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| ra er _O PRINCIPIO JURIDICO |»). FRATERNIDADE UM INSTRUMENTO PARA PROTECAO DE DIREITOS ! FUNDAMENTAIS TRANSINDIVIDUAIS. CLARA MACHADO ¢ PRT Dire J Copyright © 2017 by Clara Machado Categoria: Diteito Constitucional PRODUGAO EDITORIAL Livratia e Editora Lumen Juris Lida, Diagramacio: Renata ALIVRARIA E EDITORA LUMEN JURIS LTDA, ‘io se responsabiliza peas opinides ‘emitidas nesta obra por sew Autor E proibidn a reproduso total ou parcial por quslaver ‘neo ou proceso incluive quanto ae coracteriticas srifcas clos editors. A violago de diets autoris consti eime (2Sdgo Penal, ar. 184 © 8, Lei n® 6595, de 1/12/1960, sujendovse a busca eapreenso € infenizagdes diverts (Lei n# 261098). “Todos os diteitos deste edicéo reservados & Livraria ¢ Editora Lumen Juris Leda, Impresso no Brasil Printed in Brac Machado, Clara (© Principio Juridico da Fraternidade: Um inserumento pa protegso. de direitos fundementais transindividuais. / Cl Machado.- I ed. - Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017 A minha arada filha Leticia, que vivew comigo a 232 p.523 om. construgdo deste livro antes mesmo de vér ao mundo, Bibliografia: p. 179-208 Filha, tenho certeza que sm dia inds entender que Beit ace as horas que ndo pude te colocar no colo foram ISBN: 978-85-519-0046-8 dedicadas, ainda que de maneira singela, & 1, Direito Constitucional. 2. Direitos Fundamentais - Principio construgao de uma sociedade mais fraterna. du Fraternidade - Direitos Fundamentais Transindividuais Protegio de Diretos. . Titulo. DD - 341.27 4, Fraternidade e Solidariedade: Delimitagao Semantica e Aplicagao na Jurisprudéncia Brasileira ‘Opresente capitulo tem a pretensio de demonstrara delimitagso semfint- cn eas relagdes poss{veis entre fraternidade e solidariedade, a fim de se aleangar a abrargéncia dos principios ¢ retratar que o tratamento unfvoco dos termos tera insuficiéncia na concretizagéo e na determinagao do Ambito de protegio dia fraternidade. Busca-se esclarecer no (in) consciente jurfdieo © equivoco con- ceitual que reiteradamente se apresenta ao tratar fraternidade e solidariedade como sinénimos. Para o aleance desse desiderato,é relevante evideneciar a cons- truco da dimensto juridica da colidariedade e a aproximagao com a fraternidae cle, que, como se ver, & mais ampla que solidariedade. Num segundo momento, vé-se © tratamento constitucional diferencia- do do principio da frarernidade e solidariedade, através da anélise de diversas consticaigdes, com Enfase na Constituigéo brasileira de 1988, com o intuito de colher o sentido do texto constitucional de modo a viehilizar a protego dos direitos fundamentais ea legitimacao das aspiragoes da sociedade. Avulta a importéncia da delimitago semAntica e anélise do Ambito de protegéo dos principios da fratemidade e da solidariedade, uma vez que, sob esse fingulo garante-se protegio efetiva aos direitos fundamentais transindividuais. E, finalmente, seri feita uma anslise da jurisprudéncia no Brasil ao refe- renciar fraternidade e/ou solidariedade, no intuito de evidenciar a aplicagio da fraternidade pelo Poder Judicirio. 4.1, Construgao epistemolégica da dimensao juridica da solidariedade Filar de solidariedade em termos gerais € uma tarefa complexe, jé que seu conceito deve ser submetido previamente a uma delimitagio semantica que Clara Machado clarifigue sua compreensio. Etimologicamente, o termo solidariedade"™ deri dda expressio latina in soidum, presente na ideia de tesponsabilidade solidéri slicergada no direito romanc’”. Desde a antiguidade grega, 0 pensamento solidério esteve presente ideia de justiga distributiva de Arist6teles* fundamentada na divisio de bens recursos comuns de acordo com a coneribuigao de cada pessoa ¢ em igualdad de proporgac’®. A perspectiva aristorélica denota tanto a prépria definigéo justiga como a compreensio da dignidade e da sclidariedade entre individuos™ ‘Vinculada a uma perspectiva ética e teol6gica, solidariedade € compres dida como virtude indispensével na relagio interpessoal, caridade provenient do amor recfproco cristo, dever de ajuda mitua entre membros de um me smo grupo, baseada na existéncia de lagos comuns. A essa dimenséo Gre ‘Be aco com 0 diciondro de Auto Buarqut Se Holanda Ferra © temo scariedade po ser definue como, "I. Qualdade de slsfrio. 