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Consumo Ecologico Novo
Consumo Ecologico Novo
BO
O
K
POUPAR O AMBIENTE
E A CARTEIRA
INSTRUÇÕES DE NAVEGAÇÃO
ÍNDICE GERAL
A ÍNDICE REMISSIVO
Impressão: AGIR
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-458 CAMARATE
deco.proteste.pt/guiaspraticos
POUPAR O AMBIENTE
E A CARTEIRA
Prefácio
Consumir não implica necessariamente comprar. Todos os dias consumimos
alguma coisa, em casa e nas nossas atividades quotidianas: na energia que
usamos para iluminar ou aquecer o lar, no combustível dos meios de transporte
em que nos deslocamos, na água que bebemos ou que gastamos na cozinha,
na higiene e nas limpezas, nos materiais que adquirimos e que acabam no
lixo. Certo é que determinadas decisões (e hábitos) podem aumentar ou dimi
nuir a nossa “pegada ecológica” — expressão utilizada para referir o impacto
sobre o ambiente — e isso também se reflete na carteira.
No segundo capítulo, ficará desde logo claro que resíduos nem sempre são
lixo. Muitos materiais podem, na verdade, ser reutilizados no fabrico de novos
produtos. Para que tal seja possível, é importante contribuir para a reciclagem,
e ensinamos a reutilizar os materiais e a reduzir o volume de resíduos em casa.
O quarto capítulo mostra que é possível poupar energia em casa sem pôr
em causa o conforto. Ajudamos a escolher os aparelhos mais eficientes e a
poupar na sua utilização, e passamos em revista os sistemas de climatização e
de aquecimento da água, além de fornecermos informação para a construção
e a renovação da casa, de modo a torná-la mais eficiente.
Em suma, este guia mostra que todos podemos e devemos contribuir para a
sustentabilidade dos recursos naturais e dos ecossistemas. E também que é
fácil fazer economias ao mesmo tempo que protegemos o ambiente.
A
A
Índice
Prefácio 5 Evite os alimentos processados 53
Introdução
A importância de
ser um consumidor
sustentável
A
E o impacto não fica por aqui. Há ainda a destacar a erosão de zonas costei-
ras, o potencial aumento da salinidade dos aquíferos, a alteração profunda
da humidade dos solos (incluindo das terras cultiváveis) e até a extinção
de espécies animais e vegetais, aliada a deslocações maciças da população.
A estes factos podemos acrescentar outros, apresentados pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), cujo prognóstico aponta para o perigo da chegada
de doenças como a malária e a dengue ao Sul da Europa.
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A
As emissões poluentes
Depois do Protocolo de Quioto (em 1995), que consistiu num primeiro com-
promisso global com a missão de "travar" as alterações climáticas ao nível
planetário, surgiu, em 2015, o Acordo de Paris. Este acordo veio fortalecer
a resposta global à ameaça das alterações climáticas: visa limitar o aumento
da temperatura média global a níveis abaixo dos 2ºC acima dos níveis pré-
-industriais e prosseguir esforços para limitar o aumento da temperatura a
1,5 graus Celsius. Para atingir estas metas, o Acordo de Paris definiu medidas
para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
PEGADA ECOLÓGICA
Não existe um método universal, nem uma unidade de medida globalmente reconhecida,
para o cálculo do impacto que temos no meio que nos rodeia. Daí que se use o conceito de
“pegada ecológica” para referir o efeito das nossas opções de consumo sobre o ambiente.
Por exemplo, ao comprar um produto ou ao contratar um serviço, pode medir-se o seu
impacto ambiental em termos de superfície requerida, de energia ou de água consumidas
para a sua produção, de quantidade de emissões nocivas que provocou ou até do número
de dias em que é encurtada a vida de determinadas espécies.
Naturalmente, a pegada ecológica será satisfatória se a região ou o país tiver capacidade
para obter os recursos necessários (água, energia, materiais ou alimentos) e o espaço
adequado para assimilar os resíduos gerados (lixo, emissões de poluentes, etc.).
Tendo o uso do solo como referência, as estimativas das Nações Unidas mostram que
o nosso planeta perde anualmente uma superfície de terra fértil equivalente à área da
Irlanda, como resultado da sobreexploração do solo e da desflorestação. Os dados do
Fundo Mundial para a Natureza indicam que a pegada ecológica do cidadão médio no
mundo é de 2,5 hectares, o que representa 40% mais do que aquilo que a Terra consegue
gerir.
Porquê 1,5 graus Celsius? Estima-se que as atividades humanas tenham causado
cerca de 1°C de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais. Segundo
o último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas
(IPCC), que reúne peritos e emite relatórios regularmente sobre a matéria,
é provável que, mantendo-se o aumento ao nível atual, o aquecimento global
atinja 1,5°C entre 2030 e 2052. Este mesmo relatório deixa também claro que
um aumento de 1,5°C é, apesar de tudo, mais seguro do que de 2°C, já que,
neste último cenário, se preveem consequências mais devastadoras, que vão
desde a perda de habitats naturais e de espécies à descongelação de calotas
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A
Efeito de estufa
O planeta está rodeado por uma camada protetora constituída por vários
gases, a que chamamos atmosfera. Os raios de sol penetram nela, e a Terra
absorve uma parte, aquecendo, mas reflete outra parte para o espaço sob a
forma de energia térmica. Uma fração desta energia é absorvida por moléculas
de vapor de água, de dióxido de carbono, de metano e de óxidos de azoto,
O EFEITO DE ESTUFA
Parte da energia A superfície da
é devolvida ao Terra é aquecida
espaço pelo sol e devolve
calor ao espaço
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A
sendo por elas reemitida. Por sua vez, estes gases atuam como as cobertu-
ras de vidro de uma estufa (motivo pelo qual se chamam gases com efeito de
estufa), garantindo um equilíbrio térmico que mantém os valores adequados
para a evolução da vida.
• O dióxido de carbono (CO2). Este é o gás que mais contribui para o efeito
de estufa, não tanto pelo seu potencial de aquecimento global, mas pela
gigantesca quantidade em que é emitido. É naturalmente produzido pela
respiração dos seres vivos e pela decomposição da matéria orgânica. Mas
as atividades humanas também produzem dióxido de carbono, através da
queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural) nos transportes,
no aquecimento, na produção de eletricidade, etc. A desflorestação também
contribui para este fenómeno, pois reduz a área capaz de assimilar este gás
(por isso chamada sumidouro de carbono).
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A
de gases com efeito de estufa, o que faz com que sejam particularmente
problemáticos ao nível das alterações climáticas.
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A
• Procure refrescar ou aquecer a casa com algumas medidas que não custam
um tostão. Quando os equipamentos de climatização forem mesmo impres-
cindíveis, regule-os para uma temperatura moderada, de 20ºC no inverno
e 25ºC no verão.
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A
A
Capítulo 1
Neste capítulo, mostramos porque é tão importante pensar bem antes de com-
prar este ou aquele produto de olhos fechados. Além de economizar dinheiro,
poupa-se em recursos naturais. O ambiente agradece... e a carteira também.
Modere o impulso
Entre os produtos anunciados, as bugigangas que “não pode” deixar de ter e
todas as “novidades” que invadem as prateleiras das lojas, por vezes, torna-
-se difícil resistir a uma promoção ou ao último grito publicitário. Mas será
que precisa mesmo, ou quer mesmo, adquirir esses produtos? Não estará
a tornar-se “escravo” da sociedade de consumo, que cria novas necessida-
des artificialmente para o levar a comprar sem pensar? Qualquer que seja
a resposta, uma coisa é certa: muitos destes produtos são caros, e a sua
renovação frequente tem consequências evidentes a vários níveis, como, por
exemplo, a gestão de recursos naturais, o uso de substâncias perigosas ou
preocupantes e a produção excessiva de resíduos.
Resista à tentação
Nunca se sentiu tentado a comprar um produto em destaque numa pra-
teleira do supermercado, apesar de antes nunca lhe ter ocorrido precisar
dele? Pois é: por vezes, é difícil resistir ao apelo da promoção, da embalagem
ou ao puro prazer de comprar.
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A Poupe nas compras
SABIA QUE…?
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO),
23,7 milhões de toneladas de alimentos são produzidos diariamente, em média,
e 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados ou perdidos por ano.
Neste contexto, se, conforme indicam as previsões, a população aumentar em cerca de
2 mil milhões de pessoas (um crescimento de 30%) até 2050, será necessário produzir
mais 60% de alimentos.
Por outro lado, a Comissão Europeia estima que mais de 50% do desperdício alimentar
(47 milhões de toneladas) na Europa provenha dos agregados familiares (consumo nas
nossas casas). É, por isso, essencial intervir no setor doméstico, onde o papel de cada con-
sumidor é determinante.
Tal significa que uma parte dos resíduos que produzimos é composta por
produtos que nunca utilizámos e que nunca consumimos. No nosso país,
cerca de 39% dos caixotes de lixo estão cheios de restos de comida (alimen-
tos estragados, sobras, etc.) ou de produtos fora de prazo. São os chama-
dos “biorresíduos” (sobre este assunto, veja o título A compostagem, na
página 92). Ora, se estes resíduos não forem usados para compostagem, vão
parar a aterros (muitos dos quais já estão, ou estão quase, esgotados) ou têm
de ser incinerados, sem que daí advenha qualquer benefício em termos de
recuperação de energia.
• Para evitar desperdícios, procure comprar apenas os produtos que vai real-
mente consumir e verifique sempre a data de validade, optando pelos que
tiverem o prazo mais alargado, sobretudo no caso dos produtos perecíveis.
Aprenda a quantificar as suas necessidades e as da sua família, de modo a
não ceder a tentações.
• Na altura de fazer a sua lista, verifique o que resta no frigorífico e nos armá-
rios e aquilo que falta. É natural que perca alguns minutos antes de sair de
19
A Consumo ecológico
casa, mas isso permitir-lhe-á gerir melhor as suas reservas e evitar gastar
dinheiro fazendo compras em duplicado! Se tiver tempo, vale também a
pena fazer uma ementa (semanal, por exemplo) e tentar organizar as suas
compras tendo em conta estas necessidades.
• Não se deixe enganar pela estratégia dos distribuidores, que, nas lojas,
espalham os produtos de primeira necessidade um pouco por todo o
lado, para expor o consumidor a uma série de tentações: concentre-se
na sua lista de compras e não se afaste dela, a não ser que considere que
determinado produto é mesmo necessário ou que aquela promoção vale
mesmo a pena.
• Prefira fazer compras regularmente, a não ser que, para tal, tenha de
percorrer grandes distâncias de carro. Desta forma, evitará ter de fazer
previsões para as semanas seguintes e comprar mais do que precisa. Na
verdade, é difícil prever com exatidão aquilo que se irá consumir. Quanto
mais se compra, maior é o risco de desperdício. No caso dos bens não
perecíveis (como o papel higiénico e alguns detergentes), pode comprar
quantidades maiores (que originam menos resíduos de embalagem do
que as versões individuais ou de pequena capacidade), mas certifique-se
de que os utilizará no prazo indicado.
ATENÇÃO!
Antes de comprar algo, questione-se sempre sobre se precisa realmente desse produto.
Evite o impulso de adquirir os objetos “da moda” ou produtos cuja eficácia seja duvidosa
e que são, muitas vezes, perfeitamente dispensáveis. Para se manter bem informado, veja
os testes apresentados regularmente nas revistas PROTESTE e TESTE SAÚDE e no nosso sítio
da internet (www.deco.proteste.pt).
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A Poupe nas compras
21
A Consumo ecológico
Desde que se assegure uma boa manutenção dos aparelhos elétricos, das
máquinas, dos computadores, etc., é possível prolongar consideravelmente
o seu tempo de vida. Antes de os substituir por novos, informe-se sobre
a sua eficiência energética (veja o título Poupe com os eletrodomésticos, na
página 130) e tente saber, junto de um técnico, se não compensa repará-los.
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A Poupe nas compras
SABIA QUE…?
A produção de telemóveis implica a extração e a transformação de metais raros e pre-
ciosos. Um milhão de telemóveis contém nove toneladas de cobre, 250 quilos de prata,
24 quilos de ouro e nove quilos de paládio.
23
A Consumo ecológico
Estima-se também que cerca de 20% da poluição da água tenha origem nos
processos de tinturaria e acabamento das peças, com consequências ao nível
da saúde dos trabalhadores e das comunidades locais.
SABIA QUE…?
Estima-se que cerca de 10% dos pesticidas usados na agricultura mundial sejam pulveriza-
dos nos campos de algodão.
• Se, por algum motivo, já não quiser usar uma determinada peça de roupa
que ainda esteja em boas condições, opte por doá-la, em vez de a deitar fora,
concretizando, assim, simultaneamente, dois objetivos: um social e outro
ambiental. Como referimos, o aluguer de peças de vestuário pode também
ser uma opção, sobretudo em ocasiões especiais, em que não se justifique
comprar roupa nova (exemplos: para uma cerimónia, uma saída à noite
ou para o Carnaval).
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A Poupe nas compras
A rotulagem ecológica
Para se certificar de que o produto que está a adquirir tem um bom desem-
penho ambiental, o consumidor pode guiar-se pelos símbolos ecológicos.
A rotulagem ecológica tem dois grandes objetivos: promover a produção e
a venda de produtos cujo impacto ambiental é menor e facilitar a sua fácil
identificação. Contudo, o consumidor deve ter consciência de que nem
todos os rótulos são 100% fiáveis e de que o facto de alguns produtos apre-
sentarem imagens alusivas à natureza não constitui necessariamente garan-
tia da sua sustentabilidade ambiental (veja as páginas 29 a 32).
25
A Consumo ecológico
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A Poupe nas compras
SABIA QUE…?
Numa casa, existem entre 50 e 300 compostos orgânicos voláteis diferentes, alguns poten-
cialmente tóxicos, entre os quais o formaldeído, o benzeno, o tolueno, a acetona, etc. Estes
encontram-se sobretudo nas tintas, nas colas, nos revestimentos das paredes, na madeira
aglomerada e nas carpetes. Procure escolher produtos menos nocivos (lendo o rótulo) e
areje a casa durante, pelo menos, dez minutos por dia.
• Existem soluções ecológicas, eficazes e baratas para limpar a casa. Por exem-
plo, use vinagre branco ou de sidra para eliminar as manchas de calcário na
casa de banho, em vez daquele produto “especial” anticalcário. O bicarbo-
nato de sódio é outra alternativa "verde" eficaz para as sujidades mais tena-
zes. Adicione duas colheres de bicarbonato de sódio em 500 mililitros de
água num borrifador e agite. Obtém, desta forma, um ótimo produto simul-
taneamente desengordurante e anticalcário, que poderá usar nas superfícies
da cozinha e da casa de banho. Uma pasta de bicarbonato de sódio com
pouca água é ideal para limpar os fungos entre os azulejos e as sujidades
incrustadas no forno.
27
A Consumo ecológico
isso, apenas uma lavagem simples; nestes casos, poderá reduzir a dose reco-
mendada sem que isso prejudique a eficácia.
ATENÇÃO!
Alguns produtos de limpeza dizem-se biodegradáveis e referem que essa característica
constitui um fator importante na proteção ambiental. O argumento é verdadeiro, mas
a biodegradabilidade mínima é exigida por lei há muitos anos. Os produtos que não a
cumprem não podem, na verdade, ser comercializados! A melhor forma de proteger o
ambiente, a saúde e a carteira é usar os produtos de limpeza com conta, peso e medida,
optando, de preferência, por soluções “verdes”.
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A Poupe nas compras
Eurofolha
Permite identificar facilmente os produtos provenientes do modo de
produção biológica.
29
A Consumo ecológico
MSC ou ASC
Peixe ou marisco com certificações de pesca (Marine Stewardship Council
— MSC) e aquacultura (Aquaculture Stewardship Council — ASC) mais
sustentáveis.
FSC/PEFC
Os rótulos FSC (Forest Stewardship Council) e PEFC (Programa para o
Reconhecimento da Certificação Florestal) garantem que os produtos
de madeira ou de papel certificados provêm essencialmente de florestas
geridas de forma sustentável, segundo normas internacionais.
Eficiência hídrica
Aplica-se a autoclismos, chuveiros, torneiras (exceto duche), fluxómetros
e economizadores. Existe em Portugal desde 2008 e é gerido pela
Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP).
A utilização de tecnologias eficientes no uso da água pode reduzir até
40% o consumo de água no setor doméstico.
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A Poupe nas compras
Energy Star
Este símbolo atesta que o produto foi concebido de forma a um ter
baixo consumo. Trata-se da certificação energética oficial europeia para
equipamentos de escritório, como computadores, impressoras e scanners.
Cotton Bio
Roupa com algodão 100% orgânico, sem pesticidas nem substâncias
prejudiciais para o ambiente.
Papeleira (Tidyman)
Relembra que os resíduos são para depositar no lixo e não no chão.
É apenas um conselho, sem caráter obrigatório.
Ponto Verde
Significa que a empresa que coloca a embalagem no mercado paga um
valor à Sociedade Ponto Verde para fazer a sua gestão em fim de vida:
recolha seletiva, triagem e reciclagem. Esta última não é garantida;
também não implica o uso de materiais reciclados na composição do
produto.
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A Consumo ecológico
Sustainable Cleaning
Significa que o fabricante do produto toma em consideração princípios
de sustentabilidade e de segurança no fabrico dos produtos. Foi criado
pela AISE, associação que representa a indústria europeia de sabões,
detergentes e produtos de limpeza.
Pegada de carbono
Símbolo não sujeito a controlo independente e sem modo de cálculo
harmonizado, procura criar um compromisso para reduzir as emissões
de gases com efeitos de estufa. Foi desenvolvido por fabricantes,
distribuidores e organizações não governamentais.
ESCOLHA VERDE
A DECO PROTESTE lançou um novo selo, a Escolha
Verde, para podutos que aliem uma boa classi-
ficação global nos testes a um bom desempre-
nho ambiental. O primeiro selo Escolha Verde
foi atribuído em março de 2020 a detergentes ESCOLHA
para máquinas de lavar roupa, tendo posteri-
ormente sido também atribuído a detergentes
VERDE
para máquinas de lavar loiça. Um dos fatores que
motivaram a sua implementação, no caso dos
detergentes, foi a perigosidade de substâncias
que acabam por contaminar o meio aquático.
O objetivo é ajudar os consumidores a fazerem as
melhores escolhas. Este selo distingue-se das restantes alegações ambientais, muitas vezes
confusas, devido à objetividade e à independência das análises e verificações técnicas. O
desempenho ambiental dos detergentes foi analisado tendo em conta a toxicidade para
o meio aquático e a embalagem, nomeadamente ao nível do enchimento. Para saber
quais os detergentes com melhor relação entre a qualidade e o preço e os que são menos
nocivos para o ambiente, consulte os resultados dos testes que publicamos regularmente
na revista PROTESTE ou no nosso sítio na internet, em www.deco.proteste.pt.
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A Poupe nas compras
SABIA QUE…?
Detergentes que aleguem “desinfetar”, “higienizar”, “eliminar micróbios e bactérias”,
por vezes contendo lixívia, só são necessários em situações muito específicas: limpeza de
superfícies com fungos, loiças sanitárias ou objetos que tenham de ser alvo de uma lava-
gem complementar para evitar a transmissão de uma doença contagiosa, por exemplo.
ATENÇÃO!
Se utilizar tintas ou produtos de limpeza cujo rótulo mencione ˝não usar em locais fecha-
dos˝, ˝não vaporizar perto de uma chama˝, ˝não fumar durante a utilização˝, ˝não ina-
lar˝, etc., siga cuidadosamente estes conselhos. Use luvas, proteja-se bem, usando roupas
adequadas, e areje os locais. Evite ainda recorrer a inseticidas no interior da habitação e,
sobretudo, nunca os utilize no quarto das crianças. Finalmente, areje sempre uma divisão
que “cheire a novo”: esta poderá estar impregnada de compostos orgânicos voláteis.
