Você está na página 1de 223

E-

BO
O
K

POUPAR O AMBIENTE
E A CARTEIRA
INSTRUÇÕES DE NAVEGAÇÃO

ÍNDICE GERAL

A ÍNDICE REMISSIVO

VER A PÁGINA VER A PÁGINA


ANTERIOR SEGUINTE
CONSUMO ECOLÓGICO
Poupar o ambiente e a carteira

Título do original: Consommation et Environnement — Des gestes simples


pour sauver la planète
© 2007 Association des Consommateurs Test-Achats, S.C.

Revisão técnica: Bárbara Matos


Colaboraram nesta edição: Alexandre Marvão, Ana Almeida, António Alves,
Dulce Ricardo, Elsa Agante, Fábio Aparício, Ricardo Pereira, Rui Marques,
Sílvia Menezes, Sofia Mendonça, Susana Santos e Teresa Belchior
Capa: Nuno Semedo
Projeto gráfico: Alexandra Lemos
Paginação: Isabel Espírito Santo
Ilustrações e infografias: Anyforms Design (págs. 12, 75, 80-83, 110, 119,
156-157), Centimetri (págs. 48 e 207), Isabel Espírito Santo (págs. 39, 52,
61, 63, 78, 102, 103, 150, 192 e 193) e Euroconsumers (as restantes)
Fotografias (incluindo capa): iStock
Redação: Alda Mota e Cécile Rodrigues
Coordenação editorial desta edição: Cécile Rodrigues
Formato digital: Cécile Rodrigues e Isabel Espírito Santo

Diretora e editora de publicações: Cláudia Maia


Coordenador dos guias práticos: João Mendes

© 2013-2020 DECO PROTESTE, Editores, Lda.


Todos os direitos reservados por:
DECO PROTESTE, Editores, Lda.
Av. Eng. Arantes e Oliveira, 13
1900-221 LISBOA Tel. 218 410 800
Correio eletrónico: guias@deco.proteste.pt

1.ª edição: maio de 2013


2.ª edição (revista e atualizada): dezembro de 2020
Versão digital: dezembro de 2020
Esta edição não contempla alterações
posteriores a novembro de 2020

Depósito legal n.º 476816/20


ISBN 978-989-737-139-4

Impressão: AGIR
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-458 CAMARATE

Esta edição respeita as normas


do Acordo Ortográfico de 1990.

Esta publicação, no seu todo ou em parte,


não pode ser reproduzida nem transmitida
por qualquer forma ou processo, eletrónico,
mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia,
xerocópia ou gravação, sem autorização prévia
e escrita da editora.

deco.proteste.pt/guiaspraticos
POUPAR O AMBIENTE
E A CARTEIRA

EDIÇÕES DECO PROTESTE


A

Prefácio
Consumir não implica necessariamente comprar. Todos os dias consumimos
alguma coisa, em casa e nas nossas atividades quotidianas: na energia que
usamos para iluminar ou aquecer o lar, no combustível dos meios de trans­porte
em que nos deslocamos, na água que bebemos ou que gastamos na cozinha,
na higiene e nas limpezas, nos materiais que adquirimos e que acabam no
lixo. Certo é que determinadas decisões (e hábitos) podem aumentar ou dimi­
nuir a nossa “pegada ecológica” — expressão utilizada para referir o impacto
sobre o ambiente — e isso também se reflete na carteira.

Este guia está dividido em cinco capítulos. No primeiro, abordamos o impacto


ambiental das compras. Refletimos sobre os alimentos, os produtos de limpeza
e de higiene pessoal disponíveis e damos sugestões para fazer boas opções,
mais amigas do ambiente. Abordamos ainda o turismo sustentável, com os
cuidados que devemos ter quando vamos de férias.

No segundo capítulo, ficará desde logo claro que resíduos nem sempre são
lixo. Muitos materiais podem, na verdade, ser reutilizados no fabrico de novos
produtos. Para que tal seja possível, é importante contribuir para a reciclagem,
e ensinamos a reutilizar os materiais e a reduzir o volume de resíduos em casa.

A água é o tema a que dedicamos o terceiro capítulo. Além de abordarmos o


consumo e a qualidade da água em Portugal, apresentamos várias sugestões
que podem ajudar a poupar água na casa de banho, na cozinha e no jardim.

O quarto capítulo mostra que é possível poupar energia em casa sem pôr
em causa o conforto. Ajudamos a escolher os aparelhos mais eficientes e a
poupar na sua utilização, e passamos em revista os sistemas de climatização e
de aquecimento da água, além de fornecermos informação para a construção
e a renovação da casa, de modo a torná-la mais eficiente.

O último capítulo foca um conjunto de medidas no setor da mobilidade que


podem ser benéficas tanto para nós como para o ambiente, sem com isso
abdicarmos da nossa liberdade de movimento. Damos especial destaque ao
automóvel, com conselhos sobre como escolher um modelo eficiente, usá-lo
de forma racional e adotar um estilo de condução mais ecológica.

Em suma, este guia mostra que todos podemos e devemos contribuir para a
sustentabilidade dos recursos naturais e dos ecossistemas. E também que é
fácil fazer economias ao mesmo tempo que protegemos o ambiente.
A
A

Índice
Prefácio 5 Evite os alimentos processados 53

INTRODUÇÃO Aposte no turismo sustentável 54


A importância de ser Para chegar ao destino 55
um consumidor sustentável Boas práticas para minimizar
o impacto 56
As emissões poluentes 11
Efeito de estufa 12 CAPÍTULO 2
Principais gases poluentes 13 Nem tudo é lixo

Soluções ao nosso alcance 14 O circuito dos resíduos 61


Lixo, não: matéria-prima… 63
CAPÍTULO 1 Poluidor-pagador 64
Poupe nas compras
O que fazer? 65
Modere o impulso 18 Reduzir 67
Resista à tentação 18 Reutilizar 75
Prefira produtos reciclados 21 Reciclar 77
Tente reparar ou alugue 21 A compostagem 92
Roupa com menor impacto ambiental 23
CAPÍTULO 3
Compre produtos mais “limpos” 25 Poupe água
A rotulagem ecológica 25
Reduza os poluentes nas limpezas 26 O consumo de água em Portugal 101
Cuide de si respeitando o ambiente 33 Muitos desperdícios de água em casa 102

Como ser sustentável à mesa? 38 Técnicas para poupar 103


O impacto das nossas escolhas 39 Beba água da torneira 103
Reduza os desperdícios 41 Na casa de banho 107
Aproveite as sobras 43 Na cozinha 113
Escolha produtos da época 44 No jardim 116
Prefira produtos locais 44 Reutilizar a água 117
Faça compras no bairro 47
Produtos biológicos? 48 Evitar a contaminação 120
Reduza o consumo de carne 50
Mais fruta, legumes e cereais 53 Outras formas de poupar água 121
A

CAPÍTULO 4 O amianto 161


Poupe energia
sem perder conforto Climatização da casa 162
Os sistemas de aquecimento 163
Onde param os consumos Aquecimento central:
de energia? 125 que sistema escolher? 166
O consumo dos eletrodomésticos 125 Ar condicionado 171
Energias alternativas 128
Tornar a casa eficiente 129 Sistemas de produção
de água quente 174
Poupe com os eletrodomésticos 130 Instantâneo ou não? 175
Nova etiqueta energética 131 Que energia escolher? 176
Frigorífico 133 Que sistema lhe convém? 177
Arca congeladora 134
Máquinas para a roupa 135 CAPÍTULO 5
Máquina de lavar loiça 139 Poupe nas deslocações
Forno elétrico 141
Televisão e equipamento audiovisual 142 Transportes:
Dicas para poupar na cozinha 143 benefício ou ameaça? 188
Em busca dos consumos escondidos 145 A deterioração da qualidade do ar 189
O combustível 193
A iluminação 147
O impacto das suas escolhas 195
A construção 149 O carro 197
A certificação energética dos edifícios 150 Os transportes públicos 205
Construção sustentável: o que é? 152 O avião: uma necessidade? 206
Tecnologias mais eficientes 208
O isolamento 154
Também protege do ruído 154 Como reduzir as deslocações? 211
Regras para um bom isolamento 158
A escolha dos materiais 160 Índice remissivo 213
A

Introdução

A importância de
ser um consumidor
sustentável
A

O aquecimento global e as consequentes alterações climáticas têm vindo


a ser identificados como uma das maiores ameaças ambientais, sociais e
económicas que o planeta e a humanidade enfrentam.

Um pouco por todo o lado, os episódios climáticos extremos repetem-se,


provocando incêndios ou inundações devastadoras. Os glaciares estão a
derreter desde meados dos anos 80 do século passado, o que faz subir o
nível da água dos oceanos. Além disso, repetem-se as ondas de calor e o
risco acrescido de inundações no inverno e de seca no verão, a que temos
vindo a assistir no mundo e também em Portugal nas últimas décadas.

E o impacto não fica por aqui. Há ainda a destacar a erosão de zonas costei-
ras, o potencial aumento da salinidade dos aquíferos, a alteração profunda
da humidade dos solos (incluindo das terras cultiváveis) e até a extinção
de espécies animais e vegetais, aliada a deslocações maciças da população.
A estes factos podemos acrescentar outros, apresentados pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), cujo prognóstico aponta para o perigo da chegada
de doenças como a malária e a dengue ao Sul da Europa.

Cientistas e climatologistas de todo o mundo têm-se debruçado sobre as


causas e as consequências destas mudanças. As conclusões são evidentes:
os processos biológicos, atmosféricos ou geológicos, tais como os gases
emitidos pelos vulcões e pelos processos agrícolas, são fenómenos naturais
que têm contribuído para o efeito de estufa.

Mas as emissões excessivas resultantes das atividades humanas têm tam-


bém um impacto considerável no clima, na produtividade dos campos e na
saúde de todos os seres vivos. Aliás, todas as matérias-primas necessárias
à produção dos objetos que nos rodeiam (aço, alumínio, cimento, plástico,
etc.) geram emissões de gases com efeito de estufa responsáveis pelas alte-
rações climáticas.

Para inverter esta situação, é urgente apostar em medidas de desenvolvi-


mento sustentáveis, ou seja, que visem um equilíbrio entre as vertentes
sociais, económicas e ambientais.

Note que “sustentabilidade” significa a capacidade de as gerações pre-


sentes satisfazerem as suas próprias necessidades, sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras satisfazerem as suas. Não é uma missão
impossível, mas implica uma tomada de consciência e um considerável
esforço coletivo.

10
A

As emissões poluentes
Depois do Protocolo de Quioto (em 1995), que consistiu num primeiro com-
promisso global com a missão de "travar" as alterações climáticas ao nível
planetário, surgiu, em 2015, o Acordo de Paris. Este acordo veio fortalecer
a resposta global à ameaça das alterações climáticas: visa limitar o aumento
da temperatura média global a níveis abaixo dos 2ºC acima dos níveis pré-
-industriais e prosseguir esforços para limitar o aumento da temperatura a
1,5 graus Celsius. Para atingir estas metas, o Acordo de Paris definiu medidas
para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

PEGADA ECOLÓGICA
Não existe um método universal, nem uma unidade de medida globalmente reconhecida,
para o cálculo do impacto que temos no meio que nos rodeia. Daí que se use o conceito de
“pegada ecológica” para referir o efeito das nossas opções de consumo sobre o ambiente.
Por exemplo, ao comprar um produto ou ao contratar um serviço, pode medir-se o seu
impacto ambiental em termos de superfície requerida, de energia ou de água consumidas
para a sua produção, de quantidade de emissões nocivas que provocou ou até do número
de dias em que é encurtada a vida de determinadas espécies.
Naturalmente, a pegada ecológica será satisfatória se a região ou o país tiver capacidade
para obter os recursos necessários (água, energia, materiais ou alimentos) e o espaço
adequado para assimilar os resíduos gerados (lixo, emissões de poluentes, etc.).
Tendo o uso do solo como referência, as estimativas das Nações Unidas mostram que
o nosso planeta perde anualmente uma superfície de terra fértil equivalente à área da
Irlanda, como resultado da sobreexploração do solo e da desflorestação. Os dados do
Fundo Mundial para a Natureza indicam que a pegada ecológica do cidadão médio no
mundo é de 2,5 hectares, o que representa 40% mais do que aquilo que a Terra consegue
gerir.

Porquê 1,5 graus Celsius? Estima-se que as atividades humanas tenham causado
cerca de 1°C de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais. Segundo
o último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas
(IPCC), que reúne peritos e emite relatórios regularmente sobre a matéria,
é provável que, mantendo-se o aumento ao nível atual, o aquecimento global
atinja 1,5°C entre 2030 e 2052. Este mesmo relatório deixa também claro que
um aumento de 1,5°C é, apesar de tudo, mais seguro do que de 2°C, já que,
neste último cenário, se preveem consequências mais devastadoras, que vão
desde a perda de habitats naturais e de espécies à descongelação de calotas

11
A

polares e à consequente subida do nível do mar. Estas consequências também


terão um grave impacto para a humanidade, incluindo para a saúde, para os
recursos de subsistência, para a segurança e para a economia. Segundo os
peritos do IPCC, é imperativo inverter esta tendência.

As emissões de CO2 representam cerca de 80% do total de gases com efeito


de estufa na União Europeia (UE). Para que Portugal atinja o objetivo definido
pelo Acordo de Paris até 2030, deverá reduzir entre 45% e 55% das emissões
de gases com efeito de estufa relativamente aos níveis de 2005, e 80% da
energia consumida deverá ter origem em energias renováveis.

Efeito de estufa
O planeta está rodeado por uma camada protetora constituída por vários
gases, a que chamamos atmosfera. Os raios de sol penetram nela, e a Terra
absorve uma parte, aquecendo, mas reflete outra parte para o espaço sob a
forma de energia térmica. Uma fração desta energia é absorvida por moléculas
de vapor de água, de dióxido de carbono, de metano e de óxidos de azoto,

O EFEITO DE ESTUFA
Parte da energia A superfície da
é devolvida ao Terra é aquecida
espaço pelo sol e devolve
calor ao espaço

A energia do Os gases com


sol atravessa efeito de estufa
a atmosfera retêm parte
desse calor

12
A

sendo por elas reemitida. Por sua vez, estes gases atuam como as cobertu-
ras de vidro de uma estufa (motivo pelo qual se chamam gases com efeito de
estufa), garantindo um equilíbrio térmico que mantém os valores adequados
para a evolução da vida.

A manutenção do efeito de estufa dentro dos limites adequados é garantida


pela absorção do dióxido de carbono por bosques e oceanos. Contudo, quando
os gases com efeito de estufa aumentam na atmosfera de forma anormal,
este processo natural de absorção fica saturado, o que gera um aumento da
temperatura média global. O maior problema é que o prazo em que se pro-
duzem estas alterações é demasiado curto para que os ecossistemas vivos e
o meio ambiente se possam adaptar de forma natural.

Principais gases poluentes


O aumento do efeito de estufa causado pelas atividades humanas é provocado
por alguns gases. Vejamos em detalhe quais são e como se caracterizam.

• O dióxido de carbono (CO2). Este é o gás que mais contribui para o efeito
de estufa, não tanto pelo seu potencial de aquecimento global, mas pela
gigantesca quantidade em que é emitido. É naturalmente produzido pela
respiração dos seres vivos e pela decomposição da matéria orgânica. Mas
as atividades humanas também produzem dióxido de carbono, através da
queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural) nos transportes,
no aquecimento, na produção de eletricidade, etc. A desflorestação também
contribui para este fenómeno, pois reduz a área capaz de assimilar este gás
(por isso chamada sumidouro de carbono).

• Os clorofluorcarbonetos (CFC). Estes gases foram, durante muito tempo, uti-


lizados em grande escala para vários tipos de aplicações (aerossóis, frigoríficos,
aparelhos de ar condicionado, espumas de isolamento, etc.). Atualmente, o
seu uso encontra-se restringido pelo Protocolo de Montreal, devido aos danos
que provocam na camada de ozono. Mas isso não resolve completamente o
problema, pois as moléculas de CFC que atingiram a atmosfera ao longo do
tempo mantêm-se ativas durante 60 a 120 anos. Por conseguinte, continuam
a contribuir para o efeito de estufa. Por não intervirem na camada de ozono,
os hidrofluorcarbonetos (HFC) vieram substituir os CFC e os HCFC (hidroclo-
rofluorcarbonetos). Mas sabe-se agora que também estes “amigos do ozono”
contribuem para o aquecimento global: as Nações Unidas já comunicaram,
aliás, que os HFC, cujo potencial de aquecimento global é 1600 vezes superior
ao do dióxido de carbono, são responsáveis por cerca de 20% das emissões

13
A

de gases com efeito de estufa, o que faz com que sejam particularmente
problemáticos ao nível das alterações climáticas.

• O metano (CH4). Este gás provém da decomposição de matéria orgânica em


ambientes pobres em oxigénio. Os arrozais, os pântanos, os aterros sanitários
e os sistemas de compostagem libertam metano, assim como o estrume e a
digestão do gado. Ao longo dos últimos séculos, verificou-se um aumento
considerável de metano, ao qual não é alheio o aumento do volume de resí-
duos domésticos e de certas práticas agrícolas.

• O óxido de azoto ou óxido nitroso (N2O). Os compostos de azoto emiti-


dos pela indústria, pelos transportes e pela agricultura são os responsáveis
pela crescente emissão de N2O, o terceiro gás com maior efeito de estufa na
atmosfera, a seguir ao dióxido de carbono e ao metano. Tudo indica que,
atualmente, o N2O emitido pelos solos florestais para a atmosfera é o dobro
do estimado anteriormente pelo Painel Intergovernamental para as Alterações
Climáticas (IPCC).

Soluções ao nosso alcance


Ao longo deste livro, enunciaremos um vasto conjunto de hábitos e medidas
que, implementados por todos, poderão contribuir consideravelmente para
reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
Na verdade, é possível reduzir o nosso impacto com alguns cuidados, nas
compras, na forma como usamos os equipamentos e a energia, nos nossos
hábitos alimentares e também na forma como nos deslocamos. Vejamos
algumas das opções propostas.

• Escolha produtos cujos fabricantes se esforcem em matéria de poluição,


de reciclagem, etc. Nas próximas páginas, descobrirá como identificá-los.

• Privilegie produtos frescos, da época e, quando disponíveis, oriundos da


produção local.

• Opte, no caso de bens de consumo, por produtos sustentáveis, cujo impacto


ambiental seja reduzido (seja pelo tipo de embalagem, seja por práticas que
respeitem o ambiente e a população local).

14
A

• Prefira as deslocações a pé ou de bicicleta para pequenas distâncias (um qui-


lómetro equivale a 10 ou 15 minutos a pé) ou utilize os transportes públicos.
Quando o carro for indispensável, tente organizar a sua rota de forma a poder
tratar de vários assuntos numa só viagem, e procure ter uma condução suave,
sem carregar no acelerador, nem puxar pelas mudanças.

• Procure refrescar ou aquecer a casa com algumas medidas que não custam
um tostão. Quando os equipamentos de climatização forem mesmo impres-
cindíveis, regule-os para uma temperatura moderada, de 20ºC no inverno
e 25ºC no verão.

• Desligue os aparelhos elétricos da tomada, sempre que não estiver a usá-los,


não os deixando em standby.

• Feche a água da torneira enquanto escova os dentes. Sempre que possível,


para a água quente, recorra a tecnologias limpas (que usem, por exemplo, a
energia solar) e instale redutores de caudal em todas as torneiras.

• Aumente ao máximo a vegetação em todos os locais onde possível: retém


parte das emissões de dióxido de carbono, ajuda a equilibrar as temperaturas
quentes no verão e ainda contribui para atenuar o ruído.

De acordo com Hubert Reeves (célebre especialista canadiano em ecologia),


“não existem soluções tecnológicas que resolvam todos os problemas gerados
pelo nosso modo de consumo. É preciso pôr as mãos na massa. Existem muitas
soluções alternativas, acessíveis e, graças aos gestos responsáveis de cada um,
cada vez mais eficazes”.

Na verdade, se cada um de nós fizer a sua parte, poderemos ter um efeito


benéfico sobre o planeta e, logo, nas nossas vidas. Não podemos continuar a
desculpar-nos com a ideia de que os nossos pequenos gestos no dia-a-dia não
passam de uma gota de água num oceano. O que são os grandes rios senão
um conjunto de pequenos cursos de água? Quanto maior for o número de
consumidores a assumirem as suas responsabilidades, mais evidente será o
resultado do esforço coletivo, para cada um e para o ambiente.

15
A
A

Capítulo 1

Poupe nas compras


A Consumo ecológico

É uma característica comum a todos os países desenvolvidos (e a muitos dos


que para lá caminham): vivemos numa sociedade de consumo, ou mesmo de
consumismo exacerbado. Ainda que muitas vezes tentemos, não podemos ficar
indiferentes aos anúncios de televisão e de rádio, nos jornais e nas revistas, nas
nossas caixas de correio e em outdoors espalhados pela cidade que nos incitam
a comprar, cada vez mais, um sem-número de produtos todos os dias e todos os
anos, mesmo quando os que possuímos ainda estão aptos a um uso funcional.

Além disso, as crescentes compras online tornaram-se um veículo de compra


rápida e, por vezes, impulsiva, acarretando “novos” impactos ao nível do con-
sumo de recursos, incluindo os relacionados com a quantidade de embalagens
necessárias para o transporte.

Neste capítulo, mostramos porque é tão importante pensar bem antes de com-
prar este ou aquele produto de olhos fechados. Além de economizar dinheiro,
poupa-se em recursos naturais. O ambiente agradece... e a carteira também.

Modere o impulso
Entre os produtos anunciados, as bugigangas que “não pode” deixar de ter e
todas as “novidades” que invadem as prateleiras das lojas, por vezes, torna-
-se difícil resistir a uma promoção ou ao último grito publicitário. Mas será
que precisa mesmo, ou quer mesmo, adquirir esses produtos? Não estará
a tornar-se “escravo” da sociedade de consumo, que cria novas necessida-
des artificialmente para o levar a comprar sem pensar? Qualquer que seja
a resposta, uma coisa é certa: muitos destes produtos são caros, e a sua
renovação frequente tem consequências evidentes a vários níveis, como, por
exemplo, a gestão de recursos naturais, o uso de substâncias perigosas ou
preocupantes e a produção excessiva de resíduos.

Resista à tentação
Nunca se sentiu tentado a comprar um produto em destaque numa pra-
teleira do supermercado, apesar de antes nunca lhe ter ocorrido precisar
dele? Pois é: por vezes, é difícil resistir ao apelo da promoção, da embalagem
ou ao puro prazer de comprar.

18
A Poupe nas compras

SABIA QUE…?
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO),
23,7 milhões de toneladas de alimentos são produzidos diariamente, em média,
e 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados ou perdidos por ano.
Neste contexto, se, conforme indicam as previsões, a população aumentar em cerca de
2 mil milhões de pessoas (um crescimento de 30%) até 2050, será necessário produzir
mais 60% de alimentos.
Por outro lado, a Comissão Europeia estima que mais de 50% do desperdício alimentar
(47 milhões de toneladas) na Europa provenha dos agregados familiares (consumo nas
nossas casas). É, por isso, essencial intervir no setor doméstico, onde o papel de cada con-
sumidor é determinante.

Resultado: ao longo de todo o ano, acabamos por comprar alimentos, bebi-


das e objetos que acabamos por não consumir nem utilizar. Alguns acabam
diretamente no lixo, por termos deixado passar o prazo ou por terem sido
mal conservados. Outros são simplesmente deitados fora naquela altura do
ano em que viramos a casa do avesso para as limpezas.

Tal significa que uma parte dos resíduos que produzimos é composta por
produtos que nunca utilizámos e que nunca consumimos. No nosso país,
cerca de 39% dos caixotes de lixo estão cheios de restos de comida (alimen-
tos estragados, sobras, etc.) ou de produtos fora de prazo. São os chama-
dos “biorresíduos” (sobre este assunto, veja o título A compostagem, na
página 92). Ora, se estes resíduos não forem usados para compostagem, vão
parar a aterros (muitos dos quais já estão, ou estão quase, esgotados) ou têm
de ser incinerados, sem que daí advenha qualquer benefício em termos de
recuperação de energia.

• Para evitar desperdícios, procure comprar apenas os produtos que vai real-
mente consumir e verifique sempre a data de validade, optando pelos que
tiverem o prazo mais alargado, sobretudo no caso dos produtos perecíveis.
Aprenda a quantificar as suas necessidades e as da sua família, de modo a
não ceder a tentações.

• O método mais eficaz para comprar apenas os bens necessários é redigir


uma lista antes de ir ao supermercado. Evitará gastos compulsivos em pro-
dutos de que, na realidade, não precisa, além de que poupará alguns euros
e reduzirá o seu impacto ambiental.

• Na altura de fazer a sua lista, verifique o que resta no frigorífico e nos armá-
rios e aquilo que falta. É natural que perca alguns minutos antes de sair de

19
A Consumo ecológico

casa, mas isso permitir-lhe-á gerir melhor as suas reservas e evitar gastar
dinheiro fazendo compras em duplicado! Se tiver tempo, vale também a
pena fazer uma ementa (semanal, por exemplo) e tentar organizar as suas
compras tendo em conta estas necessidades.

• Não se deixe enganar pela estratégia dos distribuidores, que, nas lojas,
espalham os produtos de primeira necessidade um pouco por todo o
lado, para expor o consumidor a uma série de tentações: concentre-se
na sua lista de compras e não se afaste dela, a não ser que considere que
determinado produto é mesmo necessário ou que aquela promoção vale
mesmo a pena.

IDEIA PARA POUPAR


Antes de sair de casa, faça uma lista do que precisa e restrinja-se a ela. Preste atenção à
validade dos produtos que adquire.

• Prefira fazer compras regularmente, a não ser que, para tal, tenha de
percorrer grandes distâncias de carro. Desta forma, evitará ter de fazer
previsões para as semanas seguintes e comprar mais do que precisa. Na
verdade, é difícil prever com exatidão aquilo que se irá consumir. Quanto
mais se compra, maior é o risco de desperdício. No caso dos bens não
perecíveis (como o papel higiénico e alguns detergentes), pode comprar
quantidades maiores (que originam menos resíduos de embalagem do
que as versões individuais ou de pequena capacidade), mas certifique-se
de que os utilizará no prazo indicado.

Resumindo, independentemente do tipo de produto, alimentar ou outro,


compre apenas o estritamente necessário. E faça-o em quantidades que
correspondam às suas necessidades reais e de curto prazo (para uma
semana, por exemplo).

ATENÇÃO!
Antes de comprar algo, questione-se sempre sobre se precisa realmente desse produto.
Evite o impulso de adquirir os objetos “da moda” ou produtos cuja eficácia seja duvidosa
e que são, muitas vezes, perfeitamente dispensáveis. Para se manter bem informado, veja
os testes apresentados regularmente nas revistas PROTESTE e TESTE SAÚDE e no nosso sítio
da internet (www.deco.proteste.pt).

20
A Poupe nas compras

Prefira produtos reciclados


Ainda que estes nem sempre sejam os mais baratos, se quiser ter um com-
portamento mais amigo do ambiente, procure privilegiar, quando for pos-
sível, a compra de produtos reciclados. Desta forma, evitará a utilização de
matérias-primas virgens, que, na maior parte dos casos, não são de origem
renovável. Esta escolha é particularmente importante nos produtos de curta
duração, como papel higiénico e artigos de limpeza, até porque não neces-
sitam de um elevado grau de branqueamento e, assim, têm uma pegada
ecológica bastante satisfatória (veja a página 11).

Na verdade, cada vez mais produtos são, parcial ou totalmente, fabricados a


partir de materiais reciclados, conforme poderá verificar na embalagem ou
no respetivo rótulo. Além do papel, muitos sacos de lixo são produzidos com
este tipo de materiais, e o mesmo acontece com diversos recipientes de vidro
(copos, garrafas, jarros, etc.) e com a grande maioria dos têxteis de poliéster.

Tente reparar ou alugue


Para saber se deve continuar a utilizar um determinado aparelho elétrico
ou eletrónico, ainda que entretanto exista já um modelo mais sofisticado
com melhor consumo energético, coloque as seguintes perguntas: o que é
pior para o ambiente? Fabricar um aparelho novo ou continuar a utilizar
um antigo? E para si: será que a troca compensa, do ponto de vista finan-
ceiro? Percebe a importância de apostar na durabilidade e na manutenção
dos aparelhos, por oposição a procurar sempre o "último grito”? A fase de
produção de alguns equipamentos, como é o caso dos eletrónicos, tem hoje
um impacto ambiental muito maior do que a da sua utilização. Computado-
res, televisores e telemóveis de última geração contêm metais preciosos e
raros na sua composição e necessitam, para serem produzidos, de requisitos
de elevada pureza. A respetiva extração e transformação tem um enorme
custo ambiental. Por isso, do ponto de vista ecológico, a melhor opção será
prolongar tanto quanto possível a utilização desse tipo de aparelho.

Já no caso dos produtos fabricados com matérias-primas mais básicas e cuja


utilização diária tem um impacto ambiental considerável (como é o caso
das máquinas de lavar loiça, de lavar e secar roupa, dos frigoríficos ou dos
fornos), deve ponderar a troca: além de consumirem muita eletricidade, as
máquinas de lavar com mais de dez anos tendem também a consumir muita
água. A sua utilização é frequentemente mais prejudicial para o ambiente

21
A Consumo ecológico

do que o conjunto das fases de fabrico, de transporte e de tratamento em


fim de vida! Nestes casos, a substituição de um aparelho antigo por um mais
eficiente tem evidentes vantagens ambientais e, muitas vezes, até mesmo
económicas (veja a ilustração abaixo).

Desde que se assegure uma boa manutenção dos aparelhos elétricos, das
máquinas, dos computadores, etc., é possível prolongar consideravelmente
o seu tempo de vida. Antes de os substituir por novos, informe-se sobre
a sua eficiência energética (veja o título Poupe com os eletrodomésticos, na
página 130) e tente saber, junto de um técnico, se não compensa repará-los.

IMPACTO AMBIENTAL DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO


1. Fabrico
A produção de telemóveis,
4. Fim de vida computadores e televisores de última
Reutilizar componentes que geração, por exemplo, implica a
ainda funcionam e colocar os extração e a transformação de metais
produtos no sítio certo para raros e preciosos, práticas que têm um
reciclagem reduz bastante o seu custo ambiental muito elevado.
impacto em fim de vida.

3. Utilização 2. Distribuição e transporte


A substituição de equipamentos com um A racionalização dos meios de
consumo elevado (algumas máquinas transporte é fundamental – um
de lavar e alguns frigoríficos, por avião ou um cargueiro que tenha
exemplo) por outros mais eficientes é sido fretado para transportar
benéfica para o ambiente e acaba por matérias-primas ou produtos
permitir fazer poupanças a médio prazo, acabados deve, sempre que possível,
sobretudo em termos de consumo de regressar ao país de origem com
eletricidade e de detergentes. outra carga.

22
A Poupe nas compras

• Há pequenos arranjos simples que evitam deitar fora equipamentos ainda


em bom estado. Verifique se consegue repará-los sozinho. No nosso site,
em www.deco.proteste.pt, pesquise “o que fazer antes de chamar o técnico”.
Encontrará algumas reparações ao alcance dos menos dotados, como limpar
o filtro e a borracha ou trocar a gaveta e o manípulo da sua máquina de lavar
roupa. Tenha, contudo, o cuidado de evitar reparações que possam compro-
meter a segurança elétrica, já que, além de poderem danificar os aparelhos,
também poderiam colocar os utilizadores em risco.

• Caso pretenda mesmo desfazer-se do equipamento, pense em recorrer a


organizações que aceitam aparelhos avariados e tentam repará-los para,
depois, os entregarem a organismos de apoio social. Em Portugal, por exem-
plo, poderá contactar o Banco de Bens Doados, que pertence à associação
Entreajuda (consulte o endereço www.bancodebensdoados.pt).

• No caso de equipamentos elétricos destinados a trabalhos de bricolagem ou


de jardinagem ou, ainda, de outros aparelhos que não tenha a intenção de
utilizar com muita frequência, considere a possibilidade de, em vez de os
comprar, os alugar ou pedir emprestados a um vizinho ou a um amigo.

SABIA QUE…?
A produção de telemóveis implica a extração e a transformação de metais raros e pre-
ciosos. Um milhão de telemóveis contém nove toneladas de cobre, 250 quilos de prata,
24 quilos de ouro e nove quilos de paládio.

Roupa com menor impacto ambiental


Embora não salte tanto à vista como, por exemplo, o fabrico de automó-
veis ou de computadores, a produção de vestuário tem um grande impacto
ambiental. O ritmo e a forma como a moda desafia a comprar roupas novas
é insustentável. A roupa que usamos e descartamos já é a quarta causa de
pressão sobre o ambiente, depois da alimentação, do alojamento e dos
transportes, representando uma pegada ecológica de 654 quilos de dióxido
de carbono equivalente, por cada cidadão da Europa.

Em Portugal, de acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente (dados de


2017), foram recolhidas cerca de 200 756 toneladas de têxteis nos resíduos
urbanos, o que representa cerca de 4% do total produzido em Portugal, que
é próximo de 4,75 milhões de toneladas.

23
A Consumo ecológico

Estima-se também que cerca de 20% da poluição da água tenha origem nos
processos de tinturaria e acabamento das peças, com consequências ao nível
da saúde dos trabalhadores e das comunidades locais.

O consumidor pode desempenhar um papel importante na redução do


impacto ambiental do vestuário no planeta, nomeadamente valorizando a
durabilidade da roupa como requisito de compra, rejeitando a “fast fashion”
e procurando prolongar a vida das roupas que já adquiriu. Tenha ainda em
atenção os aspetos que mencionamos a seguir.

SABIA QUE…?
Estima-se que cerca de 10% dos pesticidas usados na agricultura mundial sejam pulveriza-
dos nos campos de algodão.

• Verifique a origem do algodão das roupas que compra. Tal como a lã ou o


linho, trata-se de uma fibra natural. Contudo, muitas práticas aplicadas à
cultura intensiva de algodão, como a rega e o uso de pesticidas, tornam-na
numa atividade com grande impacto. A transformação do algodão, também
ela, constitui uma importante fonte de poluição. De facto, o tratamento dos
têxteis (branqueamento, coloração, lavagens, aditivos para determinados
acabamentos, etc.) gera uma série de poluentes, como cloro, formaldeído
e/ou metais pesados. Além disso, muitos destes produtos químicos podem
desencadear alergias e irritações na pele e no sistema respiratório. Alguns
são, até, potencialmente cancerígenos, afetam o sistema neurológico e
reprodutor ou são mutagénicos (podem interferir no sistema genético).

• Se optar por roupa de algodão, privilegie produtos com a etiqueta “Cotton


Bio” (veja o símbolo na página 31), garantia de que a peça em causa foi pro-
duzida com algodão biológico, ou seja, de que é proveniente de agricultura
biológica, correspondendo, portanto, aos mesmos critérios que se aplicam
aos legumes e à fruta biológica (veja também o título Produtos biológicos?,
na página 48).

• Se, por algum motivo, já não quiser usar uma determinada peça de roupa
que ainda esteja em boas condições, opte por doá-la, em vez de a deitar fora,
concretizando, assim, simultaneamente, dois objetivos: um social e outro
ambiental. Como referimos, o aluguer de peças de vestuário pode também
ser uma opção, sobretudo em ocasiões especiais, em que não se justifique
comprar roupa nova (exemplos: para uma cerimónia, uma saída à noite
ou para o Carnaval).

24
A Poupe nas compras

IDEIA PARA POUPAR


Se, por qualquer motivo, deixou de usar algumas peças de roupa, mas estas ainda estão
em bom estado, mande consertá-las. Muitas vezes, basta apertar uma saia que está dema-
siado larga, ou fazer pequenas modificações aqui ou ali, para dar uma nova vida a peças
que já não são do seu agrado. Em alternativa, pense em dar-lhes outro destino: uma T-shirt
de algodão, por exemplo, por muito desbotada que esteja, pode ser transformada num
pano muito eficaz para limpar o pó ou os vidros.

Compre produtos mais “limpos”


Ser um consumidor responsável é mais fácil do que parece e, muitas vezes,
pode ajudá-lo a poupar. Deixamos-lhe algumas dicas, não só para as compras
que faz, mas para a generalidade dos seus atos de consumo que incluem as
limpezas de casa e a escolha dos produtos de higiene pessoal.

A rotulagem ecológica
Para se certificar de que o produto que está a adquirir tem um bom desem-
penho ambiental, o consumidor pode guiar-se pelos símbolos ecológicos.
A rotulagem ecológica tem dois grandes objetivos: promover a produção e
a venda de produtos cujo impacto ambiental é menor e facilitar a sua fácil
identificação. Contudo, o consumidor deve ter consciência de que nem
todos os rótulos são 100% fiáveis e de que o facto de alguns produtos apre-
sentarem imagens alusivas à natureza não constitui necessariamente garan-
tia da sua sustentabilidade ambiental (veja as páginas 29 a 32).

Muitas alegações “verdes” correspondem, na realidade, a uma prática


conhecida como greenwashing (“lavagem verde”): a promoção, engana-
dora, de uma imagem amiga do ambiente para conquistar o consumi-
dor. Como forma de combater estas e demais alegações publicitárias,
foi criada a Associação da Auto-Regulação Publicitária (ARP). A auto-
-regulação publicitária constitui um compromisso voluntário adotado
pelas empresas e rege-se por um código de conduta assente nos prin-
cípios da legalidade, decência, honestidade e veracidade. Este código,
adaptado pela última vez em 2017, encontra-se disponível na página de
internet https://auto-regulacaopublicitaria.pt.

25
A Consumo ecológico

A nível de normas, e para tentar regular o aumento descontrolado de sím-


bolos e de declarações ambientais e evitar que as empresas os utilizem
como meio de promoção dos seus produtos, a Organização Internacional
de Normalização (International Organization for Standardization) elabo-
rou três sistemas de rotulagem ecológica, que apresentamos de seguida.

• Tipo I — Rótulos ecológicos certificados: programa voluntário de certifica-


ção, por uma entidade independente, que concede o rótulo ecológico aos
produtos que trazem vantagens ambientais face a outros concorrentes. O
Rótulo Ecológico Europeu é um exemplo deste tipo de certificação.

• Tipo II — Autodeclarações ambientais: refere-se às autodeclarações ambi-


entais que apelam a um aspeto do produto, de um componente ou da
embalagem. Não existe processo de certificação, e o fabricante é o único
responsável pelos fundamentos e pela exatidão das declarações.

• Tipo III — Declarações ambientais de produto (EPD): enquadra a decla-


ração ambiental sobre o produto com base num determinado indicador
(por exemplo, emissões de dióxido de carbono). Ao contrário do Tipo I,
além de não ser certificado, o resultado da informação não permite com-
parar artigos da mesma família — é como se de uma informação nutricio-
nal se tratasse, por exemplo.

Reduza os poluentes nas limpezas


• Os detergentes para lavar a loiça e para a roupa são indispensáveis no nosso
lar. No entanto, e porque são usados diariamente, contribuem em muito
para a degradação do meio aquático. Isto porque contêm frequentemente
agentes que a natureza não consegue “digerir”, degradar ou decompor
totalmente, perturbando consideravelmente o equilíbrio ecológico. Este
problema é particularmente importante quando as águas residuais não são
submetidas a um tratamento completo, situação muito frequente no nosso
país. É, por isso, importante escolher produtos que tenham um menor
impacto na saúde e no ambiente, por exemplo, sem fosfatos, BHT (butil-
-hidroxitolueno), metilisotiazolinona ou cumarina. Portanto, opte, sempre
que possível, por produtos menos nocivos, como os que ostentam o Rótulo
Ecológico Europeu (veja a página 29).

• Não hesite em escolher produtos simples, multiúsos, sem características


específicas e mais duradouros. Geralmente mais baratos, a maioria é tão ou
mais eficaz e, quase sempre, menos nociva para o ambiente do que todo o

26
A Poupe nas compras

leque de detergentes específicos para limpar o forno, o frigorífico, o calcário,


etc. Os desinfetantes e os antibacterianos são prejudiciais para o ambiente,
além de que podem aumentar a resistência das bactérias.

• Os desodorizantes sanitários são poluentes, perigosos e ineficazes.


Os ambientadores e as velas de cheiro contêm solventes que podem ser
nocivos para a saúde ou irritar os olhos. Para eliminar cheiros desagradá-
veis, a opção mais saudável para si e para o ambiente passa por arejar a casa
durante, pelo menos, dez minutos por dia.