2. Lago ou vineloresproco de poisons oe {degendenter 3 Adesfo ou apoio a chun, empresa, principe de utzon. 4 Sento mora ‘incu oindividuod vide, 20 intrest « sresponsaliades dum grupo roca, dma mag, Preis humanidade 5, Relagto de rsponsafldade ence pstos wldas por ntretes eomuny haneia que cada elemento do grape une na obrigagSo sora de aor 0) outro) 6. Sent flequem éuldéio. 7 Dependnsisscipocs. 6 ur. Vinculojrtico entre os enedones ou emi ‘kevedoves) dha mesma dbrissio, adam dels com dito (ou compromito) a0 tts da di \desore que cada evedor po ent fou coda devodr€obrgnde a paps) steralmente a prs ‘hjto dagucls lease” FERREIRA Aurco Buargue de Holanda, Novo Aurelio Sécule XXt3 ‘isondio da Kngue portugues. 3 es « amp, Rio de feito: Noea Frontera, 1999p. 1879 CContcene José Fernando de Casto Farias “Os jurites romanos também wibzavan pa toldericiade pore designe lag que une os devedoces de uma som, de uma dvia, cad sn responsdel plo ode era esponnatliade flue a responsabilidad sli FARIAS, J Femando de Casto, A orgem do drsito de solidariedade. Rio de nene: Renova. 1993, p. 156 Como assnsl Maria Coit Rates Dryland ‘cts no dnt clisicos fonte mote da soideridad ow podemor claconio com a jsiga disusbuuva de Aristtcls", DRYLAND, Marie Cx Bacar Sobdaredade. nv Diclonério de Fosofia do dirito, Cour. Vicente de Pulo Parl Ezore Uniins, So Paulo, 2006, p75 [Noque mine juste dstutive, rites firma qu oust uma expe de ermo propor ino € o gu vila a proprio. “porque o que € proprional € intemedirs, «0 to € proporional” ARISTOTELES. Metafise (ro Te 1, Ecaa Nicbmacoe Pdtica. Tad Le Nallandroe Ged Born da vert ingles de WD. Ross. Sao Polo: Abt Cultural, 1984p. [AQUINO, Sante Tomar de Aguinn, Da junta, Tad. Tago Tendelli Sho Paulo: Vide ei Dit, pl Com promulgate da Reem uaorun Leto XT ngugura nove pen pee outina weal fonvodas ere plore da futiga, amor e solidaiedade, Jungs PURIUE He expe o di ‘sco de todo homer para o seu devenvelvimento amo, porue ee eH nerloes pl ‘netfee das virtues acliaredade, pone eto da ung oan a separa dog = 0 Printipio Juridico da Fraternidade Peces-Barba Martinez denomina “solidariedade dos antigos"™®. Por sua vex, 0 significado jurfdico esté associado a idein de “solidariedade dos modernos’, que aparsceu como reago ao impacto do liberalismo econdmico no século XVIII, cedificador de uma concepgéo antissolidéria, em que a vitéria do mais forte, a aceitagio das desigualdades, a instrumentalizagio da forga de trabalho, o in- dividualismo excessivo foram tragos identificadores do modelo econdmico da época em total contraposicio ao pensamento solidério. Deste modo, a solidariedade dos modernos, concebida como principio po- Iitico e juridico, surgi como resposta ética ao problema da pobreza instalada 2 época, ressaltando o dever de asssténeia do Estado para com os individuos assim como entre eles mesmos em comunidade"®. Com a instauracio do Estado Social, essa perspectiva fica ainda mais evidente jé que se concebe a solidarie- dade como valor superior ‘Ao tratar da solidariedade, José Casalta Nabais ressalta que, quando 0 Estedo social comegou a debater a questao social, primeira solucio assistencial foie solideriedade denominada “mutualista’, que &“tradurida numa repartic@o sustentada pela intengdo de criar riqueza em comum em matéria de infraestru- tures, de bens e servigos considerados indispenséveis e necessérios ao bom fun- cionamento e a0 bom desenvolvimento da sociedade”, Com o desenvolvimento dda sociedade, percebeu- s¢ que esse tipo de solidariedade no era suficiente, sendo necessétia uma agio solidéria baseada na gratuidade, compreendida como solidariedade altruista™. 