33
A Consumo ecológico
ainda a componentes que incluam etaloaminas (EA), como os MEA, DEA, TEA e
EDTA, usadas para dar viscosidade aos champôs: além de serem tóxicas para os
organismos aquáticos, há suspeitas de que possam ser cancerígenas, mutagéni-
cas e tóxicas. O CMT (ácido etilenodiamino tetra-acético), por exemplo, é uma
substância que pode ser facilmente substituída por ácido cítrico (citric acid), com
um impacto ambiental praticamente nulo.
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A Poupe nas compras
1 Água
É , na maioria dos casos, o
ingrediente principal, por isso é
que está quase sempre no topo
da lista dos componentes. Estes
aparecem por ordem decrescente
de quantidade, exceto aqueles 1
com concentração inferior a 1 por
cento (surgem aleatoriamente,
depois de todos os que têm mais
de 1 por cento). O primeiro terço 3
da lista, em geral, corresponde 2
à maioria da composição. 4
2 Perfume
Evite os que apresentam
fragrâncias no início da lista dos
componentes.
4 Conservantes
3 Corantes “ Sem parabenos” dá a sensação
Os corantes aparecem no fim de que não tem conservantes.
e começam sempre por CI, Na verdade, todos os cosméticos
seguido de um número. contêm conservantes.
35
A Consumo ecológico
• Caso procure produtos com ingredientes naturais, alguns rótulos podem ser
uma ajuda. As certificações privadas mais conhecidas são a Natrue, Cosme-
bio, Ecocert, BDIH e Cosmos Natural (veja as imagens ao lado). Todas defi-
nem uma percentagem mínima de ingredientes de origem natural, sendo
que essa quantidade varia muito de entidade para entidade. Estes produtos
evitam ingredientes nocivos, como os silicones, as parafinas e outros deriva-
dos do petróleo, por exemplo. Alguns selos também promovem a utilização
de ingredientes provenientes da agricultura biológica, sem pesticidas, nem
organismos geneticamente modificados (OGM).
• Outro aspeto a ter em conta: os produtos ditos “naturais” não são, forçosa-
mente, mais seguros (por exemplo, algumas pessoas são alérgicas à hena,
um produto natural extraído de plantas usado para tingir o cabelo) ou ami-
gos do ambiente. O óleo de palma, obtido a partir dos frutos da palmeira-de-
-óleo, é muito usado pela indústria alimentar, mas também nos cosméticos.
Nos rótulos, os fabricantes podem, assim, apregoar a utilização de substân-
cias naturais em vez de produtos sintéticos. Pode ser um ingrediente natu-
ral, mas a crescente procura deste óleo acarretou graves problemas ecológi-
cos e sociais, como a desflorestação de zonas tropicais, colocando algumas
espécies animais em perigo (como os orangotangos), o aumento das emis-
sões de gases com efeito de estufa e a exploração de trabalhadores locais.
As certificações já referidas disponibilizam informação sobre a natureza dos
ingredientes, mas não sobre os outros aspetos da sustentabilidade, ao longo
do ciclo de vida dos produtos, incluindo a origem e a produção dos ingre-
dientes, o impacto ambiental das embalagens, ou o impacto social. No caso
dos produtos que integram óleo de palma, verifique se este é de plantações
sustentáveis, através do rótulo RSPO (Roundtable on Sustainable Palm Oil).
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A Poupe nas compras
37
A Consumo ecológico
38
A Poupe nas compras
Saúde 5,5%
Comunicações 3,2%
Ensino 2,3%
Bebidas alcoólicas, tabaco 1,6%
e narcóticos/estupefacientes
39
A Consumo ecológico
23,7 1,3
milhões mil milhões
de toneladas de de toneladas de alimentos
alimentos são produzidos são desperdiçados ou
diariamente, em média perdidos por ano
1/ população
9,5 3
milhões de m3 dos países em desenvolvimento
faz uma alimentação
de madeira e lenha inadequada devido a
são fornecidos carências proteicas,
diariamente vitamínicas
pelas florestas e de minerais
Fonte: Relatório Building a common vision for sustainable food and agriculture – principles and
approaches, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 2014.
40
A Poupe nas compras
ATENÇÃO!
Antes de mais, não se esqueça de fazer uma lista de compras, se possível baseada numa
ementa (semanal, por exemplo), para evitar compras desnecessárias. Em segundo lugar,
certifique-se de que escolhe alimentos com um prazo alargado. Depois, assegure-se de que
os consome atempadamente, de modo a evitar desperdícios. Arrume o frigorífico e a des-
pensa seguindo a estratégia “FIFO” (“First In, First Out”) ou, em português, PEPS (Primeiro
a Entrar, Primeiro a Sair). Verá que ajuda a ter um maior controlo dos prazos de validade.
Reduza os desperdícios
• Os desperdícios domésticos são, muitas vezes, o resultado de falta de infor-
mação sobre o prazo de validade e a natureza perecível dos alimentos. É
importante perceber a diferença entre a expressão “consumir até” e “consu-
mir de preferência antes de...”. A primeira é uma indicação mais restritiva,
usada em produtos perecíveis, como carne e peixe frescos, assim como fruta
e legumes cortados e embalados: a partir da data indicada, o produto não
deve ser consumido, já que deixa de ser seguro. Perante a menção “consumir
de preferência antes de…” (usada em bens alimentares menos perecíveis,
como conservas, congelados, cereais, massa, chá, café, entre outros), consu-
mir estes alimentos alguns dias depois do prazo não acarreta riscos sanitários
graves, desde que devidamente conservados e que nada comprometa a sua
qualidade. Na presença do aviso “de preferência”, cheire e prove o alimento:
se estiver em condições, embora o prazo tenha passado, poderá ainda ser
consumido em segurança.
SABIA QUE…?
Uma parte significativa das vitaminas da fruta e dos legumes encontra-se na casca ou
na camada imediatamente inferior. Sempre que possível, evite descascar estes alimentos,
mas lave-os sempre muito bem com água corrente antes de os consumir. Antes de conge-
lar os legumes, mergulhe-os em água a ferver durante dois a cinco minutos (é o chamado
“branqueamento” ou “escaldão”). Além de prolongar o tempo de conservação dos legu-
mes, esta técnica permite preservar a cor e reduzir o volume dos legumes, ganhando-se,
assim, espaço no congelador.
41
A Consumo ecológico
1 Prateleira superior
Iogurtes, natas, queijo, compotas
e maionese
1
2 Zona intermédia
2 Fiambre e charcutaria, conservas
abertas e bolos
3
5 3 Zona por cima das gavetas
Carne e peixe crus, sopa e pratos
cozinhados
4 4 Gavetas
Fruta e legumes frescos
5 Porta
Leite, sumos, ovos e manteiga
6 6 Congelador
Organize os alimentos de forma lógica.
Por exemplo: uma gaveta para carne e
peixe, outra para legumes, etc. Identifique
os alimentos e escreva a data de
congelação. Consuma primeiro os mais
antigos
42
A Poupe nas compras
ATENÇÃO!
Não compre mais do que costuma consumir apenas para poder usufruir de uma qualquer
promoção. Interrogue-se sobre se precisa mesmo dos produtos e se irá realmente consu-
mir os três pacotes de 12 iogurtes pelo preço de dois, antes do fim do prazo. Um pacote não
será suficiente para as suas necessidades?
Aproveite as sobras
• Compre e cozinhe apenas as porções necessárias. Se, ainda assim, houver
sobras, congele-as após a confeção, quando estiverem mornas, para evi-
tar que se estraguem. A grande maioria dos alimentos pode ser congelada:
carne, peixe, legumes e hortaliças, fruta, frutos secos e pratos cozinhados.
No entanto, é importante que sejam adequadamente preparados antes da con-
gelação: por exemplo, corte a carne e elimine o excesso de gorduras, lave e retire
as vísceras e as escamas do peixe, lave bem e descasque as frutas e os legumes.
Em todo o caso, deve garantir que os alimentos são congelados frescos. Uma
vez descongelados, os produtos podem ser facilmente utilizados para confe-
cionar, por exemplo, empadões, sopas, batidos e sobremesas de fruta.
• Existem muitas ideias úteis para aproveitar restos de forma mais ou menos
criativa: com pedaços de frango ou outro tipo de carne pode, muito simples-
mente, fazer uma sandes; os restos de pão podem ser incorporados numas
almôndegas de carne picada ou servir para engrossar molhos; os restos de
cenoura podem ser utilizados na confeção do molho que acompanhará o seu
esparguete do dia seguinte. É tudo uma questão de imaginação! Para mais
informações, consulte em deco.proteste.pt o nosso dossiê completo sobre
congelação.
43
A Consumo ecológico
No site de DECO PROTESTE, encontrará uma ferramenta muito útil para ficar a
saber qual a altura ideal para comprar cada alimento. Em www.deco.proteste.
pt/calendario-legumes, além do calendário dos frutos e dos legumes, encon-
trará uma série de outras informações sobre os seus benefícios nutricionais e
ainda conselhos de compra e de conservação.
44
A Poupe nas compras
Grande parte dos camiões que circulam nas estradas dedica-se ao trans-
porte de bens de consumo, incluindo os produtos agroalimentares. Sem-
pre que adquire bananas da Costa do Marfim, ou laranjas de Marrocos,
ou peixe da Índia, está a pagar também o seu transporte. Além disso,
os camiões-frigoríficos podem emitir gases refrigerantes com efeito de estufa que
influenciam a camada de ozono em caso de fugas. Será que as peras-rocha ou as
maçãs à venda na mercearia do seu bairro não são mais económicas, saborosas
e benéficas para o ambiente?
CALENDÁRIO DE FRUTOS
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Alperce ● ● ● ●
Ameixa ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Amora ● ● ● ● ● ●
Ananás-
● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
-dos-açores
Banana-da-
● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
-madeira
Cereja ● ● ● ● ●
Dióspiro ● ● ● ● ●
Figo ● ● ● ● ● ● ● ●
Framboesa ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Laranja ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Limão ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Maçã ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Melancia ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Melão
● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
e meloa
Mirtilo ● ● ● ● ●
Morango ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Nêspera ● ● ● ●
Pera ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Pêssego ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Quivi ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Romã ● ● ● ● ● ●
Tangerina ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Uva ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Frutos secos
Amêndoa ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Avelã ● ● ● ● ●
Castanha ● ● ● ● ●
Nozes ● ● ● ● ● ● ● ●
Pinhão ● ● ● ● ● ● ●
● Estação normal
● Fora de época ➔
45
A Consumo ecológico
CALENDÁRIO DE LEGUMES
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Abóbora ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Acelga ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Agrião ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Aipo-de-cabeça ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Aipo-de-talo ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Alcachofra ● ● ● ● ●
Alface ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Alface-de-cordeiro ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Alho-porro ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Batata nova ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Beldroegas ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Beringela ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Beterraba de mesa ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Brócolos ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Cebola ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Cebola nova ● ● ● ● ●
Cenoura ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Chicória de folhas ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Chuchu ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Curgete ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Couve-de-bruxelas ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Couve-lombarda ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Couve-portuguesa ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Endívia ● ● ● ● ● ● ●
Ervilhas ● ● ● ● ●
Espargo ● ● ● ● ●
Espinafre ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Fava ● ● ● ● ●
Feijão-verde ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Funcho ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Grelos ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Milho-doce ● ● ● ● ● ●
Nabiças ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Nabo ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Pepino ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Pimento ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Rabanete ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Rábano ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Repolho ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Rúcula ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Rutabaga ● ● ● ● ● ● ● ●
Salsifi ● ● ● ● ● ● ●
Tomate ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
● Estação normal
● Fora de época
46
A Poupe nas compras
Procure, por isso, ver a origem dos produtos que compra. Ao escolher pro-
dutos locais, estará a reduzir o impacto ambiental decorrente do transporte.
Além disso, poupa na embalagem, já que os produtos vindos de longe vêm
quase sempre excessivamente embalados, para estarem mais protegidos.
Além disso, estará a favorecer a economia local.
SABIA QUE…?
A escolha de produtos locais frescos e/ou da época ajuda a diminuir a emissão de gases
com efeito de estufa e de outros poluentes. O uso de transportes é menor e nem sempre
é preciso refrigerá-los!
47
A Consumo ecológico
IMPACTO DO HIPERMERCADO
Impacto local
Quando o consumo se concentra nos hipermercados,
quem vive nas redondezas é afetado por um aumento
de ruído, por um maior risco de acidentes e pela
intensidade do tráfego devido às descargas de
mercadorias, à recolha de resíduos e ao movimento
dos clientes. A qualidade do ar também se ressente.
Por outro lado, a necessidade de transporte de bens,
vindos muitas vezes de muito longe, multiplica o
número de veículos (em particular, os pesados),
sobretudo nas imediações dos centros comerciais,
o que contribui para um aumento significativo das
emissões de gases poluentes. A afluência de clientes
às zonas comerciais provoca também um aumento
da circulação de veículos privados.
Impacto global
O transporte e a distribuição de bens em larga escala,
sobretudo de alimentos vindos de locais distantes, têm
consequências nefastas em termos da biodiversidade
e do ambiente, que resultam essencialmente do
impacto das emissões de gases com efeito de estufa
sobre o equilíbrio climático. O consumo em energia,
necessária para a manutenção do hipermercado,
aumenta também significativamente. Em última
análise, é o equilíbrio do planeta que está
em causa.
Produtos biológicos?
As cadeias de distribuição são frequentemente obrigadas a cumprir um con-
junto de parâmetros, muitas vezes estéticos, recorrendo a produtos quími-
cos para conseguir que os frutos e vegetais tenham o aspeto pretendido.
Os supermercados e os hipermercados rejeitam muitas vezes os produtos
que contêm imperfeições, que não têm, por exemplo, a dimensão ou a
forma ideal. Tal acaba por promover práticas que são nocivas do ponto de
vista ambiental, como o abuso de fertilizantes e pesticidas.
48
A Poupe nas compras
Quem se preocupa com estas questões procura optar por produtos da agri-
cultura biológica, uma vez que estes são produzidos sem o recurso a pestici-
das e não têm, por isso, um impacto tão negativo sobre o solo, a água e o ar.
Mas como saber quais são esses produtos?
SABIA QUE...?
A produção agrícola biológica representava, em 2017, cerca de 7% da área total cultivada
em Portugal, correspondendo à média dos Estados-membros da União Europeia.
49
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
A produção de fruta e de legumes em agricultura biológica evita o uso de pesticidas e de
adubos químicos.
Certo é que uma boa parte das terras cultiváveis serve para produzir a ali-
mentação do gado, destinado aos matadouros e vendido a baixo custo. Em
1999, mais de 37% da superfície terrestre estava ocupada por culturas e pas-
tagens, e dois terços do consumo de água eram devidos à agricultura. Em
2018, cerca de 39% do uso do solo correspondiam a área florestal, 26% a área
agrícola e 12% a área de matos. Numa proporção superior a 5% destacavam-
-se, ainda, as superfícies agroflorestais (8%), a área de pastagens (6%) e os
territórios artificializados (5%).
50
A Poupe nas compras
ATENÇÃO!
De acordo com a roda dos alimentos, para uma dieta equilibrada, os adolescentes e os
adultos ativos do sexo masculino não devem consumir mais do que cerca de 110 gramas
de carne ou pescado cozinhados por dia, o que corresponde a um peito de frango ou a um
bife de vaca muito pequeno.
2539 litros
Queijo
2531 litros
Frutos secos
2380 litros
Camarão de aquicultura
1904 litros
Leite
1619 litros
Aquicultura
728 litros
Carne
Fonte: Reducing food’s environmental impacts through producers and consumers, Revista Science,
2018.
51
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
A produção intensiva de gado é responsável pela emissão de grandes quantidades de
gases com efeito de estufa e por um consumo de água muito elevado. Uso de solo, adu-
bos, fertilizantes, rega, limpezas e transportes: todos estes elementos contribuem para
que a sua pegada ambiental seja gigantesca. A produção de um só quilo de carne bovina
emite 60 quilos de gases com efeito de estufa; já a produção da mesma quantidade de
carne, mas de porco ou de frango, tem um impacto dez vezes menor, com uma emissão de
sete e seis quilos, respetivamente. Uma das estratégias sustentáveis mais promissoras
reside, por isso mesmo, na redução do consumo de carnes vermelhas.
Carne de bovino 60
Queijo 21
Chocolate 19
Café 17
Carne de porco 7
Carne de aves 6
Peixe de aquicultura 5
Arroz 4
Tomate 1,4
Ervilhas 0,8
Maçã 0,4
52
A Poupe nas compras
SABIA QUE...?
Um esparguete com carne de porco ou de vaca para quatro pessoas representa 17,09 qui-
los de emissões de gases com efeito de estufa. O mesmo esparguete, mas com lentilhas,
corresponde apenas a 4,09 quilos de emissões de gases com efeito de estufa, ou seja,
cerca de quatro vezes menos.
53
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), se o setor do turismo
continuar a crescer ao ritmo atual, este será, até 2050, responsável por um aumento da
necessidade de eliminação de resíduos de cerca de 250 por cento.
Este é um setor onde urge pôr em prática medidas mais sustentáveis: os opera-
dores do setor hoteleiro devem privilegiar mais a aquisição de produtos e servi-
ços localmente, por oposição a importá-los. Devem também avaliar o impacto
social das atividades que desenvolvem nas comunidades locais. Além disso, têm
de desenvolver iniciativas com vista à proteção do ambiente e promover ações
de sensibilização junto dos turistas para atenuar o impacto negativo da sua pre-
sença nos locais em questão.
54
A Poupe nas compras
para fazer compras, por exemplo, pode fazer escolhas que sejam, à partida, mais
benéficas para o ambiente e para as pessoas que vivem no país de destino.
Para minimizar este problema, privilegie, sempre que possível, modos de trans-
porte que emitam menos dióxido de carbono, como o comboio ou o autocarro.
55
A Consumo ecológico
Se tiver mesmo de viajar de avião, reserve voos diretos e opte por companhias
aéreas mais sustentáveis e que comuniquem as boas iniciativas ambientais e
sociais. Pode também limitar a frequência com que viaja de avião a uma vez por
ano, ou mesmo de dois em dois anos.
ATENÇÃO!
Os turistas podem e devem tentar influenciar as cadeias de hotéis, exigindo determinado
tipo de serviço e de bens, e privilegiando aspetos relacionados com a sustentabilidade.
• Antes da partida, informe-se sobre as precauções sanitárias que deve ter e sobre
como aceder aos serviços de emergência e consulares.
56
A Poupe nas compras
deixem de o fazer. Poupe água, tomando duches rápidos e não deixando a água
a correr quando não for necessário.
57
A Consumo ecológico
58
A
Capítulo 2
Deposição
58% 35% 10%
em aterros
60
A Nem tudo é lixo
1,33 1,33
1,29
1,26
1,24 1,24
1,2
SABIA QUE…?
Em 2013, os dados apontavam para uma redução da produção de resíduos, em parte
devido à crise económica que levou a uma redução do consumo. Mas, desde 2014, a pro-
dução de resíduos voltou a aumentar, estando este fator relacionado com a melhoria da
situação económica portuguesa. Com a pandemia da covid-19, verificou-se uma quebra
no poder de compra e, como consequência, houve uma nova redução da produção de
resíduos. Estes dados revelam que não se tem conseguido dissociar a produção de resíduos
do crescimento económico.
No que diz respeito aos resíduos urbanos, estes foram, durante muito tempo,
depositados em lixeiras, no mar ou em cursos de água doce (incluindo as
substâncias tóxicas), até surgirem graves consequências para o ambiente
e para a saúde.
61
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Mais de metade dos resíduos urbanos produzidos em Portugal (cerca de 2,6 milhões de
toneladas) são biodegradáveis. No entanto, apenas uma pequena fração é valorizada
(reaproveitada ou transformada). Para melhorar estes resultados, entre outras ações, está
previsto que, até 2023, haja, ao lado dos restantes ecopontos, um contentor “castanho”
para a receção destes resíduos (como restos de comida, resíduos do jardim ou sacos biode-
gradáveis), para posterior compostagem e transformação em fertilizantes agrícolas (veja o
título A compostagem, na página 92).