SABIA QUE…?
Numa casa, existem entre 50 e 300 compostos orgânicos voláteis diferentes, alguns poten-
cialmente tóxicos, entre os quais o formaldeído, o benzeno, o tolueno, a acetona, etc. Estes
encontram-se sobretudo nas tintas, nas colas, nos revestimentos das paredes, na madeira
aglomerada e nas carpetes. Procure escolher produtos menos nocivos (lendo o rótulo) e
areje a casa durante, pelo menos, dez minutos por dia.

• Existem soluções ecológicas, eficazes e baratas para limpar a casa. Por exem-
plo, use vinagre branco ou de sidra para eliminar as manchas de calcário na
casa de banho, em vez daquele produto “especial” anticalcário. O bicarbo-
nato de sódio é outra alternativa "verde" eficaz para as sujidades mais tena-
zes. Adicione duas colheres de bicarbonato de sódio em 500 mililitros de
água num borrifador e agite. Obtém, desta forma, um ótimo produto simul-
taneamente desengordurante e anticalcário, que poderá usar nas superfícies
da cozinha e da casa de banho. Uma pasta de bicarbonato de sódio com
pouca água é ideal para limpar os fungos entre os azulejos e as sujidades
incrustadas no forno.

• Incentive os elementos da família a passarem uma esponja ou um esfregão


pela banheira e pelo lavatório depois de cada utilização, pois a ação mecâ-
nica é o principal contributo para um bom resultado, evitando também a
formação de depósitos de calcário. O tempo de contacto do produto com
a sujidade também deve ser respeitado, para melhores resultados, sem
aumento da quantidade.

• Leia atentamente os rótulos e respeite as indicações do fabricante sobre a


dose a utilizar: esta é a única forma de reduzir a compra e a utilização de
produtos nocivos. Aumentar a dose de produto utilizada não se traduz em
maior eficácia, mas apenas num maior impacto ambiental. Muitas vezes, a
roupa que lavamos não tem nódoas nem sujidade entranhada e requer, por

27
A Consumo ecológico

isso, apenas uma lavagem simples; nestes casos, poderá reduzir a dose reco-
mendada sem que isso prejudique a eficácia.

• Prefira produtos concentrados. Nos detergentes líquidos para a roupa,


por exemplo, cerca de 80% do conteúdo é água! Opte, sempre que
possível, por embalagens recarregáveis. Consulte os testes a este tipo de pro-
dutos que publicamos regularmente em www.deco.proteste.pt e nas revistas
PROTESTE e TESTE SAÚDE.

ATENÇÃO!
Alguns produtos de limpeza dizem-se biodegradáveis e referem que essa característica
constitui um fator importante na proteção ambiental. O argumento é verdadeiro, mas
a biodegradabilidade mínima é exigida por lei há muitos anos. Os produtos que não a
cumprem não podem, na verdade, ser comercializados! A melhor forma de proteger o
ambiente, a saúde e a carteira é usar os produtos de limpeza com conta, peso e medida,
optando, de preferência, por soluções “verdes”.

• Para se proteger das picadas dos insetos, privilegie as soluções simples e


duradouras: elimine recipientes com água, como os pratos dos vasos, e ins-
tale redes mosquiteiras nas janelas. Os inseticidas são muito nocivos para o
ambiente e alteram a qualidade do ar que respiramos.

Evite produtos de limpeza com


este pictograma no rótulo.
Significa que são tóxicos para
o meio aquático. Procure
alternativas mais ecológicas.

IDEIA PARA POUPAR


Experimente reduzir a dose de detergente recomendada para metade quando lava roupa
sem nódoas. A eficácia da lavagem não é prejudicada, poupa detergente e protege o
ambiente.

28
A Poupe nas compras

SÍMBOLOS ECOLÓGICOS… OU TALVEZ NÃO


Alguns símbolos correspondem, de facto, a uma certificação ecológica conferida por entidades
independentes, que comprovam o baixo impacto do produto (ou serviço) no meio ambiente
ao longo de todo o ciclo de vida. Outros, no entanto, são meras alegações ambientais,
que não são objeto de uma verificação por parte de entidades externas e que, frequentemente,
não fazem senão publicitar uma característica intrínseca do produto (como é o caso das
embalagens que referem ser recicláveis ou do papel qualificado como biodegradável).

Símbolos com utilidade reconhecida e comprovada


Mobius (símbolo da reciclagem)
Indica que a embalagem ou o produto são recicláveis. Se acompanhado
de um número, significa que foi usada uma percentagem de material
reciclado. Encontra-se, sobretudo, nas embalagens de papel, cartão ou
plástico.

Eurofolha
Permite identificar facilmente os produtos provenientes do modo de
produção biológica.

Rótulo Ecológico Europeu (ou EU Ecolabel)


Esta etiqueta oficial é atribuída a produtos que, em comparação com
outros similares, têm um impacto reduzido no ambiente ao longo de
todo o seu ciclo de vida. Em setembro de 2017, cerca de 5300 produtos
de limpeza com este rótulo, incluindo detergentes, foram registados em
toda a União Europeia. Este rótulo, reconhecido como a certificação mais
amiga do ambiente, não surge só nos detergentes. Aparece em lenços de
papel, tintas, géis de duche e até em sapatos, computadores e hotéis.
No caso dos detergentes, por exemplo, sempre que optar por produtos
com este rótulo, poderá contar com uma série de benefícios, como:
• poupar energia (e dinheiro), já que este rótulo garante eficiência a
baixas temperaturas;
• proteger a saúde, pois estes detergentes contêm, em geral, químicos
menos nocivos, o que minimiza a exposição global;
• proteger o ambiente, uma vez que não podem incluir ingredientes
tóxicos para os organismos aquáticos e têm de ser rapidamente
biodegradáveis;
• reduzir o uso de plástico, já que devem privilegiar o material reciclá-
vel, ser recicláveis e promover embalagens recarregáveis;
• evitar alegações ambientais sem fundamento (o chamado “green-
washing”). Ao contrário de muitos autoproclamados rótulos ambien-
tais, o Rótulo Ecológico Europeu garante que os detergentes têm um
impacto reduzido no ambiente.

29
A Consumo ecológico

MSC ou ASC
Peixe ou marisco com certificações de pesca (Marine Stewardship Council
— MSC) e aquacultura (Aquaculture Stewardship Council — ASC) mais
sustentáveis.

FSC/PEFC
Os rótulos FSC (Forest Stewardship Council) e PEFC (Programa para o
Reconhecimento da Certificação Florestal) garantem que os produtos
de madeira ou de papel certificados provêm essencialmente de florestas
geridas de forma sustentável, segundo normas internacionais.

Eficiência hídrica
Aplica-se a autoclismos, chuveiros, torneiras (exceto duche), fluxómetros
e economizadores. Existe em Portugal desde 2008 e é gerido pela
Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP).
A utilização de tecnologias eficientes no uso da água pode reduzir até
40% o consumo de água no setor doméstico.

Cisne Branco (Rótulo Ecológico do Cisne Nórdico)


O produto (ou serviço) cumpre requisitos ambientais exigentes durante
todo o ciclo de vida. Trata-se de um rótulo ecológico oficial dos países
escandinavos.

Fair Trade (Comércio Justo)


O produto cumpre os requisitos internacionais de comércio justo,
como preços adequados, boas condições de trabalho ou condições de
negociação justas para agricultores e trabalhadores de países em vias
de desenvolvimento.

Etiqueta Energética (Eficiência Energética)


É uma ferramenta importante para que os consumidores possam
compreender melhor e comparar a eficiência de eletrodomésticos como
os frigoríficos. Até 2019, vigorava a classificação numa escala de A++
(o mais eficiente) a E (o menos eficiente). Para alguns equipamentos,
a etiquetagem encontra-se já em fase de transição: as escalas A+,
A++ e A+++ caem para dar lugar a uma escala mais simples de
A (mais eficiente) a G (menos eficiente). Os equipamentos cuja nova
etiqueta passa a ser obrigatória em março de 2021 são as máquinas de
lavar loiça, as de lavar roupa e as máquinas combinadas de lavar
e secar roupa, assim como os aparelhos de refrigeração, incluindo as
arcas de vinhos, os televisores e os ecrãs.
Além dos eletrodomésticos, existem outros produtos/equipamentos
onde pode encontrar esta etiqueta. É o caso dos pneus, das lâmpadas,
das janelas e até de isolamentos, tintas e alvenarias (materiais de
construção).

30
A Poupe nas compras

Energy Star
Este símbolo atesta que o produto foi concebido de forma a um ter
baixo consumo. Trata-se da certificação energética oficial europeia para
equipamentos de escritório, como computadores, impressoras e scanners.

REEE (Resíduos de Equipamento Elétrico e Eletrónico)


Indica que o produto contém substâncias perigosas. Não deve ser deitado
no lixo indiferenciado, mas em contentores como o pilhão, o ponto
electrão, o depositrão ou em ecocentros.

Öko-Tex Standard 100


Certifica têxteis sem substâncias nocivas para a saúde e o ambiente.
Os produtos são avaliados por entidades independentes que colaboram
com a associação Öko-Tex, ao longo de toda a cadeia de produção.

Cotton Bio
Roupa com algodão 100% orgânico, sem pesticidas nem substâncias
prejudiciais para o ambiente.

Símbolos sem valor ambiental

Papeleira (Tidyman)
Relembra que os resíduos são para depositar no lixo e não no chão.
É apenas um conselho, sem caráter obrigatório.

Ponto Verde
Significa que a empresa que coloca a embalagem no mercado paga um
valor à Sociedade Ponto Verde para fazer a sua gestão em fim de vida:
recolha seletiva, triagem e reciclagem. Esta última não é garantida;
também não implica o uso de materiais reciclados na composição do
produto.

Proteção da camada de ozono


Os produtos com este símbolo não contêm CFC (clorofluorcarbonetos),
substâncias que danificam a camada do ozono. Como o uso de CFC
foi já proibido, o símbolo não faz sentido.

31
A Consumo ecológico

Autodeclarações ambientais dos fabricantes sobre os próprios produtos

Nossa Casa, Nosso Planeta


Iniciativa do grupo Reckitt Benckiser, para reduzir o efeito que os seus
produtos possam ter sobre o ambiente. Engloba diversos projetos, como
o “Carbono 20”, que visa a redução das emissões de gases com efeito
de estufa.

Sustainable Cleaning
Significa que o fabricante do produto toma em consideração princípios
de sustentabilidade e de segurança no fabrico dos produtos. Foi criado
pela AISE, associação que representa a indústria europeia de sabões,
detergentes e produtos de limpeza.

Pegada de carbono
Símbolo não sujeito a controlo independente e sem modo de cálculo
harmonizado, procura criar um compromisso para reduzir as emissões
de gases com efeitos de estufa. Foi desenvolvido por fabricantes,
distribuidores e organizações não governamentais.

ESCOLHA VERDE
A DECO PROTESTE lançou um novo selo, a Escolha
Verde, para podutos que aliem uma boa classi-
ficação global nos testes a um bom desempre-
nho ambiental. O primeiro selo Escolha Verde
foi atribuído em março de 2020 a detergentes ESCOLHA
para máquinas de lavar roupa, tendo posteri-
ormente sido também atribuído a detergentes
VERDE
para máquinas de lavar loiça. Um dos fatores que
motivaram a sua implementação, no caso dos
detergentes, foi a perigosidade de substâncias
que acabam por contaminar o meio aquático.
O objetivo é ajudar os consumidores a fazerem as
melhores escolhas. Este selo distingue-se das restantes alegações ambientais, muitas vezes
confusas, devido à objetividade e à independência das análises e verificações técnicas. O
desempenho ambiental dos detergentes foi analisado tendo em conta a toxicidade para
o meio aquático e a embalagem, nomeadamente ao nível do enchimento. Para saber
quais os detergentes com melhor relação entre a qualidade e o preço e os que são menos
nocivos para o ambiente, consulte os resultados dos testes que publicamos regularmente
na revista PROTESTE ou no nosso sítio na internet, em www.deco.proteste.pt.

32
A Poupe nas compras

SABIA QUE…?
Detergentes que aleguem “desinfetar”, “higienizar”, “eliminar micróbios e bactérias”,
por vezes contendo lixívia, só são necessários em situações muito específicas: limpeza de
superfícies com fungos, loiças sanitárias ou objetos que tenham de ser alvo de uma lava-
gem complementar para evitar a transmissão de uma doença contagiosa, por exemplo.

Cuide de si respeitando o ambiente


Na escolha de produtos cosméticos, como o gel de banho, o champô, a
maquilhagem, os cremes para o rosto, etc., preste atenção à lista de ingre-
dientes, procurando reduzir o consumo dos que possam ter um maior
impacto ambiental: existem componentes poluentes e completamente
desnecessários, como algumas fragrâncias (por exemplo, eugenol e citral),
e outros que são facilmente substituíveis, como alguns conservantes e anti-
oxidantes (por exemplo, compostos por metilisotiazolinona).

ATENÇÃO!
Se utilizar tintas ou produtos de limpeza cujo rótulo mencione ˝não usar em locais fecha-
dos˝, ˝não vaporizar perto de uma chama˝, ˝não fumar durante a utilização˝, ˝não ina-
lar˝, etc., siga cuidadosamente estes conselhos. Use luvas, proteja-se bem, usando roupas
adequadas, e areje os locais. Evite ainda recorrer a inseticidas no interior da habitação e,
sobretudo, nunca os utilize no quarto das crianças. Finalmente, areje sempre uma divisão
que “cheire a novo”: esta poderá estar impregnada de compostos orgânicos voláteis.

Escolha um champô pouco poluente


Ao contrário de alguns produtos cosméticos que usamos no dia-a-dia (que
permanecem ou são absorvidos pela pele), os resíduos dos champôs vão, na
grande maioria, pelo cano abaixo. Isto leva a que o impacto ambiental do
uso dos champôs seja muito superior ao de um creme de rosto, por exem-
plo. A solução passa por optar por um mal menor: na falta de produtos que
não poluam de todo, escolha champôs que contenham o mínimo de subs-
tâncias nocivas possível para o ambiente, evitando fragrâncias alergénicas
e corantes, assim como derivados de petróleo (como silicones e parafinas),
que, além de terem baixo grau de biodegradabilidade, provêm de fontes
não renováveis: é o caso de ingredientes como PEG (polyethylene glicol), PPG
(polypropylene glicol), polyquaternium, copolymer e propylene glicol. Atenção

33
A Consumo ecológico

ainda a componentes que incluam etaloaminas (EA), como os MEA, DEA, TEA e
EDTA, usadas para dar viscosidade aos champôs: além de serem tóxicas para os
organismos aquáticos, há suspeitas de que possam ser cancerígenas, mutagéni-
cas e tóxicas. O CMT (ácido etilenodiamino tetra-acético), por exemplo, é uma
substância que pode ser facilmente substituída por ácido cítrico (citric acid), com
um impacto ambiental praticamente nulo.

No que toca a conservantes e antioxidantes, prefira produtos com benzoato


(benzoate) e sorbato (sorbate), com menor impacto ambiental do que o BHT
(butylated hydroxytoluene) ou os compostos por metilisotiazolinona (MIT) ou
por dyazolidynil urea (ou DIAZ urea).

No grupo dos tensioativos, usados para remover a sujidade e fazer espuma, os


mais nocivos são os que contêm as expressões “pareth”, “laureth” ou “trideceth”
na sua denominação, com um grau de biodegradabilidade difícil. Enquanto a
legislação europeia determina que os tensioativos presentes nos detergentes
devem ser pelo menos 90% biodegradáveis ao fim de 28 dias, nada é referido
em relação aos produtos de higiene pessoal.

Opte de preferência por produtos produzidos a partir de substâncias naturais,


como os ingredientes cujo nome contenha as expressões “cocoate” (do inglês
coconut, coco), “olivate” (olive ou azeitona) ou “palmate” (palm ou palma), desde
que produzidos de forma sustentável (veja o título Cosméticos naturais nem sem-
pre sustentáveis, na página 36).

Os champôs sólidos prometem ser verdadeiros “milagres ecológicos”. À partida,


poupam água na sua produção e, sobretudo, dispensam embalagens de plástico.
Resta agora avaliar todo o seu ciclo de produção, incluindo os ingredientes que
os constituem, para verificar se, na realidade, são uma boa aposta. Já ao nível do
consumo de água, para lavar o cabelo, têm o mesmo impacto que os líquidos.

Evite toalhetes húmidos


Hoje produzidos um pouco para todos os fins, desde a maquilhagem à limpeza
da casa, os toalhetes húmidos produzem, atendendo à sua utilização limitada
no tempo, uma grande quantidade de lixo indiferenciado (local onde devem ser
depositados). Além disso, se forem vendidos como “papel higiénico” e, como tal,
deitados na sanita doméstica, podem provocar um entupimento dos esgotos. Os
toalhetes para a higiene do bebé não são exceção: além de poluentes, podem
causar alergias e irritações na pele ainda muito sensível. Se não conseguir pres-
cindir deles, tente reservar a sua utilização para situações pontuais. Para as saí-
das à rua, opte por versões humedecidas só com água. E deite-as sempre no lixo!

34
A Poupe nas compras

Atenção ao excesso de embalagem


Procure dar preferência a embalagens mais amigas do ambiente. Não é raro
encontrarmos produtos cosméticos com excesso de embalagem. Um exemplo
clássico são as pastas de dentes em tubo vendidas dentro de caixas de cartão.
A caixa de cartão é, geralmente, desnecessária. Fornecer a pasta de dentes ape-
nas na sua embalagem primária (o tubo) tem duas vantagens: além de um menor
impacto ambiental, toda a informação sobre o produto encontra-se na embala-
gem que o consumidor guarda, já que a de cartão vai automaticamente para a
reciclagem (ou, pior, para o lixo comum). Assim, se o consumidor tiver, por
exemplo, uma reação alérgica, terá ao dispor a lista de ingredientes no tubo,
o que permite descobrir se poderá estar relacionada com a sua composição.
Opte, de preferência, por recipientes recarregáveis ou por embalagens feitas
de materiais reciclados e recicláveis.

COMO LER OS RÓTULOS

1 Água
É , na maioria dos casos, o
ingrediente principal, por isso é
que está quase sempre no topo
da lista dos componentes. Estes
aparecem por ordem decrescente
de quantidade, exceto aqueles 1
com concentração inferior a 1 por
cento (surgem aleatoriamente,
depois de todos os que têm mais
de 1 por cento). O primeiro terço 3
da lista, em geral, corresponde 2
à maioria da composição. 4
2 Perfume
Evite os que apresentam
fragrâncias no início da lista dos
componentes.
4 Conservantes
3 Corantes “ Sem parabenos” dá a sensação
Os corantes aparecem no fim de que não tem conservantes.
e começam sempre por CI, Na verdade, todos os cosméticos
seguido de um número. contêm conservantes.

35
A Consumo ecológico

Cosméticos naturais nem sempre sustentáveis


Cada vez mais consumidores procuram produtos cosméticos sem ingredien-
tes sintéticos e que respeitem o ambiente. Desconfie de rótulos com imagens
ou expressões alusivas à natureza, como, por exemplo, “eco”, “bio”, “natu-
ral” ou “orgânico”. O greenwashing, estratégia de marketing que visa criar a
ilusão de que se trata de um produto oriundo da natureza, quando integra
muitos ingredientes sintéticos, é frequente no mundo dos cosméticos.

• Caso procure produtos com ingredientes naturais, alguns rótulos podem ser
uma ajuda. As certificações privadas mais conhecidas são a Natrue, Cosme-
bio, Ecocert, BDIH e Cosmos Natural (veja as imagens ao lado). Todas defi-
nem uma percentagem mínima de ingredientes de origem natural, sendo
que essa quantidade varia muito de entidade para entidade. Estes produtos
evitam ingredientes nocivos, como os silicones, as parafinas e outros deriva-
dos do petróleo, por exemplo. Alguns selos também promovem a utilização
de ingredientes provenientes da agricultura biológica, sem pesticidas, nem
organismos geneticamente modificados (OGM).

Contudo, são certificações voluntárias de iniciativa privada, não contem-


pladas pela legislação. Há apenas orientações definidas pela lei europeia,
como o respeito pela veracidade e a honestidade. Além disso, independente-
mente de se tratar de um produto “natural” ou “sintético”, para poder estar
à venda na União Europeia tem de ser seguro para os consumidores e não
ter sido testado em animais.

• Outro aspeto a ter em conta: os produtos ditos “naturais” não são, forçosa-
mente, mais seguros (por exemplo, algumas pessoas são alérgicas à hena,
um produto natural extraído de plantas usado para tingir o cabelo) ou ami-
gos do ambiente. O óleo de palma, obtido a partir dos frutos da palmeira-de-
-óleo, é muito usado pela indústria alimentar, mas também nos cosméticos.
Nos rótulos, os fabricantes podem, assim, apregoar a utilização de substân-
cias naturais em vez de produtos sintéticos. Pode ser um ingrediente natu-
ral, mas a crescente procura deste óleo acarretou graves problemas ecológi-
cos e sociais, como a desflorestação de zonas tropicais, colocando algumas
espécies animais em perigo (como os orangotangos), o aumento das emis-
sões de gases com efeito de estufa e a exploração de trabalhadores locais.
As certificações já referidas disponibilizam informação sobre a natureza dos
ingredientes, mas não sobre os outros aspetos da sustentabilidade, ao longo
do ciclo de vida dos produtos, incluindo a origem e a produção dos ingre-
dientes, o impacto ambiental das embalagens, ou o impacto social. No caso
dos produtos que integram óleo de palma, verifique se este é de plantações
sustentáveis, através do rótulo RSPO (Roundtable on Sustainable Palm Oil).

36
A Poupe nas compras

Outro exemplo: o óleo extraído das raízes da árvore canela-de-sassafrás,


muito apreciado pela indústria de sabonetes e perfumes pelo seu aroma
amadeirado, levou ao abate de florestas inteiras na Ásia. Desde que a enge-
nharia química desenvolveu uma molécula que reproduz o mesmo aroma,
cerca de 110 mil árvores são poupadas todos os anos. Por este exemplo,
torna-se evidente que as substâncias sintéticas podem até ser uma opção
muito mais sustentável do que alguns ingredientes naturais. O mesmo é
válido para os produtos que integram cera de abelha. Exemplos como estes
multiplicam-se. Atualmente, é preciso ter uma postura muito crítica quanto
às nossas escolhas e ter em conta as suas consequências.

• O Rótulo Ecológico Europeu (também conhecido por EU Ecolabel), que


referimos na página 29, é o certificado que dá mais garantias quanto à sus-
tentabilidade dos produtos. Já bastante divulgado no reino alimentar e dos
detergentes, é ainda raro encontrá-lo em produtos cosméticos, tais são as
exigências ambientais que implica. Para mais informações sobre os ingredi-
entes a evitar, consulte o nosso dossiê completo sobre cosméticos no nosso
sítio na internet em www.deco.proteste.pt.

ALGUNS SELOS "VERDES" DOS COSMÉTICOS


Estas são algumas certificações que ajudam a reconhecer cosméticos naturais. Resultam
de iniciativas de boas práticas privadas, não sendo sustentadas por qualquer legislação.
Mas lembre-se de que “natural” não é sinónimo de ecológico e sustentável. O único selo
que garante a sustentabilidade é o Rótulo Ecológico Europeu (veja a página 29).

Selo atribuído a Pelo menos 95%


cosméticos produzidos dos ingredientes dos
com matérias- cosméticos com este
-primas naturais e selo devem ser de fontes
obtidas de plantas, naturais, 50% dos quais
sem mínimo exigido. orgânicos (bio).

Os produtos com Os selos "Cosmos


este selo podem ser Natural" (ingredientes
cosméticos naturais, 100% naturais) ou
naturais com uma parte "Cosmos Organic" (parte
orgânica (70% dos dos ingredientes bio)
ingredientes bio) ou podem surgir por baixo
cosméticos orgânicos da entidade certificadora
(95% bio). (Ecocert, neste caso).

37
A Consumo ecológico

Como ser sustentável à mesa?


As despesas com a alimentação têm um enorme peso no orçamento familiar
(veja o gráfico na página seguinte). Além disso, este é o setor de consumo
com maior impacto ambiental, logo seguido dos transportes. Ora, segundo
um inquérito realizado pela DECO PROTESTE, cujas conclusões publicámos
na PROTESTE de junho de 2020, os portugueses não fazem uma associação
direta entre o impacto da sua alimentação e a sustentabilidade. Compreen-
der o quanto os nossos atos prejudicam o ambiente é o primeiro passo para
melhorá-los. Na verdade, as nossas escolhas à mesa são essenciais não só
para a nossa saúde, mas também para o ambiente, já que a alimentação está
diretamente ligada às mudanças climáticas e à sustentabilidade do planeta.

Setenta por cento da extração de água doce no mundo destina-se à agricul-


tura e 51 milhões de quilómetros quadrados de solo são usados para a produ-
ção de alimentos. Este último setor representa 26% das emissões globais de
gases com efeito de estufa. A provisão de proteínas animais (por exemplo, a
carne, os ovos, o leite e o pescado que consumimos) tem um peso conside-
rável neste cenário.

Ainda segundo o nosso inquérito,


quase metade dos portugueses
(42%) refere não dispor de infor-
mação suficiente para poder
optar por hábitos alimentares
mais sustentáveis. Como verá nas
páginas que se seguem, há muitas
opções que promovem a alimen-
tação saudável, o nosso bem‑estar
e a proteção do ambiente. O pri-
meiro passo é não desperdiçar.
Além disso, procure escolher pro-
dutos locais e sazonais. Ao consu-
mirmos produtos vindos de longe,
carne vermelha em demasia, ali-
mentos processados ou produtos
Nas compras, (sobre)embalados, aumentamos
opte por produtos o nosso impacto ambiental. A boa
da época e locais,
de preferência, notícia é que também é possível
sem embalagem. reduzi-lo, mudando alguns hábi-
O ambiente agradece. tos do dia-a-dia.

38
A Poupe nas compras

PARA ONDE VAI O ORÇAMENTO FAMILIAR?


Habitação, água, eletricidade, gás
31,9%
e outros combustíveis
Produtos alimentares e bebidas
14,3%
não alcoólicas
Transportes 14,1%

Restaurantes e hotéis 8,8%

Bens e serviços diversos 6,7%

Saúde 5,5%

Lazer, recreação e cultura 4,2%


Acessórios e equipamentos domésticos, 4%
manutenção da habitação
Vestuário e calçado 3,5%

Comunicações 3,2%

Ensino 2,3%
Bebidas alcoólicas, tabaco 1,6%
e narcóticos/estupefacientes

Fonte: Orçamentos familiares, Instituto Nacional de Estatística, 2015/2016.

O impacto das nossas escolhas


O efeito da agricultura intensiva parece ser de bola de neve — se precisamos
de mais solos aráveis, desflorestamos. Ao desflorestar, desprotegemos o pla-
neta: a conversão de ecossistemas naturais para a agricultura causa a perda
de carbono orgânico dos solos, que acaba por escapar para a atmosfera.
E ainda atacamos os habitats das florestas, ameaçando a biodiversidade.
A exigência de água doce na agricultura intensiva, além de mais 2% de emis-
sões provenientes da produção de fertilizantes, herbicidas, pesticidas e do
consumo energético para a lavoura, irrigação, fertilização e colheita, são as
notas que completam este requiem pelo planeta.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)


define uma alimentação sustentável de forma sucinta: é aquela em que os
alimentos são nutritivos e acessíveis a todos, e os recursos naturais são geri-
dos de forma a manter as funções dos ecossistemas para garantir a satisfação
das necessidades humanas, atuais e futuras.

39
A Consumo ecológico

ALIMENTAÇÃO MUNDIAL: NÚMEROS QUE PREOCUPAM

23,7 1,3
milhões mil milhões
de toneladas de de toneladas de alimentos
alimentos são produzidos são desperdiçados ou
diariamente, em média perdidos por ano

400 mil 7,4


toneladas de pescado
capturadas diariamente
triliões de litros
de água e 300 mil toneladas
de fertilizantes são usados
diariamente na produção
de culturas

1/ população
9,5 3
milhões de m3 dos países em desenvolvimento
faz uma alimentação
de madeira e lenha inadequada devido a
são fornecidos carências proteicas,
diariamente vitamínicas
pelas florestas e de minerais

Fonte: Relatório Building a common vision for sustainable food and agriculture – principles and
approaches, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 2014.

40
A Poupe nas compras

ATENÇÃO!
Antes de mais, não se esqueça de fazer uma lista de compras, se possível baseada numa
ementa (semanal, por exemplo), para evitar compras desnecessárias. Em segundo lugar,
certifique-se de que escolhe alimentos com um prazo alargado. Depois, assegure-se de que
os consome atempadamente, de modo a evitar desperdícios. Arrume o frigorífico e a des-
pensa seguindo a estratégia “FIFO” (“First In, First Out”) ou, em português, PEPS (Primeiro
a Entrar, Primeiro a Sair). Verá que ajuda a ter um maior controlo dos prazos de validade.

Reduza os desperdícios
• Os desperdícios domésticos são, muitas vezes, o resultado de falta de infor-
mação sobre o prazo de validade e a natureza perecível dos alimentos. É
importante perceber a diferença entre a expressão “consumir até” e “consu-
mir de preferência antes de...”. A primeira é uma indicação mais restritiva,
usada em produtos perecíveis, como carne e peixe frescos, assim como fruta
e legumes cortados e embalados: a partir da data indicada, o produto não
deve ser consumido, já que deixa de ser seguro. Perante a menção “consumir
de preferência antes de…” (usada em bens alimentares menos perecíveis,
como conservas, congelados, cereais, massa, chá, café, entre outros), consu-
mir estes alimentos alguns dias depois do prazo não acarreta riscos sanitários
graves, desde que devidamente conservados e que nada comprometa a sua
qualidade. Na presença do aviso “de preferência”, cheire e prove o alimento:
se estiver em condições, embora o prazo tenha passado, poderá ainda ser
consumido em segurança.

SABIA QUE…?
Uma parte significativa das vitaminas da fruta e dos legumes encontra-se na casca ou
na camada imediatamente inferior. Sempre que possível, evite descascar estes alimentos,
mas lave-os sempre muito bem com água corrente antes de os consumir. Antes de conge-
lar os legumes, mergulhe-os em água a ferver durante dois a cinco minutos (é o chamado
“branqueamento” ou “escaldão”). Além de prolongar o tempo de conservação dos legu-
mes, esta técnica permite preservar a cor e reduzir o volume dos legumes, ganhando-se,
assim, espaço no congelador.

• Tenha cuidado com o armazenamento. Proteja as frutas da incidência direta


do sol e mantenha as embalagens num lugar fresco e seco, ao abrigo da luz
solar e do calor (do forno, por exemplo). E disponha os alimentos no frigo-
rífico em função da sua duração, sempre cobertos ou fechados em caixas

41
A Consumo ecológico

herméticas, e nos compartimentos mais apropriados (por exemplo, a carne


e o peixe na zona mais fria). A este propósito, veja a ilustração que se segue.

UM FRIGORÍFICO BEM ORGANIZADO


Um frigorífico bem arrumado permite desperdiçar menos alimentos. Eis a arrumação
ideal dos produtos num frigorífico de duas portas, com o congelador em baixo. Verifique
quais as zonas mais frias do equipamento no manual do fabricante.

1 Prateleira superior
Iogurtes, natas, queijo, compotas
e maionese
1
2 Zona intermédia
2 Fiambre e charcutaria, conservas
abertas e bolos
3
5 3 Zona por cima das gavetas
Carne e peixe crus, sopa e pratos
cozinhados

4 4 Gavetas
Fruta e legumes frescos

5 Porta
Leite, sumos, ovos e manteiga

6 6 Congelador
Organize os alimentos de forma lógica.
Por exemplo: uma gaveta para carne e
peixe, outra para legumes, etc. Identifique
os alimentos e escreva a data de
congelação. Consuma primeiro os mais
antigos

IDEIA PARA POUPAR


Organize as embalagens na despensa e no frigorífico por data de validade. No caso dos
produtos perecíveis (com a indicação do prazo “consumir até...”), certifique-se de que os
consome antes do fim do prazo, para evitar desperdícios. Caso o prazo seja precedido da
expressão “consumir de preferência antes de...”, se passaram alguns dias, cheire e prove o
produto. Poderá ainda estar em condições e escusa, assim, de o desperdiçar.

42
A Poupe nas compras

ATENÇÃO!
Não compre mais do que costuma consumir apenas para poder usufruir de uma qualquer
promoção. Interrogue-se sobre se precisa mesmo dos produtos e se irá realmente consu-
mir os três pacotes de 12 iogurtes pelo preço de dois, antes do fim do prazo. Um pacote não
será suficiente para as suas necessidades?

Aproveite as sobras
• Compre e cozinhe apenas as porções necessárias. Se, ainda assim, houver
sobras, congele-as após a confeção, quando estiverem mornas, para evi-
tar que se estraguem. A grande maioria dos alimentos pode ser congelada:
carne, peixe, legumes e hortaliças, fruta, frutos secos e pratos cozinhados.
No entanto, é importante que sejam adequadamente preparados antes da con-
gelação: por exemplo, corte a carne e elimine o excesso de gorduras, lave e retire
as vísceras e as escamas do peixe, lave bem e descasque as frutas e os legumes.
Em todo o caso, deve garantir que os alimentos são congelados frescos. Uma
vez descongelados, os produtos podem ser facilmente utilizados para confe-
cionar, por exemplo, empadões, sopas, batidos e sobremesas de fruta.

IDEIA PARA POUPAR


Junte o puré de batata ou os legumes que tiverem sobrado à sopa e triture tudo. Consuma-
-a no prazo de um ou dois dias.

• Existem muitas ideias úteis para aproveitar restos de forma mais ou menos
criativa: com pedaços de frango ou outro tipo de carne pode, muito simples-
mente, fazer uma sandes; os restos de pão podem ser incorporados numas
almôndegas de carne picada ou servir para engrossar molhos; os restos de
cenoura podem ser utilizados na confeção do molho que acompanhará o seu
esparguete do dia seguinte. É tudo uma questão de imaginação! Para mais
informações, consulte em deco.proteste.pt o nosso dossiê completo sobre
congelação.

• Claro que, se tiver uma horta ou um jardim, ou se houver recolha de resí-


duos orgânicos no seu município, pode sempre usar ou encaminhar os res-
tos para compostagem (para mais informações sobre este assunto, consulte
o próximo capítulo, a partir da página 92).

43
A Consumo ecológico

Escolha produtos da época


Quando compra bens alimentares, costuma preocupar-se em saber se são
ou não produtos da época? Os frutos e os legumes comprados fora da época,
como as uvas, o tomate, etc., são normalmente importados (e transportados
de avião) a partir de países mais quentes, ou então cultivados localmente em
estufas aquecidas. Além disso, estes produtos são frequentemente sobreemba-
lados, como forma de os proteger, requerendo mais materiais e energia. Este
tipo de produto é, normalmente, mais caro, e a sua importação implica mais
emissões de poluentes. Ao escolher produtos da época (veja os calendários de
frutos e legumes nas páginas seguintes), estará a ter um comportamento mais
sustentável.

IDEIA PARA POUPAR


Optar por fruta ou legumes da época permite tirar totalmente partido do sabor e do valor
vitamínico dos produtos, já para não falar de uma melhor relação entre qualidade e preço.
Sempre que possível, compre a granel, para evitar a produção de resíduos de embalagem.

No site de DECO PROTESTE, encontrará uma ferramenta muito útil para ficar a
saber qual a altura ideal para comprar cada alimento. Em www.deco.proteste.
pt/calendario-legumes, além do calendário dos frutos e dos legumes, encon-
trará uma série de outras informações sobre os seus benefícios nutricionais e
ainda conselhos de compra e de conservação.

Prefira produtos locais


O transporte de produtos alimentares é responsável pela emissão de dióxido
de carbono e de outros gases com efeito de estufa. Veja estes exemplos:
— uma tonelada de batatas produzida e vendida localmente (numa área de
25 quilómetros quadrados) gera cerca de três quilos de dióxido de car-
bono equivalente (CO2-equivalente);
— uma tonelada de mangas (ou de maçãs), oriundas da África do Sul (a
cerca de dez mil quilómetros de distância) e transportadas por avião, gera
3,2 toneladas de CO2-equivalente;
— uma tonelada de laranjas transportadas da Tunísia para a Europa central
de avião gera 1,2 toneladas de CO2-equivalente.

44
A Poupe nas compras

Grande parte dos camiões que circulam nas estradas dedica-se ao trans-
porte de bens de consumo, incluindo os produtos agroalimentares. Sem-
pre que adquire bananas da Costa do Marfim, ou laranjas de Marrocos,
ou peixe da Índia, está a pagar também o seu transporte. Além disso,
os camiões-frigoríficos podem emitir gases refrigerantes com efeito de estufa que
influenciam a camada de ozono em caso de fugas. Será que as peras-rocha ou as
maçãs à venda na mercearia do seu bairro não são mais económicas, saborosas
e benéficas para o ambiente?

CALENDÁRIO DE FRUTOS
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Alperce ● ● ● ●
Ameixa ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Amora ● ● ● ● ● ●
Ananás-
● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
-dos-açores
Banana-da-
● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
-madeira
Cereja ● ● ● ● ●
Dióspiro ● ● ● ● ●
Figo ● ● ● ● ● ● ● ●
Framboesa ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Laranja ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Limão ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Maçã ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Melancia ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Melão
● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
e meloa
Mirtilo ● ● ● ● ●
Morango ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Nêspera ● ● ● ●
Pera ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Pêssego ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Quivi ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Romã ● ● ● ● ● ●
Tangerina ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Uva ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Frutos secos
Amêndoa ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Avelã ● ● ● ● ●
Castanha ● ● ● ● ●
Nozes ● ● ● ● ● ● ● ●
Pinhão ● ● ● ● ● ● ●
● Estação normal
● Fora de época ➔

45
A Consumo ecológico

CALENDÁRIO DE LEGUMES
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Abóbora ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Acelga ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Agrião ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Aipo-de-cabeça ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Aipo-de-talo ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Alcachofra ● ● ● ● ●
Alface ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Alface-de-cordeiro ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Alho-porro ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Batata nova ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Beldroegas ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Beringela ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Beterraba de mesa ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Brócolos ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Cebola ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Cebola nova ● ● ● ● ●
Cenoura ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Chicória de folhas ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Chuchu ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Curgete ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Couve-de-bruxelas ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Couve-lombarda ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Couve-portuguesa ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Endívia ● ● ● ● ● ● ●
Ervilhas ● ● ● ● ●
Espargo ● ● ● ● ●
Espinafre ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Fava ● ● ● ● ●
Feijão-verde ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Funcho ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Grelos ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Milho-doce ● ● ● ● ● ●
Nabiças ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Nabo ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Pepino ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Pimento ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Rabanete ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Rábano ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Repolho ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Rúcula ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Rutabaga ● ● ● ● ● ● ● ●
Salsifi ● ● ● ● ● ● ●
Tomate ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
● Estação normal
● Fora de época

46
A Poupe nas compras

Procure, por isso, ver a origem dos produtos que compra. Ao escolher pro-
dutos locais, estará a reduzir o impacto ambiental decorrente do transporte.
Além disso, poupa na embalagem, já que os produtos vindos de longe vêm
quase sempre excessivamente embalados, para estarem mais protegidos.
Além disso, estará a favorecer a economia local.

Alguns produtos alimentares têm de indicar o país de origem ou o local de


proveniência, como a carne, a fruta, os legumes e o mel, apenas para referir
alguns. Tenha em atenção que o “código de barras” não garante que um
alimento é nacional. A este propósito, veja o episódio 3 da série Seja um con-
sumidor sustentável, no canal da DECO PROTESTE no YouTube.

SABIA QUE…?
A escolha de produtos locais frescos e/ou da época ajuda a diminuir a emissão de gases
com efeito de estufa e de outros poluentes. O uso de transportes é menor e nem sempre
é preciso refrigerá-los!

Faça compras no bairro


O recurso aos centros comerciais ou aos hipermercados é cada vez mais fre-
quente. No entanto, do ponto de vista ambiental, é importante que não se
perca de vista o seu impacto. Regra geral, as grandes superfícies comerciais
são vorazes em recursos, nomeadamente na utilização de solo e no con-
sumo de energia e água. Além disso, muitas vezes este tipo de espaço não
está adequadamente servido em termos de transportes públicos, pelo que
os clientes têm de se deslocar de carro e acabam, consequentemente, por
consumir mais energia e emitir mais poluentes. Em vez de ir de carro até ao
hipermercado, porque não optar pelo comércio local? Poupará certamente
dinheiro, e o seu impacto ambiental será também menor.