'A concepgio juricica da solidariedade encontra marco importante na dimensio sociolégica. O discurso sociclégico construfdo por Augusto Comte, por exemplo, demonstra que a solideriedade esté presente em todos os espiri- Tainwrcnads, CL ULLMANN; Renbolio, BORNEN, Alojsio. O voidarismo. Si Leopol Unisins, 1993. 158 262 PECES.BARBA MARTINEZ, Gregorio, Seguried juridica ysolidardad como valores de Is CCanstiaci expan: Funclones fines del derecho. cttios en homens l profeot Manian Hurtado Basta. Maree: Universidad, Seeretantado de Publicaciones, 1992, pp 247.272 Disponiel cm bpd han et/1D06/1620. Accs em: 1? mat 2015p. 256257 ) PECES-RARBA MARTINEZ, Gregori, Humanitarina y sclidariad social como valores de une tocada avansade, en Geporo Feces Basha En dees y coordnacin Rafael de Lorenzo Gare (ein) Las entiades no erative de carter soil huranitari, Madi: Le Ley 1991.90.15 £2: Dison ee spas hail J0016 16005, Aces em: 20 moko 2015, p27 264, NABAIS, Jo Caan Por gn Libra com responsabilidad: Estado sobre Dito Devers Fandamentis, Cosh, Hd Gai 9207p. 136 Clara Machado tos modernos, viabilizando a substituigdo gradual da antiga filosofia teols por uma filosofia plenamente positiva™, A necessidade desse autor, pilar ppensamento fumdante da sociologia, em compreender a posigtio em que 0 Pl samento cientffico estava sendo pautado diante das modificagdes crescent da industrializagho, leva- o 2 postular que a influéncia da filosofia teolég na histGria da humanidade em face das novas formas de sociabilidade da ¥ moderna jé néo era suficiente para pensar a realidade, sendo imperioso 0 &i caminhamento para outro aleance da inteligibilidade humana, o que co derou ser 0 regime positiva ‘A tendéncia positivista revisitou os elementos constantes da origem cris de solidariedade ¢ a ajustou aos cdnones sociolégicos que reestruturaram ef termo para expressar a pluralidade das relagdes ¢ vinculos necessérios em qh os individuos se conectam para realizar determinada tarefa ou funcio social De fato, a crescente andlise sociologica em torno do termo solidariedade sua racionalidade discursiva tornaram-se fatores necessérios para compreendh a esttutura da organizagao social e © nexo que vincula as relag6es humanas partir da secularizagio do pensamento solidério. A dimenséo juridica da solide tiedade € ressondncia desta perspectiva sociol6gica baseada no modelo harm6. nico em que o termo solidariedade enseja, tornando-ce paradigma nas ciéncias socinis e presenga constante nas declaragées de direitos e, posteriormente, nas constituigdes modernas, ‘A referéncia da solidariedade como elemento que integra vinculos sociais foi desenvolvida nos estudos sociolégicos de Emile Durkheim". Os termos uti lizados pelo sociélogo como solidariedade mecinica ¢ orginica, por exemplo, slo empregados para compreender as possibilidades de integragao na vida mo derna ¢ de que modo essa forga integrativa age como mediadora e interage na estrutura dus relagSes humanas. Durkheim delimita o conceito solidariedade a 3ES_ Segundo Cort “tl ine sldaridade qe f invountriaeace todos espiitos moderne temo ce mai oseios cher, parsiipar na ssc gradual da anc Alesis recgien poe ume fllsofiaplenamcote porva, 2 imi swcechel de agora em diante de wma verdadtea sendenes sci” COMTE, Auruate. Curso de filsofa portvas Discurso sabre espilto positive discurso prlimina: sobre o conjunto do postviemo; Catccimo positivist. Sect te wexor de Jost Arhtur Giannor; Trad. José Arthur Giannotte Miguel Lemes, Colegio Os peneadoroe Sto Palo: Abel Calurl, 1978.47 DURKHEIM, Emile; De Divisio do Trabalho Social: Tad. Edeanlo Brando. 