62
A Nem tudo é lixo
Papel/cartão
Vidro 9,82
7,11
Plástico
11,29
Compósitos Biorresíduos
3,06 38,51
Têxteis
3,51
Têxteis sanitários Finos (<20 mm)
7,76 7,82
Metais
1,67 Madeira Resíduos volumosos
0,88 4,38
Resíduos verdes (recolhidos
Resíduos perigosos
Outros resíduos em separado)
0,04
2,66 1,49
Fonte: Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) e Agência Portuguesa do
Ambiente (APA), 2019.
63
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Cada português produz sete a dez vezes o seu peso em resíduos por ano (cerca de 513
quilos, em 2019). Quase tudo é passível de ser reciclado, compostado ou valorizado ener-
geticamente. Separar o plástico, o papel e o vidro são gestos que permitem reduzir em
mais de um terço os resíduos enviados para aterro ou incineração.
Poluidor-pagador
Além dos resíduos biodegradáveis, os camiões que transportam o lixo indife-
renciado só deveriam conter resíduos que ainda não têm soluções específicas
de reciclagem: fraldas usadas, cassetes, CD e DVD, tachos, panelas, talheres,
pratos, copos e chávenas, janelas e espelhos, papel e cartão com gordura,
papel de cozinha, guardanapos e lenços de papel sujos, entre outros.
64
A Nem tudo é lixo
SABIA QUE…?
Há já algum tempo que está em estudo a hipótese de as taxas municipais pagas pelos
consumidores portugueses serem calculadas de acordo com a quantidade de resíduos
indiferenciados que geram, e não de acordo com a quantidade de água consumida men-
salmente, como acontece hoje. Isto já é uma realidade nalguns países da União Europeia.
O objetivo é incentivar os cidadãos a aderir e a reforçar a reciclagem. O que inibe esta
evolução? A necessidade de monitorizar os resíduos produzidos por habitação e os custos
associados.
O que fazer?
O Plano Nacional de Gestão de Resíduos (PNGR) procura estabelecer uma
hierarquia na gestão de resíduos, do nível de prioridade maior para o menor:
prevenção e redução, reutilização, reciclagem e outros tipos de valorização e
eliminação. A política dos “3 R”, de fácil compreensão para os consumidores,
assenta na abreviação das três principais medidas “reduzir, reutilizar e reciclar”.
Hoje, existe já uma abordagem mais ampla, a dos “7 R”, que abordamos de
seguida.
65
A Consumo ecológico
7. Recuperar: aquilo que não pode ser reciclado, como restos de alimentos
e outros materiais orgânicos, pode ser reintegrado na natureza, através da
compostagem orgânica, ou valorizado termicamente.
66
A Nem tudo é lixo
SABIA QUE…?
A taxa de reciclagem dos Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE) prevista
em Portugal até 2015 situava-se entre 55% e 80%, dependendo da categoria, e foi alcan-
çada para a grande maioria das categorias.
Reduzir
Deitar fora sai caro, para o ambiente e para o consumidor. Por isso, por-
quê escolher produtos de usar e deitar fora se existem alternativas mais
67
A Consumo ecológico
• Use o rolo de papel de cozinha apenas para absorver tipos de sujidade que,
de outra forma, seriam muito difíceis de limpar, como é caso das gorduras.
Para outro tipo de situação (limpezas gerais e das mãos, por exemplo), opte
antes por uma esponja ou um pano. Não use toalhetes húmidos nas limpe-
zas. São caros, geram lixo desnecessário e acabam, muitas vezes, no esgoto.
• Não use toalhas de mesa de papel. As de outros materiais (de tecido, por
exemplo) também são decorativas.
• Para reduzir a frequência com que pinta as paredes de sua casa (uma vez
que as tintas contêm produtos químicos e outros solventes), utilize uma
tinta de boa qualidade e procure aplicá-la bem. Calcule corretamente a dose
necessária, pois acontece frequentemente que se compre tinta a mais. Se for
esse o caso, doe o que sobrar a uma instituição e nunca deposite os restos no
caixote do lixo ou no esgoto, mesmo que a tinta seja de base aquosa.
68
A Nem tudo é lixo
Se não forem
tomadas medidas
para reduzir a
utilização de plástico,
estima-se que, em
2050, haja mais
plásticos do que
peixes nos mares!
69
A Consumo ecológico
70
A Nem tudo é lixo
O excesso de embalagem
A principal função das embalagens é proteger e preservar o seu conteúdo, como
alimentos, por exemplo. Mas a sua utilidade fica-se por aí. Porque, depois, não
passam de resíduos que têm de ser tratados. Uma das soluções mais sustentá-
veis consiste em se reciclarem a 100% os resíduos que compõem uma emba-
lagem, como cartão, plástico ou metal. Contudo, para avaliar o impacto ambi-
ental das embalagens, não basta considerar o facto de que estas terão um dia
de ser tratadas. A sua produção, por exemplo, também tem um custo ambien-
tal, uma vez que implica o consumo de recursos, como água e energia.
O excesso de embalagem e as embalagens com vários tipos de materiais são,
infelizmente, muito comuns. Além de dificultarem a separação e a recicla-
gem de resíduos, consomem muitas matérias-primas (veja o gráfico abaixo).
Felizmente, as metas definidas para os resíduos incluem a redução de resí-
duos de embalagem.
Fim de vida
7%
Transporte Materiais usados
2% 78%
Fabrico
13%
71
A Consumo ecológico
O ecodesign
Apesar de o tratamento e a valorização de resíduos em fim de vida serem
cada vez mais exigentes e eficientes e de, muitas vezes, os resíduos de emba-
lagem serem recicláveis, o ideal será que os produtos venham com tão pouca
embalagem quanto possível.
Como reduzir?
• Se puder, opte por artigos embrulhados num só tipo de material.
72
A Nem tudo é lixo
SABIA QUE…?
O preço da embalagem repre-
senta cerca de 20% do preço do
produto, ou mesmo mais, como
acontece no caso dos produtos de
cosmética e de luxo. Na verdade,
A escolha mais amiga do ambiente é o tubo, sem caixa é o consumidor quem paga a pro-
de cartão. A embalagem do meio (a de polipropileno) dução, o transporte e a elimina-
é mais difícil de compactar e, logo, ocupa mais espaço ção da embalagem.
no ecoponto.
73
A Consumo ecológico
Perigos
Existem dois tipos de pilhas: as pilhas primárias e as pilhas secundárias.
As primárias (não recarregáveis), são aquelas em que o produto químico
não pode voltar à sua forma original uma vez esgotado, por ter conver-
tido a energia química em elétrica. As secundárias (recarregáveis) são
aquelas em que a transformação da energia química em elétrica é reversí-
vel, podendo estas ser recarregadas e utilizadas várias vezes. Estas pilhas
são também chamadas “acumuladores”.
De entre os constituintes das pilhas, os metais pesados (como o mercú-
rio ou o cádmio) são os mais problemáticos para o ambiente. Quando
não são devidamente eliminadas e tratadas, as pilhas podem acabar nos
solos, levando a que os seus componentes se espalhem, podendo mesmo
atingir os lençóis freáticos. Com o passar do tempo, estes metais tóxicos
podem incorporar-se na cadeia alimentar, com consequências graves.
No processo de compostagem, a presença das pilhas reduz significativa-
mente a qualidade do adubo orgânico, podendo inclusivamente inviabili-
zar a sua utilização na agricultura.
Já se as pilhas forem depositadas na água, os metais são absorvidos
pelos sedimentos de matéria orgânica e da argila. Os metais decom-
põem-se, então, em tóxicos bioacumulativos que são incorporados na
cadeia alimentar (moluscos, peixes), chegando muitas vezes até ao
Homem.
74
A Nem tudo é lixo
Plástico 5%
Cobalto 3%
Níquel 33%
Outros (hidróxido
de potássio, zinco,
Ferro 30%
manganês
e lantanídeos) 21%
Água 8%
SABIA QUE…?
O mercúrio provoca problemas no sistema nervoso central, com consequências para os
sistemas sensorial, motor e psicológico. O cádmio, por sua vez, provoca problemas ao nível
dos ossos, fragilizando-os e podendo mesmo causar deformações.
Reutilizar
Ao reutilizar objetos em vez de adquirir novos, reduz a sua pegada ecológica.
A produção de novos produtos implica, inevitavelmente, o consumo de mais
matérias-primas e energia. Além dos circuitos organizados para reutilizar,
como embalagens com tara retornável ou as recarregáveis (para os sabone-
tes líquidos, por exemplo) e, ainda, as lojas ou espaços onde se podem depo-
sitar e comprar produtos em segunda mão, existem ainda muitas outras pos-
sibilidades de reutilização, desde que se tenha o "reflexo" certo.
75
A Consumo ecológico
• E não se esqueça de que o material escolar e a roupa dos seus filhos podem
passar de uns irmãos para os outros, que o papel para impressora pode ser
usado também no verso e que alguns tinteiros podem ser recarregados.
• Além disso, dar, vender e comprar produtos em segunda mão são atos que
se inscrevem na lógica da economia circular e contribuem para o desen-
volvimento sustentável do planeta. Existem lojas, mas também sites para
comprar, vender e até trocar produtos em segunda mão. Com uma breve
pesquisa na internet, encontrará uma vasta lista de contactos.
76
A Nem tudo é lixo
ATENÇÃO!
Cuidado com os aparelhos elétricos em segunda mão. Por vezes, os mais antigos gastam
mais. Isto é válido, sobretudo, no caso de frigoríficos, congeladores, máquinas de lavar
roupa e loiça, etc. Informe-se sobre os consumos dos modelos lendo a respetiva etiqueta
energética ou consulte os testes da DECO PROTESTE, na revista ou no nosso site (www.deco.
proteste.pt/eletrodomesticos) .
Reciclar
A quantidade anual de resíduos domésticos não para de aumentar. Uma
família média (um casal com dois filhos, por exemplo) é responsável por
duas toneladas de resíduos por ano! Ora, metade destes resíduos pode ser
reciclada desde que sejam entregues ou depositados no local certo e não no
lixo indiferenciado.
Felizmente, a reciclagem tem entrado cada vez mais nos hábitos das popula-
ções, e o número de consumidores empenhados na triagem tem aumentado.
Por muito pouco que se recicle por dia, ao fim de um ano o impacto é con-
siderável. Por exemplo, poderá parecer que meia dúzia de cápsulas de café
usadas não justificam uma deslocação ao depósito da marca ou ao ecoponto
amarelo (veja a ilustração da nova sinalética de reciclagem na página 79).
Mas, se pensar em todo o café que consome ao longo de um ano, a situa-
ção assume outros contornos. Se uma família beber quatro cafés por dia, ao
longo de 350 dias do ano, acaba por gerar 1400 cápsulas, ou seja, quase 1,5
quilos de alumínio, 11 de plástico ou 17 de papel!
Sensibilize todos os
elementos da família
a participar na
separação do lixo.
Cerca de metade
dos resíduos que
produzimos em casa
são recicláveis.
77
A Consumo ecológico
6,8 kg 8,2 kg
mensais, por pessoa, mensais, por pessoa,
de lixo indiferenciado de lixo indiferenciado
1,7 kg 0,1 kg
mensais, por pessoa, mensais, por pessoa,
de vidro de vidro
1,5 kg 0,6 kg
mensais, por pessoa, de papel mensais, por pessoa, de papel
ou cartão ou cartão
1,5 kg 1,6 kg
mensais, por pessoa, de plástico mensais, por pessoa, de plástico
ou metal ou metal
5,5 kg 2,4 kg
mensais, por pessoa, mensais, por pessoa,
de lixo indiferenciado de lixo indiferenciado
1,3 kg 0,5 kg
mensais, por pessoa, mensais, por pessoa,
de vidro de vidro
1,1 kg 2,1 kg
mensais, por pessoa, de papel mensais, por pessoa, de papel
ou cartão ou cartão
1,5 kg 2,2 kg
mensais, por pessoa, de plástico mensais, por pessoa, de plástico
ou metal ou metal
A família Lopes teve o melhor desempenho! Além de produzir menos resíduos
por pessoa, apresenta uma taxa de valorização bem superior às restantes.
78
A Nem tudo é lixo
SABIA QUE…?
Existe uma nova sinalética para ajudar os consumidores a separar corretamente os resí-
duos e, por conseguinte, a aumentar a taxa de reciclagem.
Esta sinalética informa-o sobre o que deve fazer com os vários componentes da embalagem.
Se tiver, por exemplo, uma caixa de plástico, fica a saber que deve depositá-la no ecoponto
amarelo. Com estes novos rótulos, fica também a saber que deve esvaziá-la, espalmá-la e
colocar-lhe a tampa antes de se desfazer dela. E o saco de plástico interior de uma emba-
lagem de cartão de cereais, por exemplo? Temos consciência de que a caixa, por ser de
cartão, vai para o ecoponto azul, mas a simbologia deixa agora bem claro que o saco deve
ser separado e depositado no ecoponto amarelo.
Separar os resíduos com vista à reciclagem não é, contudo, uma tarefa evi-
dente. Antes de mais, importa saber como deve fazer a triagem (por exem-
plo, nem todos os tipos de vidro podem ser colocados no vidrão) e também
como está organizado o seu município para a recolha dos resíduos.
79
A Consumo ecológico
Resíduos orgânicos
Os restos de vegetais não cozinhados, as cascas,
as aparas de relva ou as folhas das árvores podem
ser colocados num compostor e utilizados como
fertilizante orgânico para plantas. Se não puder fazer
compostagem, estes resíduos devem ser colocados
no contentor do lixo indiferenciado. A partir de 2023,
prevê-se que exista, junto do ecoponto, um contentor
castanho para a recolha destes resíduos.
80
A Nem tudo é lixo
Cassetes, CD e DVD
Deposite-os no ecoponto amarelo, no depositrão ou
no "ponto electrão". Estes ficarão armazenados
até existir uma entidade que os receba
para tratamento adequado.
81
A Consumo ecológico
5. Jardim
Pesticidas, inseticidas e outros biocidas
Nunca os coloque num ecoponto, pois são um resíduo
perigoso. Entregue-os num centro de receção da
Valorfito (veja a localização em www.valorfito.com).
Esta entidade armazena temporariamente os resíduos
de embalagens de produtos fitofarmacêuticos em
sacos que foram distribuídos nos pontos de venda,
que muitas vezes também funcionam como
centros de receção. Os resíduos depositados 5
82
A Nem tudo é lixo
metálica, as espumas dos bancos, etc. Além disso, Os pneus usados com a carcaça em bom estado
os registos de propriedade e a matrícula serão podem ser recauchutados; caso contrário, seguem
automaticamente cancelados. para reciclagem: a borracha pode ser transformada
em relva sintética, pisos para parques infantis e solas
Óleos minerais de sapatos, entre outros.
Entregue-os no ecocentro mais próximo, num dos
pontos de recolha da Ecolub (entidade responsável Baterias de automóveis
pela requalificação de resíduos industrais perigosos: Entregue-as, de preferência, no sítio onde comprar
www.sogilub.pt) ou contacte o seu município. Não os uma nova. Uma vez que as baterias usadas não
misture com outros óleos, nem os despeje no ralo, podem ser introduzidas nos circuitos municipais de
na sanita ou na terra. recolha de resíduos, os grossistas e os retalhistas
são obrigados a aceitá-las sem encargos para o
Pneus consumidor. Outra possibilidade é recorrer a um ponto
Entregue os pneus velhos no concessionário ou na de entrega da rede da Valorcar (www.valorcar.pt), que
oficina onde for montar os novos. Se forem do mesmo foi criada para gerir os veículos em fim de vida e os
tipo e em igual número, estes têm de os aceitar. Se os seus componentes. A bateria deve ser entregue num
trocar por conta própria, entregue-os num dos pontos centro de desmantelamento licenciado.
da Valorpneu (www.valorpneu.pt).
Madeiras
Entregue-as no ecocentro ou solicite a sua recolha
junto da autarquia. Deixar ao lado do contentor do
lixo ou do ecoponto não garante a sua reutilização
4 nem a sua reciclagem.
7. Sala
7 Pilhas
Os resíduos de pilhas e acumuladores portáteis
devem ser depositados no pilhão, ponto de recolha
seletiva destinado ao efeito.
Monos domésticos
Os sofás velhos ou outros artigos que não possam
ser doados devem ser entregues no local adequado.
Contacte os serviços de recolha da sua autarquia ou
deposite-os no ecocentro mais próximo. Não coloque
este tipo de resíduos na rua em dias, horários
ou locais que não os definidos pelas autarquias:
sujeita-se a uma coima.
83
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Os veículos de recolha de resíduos têm frequentemente mais do que um compartimento,
pelo que o lixo não se mistura no seu interior. Assim, é frequente vermos camiões a reco-
lher dois ou três tipos de resíduos diferentes, que permanecem separados até ao trata-
mento final ou até serem reciclados.
O vidrão
O vidro depositado no ecoponto verde (ou vidrão) é recolhido e encami-
nhado para um local de armazenamento temporário, sendo posteriormente
entregue a entidades que fazem uma triagem adicional. Aí, os contaminan-
tes (resíduos que não podem ser reciclados nessa fileira ou que comprome-
tam a qualidade da reciclagem), como rolhas, cápsulas, tampas e materiais
cerâmicos, entre outros, são retirados. Os diferentes tipos de vidro (verde,
castanho e incolor) seguem para um reciclador, onde, após fusão, ficará
pronto para dar origem a novas embalagens ou a outros produtos de vidro,
como materiais de construção.
O vidro é 100% reciclável: um quilo de vidro recolhido pode ser transfor-
mado num quilo de novos materiais. Além de permitir poupar no uso de
recursos naturais, este processo implica menos consumo de energia e menos
emissões de gases poluentes do que a produção de vidro novo.
• NÃO deposite:
— pratos, copos, chávenas e jarras de material cerâmico;
— azulejos, tijolos, pedra brita ou da calçada, materiais de construção, etc.;
— vidro farmacêutico, proveniente de hospitais e laboratórios de análises
clínicas;
— vidros planos de janelas, vidraças e para-brisas, etc.;
84
A Nem tudo é lixo
ATENÇÃO!
Não deposite cerâmica no vidrão! A reciclagem das embalagens de vidro é realizada atra-
vés de um processo de fusão. Como a cerâmica e o vidro têm pontos de fusão muito dife-
rentes, têm de ser tratados separadamente.
O papelão
Depois de depositados no ecoponto azul (ou papelão) ou ainda no saco espe-
cífico para a recolha porta a porta de resíduos recicláveis, o papel e o cartão
são enviados para locais de armazenamento temporário, onde são enfarda-
dos e encaminhados para uma primeira triagem. Aí, os agrafos, os clipes, os
cordéis e outros contaminantes do processo de reciclagem são removidos,
dando origem a lotes de papel com maior potencial de reciclagem. Segue-
-se a venda aos recicladores, que utilizam as fibras de celulose existentes no
papel usado.
85
A Consumo ecológico
• NÃO deposite:
— papéis metalizados (de pacotes de bolachas, por exemplo) e plastificados
ou sujeitos a tratamento especial (lustro, celofane, vegetal, químico, auto-
colante e alumínio);
— embalagens de resíduos orgânicos ou com gorduras (papel de cozinha,
guardanapos, lenços de papel, loiça de papel, toalhetes e fraldas, pacotes
de batatas fritas e de aperitivos);
— embalagens de resíduos tóxicos e perigosos.
ATENÇÃO!
Não coloque guardanapos, papel de cozinha ou lenços de papel usados no papelão. Esses
resíduos contaminados podem pôr em causa a valorização de todos os outros.
O embalão
A produção de materiais plásticos representa 4% do total de petróleo e gás
consumido na Europa. Estima-se que, para obter um quilo de plástico, sejam
necessários dois quilos de petróleo. De todas as formas de tratamento de
resíduos de plástico, a reciclagem é o componente com maior potencial de
redução de emissões de dióxido de carbono: 0,41 toneladas de dióxido de
carbono equivalente por tonelada reciclada.