Como produzem muitos resíduos, os hipermercados têm de separar enormes


quantidades de plástico, vidro, papel/cartão, lâmpadas e baterias, entre outros.
Mas é importante também que adotem medidas para reduzir o uso do papel
e dos materiais e que exijam dos seus fornecedores que se preocupem com a
dimensão e a conceção das embalagens, de modo a reduzir-se a quantidade
de resíduos gerados. Por outro lado, os hipermercados devem optar por deter-
gentes tão biodegradáveis quanto possível e utilizar sistemas de tratamento das
águas usadas, para que estas possam ser reutilizadas, em autoclismos, espaços
exteriores, etc. (veja, na página 117, o título Reutilizar a água).

47
A Consumo ecológico

Deve, então, fazer as suas compras num hipermercado ou na mercearia da


esquina? A resposta a esta pergunta dependerá da sua situação pessoal, mas,
de uma maneira geral, pode dizer-se que fazer compras mais perto de casa
tem vantagens, em termos de tempo e de dinheiro, sobretudo se pensarmos
que, quando se vai a um hipermercado, acaba-se quase sempre por trazer
algo mais do que o inicialmente previsto.

IMPACTO DO HIPERMERCADO
Impacto local
Quando o consumo se concentra nos hipermercados,
quem vive nas redondezas é afetado por um aumento
de ruído, por um maior risco de acidentes e pela
intensidade do tráfego devido às descargas de
mercadorias, à recolha de resíduos e ao movimento
dos clientes. A qualidade do ar também se ressente.
Por outro lado, a necessidade de transporte de bens,
vindos muitas vezes de muito longe, multiplica o
número de veículos (em particular, os pesados),
sobretudo nas imediações dos centros comerciais,
o que contribui para um aumento significativo das
emissões de gases poluentes. A afluência de clientes
às zonas comerciais provoca também um aumento
da circulação de veículos privados.

Impacto global
O transporte e a distribuição de bens em larga escala,
sobretudo de alimentos vindos de locais distantes, têm
consequências nefastas em termos da biodiversidade
e do ambiente, que resultam essencialmente do
impacto das emissões de gases com efeito de estufa
sobre o equilíbrio climático. O consumo em energia,
necessária para a manutenção do hipermercado,
aumenta também significativamente. Em última
análise, é o equilíbrio do planeta que está
em causa.

Produtos biológicos?
As cadeias de distribuição são frequentemente obrigadas a cumprir um con-
junto de parâmetros, muitas vezes estéticos, recorrendo a produtos quími-
cos para conseguir que os frutos e vegetais tenham o aspeto pretendido.
Os supermercados e os hipermercados rejeitam muitas vezes os produtos
que contêm imperfeições, que não têm, por exemplo, a dimensão ou a
forma ideal. Tal acaba por promover práticas que são nocivas do ponto de
vista ambiental, como o abuso de fertilizantes e pesticidas.

48
A Poupe nas compras

Quem se preocupa com estas questões procura optar por produtos da agri-
cultura biológica, uma vez que estes são produzidos sem o recurso a pestici-
das e não têm, por isso, um impacto tão negativo sobre o solo, a água e o ar.
Mas como saber quais são esses produtos?

• A agricultura biológica é praticada segundo regras muito exigentes. O agri-


cultor, para obter um certificado para os seus produtos, deve respeitar um
conjunto de regras, nomeadamente:
— não usar pesticidas sintéticos ou adubos químicos;
— o impacto ambiental deve ser o mínimo possível;
— não pode usar organismos geneticamente modificados;
— a criação de gado deve ter em conta o bem-estar e a saúde dos animais
(por exemplo, com a manutenção de espaços ao ar livre para exercício e
alimentação biológica, de preferência produzida localmente);
— respeitar cuidados veterinários segundo um enquadramento específico.

• A agricultura biológica é, pois, um modo de produção com regras clara-


mente definidas e com uma legislação bem precisa. A aplicação destas téc-
nicas é submetida a controlos rigorosos, desde o prado até ao seu prato. Não
confunda, no entanto, produção biológica com outro tipo de práticas, mui-
tas vezes vagas e desprovidas de controlo, com designações como “produto
do campo”, “cem por cento natural”, “sem adubo”, entre outras. Procure o
logótipo da Eurofolha (veja a imagem na página 29), que se tornou obriga-
tório na rotulagem dos produtos de agricultura biológica da União Europeia
desde julho de 2010.

SABIA QUE...?
A produção agrícola biológica representava, em 2017, cerca de 7% da área total cultivada
em Portugal, correspondendo à média dos Estados-membros da União Europeia.

• Outro método de cultivo interessante é a produção integrada, utilizada


sobretudo na produção frutícola, que recorre o menos possível a tratamen-
tos químicos na luta contra doenças e parasitas. Nestes produtos, apenas
podem ser usados fitofármacos aconselhados em produção integrada.

• Tanto a agricultura biológica como a produção integrada renunciam à uti-


lização de pesticidas nocivos, pelo que não poluem os solos e as águas de
superfície, o que é benéfico para o ambiente e para a saúde das plantas, dos
animais e das pessoas. A produção biológica é mais exigente.

49
A Consumo ecológico

SABIA QUE…?
A produção de fruta e de legumes em agricultura biológica evita o uso de pesticidas e de
adubos químicos.

Reduza o consumo de carne


Já lá vai o tempo em que uma refeição de carne era um luxo acessível apenas
a alguns, reservado, normalmente, para ocasiões especiais. Ao longo dos
últimos 50 anos, os hábitos alimentares alteraram-se profundamente, sendo
a carne, hoje, um alimento básico na maioria das dietas.

O aumento do consumo da carne não foi, no entanto, homogéneo em todos


os países. As diferenças entre as nações desenvolvidas e as que se encontram
em vias de desenvolvimento são evidentes. Em 1964, o consumo de carne no
mundo industrializado era de 62 quilos por pessoa e por ano. Em 1997, era
já de 88 quilos. As zonas mais pobres do planeta também alteraram os seus
hábitos alimentares, mas sem nunca chegarem a valores comparáveis. Hoje,
na Europa, comemos quatro vezes mais carne do que precisamos.

Uma análise da relação entre o consumo de carne e o poder de compra


mostra que são os mais ricos quem consome mais carne. Ao nível mundial,
estima-se que o consumo de carne ronde os 40 quilos, por pessoa e por ano.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (dados de 2019), cada português
consome anualmente, em média, 44,3 quilos de carne de suíno, 44,4 quilos
de carne de aves de capoeira e 20,8 quilos de carne de bovino.

Certo é que uma boa parte das terras cultiváveis serve para produzir a ali-
mentação do gado, destinado aos matadouros e vendido a baixo custo. Em
1999, mais de 37% da superfície terrestre estava ocupada por culturas e pas-
tagens, e dois terços do consumo de água eram devidos à agricultura. Em
2018, cerca de 39% do uso do solo correspondiam a área florestal, 26% a área
agrícola e 12% a área de matos. Numa proporção superior a 5% destacavam-
-se, ainda, as superfícies agroflorestais (8%), a área de pastagens (6%) e os
territórios artificializados (5%).

A cultura intensiva de cereais não se justifica só pelas necessidades nutri-


cionais do ser humano, mas também pelas quantidades de carne consumida
(sobretudo vermelha). A produção intensiva é, de forma direta e indireta,
responsável pelo consumo de grandes quantidades de energia fóssil (para
a produção de fertilizantes e de pesticidas e para as máquinas agrícolas),

50
A Poupe nas compras

e pela emissão de grandes quantidades de gases com efeito de estufa: o óxido


nitroso ou de azoto tem um potencial de aquecimento 310 vezes superior ao
do dióxido de carbono, por exemplo, e o metano, emitido pelos ruminantes,
é, por sua vez, 21 vezes mais "potente" do que o dióxido de carbono.

O setor agrícola gera uma grande quantidade de emissões de gases com


efeito de estufa, nomeadamente metano e óxido nitroso, devido à aplicação
de adubos e corretivos de solo e também ao próprio estrume gerado pelos
animais.

ATENÇÃO!
De acordo com a roda dos alimentos, para uma dieta equilibrada, os adolescentes e os
adultos ativos do sexo masculino não devem consumir mais do que cerca de 110 gramas
de carne ou pescado cozinhados por dia, o que corresponde a um peito de frango ou a um
bife de vaca muito pequeno.

ÁGUA USADA POR 100 GRAMAS DE PROTEÍNA


Os recursos hídricos do planeta são escassos. Eis alguns exemplos do que custa,
em água, a produção de 100 gramas de proteína de alguns alimentos.

2539 litros
Queijo
2531 litros
Frutos secos
2380 litros
Camarão de aquicultura

1904 litros
Leite
1619 litros
Aquicultura

728 litros
Carne

Fonte: Reducing food’s environmental impacts through producers and consumers, Revista Science,
2018.

51
A Consumo ecológico

SABIA QUE…?
A produção intensiva de gado é responsável pela emissão de grandes quantidades de
gases com efeito de estufa e por um consumo de água muito elevado. Uso de solo, adu-
bos, fertilizantes, rega, limpezas e transportes: todos estes elementos contribuem para
que a sua pegada ambiental seja gigantesca. A produção de um só quilo de carne bovina
emite 60 quilos de gases com efeito de estufa; já a produção da mesma quantidade de
carne, mas de porco ou de frango, tem um impacto dez vezes menor, com uma emissão de
sete e seis quilos, respetivamente. Uma das estratégias sustentáveis mais promissoras
reside, por isso mesmo, na redução do consumo de carnes vermelhas.

Em suma, a produção de carne sobrecarrega o planeta. A redução do con-


sumo de carne, além de benéfica para a saúde, corresponde também a um
comportamento ecológico: ajuda a libertar as terras para a agricultura e per-
mite desenvolver uma agricultura biológica menos poluente.

EMISSÕES DE GASES COM EFEITO DE ESTUFA


POR TIPO DE ALIMENTO
(quilos de CO2-equivalente por quilo de alimento)

Carne de bovino 60

Queijo 21

Chocolate 19

Café 17

Carne de porco 7

Carne de aves 6

Peixe de aquicultura 5

Arroz 4

Tomate 1,4

Ervilhas 0,8

Maçã 0,4

Fonte: revista Science, 2018.

52
A Poupe nas compras

Mais fruta, legumes e cereais


A produção de carne, sobretudo a vermelha, depende de práticas agrícolas
intensivas. A pesca, muitas vezes intensiva, acarreta também custos para o
ambiente. E se optássemos por consumir mais alimentos vegetais em vez de
carne e peixe, reduzindo assim o impacto da produção de carne e da indústria
das pescas sobre os solos, a água e a biodiversidade marinha? De acordo com a
roda dos alimentos, na nossa alimentação diária, devemos preferir o consumo
de produtos de origem vegetal (que representam cerca de 75% dos alimentos
da roda) aos produtos de origem animal (25%). Além de ser comprovadamente
mais saudável, uma alimentação baseada essencialmente em produtos de ori-
gem vegetal permite também proteger o nosso planeta, onde cada vez mais
habitantes terão, no futuro, de partilhar recursos cada vez mais escassos.

SABIA QUE...?
Um esparguete com carne de porco ou de vaca para quatro pessoas representa 17,09 qui-
los de emissões de gases com efeito de estufa. O mesmo esparguete, mas com lentilhas,
corresponde apenas a 4,09 quilos de emissões de gases com efeito de estufa, ou seja,
cerca de quatro vezes menos.

Procure incluir mais leguminosas na sua alimentação diária, na sopa, por


exemplo, e organize as suas refeições de modo que os legumes ocupem
cerca de metade do prato, a carne, o pescado ou os ovos, um quarto, e o
acompanhamento, outro quarto. Ingira três a cinco porções de fruta e de
legumes por dia. Prefira uma peça de fruta a outro tipo de sobremesa e,
sempre que possível, vá consumindo fruta ao longo do dia.

Evite os alimentos processados


O ritmo acelerado das nossas vidas leva a que seja muito tentador recorrer
a alimentos fáceis de preparar, como pizas ou pratos congelados, que ficam
prontos em dez minutos. Contudo, estes alimentos “processados”, tal como o
nome sugere, sofrem diversos processos de manipulação até chegarem à nossa
mesa. Exigem quantidades desnecessárias de recursos (como água e energia) e
geram poluição adicional, sobretudo relacionada com o transporte (emissões)
e as embalagens.

53
A Consumo ecológico

Além da questão ambiental, os alimentos processados não são muito saudáveis,


por poderem conter mais aditivos, sal, açúcar e gordura. Evite ingeri-los e, se
não tiver mesmo alternativa, limite o seu consumo a produtos o menos transfor-
mados possível, recorrendo a conservas ou a legumes congelados, por exemplo.

Aposte no turismo sustentável


O turismo é um setor com influência no impacto económico, social e ambiental
das regiões. A indústria do turismo é responsável por 8% das emissões globais
de gases com efeito de estufa, muitas vezes devido à má gestão dos hotéis e dos
parques de campismo.

O conceito de “turismo sustentável” visa, acima de tudo, defender os interes-


ses do turista e o bem-estar das comunidades locais e do turismo no país de
destino, através da avaliação das repercussões imediatas e futuras do turismo
ao nível económico, social e ambiental e da definição de medidas concretas
para minimizá-las. Os interesses de todas as partes envolvidas, desde o próprio
turista (isolado ou em grupo) até às comunidades locais (trabalhadores, hotéis e
outras entidades do setor, etc.), são devidamente tidos em conta.

SABIA QUE…?
Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), se o setor do turismo
continuar a crescer ao ritmo atual, este será, até 2050, responsável por um aumento da
necessidade de eliminação de resíduos de cerca de 250 por cento.

Este é um setor onde urge pôr em prática medidas mais sustentáveis: os opera-
dores do setor hoteleiro devem privilegiar mais a aquisição de produtos e servi-
ços localmente, por oposição a importá-los. Devem também avaliar o impacto
social das atividades que desenvolvem nas comunidades locais. Além disso, têm
de desenvolver iniciativas com vista à proteção do ambiente e promover ações
de sensibilização junto dos turistas para atenuar o impacto negativo da sua pre-
sença nos locais em questão.

O próprio turista tem um papel essencial: no momento em que planeia e adquire


as suas férias, por exemplo, ou quando se encontra no estrangeiro e se prepara

54
A Poupe nas compras

para fazer compras, por exemplo, pode fazer escolhas que sejam, à partida, mais
benéficas para o ambiente e para as pessoas que vivem no país de destino.

Os pacotes com “tudo incluído” são normalmente bastante apetecíveis, uma


vez que, de uma maneira geral, são mais económicos, e a verdade é que, depen-
dendo do destino, pode ser mais seguro poder contar com um circuito pre-
viamente planeado pela agência de viagens, nomeadamente em termos de ali-
mentação e de compras. Está, no entanto, nas suas mãos optar por ficar alojado
numa cadeia com um bom desempenho do ponto de vista ambiental, laboral e
socioeconómico.

O IMPACTO NEGATIVO DO TURISMO


O impacto económico e social da indústria hoteleira tem muito que ver com:
— a contratação de trabalhadores. Muitas vezes, as empresas apostam em trazer traba-
lhadores do estrangeiro e, quando contratam localmente, o trabalho é normalmente
sazonal e mal pago. Há mesmo registo de situações em que o trabalho apresenta liga-
ção a formas de prostituição ou de trabalho infantil;
— a importação de produtos e serviços, em vez de uma aposta no comércio local;
— a venda de pacotes de viagens com tudo incluído, que não estimulam o contacto com
as comunidades locais;
— do ponto de vista ambiental, destaca-se a degradação da paisagem natural, a
destruição da biodiversidade, o consumo intensivo dos recursos naturais, a degradação
do solo e a poluição muitas vezes resultante da atividade dos hotéis.

Para chegar ao destino


Primeiro: tem mesmo de viajar de avião? Pense duas vezes. Teremos a opor-
tunidade de aprofundar as consequências do “abuso” das viagens em veícu-
los motorizados na última parte deste livro (veja a partir da página 187), mas
nunca é demais sublinhar: as viagens internacionais estão a aumentar em
todas as regiões do mundo e têm um enorme impacto ambiental resultante
do consumo de energias não renováveis e das emissões de gases poluen-
tes. Segundo dados do Eurostat, o número de passageiros no setor do trans-
porte aéreo ultrapassou pela primeira vez, em 2017, os mil milhões. Quase
metade dos voos realizaram-se dentro da União Europeia (47%). O número
de passageiros mais elevado foi registado no Reino Unido (265 milhões de
passageiros), seguido da Alemanha (212 milhões de passageiros) e de Espanha
(210 milhões de passageiros).

Para minimizar este problema, privilegie, sempre que possível, modos de trans-
porte que emitam menos dióxido de carbono, como o comboio ou o autocarro.

55
A Consumo ecológico

Se tiver mesmo de viajar de avião, reserve voos diretos e opte por companhias
aéreas mais sustentáveis e que comuniquem as boas iniciativas ambientais e
sociais. Pode também limitar a frequência com que viaja de avião a uma vez por
ano, ou mesmo de dois em dois anos.

No destino, sempre que possível, privilegie os transportes públicos e opte por


modos de transporte com um impacto menor, como a bicicleta ou um carro
com baixas emissões de carbono. Sempre que puder, desloque-se a pé.

Boas práticas para minimizar o impacto


Com a crescente preocupação ambiental, há hoje cada vez mais pessoas que
procuram opções sustentáveis no turismo. Desde que se começa a planear as
férias até ao regresso, existem várias medidas que ajudam a reduzir o impacto
ambiental e social.

ATENÇÃO!
Os turistas podem e devem tentar influenciar as cadeias de hotéis, exigindo determinado
tipo de serviço e de bens, e privilegiando aspetos relacionados com a sustentabilidade.

• Antes da partida, informe-se sobre as precauções sanitárias que deve ter e sobre
como aceder aos serviços de emergência e consulares.

• Escolha um operador turístico que defenda o turismo sustentável, que tenha


uma política de sustentabilidade ambiental e social, e que respeite as comuni-
dades locais dos países de destino (veja a caixa O que são eco-hotéis?, na página
seguinte). Peça informações sobre estes aspetos à agência de viagens. Mas,
atenção: no setor da hotelaria, os conceitos “verde”, “eco” ou “sustentável”
são muitas vezes usados de forma abusiva, como estratégia de marketing. Para
resolver este problema, a União Europeia criou, como referimos, o Rótulo Eco-
lógico Europeu, que também premeia os hotéis que assumem um compromisso
claro em matéria ambiental. Os critérios para serem considerados eco-hotéis ou
hotéis ecológicos são regularmente atualizados, de quatro ou de cinco em cinco
anos, para garantir que o rótulo recompensa efetivamente os estabelecimentos
que mais respeitam o ambiente. Estes locais são auditados anualmente para
verificar o cumprimento dos critérios, sob pena de perderem a licença.

• Poupe energia, desligue as luzes e reutilize as toalhas antes de as colocar a lavar.


Caso o hotel tenha o hábito de mudar as toalhas diariamente, insista para que

56
A Poupe nas compras

O QUE SÃO ECO-HOTÉIS


Há atualmente cada vez mais opções sustentáveis, para todas as carteiras, desde parques
de campismo baratos até eco-hotéis de luxo, com o Rótulo Ecológico Europeu (veja o título
“Símbolos ecológicos ou talvez não”, na página 29). Devem respeitar um conjunto de boas
práticas ambientais e sociais, entre as quais destacamos:
• uso eficiente da água (torneiras, autoclismos, lavandaria);
• equipamentos, como máquinas de lavar e sistemas de aquecimento, com boa eficiência
energética;
• 50% a 100% da energia do hotel deve provir de fontes renováveis;
• uso de produtos com baixo impacto ambiental, nas limpezas e na lavandaria, por exemplo;
• redução da produção de resíduos, incluindo os alimentares;
• servir, pelo menos, dois produtos alimentares locais e sazonais por refeição;
• promover o transporte ecológico de bens e hóspedes, seja através da utilização dos trans-
portes públicos, de veículos elétricos ou da partilha de carros ou bicicletas.

deixem de o fazer. Poupe água, tomando duches rápidos e não deixando a água
a correr quando não for necessário.

• Informe-se sobre a cultura local no seu destino e tente perceber os costumes,


as regras e as tradições. Terá uma experiência mais rica e será para si mais
fácil integrar-se na cultura local. Aprenda algumas palavras no idioma do país,
de forma a estabelecer um contacto mais próximo com a população local.
Familiarize-se, ainda, com a legislação no país de destino, de modo a não fazer
nada que possa ser considerado crime.

IDEIA PARA POUPAR


Procure adquirir lembranças para oferecer a familiares e amigos ao longo das férias. Caso con-
trário, poderá ter de “resolver o assunto” à última hora, já no aeroporto. Além de ficar mais
caro, perderá uma oportunidade de contribuir para a dinamização do comércio local. Escolha
sempre produtos que não ponham em causa plantas ou animais em risco de extinção.

• Respeite os direitos humanos e proteja as crianças da exploração turística.

• Proteja a vida selvagem e os habitats naturais. Não compre produtos que


ponham em causa plantas ou animais em vias de extinção.

• Nas atividades que realizar, respeite os recursos culturais, como o património


artístico, arqueológico e cultural.

57
A Consumo ecológico

58
A

Capítulo 2

Nem tudo é lixo


A Consumo ecológico

A produção de resíduos urbanos em Portugal tem aumentado considera-


velmente nas últimas décadas. Em 2019, segundo a Agência Portuguesa
do Ambiente, cada português produziu 513 quilos de resíduos urbanos.
Em termos anuais, contabilizaram-se 5,28 milhões de toneladas, o que equi-
vale a um aumento de 1% face a 2018, sendo o maior volume produzido no
Norte e na Área Metropolitana de Lisboa, com 33% e 31% do total de resí-
duos, respetivamente.

Apesar de os valores serem um pouco inferiores à média europeia, Portugal


ficou ainda muito aquém da meta estabelecida pelo Plano Estratégico para
os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU 2020): 410 quilos por habitante, até 31
de dezembro de 2020. Também longe da meta de 2020 esteve a taxa de
reciclagem e de resíduos que acabaram nos aterros, nomeadamente de bior-
resíduos: 58% dos resíduos orgânicos (por exemplo, restos de comida ou
sacos biodegradáveis) tiveram este destino em 2019, quando as metas pre-
viam 35 por cento.

PORTUGAL LONGE DAS METAS


EUROPEIAS PARA REDUZIR RESÍDUOS
Resultado Meta Meta
em 2019 para 2020 para 2035

Reciclagem 41% 50% 65%

Deposição
58% 35% 10%
em aterros

Resumindo: ficámos muito aquém dos objetivos traçados para 2020 em


matéria de redução de resíduos urbanos e já sabemos que as metas vão ser
ainda mais exigentes nos próximos anos. A União Europeia definiu que o
destino dos resíduos seja:
— a reciclagem em 55% dos resíduos até 2025; 60% até 2030 e 65% até 2035;
— a deposição em aterro para 10% até 2035, ou menos da quantidade total
de resíduos urbanos produzidos.

Embora a evolução do tratamento de resíduos seja, ainda assim, positiva,


é evidente que, tendo em conta as metas exigidas por lei, precisamos de
passos maiores do que os registados até ao momento, o que vai exigir um
esforço de todos nós. Neste capítulo, mostramos como cada consumidor
pode contribuir para este objetivo. Com pequenos gestos, aplicados por
todos, todos os dias, podemos fazer a diferença.

60
A Nem tudo é lixo

QUILOS DE RESÍDUOS URBANOS DIÁRIOS POR HABITANTE


1,4
1,38

1,33 1,33
1,29
1,26
1,24 1,24
1,2

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018


Fonte: Média de resíduos produzidos pelos portugueses, Agência Portuguesa do Ambiente, 2019.

SABIA QUE…?
Em 2013, os dados apontavam para uma redução da produção de resíduos, em parte
devido à crise económica que levou a uma redução do consumo. Mas, desde 2014, a pro-
dução de resíduos voltou a aumentar, estando este fator relacionado com a melhoria da
situação económica portuguesa. Com a pandemia da covid-19, verificou-se uma quebra
no poder de compra e, como consequência, houve uma nova redução da produção de
resíduos. Estes dados revelam que não se tem conseguido dissociar a produção de resíduos
do crescimento económico.

O circuito dos resíduos


Todos os anos, são produzidas quantidades impressionantes de resíduos: por
ordem de volume surgem, em primeiro lugar, os agrícolas, depois os produ-
zidos pelas atividades mineiras, os derivados da indústria, os urbanos e, em
último lugar, os derivados da produção de energia. Estas toneladas de resí-
duos representam um desperdício enorme de recursos naturais.

No que diz respeito aos resíduos urbanos, estes foram, durante muito tempo,
depositados em lixeiras, no mar ou em cursos de água doce (incluindo as
substâncias tóxicas), até surgirem graves consequências para o ambiente
e para a saúde.

61
A Consumo ecológico

O aterro sanitário é, atualmente, o grande recetor dos resíduos urbanos.


Enquanto na Áustria, na Bélgica, na Alemanha, na Holanda e na Suécia,
50% a 70% dos resíduos são reciclados ou compostados, em Portugal, estas
duas soluções de tratamento abrangem apenas 21% dos resíduos!

ENTIDADES RESPONSÁVEIS PELA GESTÃO DE RESÍDUOS


Entidades Materiais específicos
Embalagens de plástico, vidro, metal, papel/cartão e embalagens
Sociedade Ponto Verde
de cartão para alimentos líquidos
Valormed Embalagens e medicamentos fora de uso
Valorpneu Pneus usados
Sogilub Óleos usados
Valorcar Veículos em fim de vida e baterias de automóveis
Amb3E, ERP e Weeecycle Resíduos elétricos e eletrónicos
Ecopilhas Pilhas e acumuladores

Assim, quase tão grave como o excesso de produção é o tratamento ina-


dequado dos resíduos: em 2019, no nosso país, cerca de 58% dos resíduos
foram depositados em aterros, 19% incinerados com recuperação de ener-
gia, 34% recolhidos seletivamente com vista à reciclagem e apenas 8% com-
postados ou digeridos anaerobicamente (decomposição de matéria orgânica
por bactérias em ambientes sem oxigénio). A recolha seletiva, com vista à
reciclagem, foi a operação de gestão de resíduos que mais cresceu entre
2003 e 2015. Contudo, desde 2016, esta tendência estagnou e, de 2018 para
2019, o aumento foi de apenas um por cento. Além das câmaras municipais,
são várias as entidades que se ocupam da gestão dos resíduos em quase
todo o território nacional. Trabalham em concertação com as freguesias, as
entidades gestoras intermunicipais e, também, com as organizações respon-
sáveis pela gestão de materiais específicos (veja a tabela acima).

SABIA QUE…?
Mais de metade dos resíduos urbanos produzidos em Portugal (cerca de 2,6 milhões de
toneladas) são biodegradáveis. No entanto, apenas uma pequena fração é valorizada
(reaproveitada ou transformada). Para melhorar estes resultados, entre outras ações, está
previsto que, até 2023, haja, ao lado dos restantes ecopontos, um contentor “castanho”
para a receção destes resíduos (como restos de comida, resíduos do jardim ou sacos biode-
gradáveis), para posterior compostagem e transformação em fertilizantes agrícolas (veja o
título A compostagem, na página 92).

62
A Nem tudo é lixo

Lixo, não: matéria-prima…


Como pode ver no gráfico abaixo, grande parte dos resíduos produzidos
diariamente nos lares portugueses podem ser valorizados, quer através de
compostagem (no que toca aos biorresíduos, como restos de comida), quer
através de reciclagem (de papel, cartão, plástico, vidro ou metais).

Atualmente, já existem alternativas à deposição em aterro para quase todo


o tipo de resíduos produzidos, tais como:
— a maioria das embalagens, como garrafas de plástico, latas de metal,
embalagens de cartão para alimentos líquidos, esferovite, papel, cartão,
garrafas e frascos de vidro, etc.;
— os resíduos verdes e outros resíduos orgânicos;
— equipamentos elétricos e eletrónicos, como frigoríficos, máquinas de
lavar, televisores, computadores, aparelhagens hi-fi, aspiradores, torra-
deiras, lâmpadas, telemóveis, etc.;
— mobiliário e outros artigos de madeira;
— resíduos de construção e de demolição;
— resíduos perigosos, como pilhas, óleos usados, medicamentos, etc.;
— rolhas de cortiça;
— cápsulas de café;
— tinteiros e toners.

TIPOS DE RESÍDUOS PRODUZIDOS EM PORTUGAL (%)

Papel/cartão
Vidro 9,82
7,11
Plástico
11,29
Compósitos Biorresíduos
3,06 38,51
Têxteis
3,51
Têxteis sanitários Finos (<20 mm)
7,76 7,82
Metais
1,67 Madeira Resíduos volumosos
0,88 4,38
Resíduos verdes (recolhidos
Resíduos perigosos
Outros resíduos em separado)
0,04
2,66 1,49
Fonte: Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) e Agência Portuguesa do
Ambiente (APA), 2019.

63
A Consumo ecológico

SABIA QUE…?
Cada português produz sete a dez vezes o seu peso em resíduos por ano (cerca de 513
quilos, em 2019). Quase tudo é passível de ser reciclado, compostado ou valorizado ener-
geticamente. Separar o plástico, o papel e o vidro são gestos que permitem reduzir em
mais de um terço os resíduos enviados para aterro ou incineração.

Poluidor-pagador
Além dos resíduos biodegradáveis, os camiões que transportam o lixo indife-
renciado só deveriam conter resíduos que ainda não têm soluções específicas
de reciclagem: fraldas usadas, cassetes, CD e DVD, tachos, panelas, talheres,
pratos, copos e chávenas, janelas e espelhos, papel e cartão com gordura,
papel de cozinha, guardanapos e lenços de papel sujos, entre outros.

Contudo, esta não é ainda a realidade, e poderíamos comprová-lo se tivés-


semos acesso à maioria dos sacos de lixo depositados nos contentores
existentes na via pública. Na verdade, há muitos materiais recicláveis e
compostáveis nos caixotes do lixo indiferenciado, que não são separados
seletivamente pelo consumidor.

É sabido que o melhor resíduo é aquele que não se produz. De facto, de


cada vez que colocamos resíduos no lixo estamos a lançar um boomerang:
a sua eliminação pode ser responsável por emissões perigosas, sobretudo
se não forem tratados convenientemente, o seu transporte para os locais de
tratamento ou reciclagem significa emissões de gases com efeito de estufa e a
própria reciclagem obriga a gastos energéticos e de água consideráveis, além
de inevitáveis emissões de gases ou de líquidos. No final, todos estes custos
acabam por ser, direta ou indiretamente, pagos pela saúde e pela carteira
dos consumidores.

É a isto que se chama o "princípio do poluidor-pagador". Com a quantidade


de resíduos que não para de crescer, e uma legislação cada vez mais severa
no que toca à sua valorização, os gastos com o seu tratamento estão sempre
a aumentar. Este custo é parcialmente imputado ao consumidor através de
dois mecanismos:
— taxas municipais, que estão, na maioria dos casos, indexadas à quanti-
dade de água consumida mensalmente e que visam a comparticipação
dos custos relacionados com os resíduos indiferenciados;
— contrapartida financeira (ou “ecovalor”) paga no ato de compra de
determinados produtos (embalagens, pneus, equipamento elétrico e

64
A Nem tudo é lixo

eletrónico, pilhas e baterias), calculada em função do custo real do seu


tratamento, que pode não ser, necessariamente, a reciclagem.

Em 2019, 58% do lixo foi


depositado em aterros. A meta
para 2035 é que só 10% tenha este
destino. Se separarmos o plástico,
o papel e o vidro, mais de um terço
dos resíduos não irão para aterros
ou incineradoras.

SABIA QUE…?
Há já algum tempo que está em estudo a hipótese de as taxas municipais pagas pelos
consumidores portugueses serem calculadas de acordo com a quantidade de resíduos
indiferenciados que geram, e não de acordo com a quantidade de água consumida men-
salmente, como acontece hoje. Isto já é uma realidade nalguns países da União Europeia.
O objetivo é incentivar os cidadãos a aderir e a reforçar a reciclagem. O que inibe esta
evolução? A necessidade de monitorizar os resíduos produzidos por habitação e os custos
associados.

O que fazer?
O Plano Nacional de Gestão de Resíduos (PNGR) procura estabelecer uma
hierarquia na gestão de resíduos, do nível de prioridade maior para o menor:
prevenção e redução, reutilização, reciclagem e outros tipos de valorização e
eliminação. A política dos “3 R”, de fácil compreensão para os consumidores,
assenta na abreviação das três principais medidas “reduzir, reutilizar e reciclar”.

Hoje, existe já uma abordagem mais ampla, a dos “7 R”, que abordamos de
seguida.

1. Repensar: ter presente a produção dos produtos e serviços que adquirimos, de


forma a repensar os hábitos de consumo (compre somente o que é necessário).

65
A Consumo ecológico

2. Recusar: não adquirir produtos que tenham um impacto negativo e signifi-


cativo no ambiente (opte por comprar a quem produz com menor impacto).

3. Reduzir: diminuir a quantidade de resíduos produzidos, desperdiçando


menos e consumindo só o necessário.

4. Reparar: avaliar se consertar um produto avariado não sai mais barato do


que comprar um novo.

5. Reutilizar: guardar materiais que poderão ter uma nova utilidade.

6. Reciclar: transformar os resíduos em novas matérias-primas, de forma


a diminuir a quantidade de resíduos eliminados.

7. Recuperar: aquilo que não pode ser reciclado, como restos de alimentos
e outros materiais orgânicos, pode ser reintegrado na natureza, através da
compostagem orgânica, ou valorizado termicamente.

Embora esta abordagem seja bastante mais pormenorizada, a política dos


“3 R” (reduzir, reutilizar e reciclar), mais fácil de memorizar, mantém-se
perfeitamente válida e resume todas as medidas enumeradas.

Apesar de a primeira ação ser reduzir (veja a partir da página seguinte), é


inevitável que continuemos a gerar resíduos, pelo que, para esses, devem
procurar-se soluções que permitam reciclar, recuperar e, sempre que pos-
sível, valorizar.

A reutilização, por sua vez, é o método mais eficaz, mais económico e


mais ecológico de tratar um produto que pensávamos já não ter qualquer
utilidade (veja a partir da página 75). “Reutilizar” significa voltar a usar o
produto sem o modificar: por exemplo, uma garrafa de água pode voltar
a ser usada para colocar água, um copo de iogurte pode ser usado para
guardar molho de carne no frigorífico. Consiste também na compra e
na venda de produtos em segunda mão, como roupa, livros ou móveis,
por exemplo. As embalagens que, à partida, foram concebidas para
serem reutilizadas (por exemplo, com tara retornável ou recarregáveis)
são outro exemplo. “Recuperar” é também uma forma de reutilização:
para certos equipamentos (sobretudo elétricos e eletrónicos), é muitas
vezes mais rentável, ambiental e economicamente, mandar repará-los,
em vez de os entregar para reciclar. Uma vez arranjado, pode continuar
a utilizar o equipamento ou, simplesmente, doá-lo (veja a página 76).
Todos estes processos permitem poupar as matérias-primas necessárias
para o fabrico de produtos novos.

66
A Nem tudo é lixo

Já a reciclagem consiste na transformação dos produtos usados em novas


matérias-primas, não forçosamente para produzir o mesmo tipo de bens.
Por exemplo, o alumínio das latas de refrigerante pode ser reciclado para
dar origem a novas embalagens ou componentes do motor de um automó-
vel. A compostagem de resíduos orgânicos constitui, igualmente, uma forma
de reciclagem, pois permite a sua transformação em fertilizante orgânico
(veja a partir da página 92).

Dependendo dos produtos em causa, o fabrico de bens a partir de materiais


reciclados é, geralmente, mais rentável, tanto em termos de poupança de
recursos (materiais, energia e água), como no que toca à redução de emis-
sões para o ar, o solo e a água. Muitos estudos e projetos têm sido desen-
volvidos de forma a aperfeiçoar os sistemas de recolha e de reciclagem dos
vários resíduos separados seletivamente. A estratégia passa, ainda, por
ampliar ao máximo a tipologia de resíduos com viabilidade de reciclagem,
como aconteceu, mais recentemente, com os óleos alimentares usados (veja
a página 89). Entre os próximos desafios, estão os componentes periféricos
informáticos (os CD e os DVD, por exemplo) e as fraldas descartáveis.

Os resíduos não reutilizáveis e que não são encaminhados para reciclagem


(por falta de triagem ou porque a recuperação dos materiais não é viável)
devem ser depositados no contentor do lixo indiferenciado, seguindo depois
para incineração com recuperação de energia ou, em alternativa, para depo-
sição em aterro.
Depois da reciclagem, a incineração é o segundo destino mais indicado, uma
vez que as três incineradoras instaladas no nosso país recuperam a energia
contida nos resíduos e produzem eletricidade (a chamada “valorização ener-
gética”). A deposição em aterro sanitário deveria ser o último recurso, mas,
infelizmente, continua a ser o destino mais comum para os resíduos produ-
zidos em Portugal.

SABIA QUE…?
A taxa de reciclagem dos Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE) prevista
em Portugal até 2015 situava-se entre 55% e 80%, dependendo da categoria, e foi alcan-
çada para a grande maioria das categorias.

Reduzir
Deitar fora sai caro, para o ambiente e para o consumidor. Por isso, por-
quê escolher produtos de usar e deitar fora se existem alternativas mais

67
A Consumo ecológico

duradouras? Recuse estas soluções. Porquê consumir de forma exagerada


quando pode consumir de forma criteriosa? Por outras palavras, para quê
desperdiçar quando pode perfeitamente poupar dinheiro, contribuindo,
sem esforço, para o desenvolvimento sustentável do planeta?

É que, em última análise, aumentar o tempo de vida de um bem equivale a


poupar os recursos necessários para o fabrico de um outro para o substituir.
Sempre que existam alternativas mais duradouras, evite produtos com um
tempo de vida curto. Aliás, os produtos mais duradouros acabam, muitas
vezes, por ficar mais baratos a longo prazo. Eis alguns exemplos.

• Use o rolo de papel de cozinha apenas para absorver tipos de sujidade que,
de outra forma, seriam muito difíceis de limpar, como é caso das gorduras.
Para outro tipo de situação (limpezas gerais e das mãos, por exemplo), opte
antes por uma esponja ou um pano. Não use toalhetes húmidos nas limpe-
zas. São caros, geram lixo desnecessário e acabam, muitas vezes, no esgoto.

• Não use máquinas de barbear descartáveis. Aquelas em que se substitui sim-


plesmente a lâmina são igualmente práticas.

• Não use toalhas de mesa de papel. As de outros materiais (de tecido, por
exemplo) também são decorativas.

• Esqueça também os pratos e os copos descartáveis (de cartão, plástico, etc.).


Os de plásticos serão, aliás, banidos do mercado em breve, como medida
de luta contra o lixo marinho. Opte por loiça reutilizável. Para os lanches
fora de casa, use caixas de plástico em vez de sacos de plástico ou folhas de
alumínio.

• Para reduzir a frequência com que pinta as paredes de sua casa (uma vez
que as tintas contêm produtos químicos e outros solventes), utilize uma
tinta de boa qualidade e procure aplicá-la bem. Calcule corretamente a dose
necessária, pois acontece frequentemente que se compre tinta a mais. Se for
esse o caso, doe o que sobrar a uma instituição e nunca deposite os restos no
caixote do lixo ou no esgoto, mesmo que a tinta seja de base aquosa.

• Os frascos de doces e compotas, de maionese, de legumes em conserva,


etc., podem ser reutilizados para arrumar pequenos objetos, como pregos e
parafusos, botões ou clipes.

• Se tiver um balde partido, pode enterrá-lo no jardim, para semear plantas


que cresçam facilmente (salsa, por exemplo) mas que pretenda controlar
(as paredes do balde impedem que as raízes invadam outras culturas).

68
A Nem tudo é lixo

• Uma câmara-de-ar de bicicleta inutilizada pode ser cortada às tiras e usada


para segurar os ramos de uma árvore recentemente plantada.

IDEIA PARA POUPAR


Utilize caixas de plástico para acondicionar as merendas dos seus filhos. Evita, assim, o uso
de embalagens individuais (no caso das bolachas, por exemplo), sacos ou folhas de alumí-
nio. Use um cantil com água da torneira. Para evitar o sabor a cloro, encha previamente
um jarro e agite-o, antes de transferir a água para o cantil. Pode também usar um jarro
filtrante.

