UERJ.
[←136]
Professor do Departamento de História, do Programa de Pós-graduação em História e do Programa de Pós-graduação em Filosofia da UFOP.
[←137]
Ver Foucault, 2000, Nietzsche, 2007, capítulo 5, e Rangel, 2019a, capítulo 1.
[←138]
Ver Benjamin, 2005, Derrida, 1994, Heidegger, 2008 (nesse caso especialmente os parágrafos sobre temporalidade e historicidade, quinto capítulo, parte II), e Rangel,
2019a, capítulo 2.
[←139]
Freire, 2000, Benjamin, 2005, especialmente a tese XII, e Rangel, 2019b.
[←140]
Krenak, 2019, Mbembe, 2017, e Hooks, 2001 e 2017.
[←141]
Freire, 2000.
[←142]
Benjamin, 2005, tese VII. Ver, também, Rangel, 2019b.
[←143]
Ver Heidegger, 2006.
[←144]
Ver Rangel, 2015.
[←145]
Doutorando em Filosofia na Unisinos e bolsista Capes.
[←146]
Embora esses termos trafeguem pelos campos de Michel Foucault e de seu orbe governamental, não poderíamos deixar de notar que o conceito de população, ainda
que apareça apenas tardiamente na concepção francesa, parece, no sentido prático, ser o vórtice que alimenta toda a exploração europeia sobre os territórios colonizados.
Se tomarmos a cabo o projeto de Foucault, perceberemos que sua análise coteja o governo pastoral, as razões de Estado, a sociedade disciplinar e a sociedade de controle
como um filão intercambiado. Todavia, nos moldes das colônias, parece-nos que a abordagem se concentra já de início nas formas disciplinares e, depois, no controle
exaustivo.
[←147]
A expressão ex-cedere é a tradução latina de exceção. Seu significado pode ser concedido pela expressão: “ir além da conta”.
[←148]
Professor do Departamento de Filosofia e do PPGBIOS da UFRJ e do PPGFIL-UERJ. Coordenador do Laboratório X de Encruzilhadas Filosóficas. Contato:
laboratoriox.ifcs@gmail.com
[←149]
Referência ao texto de Maria Socorro Militão, apresentado anteriormente no encontro.
[←150]
Referência ao texto de Marcelo José Derzi Moraes, apresentado anteriormente no encontro.
[←151]
Referência ao texto de Dirce Eleonora Nigro Solis, apresentado anteriormente no encontro
[←152]
Referência à Georgia Amitrano, anfitriã do Encontro e que encerraria o evento.
[←153]
Homenagem a Noeli Ramme, falecida em 23 de setembro de 2019.
[←154]
Gerd Bornheim. “Filosofia e realidade nacional”, in: O idiota e o espírito objetivo. Rio de Janeiro: UAPÊ, 1998, pp. 163-164.
[←155]
Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino. Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2018, pág.109.
[←156]
Referência ao Manifesto contrassexual, de Paul B. Preciado, para quem a contrassexualidade é um empirismo radical queer.
[←157]
Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino. Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas, pág. 5.
[←158]
Ibidem.
[←159]
Ibidem, pág. 12.
[←160]
Ibidem, pág. 14: “O conceito de amarração proveniente das sabedorias dos velhos cumbas (...) é o efeito de, através das mais diferentes formas de textualidade,
enunciar múltiplos entenderes em um único dizer”.
[←161]
Ibidem, pág. 15.
[←162]
Ibidem, págs. 25-26.
[←163]
Ibidem, pág. 5.
[←164]
Ibidems, pág. 27.
[←165]
Luiz Antonio Simas. Pedrinhas miudinhas. Ensaios sobre ruas, aldeias e terreiros. Rio de Janeiro: Mórula editorial, 2013, pág. 13.
[←166]
Referência ao meu texto “Por uma filosofia das matas”, disponível em minha coluna “Filosofia Popular Brasileira” na Revista HH Magazine:
https://hhmagazine.com.br/809-2/
[←167]
Luiz Antonio Simas. O corpo encantado das ruas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019, pág. 10.
[←168]
Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino. Flecha no tempo. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, pág. 24.
[←169]
Luiz Rufino. Pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019, pág. 13.
[←170]
Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino. Flecha no tempo, págs. 19-20.
[←171]
Ibidem, pág. 21.
[←172]
Ibidem, pág. 22.