86
A Nem tudo é lixo
SABIA QUE…?
— Com cinco garrafas de água faz-se uma T-shirt;
— com 25 garrafas, uma camisola polar;
— o forro de um anoraque pode ser fabricado com fibras de garrafas de água;
— com 35 garrafas, obtém-se a quantidade suficiente de fibras para o recheio de um
saco-cama.
87
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
O destino correto das embalagens de cartão para alimentos líquidos (ECAL, conhecidas
por Tetra Pak) é o ecoponto amarelo e não o papelão, como muitas vezes, erradamente,
se pensa.
• NÃO deposite:
— embalagens de plástico de produtos tóxicos ou perigosos (combustíveis e
óleo de motor, por exemplo);
— eletrodomésticos;
— pilhas e baterias;
— outros objetos de metal que não sejam embalagens, como tachos e pane-
las, talheres e ferramentas, etc.
ATENÇÃO!
Espalme as embalagens vazias. As embalagens não espalmadas ocupam muito espaço e
tornam o sistema de recolha pouco eficiente.
88
A Nem tudo é lixo
rádios, relógios e outros aparelhos similares, assim como para todos os ele-
trodomésticos. Como alternativa à entrega na loja, existem ainda o deposi-
trão e o "ponto electrão", presentes em várias cadeias de hipermercados e
zonas comerciais. A Weeecycle (www.weeecycle.pt) tornou-se também ope-
radora de gestão de resíduos, disponibilizando informação sobre as redes de
recolha. Além destes depósitos, pode recorrer aos ecocentros. Os materiais
recuperados são posteriormente reciclados, sendo os contaminantes trata-
dos como resíduos perigosos.
O rolhinhas
As rolhas de cortiça podem ser recicladas desde que tenham sido devida-
mente depositadas num rolhinhas. Estes depósitos surgiram no âmbito do
programa de reciclagem de rolhas de cortiça Green Cork, desenvolvido com
o propósito de reaproveitar este material para outros fins, como a produção
de material isolante, por exemplo.
SABIA QUE…?
A cortiça triturada constitui um ótimo isolante térmico utilizado no setor da construção,
e até já é usada como substituto da borracha em campos de futebol sintéticos.
O oleão
O óleo alimentar usado deve ser depositado em pontos de recolha desig-
nados por oleões. Estes contentores encontram-se na via pública, em
89
A Consumo ecológico
ATENÇÃO!
Não misture o óleo alimentar com outros óleos e nunca o despeje no ralo. Uma pequena
gota de óleo contamina cerca de mil litros de água! Ainda que o tratamento das águas
residuais esteja garantido, o processo fica seriamente comprometido.
O pilhão
As pilhas contêm produtos nocivos (metais pesados, ácidos, etc.) e reque-
rem um tratamento específico no fim de vida (leia “O problema das pilhas”,
a partir da página 73). As que são depositadas no caixote do lixo ou que
acabam no meio dos outros resíduos por negligência poluem o ar, os solos
e os cursos de água.
Guarde as pilhas em fim de vida num recipiente de plástico ou de cartão
e, quando este estiver cheio, coloque-as no pilhão. Isto também se aplica a
pilhas de botão, por exemplo, de relógios ou de aparelhos auditivos.
ATENÇÃO!
Nunca abandone eletrodomésticos na via pública. Se estiverem em bom estado, entregue-
-os a uma instituição de solidariedade. Em alternativa, deposite-os no ecocentro. Saiba
qual o ecocentro mais perto de si em https://ondereciclar.pt. Aí encontrará toda a infor-
mação de que necessita: localização, horário de funcionamento e tipo de resíduos aceite.
O ecocentro
Os ecocentros recolhem uma grande variedade de resíduos para posterior
valorização. Pode entregar no ecocentro da sua área:
— pequenos e grandes eletrodomésticos e outros aparelhos elétricos
e eletrónicos;
— ferramentas de plástico ou de metal danificadas;
90
A Nem tudo é lixo
A farmácia
Os medicamentos fora de uso ou fora de prazo devem ser entregues nos
pontos de recolha existentes nas farmácias. A gestão destes resíduos está a
cargo da Valormed, que gere um Sistema Integrado de Gestão de Resíduos
de Embalagens e Medicamentos (Sigrem). Esta entidade recolhe as embala-
gens vazias e os medicamentos fora de uso. Depois de separados de acordo
com os materiais (caixas, blísteres, bulas, ampolas, bisnagas ou frascos),
estes são enviados para reciclagem (embalagens) e para incineração (medi-
camentos fora de uso).
ATENÇÃO!
Se a farmácia (ou o seu centro de saúde) não aceitarem o seu termómetro de mercúrio,
contacte o ecocentro mais próximo e pergunte se têm possibilidade de receber pequenas
quantidades de resíduos domésticos perigosos.
91
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Existe uma aplicação, com selo da Quercus, a “Waste App” (wasteapp.pt), que ajuda a
encontrar o local mais próximo para encaminhamento de resíduos. Pode usá-la no com-
putador ou no seu smartphone. Depois de instalada, selecione um dos tipos de resíduos
– desde rolhas de cortiça a carros usados, passando por CD e DVD e beatas de cigarros – e
será informado sobre a localização do depósito mais próximo.
A compostagem
Em 2017, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, foram recolhidas de
forma diferenciada perto de 81 mil toneladas de biorresíduos, o que corres-
ponde a cerca de oito quilos diários por pessoa. Parece-lhe muito? Para ter
uma ideia, essa quantidade corresponde a apenas 5% do potencial existente.
92
A Nem tudo é lixo
O novo contentor
castanho vai juntar-se
brevemente aos restantes
ecopontos em todo
o território nacional.
Visa acolher resíduos
orgânicos para uma
posterior compostagem.
Objetivo: reduzir o
volume de lixo incinerado
ou que vai para aterros.
93
A Consumo ecológico
94
A Nem tudo é lixo
ATENÇÃO!
Não utilize restos de pão, de carne, de peixe e laticínios (queijo ou manteiga, por exemplo)
no seu composto. São muito atrativos para os ratos e outros pequenos animais nocivos.
Os excrementos dos cães e dos gatos (e também a areia do gato) podem também conter
germes patogénicos. O mesmo é válido para plantas contaminadas com doenças. Além
disso, a madeira tratada, as cinzas e o papel impresso podem conter substâncias tóxicas,
independentemente daquilo que foi queimado e da tinta utilizada. O conteúdo dos sacos
do aspirador também não deve ser usado. A casca de limão, por sua vez, não se decompõe
facilmente e é, muitas vezes, tratada com pesticidas.
Onde compostar?
Em silos, caixas ou em pilha? Independentemente da solução escolhida, é
importante reservar um local para armazenar matérias secas, para depois ir
introduzindo, progressivamente, no composto.
ATENÇÃO!
É importante arejar o composto para evitar uma fermentação indesejável e os maus
cheiros. Em pilha ou num compostor, misture bem o conteúdo a cada uma a três semanas
e, depois, a cada três a seis semanas. Nos compostores, deve criar-se uma chaminé para
arejar o composto, espetando uma vara, pelo menos, uma vez por semana.
95
A Consumo ecológico
incorporará aos poucos nas matérias frescas. Este procedimento pode tam-
bém ser usado nos silos feitos de rede, de preferência revestidos com um
plástico preto perfurado.
Quais as aplicações?
Uma vez peneirado, o composto pode servir para melhorar a estrutura de
qualquer tipo de solo:
— nos canteiros de flores, conte, no mínimo, com dois baldes de composto
por ano por metro quadrado de superfície;
— para o relvado, reserve um quilo ou quilo e meio por metro quadrado
todos os anos, antes de um período de chuvas (se apanhar as aparas de
relva cortada);
— para as plantações de árvores e arbustos, misture 20% de composto e
80% de terra do jardim para encher os buracos;
— para as árvores de fruto, misture superficialmente, todos os anos, três a
cinco quilos por metro quadrado à volta do tronco;
96
A Nem tudo é lixo
— nas hortas, todos os anos, incorpore na terra um a dez quilos por metro
quadrado numa profundidade de sete a dez centímetros;
— na sementeira, misture 25% de composto e 75% de terra;
— para envasar plantas de apartamento, misture 30% a 40% de composto
na terra;
— para mudar de vaso plantas de apartamento, misture 20% de composto
na terra.
Alternativas à compostagem
Para a maioria dos resíduos da cozinha, a compostagem é a única alternativa.
Mas, para muitos resíduos do jardim, existem outras opções interessantes.
97
A Consumo ecológico
98
A
Capítulo 3
Poupe água
A Consumo ecológico
Sem água não há vida no planeta, sendo o acesso a este recurso muito limi-
tado. Na verdade, 97% da água é salgada e, portanto, imprópria para con-
sumo. Dos restantes 3%, apenas 0,5% estão efetivamente disponíveis, já que
2,5% encontram-se demasiado degradados para consumo ou estão armaze-
nados em glaciares e calotas, na atmosfera, no solo ou abaixo da superfície
da Terra. Para agravar este cenário, a Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) prevê um aumento da pegada
hídrica mundial de 55% até 2050, devido aos gastos elevados na agricul-
tura, na indústria e na produção de energia, mas também nas nossas casas.
A água intervém na produção de todos os bens de consumo. Por exemplo,
para criar uma só vaca de 500 quilos, é necessário o equivalente a uma pis-
cina olímpica com, pelo menos, seis metros de profundidade!
100
A Poupe água
SABIA QUE...?
Segundo um estudo da World Resources Institute (WRI), Portugal ocupa a 41.ª posição na
lista mundial de países em stresse hídrico. Isto significa que utilizamos mais de 40% da
água disponível no nosso país, o que representa um valor superior ao estabelecido como
margem de segurança para gerir fatores variáveis, como períodos de seca, por exemplo.
Tal significa que Portugal está numa situação de risco elevado de vir a sofrer de uma
grande escassez de água. Com o aquecimento global, é provável que ainda se torne mais
quente e seco. É necessário agir hoje para assegurar um futuro com água no País.
E tudo indica que o preço continue a aumentar: o custo para o tratamento das
águas usadas é cada vez mais elevado e, face ao constante aumento do consumo
per capita, é necessário tratar a água proveniente de origens cada vez mais dis-
tantes. Esta é a primeira razão porque é tão importante poupar água.
101
A Consumo ecológico
cúbicos, sendo que cada português gastou, em média, 192 litros de água por
dia, com o consumo doméstico a representar 126 litros.
Fonte: Inquérito "Atitudes e comportamentos dos portugueses face à água", Águas de Portugal,
maio de 2018.
102
A Poupe água
103
A Consumo ecológico
Note que a água "dura", ou seja, rica em calcário, pode deixar marcas nos
vidros e nas torneiras e ser prejudicial para as canalizações e para os eletro-
domésticos, mas não o é para a nossa saúde! Pode, portanto, beber água da
torneira sem qualquer receio.
SABIA QUE…?
O facto de a sua água saber um pouco a cloro não é motivo para preocupação. Para que o
cloro se evapore e, consequentemente, esse sabor desagradável desapareça, deite a água
num jarro, agite-a e deixe-a repousar destapada no frigorífico.
104
A Poupe água
SABIA QUE…?
O facto de a água, por vezes, sair acastanhada ou avermelhada tem que ver com a pre-
sença de pequenas quantidades de ferro ou de manganês das próprias condutas. Deixe
correr um pouco de água e verá que a cor desaparece. Em todo o caso, e desde que pre-
sentes em concentrações baixas, estes minerais não representam um perigo para a saúde.
Por vezes, a água sai esbranquiçada. Tal deve-se, na maior parte dos casos, à formação
de pequenas bolhas de ar que em nada põem em causa a potabilidade da água. Agite-a
e aguarde um pouco até que o ar se dissipe.
ATENÇÃO!
A água que sai do circuito de água quente não tem exatamente as mesmas características
da que circula no de água fria. O aquecimento e os depósitos que se formam na primeira
podem alterar a quantidade de sais, ferrugem e, até, de microrganismos. Por isso, beba
e utilize nos cozinhados somente água fria. Depois de um corte ou de um período sem
água, deixe correr a água algum tempo antes de a consumir. Se tiver dúvidas relativa-
mente às velhas canalizações do seu prédio, faça as necessárias análises para verificar se
existe algum problema de contaminação e, se for caso disso, substitua-as.
As fontes e os fontanários
No nosso país, 95% dos alojamentos são servidos pela rede pública de
abastecimento de água. Nas restantes situações, é necessário procurar
soluções individuais, como furos próprios. Contudo, muitos são os que
ainda recorrem aos fontanários, por acreditarem que estas águas são
mais puras.
Em Portugal há, contudo, inúmeras fontes com água que não é de quali-
dade e que não têm qualquer aviso de não-potabilidade. Se tiver dúvidas
em relação à qualidade da água num fontanário de uso público, abas-
teça-se alhures. A água distribuída pela rede de abastecimento público
105
A Consumo ecológico
é sempre preferível, uma vez que é regularmente sujeita a análises e dá, por
isso, garantias de qualidade.
Nas fontes privadas, nos furos ou nos poços, dada a possibilidade de con-
taminação, realize análises periódicas para avaliar a qualidade da água e
garantir que pode consumi-la sem risco. Para selecionar um laboratório acre-
ditado, consulte a ERSAR (www.ersar.pt). É obrigatório efetuar uma comu-
nicação prévia ou licenciar uma captação privada, contactando o Sistema
Integrado de Licenciamento do Ambiente, uma plataforma eletrónica dispo-
nível no site da Agência Portuguesa do Ambiente: em https://apambiente.pt,
no separador Instrumentos, clique em "Licenciamento das Utilizações dos
Recursos Hídricos".
Em caso de dúvida,
não beba das fontes.
106
A Poupe água
€ 60 € 343
€ 59
€ 1,75
(Para a água da rede, considerámos o preço em Lisboa. O preço dos filtros foi fornecido
pelos voluntários e inclui a manutenção e o custo da água.)
Na casa de banho
Para diminuir o consumo de água na casa de banho, comece por analisar os
hábitos da sua família. Os banhos de imersão são já coisa do passado? A tor-
neira do duche é sempre fechada enquanto se ensaboam? O autoclismo está
regulado por forma a não usar mais de seis litros por descarga completa?
107
A Consumo ecológico
Se quiser saber qual o débito das suas torneiras e quanto gasta quando estão
abertas, conte o tempo necessário para encher um recipiente de um litro
com as torneiras na abertura máxima. No caso da torneira do chuveiro,
meça o débito na saída do chuveiro. O fluxo é o valor que obtém se dividir
60 pelo tempo medido em segundos. Se os valores forem inferiores a oito
litros por minuto, com a torneira aberta no máximo, ou seis numa utilização
normal, a torneira é eficiente. No chuveiro, o fluxo deve ser menor ou igual
a oito litros por minuto.
O duche
É no banho que se consome grande parte, ou mesmo a maior parte, da água.
Por isso, é por aqui que deve começar se quiser ter uma utilização mais efi-
ciente da água. Um banho de imersão requer mais de 80 litros, sobretudo
quando se usa o jacuzzi. Já um duche de cinco minutos gasta cerca de 40
litros, ou seja, metade da água.
Para poupar água enquanto toma duche, comece por fechar a torneira
enquanto se ensaboa, sob pena de poder vir a gastar mais do que num
banho de imersão. No caso dos bebés ou pessoas com mobilidade condi-
cionada que tenham mesmo que tomar banho de imersão, encha a banheira
até um quarto apenas. Enquanto a água que sai da torneira não estiver
108
A Poupe água
ATENÇÃO!
Coloque os resíduos sólidos gerados na casa de banho, tais como lenços de papel, pensos
higiénicos ou tampões, no caixote do lixo, em vez de os deitar na sanita. Para além de evi-
tar descargas desnecessárias do autoclismo (e assim poupar água), são também evitados
possíveis problemas nas estações de tratamento de águas residuais (ETAR), já para não
referir o risco de entupimento nas canalizações.
ATENÇÃO!
Antes de instalar um redutor do fluxo de água, verifique qual o caudal habitual do seu
chuveiro (veja a página anterior). Pode acontecer que a sobreposição de dispositivos de
poupança resulte em fluxos tão baixos que dificultem o funcionamento do esquentador.
109
A
Torneiras
termostáticas
Temperatura e caudal
são regulados por
manípulos diferentes.
Ao abrir de novo, a
temperatura é idêntica.
O modo “eco”, que permite,
nalguns modelos, um fluxo
intermédio, nem sempre é suficiente
para a torneira ser eficiente.
110
A Poupe água
O autoclismo
Uma boa parte da água consumida em casa vai para as descargas de auto-
clismo. O consumo anual varia, obviamente, consoante a capacidade do
equipamento. Como pode ver no gráfico da página 102, 68% dos portugueses
reconhecem que reduzir a descarga do autoclismo ajudaria a poupar água.
SABIA QUE…?
Para o autoclismo, utilizamos tanta água como os habitantes de certos países em desenvol-
vimento para cobrir todas as suas necessidades diárias, ou seja, higiene, beber e cozinhar.
111
A Consumo ecológico
Valores em metros cúbicos (ou 1000 litros) de água, para uma família de quatro pessoas.
Os autoclismos
de descarga única Meia Descarga
levam até dez litros e descarga completa
correspondem a cerca 2,2 litros 5 litros
de 30% do consumo 3,2 litros 6 litros
de água em casa. 3,9 litros 7 litros
Podem, e devem,
ser substituídos por
modelos de dupla
descarga ou por outros
onde esta pode ser
interrompida.
112
A Poupe água
descarga (com dois botões) ou adquirir um modelo mais eficiente são três
medidas que o ajudarão a reduzir a quantidade de água gasta no autoclismo.
E, como veremos adiante (a partir da página 117), também poderá reutilizar
a água proveniente das lavagens, do duche ou mesmo da chuva.
Na cozinha
Em muitas casas, a torneira da cozinha está sempre ao serviço: lavar as
mãos, a loiça ou os legumes são alguns dos usos mais comuns. O caudal das
torneiras, a duração do uso e o número de vezes que são abertas todos os
dias são fatores que condicionam não só o seu desempenho ambiental como
a sua fatura de água.
• Tal como nas torneiras de duche, também as restantes podem ter incor-
porado um sistema que torna o seu uso mais eficiente. As torneiras mis-
turadoras são mais práticas do que as individuais, pois reduzem o tempo
necessário para obter água à temperatura desejada. Tal como já dissemos,
os modelos de monocomando (que mostramos na foto da página 109) são
mais fáceis de regular e são, por isso, mais eficientes.
113
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Cozinhar os alimentos a vapor, no micro-ondas e na panela de pressão permite não só
poupar água, como preserva as vitaminas e melhora o sabor dos cozinhados.
• O modelo da sua máquina de lavar loiça e a forma como a usa são outros
fatores importantes que permitem poupar água. Procure escolher uma
máquina eficiente e com um bom desempenho, que não consuma mais de
14 litros de água por ciclo de lavagem. Espere até ter loiça suficiente para
encher a máquina e, sempre que possível, utilize o programa económico.
Caso tenha contratado a tarifa bi-horária, ligue a máquina no período de
vazio, à noite e, nalguns casos, ao fim de semana. Para mais informações
sobre como poupar com as máquinas de lavar, leia o capítulo 4, a partir da
página 135.
Uma torneira que permita escolher uma posição Um redutor de caudal instalado na extremidade
intermédia bem definida é mais eficiente: evita que da torneira permite reduzir o débito sem alterar
tenha de a abrir mais do que o necessário. a pressão e o conforto de utilização.
114
A Poupe água
• Para lavar a loiça à mão, é igualmente aconselhável esperar até ter loiça sufi-
ciente. Encha uma bacia em vez de deixar a água a correr.
• Quando estiver a lavar legumes, use uma bacia para recuperar a água e reu-
tilize-a, por exemplo, para regar as plantas.
SABIA QUE…?
