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A Politica Do Reconhecimento
A Politica Do Reconhecimento
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RESUMO: A presente resenha tem como objetivo introduzir o leitor aos pensamentos
de Charles Taylor no que tange à discussão do reconhecimento das culturas não
hegemônicas por meio da construção de um liberalismo multicultural baseado na
política da diferença, ou de reconhecimento por meio da análise do texto A Política de
Reconhecimento é redação de uma resenha crítica com base em seus principais
argumentos. A proposta do autor consiste em construir uma política capaz de respeitar
as diferenças através do reconhecimento adequado das diversas culturas que compõem o
plano social através do pressuposto de igual valor entre as culturas. O presente estudo se
faz contundente no sentido de demonstrar o cerne da crítica em Taylor: que a atual
conjuntura liberal adotada por grande parte dos governos é cega às diferenças e,
portanto, discrimina negativamente as minorias e não garante a sua sobrevivência.
PALAVRAS-CHAVE: Multiculturalismo. Charles Taylor. Reconhecimento.
ABSTRACT: This review aims to introduce the reader to Charles Taylor's thoughts
regarding the discussion of recognition of non-hegemonic cultures through the
construction of a multicultural liberalism based on the difference of politics or
recognition through text analysis of the policy Recognition and writing a critical review
based on its main arguments. The author of the proposal is to build a political able to
respect differences through proper recognition of the diverse cultures that make up the
social plane through the assumption of equal value between cultures. This study is blunt
to demonstrate the critical core in Taylor: that the current liberal scenario adopted by
most governments is blind to differences and therefore discriminates against minorities
and does not guarantee their survival.
1
Resenha recebida em 30/06/2015 e aprovada em 06/09/2015.
2
TAYLOR, C. et al. Multiculturalismo: examinando a política de reconhecimento. Lisboa: Instituto
Piaget, 1994.
3
Acadêmico do curso de Bacharelado em Direito, da Faculdade de Castanhal – FCAT.
Amazônia em Foco, Castanhal, v. 3, n.5, p. 115-124, jul./dez., 2014 | | 115
A política de reconhecimento de Charles Taylor.
mas que não agradou o restante da população do país. Além disso, existe a Emenda
Constitucional Meech, a qual reconhece a província como uma sociedade distinta,
apesar de a Constituição se basear em um conjunto de direitos individuais que garantem
a não discriminação. Sobre essa discussão, Taylor segue os seguintes pontos para
explicar a aparente inconstitucionalidade das medidas adotadas pelo Quebec: o
reconhecimento exigido pelos mesmos colide com os interesses individuais previstos na
Carta e impõe restrições aos demais cidadãos não inclusos naquela sociedade; deste
modo os interesses coletivos dessa sociedade distinta poderiam ser interpretados como
discriminatórios.
Taylor lembra a teoria de Dworkin a fim de introduzir as diferenças entre o
liberalismo de igualdade e o liberalismo multicultural. Existem, para Dworkin, dois
tipos de empenhamento moral a serem empregados pela sociedade: o empenhamento
sobre o fim da vida, no qual há a preocupação sobre o que constitui uma vida boa e tem
um caráter eminentemente subjetivo, seja individual ou coletivamente, que vem a
chamar de esforço substantivo; e o empenhamento no tratamento igual a todos, no qual
é nítida a presença do igual respeito entre os cidadãos, que se refere como esforço
processual.
O fato de o esforço substantivo admitir que minorias pensem divergentemente da
sociedade em geral sobre o fim da vida convergiria no trato diferenciado àqueles, e,
portanto, incompatível com o igual respeito. Já se baseando em Kant, o pensamento
permanece o mesmo, posto que “uma sociedade liberal deve permanecer neutra quanto
à noção de boa vida e coibir-se de, não obstante o modo como vêem as coisas, assegurar
que a relação entre os cidadãos seja justa e que o Estado trate todos de igual modo”
(TAYLOR, 1994, p. 78).
Pode-se, então, afirmar que Quebec não é neutro à noção de vida boa, já que
tem por objetivo garantir a sobrevivência de uma cultura em detrimento das
individualidades no plano social, e “optam geralmente por um modelo bastante diferente
de sociedade liberal” e, deste modo, Taylor chega à conclusão de que “uma sociedade
liberal distingue-se como tal pela forma como trata as suas minorias, incluindo aquelas
que não partilham das definições públicas do bem e, acima de tudo, pelos direitos que
concede a todos os seus membros.” (TAYLOR, 1994, p. 78).
A proposta de uma política de reconhecimento perpassa pelo objeto de maior
crítica pelos liberalistas de igualdade, que se refere à relativização dos direitos
REFERÊNCIAS