2, ed. Séo Paul Martins Fonte, 1998 “ ——— ere partir dos sentiments comuns de uma sociedade que se cornam institucional tados, sendo o direito forma de expresstio de lagos solidirios: ‘Apés criticara cléssica divisio do direito em pdblico e privado, Durkheim inf propor uma distingéo da solidariedade social seguindo a clasificagio das regras jurdicas de acordo com as diferentes sanges que so ligadas elas (san co repressva e restitutiva). A solidariedade mectnica ou por simibitude ests Simbolizada nas normas de direito penal (sangio repressiva) ¢ exprime as simi- litudes sociais mais essenciais visando & manutengfo da coesfo social. Exige-se, portant, que exista na sociedade um mfnimo de semelhanga para sustentar a ‘uridade do corpo social, interligando, desta maneira, a consciéncia individual & ccletiva’", A solidariedade orgénica, por sua vez, corresponde is relagdes positi- vs ou de cooperagio que derivam da diviséo do trabalho (sangoes resticutivas) @ so regidas por um sistema definido de normas juridicas denominado direito cooperative, sendo recurso de interacao social utlizado em meio a0 proceso de industrializagio das sociedades modernas. Na percepgo de Durkheim, 20 produsirsolidariedade, a divisio do trabalho cria entre os individuos um siste+ ima de direitos ¢ deveres que possibilita a coesio social’”. Estrutura-se, assim, 0 discurso sociol6gico da solidariedade, que, inserida ro aspecto ético do liberalismo, guia a experitneia solidéria coo recurto pos sfvel do processo de interagio social. Esses ensinamentos de Durkheim foram arilizados posteriormente pot Leén Duguit na construgao do pensamento solir dirio na ordem juridica. ‘Ao criticar doutrina individualista, Leén Duguit entende solidaried: 1789". In Bagi, Antinio Maria (ort). principio esque: a rternidade na fled sal dat nce potcas. Vargem Grande Pause, SP Baitora dade Neva, 2008, p23. ‘MACHADO, Cait Angus Alora. A garantnconstitucons da faternidade: consti ‘tema Tee de doutrado, Pnafica Univeridad Calis de Seo Pals 2014, . Pye ae dade de sous agentes, Senclo o/homem um fim em st mesmo, incorpors a ideia de fraternidade e solidariedade, pois percebe, na relagao com o outro, um caminho para chegar a si mesmo. Essa relagdo entre solidariedade e fraternidade esté sedimentada na perspectiva jusfiloséfica. Apesar dessa aproximagiio, nfo & cor- reto defender a indiferenga semfintica, mesmo porque se a linguagem juridica Ltiizou expressdes distintas, impoe-se a delimitago conceitual. A solidariedade tem como referéncia 0 apoio miituo dos individuos seja na esfera institucional ou social (Feconhecimento do outro numa relagao de vulnerabilidade ou hipossuficiéncia), servindo para justificar tanto as politicas inte-vencionistas do Estado, como também a vinculagio dos particulares aos dliretos sociais, a0 sedimentar a ideia de que cada um de nbs € também, de certa fornia, responsivel pelo bem-estat dos demais™, or sua vez, 0 centro de referéncia na fraternidade € a telagdo intersubje- tiva (reconhecimento a partir do outro) marcada por uma telagio horizontal © iguolitria, que exige dos individuos reconhecimento miituo ¢ responsabilidades comunitétias, de forma a implementar ¢ proteger interesses transindividuais, ercebe-se que tanto na solidariedade quanto na fratenidade os contor nos de juridicidade formarn-se dando responsabilidade a0 individuo ou 20 Esta- cdo nas relagoes juridicas, haja vista fraternidade e solidariedade representarem co convivio humano responsivel, Efetivamente, freternidade tem um contetido mais amplo, de forma que abarca a solidariedade, mas ni se reduz a ele © simbolo da solidariedade trazido pelas tradigGes iluministas é base da ceseritura juridica da fungéo solidéria difundida no Estado Social de Direito™*, ‘que exige uma coparticipagéo das comunidades, ampliagio das responsabil: dades e maior participagdo dos individuos nas decisdes do Estado". Ao revés, fraternidade ficou & deriva por muitos anos e deve ser resgatada na atualidade como princfpio estruturante do Estado Constitucional Democritieo pautado no fundamento da dignidade humana, a fim de redimensionar a teoria dos direitos fundamentais e garantir a efetivagdo de ineresses transindividuais. BIB SARMENTO, Denil: Direitn Fundamentals ¢ Relagbos Privadat. 