As pequenas fugas nem sempre são percetíveis. Para as detetar, coloque um bocado de
papel higiénico nos lavatórios (secos) durante toda a noite. Se, de manhã, a folha estiver
molhada, já sabe que a torneira tem uma fuga.
115
A Consumo ecológico
No jardim
A rega é responsável por um elevado consumo em muitas casas, sobre-
tudo no verão. A poupança pode começar logo no momento de escolher
as plantas para o seu jardim. Por exemplo, a relva requer muito mais água
do que as árvores e os arbustos. Se possível, escolha plantas autóctones,
116
A Poupe água
Reutilizar a água
Usar as águas pluviais ou as do duche e dos lavatórios para cobrir parte das
necessidades de uma família pode revelar-se uma boa medida para econo-
mizar. Assim, terá sempre à disposição água de qualidade suficiente para
117
A Consumo ecológico
ATENÇÃO!
As condutas de água potável, de água da chuva ou de reutilização das águas cinzentas
devem estar bem separadas: a água da chuva é imprópria para consumo, nem sequer para
tomar banho, e as águas cinzentas devem ser dirigidas para abastecimento dos autoclis-
mos ou limpezas exteriores.
Reutilizar água nalguns setores da casa pode ser muito rentável, mas tam-
bém representa um investimento considerável. Para determinar ao fim de
quantos anos uma instalação para reutilizar água se torna rentável, precisa,
antes de mais, de ter em conta os preços da água, da eletricidade e do tipo
de bomba e o custo da manutenção, entre outros.
Depois, pondere diferentes aspetos, que variam de uma casa para outra,
nomeadamente:
— o custo da instalação (que depende de já ter ou não um reservatório insta-
lado e da eventual necessidade de precisar de recorrer a um profissional
para toda a instalação);
— o preço da água no seu município;
— a estimativa de água a reutilizar (cinzentas e pluviais), que depende,
sobretudo, da quantidade de chuva que cai na região, mas também da
superfície para a sua recolha e do tipo de telhado;
— a quantidade de água consumida pelo seu agregado e a quantidade de
água da rede pública que pode ser substituída por águas reutilizadas.
118
A Poupe água
Águas pluviais
Telhados, pátios, calçadas
e outras superfícies
impermeáveis podem
ser desenhados de forma Águas cinzentas
a direcionar alguma desta água para O sistema de aproveitamento de águas
um reservatório e maximizar a área de cinzentas (dos lavatórios, duches,
recolha. O transporte desta água é feito banheiras e bidés) permite reduzir
por sistemas de escoamento, como sarjetas a necessidade de água potável nas
e algerozes. Quando a recolha é feita habitações, sobretudo em moradias, já
num reservatório subterrâneo, tem de se que estas têm, em geral, usos exteriores
instalar uma bomba para trazer a água que prescindem de água potável, além
até à superfície. No exterior, a cisterna que da descarga de autoclismos: falamos
armazena a água deve estar coberta para da rega do jardim ou da lavagem de
minimizar a evaporação. espaços próximos da casa.
SABIA QUE…
A substituição total da água dos autoclismos por água do lavatório ou dos duches permite
economizar cerca 52 euros por ano (exemplo para um autoclismo de dez litros).
119
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
A água da chuva não contém calcário e, por isso, não deixa marcas se for usada para lavar
o pavimento.
Evitar a contaminação
A poluição das águas constitui um problema que pode assumir proporções
gigantescas. E a contaminação não decorre apenas das atividades da indús-
tria química. De facto, cada um de nós polui, em maior ou menor grau, as
águas subterrâneas e de superfície. Como? Simplesmente, através dos pro-
dutos que compramos, consumimos e deitamos fora. Há pequenas opções,
desde logo ao nível das compras que fazemos, que podem contribuir para
minimizar a contaminação das águas.
• Opte por produtos de limpeza com menor impacto ambiental (veja, no capí-
tulo 1, o título Reduza os poluentes nas limpezas, na página 26).
ATENÇÃO!
Não faça do lavatório ou da sanita mais um caixote do lixo. Restos alimentares, tampões
higiénicos, algodão, lenços de papel, cotonetes e papel de cozinha devem ser colocados
no caixote de lixo. Os produtos tóxicos e perigosos, como medicamentos ou óleos usados,
devem ser depositados em locais de recolha apropriados (veja o capítulo anterior, a partir
da página 59).
120
A Poupe água
• Poupe energia para poupar água: use aparelhos mais eficientes em termos
de consumos de água e de energia (por exemplo, use ar condicionado em
vez de aquecedores elétricos para aquecer a casa). Para mais informações
sobre este assunto, veja o título Poupe com os eletrodomésticos, a partir da
página 130.
121
A Consumo ecológico
122
A
Capítulo 4
Poupe energia
sem perder conforto
A Consumo ecológico
Além disso, há ainda que realçar que as energias fósseis são finitas. Se con-
tinuarmos a utilizá-las a este ritmo, dentro de algumas décadas, teremos
esgotado o gás e o petróleo disponíveis.
124
A Poupe energia
125
A Consumo ecológico
126
A Poupe energia
ATENÇÃO!
A eficiência energética dos aparelhos tem vindo a melhorar, mas a verdade é que usamos
cada vez mais equipamentos elétricos e eletrónicos! Infelizmente, a poupança de eletrici-
dade proporcionada pela cada vez maior eficiência energética dos equipamentos é anu-
lada pelo aumento de equipamentos nas nossas casas.
127
A Consumo ecológico
Energias alternativas
Em 2018, o consumo mundial de energia foi de cerca de dez milhões de tone-
ladas equivalentes de petróleo (quantidade de petróleo que foi necessário
produzir para satisfazer o consumo de gasolina, gasóleo, gás butano, etc.).
Os países desenvolvidos e as economias emergentes (como a China, a Índia
e o Brasil) dependem em grande medida de petróleo, para o transporte, a
agricultura, a indústria e também para o aquecimento doméstico. Só a China
consome, atualmente, 20% do total da energia a nível mundial.
SABIA QUE…?
Segundo a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), em 2018, 30% dos consumos de
energia em Portugal tiveram origem em fontes de energia renováveis, o que representa
uma subida de 6% em menos de uma década.
128
A Poupe energia
Iluminação Aquecimento
6,1% do ambiente
10,7%
Arrefecimento
do ambiente
0,7%
Equipamentos
elétricos
14,9%
129
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Cada quilowatt-hora de eletricidade poupado na utilização representa mais de três qui-
lowatts-hora de carvão ou gás natural que não são usados na produção de eletricidade.
130
A Poupe energia
SABIA QUE…?
Dentro de cada categoria, pode haver grandes variações entre aparelhos. Dois aparelhos
da mesma classe energética (por exemplo, B), podem ter consumos bastante díspares.
Por isso, na loja, além de comparar a classe energética entre aparelhos, é importante
verificar os consumos indicados na etiqueta energética.
131
A Consumo ecológico
Na nova etiqueta
energética (à direita), as
escalas A+, A++ e A+++
caem para dar lugar a
uma escala mais simples
de A (mais eficiente) a G
(menos eficiente).
É, assim, mais fácil
escolher equipamentos
eficientes e poupados.
132
A Poupe energia
Frigorífico
Como já referido, os frigoríficos foram o primeiro eletrodoméstico a rece-
ber a etiqueta energética, em 1992. Os equipamentos atuais consomem, em
média, menos 50% a 60% face aos modelos de há 15 anos. Para o ajudar a
escolher o modelo mais adequado, consulte os resultados dos testes e preços
atualizados em www.deco.proteste.pt/frigorificos.
Dicas de compra
• O número de estrelas indicado diz respeito à capacidade de refrigeração.
Quantas mais forem, maior é a capacidade do aparelho para refrigerar, o que
representa também maiores consumos. Os de quatro estrelas são os únicos
capazes de congelar alimentos que não estavam, à partida, congelados.
SABIA QUE…?
Perto de um radiador ou de um forno, ou sob a luz direta do sol, o frigorífico consome mais
energia para manter a boa temperatura no interior. Coloque-o longe das fontes de calor e,
para assegurar uma boa circulação de ar, deixe alguns centímetros livres entre o aparelho
e a parede e aspire esse espaço com regularidade.
• Não confunda o frigorífico com uma despensa, para arrumar todo o tipo de
bens. Utilize-o racionalmente (veja no capítulo 1, na página 42, os nossos
conselhos para arrumar os alimentos no frigorífico).
133
A Consumo ecológico
XYZ
kWh/annum
XYZ L Consumo de
Soma do(s) eletricidade
volume(s) do(s) anual em kWh
compartimento(s) por ano
de congelamento
Arca congeladora
Os processos de congelação industriais representam muitos gastos de ener-
gia, e o consumo das arcas é elevado. Logo, a primeira questão que deve
colocar-se é: tem a certeza de que precisa de um aparelho deste tipo?
134
A Poupe energia
SABIA QUE…?
Atualmente, os consumos das arcas congeladoras verticais e horizontais já não diferem
entre si de forma relevante. Nos modelos mais recentes, a diferença é (quase) nula. Con-
tudo, pode haver grandes disparidades entre modelos, dentro de cada segmento.
135
A Consumo ecológico
XY,Z kg XY,Z L
Capacidade Consumo de água
anunciada para o por ciclo em litros
programa eco
em quilos
XY dB
ABCD
Classe de eficiência ABCD
da secagem/ Emissões acústicas
/centrifugação de ruído em dB(A)
para a centrifugação,
e respetiva classe
Esta é a nova etiqueta energética das máquinas de lavar roupa, com entrada
em vigor em março de 2021. Indica sete classes de eficiência energética, de A
(a mais eficiente) a G (menos eficiente), sendo o cálculo feito com base
nos consumos de energia do programa eco para cem ciclos de lavagem.
O consumo indicado é, por isso, expresso em kWh/100 ciclos. Para a água,
também é indicado o consumo para o programa eco. A etiqueta indica ainda
a capacidade máxima de roupa que pode lavar em cada ciclo (em quilogra-
mas), a eficiência da centrifugação, o ruído no programa eco a 40-60ºC e a
duração deste programa.
136
A Poupe energia
SABIA QUE…?
Uma máquina de lavar roupa inserida, na nova etiqueta energética, na classe energética C
(inicialmente a letra A será “reservada” para máquinas que venham a ter consumos muito
baixos) com capacidade para oito quilos, com um consumo anunciado no programa eco
40-60°C de 63 kWh/100 ciclos, poupará cerca de 20 kWh por cem ciclos face a um modelo
da classe F.
• Junte roupa suficiente para usar a máquina com a carga completa (gasta
menos de metade da água e eletricidade do que se fizer dois ciclos com meia
carga) a uma temperatura inferior a 30ºC.
ATENÇÃO!
Lavar meia carga de roupa não consome metade da água e da eletricidade. Sempre que
possível, espere até ter roupa suficiente para uma carga completa.
137
A Consumo ecológico
• Evite programas que deixem a roupa demasiado seca, pois custará mais a
passar a ferro, além de que gastará mais energia.
SABIA QUE…?
O consumo da máquina de secar roupa depende do peso e da composição das peças. Para
secar completamente algodão precisa de mais 40% de energia do que para secar tecidos
sintéticos: como estes absorvem menos água, secam mais depressa.
ATENÇÃO!
Caso seque a roupa num estendal dentro de casa (na garagem, na cave ou numa casa
de banho, por exemplo), areje bem o local, para remover a humidade libertada da roupa
e evitar que se condense nas paredes e no teto.
138
A Poupe energia
• Se tem por hábito deixar a torneira aberta em contínuo enquanto lava toda a
loiça à mão, será preferível optar pela máquina de lavar: poderá, assim, pou-
par cerca de dez mil litros de água por ano, considerando o mesmo cenário.
• Espere até ter a máquina cheia em vez de a pôr a funcionar com o pro-
grama de meia carga. Na verdade, meia carga não significa que a máquina
consuma metade da água ou da eletricidade. Poupa apenas cerca de
16% e 12%, respetivamente.
139
A Consumo ecológico
• Opte, sempre que a loiça não estiver muito suja ou não tiver restos de
comida ressequidos, pelo programa eco ou outro que tenha uma tempera-
tura de lavagem mais baixa (verifique no manual de instruções). Poupa água
e eletricidade. Contudo, tenha atenção: o programa eco é normalmente
mais demorado e, nalgumas máquinas, poderá não ser eficaz se a loiça esti-
ver particularmente suja, principalmente tachos e panelas. Limpar previa-
mente com os talheres ou com um guardanapo de papel todos os restos de
alimentos dos pratos e deitar um fundo de água nas frigideiras e nos tachos
com sujidades muito incrustadas e ainda quentes permitirá atingir melhores
resultados.
SABIA QUE…?
Aderir à tarifa bi-horária e transferir os consumos mais elevados para as horas de vazio
é uma das melhores formas de poupar na fatura da eletricidade, mas não a única.
Para conhecer o tarifário certo e a potência a contratar, consulte o nosso simulador
em www.deco.proteste.pt/casa-energia/eletricidade-gas.
ATENÇÃO!
Tal como acontece com as máquinas de lavar roupa, os programas de meia carga não são
interessantes. Veja, a este propósito, o episódio 1 da série Seja um consumidor sustentável,
no canal da DECO PROTESTE no YouTube. Ao fazer duas máquinas, acabará por usar mais
água e energia do que com um só programa com a carga completa. Se possível, espere por
ter loiça suficiente para encher a máquina antes de iniciar um ciclo de lavagem.
140
A Poupe energia
Forno elétrico
Para acertar na escolha do modelo, consulte os resultados dos nossos testes
a fornos em www.deco.proteste.pt/eletrodomesticos/equipamentos-cozinha.
Na loja, compare a eficiência dos fornos lendo a etiqueta energética.
SABIA QUE…?
O grill requer cerca do dobro da energia face à utilização normal do forno. Use-o apenas
quando for indispensável e, pontualmente, para gratinar.
• Um forno bem isolado (com um vidro duplo ou até triplo) consome cerca de
metade face a um forno clássico. Nos modelos ventilados, a distribuição do
calor é mais rápida e uniforme, o que permite reduzir o tempo de cozedura
e poupar, assim, energia. Evite colocar o aparelho (fonte de calor) mesmo ao
lado do frigorífico ou de uma arca congeladora (fonte de frio). Se não tiver
alternativa, por falta de espaço, por exemplo, coloque uma placa isoladora
entre os aparelhos.
• Não use o forno para descongelar pratos congelados ou aquecer uma refei-
ção para uma só pessoa: tal representaria um desperdício de energia. Um
micro-ondas requer menos eletricidade para descongelar ou aquecer, além
de que é perfeitamente possível descongelar alimentos sem consumir ener-
gia, desde que se organize com antecedência. Na véspera de cozinhar um
alimento congelado, coloque-o no frigorífico. Além de ser o método mais
seguro para descongelar alimentos (à temperatura ambiente, poderiam
estragar-se), o frigorífico irá gastar menos energia para manter a tempera-
tura baixa, já que os congelados contribuirão para baixar a temperatura no
interior do compartimento de refrigeração.
141
A Consumo ecológico
ATENÇÃO!
Tendo em conta o tempo de utilização, alguns televisores consomem tanta ou mais ener-
gia do que alguns eletrodomésticos, como as máquinas de lavar. Na escolha do modelo,
veja o consumo indicado na etiqueta energética (consulte www.deco.proteste.pt/nova-eti-
queta-energetica) e lembre-se de que os ecrãs maiores também consomem mais.
Esta revisão da escala das classes energéticas prende-se com a evolução tec-
nológica. Um antigo modelo CRT consumia 180 kWh por ano para cinco
horas de uso diário. Atualmente, um televisor com ecrã LCD de dimensões e
resolução muito mais elevadas (por exemplo, com 65 polegadas e uma reso-
lução de 4K) consome, em média, 175 kWh por ano. Claro que um ecrã com
diagonal inferior gastará menos (em média, 121 kWh/ano para 40 polegadas).
142
A Poupe energia
143
A Consumo ecológico
• Sempre que for possível, cozinhe com o tacho tapado. A descoberto, a coze-
dura requer quase quatro vezes mais energia. A potência necessária para
manter um litro e meio de água em ebulição é de:
— 720 watts sem tampa;
— 190 watts com o tacho tapado.
• Use um jarro elétrico para aquecer a água mais depressa. Aquecer dois litros
de água da torneira (a cerca de 15ºC) no tacho gasta mais de 450 watts-hora.
Um jarro elétrico com potência de 2 kW faz o trabalho muito mais rápido
e só gasta 210 Wh, ou seja, menos de metade da energia.
• Não encha os tachos com demasiada água. Por exemplo, para cozer batatas,
coloque apenas a quantidade necessária para as cobrir. Não deixe a água
a ferver mais do que o tempo estritamente necessário. Quando entrar em
ebulição, baixe o "lume".
144
A Poupe energia
ATENÇÃO!
As placas a gás são dos equipamentos menos eficientes a transmitir calor. Escolha o
queimador adequado ao tamanho de cada panela ou frigideira. Se a chama ultrapassar
o fundo do recipiente, estará a desperdiçar energia.
SABIA QUE…?
Num estudo da PROTESTE, vimos que as boxes da TV gastam quase o mesmo em standby
e em operação (veja o episódio 9 da série Seja um consumidor sustentável, no canal da
DECO PROTESTE no YouTube). Se a box estiver ligada quatro horas por dia e, nas restantes
20 horas, ficar desligada (e não em standby), pode poupar mais de 14 euros por ano.
Desde janeiro de 2010 que são impostos padrões de consumo mais exi-
gentes, nomeadamente no que diz respeito aos consumos em standby.
A maioria dos aparelhos recentes tem, hoje, um modo standby mais econó-
mico, que permite um consumo inferior aos dos antigos videogravadores
VHS, por exemplo. Mas, ainda assim, não é negligenciável. Por isso, desligue
os aparelhos da corrente quando não estiver a usá-los.
145
A Consumo ecológico
programamos para gravar algum filme, por exemplo. Com ou sem a televisão
a funcionar, acabam por apresentar consumos de eletricidade significativos.
ATENÇÃO!
Se juntarmos o consumo escondido de todos os aparelhos elétricos (eletrodomésticos,
telemóveis, box TV, etc.) de uma casa, atingimos rapidamente o correspondente a uma
lâmpada de 60 watts acesa durante todo o ano. Se totalizarmos o conjunto das famílias,
chegamos a um montante de quase três mil milhões de quilowatts-hora, ou seja, cerca de
80 mil toneladas de emissões de dióxido de carbono.
146
A Poupe energia
A iluminação
Tal como acontece com alguns eletrodomésticos (veja a partir da página 130
o título Poupe com os eletrodomésticos), as lâmpadas também são alvo de
uma etiqueta energética. Tal permite comparar, na loja, a classe energética,
para ajudar a escolher modelos mais eficientes e, assim, poupar eletricidade.
A data de 1 de setembro de 2021 marca a alteração da etiqueta das lâmpadas
e o período de transição de 18 meses concedido para que todas as embala-
gens a ostentem.
147
A Consumo ecológico
• Tenha, ainda, outros cuidados para poupar na fatura: não deixe a luz exte-
rior acesa toda a noite, por exemplo. Se, por motivos de segurança, precisar
de iluminação por longos períodos, opte por lâmpadas LED adaptadas ao
exterior. Colocar um detetor de movimentos também é boa ideia, seja no
exterior, seja no interior da habitação, em locais de passagem frequente,
como corredores e escadas.
• Para ler um livro ou para outra atividade que ocupe um espaço limitado
da divisão, prefira usar um foco direto de halogéneo ou de LED, em vez de
iluminar todo o espaço.
148
A Poupe energia
SABIA QUE…?
Uma lâmpada LED pode apresentar uma durabilidade superior a 20 mil horas, havendo
já muitas na casa das 30 mil horas! Se ligar a lâmpada LED durante três horas diárias, isto
representa uma durabilidade superior a 18 anos de utilização.