Evite sacos descartáveis


Se nada for feito entretanto, prevê-se que em 2050 haja mais plásticos do
que peixes nos mares! A Comissão Europeia estima que cada cidadão gera,
anualmente, 58 toneladas de plástico, sendo mais de 50% provenientes de
embalagens. A realidade é que muitos destes materiais constituem um des-
perdício direto. A sua utilização restringe-se, muitas vezes, a alguns minutos,
mas são necessários séculos para que desapareçam. Tendo em conta que
apenas 30% deste plástico é reciclado, a probabilidade de o solo e a água
serem contaminados é muito elevada. Constatamo-lo, aliás, um pouco por
todo o mundo, embora com níveis de concentração mais preocupantes em
locais como a China, as Filipinas, a Tailândia e o Vietname (oceano Pacífico
e Índico). Estes plásticos não desaparecem. Com o passar do tempo, vão-se
degradando e assumem a forma de partículas cada vez mais finas, os chama-
dos “microplásticos”, extremamente prejudiciais para as espécies marinhas.

Se não forem
tomadas medidas
para reduzir a
utilização de plástico,
estima-se que, em
2050, haja mais
plásticos do que
peixes nos mares!

69
A Consumo ecológico

A Comissão Europeia decidiu agir e definir metas exigentes em matéria de


luta contra os plásticos descartáveis até 2025. As medidas identificadas visam
banir o plástico de diversos objetos de uso quotidiano, tais como cotonetes,
talheres, pratos, palhinhas e agitadores de bebidas em plástico, uma vez que
estes podem já hoje ser produzidos exclusivamente a partir de matérias-pri-
mas de fontes renováveis. Em relação às garrafas de plástico descartáveis,
concretamente, determinou-se que, até 2025, a taxa de recolha deva atingir
os 90 por cento.

Medidas ao seu alcance para reduzir o uso de plástico


— Não use produtos descartáveis, como pratos de plástico, cotonetes, etc.
— Evite comprar água engarrafada. É melhor reutilizar uma garrafa. Prefira
as de vidro.
— Escolha marcas que utilizem plástico reciclado.
— Partilhe toda a informação que tiver com os seus amigos e próximos.
Incentive-os a adotar comportamentos mais adequados.
— Qualquer que seja o material de embalagem, há sempre um contentor
específico disponível — amarelo, verde ou azul.
— Procure comprar a granel (saiba quais as lojas que existem na sua zona
em www.agranel.pt),
— Para transportar as frutas e os legumes, prefira sacos em papel, de pano,
rede ou até de plástico reutilizável, que possa voltar a usar.

IDEIA PARA POUPAR


Como nem todos os resíduos produzidos em casa são recicláveis, vai precisar de sacos
para o lixo indiferenciado. Pode aproveitar alguns que tenha adquirido no supermercado.
Além disso, traga sempre um saco (de plástico, de tecido, etc.) no bolso ou na mala. Deixe
também alguns na bagageira do carro, outros na garagem, alguns na cozinha ou noutros
locais onde possam vir a ter utilidade. Desta forma, terá sempre uma solução para trans-
portar uma compra imprevista sem ter de comprar (mais) um saco.

Opções para as compras


De carro ou a pé, os sacos de compras com rodas permitem acondicionar e
transportar produtos sem esforço, sem que sejam necessários sacos de plástico.
Além disso, são resistentes, pelo que pode reutilizá-los vezes sem conta.

70
A Nem tudo é lixo

Para os volumes mais pequenos, a melhor solução são os sacos reutilizáveis,


sobretudo se estes forem resistentes, como os de polipropileno, de tecido ou
de juta.
Os vulgares sacos de plástico (de polietileno) também podem ser reutilizados.
Volte a usá-los quando for às compras ou para depositar o lixo indiferenciado.
Se estiverem danificados, coloque-os no ecoponto amarelo.
Guarde, ainda, algumas caixas (de cartão ou de plástico) na bagageira do carro.
Assim, quando for ao supermercado, poderá transferir diretamente as suas
compras do carrinho para as caixas, dispensando os sacos de plástico.

O excesso de embalagem
A principal função das embalagens é proteger e preservar o seu conteúdo, como
alimentos, por exemplo. Mas a sua utilidade fica-se por aí. Porque, depois, não
passam de resíduos que têm de ser tratados. Uma das soluções mais sustentá-
veis consiste em se reciclarem a 100% os resíduos que compõem uma emba-
lagem, como cartão, plástico ou metal. Contudo, para avaliar o impacto ambi-
ental das embalagens, não basta considerar o facto de que estas terão um dia
de ser tratadas. A sua produção, por exemplo, também tem um custo ambien-
tal, uma vez que implica o consumo de recursos, como água e energia.
O excesso de embalagem e as embalagens com vários tipos de materiais são,
infelizmente, muito comuns. Além de dificultarem a separação e a recicla-
gem de resíduos, consomem muitas matérias-primas (veja o gráfico abaixo).
Felizmente, as metas definidas para os resíduos incluem a redução de resí-
duos de embalagem.

IMPACTO AMBIENTAL DE UMA EMBALAGEM

Fim de vida
7%
Transporte Materiais usados
2% 78%

Fabrico
13%

71
A Consumo ecológico

O ecodesign
Apesar de o tratamento e a valorização de resíduos em fim de vida serem
cada vez mais exigentes e eficientes e de, muitas vezes, os resíduos de emba-
lagem serem recicláveis, o ideal será que os produtos venham com tão pouca
embalagem quanto possível.

No próprio momento da conceção das embalagens, os fabricantes devem


limitar ao máximo a quantidade e o volume de material usado na sua pro-
dução, e devem prever que a sua separação, desmantelamento e reencami-
nhamento para o ecoponto seja tão fácil quanto possível. Infelizmente, isso
nem sempre acontece. Estes princípios fazem parte daquilo a que se chama
"ecodesign", cujo objetivo é diminuir o mais possível o uso de materiais e dar-
-lhes o destino final mais sustentável.

Na altura de escolher entre dois produtos equivalentes, o consumidor deve


optar por um que não tenha várias camadas de plástico, cartão ou esfero-
vite. Por exemplo, para quê comprar uma pasta de dentes (que já é uma
embalagem) vendida numa caixa de cartão, quando existem alternativas
sem a embalagem exterior?

Como reduzir?
• Se puder, opte por artigos embrulhados num só tipo de material.

• Tente encontrar recargas para os seus sabonetes líquidos e outros produtos


de limpeza, poupando, assim, de forma significativa, e contribuindo simul-
taneamente para a redução do volume de embalagens.

• Só compre grandes quantidades de alimentos se estes tiverem um prazo


de validade longo. Uma embalagem de três litros de azeite, por exemplo,
produz menos resíduos de embalagem do que quatro garrafas de 750 ml.

• Opte por porções maiores em vez de doses pequenas. Seis unidoses de


cereais de pequeno-almoço, por exemplo, exigem uma maior quantidade
de embalagem do que uma só caixa grande com a mesma quantidade.
Mas não se esqueça de verificar se consegue consumir tudo dentro do
prazo.

• Pode deixar as embalagens supérfluas na loja. O facto de o consumidor con-


siderar que não precisa delas constitui um sinal evidente de que não con-
corda com as opções do fabricante.

72
A Nem tudo é lixo

SABIA QUE…?
O preço da embalagem repre-
senta cerca de 20% do preço do
produto, ou mesmo mais, como
acontece no caso dos produtos de
cosmética e de luxo. Na verdade,
A escolha mais amiga do ambiente é o tubo, sem caixa é o consumidor quem paga a pro-
de cartão. A embalagem do meio (a de polipropileno) dução, o transporte e a elimina-
é mais difícil de compactar e, logo, ocupa mais espaço ção da embalagem.
no ecoponto.

A publicidade não endereçada


A distribuição de panfletos, catálogos, brochuras e calendários promocio-
nais nas caixas do correio constitui uma forma de publicitar bens e serviços
cada vez mais frequente. No entanto, muitas pessoas deitam-nos fora sem
sequer os terem lido. Se não precisa destes papéis, porque não recusá-los?

Coloque na sua caixa de correio a indicação


de que não está interessado em receber publi-
cidade e jornais gratuitos. No endereço online
www.consumidor.gov.pt/informacao-publi-
cidade.aspx, da Direção-Geral do Consumi-
dor, pode descarregar e imprimir um dístico
para esse efeito. Se pretender deixar de rece-
ber publicidade não endereçada, mas tiver
interesse num folheto de um determinado
estabelecimento, por exemplo, assine a ver- Coloque na caixa de correio a
são digital do mesmo e receba-a na sua caixa indicação de que recusa publicidade
de correio eletrónico. não endereçada.

O problema das pilhas


A legislação nacional estabelece taxas mínimas de recolha seletiva de pilhas
e acumuladores portáteis, define níveis de rendimento mínimos para os pro-
cessos de reciclagem e promove o recurso às melhores técnicas disponíveis.
De acordo com os últimos dados disponibilizados pela Agência Portuguesa

73
A Consumo ecológico

do Ambiente, a taxa de recolha em 2017 foi de 39,5%, tendo ficado aquém da


meta definida para esse ano. Quão grave é, então, o problema?

Perigos
Existem dois tipos de pilhas: as pilhas primárias e as pilhas secundárias.
As primárias (não recarregáveis), são aquelas em que o produto químico
não pode voltar à sua forma original uma vez esgotado, por ter conver-
tido a energia química em elétrica. As secundárias (recarregáveis) são
aquelas em que a transformação da energia química em elétrica é reversí-
vel, podendo estas ser recarregadas e utilizadas várias vezes. Estas pilhas
são também chamadas “acumuladores”.
De entre os constituintes das pilhas, os metais pesados (como o mercú-
rio ou o cádmio) são os mais problemáticos para o ambiente. Quando
não são devidamente eliminadas e tratadas, as pilhas podem acabar nos
solos, levando a que os seus componentes se espalhem, podendo mesmo
atingir os lençóis freáticos. Com o passar do tempo, estes metais tóxicos
podem incorporar-se na cadeia alimentar, com consequências graves.
No processo de compostagem, a presença das pilhas reduz significativa-
mente a qualidade do adubo orgânico, podendo inclusivamente inviabili-
zar a sua utilização na agricultura.
Já se as pilhas forem depositadas na água, os metais são absorvidos
pelos sedimentos de matéria orgânica e da argila. Os metais decom-
põem-se, então, em tóxicos bioacumulativos que são incorporados na
cadeia alimentar (moluscos, peixes), chegando muitas vezes até ao
Homem.

Reduzir o consumo de pilhas


Por todas as razões referidas, sempre que possível, deve evitar recorrer a
aparelhos que funcionem exclusivamente com pilhas. Tanto mais que exis-
tem alternativas, como os aparelhos que se ligam à corrente ou mesmo os
que funcionam sem eletricidade: um despertador de corda, um relógio
automático, uma balança de mola, uma máquina de calcular que funcione
a energia solar, brinquedos e lanternas a dínamo, etc. Estes aparelhos que
não utilizam pilhas têm ainda a vantagem de continuar a funcionar em caso
de corte de eletricidade.
Caso precise, ainda assim, de pilhas e baterias, escolha as recarregáveis e
opte por um carregador eficiente, para otimizar a sua utilização. Prefira car-
regadores que esvaziem totalmente as baterias antes de as recarregar, para
evitar que fiquem “viciadas”.

74
A Nem tudo é lixo

A COMPOSIÇÃO DAS PILHAS RECARREGÁVEIS

Plástico 5%

Cobalto 3%
Níquel 33%
Outros (hidróxido
de potássio, zinco,
Ferro 30%
manganês
e lantanídeos) 21%
Água 8%

SABIA QUE…?
O mercúrio provoca problemas no sistema nervoso central, com consequências para os
sistemas sensorial, motor e psicológico. O cádmio, por sua vez, provoca problemas ao nível
dos ossos, fragilizando-os e podendo mesmo causar deformações.

Reutilizar
Ao reutilizar objetos em vez de adquirir novos, reduz a sua pegada ecológica.
A produção de novos produtos implica, inevitavelmente, o consumo de mais
matérias-primas e energia. Além dos circuitos organizados para reutilizar,
como embalagens com tara retornável ou as recarregáveis (para os sabone-
tes líquidos, por exemplo) e, ainda, as lojas ou espaços onde se podem depo-
sitar e comprar produtos em segunda mão, existem ainda muitas outras pos-
sibilidades de reutilização, desde que se tenha o "reflexo" certo.

• Em toda e qualquer circunstância, pense se aquela coisa que estava a pensar


deitar fora não poderá ser reutilizada, eventualmente, para outro fim. Seja
criativo. E preveja um espaço para ir arrumando os objetos suscetíveis de
serem um dia reutilizados.

75
A Consumo ecológico

• No nosso livro 50 Ideias criativas — Objetos decorativos para o dia-a-dia (des-


cubra-o em www.deco.proteste.pt/guiaspraticos), encontra dezenas de pro-
jetos para transformar objetos que já não usa, dando-lhes uma nova vida.

• E não se esqueça de que o material escolar e a roupa dos seus filhos podem
passar de uns irmãos para os outros, que o papel para impressora pode ser
usado também no verso e que alguns tinteiros podem ser recarregados.

• Além disso, dar, vender e comprar produtos em segunda mão são atos que
se inscrevem na lógica da economia circular e contribuem para o desen-
volvimento sustentável do planeta. Existem lojas, mas também sites para
comprar, vender e até trocar produtos em segunda mão. Com uma breve
pesquisa na internet, encontrará uma vasta lista de contactos.

• Em relação a bens como roupa e calçado, malas e mochilas, móveis, eletro-


domésticos, material de informática (impressoras, monitores), brinquedos,
livros, CD, loiça, bicicletas, corta-relvas, etc., há sempre quem os receba de
braços abertos, sejam instituições ou particulares. Se pretende dar objetos
usados ainda em bom estado, pense também em associações e organiza-
ções de apoio social. Informe-se na sua junta de freguesia, por exemplo, ou
recorra a instituições de solidariedade social como o Banco de Equipamen-
tos (www.bancodeequipamentos.pt) ou a plataforma Dar e Receber (www.
darereceber.pt).

IDEIA PARA POUPAR


Em casa e no trabalho, imprima dos dois lados da folha ou, se tal não for possível, use o
verso, por exemplo, para apontamentos. Este comportamento permite poupar metade do
papel que utilizaria e reduz também para metade a emissão de poluentes.

• Na altura de se desfazer de bens ou eletrodomésticos em mau estado e dete-


riorados, não os deite no lixo comum. Para garantir que lhes dá um fim de
vida adequado, entregue o velho equipamento na loja onde comprar o novo
ou num dos pontos de recolha do seu município (verifique qual o centro
mais próximo em https://ondereciclar.pt). Algumas lojas e zonas comerciais
disponibilizam contentores próprios para pequenos eletrodomésticos, como
batedeiras ou torradeiras, por exemplo. São os chamados "pontos electrão"
(para mais informações, veja a página 88). Se não forem separadas correta-
mente, algumas substâncias tóxicas contidas nestes aparelhos poderão con-
taminar gravemente o solo, o ar e a água.

76
A Nem tudo é lixo

ATENÇÃO!
Cuidado com os aparelhos elétricos em segunda mão. Por vezes, os mais antigos gastam
mais. Isto é válido, sobretudo, no caso de frigoríficos, congeladores, máquinas de lavar
roupa e loiça, etc. Informe-se sobre os consumos dos modelos lendo a respetiva etiqueta
energética ou consulte os testes da DECO PROTESTE, na revista ou no nosso site (www.deco.
proteste.pt/eletrodomesticos) .

Reciclar
A quantidade anual de resíduos domésticos não para de aumentar. Uma
família média (um casal com dois filhos, por exemplo) é responsável por
duas toneladas de resíduos por ano! Ora, metade destes resíduos pode ser
reciclada desde que sejam entregues ou depositados no local certo e não no
lixo indiferenciado.

Felizmente, a reciclagem tem entrado cada vez mais nos hábitos das popula-
ções, e o número de consumidores empenhados na triagem tem aumentado.
Por muito pouco que se recicle por dia, ao fim de um ano o impacto é con-
siderável. Por exemplo, poderá parecer que meia dúzia de cápsulas de café
usadas não justificam uma deslocação ao depósito da marca ou ao ecoponto
amarelo (veja a ilustração da nova sinalética de reciclagem na página 79).
Mas, se pensar em todo o café que consome ao longo de um ano, a situa-
ção assume outros contornos. Se uma família beber quatro cafés por dia, ao
longo de 350 dias do ano, acaba por gerar 1400 cápsulas, ou seja, quase 1,5
quilos de alumínio, 11 de plástico ou 17 de papel!

Sensibilize todos os
elementos da família
a participar na
separação do lixo.
Cerca de metade
dos resíduos que
produzimos em casa
são recicláveis.

77
A Consumo ecológico

CADA FAMÍLIA FAZ A DIFERENÇA


Em 2018, acompanhámos a produção e a separação de lixo doméstico de 17 famílias
durante quatro semanas. Os resultados mostram que a separação já é uma rotina, mas
ainda há aspetos a melhorar. Como exemplo, deixamos o resultado de quatro famílias que
demonstram o seu desempenho na gestão de resíduos.

Família Simões (3 elementos) Família Gonçalves (4 elementos)


Lixo valorizado: cerca de 41% Lixo valorizado: cerca de 22%

6,8 kg 8,2 kg
mensais, por pessoa, mensais, por pessoa,
de lixo indiferenciado de lixo indiferenciado

1,7 kg 0,1 kg
mensais, por pessoa, mensais, por pessoa,
de vidro de vidro
1,5 kg 0,6 kg
mensais, por pessoa, de papel mensais, por pessoa, de papel
ou cartão ou cartão

1,5 kg 1,6 kg
mensais, por pessoa, de plástico mensais, por pessoa, de plástico
ou metal ou metal

Família Ferreira (4 elementos) Família Lopes (4 elementos)


Lixo valorizado: cerca de 42% Lixo valorizado: cerca de 67%

5,5 kg 2,4 kg
mensais, por pessoa, mensais, por pessoa,
de lixo indiferenciado de lixo indiferenciado

1,3 kg 0,5 kg
mensais, por pessoa, mensais, por pessoa,
de vidro de vidro
1,1 kg 2,1 kg
mensais, por pessoa, de papel mensais, por pessoa, de papel
ou cartão ou cartão

1,5 kg 2,2 kg
mensais, por pessoa, de plástico mensais, por pessoa, de plástico
ou metal ou metal
A família Lopes teve o melhor desempenho! Além de produzir menos resíduos
por pessoa, apresenta uma taxa de valorização bem superior às restantes.

78
A Nem tudo é lixo

SABIA QUE…?
Existe uma nova sinalética para ajudar os consumidores a separar corretamente os resí-
duos e, por conseguinte, a aumentar a taxa de reciclagem.

Esta sinalética informa-o sobre o que deve fazer com os vários componentes da embalagem.
Se tiver, por exemplo, uma caixa de plástico, fica a saber que deve depositá-la no ecoponto
amarelo. Com estes novos rótulos, fica também a saber que deve esvaziá-la, espalmá-la e
colocar-lhe a tampa antes de se desfazer dela. E o saco de plástico interior de uma emba-
lagem de cartão de cereais, por exemplo? Temos consciência de que a caixa, por ser de
cartão, vai para o ecoponto azul, mas a simbologia deixa agora bem claro que o saco deve
ser separado e depositado no ecoponto amarelo.

As cápsulas de café podem e devem ser transformadas em novos produtos.


Mesmo as borras de café têm solução: a sua extração e reencaminhamento
para valorização orgânica permitem obter um composto que pode ser usado
como fertilizante agrícola.

Para que os resíduos que produz possam ser valorizados ou devidamente


eliminados, tem de os separar corretamente. Os serviços de recolha seletiva
permitem que muitos materiais que entram na composição dos resíduos
possam regressar ao ciclo de produção de produtos novos.

Separar os resíduos com vista à reciclagem não é, contudo, uma tarefa evi-
dente. Antes de mais, importa saber como deve fazer a triagem (por exem-
plo, nem todos os tipos de vidro podem ser colocados no vidrão) e também
como está organizado o seu município para a recolha dos resíduos.

79
A Consumo ecológico

O MELHOR DESTINO PARA OS SEUS RESÍDUOS


Além das dicas que damos abaixo, pode ainda deixe-o arrefecer, despeje-o para dentro de uma
consultar as regras de separação da Sociedade Ponto garrafa e guarde-a até esta estar totalmente cheia.
Verde (www.pontoverde.pt) e ver onde depositar os Consoante o tipo de contentor disponível, deposite-a
seus resíduos em https://ondereciclar.pt. ou despeje o seu conteúdo num ponto de recolha
específico para óleos alimentares usados. Estes
1. Cozinha “oleões” estão normalmente disponíveis na via
pública, nos ecocentros, nas grandes superfícies
Embalagens de plástico ou metal
comerciais, nos supermercados, em restaurantes,
Estas embalagens e as mistas, que incluem
em escolas e juntas de freguesia. O OAU é entregue
cartão e metal, como as Tetra Pak, devem ir para
a empresas que o valorizam e transformam em
o ecoponto amarelo. Se uma embalagem tiver
biodiesel, por exemplo.
mais do que um material (cartão e plástico, por
exemplo, como acontece com muitas lâmpadas), Rolhas de cortiça
separe-os previamente. Deposite o plástico, Coloque-as no rolhinhas (contentores disponíveis
espalmado, no ecoponto amarelo. Não hesite nalguns espaços comerciais). As rolhas são depois
em usar os pés para espalmar as embalagens usadas para outros fins, sendo a produção de material
mais resistentes para ocuparem menos espaço e isolante o mais comum.
aumentar a eficiência da recolha. Não deposite
embalagens de produtos tóxicos, nocivos ou Lâmpadas fluorescentes compactas
explosivos (veja mais em www.pontoverde.pt). e tubulares
Coloque-as no depositrão ou no "ponto electrão"
Embalagens de vidro desde que haja um depósito específico para lâmpadas
As garrafas e os frascos devem ser depositados (em centros comerciais). Para mais locais, consulte os
no vidrão (ecoponto verde). Não coloque loiças e sítios da internet www.electrao.pt e
cerâmica, azulejos, vidro farmacêutico, vidro plano https://erp-recycling.org/pt-pt/onde-reciclar/
(por exemplo, de janelas) ou vidros especiais, rede-depositrao. Também pode entregar
como de perfumes ou cosméticos, cristal, pírex, a lâmpada no sítio onde for comprar
espelhos, lâmpadas, etc. (saiba mais em www. uma nova.
pontoverde.pt).
Equipamentos elétricos
Cápsulas de café e eletrónicos (REEE)
Se a marca não tiver locais específicos para depósito Coloque os pequenos
ou se as lojas que as vendem não disponibilizarem eletrodomésticos
contentores para a recolha seletiva, o melhor é usar no depositrão
o ecoponto amarelo em vez do lixo. Após separação, ou no "ponto
o café pode ser encaminhado para compostagem e o electrão". 1
material das cápsulas para reciclagem.

Resíduos orgânicos
Os restos de vegetais não cozinhados, as cascas,
as aparas de relva ou as folhas das árvores podem
ser colocados num compostor e utilizados como
fertilizante orgânico para plantas. Se não puder fazer
compostagem, estes resíduos devem ser colocados
no contentor do lixo indiferenciado. A partir de 2023,
prevê-se que exista, junto do ecoponto, um contentor
castanho para a recolha destes resíduos.

Óleos alimentares usados (OAU)


Uma vez utilizado o óleo pela última vez,

80
A Nem tudo é lixo

Os eletrodomésticos maiores podem ser retomados 2. Escritório


pela loja quando for comprar o novo. Podem também
ser entregues no ecocentro da sua zona. Nunca os Papel e cartão
abandone na via pública. Depois de recolhidos, estes Deposite-os no papelão (ecoponto azul). Não
equipamentos são desmantelados e, consoante o tipo, coloque papéis ou cartões sujos, plastificados,
os materiais obtidos seguem para reciclagem metalizados ou com tratamento especial, como
ou tratamento como resíduos perigosos. autocolantes, papel vegetal, etc. Espalme as caixas
de cartão para que ocupem menos espaço. Pode
Ferramentas de cozinha (de plástico ou incluir jornais, revistas, papel de escrita e impressão.
metal) e outras ferramentas metálicas
Se não as puder doar, entregue-as no ecocentro
Tinteiros e toners
Recarregue-os, quando possível, nas lojas da
mais próximo (consulte o seu município se não
especialidade ou entregue-os para reciclagem: a
souber onde se encontram ou o sítio na internet
AMI tem mais de cinco mil pontos de recolha (saiba
https://ondereciclar.pt).
onde em ami.org.pt ou ligue para o 218 362 100).
A AMI também recolhe telemóveis obsoletos.

Cassetes, CD e DVD
Deposite-os no ecoponto amarelo, no depositrão ou
no "ponto electrão". Estes ficarão armazenados
até existir uma entidade que os receba
para tratamento adequado.

81
A Consumo ecológico

3. Casa de banho nestes centros são depois recolhidos por operadores


licenciados, ficando a gestão final a cargo da Valorfito,
Medicamentos que os encaminha para estações de tratamento
Entregue os medicamentos fora do prazo, os blísteres e valorização energética, entre outras.
e os frascos vazios na farmácia. A entidade gestora é a
Valormed. As embalagens de cartão também poderão Resíduos verdes
ser colocadas no ecoponto azul (papelão). Entregue-os no ecocentro mais próximo ou contacte
a autarquia para combinar uma recolha. Estes
Termómetros de mercúrio resíduos podem ser compostados a nível doméstico
Entregue-os numa farmácia ou num centro de saúde. ou municipal.
Se não forem aceites, contacte o ecocentro mais
próximo e pergunte se têm possibilidade de receber Pequenos entulhos
pequenas quantidades de resíduos domésticos Se a obra estiver a seu cargo, entregue-os num
perigosos. Nunca os coloque no lixo comum, pois ecocentro ou combine com a autarquia. O serviço é
são um resíduo perigoso. gratuito para quantidades até um metro cúbico. Se o
responsável pela obra for um empreiteiro, certifique-se
Radiografias de que ele os entrega num ponto de recolha
Pode entregar as suas radiografias com mais de licenciado.
cinco anos ou sem valor de diagnóstico nas farmácias Muitos dos materiais recolhidos podem ser
aderentes à campanha anual da AMI (https://ami. incorporados no fabrico de outros materiais de
org.pt/missao/reciclagem-de-radiografias/). A prata construção, mobiliário de jardim ou mesmo no
extraída das radiografias será usada no fabrico de revestimento de estradas.
novos produtos.
6. Garagem
Embalagens de champô, gel de duche, etc.
Todas as embalagens de plástico devem ser colocadas, Automóvel em fim de vida
escorridas e espalmadas, no ecoponto amarelo. Entregue-o num centro de desmantelamento
Os frascos de vidro devem ir para o ecoponto verde. licenciado da Valorcar (www.valorcar.pt).
O serviço é gratuito, se o veículo estiver
4. Quarto completo. Depois de retirados
os fluidos e os componentes 3
Têxteis, roupa e calçado
perigosos (combustível, óleos,
Se os artigos estiverem em bom estado, venda-os
baterias, etc.), a triagem
em segunda mão ou entregue-os a uma família
permite encaminhar
necessitada ou a uma associação de apoio social. Em
para reciclagem a
alternativa, use os contentores da Associação Humana
borracha dos
(saiba mais em www.humana-portugal.org).
pneus, toda
Cabides de plástico e metálicos a fração
Segundo a Sociedade Ponto Verde, estes podem ser
colocados no ecoponto amarelo.

5. Jardim
Pesticidas, inseticidas e outros biocidas
Nunca os coloque num ecoponto, pois são um resíduo
perigoso. Entregue-os num centro de receção da
Valorfito (veja a localização em www.valorfito.com).
Esta entidade armazena temporariamente os resíduos
de embalagens de produtos fitofarmacêuticos em
sacos que foram distribuídos nos pontos de venda,
que muitas vezes também funcionam como
centros de receção. Os resíduos depositados 5

82
A Nem tudo é lixo

metálica, as espumas dos bancos, etc. Além disso, Os pneus usados com a carcaça em bom estado
os registos de propriedade e a matrícula serão podem ser recauchutados; caso contrário, seguem
automaticamente cancelados. para reciclagem: a borracha pode ser transformada
em relva sintética, pisos para parques infantis e solas
Óleos minerais de sapatos, entre outros.
Entregue-os no ecocentro mais próximo, num dos
pontos de recolha da Ecolub (entidade responsável Baterias de automóveis
pela requalificação de resíduos industrais perigosos: Entregue-as, de preferência, no sítio onde comprar
www.sogilub.pt) ou contacte o seu município. Não os uma nova. Uma vez que as baterias usadas não
misture com outros óleos, nem os despeje no ralo, podem ser introduzidas nos circuitos municipais de
na sanita ou na terra. recolha de resíduos, os grossistas e os retalhistas
são obrigados a aceitá-las sem encargos para o
Pneus consumidor. Outra possibilidade é recorrer a um ponto
Entregue os pneus velhos no concessionário ou na de entrega da rede da Valorcar (www.valorcar.pt), que
oficina onde for montar os novos. Se forem do mesmo foi criada para gerir os veículos em fim de vida e os
tipo e em igual número, estes têm de os aceitar. Se os seus componentes. A bateria deve ser entregue num
trocar por conta própria, entregue-os num dos pontos centro de desmantelamento licenciado.
da Valorpneu (www.valorpneu.pt).
Madeiras
Entregue-as no ecocentro ou solicite a sua recolha
junto da autarquia. Deixar ao lado do contentor do
lixo ou do ecoponto não garante a sua reutilização
4 nem a sua reciclagem.

7. Sala
7 Pilhas
Os resíduos de pilhas e acumuladores portáteis
devem ser depositados no pilhão, ponto de recolha
seletiva destinado ao efeito.

Equipamentos elétricos e eletrónicos


Televisor, aparelhagem ou computador: se ainda
estiverem em bom estado, pode doá-los. Caso
contrário, deve dar-lhes o mesmo destino que
aos eletrodomésticos de cozinha, recorrendo a um
"ponto electrão". Não os coloque junto do contentor
do lixo indiferenciado ou do ecoponto.

Monos domésticos
Os sofás velhos ou outros artigos que não possam
ser doados devem ser entregues no local adequado.
Contacte os serviços de recolha da sua autarquia ou
deposite-os no ecocentro mais próximo. Não coloque
este tipo de resíduos na rua em dias, horários
ou locais que não os definidos pelas autarquias:
sujeita-se a uma coima.
83
A Consumo ecológico

SABIA QUE…?
Os veículos de recolha de resíduos têm frequentemente mais do que um compartimento,
pelo que o lixo não se mistura no seu interior. Assim, é frequente vermos camiões a reco-
lher dois ou três tipos de resíduos diferentes, que permanecem separados até ao trata-
mento final ou até serem reciclados.

O vidrão
O vidro depositado no ecoponto verde (ou vidrão) é recolhido e encami-
nhado para um local de armazenamento temporário, sendo posteriormente
entregue a entidades que fazem uma triagem adicional. Aí, os contaminan-
tes (resíduos que não podem ser reciclados nessa fileira ou que comprome-
tam a qualidade da reciclagem), como rolhas, cápsulas, tampas e materiais
cerâmicos, entre outros, são retirados. Os diferentes tipos de vidro (verde,
castanho e incolor) seguem para um reciclador, onde, após fusão, ficará
pronto para dar origem a novas embalagens ou a outros produtos de vidro,
como materiais de construção.
O vidro é 100% reciclável: um quilo de vidro recolhido pode ser transfor-
mado num quilo de novos materiais. Além de permitir poupar no uso de
recursos naturais, este processo implica menos consumo de energia e menos
emissões de gases poluentes do que a produção de vidro novo.

IDEIA PARA POUPAR


Não lave as embalagens antes de as colocar no ecoponto. Escorra bem o conteúdo, mas
não gaste água para lavar lixo! Essa operação será feita no local de recolha.

• Pode depositar no vidrão todo o tipo de embalagens de vidro (garrafas,


frascos, garrafões, boiões) para água, vinho, cerveja, sumo, néctar e refrige-
rante, azeite, vinagre, molhos, produtos de conserva, mel e compota, leite
e iogurte.

• NÃO deposite:
— pratos, copos, chávenas e jarras de material cerâmico;
— azulejos, tijolos, pedra brita ou da calçada, materiais de construção, etc.;
— vidro farmacêutico, proveniente de hospitais e laboratórios de análises
clínicas;
— vidros planos de janelas, vidraças e para-brisas, etc.;

84
A Nem tudo é lixo

— vidros armados, de ecrãs de tele-


visão, lâmpadas, espelhos, pírex,
cristais, vidros corados, cerâmi-
cos, opacos, não transparentes;
— tampas e rolhas das embalagens
de vidro.

O vidro é 100% reciclável.

ATENÇÃO!
Não deposite cerâmica no vidrão! A reciclagem das embalagens de vidro é realizada atra-
vés de um processo de fusão. Como a cerâmica e o vidro têm pontos de fusão muito dife-
rentes, têm de ser tratados separadamente.

O papelão
Depois de depositados no ecoponto azul (ou papelão) ou ainda no saco espe-
cífico para a recolha porta a porta de resíduos recicláveis, o papel e o cartão
são enviados para locais de armazenamento temporário, onde são enfarda-
dos e encaminhados para uma primeira triagem. Aí, os agrafos, os clipes, os
cordéis e outros contaminantes do processo de reciclagem são removidos,
dando origem a lotes de papel com maior potencial de reciclagem. Segue-
-se a venda aos recicladores, que utilizam as fibras de celulose existentes no
papel usado.

Podem utilizar-se apenas fibras secundárias, dando origem a papel 100%


reciclado, ou misturar-se fibras secundárias e pasta de papel virgem. Além
de permitir usar menos fibra virgem, o fabrico de papel total ou parcial-
mente reciclado consome menos água e apenas cerca de um quarto da ener-
gia face ao uso de fibra virgem.

As fibras de papel reciclado são usadas na produção dos jornais, de caixas de


cartão, de papel higiénico e de limpeza, de gesso cartonado, etc.

• Pode depositar no ecoponto azul: os jornais e as revistas, o papel de escrita,


listas telefónicas, cadernos e livros, caixas de ovos (limpas), embalagens
de cartão liso, compacto e canelado (como as de cereais e os invólucros)

85
A Consumo ecológico

e todo o tipo de embalagens de papel e papel de embalagem (como sacos e


papel de embrulho).

• NÃO deposite:
— papéis metalizados (de pacotes de bolachas, por exemplo) e plastificados
ou sujeitos a tratamento especial (lustro, celofane, vegetal, químico, auto-
colante e alumínio);
— embalagens de resíduos orgânicos ou com gorduras (papel de cozinha,
guardanapos, lenços de papel, loiça de papel, toalhetes e fraldas, pacotes
de batatas fritas e de aperitivos);
— embalagens de resíduos tóxicos e perigosos.

ATENÇÃO!
Não coloque guardanapos, papel de cozinha ou lenços de papel usados no papelão. Esses
resíduos contaminados podem pôr em causa a valorização de todos os outros.

O embalão
A produção de materiais plásticos representa 4% do total de petróleo e gás
consumido na Europa. Estima-se que, para obter um quilo de plástico, sejam
necessários dois quilos de petróleo. De todas as formas de tratamento de
resíduos de plástico, a reciclagem é o componente com maior potencial de
redução de emissões de dióxido de carbono: 0,41 toneladas de dióxido de
carbono equivalente por tonelada reciclada.

É no ecoponto amarelo (ou embalão) que devem ser depositadas as embala-


gens de plástico e de metal. Depois de recolhidas, estas são encaminhadas
para centros de triagem, onde se separam e enfardam os diferentes tipos de
plástico (PEAD, PP, PET, sacos, esferovite, etc.) e de metal. Posteriormente,
os fardos com os diferentes tipos de plástico são enviados para os recicla-
dores, que os transformam em granulado, que servirá depois para fabricar
novos produtos.

O plástico reciclado pode ser usado no fabrico de têxteis, de sinais de trân-


sito, de mobiliário de jardim ou para as vias públicas, de canalizações, de
caixas (domésticas ou industriais), de componentes para automóveis (para-
-choques, bancos, painéis, etc.), de vedações, etc. Ao usarmos produtos fei-
tos com plástico reciclado, estamos a contribuir para uma redução do nível
total de emissões de gases com efeito de estufa e do consumo de petróleo.

86
A Nem tudo é lixo

O esferovite (poliestireno expan-


dido ou EPS) é enviado para os reci-
cladores, que o transformam em
novos produtos, como tabuleiros
e protetores de embalagem, placas
para isolamento térmico, etc.

Já o metal que segue para recicla-


gem é fundido com vista à obtenção
de novos lingotes, que são transfor-
mados em chapas de composições Nos centros de triagem, as embalagens são enfardadas
diferentes. O aço e o alumínio são consoante o tipo de material de que são feitas.
materiais 100% recicláveis e podem
ser reciclados inúmeras vezes sem nunca perderem qualidade.

• Pode colocar no ecoponto amarelo:


— garrafas e garrafões para água, sumo, néctar, óleo alimentar, refrigerante,
vinagre, detergente ou produtos de higiene (vazios e, de preferência,
espalmados e com tampa);
— filmes e sacos de plástico;
— esferovite;
— pacotes de massa e arroz, plástico que envolve os pacotes de leite;
— embalagens de cartão para alimentos líquidos (ECAL), do tipo Tetra Pak,
como pacotes de sumo, leite e vinho;
— embalagens de margarina, manteiga ou banha;
— sacos de ráfia (para transporte de batatas e cebolas, por exemplo);
— embalagens de iogurte líquido e sólido;
— cabides de plástico;
— caixas de plástico para alimentos;
— latas de conserva de alimentos e bebidas;
— embalagens take-away de alumínio;
— sprays vazios;
— sacos metalizados de batatas fritas e bolachas;

SABIA QUE…?
— Com cinco garrafas de água faz-se uma T-shirt;
— com 25 garrafas, uma camisola polar;
— o forro de um anoraque pode ser fabricado com fibras de garrafas de água;
— com 35 garrafas, obtém-se a quantidade suficiente de fibras para o recheio de um
saco-cama.

87
A Consumo ecológico

— cápsulas de café, caso não tenha possibilidade de as entregar nos locais


específicos para a sua recolha seletiva.

SABIA QUE…?
O destino correto das embalagens de cartão para alimentos líquidos (ECAL, conhecidas
por Tetra Pak) é o ecoponto amarelo e não o papelão, como muitas vezes, erradamente,
se pensa.

• NÃO deposite:
— embalagens de plástico de produtos tóxicos ou perigosos (combustíveis e
óleo de motor, por exemplo);
— eletrodomésticos;
— pilhas e baterias;
— outros objetos de metal que não sejam embalagens, como tachos e pane-
las, talheres e ferramentas, etc.

ATENÇÃO!
Espalme as embalagens vazias. As embalagens não espalmadas ocupam muito espaço e
tornam o sistema de recolha pouco eficiente.

O depositrão e o "ponto electrão"


Em 2018, foram recolhidas cerca de 67,7 mil
toneladas de resíduos elétricos e eletrónicos
em Portugal! Os resíduos de grandes e peque-
nos eletrodomésticos têm aumentado 3% a 5%
por ano, contribuindo, assim, para o aumento
geral de resíduos. O aço e outros metais ferro-
sos constituem mais de metade dos elemen-
tos recuperados, seguidos do plástico (21%),
dos metais não ferrosos (13%, entre os quais
os metais preciosos) e do vidro (cerca de 5%).
A atual legislação obriga as lojas a retoma-
rem os aparelhos antigos e as baterias no
Deposite os pequenos aparelhos
momento da compra de novos equipamentos. elétricos avariados no ponto electrão
Isto é válido para telemóveis, computadores, ou na loja onde adquirir novos.

88
A Nem tudo é lixo

IDEIA PARA POUPAR


Se tiver um televisor, uma aparelhagem ou um computador em bom estado, experimente
vendê-los a um preço mais baixo, por exemplo, recorrendo a sítios na internet de venda
de produtos em segunda mão. Pode também doá-los a alguém ou a uma instituição de
apoio social.

rádios, relógios e outros aparelhos similares, assim como para todos os ele-
trodomésticos. Como alternativa à entrega na loja, existem ainda o deposi-
trão e o "ponto electrão", presentes em várias cadeias de hipermercados e
zonas comerciais. A Weeecycle (www.weeecycle.pt) tornou-se também ope-
radora de gestão de resíduos, disponibilizando informação sobre as redes de
recolha. Além destes depósitos, pode recorrer aos ecocentros. Os materiais
recuperados são posteriormente reciclados, sendo os contaminantes trata-
dos como resíduos perigosos.

IDEIA PARA POUPAR


Guarde as rolhas em bom estado dentro de uma caixa e use-as para fazer trabalhos
manuais com os mais pequenos.

