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Um casuar em minha casa

Como poderia negar-lhe a entrada? Estava bem na frente de casa. Andava de um


lado a outro revolvendo a terra como quem colhe grãos.

― Entre. Convidei.

Ligeiro, mas desconfiado varou para a cozinha. Lá estava um cesto com frutas
sobre a mesa. Não perdoou. Pôs-se a devorá-las.

Fiquei a observá-lo. Como era belo aquele exemplar de felpas negras, crista
protuberante, garras mortíferas... Semelhante a pré-históricos de outrora.

Aproximei-me, mas se afastou. Embora o estivesse alimentando, parecia se


incomodar com minha presença. Tentei uma conversa, mas ignorou-me. Não queria
assunto.

Depois de fartar-se ainda periciou a cozinha por mais algum tempo, mas tão logo
concluiu, partiu.

Com a civilização se estendendo... Não é de se estranhar que um casuar venha


me visitar.

Agosto de 2014

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