A construção
As novas construções e as grandes reabilitações requerem grandes consu-
mos energéticos, de materiais e de água e elevadas emissões de gases com
efeito de estufa, entre outros poluentes. Entre 2014 e 2019, verificou-se um
aumento das novas construções em detrimento da reabilitação de edifícios,
em grande parte devido à recuperação do mercado nacional e internacional.
149
A Consumo ecológico
150
A Poupe energia
O certificado energético
avalia a eficiência energética
de um imóvel numa escala
de A+ (muito eficiente) a F
(pouco eficiente).
SABIA QUE…?
A certificação energética dos edifícios é obrigatória em edifícios novos e antigos a partir
do momento em que são colocados no mercado para venda ou arrendamento, pelos pro-
prietários ou pelos mediadores imobiliários. O documento tem de ser apresentado quando
é assinado o contrato de compra e venda. Também os edifícios que sejam alvo de inter-
venções superiores a 25% do seu valor são obrigados a solicitar a emissão do certificado
energético.
151
A Consumo ecológico
Investir num bom isolamento poderá sair caro na altura da instalação, mas poupará a prazo nas
necessidades de aquecimento e arrefecimento para garantir o conforto térmico.
Como é óbvio, quanto melhor for a avaliação energética da casa, maior será
a poupança energética, o que significa uma redução de custos significativa.
152
A Poupe energia
SABIA QUE…?
Os resíduos da demolição do antigo estádio do Sporting Clube de Portugal foram
reciclados e reaproveitados para outras construções.
153
A Consumo ecológico
O isolamento
Projetar e construir um edifício considerando a envolvente climática é o pri-
meiro passo para não ter de se preocupar com o aquecimento ou o arrefe-
cimento das divisões. Uma habitação com um bom isolamento exige menos
energia para conservar uma temperatura agradável no inverno e permite
também manter a casa mais fresca no verão. Além de permitir realizar pou-
panças, com um bom isolamento obtém-se um maior conforto térmico e um
bom isolamento acústico.
154
A Poupe energia
SABIA QUE…?
• As estruturas isolantes coladas na parede (cortiça, esferovite, etc.) ajudam a reduzir os
ruídos de impacto e, se tiverem espessura adequada, também diminuem a transmissão
dos ruídos aéreos.
• Criar ruído de fundo numa divisão (com música ambiente, por exemplo) ajuda, apenas
psicologicamente, a abstrair-se dos ruídos oriundos do exterior.
• As plantações de árvores densas junto das fontes de ruído (das autoestradas, por exemplo)
ou a colocação de vegetação nos jardins das casas, como sebes ou arbustos, ajudam a
diminuir a propagação dos sons emitidos pelos veículos.
Chão
15%
Janelas Paredes
20% 26%
155
A Consumo ecológico
A ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
Telhado
A temperatura sob um telhado mal isolado varia entre 8°C e 39°C; com um
bem isolado, apenas oscila entre 19°C e 22°C. Invista num material isolante de
espessura adequada também para o chão do sótão, caso este não seja um espaço
útil. Numa moradia ou no último andar de um prédio, o telhado está sujeito à
incidência direta da radiação solar durante várias horas no verão, enquanto que,
no inverno, representa uma área significativa por onde o calor gerado na casa se
escapa. Isolá-lo é, portanto, uma das medidas com melhor relação custo/benefício.
Orientação solar das fachadas a sul
É favorável no inverno e no verão, desde que com sistemas
de sombreamento. Numa sala de 30 metros quadrados
orientada a oeste, por exemplo, as necessidades de
arrefecimento podem aumentar em mais de 15 por cento
nos meses de verão.
Elementos de sombreamento
Reduzem o calor que entra nas casas, o que é muito
importante durante o verão e especialmente nas
fachadas orientadas a sul. Podem assumir várias
formas, desde elementos construtivos exteriores
(árvores e sebes, pérgulas, palas...) a elementos
instalados nas janelas (estores, persianas, toldos...).
Toldos
Protegem as janelas da radiação solar excessiva.
Espelho de água
Ajuda a arrefecer o ar. A evaporação
dá-se junto às paredes exteriores,
reduzindo a temperatura do ar em
redor.
Vidros duplos
Instalar vidros duplos ou até triplos e caixilharia de PVC reduz as
perdas de energia e a formação de condensação, o que diminui
em, pelo menos, 70% o desperdício de energia face às janelas de
alumínio e de vidro simples. Pode instalar capas de controlo solar
nos vidros: permitem refletir os raios solares, o que é interessante no
verão em fachadas muito expostas ao sol. Contudo, no inverno, têm
o efeito contrário, pois impedem de tirar partido do sol para aquecer
o ambiente. Prefira janelas oscilobatentes: têm ótimos níveis de
isolamento quando fechadas (redução das infiltrações e exfiltrações
indesejadas de ar) e podem ser parcialmente abertas para arejar a casa. Caso necessite
de uma solução de correr, opte por sistemas osciloparalelos ou corredores-elevadores.
Escolha janelas eficientes com etiqueta energética (consulte www.classemais.pt).
156
A Poupe energia
Pavimento
As fugas de calor
pelo pavimento,
no caso das
Parede de trombe moradias térreas,
Constituída por um no rés-do-chão
vidro exterior virado ou nas caves dos prédios, podem ser
a sul, uma caixa de importantes. O isolamento dos pavimentos
ar e uma parede permite economias e proporciona maior
de grande inércia conforto. No entanto, é preciso perceber,
térmica (de tijolo maciço, por antes de aplicar o isolamento, se não
exemplo), acumula o calor do sol haverá situações de infiltração de água
durante o dia, transmitindo-o para que deverão ser previamente resolvidas
o interior durante a noite. com uma intervenção mais profunda.
157
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Além de ser sensível à temperatura ambiente, o nosso corpo também o é à temperatura
dos objetos à volta. Daí que um bom isolamento das paredes ofereça, por si só, uma boa
sensação de conforto.
• Se vai mudar a caixilharia e os vidros das janelas, opte por uma caixilharia
eficiente (em PVC, alumínio com rotura térmica ou de madeira) e abandone
os vidros simples, muito pouco eficientes em termos térmicos. Opte antes
por vidros duplos ou triplos e tenha em atenção as necessidades específicas
que os vidros podem ter, de acordo com a fachada em que são instalados.
O poder isolante de um material reside essencialmente na quantidade de
ar que este encerra. Todavia, isolar demasiado pode provocar problemas
de humidade, se não se compensar com boas soluções de ventilação. Ora,
a humidade pode comprometer este poder isolante, pois é um condutor
de calor. Assim, um isolante molhado não é de todo eficaz. Além disso,
158
A Poupe energia
se estiver mal colocado, não terá qualquer efeito isolante. Para mais infor-
mações sobre janelas eficientes e medidas para melhorar o isolamento
da casa, consulte o nosso site em www.deco.proteste.pt.
• Seja como for, o ideal é que toda a habitação esteja revestida uniformemente
com materiais isolantes, tal como acontece com uma garrafa térmica. Não
deixe zonas da casa sem isolamento ou com fissuras: no inverno, gerarão
fugas de calor para o exterior e deixarão entrar frio.
ATENÇÃO!
O ar ambiente da habitação deve ser renovado regularmente. Uma divisão muito húmida
favorece o desenvolvimento de fungos e de problemas respiratórios. Não se esqueça de
arejar bem a casa, mesmo no inverno, durante dez minutos, duas vezes por dia. Caso se
atinjam elevados índices de estanquidade do ar, deve-se considerar a instalação de um
sistema de ventilação mecânica, preferencialmente um sistema de fluxo cruzado.
SABIA QUE…?
Com um bom isolamento no exterior, as paredes da habitação funcionam como um
tampão térmico, que atenua as variações de temperatura no interior, conferindo um
maior conforto (menos picos de calor no verão e arrefecimento mais lento no inverno)
e assegurando flutuações menores no aquecimento (os aparelhos ligam-se e desligam-se
menos vezes).
159
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Para mais informações sobre os melhores materiais para isolar a casa, pesquise "isolamento
térmico da casa" em www.deco.proteste.pt. Além dos prós e contras de dez materiais de isola-
mento, testámos a resistência ao fogo de cada um.
160
A Poupe energia
SABIA QUE…?
Tem dificuldades em escolher os profissionais certos quando pretende fazer obras em sua
casa? O serviço DECO PROTESTE SELECT permite encontrar profissionais qualificados para
pequenas obras de remodelação, para a montagem e a reparação de ar condicionado ou
de eletrodomésticos ou para trabalhos de eletricista, entre outros. Para mais informações,
consulte www.deco.proteste.pt/select.
O amianto
Resistente ao calor e à corrosão, o amianto é um excelente isolante térmico,
acústico e elétrico, e é maleável e não inflamável. Foi um material barato
e, durante muito tempo, considerado um produto milagroso. Na cons-
trução, era usado enquanto isolante, protetor contra incêndios em placas
onduladas, em tubagens ou em revestimentos para o chão.
A remoção dos materiais com amianto tem de ser feita por profissionais
qualificados. Os materiais contaminados devem ser retirados inteiros, e os
resíduos aspirados. Antes de contratar qualquer empresa, pergunte como vão
161
A Consumo ecológico
realizar o trabalho, para ter a certeza de que todos os cuidados são assegurados.
Os resíduos com amianto têm de ser devidamente identificados e colocados em
células específicas para tratamento de resíduos perigosos, sendo o acondicio-
namento, o transporte e a deposição final uma competência da empresa que
contratar.
ATENÇÃO!
Limpar superfícies com amianto (como caleiras de uma cobertura de fibrocimento) acar-
reta riscos e exige máxima proteção: fato-macaco descartável e com capuz (impermeável
se chover) e botas que possam ser descontaminadas (sem atacadores). Com base na ava-
liação dos riscos, pode não ser necessário o equipamento de proteção respiratória, mas é
conveniente o uso de um respirador descartável com fator de proteção 3 (FFP3).
Climatização da casa
Aquecer a casa no inverno e arrefecê-la no verão são operações que podem
pesar, e muito, na fatura da energia. Mas alguns cuidados são gratuitos.
• Não deixe portas abertas entre divisões, sobretudo se uma estiver aquecida e
as outras não, sob pena de o calor se escapar. Feche sempre as portas entre
as zonas habitáveis propriamente ditas e os corredores e o hall de entrada.
Coloque rolos de isolamento nas portas interiores, de modo a reduzir o fluxo
de ar dentro de casa.
162
A Poupe energia
Os sistemas de aquecimento
Para escolher o sistema de aquecimento mais eficiente, deve ter em conta
o impacto ambiental e o custo dos vários combustíveis, além, obviamente,
do preço de base do equipamento.
O impacto ambiental
Como qualquer combustível fóssil, o gás natural produz dióxido de carbono,
embora em menor quantidade do que o gasóleo. Globalmente, uma caldeira
a gás liberta aproximadamente menos 30% do que um aparelho a gasóleo.
• O facto de a eletricidade não gerar fumos em casa não significa que não
tenha impacto ambiental. Este existe, pelo menos, nas fases de produção
e distribuição e depende da fonte de produção de eletricidade. Por exemplo,
as centrais termoelétricas queimam combustível para fornecer eletricidade
aos utilizadores. Uma central que funcione com energia fóssil produz, tam-
bém, dióxido de carbono. Como a produção e o transporte da eletricidade
geram perdas consideráveis de rendimento (por cada quilowatt de eletrici-
dade que chega a sua casa, são necessários três quilowatts de outra ener-
gia, se esta for fóssil), um radiador elétrico acabará por produzir, de forma
indireta, mais dióxido de carbono do que um sistema de aquecimento a gás.
• Por outro lado, embora não haja centrais nucleares em Portugal, isso não
significa que o nosso consumo elétrico esteja isento deste tipo de energia,
uma vez que importamos energia elétrica dos países vizinhos que a usam.
163
A Consumo ecológico
Outras medidas passam por isolar bem a casa ou optar por uma boa locali-
zação e por uma construção de qualidade. As casas passivas (que apresen-
tam necessidades muito baixas, quase nulas, de energia para o aquecimento
e o arrefecimento) não fazem parte do mundo da fantasia: na realidade, já
existem! Para mais informações sobre casas passivas e eficiência energética
dos edifícios, consulte o nosso site em www.deco.proteste.pt/casa-energia/
energias-renovaveis.
SABIA QUE…?
Quer saber qual a melhor solução para a climatização e o aquecimento da água em sua
casa? Nós respondemos em www.deco.proteste.pt/comunidades/energias-renovaveis.
O investimento
No que diz respeito ao dinheiro que vai investir para o aquecimento da casa,
o preço da energia apenas constitui uma das peças do puzzle. De facto, aos
consumos é preciso adicionar as despesas fixas (a instalação, a manutenção
e eventuais obras de adaptação, por exemplo). Mas vejamos, globalmente,
os custos energéticos envolvidos.
SABIA QUE…?
O ar condicionado é o método mais eficiente para aquecer a casa: face aos aquecedores
elétricos, permite poupar cerca de 100 euros por mês para aquecer uma divisão.
164
A Poupe energia
SABIA QUE…?
Cerca de 24% da energia consumida em Lisboa e no Porto serve para aquecer a água,
segundo dados das agências municipais de energia daquelas cidades. Seguem-se a prepa-
ração das refeições e o aquecimento ambiente.
• Mas será vantajoso passar para o gás natural, se já tem um sistema a gasóleo?
Ou até para um sistema a pellets ou com uma bomba de calor de ar-água
de alta temperatura? Não existe uma resposta definitiva para esta questão.
Cada caso tem de ser analisado de forma independente, para que todas as
variáveis sejam consideradas e analisadas.
165
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Um sistema solar térmico consegue providenciar cerca de 70% das necessidades energéti-
cas anuais de uma habitação para a produção de água quente sanitária.
166
A Poupe energia
O circuito
A água quente que se destina aos radiadores
e aos ventiloconvetores circula em tubagens.
Este circuito deve ser o mais curto possível,
para reduzir o custo da instalação e as perdas
de calor na utilização. Se possível, deve ser
isolado.
ATENÇÃO!
Não coloque os radiadores perto de cortinados, pois aqueceria as janelas em vez da divi-
são. Também não se deve colocar nada à frente, como um sofá, por exemplo, sob pena
de reduzir a superfície a aquecer e a eficácia. Na parede atrás dos radiadores, cole, por
exemplo, um painel forrado com folha de alumínio, para refletir o calor emitido para a
sala e não para a parede.
167
A Consumo ecológico
Os elementos do aquecimento
A instalação poderá recorrer a diferentes tipos de equipamentos, cuja esco-
lha dependerá do nível de conforto pretendido, do isolamento da casa e do
aspeto estético.
• Piso radiante. Este sistema funciona sobretudo por irradiação, o que contri-
bui para um maior conforto. Contudo, poderá levar algumas horas a atingir
a temperatura desejada. Numa casa bem isolada, há risco de sobreaqueci-
mento se o sol incidir ou a temperatura exterior subir. É o sistema ideal para
funcionar com bombas de calor ar-água de baixa temperatura.
ATENÇÃO!
Caso constate perdas frequentes na pressão de um sistema de aquecimento, contacte o
instalador: é possível que haja uma fuga ou um problema com o vaso de expansão.
168
A Poupe energia
ATENÇÃO!
Uma instalação de aquecimento que garanta conforto e permita fazer poupanças requer
a intervenção de especialistas. Peça vários orçamentos e esclareça as suas dúvidas sobre
o tipo de regulação escolhido: isto terá um grande impacto sobre o conforto e a fatura de
energia. Se estiver a construir uma habitação de raiz, discuta esta situação aprofundada-
mente com o seu projetista ou arquiteto, de modo a encontrar a solução mais adequada.
A regulação
A regulação desempenha o papel fulcral na instalação de aquecimento da sua
casa. A sua tarefa consiste em assegurar a temperatura de conforto nas divisões
que pretende e nas alturas em que deseja, usando sempre a menor quantidade
possível de combustível. Caso disponha de aquecimento central ou de uma cal-
deira individual, não hesite em investir na instalação de um termóstato portátil.
169
A Consumo ecológico
ATENÇÃO!
Alguns instaladores aconselham que, em vez de colocar um sensor exterior ou um termós-
tato ambiente, se instalem só válvulas termostáticas em todas as divisões. Mas isso não
é boa ideia. Tal obriga a regular manualmente o termóstato da caldeira em função da
temperatura exterior e não permite programar um horário. O resultado são custos suple-
mentares com os consumos.
170
A Poupe energia
SABIA QUE…?
Limpar o pó dos aparelhos ajuda a otimizar o rendimento da emissão de calor e a diminuir
os consumos.
Ar condicionado
Devido aos efeitos da canícula, muitas famílias decidem investir em sis-
temas de climatização, como aparelhos de ar condicionado. Estes equi-
pamentos são das soluções mais eficientes para a climatização de um
espaço, por possuírem elevadas eficiências de funcionamento e clima-
tizarem um espaço de forma muito rápida. Como é óbvio, quanto mais
regrada e cuidada for a sua utilização, maiores serão as poupanças
energéticas.
171
A Consumo ecológico
• Corra os estores e feche as janelas durante o dia, mas, se estiver mais calor
no interior do que no exterior, abra tudo, incluindo as janelas.
• Mesmo nos períodos mais quentes do ano, as noites e as manhãs são, geral-
mente, frescas. Se possível, deixe as janelas abertas nessa altura, para refres-
car a casa. As janelas oscilobatentes são muito práticas nesse sentido. A ven-
tilação noturna traz muitos benefícios, uma vez que a temperatura do ar é
mais baixa. Desta forma, consegue arrefecer-se o teto e as paredes, provo-
cando uma maior sensação de conforto.
SABIA QUE…?
As ventoinhas não arrefecem o ar. Convertem, sim, a eletricidade em movimentos rápidos
de um conjunto de pás que, pelo seu formato, impulsionam o ar numa certa direção.
O movimento do ar na nossa pele acelera a evaporação da água. Neste processo, a água
absorve calor. O nosso corpo sente, então, esta perda de temperatura, o que lhe permite
ficar mais confortável num dia quente.
172
A Poupe energia
Saiba qual o aparelho que lhe convém e consulte os resultados dos nossos testes comparativos
que publicamos regularmente em www.deco.proteste.pt/eletrodomesticos/ar-condicionado.
Veja também como refrescar a casa a custo zero, na página 171.
173
A Consumo ecológico
Consulte
www.deco.proteste.pt/select.
SABIA QUE…?
Os gases refrigerantes necessários para o funcionamento dos aparelhos de ar condicio-
nado (como o R410A e o R32) são nocivos se forem libertados para a atmosfera. Têm um
potencial de aquecimento 1700 a 2000 vezes superior ao do dióxido de carbono. Devem,
por isso, ser manipulados com muito cuidado, apenas por profissionais devidamente cer-
tificados para o efeito.
Sistemas de produção
de água quente
Uma família de três ou quatro pessoas gasta, por ano, entre 150 e cerca de
500 euros para a produção de água quente, dependendo do sistema. E esta
despesa diz apenas respeito aos consumos de energia.
174
A Poupe energia
Instantâneo ou não?
Importa, em primeiro lugar, fazer a distinção entre sistemas instantâneos
(esquentadores e caldeiras) e sistemas que mantêm uma reserva de água
sempre na temperatura programada (termoacumuladores e bombas de
calor).
ATENÇÃO!
Um isolamento deficiente dos canos que transportam a água quente da caldeira, do ter-
moacumulador ou do esquentador até às torneiras pode causar perdas de calor na ordem
dos 8°C aos 10°C, dependendo do comprimento dos canos. Se possível, revista as canali-
zações de água quente nas zonas não aquecidas da casa (cave, garagem, etc.) com prote-
ções em espuma, à venda em qualquer loja de bricolagem, para que o calor não se perca
através das mesmas.
175
A Consumo ecológico
ATENÇÃO!
Num termoacumulador ou em qualquer depósito onde se acumule água quente, é impor-
tante regular corretamente a temperatura da água para uma temperatura ligeiramente
acima da temperatura de utilização ou para a regulação eco. Para evitar a formação e a
proliferação de bactérias no interior, regule pontualmente a temperatura para valores a
rondar os 65°C. Há aparelhos que o fazem de forma automática e esporádica.