O rolhinhas
As rolhas de cortiça podem ser recicladas desde que tenham sido devida-
mente depositadas num rolhinhas. Estes depósitos surgiram no âmbito do
programa de reciclagem de rolhas de cortiça Green Cork, desenvolvido com
o propósito de reaproveitar este material para outros fins, como a produção
de material isolante, por exemplo.

SABIA QUE…?
A cortiça triturada constitui um ótimo isolante térmico utilizado no setor da construção,
e até já é usada como substituto da borracha em campos de futebol sintéticos.

O oleão
O óleo alimentar usado deve ser depositado em pontos de recolha desig-
nados por oleões. Estes contentores encontram-se na via pública, em

89
A Consumo ecológico

ecocentros, em grandes superfícies comerciais, supermercados, restauran-


tes, escolas e juntas de freguesia.
Depois de recolhido por entidades devidamente licenciadas, o óleo usado é
filtrado, decantado e entregue a empresas que o valorizam, transformando-
-o em biodiesel ou em sabão.

ATENÇÃO!
Não misture o óleo alimentar com outros óleos e nunca o despeje no ralo. Uma pequena
gota de óleo contamina cerca de mil litros de água! Ainda que o tratamento das águas
residuais esteja garantido, o processo fica seriamente comprometido.

O pilhão
As pilhas contêm produtos nocivos (metais pesados, ácidos, etc.) e reque-
rem um tratamento específico no fim de vida (leia “O problema das pilhas”,
a partir da página 73). As que são depositadas no caixote do lixo ou que
acabam no meio dos outros resíduos por negligência poluem o ar, os solos
e os cursos de água.
Guarde as pilhas em fim de vida num recipiente de plástico ou de cartão
e, quando este estiver cheio, coloque-as no pilhão. Isto também se aplica a
pilhas de botão, por exemplo, de relógios ou de aparelhos auditivos.

ATENÇÃO!
Nunca abandone eletrodomésticos na via pública. Se estiverem em bom estado, entregue-
-os a uma instituição de solidariedade. Em alternativa, deposite-os no ecocentro. Saiba
qual o ecocentro mais perto de si em https://ondereciclar.pt. Aí encontrará toda a infor-
mação de que necessita: localização, horário de funcionamento e tipo de resíduos aceite.

O ecocentro
Os ecocentros recolhem uma grande variedade de resíduos para posterior
valorização. Pode entregar no ecocentro da sua área:
— pequenos e grandes eletrodomésticos e outros aparelhos elétricos
e eletrónicos;
— ferramentas de plástico ou de metal danificadas;

90
A Nem tudo é lixo

— resíduos verdes. Pode também combinar com a autarquia a recolha;


— pequenos entulhos. Pode também combinar com a autarquia (o serviço é
gratuito para quantidades até um metro cúbico);
— óleos minerais;
— madeiras e móveis, monos (sofás velhos ou outros). Pode também solici-
tar a recolha junto da autarquia.

A farmácia
Os medicamentos fora de uso ou fora de prazo devem ser entregues nos
pontos de recolha existentes nas farmácias. A gestão destes resíduos está a
cargo da Valormed, que gere um Sistema Integrado de Gestão de Resíduos
de Embalagens e Medicamentos (Sigrem). Esta entidade recolhe as embala-
gens vazias e os medicamentos fora de uso. Depois de separados de acordo
com os materiais (caixas, blísteres, bulas, ampolas, bisnagas ou frascos),
estes são enviados para reciclagem (embalagens) e para incineração (medi-
camentos fora de uso).

ATENÇÃO!
Se a farmácia (ou o seu centro de saúde) não aceitarem o seu termómetro de mercúrio,
contacte o ecocentro mais próximo e pergunte se têm possibilidade de receber pequenas
quantidades de resíduos domésticos perigosos.

Quanto às radiografias com mais de cinco anos ou sem valor de diagnóstico,


estas podem ser entregues na farmácia durante todo o ano. Não existe uma
rede específica para gerir a recolha de radiografias, pelo que as farmácias e
a AMI têm desenvolvido campanhas de sensibilização. Esta operação per-
mite à AMI financiar uma parte significativa da sua intervenção humanitária.
Além de ajudar o ambiente, ao entregar as suas radiografias à AMI, estará a
apoiar uma boa causa.

OUTROS POSTOS DE RECEÇÃO DE RESÍDUOS


Entidade Endereço na internet O que recolhe
AMI www.ami.org.pt Radiografias; tinteiros e toners
ASSOCIAÇÃO HUMANA www.humana-portugal.org Roupas e calçado
ECOLUB www.ecolub.pt Óleos minerais
VALORFITO www.valorfito.com Produtos fitossanitários, como
pesticidas, inseticidas e outros
biocidas

91
A Consumo ecológico

SABIA QUE…?
Existe uma aplicação, com selo da Quercus, a “Waste App” (wasteapp.pt), que ajuda a
encontrar o local mais próximo para encaminhamento de resíduos. Pode usá-la no com-
putador ou no seu smartphone. Depois de instalada, selecione um dos tipos de resíduos
– desde rolhas de cortiça a carros usados, passando por CD e DVD e beatas de cigarros – e
será informado sobre a localização do depósito mais próximo.

A compostagem
Em 2017, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, foram recolhidas de
forma diferenciada perto de 81 mil toneladas de biorresíduos, o que corres-
ponde a cerca de oito quilos diários por pessoa. Parece-lhe muito? Para ter
uma ideia, essa quantidade corresponde a apenas 5% do potencial existente.

No mesmo ano, a deposição de resíduos urbanos biodegradáveis em aterro


foi de 43%, o que representa um aumento de 2% em relação aos valores de
2016. Esta tendência afasta-nos claramente do nosso objetivo em matéria de
desvio de resíduos orgânicos dos aterros.

Colocar estes resíduos em aterros contribui para o rápido esgotamento da capa-


cidade destes espaços, além de que os aterros podem ser uma fonte de contami-
nação dos solos e das águas subterrâneas e emitem gases com efeito de estufa.

• Os resíduos orgânicos podem ser valorizados através da transformação em


composto ou em biogás, uma fonte de energia inesgotável enquanto estes
forem produzidos. Algumas empresas municipais de tratamento de resí-
duos já atuam neste sentido, através das centrais de valorização orgânica.
A sua fonte de alimentação são os resíduos orgânicos de grandes produto-
res (como restaurantes, grandes superfícies, cantinas, mercados ou hotéis),
os que provêm da recolha seletiva de resíduos verdes (com origem em jar-
dins) e, em muitos casos, o lixo doméstico indiferenciado.

A qualidade do composto originado pelas centrais depende, em grande


parte, do que colocamos no caixote de lixo indiferenciado. Se os mate-
riais recicláveis forem depositados em ecopontos e ecocentros, a probabili-
dade de serem encontrados materiais contaminantes no composto reduz-se
significativamente.

Se as centrais de tratamento fossem apenas alimentadas com matéria


orgânica, por cada 100 toneladas de lixo biodegradável poderiam obter-se

92
A Nem tudo é lixo

33 toneladas de composto. Quando se trata de lixo indiferenciado, o caso


muda de figura: apenas se consegue retirar cerca de metade.

• Reaproveitar os resíduos biodegradáveis das nossas casas para a produção


de fertilizante é outro contributo que cada cidadão pode dar, fazendo o seu
próprio composto em casa (por exemplo, em zonas rurais ou em hortas
urbanas) ou através da sua separação, caso já exista recolha deste tipo de
resíduos na sua freguesia. A partir de 2023, prevê-se que todos os municí-
pios disponibilizem um novo contentor para colocar biorresíduos: o conten-
tor castanho, para que possa separar o lixo indiferenciado e o lixo orgânico.

Restos de comida Plástico Resíduos resultantes


crua e cozinhada biodegradável de corte de relva e
limpeza de terrenos

O novo contentor
castanho vai juntar-se
brevemente aos restantes
ecopontos em todo
o território nacional.
Visa acolher resíduos
orgânicos para uma
posterior compostagem.
Objetivo: reduzir o
volume de lixo incinerado
ou que vai para aterros.

Como fazer composto em casa?


• Para fazer composto, pode recorrer a:
— resíduos verdes, como cascas e restos de fruta e legumes, restos de pão
e de legumes cozidos, (saquetas de) chá, borras de café (mesmo com o
filtro), cascas de ovos trituradas, resíduos de jardim (flores secas, ervas
daninhas sem as sementes), relva cortada (em pequena quantidade);
— resíduos castanhos, como ramagens e resíduos resultantes de cortes de
podas, folhas secas, palha, serradura e lascas de madeira não tratadas e
cortadas em pequenos pedaços.

93
A Consumo ecológico

OS RESTOS DE COMIDA NÃO SÃO LIXO


Os restos das refeições, as cascas de fruta ou ainda os
plásticos biodegradáveis, as folhas, os pedaços de relva,
as agulhas de pinheiro, entre outros, não são lixo. Trata-se
de resíduos biodegradáveis (ou biorresíduos), passíveis de
ser valorizados através de compostagem.
Em 2019, as freguesias do Lumiar e de Santa Clara, em
Lisboa, foram pioneiras na recolha destes resíduos, com a
colocação de contentores castanhos nas ruas, permitindo
que cerca de sete mil famílias começassem a dar uma nova
vida aos resíduos orgânicos, como restos alimentares. Se tiver uma horta, pode
Em 2023, prevê-se que a iniciativa se estenda a todo o País. fazer composto com restos de
A missão do contentor castanho é fazer-nos cumprir as comida e resíduos do jardim.
metas europeias da redução dos resíduos incinerados ou
em aterro, e o aumento da compostagem, ou seja, a transformação desses restos em
novas funções, como, por exemplo, a produção de fertilizantes agrícolas.

• O composto deve ser diretamente disposto sobre o solo, para facilitar a


decomposição por contacto com organismos (insetos, vermes, fungos, etc.).

• O composto deve ter alguma humidade, mas não demasiada. Quando se


comprime o composto com as mãos, deve sentir-se uma certa humidade,
mas sem que escorra líquido. Se isso acontecer, adicione resíduos secos
(folhas secas, ramos triturados, lascas de madeira, palha, etc.).
Se estiver demasiado seco, pode regá-lo. É importante respeitar um certo
equilíbrio entre os resíduos verdes (húmidos e ricos em azoto) e os casta-
nhos (secos e ricos em carbono).
Se pretende recuperar a relva cortada do jardim, não a deite de uma só vez
no composto. Adicione pequenas quantidades de cada vez, tendo o cuidado
de a misturar com as matérias castanhas. Poderá, eventualmente, deixar a
relva secar primeiro.

• No caso de resíduos volumosos (resultantes da poda), reduza-os primeiro a


pequenos pedaços de um ou dois centímetros.

IDEIA PARA POUPAR


Se tiver uma horta, separe restos de vegetais crus e frutas e faça o seu próprio composto.
Poupará em fertilizante e reduzirá o custo de gestão dos resíduos domésticos. Outra van-
tagem para a sua carteira: a compostagem permite gastar menos na compra de sacos do
lixo.

94
A Nem tudo é lixo

• A decomposição dos ingredientes demora, em média, seis meses. O com-


posto final parece-se com terra castanha. Depois, tem de ser peneirado (com
uma rede com furos de cerca de um centímetro) para se eliminarem os peda-
ços maiores (como ramos). Estes podem servir para iniciar a ração seguinte
ou acelerar a sua decomposição.

ATENÇÃO!
Não utilize restos de pão, de carne, de peixe e laticínios (queijo ou manteiga, por exemplo)
no seu composto. São muito atrativos para os ratos e outros pequenos animais nocivos.
Os excrementos dos cães e dos gatos (e também a areia do gato) podem também conter
germes patogénicos. O mesmo é válido para plantas contaminadas com doenças. Além
disso, a madeira tratada, as cinzas e o papel impresso podem conter substâncias tóxicas,
independentemente daquilo que foi queimado e da tinta utilizada. O conteúdo dos sacos
do aspirador também não deve ser usado. A casca de limão, por sua vez, não se decompõe
facilmente e é, muitas vezes, tratada com pesticidas.

Onde compostar?
Em silos, caixas ou em pilha? Independentemente da solução escolhida, é
importante reservar um local para armazenar matérias secas, para depois ir
introduzindo, progressivamente, no composto.

• Nos pequenos jardins, os caixotes para compostagem são simultaneamente


mais práticos e têm uma aparência mais agradável.

ATENÇÃO!
É importante arejar o composto para evitar uma fermentação indesejável e os maus
cheiros. Em pilha ou num compostor, misture bem o conteúdo a cada uma a três semanas
e, depois, a cada três a seis semanas. Nos compostores, deve criar-se uma chaminé para
arejar o composto, espetando uma vara, pelo menos, uma vez por semana.

• Num jardim de tamanho médio, uma caixa com vários compartimentos


(eventualmente construída com paletes de madeira) acaba por ser a solu-
ção mais prática. Começa-se por colocar as matérias orgânicas no primeiro
compartimento. Uma vez cheio, remexe-se o conteúdo no segundo com-
partimento. O terceiro pode servir para armazenar as matérias secas, que

95
A Consumo ecológico

incorporará aos poucos nas matérias frescas. Este procedimento pode tam-
bém ser usado nos silos feitos de rede, de preferência revestidos com um
plástico preto perfurado.

Quais as aplicações?
Uma vez peneirado, o composto pode servir para melhorar a estrutura de
qualquer tipo de solo:
— nos canteiros de flores, conte, no mínimo, com dois baldes de composto
por ano por metro quadrado de superfície;
— para o relvado, reserve um quilo ou quilo e meio por metro quadrado
todos os anos, antes de um período de chuvas (se apanhar as aparas de
relva cortada);
— para as plantações de árvores e arbustos, misture 20% de composto e
80% de terra do jardim para encher os buracos;
— para as árvores de fruto, misture superficialmente, todos os anos, três a
cinco quilos por metro quadrado à volta do tronco;

IDEIA PARA POUPAR


Utilize restos de madeiras e construa o seu próprio compostor. Para mais informações, veja
o Guia verde das hortas e dos jardins (www.deco.proteste.pt/guiaspraticos).

Pode colocar tábuas amovíveis


para ser mais fácil aceder ao
composto. Uma tampa inclinada
resguarda o composto da chuva.

Um compostor com mais do que


um compartimento facilita a mistura
das matérias orgânicas.

96
A Nem tudo é lixo

— nas hortas, todos os anos, incorpore na terra um a dez quilos por metro
quadrado numa profundidade de sete a dez centímetros;
— na sementeira, misture 25% de composto e 75% de terra;
— para envasar plantas de apartamento, misture 30% a 40% de composto
na terra;
— para mudar de vaso plantas de apartamento, misture 20% de composto
na terra.

Alternativas à compostagem
Para a maioria dos resíduos da cozinha, a compostagem é a única alternativa.
Mas, para muitos resíduos do jardim, existem outras opções interessantes.

• Melhoramento do solo (mulching): deposita-se sobre o solo uma camada de


matérias orgânicas (relva finamente cortada, lascas de madeira, palha, etc.),
para combater o crescimento de ervas daninhas, impedir que a terra seque
ou fique muito compacta após grandes chuvadas. Além disso, melhora pro-
gressivamente a qualidade do solo, graças às substâncias nutritivas liberta-
das pela decomposição destes materiais triturados. Poderá ativar a função
mulching, presente nalguns corta-relvas. Enquanto corta a relva, as aparas
voltam a entrar no sistema de corte, o que irá reduzi-las em finas partículas
e espalhá-las sobre o relvado. A decomposição destes minúsculos resíduos
cria um fertilizante natural para o seu relvado. Outra vantagem: não irá ter
um monte de aparas de relva, difíceis de tratar, depois de cada passagem
com o corta-relvas.

• Entrançado de madeira: em vez


de triturar os resíduos grossei-
ros do jardim (ramos, resíduos
resultantes da poda, etc.), o que
requer sempre algum tempo,
pode usar as ramagens para
construir vedações, decorativas
ou não. Com ramos compridos,
é possível fazer-se entrançados
para ligar estacas ou vedações
para, por exemplo, esconder
uma pilha de composto ou outros
elementos menos estéticos no
jardim. Poderá ainda ornamen- Os ramos devem ser reduzidos a pequenos pedaços
tar essas estruturas com heras ou antes de os colocar no compostor. Pode também
outro tipo de planta trepadeira. usá-los para construir vedações, por exemplo.

97
A Consumo ecológico

98
A

Capítulo 3

Poupe água
A Consumo ecológico

Sem água não há vida no planeta, sendo o acesso a este recurso muito limi-
tado. Na verdade, 97% da água é salgada e, portanto, imprópria para con-
sumo. Dos restantes 3%, apenas 0,5% estão efetivamente disponíveis, já que
2,5% encontram-se demasiado degradados para consumo ou estão armaze-
nados em glaciares e calotas, na atmosfera, no solo ou abaixo da superfície
da Terra. Para agravar este cenário, a Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) prevê um aumento da pegada
hídrica mundial de 55% até 2050, devido aos gastos elevados na agricul-
tura, na indústria e na produção de energia, mas também nas nossas casas.
A água intervém na produção de todos os bens de consumo. Por exemplo,
para criar uma só vaca de 500 quilos, é necessário o equivalente a uma pis-
cina olímpica com, pelo menos, seis metros de profundidade!

GASTOS DE ÁGUA (EM LITROS) PARA PRODUZIR UM QUILO DE…


Folhas de papel A4 10
Tomate 13
Batatas 25
Chá 35
Pão 40
Laranjas 50
Maçãs 70
Café expresso 80
Pão com queijo 90
Vinho 120
Ovos 135
Café de cafeteira 140
Cerveja 170
Sumo de laranja 170
Batatas fritas de pacote 185
Sumo de maçã 190
Leite 200
Hambúrgueres 2400
T-shirts de algodão 4100
Sapatos de pele de bovino 8000
0 1000 2000 3000 4000 8000

100
A Poupe água

SABIA QUE...?
Segundo um estudo da World Resources Institute (WRI), Portugal ocupa a 41.ª posição na
lista mundial de países em stresse hídrico. Isto significa que utilizamos mais de 40% da
água disponível no nosso país, o que representa um valor superior ao estabelecido como
margem de segurança para gerir fatores variáveis, como períodos de seca, por exemplo.
Tal significa que Portugal está numa situação de risco elevado de vir a sofrer de uma
grande escassez de água. Com o aquecimento global, é provável que ainda se torne mais
quente e seco. É necessário agir hoje para assegurar um futuro com água no País.

Já no setor têxtil, as plantações de algodão requerem tanta água que, para


produzir uma simples T-shirt, são necessários, pelo menos, 1500 litros!

Apesar de renovável, a água é um bem escasso. Para um consumo sustentá-


vel, é preciso que a agricultura, a indústria e todos nós, enquanto consumi-
dores, adotemos medidas adequadas para melhorarmos a gestão deste bem
essencial, a começar pelos pequenos gestos diários, nas nossas casas.

O consumo de água em Portugal


O valor da fatura da água depende muito do município onde reside. Para um
consumo mensal de 120 metros cúbicos, por exemplo, o custo pode variar
entre cerca de 45 e 255 euros. Contudo, qualquer que seja o seu município,
há um princípio que não muda: quanto maiores forem os consumos, mais
o preço por metro cúbico aumenta e maior será o valor a pagar pelo sanea-
mento da água e pela gestão dos resíduos sólidos, incluído na fatura da água.

E tudo indica que o preço continue a aumentar: o custo para o tratamento das
águas usadas é cada vez mais elevado e, face ao constante aumento do consumo
per capita, é necessário tratar a água proveniente de origens cada vez mais dis-
tantes. Esta é a primeira razão porque é tão importante poupar água.

O total de água captada no território continental para suprir as necessidades


de abastecimento em Portugal atingiu, em 2018, cerca de 823 milhões de
metros cúbicos, 70% dos quais provenientes de águas superficiais, como rios
e albufeiras. No mesmo ano, segundo a Pordata, a água distribuída pela rede
pública e destinada ao uso doméstico chegou aos 610 milhões de metros

101
A Consumo ecológico

cúbicos, sendo que cada português gastou, em média, 192 litros de água por
dia, com o consumo doméstico a representar 126 litros.

Muitos desperdícios de água em casa


Segundo um inquérito nacional realizado, em 2018, pelo grupo Águas de
Portugal, para mais de metade dos portugueses a água é o serviço essencial
mais importante, à frente da eletricidade, dos combustíveis, do gás e das
telecomunicações. Por ordem decrescente, referem que é na casa de banho
(para o banho e para a higiene) que gastam água com maior frequência.
A seguir, é na cozinha (para lavar a loiça e cozinhar) e, depois, para lavar
roupa, limpar a casa e consumir (beber).

Embora 83% dos inquiridos tenham consciência de que a água é um bem


escasso, seis em cada dez admitem não fazer um uso racional e 22% assu-
mem mesmo haver muito desperdício de água no agregado familiar. Entre
as medidas para reduzir os consumos de água em casa, é nos banhos, na
limpeza da casa e para lavar a loiça que consideram que seria possível fazer
maiores poupanças sem afetar o conforto. Neste capítulo, entre outras medi-
das, iremos abordar aquelas que os portugueses revelam estar dispostos a
adotar para poupar água (gráfico abaixo).

MEDIDAS QUE OS PORTUGUESES ESTÃO


DISPOSTOS A ADOTAR PARA POUPAR ÁGUA
Não deixar as torneiras a correr
79%
durante as tarefas
Diminuir a quantidade de água
68%
por descarga do autoclismo
Otimizar o número de lavagens
62%
de roupa e loiça

Reduzir a duração dos banhos 57%

Instalar redutores de caudal 56%


nas torneiras
Usar eletrodomésticos mais 41%
eficientes em termos hídricos

Fonte: Inquérito "Atitudes e comportamentos dos portugueses face à água", Águas de Portugal,
maio de 2018.

102
A Poupe água

Técnicas para poupar


A captação, o acondicionamento e o transporte da água engarrafada impli-
cam grandes gastos de energia. A estes somam-se as necessidades ligadas
à separação e à reciclagem dos resíduos das embalagens. Tudo isso gera
poluição e tem um custo para o consumidor.

Beba água da torneira


A qualidade da água para consumo humano é boa em todo o território con-
tinental. A percentagem de água segura em Portugal continental é de 99%,
um valor considerado de excelência pela Entidade Reguladora dos Servi-
ços de Águas e Resíduos (ERSAR). E essa percentagem tem vindo a crescer
de forma contínua, de 50%, em 1993, para os números atuais. Veja o mapa
sobre a qualidade da água a nível nacional.

99% DA ÁGUA NACIONAL É BOA

Segundo a Agência Portuguesa do


Ambiente, em 2017, 34 concelhos de
Portugal continental registaram 100%
de água segura e apenas dois concelhos
revelaram um nível de desempenho
inferior a 95% de água segura: Trancoso
(94,16%) e Sever do Vouga (93,76%).

Água segura (%)


≥ 99 (meta)
≥ 95 < 99
< 95

Fonte: Agência Portuguesa do Ambiente, 2017.

103
A Consumo ecológico

Note que a água "dura", ou seja, rica em calcário, pode deixar marcas nos
vidros e nas torneiras e ser prejudicial para as canalizações e para os eletro-
domésticos, mas não o é para a nossa saúde! Pode, portanto, beber água da
torneira sem qualquer receio.

A água da torneira apresenta inúmeras vantagens:


— é submetida aos mesmos controlos de qualidade das restantes bebidas
à venda nos supermercados;
— é muito mais barata do que a água engarrafada (veja, a este propósito,
os preços na ilustração da página 107);
— está sempre disponível (basta abrir a torneira) e dispensa o transporte em
camiões, causadores de poluição;
— salvo raras exceções, está sempre fresca e pronta a consumir;
— não gera resíduos de embalagem, ao contrário da água engarrafada.

IDEIA PARA POUPAR


Beba água da torneira em casa e mesmo quando sair, enchendo um cantil. Esta opção
permite poupar cerca de 500 euros por ano.

Os compostos organoclorados na água são preocupantes?


Os compostos organoclorados, entre os quais os trialometanos (THM), for-
mam-se no processo de tratamento da água quando se utilizam desinfetan-
tes à base de cloro. O seu potencial carcinogénico é conhecido, e a própria
legislação refere que, sempre que possível, a concentração de compostos
organoclorados na água deve ser reduzida, desde que não comprometa a
desinfeção (essencial para controlar a presença de microrganismos).

SABIA QUE…?
O facto de a sua água saber um pouco a cloro não é motivo para preocupação. Para que o
cloro se evapore e, consequentemente, esse sabor desagradável desapareça, deite a água
num jarro, agite-a e deixe-a repousar destapada no frigorífico.

104
A Poupe água

SABIA QUE…?
O facto de a água, por vezes, sair acastanhada ou avermelhada tem que ver com a pre-
sença de pequenas quantidades de ferro ou de manganês das próprias condutas. Deixe
correr um pouco de água e verá que a cor desaparece. Em todo o caso, e desde que pre-
sentes em concentrações baixas, estes minerais não representam um perigo para a saúde.
Por vezes, a água sai esbranquiçada. Tal deve-se, na maior parte dos casos, à formação
de pequenas bolhas de ar que em nada põem em causa a potabilidade da água. Agite-a
e aguarde um pouco até que o ar se dissipe.

De acordo com a ERSAR, a entidade reguladora do setor, ao nível nacio-


nal, em 3691 análises realizadas em amostras de água das torneiras de casas
de consumidores, apenas 22 apresentaram valores de trialometanos (THM)
acima do limite (80 microgramas por litro), o que representa uma percenta-
gem muito pequena (cerca de 0,6%). Podemos, portanto, afirmar que a água
que consumimos é globalmente segura.

ATENÇÃO!
A água que sai do circuito de água quente não tem exatamente as mesmas características
da que circula no de água fria. O aquecimento e os depósitos que se formam na primeira
podem alterar a quantidade de sais, ferrugem e, até, de microrganismos. Por isso, beba
e utilize nos cozinhados somente água fria. Depois de um corte ou de um período sem
água, deixe correr a água algum tempo antes de a consumir. Se tiver dúvidas relativa-
mente às velhas canalizações do seu prédio, faça as necessárias análises para verificar se
existe algum problema de contaminação e, se for caso disso, substitua-as.

As fontes e os fontanários
No nosso país, 95% dos alojamentos são servidos pela rede pública de
abastecimento de água. Nas restantes situações, é necessário procurar
soluções individuais, como furos próprios. Contudo, muitos são os que
ainda recorrem aos fontanários, por acreditarem que estas águas são
mais puras.

Em Portugal há, contudo, inúmeras fontes com água que não é de quali-
dade e que não têm qualquer aviso de não-potabilidade. Se tiver dúvidas
em relação à qualidade da água num fontanário de uso público, abas-
teça-se alhures. A água distribuída pela rede de abastecimento público

105
A Consumo ecológico

é sempre preferível, uma vez que é regularmente sujeita a análises e dá, por
isso, garantias de qualidade.

Nas fontes privadas, nos furos ou nos poços, dada a possibilidade de con-
taminação, realize análises periódicas para avaliar a qualidade da água e
garantir que pode consumi-la sem risco. Para selecionar um laboratório acre-
ditado, consulte a ERSAR (www.ersar.pt). É obrigatório efetuar uma comu-
nicação prévia ou licenciar uma captação privada, contactando o Sistema
Integrado de Licenciamento do Ambiente, uma plataforma eletrónica dispo-
nível no site da Agência Portuguesa do Ambiente: em https://apambiente.pt,
no separador Instrumentos, clique em "Licenciamento das Utilizações dos
Recursos Hídricos".

Em caso de dúvida,
não beba das fontes.

IDEIA PARA POUPAR


Se for de viagem e não tiver acesso facilitado a água da rede pública, abasteça-se pre-
viamente com garrafas. Assim, não precisará de gastar dinheiro na compra de água
engarrafada, que, em muitos locais, custa bem mais do que um litro de gasolina.

106
A Poupe água

FILTROS QUASE SEMPRE INÚTEIS


Segundo um estudo da DECO PROTESTE, publicado na revista TESTE SAÚDE em 2015, em
13 casas visitadas, apenas uma precisava realmente de um filtro de água, por esta ser pro-
veniente de um furo. Neste caso, o uso de um filtro permitiu que a água, imprópria para
consumo devido à concentração excessiva de nitratos e de alumínio, pudesse ser consu-
mida. Nos casos em que a casa é abastecida pela rede pública, os filtros são dispensáveis,
podendo até potenciar o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis.
De uma maneira geral, a água da rede pública deve ser incolor, inodora e insípida, pelo
que os consumidores tendem a desconfiar quando algum destes parâmetros falha. Mas
raramente há razões para tal. Salvo raras exceções, a água da rede pública cumpre os
critérios de qualidade definidos por lei. Além disso, é muito mais barata. Os jarros filtran-
tes são mais baratos do que os filtros instalados nas torneiras. Mas não purificam a água
imprópria para consumo, embora reduzam alguns componentes responsáveis pelo cheiro,
aspeto e sabor.

Custo anual de dois litros de água por dia

€ 60 € 343
€ 59
€ 1,75

Água Garrafão Filtros portáteis Filtros de torneira


canalizada

(Para a água da rede, considerámos o preço em Lisboa. O preço dos filtros foi fornecido
pelos voluntários e inclui a manutenção e o custo da água.)

Na casa de banho
Para diminuir o consumo de água na casa de banho, comece por analisar os
hábitos da sua família. Os banhos de imersão são já coisa do passado? A tor-
neira do duche é sempre fechada enquanto se ensaboam? O autoclismo está
regulado por forma a não usar mais de seis litros por descarga completa?

107
A Consumo ecológico

Se quiser saber qual o débito das suas torneiras e quanto gasta quando estão
abertas, conte o tempo necessário para encher um recipiente de um litro
com as torneiras na abertura máxima. No caso da torneira do chuveiro,
meça o débito na saída do chuveiro. O fluxo é o valor que obtém se dividir
60 pelo tempo medido em segundos. Se os valores forem inferiores a oito
litros por minuto, com a torneira aberta no máximo, ou seis numa utilização
normal, a torneira é eficiente. No chuveiro, o fluxo deve ser menor ou igual
a oito litros por minuto.

Divida por 60 o tempo que demora a encher


uma garrafa de um litro para ficar a saber
qual o débito das torneiras e dos chuveiros
(em litros por minuto).

IDEIA PARA POUPAR


Use um copo para lavar os dentes e feche a torneira enquanto os escova (são seis litros
de água que poupa por minuto). Para fazer a barba, encha o lavatório com água. Feche a
torneira enquanto ensaboa as mãos e ensine as crianças a fazerem o mesmo.

O duche
É no banho que se consome grande parte, ou mesmo a maior parte, da água.
Por isso, é por aqui que deve começar se quiser ter uma utilização mais efi-
ciente da água. Um banho de imersão requer mais de 80 litros, sobretudo
quando se usa o jacuzzi. Já um duche de cinco minutos gasta cerca de 40
litros, ou seja, metade da água.

Para poupar água enquanto toma duche, comece por fechar a torneira
enquanto se ensaboa, sob pena de poder vir a gastar mais do que num
banho de imersão. No caso dos bebés ou pessoas com mobilidade condi-
cionada que tenham mesmo que tomar banho de imersão, encha a banheira
até um quarto apenas. Enquanto a água que sai da torneira não estiver

108
A Poupe água

suficientemente quente para o banho,


recolha-a com um recipiente e use-a,
depois, para regar as plantas ou lavar o
chão.

Pode também instalar pequenos disposi-


tivos para reduzir o débito das torneiras
e do chuveiro.

• Uma torneira misturadora termostática


evita desperdícios enquanto procura a
temperatura certa.
As torneiras monocomando permitem
misturar água quente e fria mais depressa.
• Uma torneira monocomando (veja a foto
ao lado), isto é, com um só manípulo, é
também uma boa solução e, geralmente, mais barata.

ATENÇÃO!
Coloque os resíduos sólidos gerados na casa de banho, tais como lenços de papel, pensos
higiénicos ou tampões, no caixote do lixo, em vez de os deitar na sanita. Para além de evi-
tar descargas desnecessárias do autoclismo (e assim poupar água), são também evitados
possíveis problemas nas estações de tratamento de águas residuais (ETAR), já para não
referir o risco de entupimento nas canalizações.

• Um chuveiro com um botão de interrupção total de fluxo permite fechar a


água enquanto se ensaboa, sem ter de mexer na regulação da temperatura
da água.

• Um chuveiro eficiente não deverá apresentar um caudal superior a oito litros


por minuto. A eficiência do sistema é conseguida pela mistura de ar na água,
que mantém a sensação de pressão e o conforto. Fáceis de instalar, os redu-
tores de caudal permitem economizar até 30% de água.

ATENÇÃO!
Antes de instalar um redutor do fluxo de água, verifique qual o caudal habitual do seu
chuveiro (veja a página anterior). Pode acontecer que a sobreposição de dispositivos de
poupança resulte em fluxos tão baixos que dificultem o funcionamento do esquentador.

109
A

CASA DE BANHO EFICIENTE


Botão “stop” ou válvulas Chuveiros de baixo fluxo e acessórios
de interrupção de caudal Nos chuveiros com várias posições, a de maior poupança
Instaladas entre o chuveiro e a mangueira, são nem sempre é a mais indicada. Informe-se sobre o gasto
boas opções para torneiras de dois manípulos; do chuveiro que está pensar adquirir. Mas não precisa
permitem manter a abertura da água quente forçosamente de comprar um chuveiro novo para ter um
e fria sem ter de a ajustar na utilização seguinte. sistema mais eficiente: pode adquirir redutores de caudal
para a mangueira flexível ou para o cabo do chuveiro.
Certifique-se de que são compatíveis.

Torneiras
termostáticas
Temperatura e caudal
são regulados por
manípulos diferentes.
Ao abrir de novo, a
temperatura é idêntica.
O modo “eco”, que permite,
nalguns modelos, um fluxo
intermédio, nem sempre é suficiente
para a torneira ser eficiente.

Sistemas economizadores Interrupção de descarga Dupla descarga


Escolha um sistema economizador Pressionando duas vezes, Permite escolher
compatível. Este é útil se a a descarga é interrompida. uma descarga parcial
regulação da boia que determina Seja rápido, pois a paragem (normalmente, metade
o nível máximo não produzir pode dar-se já perto do total), suficiente para a
descargas superiores a seis da descarga completa, maioria das utilizações.
litros e tornar mais eficiente um tornando a economia
autoclismo de descarga simples. impercetível.

110
A Poupe água

IDEIA PARA POUPAR


As análises efetuadas regularmente mostram que a água da torneira é boa para consumo
(veja o episódio 2 da série Seja um consumidor sustentável, no canal da DECO PROTESTE
no YouTube). Não se justifica, portanto, optar por água em garrafas de plástico. Por vezes,
as águas minerais chegam a percorrer várias centenas de quilómetros para alcançar os
pontos de venda. Se, ainda assim, preferir água engarrafada, opte por aquela que percorre
menos estrada para chegar à sua cidade. Procure reutilizar a garrafa, para levar água con-
sigo fora de casa. Não deite as garrafas de plástico no contentor de lixo comum. Uma vez
vazias, devem ser espalmadas e colocadas no ecoponto amarelo para serem recicladas.

Tome duches curtos e feche a água enquanto se ensaboa. Um duche de dez


minutos pode implicar um gasto brutal de 12 600 litros por mês. Se demo-
rar só cinco minutos, gasta apenas metade. Uma família de quatro pessoas
que adote estas medidas pode poupar até 200 mil litros de água por ano,
reduzindo também consideravelmente o consumo energético necessário ao
aquecimento de água.

O autoclismo
Uma boa parte da água consumida em casa vai para as descargas de auto-
clismo. O consumo anual varia, obviamente, consoante a capacidade do
equipamento. Como pode ver no gráfico da página 102, 68% dos portugueses
reconhecem que reduzir a descarga do autoclismo ajudaria a poupar água.

SABIA QUE…?
Para o autoclismo, utilizamos tanta água como os habitantes de certos países em desenvol-
vimento para cobrir todas as suas necessidades diárias, ou seja, higiene, beber e cozinhar.

Nas habitações portuguesas, a capacidade dos autoclismos instalados oscila


entre descargas máximas de seis e de 15 litros. Ora, os modelos com capaci-
dade máxima de seis litros já provaram ser mais eficientes. Se, além disso,
estes estiverem equipados com botão de dupla descarga, melhor ainda: para
usos menores, três litros de água chegam perfeitamente.

Regular o volume de descarga (regulando o parafuso de plástico que


comanda a boia para o nível mínimo), adaptar um mecanismo de dupla

111
A Consumo ecológico

CONSUMO ANUAL DO AUTOCLISMO


Sistemas de capacidade elevada (10 l) 58 m3

Regulação do volume total (7 l) 41 m3

Sistemas de baixa capacidade (6 l) 35 m3

Sistemas de dupla descarga (3/6 l) 22 m3

Valores em metros cúbicos (ou 1000 litros) de água, para uma família de quatro pessoas.

IDEIA PARA POUPAR


A capacidade dos autoclismos tradicionais varia entre seis e dez litros. Se regular o nível
de enchimento do autoclismo para os seis litros, poderá poupar até 23 m3 por ano, para
uma família de quatro pessoas. Adicionalmente, se possuir um autoclismo com dupla des-
carga, ou com um botão que permita interrompê-la, à poupança anterior acrescenta ainda
13 m3, já que as descargas médias do autoclismo passam para três ou quatro litros.

DUPLA DESCARGA POUPA MESMO METADE

Os autoclismos
de descarga única Meia Descarga
levam até dez litros e descarga completa
correspondem a cerca 2,2 litros 5 litros
de 30% do consumo 3,2 litros 6 litros
de água em casa. 3,9 litros 7 litros
Podem, e devem,
ser substituídos por
modelos de dupla
descarga ou por outros
onde esta pode ser
interrompida.

112
A Poupe água

descarga (com dois botões) ou adquirir um modelo mais eficiente são três
medidas que o ajudarão a reduzir a quantidade de água gasta no autoclismo.
E, como veremos adiante (a partir da página 117), também poderá reutilizar
a água proveniente das lavagens, do duche ou mesmo da chuva.

IDEIAS PARA POUPAR


É determinante consertar as torneiras e autoclismos que pingam! O desperdício é muito
superior ao que imagina: dez pingos por minuto equivalem a um copo por hora, a seis
litros por dia, a um duche por semana, ao enchimento de uma pequena piscina infantil
por estação e a cerca de dois mil litros suplementares por ano. Já uma fuga maior, gota a
gota, poderá representar uma perda de até 50 litros por dia, ou seja, 1500 litros por mês.

Na cozinha
Em muitas casas, a torneira da cozinha está sempre ao serviço: lavar as
mãos, a loiça ou os legumes são alguns dos usos mais comuns. O caudal das
torneiras, a duração do uso e o número de vezes que são abertas todos os
dias são fatores que condicionam não só o seu desempenho ambiental como
a sua fatura de água.

• Tal como nas torneiras de duche, também as restantes podem ter incor-
porado um sistema que torna o seu uso mais eficiente. As torneiras mis-
turadoras são mais práticas do que as individuais, pois reduzem o tempo
necessário para obter água à temperatura desejada. Tal como já dissemos,
os modelos de monocomando (que mostramos na foto da página 109) são
mais fáceis de regular e são, por isso, mais eficientes.

• Nalgumas torneiras monocomando existe um caudal “económico” bem defi-


nido, que corresponde a uma posição intermédia (posição “clique”). Para
aumentar o caudal, o utilizador tem de forçar o manípulo até alcançar uma
abertura superior (veja a foto da página seguinte). Nalguns modelos, a posi-
ção intermédia é quase impercetível. Verifique este aspeto no momento de
escolher um modelo de torneira na loja.

• Contudo, a maneira mais fácil de poupar água consiste em adaptar um redu-


tor de caudal na extremidade da torneira (como na foto da página seguinte).
Trata-se de uma ponteira de rosca com uma rede que promove a mistura de
ar no fluxo de água, dando a sensação de que se consegue o mesmo volume,
mas com um débito menor. A instalação é simples: desenrosque a ponteira

113
A Consumo ecológico

original, que tem um filtro, e enrosque a nova. Na loja, verifique se o sistema


de rosca da ponteira, macho ou fêmea, é compatível com a sua torneira: os
modelos de torneiras muito estilizados raramente são eficientes e nem sem-
pre são compatíveis com este tipo de acessórios.

SABIA QUE…?
Cozinhar os alimentos a vapor, no micro-ondas e na panela de pressão permite não só
poupar água, como preserva as vitaminas e melhora o sabor dos cozinhados.