2 od. 3 th Rio de ons Editors Lure Jr, 201, p. 256 529 © Thasinsmo ccloce s sslderiedade como elemento para justifeagto Gos valores julien na feemaggo do Exado Moderne © posterirmene dor diretos sola. A teria contatualis, por exemplo, necesia da soldariedae como forma dejustificato, 330 FERREIRA, Wioleran Jonquots, Comenttioe & Constitisso de 1988, Campinas: Jules Lets 1958 V. pp. 92-53 107 Lafayette Pozzoli e André Watanabe Hurtado pontuatn que fraterni contribu com as formas da democracia e com a efetivagtio de direitos! A abordagem fratemna € parte real da experiéncia social e compée a formil truturante do direito. De certa forma, a fraternidace esté em permatiente truco, na medida em que existe umna constante releitura a partir de postul hermenéuticos, de modo que a andlise estrutural das direitos e deveres fu ‘mentais, por exemplo, alcanga, coma fraternidade, amplitude e efetividade, Diante disto, pode-se afirmar que fraternidade e solidariedade contrib para o avango ¢ 0 redimensionamento da tearia dos direitos fundamentais, que sex discurso na esfera politica e social manifesta uma forma juridica predispde os termos da efetivagdo de direitos. A distingao entre solidariedade e fraternidade também esté pautada perspectiva pragmética desses principios que se coneretizam a partit da ex Encia do individuo com 0 () outro (@). Conforme j sublinhado, a fraternik 0 apontar o caréter multidimensional da experigncia jurfdica, remote a0 texto da solidariedade sem deixar se reduzir a esta j& que vai além do interes individual para atingir interesses transindividuais com o olhar voltado pa singularidade de cada ser humano. Ao tratar da vida coletiva, Ortega y Gasset®™ assinala, de forma crtti que a expressio vida coletiva, ou espsrito da naglo, retratada pelos flosof alema e francesa, manifestada desde os ideais iluministas e liberais do séeul XVIII, demonstra uma dimenséo imaginéria superdimensionada da ideia dh coletividade quando apresenta as formas da coletividade sem atentar para circunstncias da singularidade humana, fazendo com que se pense de form artificial a dimensio da coletividade sem o sujcito. E preciso volear a humanizar o sentido de coletividade para que ele pos enti expressar 0 principio da fraternidade, que.20 se inserir na estrucura di instituigdes jurfdicas como realidade especifica de coneretizagdo dos direitos fundamentais, volta o olbar para a dignidade humana, Nesta perspectiva, uma ‘POZZOLL Lafaet: HURTADO, Anité Watanabe. O principio da faerie na pitca joni, Dispel om: fle! Dy/ Users User Downloade? S8 08429 IRARDSOSIOUTACOM pe Aca em Mju. 2015, (ORTEGA Y GASSET, Jou. O homem ea gente: Trad de}. Caos Lisbon. Live Ibeas-Americanoy 1960, p 208, 108 a O Principle Juriaieo da Preteriemar fenomenologia’® da fraternidade pode ser expressa em diferentes dimens ‘© manifesta- se em distintas formas inseridas no contexto dos direitos funda mentais: O contesido da fraternidade forma-se a partir de uma conexo entre & realidade intersubjetiva e 0 caréter de juridicidade da dignidade humana, Neste {inbito teérico, a substincia da fraternidade circula através do processo herme- nfutico consticucional como instrumento para a aplicagao do direito™. ‘A reflexio neste campo de ideias eleva-se como grau de racionalidade jurdica em contornos formais des principios liberdade, igualdade e frater- hidade. Assim, a condigao fraterna de caréter fenomenolégico impie- se @ partir da relagdo dialética entre a estrutura social ea experiénecia da liberelade humans e da igualdade, Fraternidade ¢ pautada em comunhao com interesses transindivicuais diverses, respeitando tanto as dimenstes individuais como a identidade social dos individuos, j& que, no pensamento fraterno, o reconhecimento intersub: yetivo manifesta- se de forma transclassista. Ademais, a fraternidade pode iar expectativas construtivas ¢ possibilidades de espagos de dilogo em que, por meio da mediago de conflitos, sio trabalhads ¢ redefinidos os interes- ses comuns. Assim, o direito enquanto simbolo congregador da fraternidade interliga- se no sistema constitucional como fio garantidot € mediador dos contflits intersubjetivos. Toda a compreensio em torno da fraternidade repercute na solidarieda-

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