176
A Poupe energia
• Tenha ainda em conta que, quanto maior for a potência necessária para o
quadro elétrico e quanto maior o consumo mensal de gás natural, maiores
os custos associados às parcelas fixas, nas respetivas faturas.
ATENÇÃO!
Muitos acidentes (frequentemente mortais) causados pelo monóxido de carbono são cau-
sados por aparelhos de produção de água quente que não estão a funcionar de forma ade-
quada, seja pela exaustão deficiente dos gases de combustão, seja por falta de ventilação
da divisão onde o aparelho se encontra instalado. Para evitar acidentes, respeite sempre
as normas da instalação do esquentador ou de qualquer aparelho de queima e evite qual-
quer tipo de manutenção por sua própria iniciativa. Não use aquecedores a gás querosene
ou a parafina, devido ao risco de intoxicação. Pode, também, instalar um detetor que
emita um alerta em caso de níveis de monóxido de carbono excessivos.
177
A Consumo ecológico
• Vantagens:
— a caldeira (a gás natural, propano ou gasóleo) mantém a reserva de água
quente a uma temperatura constante, tal como o débito;
— a instalação e a manutenção fazem-se na mesma altura que as da caldeira;
— quando se recorre a gás natural, permite um baixo custo energético;
— oferece uma grande reserva de água disponível em toda a casa.
• Inconvenientes:
— investimento muito elevado;
— impacto ambiental elevado.
Termoacumulador elétrico
O termoacumulador é formado por um reservatório munido de uma resis-
tência elétrica que aquece a água, um termóstato e uma válvula de segu-
rança, que atua em caso de aquecimento excessivo. Existem modelos com
várias capacidades: escolha um adequado à família, considerando 40 litros
por pessoa, por dia, sob pena de ficar sem água quente a meio do duche.
• Vantagens:
— é um sistema bastante fácil de instalar e relativamente barato;
— confortável (com uma temperatura e um débito de água relativamente
constantes);
— a água quente chega às torneiras mais depressa do que com o esquenta-
dor ou a caldeira;
— quando utilizado com a tarifa bi-horária, é um sistema que se revela bastante
económico. Aliás, se só houver possibilidade de usar gás propano ou butano,
esta acaba por ser a forma mais económica de aquecer a água do banho.
178
A Poupe energia
• Inconvenientes:
— volumoso;
— sai caro quando usado fora das horas de vazio (quando a tarifa de eletri-
cidade é mais cara);
— se a capacidade do tanque for mal avaliada, a água quente pode acabar a
meio do duche ou provocar um aumento dos custos;
— a quantidade de água disponível é limitada pela capacidade do depósito.
SABIA QUE…?
Deve instalar o termoacumulador num espaço isolado. Caso a zona de instalação do ter-
moacumulador apresente temperaturas baixas, procure reforçar o isolamento exterior do
termoacumulador.
Esquentador a gás
Este é o equipamento mais usado em Portugal. Há modelos atmosféricos,
ventilados e estanques: os primeiros são os mais baratos, mas a escolha
depende do tipo de conduta de evacuação em casa.
SABIA QUE…?
O esquentador a gás natural é a solução mais económica para aquecer a água. Para quem
não tem acesso a gás natural, a melhor opção é o termoacumulador elétrico. Mas aten-
ção: deve aderir à tarifa bi-horária e pôr a água a aquecer durante a noite. Caso contrário,
o custo com a energia é muito elevado. Se, além disso, colocar redutores de caudal nas
torneiras e no chuveiro (veja a página 110), conseguirá baixar ainda mais a fatura.
179
A Consumo ecológico
ATENÇÃO!
Regule a temperatura da água quente para um valor o mais próximo possível da tempe-
ratura de utilização. Uma vez que não há acumulação de água, também não existe risco
de proliferação de bactérias. Por outro lado, se a água sair muito quente, pode haver risco
de queimaduras.
• Vantagens:
— disponibilidade de água quente ilimitada;
— aquecem a água de forma instantânea;
— são económicos, fáceis de usar e seguros, desde que bem instalados por
um técnico habilitado para o efeito;
— podem funcionar com gás natural, com custos energéticos interessantes.
• Inconvenientes:
— há limites no número de torneiras abertas em simultâneo: a potência do
aparelho deve ser dimensionada tendo em conta o perfil de utilização do
agregado e o número de utilizações em simultâneo;
— o conforto diminui quando a distância entre o aparelho e a torneira é grande;
— a temperatura da água pode variar com a abertura de várias torneiras;
— impacto ambiental.
180
A Poupe energia
• Vantagens:
— disponibilidade de água quente ilimitada;
— em apartamentos, oferecem a possibilidade de ter um sistema de produ-
ção de AQS e aquecimento central em simultâneo;
— podem funcionar com gás natural, com custos energéticos muito
competitivos.
• Inconvenientes:
— o ruído pode ser incomodativo se o aparelho se encontrar junto das divi-
sões mais usadas;
— o conforto de utilização pode ser afetado quando se abrem várias tornei-
ras de água quente em simultâneo;
— menor conforto quando há uma grande distância entre o aparelho e a
torneira;
— a instalação destes aparelhos deve cumprir requisitos exigentes;
— uma utilização com gás de garrafa (butano ou propano) faz disparar os
custos energéticos de utilização.
Caldeiras a biomassa
O princípio de funcionamento é muito semelhante ao da caldeira a gás,
embora estes equipamentos queimem biomassa (pellets, caroços ou lenha).
As caldeiras a biomassa podem incluir circuitos separados de AQS e de aque-
cimento do espaço ou serem ligadas diretamente a um depósito de acumu-
lação de água quente. Há modelos de várias potências, mas todos requerem
uma instalação efetuada por técnicos qualificados para o efeito, com a liga-
ção a chaminés de exaustão dos gases de combustão.
• Vantagens:
— grande reserva de água quente disponível em toda a casa;
— temperatura e débito de água relativamente constantes;
— baixos custos energéticos com pellets (ou quase nulos, com lenha, caso
tenha acesso a lenha a custo zero).
181
A Consumo ecológico
• Inconvenientes:
— solução volumosa;
— requer espaço para armazenar combustível (pellets ou lenha, por
exemplo);
— necessidade de ser atestada com regularidade (a não ser que tenha um
sistema de alimentação contínuo de pellets, por exemplo);
— necessidade de uma instalação com ligação a uma chaminé;
— impacto ambiental, mesmo considerando que a queima de pellets ou
lenha possa ser considerada como neutra de um ponto de vista carbónico.
ATENÇÃO!
Se a água que circula nos tubos congelar, estes podem rebentar! Para evitar que tal acon-
teça, nas zonas mais frias do país, adicione à água, no inverno, um produto anticongelante
ou recorra a um sistema que esvazie o coletor quando a bomba não é acionada (denomi-
nado drain-back).
182
A Poupe energia
SABIA QUE…?
Os sistemas solares térmicos não satisfazem as necessidades totais de energia. Um kit solar
de quatro metros quadrados, recomendado para uma família de quatro elementos, cobre
até 70% das necessidades em cidades soalheiras, como Faro ou Lisboa. Os restantes 30%
têm de ser obtidos a partir de uma fonte de energia convencional (eletricidade ou gás).
• Vantagens:
— o sol é uma fonte gratuita e disponível durante quase todo o ano. Em
cidades soalheiras, um sistema de quatro metros quadrados pode poupar
70% da energia necessária para aquecer a água;
— integrável com outras soluções de produção de AQS e de aquecimento.
183
A Consumo ecológico
• Inconvenientes:
— os custos de aquisição, instalação e manutenção são ainda elevados;
— é necessário um sistema de apoio, de preferência, a gás natural;
— nos sistemas elétricos, é indispensável um programador de horário para
que a resistência só se ligue nas horas de vazio;
— existem limitações técnicas e arquitetónicas de instalação.
ATENÇÃO!
Apesar de ser o sistema de produ-
ção de água quente sanitária mais
ecológico, o sistema solar térmico
não é uma opção barata. Para obter
maiores garantias de rendimento
e de durabilidade, escolha mode-
los certificados. Peça orçamentos
a vários instaladores. Estes devem,
também, ser certificados.
A energia do sol é captada pelo coletor
e aquece a água.
Os modelos monocorpo murais (em geral, até cerca de cem litros de capa-
cidade) usam o ar da divisão onde estão instalados para promover o aque-
cimento da água. No processo, irão arrefecer a divisão. Existem modelos
monocorpo de maior capacidade, mas devem ser instalados no chão e ocu-
pam muito espaço. Alguns podem ser ligados a condutas para usar o ar exte-
rior (mas não irão arrefecer a divisão).
Há ainda modelos split, com uma unidade exterior ligada à interior, onde a
água é aquecida. Muitas soluções podem ser integradas com sistemas solar
térmicos ou outras soluções de produção de AQS.
184
A Poupe energia
SABIA QUE…?
Os sistemas solares permitem poupar energias fósseis e reduzir as emissões de dióxido de
carbono. Com sistemas solares térmicos, para um consumo de 160 litros de água quente
por dia, são menos 200 quilos de dióxido de carbono emitidos por ano. Para encontrar
os equipamentos mais eficientes, consulte www.deco.proteste.pt/casa-energia/agua.
• Vantagens:
— grande reserva de água quente;
— temperatura e débito de água relativamente constantes;
— baixos custos energéticos devido às elevadas eficiências de funciona-
mento das bombas de calor;
— possibilidade de integração com outros sistemas de produção de AQS e de
aquecimento e arrefecimento.
• Inconvenientes:
— sistema volumoso, em particular em soluções de alta capacidade;
— custos de aquisição, instalação e manutenção ainda elevados;
— eficiência de funcionamento variável com as condições ambientais;
— sistema complexo.
185
A Consumo ecológico
186
A
Capítulo 5
Poupe nas
deslocações
A Consumo ecológico
Transportes:
benefício ou ameaça?
Hoje é difícil imaginarmo-nos a viver sem um meio particular de transporte
motorizado. O carro, por exemplo, já faz parte do nosso modo de vida e con-
tribui para o nosso conforto. Também as vias terrestres, como as estradas,
as autoestradas, as vias férreas e os respetivos acessos, trazem uma série de
benefícios socioeconómicos que não devem ser esquecidos:
— redução dos custos de logística;
— maior disponibilidade de bens de consumo;
— maior acessibilidade a novas zonas de emprego, a cuidados médicos e
a outros serviços sociais;
— contratação de trabalhadores locais para a construção;
— fortalecimento das economias locais.
188
A Poupe nas deslocações
SABIA QUE…?
55% das pessoas que vivem em localidades com mais de 250 mil habitantes (quase 67
milhões em todo o mundo) estão diariamente expostas a níveis de ruído superiores a
55 Lden (medida europeia que exprime o limite de ruído médio ao longo das 24 horas do
dia).
A deterioração da qualidade do ar
A crescente utilização dos veículos ao longo dos últimos anos, com especial
destaque para os privados, levou a um aumento considerável das emissões
de dióxido de carbono (CO2). Este gás, ao ser libertado para a atmosfera,
contribui para o efeito de estufa: com a acumulação de gases, o calor liber-
tado pelo planeta fica retido em vez de se dissipar no espaço, sendo irradi-
ado de volta para a superfície terrestre, o que provoca o indesejado sobre-
aquecimento da Terra. E não é tudo. O aumento do tráfego leva ainda a um
aumento de outros gases na atmosfera, nocivos para a saúde.
189
A Consumo ecológico
Esta poluição atmosférica gerada pelos transportes contribui, por sua vez,
para a formação do ozono na camada de ar que respiramos (troposfera).
Apesar de o ozono não ser emitido diretamente para o ar, este forma-se
na presença de oxigénio, da luz solar e de poluentes que são emitidos, em
grande parte pelo setor rodoviário. Manifesta-se nomeadamente sob a forma
do conhecido smog (contração das palavras smoke e fog — respetivamente,
“fumo” e “nevoeiro”, em português). Este “nevoeiro fotoquímico” é carac-
terístico de cidades com elevados níveis de poluição atmosférica e ocorre
quando se verifica a persistência de tempo soalheiro, com temperaturas
superiores a 25°C e vento fraco, conjugada com poluição atmosférica — daí
ser comum em zonas com muito tráfego automóvel e também em zonas
industriais. Ocorre devido à reação do oxigénio com óxidos de azoto e com-
postos orgânicos voláteis, ambos poluentes característicos destas zonas, e
na presença de luz solar.
SABIA QUE…?
O ozono que respiramos é diferente do ozono estratosférico, camada essencial para a
manutenção da vida na Terra. O ozono estratosférico é responsável pela absorção de parte
da radiação ultravioleta (UVB) e impede que esta chegue à superfície terrestre, o que
poderia ter efeitos muito graves na saúde das pessoas e de outros seres vivos (nomeada-
mente, cancro de pele). Algumas substâncias, como certos gases propulsores ou fluidos
refrigerantes, quando libertadas, reagem com o oxigénio e levam a uma diminuição da
quantidade de ozono estratosférico, gerando o chamado “buraco do ozono”. Com a proi-
bição da produção deste tipo de fluidos, assistimos, nos últimos anos, a uma diminuição
deste “buraco na camada de ozono”.
190
A Poupe nas deslocações
SABIA QUE…?
Até 2050, o setor dos transportes na União Europeia deverá reduzir em 90% as emissões
de gases com efeito de estufa responsáveis pelo aumento global da temperatura, para
alcançar a meta estabelecida pelo Pacto Ecológico Europeu: transformar a Europa no pri-
meiro continente neutro em termos climáticos.
ATENÇÃO!
Face a um alerta de excesso de ozono, reduza os esforços físicos no exterior entre o meio-
-dia e o final da tarde. Este conselho é particularmente importante para as pessoas mais
sensíveis (como crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios), que não devem
sair de casa nesses momentos.
EMISSÕES DE CO2
Carro 111,7 g
Mota 98,4 g
Autocarro 54,7 g
Comboio 35 g
Bicicleta (ou a pé) 0g
Andar de transportes públicos em vez de usar o
Valores por pessoa, em média, carro reduz para cerca de metade a emissão de
por quilómetro percorrido. dióxido de carbono.
191
A Consumo ecológico
Resíduos Combustão
6,6% na indústria
10,7%
Agricultura Transportes
9,8% 24,3%
Procedimentos
industriais e uso Outros
de produtos 8,1%
11%
SABIA QUE…?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar exterior foi responsá-
vel, em 2016, por 4,2 milhões de mortes. A poluição de interiores (relacionada, por exem-
plo, com o uso de tecnologias ou de fontes de energia poluentes na cozinha) terá causado
3,8 milhões de mortes. A OMS afirma que a poluição do ar é um fator de risco também
para doenças não transmissíveis, causando cerca de 24% de mortes por doenças cardio-
vasculares, 25% por acidente vascular cerebral e 29% associadas ao cancro do pulmão.
192
A Poupe nas deslocações
O combustível
Segundo a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), o consumo de com-
bustíveis nos transportes rodoviários manteve, em 2018, a tendência de cres-
cimento (mais 0,9%, face ao ano anterior). No mesmo ano, os portugueses
consumiram cerca de 14 milhões de litros de gasóleo por dia, o que repre-
senta cerca de 80% da procura de combustíveis rodoviários. Ora, como já foi
referido no capítulo anterior, o petróleo é um recurso finito e não renovável,
pelo menos a curto prazo. Ao ritmo atual de consumo, e apesar da procura
por novas reservas de petróleo e da melhoria dos métodos de exploração, é
previsível que, a termo, se atinja o limite de extração.
Transportes 35,7%
Indústria 29,5%
Doméstico 17,7%
Serviços 14,2%
193
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Nas últimas décadas, com o aumento do número de veículos a circular e dos quilómetros
percorridos temos vindo a observar um constante crescimento de consumo de petróleo a
nível mundial, com um impacto nos preços. O ano de 2020 acabou por ser uma exceção:
devido à pandemia da covid-19, os preços do petróleo caíram para níveis abaixo dos 40
dólares.
As revisões periódicas do
carro são essenciais, sob
pena de os consumos e
as emissões de poluentes
poderem aumentar até
50%, a par do desgaste
prematuro de algumas
peças.
194
A Poupe nas deslocações
SABIA QUE…?
Apesar de a indústria automóvel ter melhorado substancialmente a eficiência dos motores
e de, por consequência, estes obterem o mesmo rendimento com menos combustível,
o consumo de combustível e as emissões de gases com efeito de estufa aumentaram em
mais de 78% entre 1990 e 2017! Motivo: o aumento do rendimento das famílias durante
este período levou ao aumento de veículos a circular nas estradas.
195
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Para fazer um percurso de 1,5 a
2,8 quilómetros a pé, uma pes-
soa demora, em média, 15 a 30
minutos, o tempo máximo que
demora a percorrer 3,5 a 4,8
quilómetros de bicicleta. Agora,
em comparação, pense no
tempo necessário para percorrer
algumas centenas de metros de
carro em hora de ponta… Andar a pé ou de bicicleta permite fugir ao trânsito nas
horas de ponta, ajuda a manter a boa forma física e
não polui o ambiente.
• Para percursos mais longos, quando e onde for possível, prefira utilizar
os transportes públicos em vez do carro (veja, na página 205, o título
respetivo).
196
A Poupe nas deslocações
O carro
Procure usar o carro apenas quando não há mesmo outra solução. Além de
contribuir para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, con-
sumirá menos combustível, poupando, portanto, dinheiro. Ou seja, todos
ficam a ganhar: os cidadãos e o ambiente.
SABIA QUE…?
Cada quilómetro percorrido a pé ou de bicicleta, em vez de usar o carro, evita a emissão
de cerca de 120 gramas de dióxido de carbono. Um autocarro ou um comboio produz, em
média, duas a três vezes menos dióxido de carbono por pessoa e por quilómetro do que
um carro.
De facto, um motor frio gasta 50% mais no primeiro quilómetro e 25% mais
no segundo. Importa saber que o motor de um veículo só atinge a tempera-
tura ideal ao fim de, pelo menos, cinco minutos.
Resultado? Poluímos três vezes mais enquanto o motor do nosso carro não
atinge a temperatura ideal, porque, até lá, a combustão faz-se de forma
incompleta, gerando uma maior quantidade de poluentes, como monóxido
de carbono (CO) e hidrocarbonetos não queimados (HC). Tal acontece por-
que o catalisador de um motor a gasolina tem de atingir entre 250 e 400ºC
para realizar o trabalho de despoluição de forma eficaz.
197
A Consumo ecológico
A compra
Segundo um inquérito de fiabilidade automóvel que publicámos na revista
PROTESTE de fevereiro de 2020, 47% das viagens dos portugueses são feitas
dentro das localidades. Tal significa que quase metade das deslocações de
automóvel podem perfeitamente ser asseguradas por modelos citadinos, de
preferência, com motores de máxima eficiência, com baixos consumos e
emissões.
• A escolha de um carro pode ser influenciada por vários fatores que têm que
ver, no fundo, com as preferências de cada um, como a marca, a potência, o
tamanho, a segurança e o design. Contudo, antes de comprar, o mais impor-
tante é perceber quais são as suas necessidades reais.
198
A Poupe nas deslocações
ATENÇÃO!
Antes de comprar um carro,
informe-se sobre o consumo e
as emissões de dióxido de car-
bono anunciados. Opte por um
modelo com emissões de dió-
xido de carbono até 95 gramas
por quilómetro.
SABIA QUE…?
A escolha do carro influencia o impacto que a sua condução terá sobre o ambiente.
A cilindrada e a potência do motor, o peso e a aerodinâmica, o tipo de combustível,
o tipo de tração e a caixa de velocidades (manual ou automática) são alguns elementos
que podem influenciar os consumos de combustível e as emissões de dióxido de carbono.