• O modelo da sua máquina de lavar loiça e a forma como a usa são outros
fatores importantes que permitem poupar água. Procure escolher uma
máquina eficiente e com um bom desempenho, que não consuma mais de
14 litros de água por ciclo de lavagem. Espere até ter loiça suficiente para
encher a máquina e, sempre que possível, utilize o programa económico.
Caso tenha contratado a tarifa bi-horária, ligue a máquina no período de
vazio, à noite e, nalguns casos, ao fim de semana. Para mais informações
sobre como poupar com as máquinas de lavar, leia o capítulo 4, a partir da
página 135.

Uma torneira que permita escolher uma posição Um redutor de caudal instalado na extremidade
intermédia bem definida é mais eficiente: evita que da torneira permite reduzir o débito sem alterar
tenha de a abrir mais do que o necessário. a pressão e o conforto de utilização.

IDEIA PARA POUPAR


Usar a máquina de lavar loiça é, à partida, mais económico, especialmente se tiver o hábito
de deixar a água a correr durante toda a operação de lavagem à mão. Para lavar a loiça à mão,
encha uma bacia (ou a pia) com água para lavar e outra para enxaguar.

114
A Poupe água

MÁQUINAS DE LAVAR LOIÇA: POUPE COM CARGA COMPLETA


• Use a máquina de lavar só com carga completa. Na verdade, meia carga não significa que
a máquina irá consumir metade da água ou da eletricidade. Poupa apenas cerca de 16%
e 12%, respetivamente.
• Evite programas com pré-lavagem. Esta só se justifica em casos excecionais, quando as
sujidades estão já muito ressequidas.
• Prefira o programa “eco”. É mais longo (dura mais uma hora, em média), para compensar
a temperatura mais baixa da água. Em média, face ao programa principal (auto, normal
ou universal), poupa cerca de 25% em eletricidade e cerca de 20% em água.
• Se tiver loiça muito volumosa (uma panela grande ou uma saladeira, por exemplo), verifi-
que se, lavando-a à mão, poderá colocar mais loiça na máquina.
• Limpe os filtros com regularidade para manter a eficiência da lavagem.

• Para lavar a loiça à mão, é igualmente aconselhável esperar até ter loiça sufi-
ciente. Encha uma bacia em vez de deixar a água a correr.

• Quando estiver a lavar legumes, use uma bacia para recuperar a água e reu-
tilize-a, por exemplo, para regar as plantas.

Cuidado com as fugas!


Uma torneira que pinga representa um desperdício considerável. Dez pingos
por minuto equivalem a um copo por hora ou seis litros por dia, um duche
por semana, uma pequena piscina infantil por estação e cerca de dois mil
litros suplementares por ano (o equivalente a 18 dias de consumo de água
individual)! Se a fuga for maior, gota a gota, poderá desperdiçar até 50 litros
por dia, ou seja, 1500 litros por mês! É, por isso, importante resolver as
fugas de água mal as deteta.

Verifique regularmente o estado das juntas das torneiras e certifique-se de


que todas estão bem fechadas. Se o autoclismo tiver uma fuga, feche a tor-
neira de admissão de água e tente resolver o problema. Se for necessário,
mantenha a torneira fechada e chame um canalizador.

SABIA QUE…?
As pequenas fugas nem sempre são percetíveis. Para as detetar, coloque um bocado de
papel higiénico nos lavatórios (secos) durante toda a noite. Se, de manhã, a folha estiver
molhada, já sabe que a torneira tem uma fuga.

115
A Consumo ecológico

COMO REPARAR UMA TORNEIRA EM SEIS PASSOS

1 Corte a entrada de água, fechando 2 Abra completamente a torneira


a torneira de segurança correspondente até a água parar de correr (se possível,
ou a do contador. recolha-a num recipiente e reutilize-a).

3 Com uma chave de parafusos, retire 4 Retire o manípulo.


a tampa azul ou vermelha.

5 Desenrosque a porca do veio. Retire 6 Volte a montar os diversos


o corpo da torneira. Substitua a junta e, elementos e abra a alimentação de
se necessário, a anilha de estanquidade. água.

No jardim
A rega é responsável por um elevado consumo em muitas casas, sobre-
tudo no verão. A poupança pode começar logo no momento de escolher
as plantas para o seu jardim. Por exemplo, a relva requer muito mais água
do que as árvores e os arbustos. Se possível, escolha plantas autóctones,

116
A Poupe água

para evitar regas frequentes (alecrim, loureiro, rododendro, jasmim, ros-


maninho, roseira-brava…). Outras há que, embora originárias de outros
países, se adaptam bem ao nosso clima sem cuidados especiais: figueiras,
amendoeiras, oliveiras, laranjeiras, limoeiros, romãzeiras e ciprestes são
alguns exemplos. Não tente reproduzir todas as imagens de jardins que vir
nas revistas. Muitas vezes, estes são típicos de países onde, ao contrário de
Portugal, chove com frequência. Para conseguir manter esse tipo de plantas
é, muitas vezes, necessário usar muita água e fertilizantes.

Ainda assim, se tem um jardim, é provável que não possa dispen-


sar a rega. A mangueira é o método menos eficiente. Pondere siste-
mas de rega de baixo volume, como o gota a gota ou a microaspersão.
Veja no nosso livro Trabalhos de manutenção (Volume I), disponível em
www.deco.proteste.pt/guiaspraticos, como instalar um sistema de irrigação.
É preferível regar de manhã cedo ou ao serão, nas horas menos quentes do
dia, para evitar perdas em consequência da evaporação.

Reutilizar a água
Usar as águas pluviais ou as do duche e dos lavatórios para cobrir parte das
necessidades de uma família pode revelar-se uma boa medida para econo-
mizar. Assim, terá sempre à disposição água de qualidade suficiente para

MAIS IDEIAS PARA POUPAR NO JARDIM


• Uma rega mais intensa e mais espaçada no tempo é sempre melhor do que uma rega mais
frequente e ligeira, pois, neste último caso, a água não penetra profundamente no solo. Não
regue as folhas, mas apenas a zona das raízes, para diminuir as perdas por evaporação.
• Desligue o sistema de rega automática em alturas de chuva.
• No verão, não corte a relva muito rente, para permitir que o solo se mantenha húmido
mais tempo.
• Reutilize águas residuais relativamente limpas para lavar pavimentos exteriores, abastecer
o autoclismo ou regar o jardim. Nas piscinas, recorra a circuitos de recirculação da água.
• Lave o automóvel só quando necessário. Uma lavagem de dez minutos com a mangueira
pode consumir até 200 litros. Use um balde para ensaboar o automóvel e a mangueira
apenas para enxaguar. Em alternativa, opte por uma lavagem automática. Há instalações
com sistemas de reutilização de água que apenas gastam cerca de 35 litros por lavagem.
• Deixe um balde ou uma vasilha no exterior para recuperar a água da chuva, perfeita para
regar as plantas. Utilize também a água de lavar e cozer os legumes (depois de fria) e
ainda a água que corre no duche enquanto espera que atinja a boa temperatura. Basta ter
um recipiente (um balde ou um garrafão) junto a si para a recolher.

117
A Consumo ecológico

a lavagem do pavimento e para regar as plantas, além de que a água dos


duches e lavatórios é mais do que suficiente para abastecer os autoclismos
de uma casa.

A adaptação a este cenário requer a instalação de reservatórios para arma-


zenar água. Na maioria dos casos, os grandes depósitos podem ser subterrâ-
neos, mas os mais pequenos, destinados ao abastecimento dos autoclismos,
podem ser embutidos numa das paredes da casa de banho ou colocados no
armário do lavatório. Em fase de projeto, construção ou reabilitação de um
edifício, não é complicado instalar uma rede de distribuição deste tipo: com
origem na banheira e no lavatório, passa por um depósito onde se armazenam
as águas cinzentas, que vão abastecer os autoclismos ou as torneiras instaladas
no exterior (por exemplo, para lavar pavimentos). Esta rede e este depósito
podem, inclusive, ser abastecidos também com água da chuva, aumentando a
rentabilidade do processo (veja a infografia na página seguinte).

ATENÇÃO!
As condutas de água potável, de água da chuva ou de reutilização das águas cinzentas
devem estar bem separadas: a água da chuva é imprópria para consumo, nem sequer para
tomar banho, e as águas cinzentas devem ser dirigidas para abastecimento dos autoclis-
mos ou limpezas exteriores.

Reutilizar água nalguns setores da casa pode ser muito rentável, mas tam-
bém representa um investimento considerável. Para determinar ao fim de
quantos anos uma instalação para reutilizar água se torna rentável, precisa,
antes de mais, de ter em conta os preços da água, da eletricidade e do tipo
de bomba e o custo da manutenção, entre outros.

Depois, pondere diferentes aspetos, que variam de uma casa para outra,
nomeadamente:
— o custo da instalação (que depende de já ter ou não um reservatório insta-
lado e da eventual necessidade de precisar de recorrer a um profissional
para toda a instalação);
— o preço da água no seu município;
— a estimativa de água a reutilizar (cinzentas e pluviais), que depende,
sobretudo, da quantidade de chuva que cai na região, mas também da
superfície para a sua recolha e do tipo de telhado;
— a quantidade de água consumida pelo seu agregado e a quantidade de
água da rede pública que pode ser substituída por águas reutilizadas.

118
A Poupe água

REUTILIZAÇÃO DA ÁGUA: EQUIPAMENTO NECESSÁRIO


Grande parte das águas residuais domésticas (como as dos lavatórios, dos duches,
das banheiras e dos bidés) contêm uma reduzida concentração de poluentes orgânicos
e patogénicos e podem ser reutilizadas nas descargas do autoclismo e na rega de relvados
e de plantas não comestíveis. Pelo contrário, as águas negras, provenientes das sanitas,
do lava-loiças e das máquinas de lavar, não podem ser reutilizadas.

Águas pluviais
Telhados, pátios, calçadas
e outras superfícies
impermeáveis podem
ser desenhados de forma Águas cinzentas
a direcionar alguma desta água para O sistema de aproveitamento de águas
um reservatório e maximizar a área de cinzentas (dos lavatórios, duches,
recolha. O transporte desta água é feito banheiras e bidés) permite reduzir
por sistemas de escoamento, como sarjetas a necessidade de água potável nas
e algerozes. Quando a recolha é feita habitações, sobretudo em moradias, já
num reservatório subterrâneo, tem de se que estas têm, em geral, usos exteriores
instalar uma bomba para trazer a água que prescindem de água potável, além
até à superfície. No exterior, a cisterna que da descarga de autoclismos: falamos
armazena a água deve estar coberta para da rega do jardim ou da lavagem de
minimizar a evaporação. espaços próximos da casa.

SABIA QUE…
A substituição total da água dos autoclismos por água do lavatório ou dos duches permite
economizar cerca 52 euros por ano (exemplo para um autoclismo de dez litros).

119
A Consumo ecológico

SABIA QUE…?
A água da chuva não contém calcário e, por isso, não deixa marcas se for usada para lavar
o pavimento.

Evitar a contaminação
A poluição das águas constitui um problema que pode assumir proporções
gigantescas. E a contaminação não decorre apenas das atividades da indús-
tria química. De facto, cada um de nós polui, em maior ou menor grau, as
águas subterrâneas e de superfície. Como? Simplesmente, através dos pro-
dutos que compramos, consumimos e deitamos fora. Há pequenas opções,
desde logo ao nível das compras que fazemos, que podem contribuir para
minimizar a contaminação das águas.

• Opte por produtos de limpeza com menor impacto ambiental (veja, no capí-
tulo 1, o título Reduza os poluentes nas limpezas, na página 26).

• Não ultrapasse a dose recomendada de detergente para a roupa. Adapte a


dosagem à dureza da água. Para lavar roupa sem nódoas, pode usar ciclos
de lavagem curtos e reduzir a quantidade de detergente.

• Os produtos químicos específicos e agressivos só são necessários nalgumas


situações pontuais (por exemplo, para desinfetar uma superfície contami-
nada por uma pessoa doente). Mas, geralmente, há alternativas caseiras sim-
ples de aplicar, eficazes e com menor impacto ambiental (como usar vinagre
em vez de anticalcário para a limpeza de torneiras, por exemplo).

ATENÇÃO!
Não faça do lavatório ou da sanita mais um caixote do lixo. Restos alimentares, tampões
higiénicos, algodão, lenços de papel, cotonetes e papel de cozinha devem ser colocados
no caixote de lixo. Os produtos tóxicos e perigosos, como medicamentos ou óleos usados,
devem ser depositados em locais de recolha apropriados (veja o capítulo anterior, a partir
da página 59).

120
A Poupe água

Outras formas de poupar água


Não é só através de gestos como fechar a torneira enquanto lavamos os
dentes ou encher uma bacia de água para lavar a loiça à mão que poupa-
mos água. A forma como consumimos produtos e serviços tem influência
(e muita) no consumo de água. Deixamos-lhe aqui alguns conselhos.

• Considere mudanças na sua alimentação, até porque há produtos que reque-


rem um grande consumo de água: coma menos carne, evite comida proces-
sada, escolha orgânico sempre que possível e prefira alimentos locais e da
época.

• Se possível, mude os seus hábitos: compre menos e reutilize mais. Os proces-


sos de fabrico requerem grandes quantidades de água.

• A produção de combustíveis implica grandes quantidades de água. Por isso,


use menos o carro e escolha alternativas de mobilidade sustentáveis ou os
transportes públicos, de forma a reduzir o consumo de energias fósseis (veja
o capítulo Poupe nas deslocações, a partir da página 187).

• Poupe energia para poupar água: use aparelhos mais eficientes em termos
de consumos de água e de energia (por exemplo, use ar condicionado em
vez de aquecedores elétricos para aquecer a casa). Para mais informações
sobre este assunto, veja o título Poupe com os eletrodomésticos, a partir da
página 130.

121
A Consumo ecológico

122
A

Capítulo 4

Poupe energia
sem perder conforto
A Consumo ecológico

As contas do gás, da água e da eletricidade pesam na carteira, mas também


no ambiente. Em primeiro lugar, porque a combustão de energias fósseis
(como o gás, o carvão, o petróleo, etc.) gera diversos poluentes, entre os
quais gases que provocam o efeito de estufa, sendo o dióxido de carbono
(CO2) o mais conhecido.

Como vimos na introdução deste livro, a acumulação destes gases pro-


move a retenção do calor libertado pelo planeta, o qual, em vez de ser
libertado para o espaço, volta a ser irradiado para a superfície terrestre
(veja a ilustração da página 12).

É precisamente esta situação que gera o aquecimento global do pla-


neta e as consequências das alterações climáticas a que temos vindo
a assistir nos últimos anos, como a subida do nível das águas do mar,
os períodos de seca intensa, as inundações e o aumento do número e da
intensidade das tempestades e dos furacões.

A par destes fenómenos climáticos, os gases com efeito de estufa causam a


degradação dos ecossistemas naturais e estão na origem de alguns problemas de
saúde pública. Os combustíveis fósseis são ainda responsáveis por uma boa parte
da poluição dos mares, devido a fugas de combustível ou a acidentes durante
o transporte, bem como a alguma contaminação dos solos e rios por fugas
de combustível.

Além disso, há ainda que realçar que as energias fósseis são finitas. Se con-
tinuarmos a utilizá-las a este ritmo, dentro de algumas décadas, teremos
esgotado o gás e o petróleo disponíveis.

Diante de problemas ambientais tão sérios, não podemos ficar indiferentes.


A União Europeia assumiu o compromisso de reduzir as emissões de gases
com efeito de estufa em pelo menos 40% até 2030 face aos níveis de 2005,
sendo que para os setores dos transportes, da agricultura, da construção e
da gestão de resíduos, esta redução tem de ser na ordem dos 30 por cento.
Tal implica mudanças profundas, ao nível das empresas, da indústria, da
agricultura e dos transportes, é certo, mas também de cada um de nós,
enquanto consumidores e “poluidores”.

Neste capítulo, mostramos-lhe diversas opções ao seu dispor que podem


contribuir para reduzir os seus consumos de energia, sem com isso afetar
o seu conforto. Como? Optando por equipamentos eficientes e usando-os
de forma racional e, independentemente de a fonte de energia ser fóssil ou
renovável, evitando os desperdícios.

124
A Poupe energia

Onde param os consumos


de energia?
A eletricidade é um bem vital. Basta pensarmos nas situações em que há um
corte no abastecimento. Estamos, hoje, de tal forma dependentes da eletri-
cidade, que esta é considerada, sem discussão, um serviço público essencial.

Se é verdade que, para aquecer a casa, existem vários tipos de energias


alternativas (gás butano, propano ou natural, ou mesmo lenha ou gasóleo),
o mesmo não se aplica aos eletrodomésticos, totalmente dependentes da
eletricidade. Para aligeirar a sua fatura de energia, opte, tanto quanto possí-
vel, por equipamentos eficientes (veja, na página 130, o título Poupe com os
eletrodomésticos) e use-os de forma racional e poupada. Além de economizar
dinheiro, estará a contribuir para a redução da sua pegada ecológica.

O consumo dos eletrodomésticos


Numa casa, quais serão os equipamentos que mais energia consomem?
Os de iluminação? Os do aquecimento? A máquina de lavar? Tudo depende
da potência dos aparelhos, da respectiva eficiência energética e da duração
e frequência com que os utiliza.

IDEIA PARA POUPAR


Nos resultados dos testes a equipamentos, a DECO PROTESTE tem sempre em conta os
consumos energéticos. Pode consultá-los em www.deco.proteste.pt/eletrodomesticos.
Também encontrará mais informação sobre o assunto na página dedicada à eletricidade e
ao gás, em www.deco.proteste.pt/casa-energia/eletricidade-gas.

• Muitos aparelhos que usamos não ultrapassam os 25 quilowatts-hora por


ano (o que representa menos de cinco euros). O consumo de alguns peque-
nos eletrodomésticos, como o dos espremedores de citrinos ou das torra-
deiras, e ainda o dos aparelhos de bricolagem ou de jardinagem, não pesa
muito na fatura de eletricidade, porque só são usados esporadicamente.

125
A Consumo ecológico

QUAL O CONSUMO ANUAL DE CADA EQUIPAMENTO?


Potência/ Consumo
Aparelho Utilização
/consumo (1) anual (2)
Leitor blu-ray 11 W 2 horas/semana 4
5 minutos/dia,
Torradeira 750 W 5
2×/semana
Máquina de café (cápsulas) 2 cafés/dia,
10 W/café 7
1260 W 350 dias/ano
5 minutos/dia,
Micro-ondas 850 W 7
245 dias/ano
4 horas/dia,
Lâmpada LED 7W 10
345 dias/ano
4 horas/dia,
Box TDT 5,2 W 13
345 dias/ano 1
5 minutos/dia,
Secador de cabelo 1500 W 15
3×/semana
4 horas/dia,
Lâmpada fluorescente 11 W 15
345 dias/ano
Consola de jogos 100 W 2 horas/semana 19
contínua (para água
Caldeira mural 24 kW 120 W/dia 28
quente e aquecimento)
Fritadeira 0,75 kWh/kg 1×/semana 39
1 hora/semana/
Aspirador 86 Wh/10 m2 43
/100 m2
4 horas/dia,
Lâmpada halogéneo 38 W 52
345 dias/ano
4 horas/dia,
TV LCD 40 polegadas 87 W 121
345 dias/ano
Ferro de engomar
1,35 kWh 2 horas/semana 140
1800 W
Máquina de secar roupa 1,38 kWh/ciclo 2 ciclos/semana 144
4 horas/dia,
Ar condicionado 600 W 144
60 dias/ano
Máquina de lavar loiça 0,56 kWh/ciclo 4 ciclos/semana 250

Máquina de lavar roupa 1,12 kWh/ciclo 4 ciclos/semana 266

Frigorífico (240 l de refrigeração


0,95 kWh/dia contínua 347
e 70 l de congelação)
Aquecedor portátil elétrico 4 horas/dia,
2 kWh 480
2000 W 60 dias/ano
(1) Potência
do aparelho em funcionamento ou consumo por hora ou por ciclo, consoante o tipo de equipamento.
(2) Valores
em quilowatts-hora (kWh).
Nota: para ter uma ideia do custo anual de cada aparelho (em euros), multiplique o consumo indicado pelo custo
do kWh que aparece na sua fatura de eletricidade. Geralmente, 25 kWh representam menos de cinco euros.

126
A Poupe energia

Porém, o caso muda de figura com as máquinas de lavar e secar roupa e


as de lavar loiça e o frigorífico, por exemplo: como pode ver no quadro da
página anterior, esses sim, são muito vorazes e exigem uma utilização ainda
mais racional para se conseguir fazer poupanças consideráveis de energia.
Em todo o caso, mesmo as pequenas poupanças energéticas fazem diferença
ao fim de um ano, incluindo a soma dos consumos em standby de todos os
pequenos aparelhos.

• Os equipamentos elétricos e eletrónicos não cessam de aumentar e estão,


por vezes, presentes em duplicado ou triplicado numa só casa (televisores,
computadores, frigoríficos, etc.). Os chamados "consumos escondidos" cons-
tituem também um fenómeno cada vez mais frequente, mesmo para apare-
lhos que dantes não os tinham, como é o caso das máquinas de lavar roupa
ou loiça (veja o título Em busca dos consumos escondidos, na página 145). Com
regulamentos europeus que procuram incentivar os fabricantes a investir
em equipamentos cada vez mais eficientes, temos assistido a uma progres-
siva evolução dos níveis de desempenho e eficiência energética dos vários
equipamentos e consequente redução dos respetivos consumos. Contudo, a
tendência para aumentar o número de equipamentos e de pontos de ilumi-
nação nas nossas casas (por exemplo, tetos com várias lâmpadas) continua a
levar a um aumento global dos consumos de eletricidade.

ATENÇÃO!
A eficiência energética dos aparelhos tem vindo a melhorar, mas a verdade é que usamos
cada vez mais equipamentos elétricos e eletrónicos! Infelizmente, a poupança de eletrici-
dade proporcionada pela cada vez maior eficiência energética dos equipamentos é anu-
lada pelo aumento de equipamentos nas nossas casas.

Caso tenha aderido à tarifa


bi-horária de eletricidade,
um temporizador pode
restringir o funcionamento
de um equipamento a
períodos em que a tarifa
é mais barata (à noite
e, dependendo da opção
contratada, durante todo
o fim de semana).

127
A Consumo ecológico

IDEIA PARA POUPAR


Se usa vários equipamentos elétricos em simultâneo e o disjuntor do quadro nunca dis-
parou, pondere reduzir a potência contratada junto do fornecedor de energia. Baixando
apenas um nível, pode poupar cerca de 25 euros por ano.

Energias alternativas
Em 2018, o consumo mundial de energia foi de cerca de dez milhões de tone-
ladas equivalentes de petróleo (quantidade de petróleo que foi necessário
produzir para satisfazer o consumo de gasolina, gasóleo, gás butano, etc.).
Os países desenvolvidos e as economias emergentes (como a China, a Índia
e o Brasil) dependem em grande medida de petróleo, para o transporte, a
agricultura, a indústria e também para o aquecimento doméstico. Só a China
consome, atualmente, 20% do total da energia a nível mundial.

Para prevenir o esgotamento dos recursos naturais, diminuir a dependência


face a países externos e reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, é
necessário aumentar o recurso a energias provenientes de fontes renováveis,
o que se tem, aliás, verificado na Europa e, em especial, no nosso país. Con-
tudo, para o gás natural ainda não existem alternativas.

Independentemente do fornecedor que escolher, o gás natural é, em si


mesmo, um combustível fóssil e, logo, finito. O hidrogénio pode, a prazo,
contribuir para minimizar estes consumos, mas a sua implementação está
ainda numa fase inicial, nomeadamente ao nível industrial.

Impõe-se, assim, o desenvolvimento de tecnologias de produção e armazena-


mento de fontes de energia alternativas e eficientes. A par disso, cabe ao con-
sumidor apostar, sempre que viável, em fontes de energia renováveis (energia
solar, eólica, das ondas, biomassa, etc.), que, por acréscimo, são independen-
tes de zonas geográficas de grande instabilidade política e social, o que não
acontece com o petróleo e o gás natural. Isto poderá precaver uma possível
escassez petrolífera e contribuirá para a mitigação da poluição.

SABIA QUE…?
Segundo a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), em 2018, 30% dos consumos de
energia em Portugal tiveram origem em fontes de energia renováveis, o que representa
uma subida de 6% em menos de uma década.

128
A Poupe energia

Tornar a casa eficiente


A eficiência energética das nossas casas passa por uma boa gestão dos consu-
mos, tanto no que diz respeito aos sistemas de climatização e de iluminação,
como aos eletrodomésticos que usamos e ao modo como o fazemos. Os cui-
dados implementados na altura da construção ou aquando de remodelações
também fazem toda a diferença.

O aquecimento constitui uma fatia importante da despesa energética, como


pode ver no gráfico abaixo. Aquecer a casa no inverno e arrefecê-la no verão
sai muito caro, a não ser que a casa esteja dotada de um bom isolamento.

DISTRIBUIÇÃO DA DESPESA COM ENERGIA


EM CASA POR TIPO DE UTILIZAÇÃO

Iluminação Aquecimento
6,1% do ambiente
10,7%

Arrefecimento
do ambiente
0,7%
Equipamentos
elétricos
14,9%

Cozinhar Aquecimento de água


40% 27,6%

Fonte: Inquérito ao Consumo de Energia no Setor Doméstico, Instituto


Nacional de Estatística e Direção-Geral de Energia e Geologia, 2010.

129
A Consumo ecológico

O parque habitacional em Portugal sofre de algumas carências ao nível do


correto e eficiente isolamento das habitações. Além de problemas de con-
forto, tal gera problemas de saúde pública e um desperdício significativo de
energia nas operações de climatização. Embora estejamos a observar algu-
mas melhorias no setor da construção nas últimas décadas, há ainda um
longo caminho a percorrer no isolamento das habitações, não só ao nível
da regulamentação, mas também da sua real implementação nos edifícios
(existentes e novos). Com as atuais preocupações ambientais, esta é uma das
áreas de atuação muito importantes.

Aquando da construção de uma casa, é importante investir num isola-


mento de boa qualidade. Poderá ser mais caro na altura da instalação,
mas poupará a prazo nas necessidades de aquecimento e arrefecimento
para garantir o conforto térmico no interior da habitação. Para mais
informações sobre estes aspetos, veja o título O isolamento, a partir da
página 154.

SABIA QUE…?
Cada quilowatt-hora de eletricidade poupado na utilização representa mais de três qui-
lowatts-hora de carvão ou gás natural que não são usados na produção de eletricidade.

Independentemente do tipo de casa, poderá poupar bastante energia


(e dinheiro) fazendo as opções certas, como escolher equipamentos efi-
cientes e usá-los de forma racional. Além disso, estará a contribuir para
atingir os objetivos já referidos na página 124, no que toca à redução de
emissões de gases com efeito de estufa ao nível europeu e nacional.

Poupe com os eletrodomésticos


A criação da etiqueta energética, em 1992, com o objetivo de permitir ao
consumidor escolher frigoríficos mais eficientes, foi uma das medidas mais
emblemáticas da luta contra o desperdício de energia. Esta iniciativa esten-
deu-se rapidamente às máquinas de lavar e/ou de secar roupa e às de lavar
loiça, assim como às lâmpadas, aos fornos elétricos e aos televisores, tendo
também sido implementada nos sistemas de produção de água quente

130
A Poupe energia

sanitária e de climatização. Há ainda outros produtos que apresentam eti-


quetas energéticas em sistemas voluntários (como as janelas, por exemplo).

A estratégia consiste em fomentar a procura de aparelhos eficientes


por parte dos consumidores e, ao mesmo tempo, incentivar os fabri-
cantes a desenvolver equipamentos progressivamente mais eficientes e
ecológicos.

IDEIA PARA POUPAR


Para escolher os seus equipamentos, compare o consumo indicado na etiqueta energética
com o uso que prevê dar ao aparelho. Poderá poupar dezenas de euros por ano. O melhor
é consultar os nossos testes na revista PROTESTE ou em www.deco.proteste.pt/eletrodo-
mesticos, onde simulamos os custos com uma utilização real, de acordo com os hábitos
dos consumidores.

Nova etiqueta energética


Com a evolução tecnológica, a etiqueta energética foi alvo de uma revisão.
Esta era uma reivindicação antiga de várias organizações de consumidores
europeias, incluindo a DECO PROTESTE. A nova legislação comunitária
acaba com as classes A+, A++ e A+++ das etiquetas de vários eletrodomésticos,
passando a etiqueta a ostentar uma escala mais simples de interpretar, de A
(mais eficiente) a G (menos eficiente).

SABIA QUE…?
Dentro de cada categoria, pode haver grandes variações entre aparelhos. Dois aparelhos
da mesma classe energética (por exemplo, B), podem ter consumos bastante díspares.
Por isso, na loja, além de comparar a classe energética entre aparelhos, é importante
verificar os consumos indicados na etiqueta energética.

Embora os novos televisores, frigoríficos e arcas congeladoras, máquinas de


lavar loiça, de lavar roupa e de lavar e secar roupa lançados desde novem-
bro de 2020 já pudessem incluir, no interior da embalagem, a nova etiqueta
energética (além da ainda em vigor), a sua afixação torna-se obrigatória a
partir de março de 2021. Setembro de 2021 marca a entrada das lâmpadas
neste grupo, e, após esta data, é a vez de outros equipamentos. Para mais
informações sobre a etiqueta energética, consulte o nosso sítio na internet,
em www.deco.proteste.pt/nova-etiqueta-energetica.

131
A Consumo ecológico

Na nova etiqueta
energética (à direita), as
escalas A+, A++ e A+++
caem para dar lugar a
uma escala mais simples
de A (mais eficiente) a G
(menos eficiente).
É, assim, mais fácil
escolher equipamentos
eficientes e poupados.

• No topo, é indicado o tipo de eletrodoméstico (frigorífico, máquina de lavar


roupa ou loiça, etc.), o nome do fabricante e o modelo. É incluído um código
QR, com acesso a informações adicionais numa base de dados digital de
cada produto.

• A segunda parte apresenta a classe da eficiência energética, que varia


de A (mais eficiente) a G (menos eficiente), e assinala aquela a que o apare-
lho pertence.

• Na terceira parte, é indicado o consumo anual para um dado ciclo de fun-


cionamento do eletrodoméstico em quilowatts-hora. Nas máquinas de lavar
roupa e loiça, em vez do consumo anual, é referido o consumo para cem
ciclos de lavagem.

• Na parte inferior da etiqueta, encontra-se a classe de ruído, através de uma


escala que varia entre A e D (sendo D o mais ruidoso), bem como o valor
medido em decibéis, expresso em dB(A).

• A escala da eficiência energética dos eletrodomésticos de A a G será rea-


valiada regularmente, em função da evolução tecnológica. Quando vários
equipamentos alcançarem a classe A, haverá um novo escalonamento, para
incentivar a pesquisa e a inovação tecnológica, em busca de produtos cada
vez mais eficientes e poupados.

132
A Poupe energia

Frigorífico
Como já referido, os frigoríficos foram o primeiro eletrodoméstico a rece-
ber a etiqueta energética, em 1992. Os equipamentos atuais consomem, em
média, menos 50% a 60% face aos modelos de há 15 anos. Para o ajudar a
escolher o modelo mais adequado, consulte os resultados dos testes e preços
atualizados em www.deco.proteste.pt/frigorificos.

Dicas de compra
• O número de estrelas indicado diz respeito à capacidade de refrigeração.
Quantas mais forem, maior é a capacidade do aparelho para refrigerar, o que
representa também maiores consumos. Os de quatro estrelas são os únicos
capazes de congelar alimentos que não estavam, à partida, congelados.

• O desempenho varia consoante as marcas, e o mesmo acontece com os pre-


ços praticados nas lojas. As diferenças são, por vezes, grandes. O melhor é
estar atento aos testes que publicamos regularmente na revista PROTESTE e
no nosso sítio na internet e escolher o modelo mais adequado para si.

SABIA QUE…?
Perto de um radiador ou de um forno, ou sob a luz direta do sol, o frigorífico consome mais
energia para manter a boa temperatura no interior. Coloque-o longe das fontes de calor e,
para assegurar uma boa circulação de ar, deixe alguns centímetros livres entre o aparelho
e a parede e aspire esse espaço com regularidade.

• Se possível, compre um frigorífico combinado em vez de um modelo ameri-


cano (cujo consumo é muito superior).

• Escolha um modelo com dimensão adequada às necessidades. Ter o frigo-


rífico constantemente meio vazio gera consumos de energia inúteis. Conte
com 60 litros por pessoa e 150 litros, no mínimo, por família (por exemplo,
de três elementos). Se vive sozinho, poderá não se justificar escolher um
frigorífico familiar.

• Não confunda o frigorífico com uma despensa, para arrumar todo o tipo de
bens. Utilize-o racionalmente (veja no capítulo 1, na página 42, os nossos
conselhos para arrumar os alimentos no frigorífico).

133
A Consumo ecológico

IDEIA PARA POUPAR


Esvazie e desligue o frigorífico quando parte de férias ou quando precisa de se ausentar por
algum tempo. Não se justifica deixá-lo a funcionar inutilmente. Deixe a porta entreaberta
para evitar a formação de odores e fungos.

FRIGORÍFICOS E CONGELADORES ARCAS DE VINHO

Soma do(s) XYZ


volume(s) do(s) XY dB Número de garrafas
compartimento(s) de vinho de tamanho
padrão que podem
de refrigeração ABCD
Emissões acústicas ser armazenadas
de ruído em dB(A),
e respetiva classe

XYZ
kWh/annum
XYZ L Consumo de
Soma do(s) eletricidade
volume(s) do(s) anual em kWh
compartimento(s) por ano
de congelamento

Os aparelhos de refrigeração têm uma nova etiqueta energética a


partir de março de 2021. Além da classe energética a que pertencem,
de A (mais eficiente) a G (menos eficiente), esta eqiqueta permite
verificar o consumo de eletricidade anual em kWh por ano.

Arca congeladora
Os processos de congelação industriais representam muitos gastos de ener-
gia, e o consumo das arcas é elevado. Logo, a primeira questão que deve
colocar-se é: tem a certeza de que precisa de um aparelho deste tipo?

Se precisa mesmo, deixamos-lhe alguns conselhos. Por outro lado, se


já tiver uma arca congeladora, evite a compra de um frigorífico com um

134
A Poupe energia

grande compartimento congelador, pois consome bastante mais do que um


tradicional.

• Comece por escolher um congelador com uma dimensão adaptada às


suas necessidades. Para as contas do volume ideal, conte com cerca de
70 litros por pessoa. Depois, compare as classes energéticas dentro da
mesma dimensão.

• As arcas são eletrodomésticos que precisam de se manter resguardados


de fontes de calor, tal como acontece com o frigorífico. Não dispõe de um
local que seja fresco no verão e esteja abrigado do sol em casa? Pondere a
hipótese de pôr a arca na cave, por exemplo, caso exista.

• Deixe arrefecer os alimentos que pretende congelar, para evitar um sobre-


consumo de energia. Organize a arca de modo a encontrar o que pretende
com rapidez, o que evitará manter a porta aberta demasiado tempo. Evita,
assim, a entrada de humidade ambiente e a formação de gelo no interior do
aparelho.

• Descongele a arca regularmente: dois milímetros de gelo nas paredes do con-


gelador aumentam em 10% os consumos e cinco milímetros significam 30%
a mais na fatura de eletricidade.

• As juntas de borracha em mau estado exigem um maior consumo de ener-


gia para manter a boa temperatura. Para as conservar, limpe-as regular-
mente e passe, eventualmente, um pouco de pó de talco.

SABIA QUE…?
Atualmente, os consumos das arcas congeladoras verticais e horizontais já não diferem
entre si de forma relevante. Nos modelos mais recentes, a diferença é (quase) nula. Con-
tudo, pode haver grandes disparidades entre modelos, dentro de cada segmento.

Máquinas para a roupa


Lavar a roupa tem um impacto ambiental considerável. Por um lado, os
detergentes lavam, mas, por outro, poluem, pelo que o melhor é usá-los com
moderação (na página 26, veja o título Reduza os poluentes nas limpezas).
No que diz respeito aos consumos das máquinas de lavar e secar roupa,

135
A Consumo ecológico

pode ter acesso a essa informação através da respetiva etiqueta energética


ou consultando os nossos testes em www.deco.proteste.pt/eletrodomesticos/
maquinas-lavar-roupa.

ETIQUETA DA MÁQUINA DE LAVAR XYZ kWh/


Consumo de
eletricidade
X:YZ por 100 ciclos
Duração em kWh
do programa eco

XY,Z kg XY,Z L
Capacidade Consumo de água
anunciada para o por ciclo em litros
programa eco
em quilos

XY dB
ABCD
Classe de eficiência ABCD
da secagem/ Emissões acústicas
/centrifugação de ruído em dB(A)
para a centrifugação,
e respetiva classe

Esta é a nova etiqueta energética das máquinas de lavar roupa, com entrada
em vigor em março de 2021. Indica sete classes de eficiência energética, de A
(a mais eficiente) a G (menos eficiente), sendo o cálculo feito com base
nos consumos de energia do programa eco para cem ciclos de lavagem.
O consumo indicado é, por isso, expresso em kWh/100 ciclos. Para a água,
também é indicado o consumo para o programa eco. A etiqueta indica ainda
a capacidade máxima de roupa que pode lavar em cada ciclo (em quilogra-
mas), a eficiência da centrifugação, o ruído no programa eco a 40-60ºC e a
duração deste programa.

Uso racional da máquina de lavar roupa...


• Os consumos da máquina de lavar roupa dependem, sobretudo, dos progra-
mas utilizados, nomeadamente da temperatura, uma vez que a etapa que
aquece a água é a que mais energia consome.

136
A Poupe energia

SABIA QUE…?
Uma máquina de lavar roupa inserida, na nova etiqueta energética, na classe energética C
(inicialmente a letra A será “reservada” para máquinas que venham a ter consumos muito
baixos) com capacidade para oito quilos, com um consumo anunciado no programa eco
40-60°C de 63 kWh/100 ciclos, poupará cerca de 20 kWh por cem ciclos face a um modelo
da classe F.

• Junte roupa suficiente para usar a máquina com a carga completa (gasta
menos de metade da água e eletricidade do que se fizer dois ciclos com meia
carga) a uma temperatura inferior a 30ºC.

IDEIA PARA POUPAR


Lave a roupa a 40°C ou mesmo a 30°C, em vez de a 60°C. Faça o pré-tratamento das
nódoas à mão e programe a máquina para “saltar” a pré-lavagem. Esta etapa é uma
operação longa e, sobretudo, supérflua, se tivermos em conta que os detergentes são,
hoje, muito eficazes.

• Para nódoas difíceis, em vez de aumentar a dose de detergente ou recorrer


a temperaturas elevadas, faça um pré-tratamento das manchas, com deter-
gente da loiça em nódoas de gordura e pigmentos (óleo, batom, suor); sal ou
água oxigenada em sujidade enzimática (sangue, chocolate); e oxigénio ativo
em nódoas oxidáveis (vinho, café, etc.).

ATENÇÃO!
Lavar meia carga de roupa não consome metade da água e da eletricidade. Sempre que
possível, espere até ter roupa suficiente para uma carga completa.

• Respeite a quantidade de detergente recomendada no rótulo. Para roupa


pouco suja ou programas curtos, pode reduzir a dose.

... e da máquina de secar roupa


• Para o ambiente e para a carteira, a melhor maneira de secar a roupa é,
evidentemente, o estendal: permite poupar até 120 quilowatts-hora por ano.

137
A Consumo ecológico

• Caso precise mesmo de recorrer à máquina de secar, use-a só com a carga


completa.

• Evite programas que deixem a roupa demasiado seca, pois custará mais a
passar a ferro, além de que gastará mais energia.

SABIA QUE…?
O consumo da máquina de secar roupa depende do peso e da composição das peças. Para
secar completamente algodão precisa de mais 40% de energia do que para secar tecidos
sintéticos: como estes absorvem menos água, secam mais depressa.

• Para escolher o modelo mais adequado, procure um que evacue o ar húmido,


em vez de o condensar, e poupará no consumo. Certifique-se de que o tubo
de evacuação é o mais curto possível, para evitar perdas de eficácia.

• As máquinas de secar equipadas com tecnologia de bomba de calor são


muito mais eficientes que os aparelhos de ventilação. Podem gastar quase
um terço da energia consumida por modelos menos eficientes.

ATENÇÃO!
Caso seque a roupa num estendal dentro de casa (na garagem, na cave ou numa casa
de banho, por exemplo), areje bem o local, para remover a humidade libertada da roupa
e evitar que se condense nas paredes e no teto.