[←173]
Luiz Rufino. Pedagogia das encruzilhadas, pág. 88.
[←174]
Ibidem, pág. 89.
[←175]
Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino. Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas, pág. 36.
[←176]
Ibidem, pág. 37.
[←177]
Ibidem, pág. 38.
[←178]
Luiz Rufino. Pedagogia das encruzilhadas, pág. 21.
[←179]
Ibidem, pág. 20.
[←180]
Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino. Flecha no tempo, pág. 75.
[←181]
Luiz Rufino. Pedagogia das encruzilhadas, pág. 21.
Table of Contents
Apresentação
Capítulo I - Uma Rosa Vermelha
A outra Rosa Luxemburgo: a Rosa Mulher
Civilização ocidental e guerra Rosa Luxemburg no centenário do seu
assassinato
Tantas Rosas, um mesmo perfume Pensamentos não morrem
Capítulo II - Pétalas e poéticas
Dois naufrágios de Ulisses a ninguém
Atravessamentos entre filosofia e literatura no pensamento da
desconstrução
O testemunho do desenho: uma cortesia dos cegos
Saudades da literatura
Deslocamento e Nadificação: A Filosofia Trágica de Macabéa
O encontro entre dança e pensamento no processo criativo de Pina Bausch
Capítulo III - Flores do político
Pensamentos outros do Direito: desconstrução, justiça, hospitalidade,
desobediência civil e revolução
Hospitalidade e vulnerabilidade: notas sobre ética em Judith Butler e
Jacques Derrida
A temporalidade da vingança e a doação do tempo no direito
Habermas nos trópicos: o conceito de esfera pública e o contratualismo
político brasileiro
Capítulo IV -Outros ramos e pensamentos outros
Observações sobre a poética política de Augusto Boal e a insurgência de
uma filosofia popular brasileira
Referências
A humanidade fabricada: identidade, violência e exclusão na construção do
imaginário moderno/colonial
Comportamento impróprio ao local de cultura
O real-segredo de Slavoj Žižek
Capítulo V - Raízes e Filosofias Populares Brasileiras
Tentáculos Digressões sobre uma filosofia sem idade ou de todas as idades
Rosas negras para uma filosofia desde o Brasil: Lélia Gonzales, Beatriz
Nascimento e Helena Theodoro
Resistência, ódio e amor!
(Sobre)vida retirante: por onde nos conduz o sertanejo Severino?
A gira macumbística da filosofia brasileira
Referências
AUTORAS E AUTORES
Copyright
Conselho editorial
Table of Contents
Apresentação
Capítulo I - Uma Rosa Vermelha
A outra Rosa Luxemburgo: a Rosa Mulher
Civilização ocidental e guerra Rosa Luxemburg no centenário do seu
assassinato
Tantas Rosas, um mesmo perfume Pensamentos não morrem
Capítulo II - Pétalas e poéticas
Dois naufrágios de Ulisses a ninguém
Atravessamentos entre filosofia e literatura no pensamento da
desconstrução
O testemunho do desenho: uma cortesia dos cegos
Saudades da literatura
Deslocamento e Nadificação: A Filosofia Trágica de Macabéa
O encontro entre dança e pensamento no processo criativo de Pina Bausch
Capítulo III - Flores do político
Pensamentos outros do Direito: desconstrução, justiça, hospitalidade,
desobediência civil e revolução
Hospitalidade e vulnerabilidade: notas sobre ética em Judith Butler e
Jacques Derrida
A temporalidade da vingança e a doação do tempo no direito
Habermas nos trópicos: o conceito de esfera pública e o contratualismo
político brasileiro
Capítulo IV -Outros ramos e pensamentos outros
Observações sobre a poética política de Augusto Boal e a insurgência de
uma filosofia popular brasileira
Referências
A humanidade fabricada: identidade, violência e exclusão na construção do
imaginário moderno/colonial
Comportamento impróprio ao local de cultura
O real-segredo de Slavoj Žižek
Capítulo V - Raízes e Filosofias Populares Brasileiras
Tentáculos Digressões sobre uma filosofia sem idade ou de todas as idades
Rosas negras para uma filosofia desde o Brasil: Lélia Gonzales, Beatriz
Nascimento e Helena Theodoro
Resistência, ódio e amor!
(Sobre)vida retirante: por onde nos conduz o sertanejo Severino?
A gira macumbística da filosofia brasileira
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