Compare sempre os consumos e as emissões dos modelos: em www.deco.proteste.pt/
auto/automoveis e em www.greenncap.com, encontrará ferramentas online que poderão
ajudá-lo a acertar na compra.
199
A Consumo ecológico
• Evite “puxar” pelo motor (veja a tabela das rotações do motor na página 202).
Meta as mudanças no momento certo. Contudo, nas subidas íngremes (de
montanha, por exemplo), procure que as rotações do motor sejam sufici-
entemente elevadas para obter uma boa força de tração (mais vale passar
atempadamente para a mudança anterior antes das curvas). Por outro lado,
também não convém conduzir com as rotações demasiado baixas, sob pena
de o motor falhar ou sofrer um desgaste prematuro. Aliás, ao contrário do
que se possa pensar, uma mudança demasiado baixa aumenta os consumos:
uma pequena aceleração requer um grande esforço! Por esse motivo, tam-
bém não é aconselhável submeter um motor frio a um regime elevado.
• Desligue o motor se prevê que vai ficar parado mais de um minuto (por
exemplo, numa passagem de nível, num engarrafamento, etc.). Muitos car-
ros vêm já equipados com o sistema “start and stop”, que faz isto automati-
camente. Deixar o carro em ponto morto, com o motor a trabalhar, consome
meio litro de combustível por hora. Um motor au ralenti consome, em três
minutos, mais ou menos o mesmo que um carro que percorra um quilóme-
tro a 50 quilómetros por hora!
200
A Poupe nas deslocações
Verifique
sazonalmente a
pressão dos pneus:
uma pressão O filtro de partículas reduz até
insuficiente aumenta 98% as partículas emitidas.
o consumo de
combustível.
Na autoestrada, adote uma Limite, se possível, o uso do Use a ventilação mecânica para
velocidade razoável: por ar condicionado, já que este refrescar o ambiente em vez de
exemplo, 110 km/h, em faz aumentar o consumo de abrir as janelas. Com os vidros
vez de 130 km/h, permite combustível. Se usar, evite abertos, a mais de 100 km/h,
consumir aproximadamente regular a temperatura para o consumo de gasolina
menos 20% de combustível, níveis excessivamente baixos aumenta em cerca de 5%. Para
sem perder muito tempo. (mais vale 22°C do que 18°C). aquecer, prefira o aquecimento
Antes de ligar, areje o carro. direto a partir do calor do
O computador de bordo motor ao ar condicionado.
indica-lhe os consumos
instantâneos em tempo real e
os consumos médios desde o
último reset. Ajuda a perceber
o efeito do tipo de condução.
201
A Consumo ecológico
VELOCIDADE ESTÁVEL
AO LONGO DA CONDUÇÃO
Veículo motorizado Rotações por minuto
A gasolina 2500
A diesel 2000
Os acessórios
• Utilize o computador de bordo para vigiar e adaptar os seus consumos
durante o trajeto, de forma a obter uma média baixa. Se o seu carro não
dispuser deste tipo de equipamento, preste atenção ao indicador de veloci-
dade e das rotações do motor (tendo em conta o quadro acima). Se mudar
de carro, procure escolher um modelo equipado com computador de bordo.
202
A Poupe nas deslocações
SABIA QUE…?
Todos os carros a gasóleo fabricados a partir de 2009 são obrigados a ter um filtro de
partículas. A norma Euro 5 é aplicável desde 1 de setembro de 2009 no que diz respeito
à homologação e desde 1 de janeiro de 2011 no que diz respeito à matrícula e à venda de
novos veículos.
203
A Consumo ecológico
A manutenção
Fazer as revisões mecânicas do carro regularmente é essencial. Consulte o
manual do carro para saber qual a periodicidade com que deve levá-las a
cabo.
Verifique sazonalmente a
pressão dos pneus, de acordo
com o manual do carro. Uma
pressão incorreta compromete
a segurança na estrada,
aumenta o consumo de
combustível e o desgaste
dos pneus.
SABIA QUE…?
Problemas nos injetores, nas velas ou nos filtros de ar podem aumentar o consumo em 50%.
204
A Poupe nas deslocações
Os transportes públicos
Em 2018, o transporte público de passageiros manteve a tendência de
aumento já registada em anos anteriores. Contudo, este aumento deve-se,
essencialmente, ao transporte aéreo, que cresceu significativamente (veja
a tabela abaixo).
169,2 milhões de passageiros, +4,7% face ao ano anterior (depois de +5,4% em 2017 e +7% em 2016).
O metro do Porto transportou 62,7 milhões de passageiros em 2018 (+3,4%, após +4,5% em 2017).
O metro Sul do Tejo assegurou o transporte de 12,3 milhões de passageiros (+3,4%, após +3,6% em 2017).
205
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Um carro ocupa sete vezes mais espaço (de estacionamento, por exemplo) por passageiro
do que um autocarro.
206
A Poupe nas deslocações
1
1. Grande concentração
de passageiros e cargas
Aumenta o tráfego nas 3
imediações do aeroporto e a 2
produção de resíduos.
2. Produção de resíduos
Limpeza dos aviões e das
instalações aeroportuárias;
manutenção dos
equipamentos com
substâncias químicas, tais
EMISSÕES DE C02 PARA UMA
como anticongelantes. VIAGEM DE IDA E VOLTA DE CERCA
3. Emissão de poluentes DE 2000 KM NA EUROPA
Sobretudo na descolagem Meio de
e na aterragem. Emissões
transporte
4. Ruído Avião 240 a 300
Resultante dos motores das Carro 200 a 440
aeronaves e das unidades
auxiliares de energia. Comboio 160
Valores em quilos de CO2-equivalente
207
A Consumo ecológico
SABIA QUE…?
Uma viagem de ida e volta entre Lisboa e Nova Iorque gera sensivelmente a mesma quan-
tidade de emissões de dióxido de carbono que o aquecimento da casa de um cidadão
europeu num ano.
208
A Poupe nas deslocações
209
A Consumo ecológico
GPL (gás Resulta de uma mistura de gás propano A instalação desta tecnologia ainda é
de petróleo e butano e é tão seguro quanto os limitada e não está disponível para todas
liquefeito) restantes combustíveis, desde que o as versões.
sistema de combustão seja montado de Nem todas as bombas abastecem GPL.
origem ou por instaladores devidamente Estes carros produzem mais monóxido
credenciados. de carbono e consomem mais 30% de
O preço por litro do GPL torna-o muito combustível face aos motores a gasolina,
competitivo face ao gasóleo e à gasolina. por o GPL ter um poder calorífico inferior
É um pouco menos poluente do que ao dos combustíveis tradicionais.
os motores a gasolina em emissões Em alguns parques subterrâneos,
de dióxido de carbono e não produz continua a não ser permitido estacionar
partículas. estes carros.
Elétrico São carros muito silenciosos, dada a Preços elevados e poucos modelos
ausência do motor de combustão. disponíveis, embora a oferta esteja
Estão isentos de impostos (ISV e IUC). a aumentar, com alguns modelos já
Funcionam apenas a eletricidade. disponíveis a preços mais acessíveis.
Se esta for produzida com uma grande Autonomia reduzida nalguns modelos,
contribuição de energias renováveis, embora haja cada vez mais opções
pode considerar-se o carro elétrico a com autonomias que rondam os
tecnologia mais limpa. Poupam no 400 quilómetros.
combustível e na manutenção.
210
A Poupe nas deslocações
ATENÇÃO!
No contexto da pandemia da covid-19, o uso do automóvel em detrimento dos transportes
públicos é recomendado para reduzir o risco de contágio. Existem, contudo, alternativas
mais sustentáveis. Devemos procurar ser criativos na mobilidade. Quem está em teletraba-
lho, por exemplo, pode fazer compras no bairro para reduzir as deslocações de carro. Usar
a bicicleta e andar mais a pé também são opções mais ecológicas e saudáveis. Enquanto
o risco de contágio existir, as soluções como o car sharing são pouco aconselháveis. Se não
tiver alternativa, respeite as medidas de segurança. Use máscara, higienize as mãos e cum-
pra a lotação do veículo autorizada. Ultrapassada esta crise, devemos voltar a promover
em força o uso dos transportes públicos e a partilha de veículos privados.
211
A Consumo ecológico
• Não se esqueça ainda de adotar uma condução mais ecológica, com menos
acelerações, travagens bruscas e manobras intempestivas (leia os nossos
conselhos sobre ecocondução a partir da página 200) e não descure a manu-
tenção (veja a página 204).
SABIA QUE…?
Os serviços de bike sharing, scooter sharing e car sharing são cada vez mais populares e
podem ser geridos facilmente através de aplicações no seu smartphone. Caso precise
mesmo de utilizar o carro, procure otimizar a viagem, partilhando-a com outros passa-
geiros ou recorrendo às plataformas de car sharing. Para mais informações sobre estes
serviços e outras soluções de mobilidade para além do carro, consulte também o portal
Mais Mobilidade da DECO PROTESTE em www.deco.proteste.pt/mobilidade.
212
Índice remissivo
Consumo ecológico
A
Acordo de Paris..................................... 11, 12 Alimentação sustentável................. 30, 38-54
Agência Portuguesa Alimentos
do Ambiente (APA)............... 23, 60, 61, 63, biológicos ........... Veja Agricultura biológica
. 73-74, 92, 103, 106, 191 carne ...............................................50-52
Agricultura cereais................................................... 53
biológica/orgânica.....24, 29, 36, 48-50, 52 como arrumar....................................... 42
fertilizantes......................48-52, 62, 79, 94 como conservar/congelar..................41-43,
intensiva .........................10, 14, 38, 39-40, . 133-135, 141
. 50-51, 61, 100, 124, 128, 192, 193 como cozinhar........................ 141-142, 144
Água embalagens e sacos para.............69, 70-72
com calcário............................27, 104, 120 fruta, legumes e leguminosas..... 44-49, 53
com cloro.......................................69, 104 impacto ambiental dos.............. 39-40, 48,
com compostos organoclorados.... 104, 105 . 50, 51, 52
como poupar...................... 30, 57, 85, 101, onde comprar................................... 47-49
. 103, 107-117, 136-137, 139-140 origem dos..................................44-47, 48
como reutilizar a..............................117-119 peixe.................................. 30, 42, 52, 193
da torneira .................... 39, 102, 103, 104, prazo de validade dos.................. 41, 42, 43
. 105-107, 111 processados ..................................... 53-54
dispositivos economizadores de.......108-114 reduzir desperdícios de................ 41-43, 121
engarrafada........................... 103, 106, 111 sobras de......................................... 43, 94
escassez de.............................. 10, 100, 101 Alterações climáticas..................10-11, 14, 38,
filtros de...............................................107 . 48, 124
fugas de..........................................115-116 Alumínio.......................................10, 69, 167
gastos de .................. 38, 39, 47, 50, 51, 64, Amianto............................................. 161-162
. 67, 71, 100, 101, 149 Andar a pé.............14-15, 56, 70, 191, 196, 211
para consumo doméstico ............. 101-102 Animais (em risco).................... 10, 36, 49, 57
preço da...........................64, 101, 104, 107 Aquecedores elétricos ....................... 121, 164
sabor, cor e cheiro da.............. 69, 104, 105 Aquecimento
tratamento da........................90, 101, 104, da casa.......... Veja Sistema de aquecimento
. 105, 107, 109 global do planeta......10-11, 13, 101, 124, 189
Águas Ar condicionado..................................171-173
das fontes públicas......................... 105-106 Arca congeladora ..............................134-135
furo privado para captação de.............. 106 Arejar a casa............................... 27, 156, 159
pluviais.............................. 113, 117-119, 120 Arquitetura bioclimática .....................156-157
poluição das......... 24, 26, 61, 67, 69, 74, 76, Artigos em segunda mão........... Veja Comprar
. 90, 92, 109, 120 em segunda mão
quentes sanitárias.......... 105, 129, 150, 165, Árvores ...........37, 80, 94-97, 116, 155, 156-157
. 166-167, 174-185 Associações de apoio social.............23, 76, 82,
residuais cinzentas................... 118-119, 153 . 89, 90
residuais domésticas............................. 117 Aterros sanitários....... 14, 19, 60-65, 67, 92-94
Alergias.............................. 24, 33, 34, 35, 36 Autocarro.......55, 191, 195, 197, 206, 208, 212
214
Índice remissivo
215
Consumo ecológico
216
Índice remissivo
Férias.....................................54-57, 195, 208 Higiene pessoal ............25, 33-37, 87, 102, 111
Veja também Turismo sustentável Humidade ...................138, 156, 158-160, 162
Fertilizantes agrícolas............. 39, 40, 48, 50,
. 52, 62, 94, 117 I
Fibrocimento ............................ Veja Amianto Iluminação ................... 126, 127, 129, 147-149
Forno elétrico................................ 27, 141-142 Impacto ambiental
Fraldas...........................................64, 67, 86 das embalagens.....................................71
Frascos e boiões.....35, 63, 68, 80, 82, 84, 85 do fabrico dos produtos.......................... 22
Veja também Ecoponto verde dos aeroportos.................................... 207
Frestas na parede...................... 154, 158, 159 do hipermercado ..................................48
Frigorífico............................. 21, 27, 41-42, 77, Impacto dos poluentes na saúde .........10, 24,
. 126, 133-135, 141, 144 . 27, 29, 31, 34, 75, 124,
Fruta e legumes ................. 19, 41, 42, 44-47, . 130, 161, 189-192
. 52, 93-94 Incinerar................................. 19, 62, 64, 65,
Fuligem............................................171, 207 . 67, 91, 93, 94
Indústria
G alimentar ................................36, 53, 100
Garrafa..............................21, 63, 66, 70, 72, automóvel ................................... 195, 199
. 80, 84, 87, 103-104, 107, 111 fabrico de produtos .................... 14, 37, 61,
Gás....................... 13, 125, 128, 130, 143, 163, . 100, 101, 120, 124,
. 165, 166, 176, 177-184 . 128, 192-193
Gases hoteleira .......................................... 54-55
com efeito de estufa (GEE) .......... 10-14, 36, Inércia térmica ....................................... 160
. 38, 44, 47, 48, 51-54, 64, Inseticidas e outros biocidas...... 28, 33, 82, 91
. 86, 92, 124, 128, 130, Intoxicação........................................177, 179
. 149, 188, 191-194, 195, Isolamento
. 197, 206, 209 acústico ........................................ 154-155
poluentes.........11-14, 24-34, 44, 47, 48, 55, da canalização...................................... 175
. 76, 84, 124, 149, 190, 192, e arquitetura bioclimática...............156-157
. 197, 199, 204, materiais de...................................160-161
. 207-208, 211 térmico da casa............................. 154-159
refrigerantes......................................... 174
Gestão de resíduos ...............Veja Tratamento J
de águas e resíduos Janelas............................... 30, 131, 155, 156,
Granel ......................... Veja Comprar a granel . 158-159, 162, 172
Green Deal.........Veja Pacto Ecológico Europeu Jardins......................... 43, 62, 68, 82, 93-97,
Greenwashing................................ 25, 29, 36 . 116-117, 119
Guardanapos e lenços de papel............64, 86 Jarro filtrante..................................... 69, 107
H L
Habitat..................................... 11, 39, 57, 188 Lâmpadas ............................ Veja Iluminação
Hidrogénio...............................................128 Latas.............................................. 63, 67, 87
217
Consumo ecológico
218
Índice remissivo
Produtos químicos............ 24, 48, 68, 82, 120 Sensor de temperatura exterior................169
Protocolo de Quioto................................... 11 Separação do lixo.......................Veja Triagem
Publicidade ........................... 36, 56, 73, 198 Símbolos ecológicos.......25, 28, 29-32, 37, 57
Sistema
Q de aquecimento ............................. 163-171
Quilowatt (kW)....................125-126, 130, 137, de produção de águas
. 146, 163, 181 quentes sanitárias (AQS) ................174-185
de ventilação mecânica ........................159
R solar térmico.................... 166-167, 182-184
Radiografias ........................................82, 91 Smog...................................................... 190
Reciclar........................66-67, 70-71, 76, 77-91 Sol (luz solar)........................12, 156, 171, 190
Recolha seletiva..........................Veja Triagem Solventes.............................................27, 68
Recuperação de energia............19, 62, 67, 82 Sombreamento........................................156
Recuperar.................. 43, 66, 70, 94, 115, 117, Standby ................................. 15, 127, 145-147
. 141, 153, 167 Sustentabilidade
Refrescar a casa .......................... 162, 171-172 conceito........................................... 10, 14
Rega (sistemas de) ..................... 109, 115-119 dos cosméticos e dos
Reparar ............ 23, 66, 113, 116, 161, 174, 204 produtos de higiene...........................33-37
Resíduos produzidos em Portugal dos edifícios................................... 150-153
por habitante e por dia...........................61 dos produtos de limpeza................... 26-28
por tipo.................................................63 e mobilidade..................189, 196, 208, 211
Resíduos e símbolos ecológicos..................29-32, 37
biodegradáveis..........28, 29, 33-34, 47, 60, Veja também Publicidade
. 62, 92-94 na alimentação ............... 38-40, 44, 47, 52
de equipamentos elétricos no turismo ....................................... 54-57
e eletrónicos (REEE)...........31, 63, 67, 80-83
do jardim (verdes)..................63, 82, 91-94 T
orgânicos.................. 19, 60, 63, 80, 92-94 Tachos................................. 64, 88, 140, 144
perigosos......... 63, 80, 86, 88, 89, 120, 162 Talheres........................................ 64, 70, 88
Resistência ao fogo.................................. 160 Taxas municipais................................. 64, 65
Ruído....................................15, 48, 132, 136, Telemóveis.............21, 22, 23, 63, 81, 88, 146
.154-155, 181, 188, Televisão e equipamento
. 189, 206, 207 eletrónico.......................5, 21, 22, 30, 63, 83,
. 142-143, 146
S Telhado.......... 118, 119, 155, 156, 158, 160, 172
Sacos Temporizador.................................... 127, 183
alternativas................................ 68, 69-70 Termoacumulador elétrico...........175-179, 183
biodegradáveis................................ 60, 62 Termossifão..............................................182
com rodas............................................. 70 Termóstato.................................169, 170, 178
de papel................................................ 70 Tetos ...................................127, 147, 155, 172
de plástico................................... 68-71, 86 Tetra Pak (embalagens)............ Veja Ecoponto
reciclagem.................................. 21, 86-88 amarelo
reutilizáveis....................................... 70, 71 Tinteiros e toners....................... 63, 76, 81, 91
219
Consumo ecológico
Toalhas de mesa........................................68 U
Toalhetes húmidos........................ 34, 68, 86 União Europeia.................. 12, 36, 49, 55-56,
Torneiras...........................15, 30, 102, 107-111 . 60, 65, 124, 143, 191,
Torradeira...................... 63, 76, 125, 126, 143 . 193, 194, 195
Tráfego Urbanismo......................... 195, 206, 211, 212
rodoviário....................... 48, 188, 189, 190, Usar e deitar fora ..................Veja Descartável
. 191, 192, 207
aéreo...................... 55, 192, 193, 205, 207 V
Transporte de mercadorias....44, 55, 188, 189 Valorização dos resíduos...........65, 67, 72, 79,
Transportes públicos ........................205-206 . 82, 86, 90, 92
Tratamento de águas Válvulas termostáticas.......................169, 170
e resíduos .................................... 62, 63, 65, Vaso de expansão.............................. 167, 168
.89, 91, 103, 109 Vegetação...........................................15, 172
Triagem................ 31, 67, 71-72, 77-79, 80-84, Ventilação........ 151, 155, 158, 159, 171-172, 177
. 85-87, 93, 103 Ventiloconvetor................................. 166-169
Turismo sustentável ............................. 54-57 Vidro e vidrão.................. Veja Ecoponto verde
Veja também Férias Vidros duplos ou triplos.................... 156, 158
220
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221
222
Quer um mundo
mais sustentável?
Melhores escolhas e atitudes levam
a que, juntos, possamos contribuir
para que a humanidade continue a ter
futuro neste planeta. Veja os nossos
conselhos para o ajudar no processo.
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