Sempre que for possível,


prefira secar a roupa no
estendal. O sol e o vento
secam de forma gratuita
e ecológica.

138
A Poupe energia

IDEIA PARA POUPAR


Centrifugue a roupa a grande velocidade, para os tecidos saírem com menos humidade.
Assim poderá encurtar o programa de secagem. Mas atenção: uma centrifugação a mais
de mil rotações por minuto não melhora os resultados, além de que aumenta considera-
velmente o dispêndio de energia.

Máquina de lavar loiça


No que toca aos consumos de energia, pode haver uma grande diferença
entre lavar a loiça na máquina ou à mão. Com uma máquina, o custo varia
de acordo com o consumo de água, de energia, de detergente e com o preço
do equipamento. À mão, depende de ter ou não o hábito de deixar a água a
correr enquanto lava e enxagua toda a loiça.

• Em média, a máquina de lavar loiça consome 13 litros por ciclo de lavagem,


com o programa principal ou automático; já no programa eco, consome
cerca de dez litros. Para a lavagem e enxaguamento da mesma quantidade
de loiça à mão, poderá gastar 60 litros! Além disso, se a água for quente,
estará também a adicionar às contas o consumo de energia, o qual será
ainda mais elevado se deixar correr água quente enquanto enxagua todos
os pratos.

• Se tem por hábito deixar a torneira aberta em contínuo enquanto lava toda a
loiça à mão, será preferível optar pela máquina de lavar: poderá, assim, pou-
par cerca de dez mil litros de água por ano, considerando o mesmo cenário.

IDEIA PARA POUPAR


Aceda ao nosso comparador online em www.deco.proteste.pt/eletrodomesticos/maqui-
nas-lavar-loica e descubra os modelos mais poupados e as lojas mais baratas. Caso a
máquina ainda não tenha sido testada, compare as etiquetas energéticas e opte pelo
modelo mais eficiente, com consumos de água e eletricidade mais baixos.

• Espere até ter a máquina cheia em vez de a pôr a funcionar com o pro-
grama de meia carga. Na verdade, meia carga não significa que a máquina
consuma metade da água ou da eletricidade. Poupa apenas cerca de
16% e 12%, respetivamente.

139
A Consumo ecológico

• Opte, sempre que a loiça não estiver muito suja ou não tiver restos de
comida ressequidos, pelo programa eco ou outro que tenha uma tempera-
tura de lavagem mais baixa (verifique no manual de instruções). Poupa água
e eletricidade. Contudo, tenha atenção: o programa eco é normalmente
mais demorado e, nalgumas máquinas, poderá não ser eficaz se a loiça esti-
ver particularmente suja, principalmente tachos e panelas. Limpar previa-
mente com os talheres ou com um guardanapo de papel todos os restos de
alimentos dos pratos e deitar um fundo de água nas frigideiras e nos tachos
com sujidades muito incrustadas e ainda quentes permitirá atingir melhores
resultados.

SABIA QUE…?
Aderir à tarifa bi-horária e transferir os consumos mais elevados para as horas de vazio
é uma das melhores formas de poupar na fatura da eletricidade, mas não a única.
Para conhecer o tarifário certo e a potência a contratar, consulte o nosso simulador
em www.deco.proteste.pt/casa-energia/eletricidade-gas.

• Limpe regularmente o filtro, os braços aspersores e as borrachas à volta da


porta para aumentar o tempo de vida da máquina.

• Na altura de adquirir ou substituir uma máquina de lavar loiça, procure


escolher um modelo eficiente. Para o efeito, compare as classes e o consumo
dos equipamentos, indicados na etiqueta energética. As máquinas de lavar
loiça também fazem parte dos eletrodomésticos com uma nova etiqueta
energética. Tal como nas máquina de lavar roupa, o consumo é expresso
em kWh/100 ciclos (e não por ano) e só tem em conta o programa eco com
a carga completa. Uma máquina da nova classe D (com capacidade para um
serviço de 12 pessoas) gastará cerca de 84 kWh por cem ciclos, enquanto
uma máquina de classe F gastará 104 kWh, o que fará uma diferença de
20 kWh ao fim de cem ciclos.

ATENÇÃO!
Tal como acontece com as máquinas de lavar roupa, os programas de meia carga não são
interessantes. Veja, a este propósito, o episódio 1 da série Seja um consumidor sustentável,
no canal da DECO PROTESTE no YouTube. Ao fazer duas máquinas, acabará por usar mais
água e energia do que com um só programa com a carga completa. Se possível, espere por
ter loiça suficiente para encher a máquina antes de iniciar um ciclo de lavagem.

140
A Poupe energia

Forno elétrico
Para acertar na escolha do modelo, consulte os resultados dos nossos testes
a fornos em www.deco.proteste.pt/eletrodomesticos/equipamentos-cozinha.
Na loja, compare a eficiência dos fornos lendo a etiqueta energética.

• Os fornos com ventilação consomem cerca de metade da eletricidade face


aos modelos clássicos de há alguns anos. Além disso, permitem obter melho-
res resultados. Usar de forma racional o forno também reduz os consumos.

• Não use o pré-aquecimento por períodos excessivamente longos e recorra


à função grill apenas se for indispensável, pois consome mais. Evite abrir a
porta do forno durante o funcionamento, para não haver perdas de calor.

• Procure otimizar a capacidade do equipamento, cozinhando vários pratos


ao mesmo tempo. Desligue o forno cinco a dez minutos antes do fim da con-
feção para aproveitar o calor residual.

SABIA QUE…?
O grill requer cerca do dobro da energia face à utilização normal do forno. Use-o apenas
quando for indispensável e, pontualmente, para gratinar.

• Um forno bem isolado (com um vidro duplo ou até triplo) consome cerca de
metade face a um forno clássico. Nos modelos ventilados, a distribuição do
calor é mais rápida e uniforme, o que permite reduzir o tempo de cozedura
e poupar, assim, energia. Evite colocar o aparelho (fonte de calor) mesmo ao
lado do frigorífico ou de uma arca congeladora (fonte de frio). Se não tiver
alternativa, por falta de espaço, por exemplo, coloque uma placa isoladora
entre os aparelhos.

• Não use o forno para descongelar pratos congelados ou aquecer uma refei-
ção para uma só pessoa: tal representaria um desperdício de energia. Um
micro-ondas requer menos eletricidade para descongelar ou aquecer, além
de que é perfeitamente possível descongelar alimentos sem consumir ener-
gia, desde que se organize com antecedência. Na véspera de cozinhar um
alimento congelado, coloque-o no frigorífico. Além de ser o método mais
seguro para descongelar alimentos (à temperatura ambiente, poderiam
estragar-se), o frigorífico irá gastar menos energia para manter a tempera-
tura baixa, já que os congelados contribuirão para baixar a temperatura no
interior do compartimento de refrigeração.

141
A Consumo ecológico

IDEIA PARA POUPAR


Desligue o forno antes de terminar a cozedura. Se, por exemplo, o tempo de cozedura for
superior a 45 minutos, desligue-o cerca de cinco a dez minutos antes. O forno mantém a
temperatura durante algum tempo (calor residual), sem gastar energia.

Televisão e equipamento audiovisual


A maioria dos televisores apresenta etiquetas energéticas que variam entre o
A+ e o B, isto na escala compreendida entre A+++ (mais eficiente) e G (menos
eficiente). A nova etiqueta energética, a partir de março de 2021, tem uma
escala mais simples: as classes “+” desaparecem, dando lugar a uma classifi-
cação de A a G. Além disso, os cálculos para a atribuição das classes energéti-
cas são bastante mais exigentes. Por exemplo, um televisor que, na etiqueta
antiga, ostentava A+++, poderá passar para a classe B na nova.

ATENÇÃO!
Tendo em conta o tempo de utilização, alguns televisores consomem tanta ou mais ener-
gia do que alguns eletrodomésticos, como as máquinas de lavar. Na escolha do modelo,
veja o consumo indicado na etiqueta energética (consulte www.deco.proteste.pt/nova-eti-
queta-energetica) e lembre-se de que os ecrãs maiores também consomem mais.

Esta revisão da escala das classes energéticas prende-se com a evolução tec-
nológica. Um antigo modelo CRT consumia 180 kWh por ano para cinco
horas de uso diário. Atualmente, um televisor com ecrã LCD de dimensões e
resolução muito mais elevadas (por exemplo, com 65 polegadas e uma reso-
lução de 4K) consome, em média, 175 kWh por ano. Claro que um ecrã com
diagonal inferior gastará menos (em média, 121 kWh/ano para 40 polegadas).

Os televisores são, hoje muito mais eficientes e gastam menos eletricidade


do que há alguns anos. Mas, como os consumidores tendem a escolher ecrãs
muito maiores, os consumos acabam por estar relativamente equiparados.

O consumo anual indicado na antiga etiqueta energética dos televiso-


res considera um uso diário de quatro horas, a que equivalem 1460
horas anuais, e não tem em conta o consumo em standby (veja, a este

142
A Poupe energia

propósito, Em busca dos consumos escondidos, na página 145). Na nova


etiqueta, o cenário para o cálculo dos consumos em kWh muda: em vez
de um consumo anual baseado em quatro horas de utilização diárias,
passa a considerar que o televisor está ligado durante mil horas por ano,
e continua a não ter em conta os consumos em standby. Note que, face
aos anos 80 e 90 do século passado, altura em que não era raro os tele-
visores e os videogravadores consumirem mais de dez ou até vinte watts
em standby, hoje, o consumo dos televisores neste modo é muito resi-
dual: a própria legislação impõe, aliás, que seja inferior a um watt.

PEQUENOS APARELHOS SEM ETIQUETA ENERGÉTICA:


COMO ESCOLHER?
Há todo um conjunto de pequenos aparelhos, como torradeiras ou secadores de cabelo,
não contemplados pela etiqueta energética. Na realidade, esta foi pensada para os equi-
pamentos que mais energia consomem. Mas, na verdade, atrás de pequenos equipamen-
tos podem esconder-se grandes consumos. Um secador de cabelo pode absorver tanta ou
mais potência que dois micro-ondas juntos.
O nosso conselho é que, antes de comprar qualquer tipo de equipamento, consulte os
nossos testes na revista PROTESTE ou os nossos comparadores online (em deco.proteste.
pt/eletrodomesticos). Todos os nossos testes contemplam a eficiência energética dos equi-
pamentos e os consumos reais de utilização.
Em todo o caso, a União Europeia tem procurado restringir e influenciar os requisitos téc-
nicos a nível da eficiência energética e do impacto ambiental que os eletrodomésticos
que entram no mercado devem cumprir. A ideia é que estes regulamentos de ecodesign
(que visam o desenvolvimento de produtos sustentáveis segundo critérios ecológicos) se
estendam à maioria dos equipamentos, promovendo, assim, uma progressiva redução dos
consumos energéticos.

Dicas para poupar na cozinha


É na cozinha que gastamos 40% da energia total que consumimos (veja o
gráfico da página 129), pelo que é neste setor que poderá poupar alguns
euros na sua fatura mensal seguindo algumas boas práticas.

• No que diz respeito às contas de eletricidade e gás, do ponto de vista finan-


ceiro, cozinhar com gás natural sai mais barato do que com eletricidade,
sobretudo se também aquece a casa com gás e beneficia, assim, de um tari-
fário vantajoso. Mas isto não acontece, obviamente, se cozinha com gás de
botija (propano ou butano), pois, atualmente, custa quase tanto como cozi-
nhar com eletricidade, com a tarifa simples.

143
A Consumo ecológico

• A escolha entre o gás e a eletricidade também depende de outros aspetos,


como preferências pessoais ou hábitos culinários da família. Caso opte pela
eletricidade, saiba que as placas de indução são mais eficientes do que
os outros sistemas (consulte os nossos testes em www.deco.proteste.pt/
eletrodomesticos/equipamentos-cozinha).

• Cozinhar com placas vitrocerâmicas tradicionais requer frigideiras e tachos


com um fundo adaptado, perfeitamente plano e sem deformações. Caso
contrário, o consumo pode aumentar bastante. Se possível, coloque os
tachos nos discos com um diâmetro idêntico. Note que as placas de indução
requerem tachos e panelas com um fundo magnetizável. Antes de adquirir
um novo trem de cozinha, verifique com um íman se tem alguns tachos já
preparados para esta tecnologia.

IDEIA PARA POUPAR


Com as placas elétricas ou de vitrocerâmica radiante, desligue o disco antes de terminar
a cozedura, já que este se mantém quente ainda durante algum tempo (calor residual).
No caso de preparações que requerem uma cozedura longa, desligue o "lume" cerca de
cinco minutos antes do final. Algumas placas em vitrocerâmica vêm equipadas com um
indicador do calor residual, o que facilita as poupanças de energia.

• Sempre que for possível, cozinhe com o tacho tapado. A descoberto, a coze-
dura requer quase quatro vezes mais energia. A potência necessária para
manter um litro e meio de água em ebulição é de:
— 720 watts sem tampa;
— 190 watts com o tacho tapado.

• Use um jarro elétrico para aquecer a água mais depressa. Aquecer dois litros
de água da torneira (a cerca de 15ºC) no tacho gasta mais de 450 watts-hora.
Um jarro elétrico com potência de 2 kW faz o trabalho muito mais rápido
e só gasta 210 Wh, ou seja, menos de metade da energia.

• Não encha os tachos com demasiada água. Por exemplo, para cozer batatas,
coloque apenas a quantidade necessária para as cobrir. Não deixe a água
a ferver mais do que o tempo estritamente necessário. Quando entrar em
ebulição, baixe o "lume".

• Tire os alimentos do frigorífico uma hora antes de os confecionar. Reque-


rem, assim, menos energia e ficam cozidos mais depressa.

• Use a panela de pressão o mais possível, como alternativa à panela normal.

144
A Poupe energia

ATENÇÃO!
As placas a gás são dos equipamentos menos eficientes a transmitir calor. Escolha o
queimador adequado ao tamanho de cada panela ou frigideira. Se a chama ultrapassar
o fundo do recipiente, estará a desperdiçar energia.

Em busca dos consumos escondidos


Alguns aparelhos, mesmo desligados, continuam a consumir alguma energia
por estarem ligados à corrente. É o chamado "consumo escondido" (ou con-
sumo em standby). Mesmo estando desligados, muitos aparelhos consomem
eletricidade de modo a manterem visores ligados ou outras funções internas
em operação. E, com o aumento da presença de componentes eletrónicos
em todos os aparelhos, este é um problema que tende a agravar-se.

Na prática, há vários sinais que permitem detetar que um aparelho continua


a consumir apesar de aparentemente desligado:
— um relógio ou qualquer sinal luminoso no aparelho;
— equipamento baseado em componentes eletrónicos e que estão perma-
nentemente ligados e em operação (com a funcionalidade always on);
— a emissão de calor mesmo quando o aparelho está desligado.

SABIA QUE…?
Num estudo da PROTESTE, vimos que as boxes da TV gastam quase o mesmo em standby
e em operação (veja o episódio 9 da série Seja um consumidor sustentável, no canal da
DECO PROTESTE no YouTube). Se a box estiver ligada quatro horas por dia e, nas restantes
20 horas, ficar desligada (e não em standby), pode poupar mais de 14 euros por ano.

Desde janeiro de 2010 que são impostos padrões de consumo mais exi-
gentes, nomeadamente no que diz respeito aos consumos em standby.
A maioria dos aparelhos recentes tem, hoje, um modo standby mais econó-
mico, que permite um consumo inferior aos dos antigos videogravadores
VHS, por exemplo. Mas, ainda assim, não é negligenciável. Por isso, desligue
os aparelhos da corrente quando não estiver a usá-los.

Por exemplo, os descodificadores de sinal (boxes da TV) são raramente des-


ligados da ficha, porque demoram muito tempo a arrancar ou porque os

145
A Consumo ecológico

programamos para gravar algum filme, por exemplo. Com ou sem a televisão
a funcionar, acabam por apresentar consumos de eletricidade significativos.

Pequenos truques para reduzir os consumos em standby


• Carregue sempre no botão "off" dos equipamentos (dos televisores, do micro-
-ondas, da impressora, etc). Não desligue os aparelhos com o comando, mas
no botão que se encontra no próprio aparelho, situado, muitas vezes, na
parte de trás. Quando não estiver a usá-los, desligue-os mesmo da tomada
para garantir que não continuam a consumir.

• O micro-ondas, os periféricos do computador, o televisor, entre outros, são


aparelhos que podem, perfeitamente, ser desligados da corrente quando
não os está a usar, sem que isso afete o seu conforto. Para lhe facilitar a vida
e não ter de tirar e pôr as tomadas de cada vez que usa o aparelho, use antes
um bloco de tomadas com um interruptor. Tal permite desligar todos os
aparelhos num só gesto.

ATENÇÃO!
Se juntarmos o consumo escondido de todos os aparelhos elétricos (eletrodomésticos,
telemóveis, box TV, etc.) de uma casa, atingimos rapidamente o correspondente a uma
lâmpada de 60 watts acesa durante todo o ano. Se totalizarmos o conjunto das famílias,
chegamos a um montante de quase três mil milhões de quilowatts-hora, ou seja, cerca de
80 mil toneladas de emissões de dióxido de carbono.

• Desligue os aparelhos recarregáveis da


tomada assim que a bateria estiver car-
regada (smartphone, pequenos aspira-
dores, escovas de dentes elétricas, etc.).

• Perca o hábito de deixar o compu-


tador ligado quando não está a usá-
-lo (durante as refeições, as pausas, e
enquanto vai às compras, por exem-
plo). Encerre o computador sempre
que não estiver a utilizá-lo.
Veja se o aparelho tem algum botão
escondido que permita desligá-lo
• Tente não multiplicar em casa a quanti- completamente. Caso contrário,
dade de pequenos objetos que se ligam tire a ficha da tomada.

146
A Poupe energia

à corrente: rádio-despertador, relógios, etc. Os consumos unitários são bai-


xos, é verdade, mas todos somados, ao longo de um ano, pesam na carteira
e também no ambiente.

IDEIA PARA POUPAR


Utilize uma extensão especial com interruptor, para evitar estar sempre a retirar os cabos
da tomada e evite o desperdício energético causado pelo standby, nomeadamente por
parte dos aparelhos mais antigos que tiver em casa.

A iluminação
Tal como acontece com alguns eletrodomésticos (veja a partir da página 130
o título Poupe com os eletrodomésticos), as lâmpadas também são alvo de
uma etiqueta energética. Tal permite comparar, na loja, a classe energética,
para ajudar a escolher modelos mais eficientes e, assim, poupar eletricidade.
A data de 1 de setembro de 2021 marca a alteração da etiqueta das lâmpadas
e o período de transição de 18 meses concedido para que todas as embala-
gens a ostentem.

• Em todo o caso, na altura de substituir uma lâmpada, dê preferência


à tecnologia LED, mais eficiente. Com a progressiva redução dos pre-
ços das lâmpadas LED, faz sentido que sejam a escolha de eleição na
iluminação dos lares, não só por apresentarem fluxos luminosos muito
interessantes a um preço adequado, mas também pela rapidez com que
entregam o fluxo máximo luminoso, e pela sua durabilidade (quer em
horas de funcionamento, quer em ciclos de "on/off"). Existem modelos
compatíveis com reóstatos e relativamente imunes às condições ambien-
tais um pouco mais adversas, pelo que algumas são também indicadas
para o exterior.

• As lâmpadas de halogéneo que se usam para uma iluminação indireta no


teto têm, muitas vezes, 30 a 50 watts de potência cada. Se tiver seis lâm-
padas destas num corredor e as deixar acesas uma hora e meia por dia, ao
fim de um ano, terá consumido entre 99 kWh e 164 kWh, o que representa
entre 18 e 30 euros. Com lâmpadas LED de fluxo luminoso equivalente,
poderia reduzir os consumos para cerca de 23 kWh, o que equivale a mais
de quatro euros anuais.

147
A Consumo ecológico

IDEIA PARA POUPAR


Com lâmpadas eficientes pode poupar eletricidade (veja o episódio 8 da série Seja um
consumidor sustentável, no canal da DECO PROTESTE no YouTube). As lâmpadas LED conso-
mem muito menos do que as fluorescentes compactas. Para uma lâmpada de 600 lúme-
nes, a poupança é superior a 30%. Considerando 17 pontos de luz, se estiverem ligados
quatro horas por dia, 335 dias por ano, a poupança pode ascender a 18 euros anuais.

Deixar as luzes acesas


toda a noite no exterior
pode gerar consumos
elevados de eletricidade.
Opte por projetores ou
lâmpadas LED próprias
para o exterior ou instale
detetores de movimento.

• As iluminações de jardim e dos acessos à garagem também implicam con-


sumos elevados. Um projetor de 300 watts que se mantenha aceso apenas
uma hora todas as noites consome 110 kWh ao fim de um ano. Optar por
um projetor LED com cerca de 15 watts reduzirá o consumo para cerca de
6 kWh, ou seja, cerca de 18 vezes menos.

• Tenha, ainda, outros cuidados para poupar na fatura: não deixe a luz exte-
rior acesa toda a noite, por exemplo. Se, por motivos de segurança, precisar
de iluminação por longos períodos, opte por lâmpadas LED adaptadas ao
exterior. Colocar um detetor de movimentos também é boa ideia, seja no
exterior, seja no interior da habitação, em locais de passagem frequente,
como corredores e escadas.

• Para ler um livro ou para outra atividade que ocupe um espaço limitado
da divisão, prefira usar um foco direto de halogéneo ou de LED, em vez de
iluminar todo o espaço.

148
A Poupe energia

• Não se esqueça de apagar a luz sempre que sai de uma divisão.

• Mude a lâmpada quando começa a perder luminosidade, pois continuará


a gastar a mesma quantidade de eletricidade. Limpar as lâmpadas regular-
mente também é útil. O pó, as dedadas, etc., podem reduzir até 30% a inten-
sidade do feixe luminoso.

SABIA QUE…?
Uma lâmpada LED pode apresentar uma durabilidade superior a 20 mil horas, havendo
já muitas na casa das 30 mil horas! Se ligar a lâmpada LED durante três horas diárias, isto
representa uma durabilidade superior a 18 anos de utilização.

• Caso precise de renovar a pintura das paredes de casa, privilegie os tons


claros. Refletem melhor a luz do que os ambientes escuros, que requerem
uma iluminação duas a três vezes mais intensa. Reduzirá, assim, o recurso
à luz artificial.

IDEIA PARA POUPAR


Habitue-se a desligar a luz sempre que sai de uma divisão, mesmo com lâmpadas LED.

A construção
As novas construções e as grandes reabilitações requerem grandes consu-
mos energéticos, de materiais e de água e elevadas emissões de gases com
efeito de estufa, entre outros poluentes. Entre 2014 e 2019, verificou-se um
aumento das novas construções em detrimento da reabilitação de edifícios,
em grande parte devido à recuperação do mercado nacional e internacional.

A eficiência energética é um fator cada vez mais determinante na hora de


comprar ou reabilitar uma casa. Esta preocupação tem vindo a crescer nos
últimos anos, sobretudo pela necessidade de conseguir menores custos com
os gastos energéticos, mas também por uma exigência redobrada de con-
forto e de maior preocupação ecológica dos consumidores.

149
A Consumo ecológico

OBRAS DE CONSTRUÇÃO OBRAS DE REABILITAÇÃO


EM PORTUGAL POR TIPO

Reabilitação Alteração Ampliação


24% 20% 67%

Construção nova Reconstrução


76% 13%

Fonte: Instituto Nacional de Estatística, 2019.

A certificação energética dos edifícios


A certificação energética dos edifícios passou a ser obrigatória por lei,
desde dezembro de 2013, para todos os edifícios, novos ou antigos, a partir
do momento em que são colocados à venda ou para arrendamento. Este
certificado revela a eficiência energética de um imóvel: pode variar entre
“A+”, que representa o desempenho energético mais elevado e, assim, uma
maior poupança, e “F”, o que significa que a habitação tem pouca eficiência
energética.

A introdução deste certificado como um documento obrigatório em qual-


quer processo de venda ou arrendamento deu aos portugueses a noção
da classe energética das casas que negoceiam, mas também do que podem
fazer para melhorar esse índice.

De facto, além da avaliação energética da habitação, este certificado inclui


informações relativas à climatização e às águas quentes sanitárias e indica
medidas (economicamente viáveis) que o proprietário pode implementar
para melhorar o desempenho energético (reforço do isolamento da casa,

150
A Poupe energia

instalação de ar condicionado ou de vidros duplos, por exemplo). São


medidas que diminuem os gastos em energia e melhoram a qualidade do
ar interior, minimizando os riscos para a saúde e potenciando o conforto
e a produtividade.

A classe energética é determinada por vários fatores, nomeadamente:


— o ano de construção do imóvel;
— a localização;
— o tipo de habitação (prédio ou moradia);
— a área da habitação;
— a constituição das envolventes, isto é, das paredes, coberturas e
pavimentos;
— os equipamentos de climatização, nomeadamente para ventilação, arre-
fecimento e aquecimento;
— os equipamentos associados à produção de águas quentes sanitárias.

O Sistema de Certificação de Edifícios permite escolher a habitação com


base na sua eficiência energética, algo semelhante ao que acontece com as
etiquetas energéticas dos eletrodomésticos.

O certificado energético
avalia a eficiência energética
de um imóvel numa escala
de A+ (muito eficiente) a F
(pouco eficiente).

SABIA QUE…?
A certificação energética dos edifícios é obrigatória em edifícios novos e antigos a partir
do momento em que são colocados no mercado para venda ou arrendamento, pelos pro-
prietários ou pelos mediadores imobiliários. O documento tem de ser apresentado quando
é assinado o contrato de compra e venda. Também os edifícios que sejam alvo de inter-
venções superiores a 25% do seu valor são obrigados a solicitar a emissão do certificado
energético.

151
A Consumo ecológico

Investir num bom isola­mento poderá sair caro na altura da instalação, mas poupará a prazo nas
necessidades de aquecimento e arrefecimento para garantir o conforto térmico.

Como é óbvio, quanto melhor for a avaliação energética da casa, maior será
a poupança energética, o que significa uma redução de custos significativa.

Para a emissão do certificado, é necessário que seja feita uma vistoria ao


edifício por um perito qualificado e autorizado pela ADENE, a Agência para
a Energia (www.adene.pt/edificios).

Construção sustentável: o que é?


O cumprimento da legislação sobre o desempenho energético dos edifícios
constitui apenas um passo rumo a uma construção mais amiga do ambiente.
O setor da construção civil deve adaptar-se a soluções inovadoras e mais eco-
lógicas. A aposta na reabilitação das habitações existentes, de modo a torná-
-las mais eficientes, sem necessidade de construir todo um novo edifício de
raiz, diminui os recursos usados.

Em Portugal, já existem bons exemplos de como é possível “dar vida” a edi-


fícios sem agredir o meio ambiente e com os melhores requisitos de eficiên-
cia. Falamos em construção sustentável quando é feito um uso adequado
do solo e dos recursos naturais: energia, água e materiais, seja na fase de
construção, seja na fase de utilização dos edifícios. A perspetiva sustentável
aposta, também, na reabilitação dos edifícios, através de pequenas altera-
ções ou adaptações, ou, então, da sua total reconstrução.

Os primeiros projetos de construção sustentável mostram que é possível pla-


near, construir e utilizar as construções, em especial os edifícios, de uma

152
A Poupe energia

forma viável, incorporando as preocupações ambientais. Os custos, por


vezes elevados, que implicam serão amortizados na fase de utilização dos
edifícios, com vantagens evidentes para os habitantes.

A reabilitação insere-se na lógica da economia circular, que visa o desenvol-


vimento de produtos sustentáveis, segundo critérios ecológicos, e o combate
ao hábito de “usar e deitar fora”. Além disso, aumenta o conforto dos utili-
zadores e reduz o impacto ambiental pela redução do consumo energético,
dos recursos naturais e da produção de resíduos.

• A fase da conceção implica escolher a orientação adequada, reduzir a área


de ocupação e contribuir para a mobilidade e a acessibilidade, por exemplo,
de pessoas com necessidades especiais. Além disso, o edifício deve ter solu-
ções para aproveitar as energias renováveis, para o aquecimento ambiente,
para o aquecimento das águas sanitárias (por exemplo, recorrendo a coleto-
res solares) e eventualmente para a produção de eletricidade (por exemplo,
com sistemas fotovoltaicos).

• Um passo importante numa construção mais amiga do ambiente é a reuti-


lização das águas residuais cinzentas (a água dos duches, por exemplo) e a
instalação de economizadores de água nos autoclismos e nas torneiras (veja,
a partir da página 99, o capítulo dedicado à água).

• Incorporar os resíduos, reaproveitando os materiais em obras posteriores,


deverá ser uma prática a explorar cada vez mais e até ser tornada obrigatória
para alguns fluxos, como a madeira, os metais e o betão. Tal é válido para as
novas construções, mas também para as reabilitações.

• Reduzir os impactos, utilizando materiais de origem sustentável, como


madeiras de origem certificada (por exemplo, com o rótulo FSC — veja na
página 30), e que não contribuam para a degradação da qualidade do ar
interior, como é o caso dos produtos com o Rótulo Ecológico Europeu,
devem ser práticas correntes. É ainda necessário garantir que o edifício, no
seu fim de vida, pode ser facilmente desmantelado e os seus resíduos enca-
minhados para a reutilização ou a reciclagem.

SABIA QUE…?
Os resíduos da demolição do antigo estádio do Sporting Clube de Portugal foram
reciclados e reaproveitados para outras construções.

153
A Consumo ecológico

O isolamento
Projetar e construir um edifício considerando a envolvente climática é o pri-
meiro passo para não ter de se preocupar com o aquecimento ou o arrefe-
cimento das divisões. Uma habitação com um bom isolamento exige menos
energia para conservar uma temperatura agradável no inverno e permite
também manter a casa mais fresca no verão. Além de permitir realizar pou-
panças, com um bom isolamento obtém-se um maior conforto térmico e um
bom isolamento acústico.

O impacto real do isolamento da casa sobre os gastos de energia com o aque-


cimento depende de fatores complementares, como o tamanho da habita-
ção, a ocupação dos espaços (a presença ou não de pessoas durante o dia) ou
do tipo de instalação. Mas também advém de outros fatores, mais pessoais,
como ser-se ou não friorento ou ter crianças pequenas ou idosos em casa.

Também protege do ruído


Quando realizar obras de isola-
mento, pense também no isola-
mento acústico, ou seja, em redu-
zir os ruídos vindos do exterior.
Regra geral, soluções de isola-
mento térmico conseguem tam-
bém otimizar o isolamento acús-
tico. Caso a habitação esteja perto
de fontes de ruído relevantes
(autoestradas, aeroportos, ferro-
vias...), deverá procurar soluções
específicas de isolamento acús-
tico, adicionais aos isolamentos
térmicos.

• Uma vez que o som atravessa os


locais por onde o ar passa, tapar
orifícios e fissuras é a primeira
medida a aplicar, e também a O isolamento térmico das paredes ajuda também a
mais simples. otimizar o isolamento acústico em casa.

154
A Poupe energia

• Além disso, pode aplicar medidas para atenuar a transmissão de ruído em


todas as zonas da habitação, desde os vãos envidraçados (janelas e portas),
passando pela envolvente opaca (paredes interiores e exteriores) e pelo
pavimento.

• Da mesma forma, vários elementos decorativos no interior da habitação


podem ter uma dupla função de isolar e de atenuar a propagação do ruído
(por exemplo, tetos falsos ou paredes interiores decorativas).

SABIA QUE…?
• As estruturas isolantes coladas na parede (cortiça, esferovite, etc.) ajudam a reduzir os
ruídos de impacto e, se tiverem espessura adequada, também diminuem a transmissão
dos ruídos aéreos.
• Criar ruído de fundo numa divisão (com música ambiente, por exemplo) ajuda, apenas
psicologicamente, a abstrair-se dos ruídos oriundos do exterior.
• As plantações de árvores densas junto das fontes de ruído (das autoestradas, por exemplo)
ou a colocação de vegetação nos jardins das casas, como sebes ou arbustos, ajudam a
diminuir a propagação dos sons emitidos pelos veículos.

FUGAS DE CALOR NUMA CASA

Numa casa com mau Ventilação Telhado


isolamento, as fugas de 13% 26%
calor estão repartidas
(em média) da forma
apresentada no gráfico.

Chão
15%

Janelas Paredes
20% 26%

155
A Consumo ecológico

A ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
Telhado
A temperatura sob um telhado mal isolado varia entre 8°C e 39°C; com um
bem isolado, apenas oscila entre 19°C e 22°C. Invista num material isolante de
espessura adequada também para o chão do sótão, caso este não seja um espaço
útil. Numa moradia ou no último andar de um prédio, o telhado está sujeito à
incidência direta da radiação solar durante várias horas no verão, enquanto que,
no inverno, representa uma área significativa por onde o calor gerado na casa se
escapa. Isolá-lo é, portanto, uma das medidas com melhor relação custo/benefício.
Orientação solar das fachadas a sul
É favorável no inverno e no verão, desde que com sistemas
de sombreamento. Numa sala de 30 metros quadrados
orientada a oeste, por exemplo, as necessidades de
arrefecimento podem aumentar em mais de 15 por cento
nos meses de verão.

Elementos de sombreamento
Reduzem o calor que entra nas casas, o que é muito
importante durante o verão e especialmente nas
fachadas orientadas a sul. Podem assumir várias
formas, desde elementos construtivos exteriores
(árvores e sebes, pérgulas, palas...) a elementos
instalados nas janelas (estores, persianas, toldos...).

Toldos
Protegem as janelas da radiação solar excessiva.

Espelho de água
Ajuda a arrefecer o ar. A evaporação
dá-se junto às paredes exteriores,
reduzindo a temperatura do ar em
redor.

Vidros duplos
Instalar vidros duplos ou até triplos e caixilharia de PVC reduz as
perdas de energia e a formação de condensação, o que diminui
em, pelo menos, 70% o desperdício de energia face às janelas de
alumínio e de vidro simples. Pode instalar capas de controlo solar
nos vidros: permitem refletir os raios solares, o que é interessante no
verão em fachadas muito expostas ao sol. Contudo, no inverno, têm
o efeito contrário, pois impedem de tirar partido do sol para aquecer
o ambiente. Prefira janelas oscilobatentes: têm ótimos níveis de
isolamento quando fechadas (redução das infiltrações e exfiltrações
indesejadas de ar) e podem ser parcialmente abertas para arejar a casa. Caso necessite
de uma solução de correr, opte por sistemas osciloparalelos ou corredores-elevadores.
Escolha janelas eficientes com etiqueta energética (consulte www.classemais.pt).

156
A Poupe energia

Isolamento térmico das paredes


Previne fugas de calor e deve também reduzir o
nível de infiltrações e exfiltrações indesejadas de
ar. O isolamento de paredes e vigas evita as pontes
térmicas, o que pode reduzir as perdas de calor em
até um quarto. A inércia térmica, própria do tijolo
maciço e da pedra, é essencial, mas, se as paredes
também estiverem bem isoladas, as perdas podem
ser reduzidas para 30% e permitem poupar 200
A aplicação de isolamento pelo exterior a 400 euros de energia por ano numa moradia
Esta solução, também denominada External de 120 metros quadrados, dependendo da sua
Thermal Insulation Composite System (ETICS), ocupação e do tipo de aquecimento.
permite reduzir as perdas indesejadas de
energia e, por conseguinte, as necessidades Árvores e plantas
energéticas para a climatização da Usadas a este e oeste, evitam a entrada
habitação, potenciando o conforto de radiação solar direta pelas janelas e
e a qualidade do ar interior. protegem as paredes exteriores do excesso
de calor. Também protegem do vento e
oxigenam o ar, além de serem um bom
elemento decorativo.

Arrefecimento pelo solo


Este sistema faz passar o ar do exterior por
tubos enterrados, onde arrefece, antes de ser
libertado na casa. Assim, refresca as divisões
no verão. No inverno, o mesmo sistema
permite pré-aquecer o ar.

Forma e orientação do edifício


Influencia perdas e ganhos de calor. Quanto mais compacto
o edifício, menores serão as perdas energéticas. Uma casa
baixa está menos exposta ao vento. Da mesma forma, a
orientação do edifício assume particular importância na
eficiência global da habitação.

Pavimento
As fugas de calor
pelo pavimento,
no caso das
Parede de trombe moradias térreas,
Constituída por um no rés-do-chão
vidro exterior virado ou nas caves dos prédios, podem ser
a sul, uma caixa de importantes. O isolamento dos pavimentos
ar e uma parede permite economias e proporciona maior
de grande inércia conforto. No entanto, é preciso perceber,
térmica (de tijolo maciço, por antes de aplicar o isolamento, se não
exemplo), acumula o calor do sol haverá situações de infiltração de água
durante o dia, transmitindo-o para que deverão ser previamente resolvidas
o interior durante a noite. com uma intervenção mais profunda.

157
A Consumo ecológico

SABIA QUE…?
Além de ser sensível à temperatura ambiente, o nosso corpo também o é à temperatura
dos objetos à volta. Daí que um bom isolamento das paredes ofereça, por si só, uma boa
sensação de conforto.

Regras para um bom isolamento


• Tal como pode ver no esquema das páginas 156-157, o telhado e o pavimento
são prioritários, pois é aqui que o isolamento é mais eficaz. Mas pode tam-
bém isolar as estruturas exteriores (paredes, chão, janelas, portas, etc.),
já que todas são suscetíveis de gerar perdas de calor e de energia.

• Isole igualmente o chão do sótão (não habitável), revestindo-o com um mate-


rial isolante com uma espessura adequada: entre várias soluções existentes,
apontamos a aplicação de barreira para-vapor e de duas mantas de lã de
rocha de 80 milímetros de espessura cruzadas ou a aplicação de uma manta
de lã de rocha com 80 milímetros de espessura com papel kraft virado para
o lado da laje de esteira e uma segunda manta aplicada cruzada, da mesma
espessura, sem papel kraft.

IDEIA PARA POUPAR


Se não conseguir trocar as suas janelas antigas por modelos mais eficientes, procure refor-
çar o isolamento, aplicando fitas isolantes específicas, para reduzir as frestas por onde a
energia se escapa. Feche as persianas nos dias mais quentes, para evitar a entrada direta
de radiação solar pelas janelas, e abra as persianas e as cortinas para aquecer a casa gra-
tuitamente no inverno.

• Se vai mudar a caixilharia e os vidros das janelas, opte por uma caixilharia
eficiente (em PVC, alumínio com rotura térmica ou de madeira) e abandone
os vidros simples, muito pouco eficientes em termos térmicos. Opte antes
por vidros duplos ou triplos e tenha em atenção as necessidades específicas
que os vidros podem ter, de acordo com a fachada em que são instalados.
O poder isolante de um material reside essencialmente na quantidade de
ar que este encerra. Todavia, isolar demasiado pode provocar problemas
de humidade, se não se compensar com boas soluções de ventilação. Ora,
a humidade pode comprometer este poder isolante, pois é um condutor
de calor. Assim, um isolante molhado não é de todo eficaz. Além disso,

158
A Poupe energia

se estiver mal colocado, não terá qualquer efeito isolante. Para mais infor-
mações sobre janelas eficientes e medidas para melhorar o isolamento
da casa, consulte o nosso site em www.deco.proteste.pt.

• Seja como for, o ideal é que toda a habitação esteja revestida uniformemente
com materiais isolantes, tal como acontece com uma garrafa térmica. Não
deixe zonas da casa sem isolamento ou com fissuras: no inverno, gerarão
fugas de calor para o exterior e deixarão entrar frio.

ATENÇÃO!
O ar ambiente da habitação deve ser renovado regularmente. Uma divisão muito húmida
favorece o desenvolvimento de fungos e de problemas respiratórios. Não se esqueça de
arejar bem a casa, mesmo no inverno, durante dez minutos, duas vezes por dia. Caso se
atinjam elevados índices de estanquidade do ar, deve-se considerar a instalação de um
sistema de ventilação mecânica, preferencialmente um sistema de fluxo cruzado.

• As pontes térmicas constituem zonas particularmente problemáticas. Ocor-


rem, frequentemente, ao nível da junção da caixilharia das portas e das
janelas diretamente em contacto com as paredes exteriores, assim como na
ligação entre os pilares de betão e a zona de tijolo. Para resolver este pro-
blema, aplique material isolante entre as caixilharias e as paredes exteriores:
o isolamento das paredes duplas deve ser feito até ao caixilho da porta ou
da janela.

SABIA QUE…?
Com um bom isolamento no exterior, as paredes da habitação funcionam como um
tampão térmico, que atenua as variações de temperatura no interior, conferindo um
maior conforto (menos picos de calor no verão e arrefecimento mais lento no inverno)
e assegurando flutuações menores no aquecimento (os aparelhos ligam-se e desligam-se
menos vezes).

Infelizmente, são frequentes as falhas nos edifícios e na construção. As pon-


tes térmicas podem gerar facilmente condensações (vapor de água que se
deposita sob a forma de gotas nas janelas no inverno) no interior. Podem,
então, surgir problemas, como humidade e formação de fungos.

159
A Consumo ecológico

• É, por isso, mais importante isolar corretamente e de forma contínua a


fachada exterior da habitação do que a interior. Ao isolar apenas o interior
da casa, nem sempre se evitam pontes térmicas, sobretudo ao nível das
paredes e do soalho, e elimina-se o efeito benéfico da inércia térmica na
regulação da temperatura do interior da habitação. Só se deve proceder
ao isolamento no interior quando é impossível fazê-lo na fachada exterior
(em caso de renovação, por exemplo).

A escolha dos materiais


A conceção das paredes evoluiu muito ao longo do século xx. Passámos de
paredes maciças e compactas para outras constituídas por vários materiais,
alguns dos quais isolantes.

• Para o isolamento térmico das paredes usa-se sobretudo lã mineral (lã de


rocha ou lã de vidro) e painéis de poliestireno extrudido ou de poliuretano.
Cada uma destas soluções tem as suas vantagens e inconvenientes:
— a lã mineral é mais flexível do que os painéis sintéticos, o que facilita
a colocação, pois esta molda-se mais facilmente às irregularidades da
parede. Trata-se do material ideal para encher paredes duplas. A lã mine-
ral também é mais resistente ao fogo do que os painéis sintéticos;
— os painéis sintéticos (por exemplo, de poliestireno extrudido ou de poliu-
retano) são impermeáveis à humidade e não perdem a sua capacidade
isolante em atmosferas húmidas. Os painéis sintéticos são mais resisten-
tes à pressão, o que os torna especialmente interessantes para telhados
planos e para o chão.

SABIA QUE…?
Para mais informações sobre os melhores materiais para isolar a casa, pesquise "isolamento
térmico da casa" em www.deco.proteste.pt. Além dos prós e contras de dez materiais de isola-
mento, testámos a resistência ao fogo de cada um.

• Além dos materiais "clássicos", existem também materiais mais ecológicos:


é o caso dos materiais naturais, como o linho, a cortiça, o cânhamo ou a
madeira, ou reciclados, como os flocos feitos com resíduos de papel ou as
placas de vidro celular, por exemplo. Além de representarem uma pou-
pança de energia, têm ainda outras vantagens a nível ambiental: recorrem
a matérias-primas ecológicas, não representam perigo para o ser humano e

160
A Poupe energia

permitem reduzir a montanha de resíduos. Mais: podem ser comprados a


granel. Não ficará, assim, limitado pela forma (painel, cilindro, etc.). Permi-
tem também isolar um espaço inacessível, sem ser necessário desmontá-lo
completamente.

SABIA QUE…?
Tem dificuldades em escolher os profissionais certos quando pretende fazer obras em sua
casa? O serviço DECO PROTESTE SELECT permite encontrar profissionais qualificados para
pequenas obras de remodelação, para a montagem e a reparação de ar condicionado ou
de eletrodomésticos ou para trabalhos de eletricista, entre outros. Para mais informações,
consulte www.deco.proteste.pt/select.

O amianto
Resistente ao calor e à corrosão, o amianto é um excelente isolante térmico,
acústico e elétrico, e é maleável e não inflamável. Foi um material barato
e, durante muito tempo, considerado um produto milagroso. Na cons-
trução, era usado enquanto isolante, protetor contra incêndios em placas
onduladas, em tubagens ou em revestimentos para o chão.

Contudo, ficou provado que a inalação das fibras de amianto esteve na


origem de doenças das vias respiratórias, como a asbestose (diminuição
progressiva da capacidade respiratória) ou, pior ainda, cancro do pulmão ou
da pleura. Daí que o amianto seja proibido na União Europeia desde 2005,
apesar de ainda poder ser encontrado em muitas construções (sobretudo
nas placas de fibrocimento) ou em objetos anteriores a essa data.

Tendo em conta que os sintomas das doenças relacionadas com o amianto


levam, geralmente, muito tempo a manifestar-se (por vezes, 20 a 30 anos
após a exposição), proteja-se:
— se fizer obras de remodelação e suspeitar que possa haver amianto num
material em bom estado, evite a sua remoção ou manipulação, como ser-
rar, furar, lixar, etc.;
— se precisa mesmo de o remover, consulte uma empresa especializada e
certificada para este tipo de trabalho.

A remoção dos materiais com amianto tem de ser feita por profissionais
qualificados. Os materiais contaminados devem ser retirados inteiros, e os
resíduos aspirados. Antes de contratar qualquer empresa, pergunte como vão

161
A Consumo ecológico

realizar o trabalho, para ter a certeza de que todos os cuidados são assegurados.
Os resíduos com amianto têm de ser devidamente identificados e colocados em
células específicas para tratamento de resíduos perigosos, sendo o acondicio-
namento, o transporte e a deposição final uma competência da empresa que
contratar.

ATENÇÃO!
Limpar superfícies com amianto (como caleiras de uma cobertura de fibrocimento) acar-
reta riscos e exige máxima proteção: fato-macaco descartável e com capuz (impermeável
se chover) e botas que possam ser descontaminadas (sem atacadores). Com base na ava-
liação dos riscos, pode não ser necessário o equipamento de proteção respiratória, mas é
conveniente o uso de um respirador descartável com fator de proteção 3 (FFP3).

Climatização da casa
Aquecer a casa no inverno e arrefecê-la no verão são operações que podem
pesar, e muito, na fatura da energia. Mas alguns cuidados são gratuitos.

• No inverno, à noite, feche os estores e os cortinados. Desta forma, evitará


perdas consideráveis de calor pelas janelas. No entanto, durante dias soa-
lheiros, deverá abri-los para deixar entrar o calor gratuito do sol.

• No verão, aja da forma inversa: areje a casa, de preferência à noite (quando


a temperatura do ar é inferior), para diminuir a temperatura. Quando o sol
bate, feche portas e janelas, corra os estores ou use toldos. Plantas altas
perto da janela também ajudam a criar sombra.

• Verifique se as janelas e as portas estão bem calafetadas, para que o frio e


a humidade não se infiltrem no interior de casa. Se não for o caso, coloque
fita isoladora de borracha nas janelas e nas portas, desde que o sistema de
abertura assim o permita.

• Não deixe portas abertas entre divisões, sobretudo se uma estiver aquecida e
as outras não, sob pena de o calor se escapar. Feche sempre as portas entre
as zonas habitáveis propriamente ditas e os corredores e o hall de entrada.
Coloque rolos de isolamento nas portas interiores, de modo a reduzir o fluxo
de ar dentro de casa.

162
A Poupe energia

IDEIA PARA POUPAR


Regule a temperatura do aquecimento para 20°C no inverno e a do ar condicionado para
25°C no verão. Tendo em conta as normas de conforto térmico, estas temperaturas permi-
tem já um excelente conforto de utilização da habitação.

Os sistemas de aquecimento
Para escolher o sistema de aquecimento mais eficiente, deve ter em conta
o impacto ambiental e o custo dos vários combustíveis, além, obviamente,
do preço de base do equipamento.

O impacto ambiental
Como qualquer combustível fóssil, o gás natural produz dióxido de carbono,
embora em menor quantidade do que o gasóleo. Globalmente, uma caldeira
a gás liberta aproximadamente menos 30% do que um aparelho a gasóleo.

• A produção e o transporte de gás natural podem dar origem a fugas aciden-


tais. Ora, o gás natural é, na sua maioria, constituído por metano, um gás
que também contribui para o efeito de estufa.

• O facto de a eletricidade não gerar fumos em casa não significa que não
tenha impacto ambiental. Este existe, pelo menos, nas fases de produção
e distribuição e depende da fonte de produção de eletricidade. Por exemplo,
as centrais termoelétricas queimam combustível para fornecer eletricidade
aos utilizadores. Uma central que funcione com energia fóssil produz, tam-
bém, dióxido de carbono. Como a produção e o transporte da eletricidade
geram perdas consideráveis de rendimento (por cada quilowatt de eletrici-
dade que chega a sua casa, são necessários três quilowatts de outra ener-
gia, se esta for fóssil), um radiador elétrico acabará por produzir, de forma
indireta, mais dióxido de carbono do que um sistema de aquecimento a gás.

• Por outro lado, embora não haja centrais nucleares em Portugal, isso não
significa que o nosso consumo elétrico esteja isento deste tipo de energia,
uma vez que importamos energia elétrica dos países vizinhos que a usam.

Concluindo: não existem soluções milagrosas. Mas podemos agir no sen-


tido de reduzir os nossos consumos e, isto, independentemente do tipo de
energia. Procure escolher, por um lado, equipamentos e sistemas eficientes

163
A Consumo ecológico

de aquecimento (como o ar condicionado, por exemplo) e, por outro, usá-


-los de forma racional, gastando a menor quantidade possível de energia.

Outras medidas passam por isolar bem a casa ou optar por uma boa locali-
zação e por uma construção de qualidade. As casas passivas (que apresen-
tam necessidades muito baixas, quase nulas, de energia para o aquecimento
e o arrefecimento) não fazem parte do mundo da fantasia: na realidade, já
existem! Para mais informações sobre casas passivas e eficiência energética
dos edifícios, consulte o nosso site em www.deco.proteste.pt/casa-energia/
energias-renovaveis.

SABIA QUE…?
Quer saber qual a melhor solução para a climatização e o aquecimento da água em sua
casa? Nós respondemos em www.deco.proteste.pt/comunidades/energias-renovaveis.

O investimento
No que diz respeito ao dinheiro que vai investir para o aquecimento da casa,
o preço da energia apenas constitui uma das peças do puzzle. De facto, aos
consumos é preciso adicionar as despesas fixas (a instalação, a manutenção
e eventuais obras de adaptação, por exemplo). Mas vejamos, globalmente,
os custos energéticos envolvidos.

SABIA QUE…?
O ar condicionado é o método mais eficiente para aquecer a casa: face aos aquecedores
elétricos, permite poupar cerca de 100 euros por mês para aquecer uma divisão.

• O uso de aquecedores elétricos apenas poderá ser interessante para


situações onde exista uma necessidade muito pontual e reduzida de aqueci-
mento. O investimento inicial é, de longe, o mais barato, além de que estes
equipamentos quase não requerem manutenção. Contudo, os custos energé-
ticos podem ser muito elevados, se não forem usados com muita contenção.

• Os sistemas de aquecimento com bomba de calor, como o ar condicionado,


pelo contrário, têm uma excelente eficiência e conferem um conforto tér-
mico elevado. O problema é, ainda, o custo destas instalações. Os aparelhos

164
A Poupe energia

de ar condicionado split ou multi-split (neste caso, com uma unidade no


exterior e várias no interior) são soluções disponíveis para a generalidade
dos consumidores e uma alternativa interessante para quem tem uma habi-
tação com uma necessidade significativa de climatização. Existem, igual-
mente, sistemas com bombas de calor de ar e água: além da função de cli-
matização do espaço, providenciam a produção de água quente sanitária.

• No que toca ao preço da energia utilizada, há que ter em conta que o do


gasóleo de aquecimento e o do gás propano sofrem variações bruscas,
enquanto o do gás natural e o da eletricidade aumentam de forma progres-
siva. Quando encher o reservatório de gasóleo, o consumidor tanto poderá
beneficiar de um preço vantajoso como, de repente, ver-se confrontado com
uma fatura muito elevada. Caso pretenda instalar um novo sistema de aque-
cimento com caldeira, o gás natural é a melhor solução: o preço desta ener-
gia é mais baixo, e os investimentos na instalação e na manutenção são mais
baratos do que para os sistemas a gasóleo (com um depósito, por exemplo).

SABIA QUE…?
Cerca de 24% da energia consumida em Lisboa e no Porto serve para aquecer a água,
segundo dados das agências municipais de energia daquelas cidades. Seguem-se a prepa-
ração das refeições e o aquecimento ambiente.

• Mas será vantajoso passar para o gás natural, se já tem um sistema a gasóleo?
Ou até para um sistema a pellets ou com uma bomba de calor de ar-água
de alta temperatura? Não existe uma resposta definitiva para esta questão.
Cada caso tem de ser analisado de forma independente, para que todas as
variáveis sejam consideradas e analisadas.

• Em qualquer caso, deve prevalecer a regra de ouro segundo a qual não se


deve passar de forma irrefletida de um sistema ainda em bom estado para
outro.

IDEIA PARA POUPAR


O nosso simulador online, em www.deco.proteste.pt/assistentes-virtuais/aquecer-a-casa-
-qual-o-melhor-sistema, revela o sistema de aquecimento mais adequado para si. Peça
orçamentos a vários instaladores e/ou a empresas especializadas e compare custos. Ficará
surpreendido com as diferenças de preço para uma mesma instalação. Contacte as marcas
para que lhe indiquem quais os instaladores recomendados na sua região.

165
A Consumo ecológico

• Procure informar-se sobre os sistemas mais adequados no nosso site na inter-


net, em www.deco.proteste.pt/comunidades/energias-renovaveis. Encon-
trará simuladores e testes a vários sistemas de aquecimento, bem como uma
equipa de peritos ao seu dispor, para esclarecer eventuais dúvidas e ajudá-lo
a escolher a solução mais vantajosa.

Aquecimento central: que sistema escolher?


Vai mandar instalar, arranjar ou renovar o sistema de aquecimento central?
Saiba quais são as melhores escolhas e evite, assim, despesas inúteis e des-
perdícios de energia.

Aquecimento da casa e da água


Existem várias possibilidades, cada uma com as suas particularidades, van-
tagens e inconvenientes. A escolha depende da análise de vários fatores e da
sua correta integração com os restantes sistemas de produção de energia.
Daí que reconhecemos que é importante que estas soluções sejam pensa-
das como um todo e não de forma independente. Para a produção de água
quente para uso sanitário e para a climatização, existem vários sistemas.

• Uma caldeira a gás natural apresenta custos energéticos baixos e um rela-


tivo baixo impacto ambiental. Ainda nas soluções de queima, as caldeiras a
pellets (granulado prensado, feito com restos de folhas, serradura e lascas de
madeira) ou biomassa (lenha ou caroços) apresentam consumos energéticos
muito baixos e recorrem a combustíveis com um balanço carbónico neutro
e que podem ser provenientes de fontes sustentáveis.

SABIA QUE…?
Um sistema solar térmico consegue providenciar cerca de 70% das necessidades energéti-
cas anuais de uma habitação para a produção de água quente sanitária.

• As bombas de calor ar-água permitem elevadas eficiências de funcionamento


ao mesmo tempo que o fazem com uma muito menor pegada ambiental.
Se for um modelo de alta temperatura, podem usar-se os mesmos radiado-
res que os das caldeiras a gás. Para bombas de calor ar-água de baixa tem-
peratura, deve optar-se por ventiloconvetores ou piso radiante. Os modelos

166
A Poupe energia

reversíveis apresentam a vantagem de poderem também ser usados para o


arrefecimento do interior da habitação nos meses de verão.

• O sistema solar térmico, para a produção de água quente sanitária, é a solu-


ção mais eficiente, baseada em energias renováveis: permite aproveitar a
energia solar para produzir mais de 70% das necessidades anuais de ener-
gia para água quente sanitária. Devidamente integrado, pode também ser
uma parte importante do sistema de aquecimento. No entanto, é importante
garantir que a habitação dispõe das necessárias e corretas condições de
exposição solar para que o sistema solar térmico funcione adequadamente.

O circuito
A água quente que se destina aos radiadores
e aos ventiloconvetores circula em tubagens.
Este circuito deve ser o mais curto possível,
para reduzir o custo da instalação e as perdas
de calor na utilização. Se possível, deve ser
isolado.

Bomba e vaso de expansão


A regulação da bomba e a dimensão e a pres-
são de enchimento do vaso de expansão são da
responsabilidade do instalador. O sistema de
circulação encarrega-se de fazer circular a água
aquecida pela instalação, enquanto o vaso de
expansão irá absorver o aumento de pressão
A escolha do sistema de
do circuito. Todos estes elementos devem ser aquecimento de água depende
dimensionados e colocados pelo instalador. das características da casa.

ATENÇÃO!
Não coloque os radiadores perto de cortinados, pois aqueceria as janelas em vez da divi-
são. Também não se deve colocar nada à frente, como um sofá, por exemplo, sob pena
de reduzir a superfície a aquecer e a eficácia. Na parede atrás dos radiadores, cole, por
exemplo, um painel forrado com folha de alumínio, para refletir o calor emitido para a
sala e não para a parede.

167
A Consumo ecológico

Os elementos do aquecimento
A instalação poderá recorrer a diferentes tipos de equipamentos, cuja esco-
lha dependerá do nível de conforto pretendido, do isolamento da casa e do
aspeto estético.

• Ventiloconvetores. Aquecem rapidamente o ar ambiente por possuírem uma


ventoinha no seu interior, sendo especialmente indicados para sistemas de
baixa temperatura (por exemplo, bombas de calor de baixa temperatura).

• Radiadores. Demoram um pouco mais de tempo a aquecer, mas irradiam de


forma passiva o calor na divisão e são silenciosos. São mais indicados para
soluções de alta temperatura (por exemplo, caldeiras).

• Piso radiante. Este sistema funciona sobretudo por irradiação, o que contri-
bui para um maior conforto. Contudo, poderá levar algumas horas a atingir
a temperatura desejada. Numa casa bem isolada, há risco de sobreaqueci-
mento se o sol incidir ou a temperatura exterior subir. É o sistema ideal para
funcionar com bombas de calor ar-água de baixa temperatura.

• Instalação mista. Combina as vantagens do aquecimento no chão com a dos


radiadores, ventiloconvetores e piso radiante. Este sistema é tecnicamente
mais exigente, o que se repercute no custo da instalação. Adicionalmente, o
sistema de aquecimento de água e o de circulação tem de ser pensado para
comportar as várias soluções técnicas.

ATENÇÃO!
Caso constate perdas frequentes na pressão de um sistema de aquecimento, contacte o
instalador: é possível que haja uma fuga ou um problema com o vaso de expansão.

Leia atentamente os orçamentos de cada instalador. A oferta deve incluir:


— a marca e o tipo de solução para o aquecimento/arrefecimento para a
climatização da casa e para a produção de água quente, com a respetiva
potência e desempenho;
— a marca e as especificações técnicas da bomba, do vaso de expansão,
dos elementos de aquecimento e do sistema de controlo de temperatura
interior;
— a tubagem utilizada;
— o isolamento usado para as tubagens, que é tantas vezes esquecido.

168
A Poupe energia

ATENÇÃO!
Uma instalação de aquecimento que garanta conforto e permita fazer poupanças requer
a intervenção de especialistas. Peça vários orçamentos e esclareça as suas dúvidas sobre
o tipo de regulação escolhido: isto terá um grande impacto sobre o conforto e a fatura de
energia. Se estiver a construir uma habitação de raiz, discuta esta situação aprofundada-
mente com o seu projetista ou arquiteto, de modo a encontrar a solução mais adequada.

A regulação
A regulação desempenha o papel fulcral na instalação de aquecimento da sua
casa. A sua tarefa consiste em assegurar a temperatura de conforto nas divisões
que pretende e nas alturas em que deseja, usando sempre a menor quantidade
possível de combustível. Caso disponha de aquecimento central ou de uma cal-
deira individual, não hesite em investir na instalação de um termóstato portátil.

IDEIA PARA POUPAR


Pondere a compra de um termóstato portátil e programe o sistema de aquecimento para
aquecer apenas as divisões que estão ocupadas. Bem programado, poderá poupar até
25% nos seus consumos com o aquecimento. Regulá-lo para uma temperatura baixa ou
mesmo desligá-lo durante a noite e as ausências exige um pico de consumo para conse-
guir atingir uma temperatura confortável, mas, mesmo assim, as economias realizadas
por ter reduzido a temperatura compensam.

• O termóstato ambiente mede a temperatura na divisão onde se encontra


instalado (geralmente, na divisão principal da casa). É ele que ativa o sis-
tema de aquecimento assim que a temperatura desce abaixo daquela que o
utilizador selecionou.

• Uma outra opção é a instalação de um sensor de temperatura exterior,


que regula o funcionamento do sistema de climatização em função da

IDEIA PARA POUPAR


Instale válvulas termostáticas nos radiadores ou nos ventiloconvetores, para ajustar a tem-
peratura em cada divisão. Não só ganhará em conforto como poupará energia. A sua
instalação apenas não se justifica na divisão onde instalou o termóstato ambiente.

169
A Consumo ecológico

temperatura exterior medida. Este sistema requer que o instalador ajuste a


curva de climatização: o funcionamento da caldeira deve ser programado
em função do tipo de casa, da sua utilização e ocupação, da estação do ano,
etc. Note que os sistemas mais evoluídos medem, igualmente, a tempera-
tura interior graças a um termóstato ambiente interior, e ajustam o fun-
cionamento do sistema de modo a garantir o máximo conforto em qualquer
circunstância.

Com uma boa regulação, é possível programar horários de funcionamento,


durante a noite e nas ausências, o que permite poupar 10% a 25% nos consu-
mos de energia. Mesmo se os gastos de energia aumentam de cada vez que
se liga o aquecimento, esta despesa não chega a anular os ganhos obtidos
durante os períodos em que está desligado. Se a habitação for bem isolada,
conservará a sua temperatura interior por muito mais tempo.

ATENÇÃO!
Alguns instaladores aconselham que, em vez de colocar um sensor exterior ou um termós-
tato ambiente, se instalem só válvulas termostáticas em todas as divisões. Mas isso não
é boa ideia. Tal obriga a regular manualmente o termóstato da caldeira em função da
temperatura exterior e não permite programar um horário. O resultado são custos suple-
mentares com os consumos.

Outros cuidados específicos


• Não regule os aquecimentos no máximo. Por cada grau a menos, são 7% que
poupa no aquecimento. Baixar a temperatura ambiente de 22°C para 20°C
pode representar uma poupança superior a 15%, sem perder em termos de
conforto térmico.

• Também não deve deixar o aquecimento ligado inutilmente, quando está


ausente ou durante a noite. Baixar a temperatura de 20°C para 16°C durante
a noite (meia hora antes de se deitar) ou mesmo desligar o sistema permite
poupar mais de 15% no aquecimento.

IDEIA PARA POUPAR


Nas divisões que beneficiam de outras fontes de calor (expostas ao sol, por exemplo),
reduza a intensidade do aquecimento.

170
A Poupe energia

• É importante fazer a manutenção das instalações de aquecimento para


reduzir perdas de calor, de energia e de dinheiro. Estas perdas podem
ser consideráveis. Por exemplo, por cada milímetro de fuligem numa cal-
deira a gasóleo, o rendimento baixa três por cento. Com uma boa regu-
lação do queimador a gasóleo, o rendimento pode aumentar em mais de
oito por cento.

• Também é aconselhável verificar o bom funcionamento das caldeiras a


gás a cada dois ou três anos.

• É importante ainda purgar regularmente os radiadores (quando em baixo


estão quentes e em cima frios), para aumentar o seu rendimento.

SABIA QUE…?
Limpar o pó dos aparelhos ajuda a otimizar o rendimento da emissão de calor e a diminuir
os consumos.

Ar condicionado
Devido aos efeitos da canícula, muitas famílias decidem investir em sis-
temas de climatização, como aparelhos de ar condicionado. Estes equi-
pamentos são das soluções mais eficientes para a climatização de um
espaço, por possuírem elevadas eficiências de funcionamento e clima-
tizarem um espaço de forma muito rápida. Como é óbvio, quanto mais
regrada e cuidada for a sua utilização, maiores serão as poupanças
energéticas.

Refrescar a casa a custo zero


• Antes de ponderar a instalação ou a utilização do ar condicionado, pri-
vilegie a ventilação natural como primeira forma de climatizar. Nos dias
mais quentes, abra portas e janelas para criar algumas correntes de ar,
desde que a temperatura do ar exterior seja inferior a 30°C.

• Além disso, procure impedir a passagem dos raios solares, equipando as


janelas expostas ao sol com estores, toldos ou persianas exteriores (a sua
eficácia é muito maior do que a dos cortinados no interior).

171
A Consumo ecológico

• Corra os estores e feche as janelas durante o dia, mas, se estiver mais calor
no interior do que no exterior, abra tudo, incluindo as janelas.

• Mesmo nos períodos mais quentes do ano, as noites e as manhãs são, geral-
mente, frescas. Se possível, deixe as janelas abertas nessa altura, para refres-
car a casa. As janelas oscilobatentes são muito práticas nesse sentido. A ven-
tilação noturna traz muitos benefícios, uma vez que a temperatura do ar é
mais baixa. Desta forma, consegue arrefecer-se o teto e as paredes, provo-
cando uma maior sensação de conforto.

IDEIA PARA POUPAR


Areje a casa durante a noite, quando está mais fresco, para arrefecer a casa sem gastos.
Tendo em conta que o consumo em standby dos aparelhos de ar condicionado é ainda algo
elevado, nas épocas do ano em que não precisar deles, desligue-os da corrente.

• Outra solução passa por um bom isolamento. De facto, além de permitir


poupanças com o aquecimento no inverno, é igualmente eficaz para man-
ter a casa fresca no verão. Para o telhado, por exemplo, não é nenhum
luxo prever um bom isolamento com uma espessura igual ou superior a 80
milímetros.

• A vegetação na fachada e no telhado (com plantas trepadeiras, por exemplo)


favorece a regulação natural da temperatura.

• Em dias muito quentes, pode também refrescar-se com ventoinhas. Ao con-


trário do ar condicionado, não baixam a temperatura, é certo, mas ajudam
a suportar melhor o calor e implicam um menor custo na aquisição dos
equipamentos. As ventoinhas de teto dão melhores resultados, graças a uma
ventilação mais regular e porque ajudam a dissipar o calor onde ele se acu-
mula (junto ao teto).

SABIA QUE…?
As ventoinhas não arrefecem o ar. Convertem, sim, a eletricidade em movimentos rápidos
de um conjunto de pás que, pelo seu formato, impulsionam o ar numa certa direção.
O movimento do ar na nossa pele acelera a evaporação da água. Neste processo, a água
absorve calor. O nosso corpo sente, então, esta perda de temperatura, o que lhe permite
ficar mais confortável num dia quente.

172
A Poupe energia

Escolha um modelo eficiente


Caso decida instalar um aparelho
de ar condicionado, verifique as
informações que constam da eti-
queta energética. Esta permite
escolher, de entre os equipamen-
tos existentes, o mais eficiente.
Pode parecer que um aparelho
de ar condicionado irá gastar
mais eletricidade do que soluções
baseadas em resistências elétri-
cas. Um radiador a óleo pode ter
uma potência de aquecimento
de 2 kW, quando o aparelho de
ar condicionado ultrapassa, facil-
mente, os 3,5 kW. Contudo, este Os aparelhos de ar condicionado
último, sobretudo se for recente, devem ser regulados para os 20°C no inverno
pode gastar bem menos de 1 kW, e os 25°C no verão.
quando o radiador precisa de
extrair os 2 kW diretamente da tomada. O ar condicionado é, pois, uma das
soluções mais eficientes disponíveis para a climatização de um espaço.

Saiba qual o aparelho que lhe convém e consulte os resultados dos nossos testes comparativos
que publicamos regularmente em www.deco.proteste.pt/eletrodomesticos/ar-condicionado.
Veja também como refrescar a casa a custo zero, na página 171.

173
A Consumo ecológico

REPARAÇÕES OU OBRAS EM CASA:


A DECO PROTESTE SELECT AJUDA
Dificuldades em escolher os profissionais certos quando pretende fazer obras em casa?
O serviço DECO PROTESTE SELECT permite encontrar profissionais qualificados para peque-
nas obras de remodelação, para a montagem e a ­reparação de ar condicionado ou de
eletrodomésticos, ou para trabalhos de eletricista, entre outros.

Consulte
www.deco.proteste.pt/select.

SABIA QUE…?
Os gases refrigerantes necessários para o funcionamento dos aparelhos de ar condicio-
nado (como o R410A e o R32) são nocivos se forem libertados para a atmosfera. Têm um
potencial de aquecimento 1700 a 2000 vezes superior ao do dióxido de carbono. Devem,
por isso, ser manipulados com muito cuidado, apenas por profissionais devidamente cer-
tificados para o efeito.

Sistemas de produção
de água quente
Uma família de três ou quatro pessoas gasta, por ano, entre 150 e cerca de
500 euros para a produção de água quente, dependendo do sistema. E esta
despesa diz apenas respeito aos consumos de energia.

Na verdade, a escolha do sistema de produção de água quente não depende só


do preço das energias, mas, antes de tudo, das fontes energéticas disponíveis

174
A Poupe energia

na habitação e/ou da instalação de aquecimento existente (veja, na página 166,


o título Aquecimento central: que sistema escolher?).

Outro critério a ter em conta é o conforto: qual o sistema capaz de produzir


água quente em quantidade suficiente para cobrir as necessidades de toda a
família, com um bom débito e à temperatura mais constante possível?

IDEIA PARA POUPAR


Sempre que possível, evite recorrer a água quente. Rode o manípulo da torneira mistura-
dora para o frio se pretende abri-la apenas por alguns segundos (por exemplo, para lavar
as mãos).

Instantâneo ou não?
Importa, em primeiro lugar, fazer a distinção entre sistemas instantâneos
(esquentadores e caldeiras) e sistemas que mantêm uma reserva de água
sempre na temperatura programada (termoacumuladores e bombas de
calor).

• Com um sistema instantâneo, ou seja, com um esquentador ou uma caldeira


a gás, é sempre necessário deixar correr um pouco a água antes que esta saia
quente (mesmo no caso dos modelos recentes equipados com um sistema de
pré-aquecimento). Além disso, estes aparelhos revelam alguma dificuldade
em manter o débito e a temperatura constantes, principalmente quando se
abrem outras torneiras ao mesmo tempo.

ATENÇÃO!
Um isolamento deficiente dos canos que transportam a água quente da caldeira, do ter-
moacumulador ou do esquentador até às torneiras pode causar perdas de calor na ordem
dos 8°C aos 10°C, dependendo do comprimento dos canos. Se possível, revista as canali-
zações de água quente nas zonas não aquecidas da casa (cave, garagem, etc.) com prote-
ções em espuma, à venda em qualquer loja de bricolagem, para que o calor não se perca
através das mesmas.

• Um termoacumulador ou uma bomba de calor não apresentam os incon-


venientes dos sistemas instantâneos, pois disponibilizam um dado volume

175
A Consumo ecológico

de água aquecida para utilização. Contudo, quando este volume acaba, o


tempo que é preciso esperar para aquecer novamente a água pode ser sig-
nificativo, além de que podem ocorrer perdas de energia estáticas. É ainda
preciso ter em conta que estes equipamentos ocupam algum espaço.

ATENÇÃO!
Num termoacumulador ou em qualquer depósito onde se acumule água quente, é impor-
tante regular corretamente a temperatura da água para uma temperatura ligeiramente
acima da temperatura de utilização ou para a regulação eco. Para evitar a formação e a
proliferação de bactérias no interior, regule pontualmente a temperatura para valores a
rondar os 65°C. Há aparelhos que o fazem de forma automática e esporádica.

Que energia escolher?


A escolha da energia para produzir água quente depende das que estão dis-
poníveis na sua casa.

• Os termoacumuladores elétricos devem funcionar, de preferência, com


a tarifa bi-horária da eletricidade e ser programados para aquecer só
durante a noite, quando a tarifa é mais barata, para se minimizar o seu
custo energético. Esta opção depende do perfil de consumo de água
quente da família.

• Para os sistemas solares térmicos, não aconselhamos o uso de resistências


elétricas como elemento de apoio — um esquentador a gás natural é a solu-
ção mais económica. Caso use uma resistência como sistema de apoio, reco-
mendamos que o seu funcionamento seja muito limitado, privilegiando-se o
aquecimento da água pelo sol. Neste caso, privilegie o uso de um termoacu-
mulador elétrico para complementar o sistema solar térmico.

IDEIA PARA POUPAR


Adeque o sistema de produção de água quente à dimensão do agregado familiar e aos
perfis de consumo (em sistemas de acumulação, considere 40 litros por pessoa). Regule
a temperatura da água para valores o mais próximos possíveis da temperatura de con-
sumo. Isole as tubagens que ligam o sistema de produção de água quente e os pontos de
consumo.

176
A Poupe energia

• Tenha ainda em conta que, quanto maior for a potência necessária para o
quadro elétrico e quanto maior o consumo mensal de gás natural, maiores
os custos associados às parcelas fixas, nas respetivas faturas.

Que sistema lhe convém?


A escolha da melhor solução para a produção de água quente sanitária (AQS)
depende da análise e da conjugação de vários fatores: as fontes de energias
disponíveis (por exemplo, a presença de gás natural ou a devida exposição
solar), o sistema de climatização existente, a dimensão do agregado familiar
e, claro, as condições técnicas da habitação.

• Um termoacumulador elétrico é um investimento que pode sair caro para


consumos elevados (mais de três pessoas), e em que o perfil de consumo do
agregado dite que seja necessário aquecer a água durante o dia. Só consti-
tuem a solução mais económica se usarem exclusivamente a tarifa de vazio
(à noite).

ATENÇÃO!
Muitos acidentes (frequentemente mortais) causados pelo monóxido de carbono são cau-
sados por aparelhos de produção de água quente que não estão a funcionar de forma ade-
quada, seja pela exaustão deficiente dos gases de combustão, seja por falta de ventilação
da divisão onde o aparelho se encontra instalado. Para evitar acidentes, respeite sempre
as normas da instalação do esquentador ou de qualquer aparelho de queima e evite qual-
quer tipo de manutenção por sua própria iniciativa. Não use aquecedores a gás querosene
ou a parafina, devido ao risco de intoxicação. Pode, também, instalar um detetor que
emita um alerta em caso de níveis de monóxido de carbono excessivos.

• Os esquentadores ou as caldeiras a gás natural são, geralmente, a solu-


ção mais económica. Contudo, se não dispuser de gás natural na sua região
ou tiver de usar gás butano ou propano, os custos energéticos podem mais
que duplicar. Por outro lado, os sistemas solares térmicos são, muitas vezes,
obrigatórios, por regulamento de construção. Mas são muito interessantes,
por aproveitarem a energia grátis do sol. Na verdade, permitem poupar
até 70% da energia necessária (em zonas como Lisboa e Faro, por exemplo).
Os restantes sistemas, apresentados de seguida, devem ser usados como
apoio para a obtenção dos remanescentes 30% de energia para a produção
de água quente.

177
A Consumo ecológico

Caldeira com depósito de acumulação


A caldeira pode ser munida de um depósito de acumulação.

• Vantagens:
— a caldeira (a gás natural, propano ou gasóleo) mantém a reserva de água
quente a uma temperatura constante, tal como o débito;
— a instalação e a manutenção fazem-se na mesma altura que as da caldeira;
— quando se recorre a gás natural, permite um baixo custo energético;
— oferece uma grande reserva de água disponível em toda a casa.

• Inconvenientes:
— investimento muito elevado;
— impacto ambiental elevado.

Termoacumulador elétrico
O termoacumulador é formado por um reservatório munido de uma resis-
tência elétrica que aquece a água, um termóstato e uma válvula de segu-
rança, que atua em caso de aquecimento excessivo. Existem modelos com
várias capacidades: escolha um adequado à família, considerando 40 litros
por pessoa, por dia, sob pena de ficar sem água quente a meio do duche.

Regule o termóstato na posição eco ou para a posição mais próxima possível


da temperatura de utilização. Para evitar bactérias, regule a temperatura
pontualmente para os 65ºC — há aparelhos que o fazem automaticamente.

Para beneficiar da tarifa mais barata de eletricidade, toda a reserva de água


necessária para cobrir as necessidades ao longo do dia deve ser aquecida
durante a noite. Se o perfil de utilização do seu agregado não permitir o res-
peito desta premissa, poderá incorrer em despesas suplementares.

• Vantagens:
— é um sistema bastante fácil de instalar e relativamente barato;
— confortável (com uma temperatura e um débito de água relativamente
constantes);
— a água quente chega às torneiras mais depressa do que com o esquenta-
dor ou a caldeira;
— quando utilizado com a tarifa bi-horária, é um sistema que se revela bastante
económico. Aliás, se só houver possibilidade de usar gás propano ou butano,
esta acaba por ser a forma mais económica de aquecer a água do banho.

178
A Poupe energia

• Inconvenientes:
— volumoso;
— sai caro quando usado fora das horas de vazio (quando a tarifa de eletri-
cidade é mais cara);
— se a capacidade do tanque for mal avaliada, a água quente pode acabar a
meio do duche ou provocar um aumento dos custos;
— a quantidade de água disponível é limitada pela capacidade do depósito.

SABIA QUE…?
Deve instalar o termoacumulador num espaço isolado. Caso a zona de instalação do ter-
moacumulador apresente temperaturas baixas, procure reforçar o isolamento exterior do
termoacumulador.

Esquentador a gás
Este é o equipamento mais usado em Portugal. Há modelos atmosféricos,
ventilados e estanques: os primeiros são os mais baratos, mas a escolha
depende do tipo de conduta de evacuação em casa.

Nos atmosféricos e ventilados, o ar é captado do local onde o aparelho se


encontra. Mas, nos primeiros, a evacuação dos gases de combustão é feita
de forma natural, enquanto nos ventilados é facilitada por um ventilador.
Já nos esquentadores estanques, o ar é captado do exterior da habitação e os
gases de combustão são evacuados para o exterior através de uma conduta.
Os esquentadores estanques reduzem significativamente o risco de intoxi-
cação por monóxido de carbono, mas são um pouco mais caros do que os
modelos ventilados, necessitando da existência de condutas específicas de
admissão/escape.

SABIA QUE…?
O esquentador a gás natural é a solução mais económica para aquecer a água. Para quem
não tem acesso a gás natural, a melhor opção é o termoacumulador elétrico. Mas aten-
ção: deve aderir à tarifa bi-horária e pôr a água a aquecer durante a noite. Caso contrário,
o custo com a energia é muito elevado. Se, além disso, colocar redutores de caudal nas
torneiras e no chuveiro (veja a página 110), conseguirá baixar ainda mais a fatura.

179
A Consumo ecológico

ATENÇÃO!
Regule a temperatura da água quente para um valor o mais próximo possível da tempe-
ratura de utilização. Uma vez que não há acumulação de água, também não existe risco
de proliferação de bactérias. Por outro lado, se a água sair muito quente, pode haver risco
de queimaduras.

Escolha um aparelho com uma potência, no mínimo, de 20 kW. Mas, se tiver


espaço para instalar um aparelho um pouco mais potente (entre 20 e 24 kW),
este poderá permitir tomar banho em simultâneo em dois pontos distintos.

• Vantagens:
— disponibilidade de água quente ilimitada;
— aquecem a água de forma instantânea;
— são económicos, fáceis de usar e seguros, desde que bem instalados por
um técnico habilitado para o efeito;
— podem funcionar com gás natural, com custos energéticos interessantes.

• Inconvenientes:
— há limites no número de torneiras abertas em simultâneo: a potência do
aparelho deve ser dimensionada tendo em conta o perfil de utilização do
agregado e o número de utilizações em simultâneo;
— o conforto diminui quando a distância entre o aparelho e a torneira é grande;
— a temperatura da água pode variar com a abertura de várias torneiras;
— impacto ambiental.

IDEIA PARA POUPAR


Se tiver um esquentador antigo, desligue sistematicamente a chama-piloto do esquenta-
dor. Poupará, assim, até 50 euros por ano. Se possível, não instale o esquentador numa
zona fria da casa (cave, garagem ou sótão sem isolamento). Efetue operações de manu-
tenção regulares ao seu esquentador de forma a garantir que este opera nas melhores
condições de eficiência e segurança. Contacte um técnico especializado para o efeito.

Caldeira mural a gás


Assegura simultaneamente o aquecimento central da casa e a produção de
água quente — há modelos que apenas têm a função de aquecimento central.
Para a água quente, funcionam como um esquentador.

180
A Poupe energia

Contudo, existe um segundo circuito que liga a caldeira ao sistema de radi-


adores, que servem para aquecer o ambiente. Podem ser integradas em sis-
temas mais complexos com acumulação de água (por exemplo, depósito de
inércia). Como tal, a capacidade da caldeira depende da potência necessária
para o aquecimento da casa. As potências mais usadas em Portugal oscilam
entre 23 e 30 quilowatts. Se a casa não for construída de raiz com este sis-
tema, a instalação implica custos elevados, já que requer obras significativas
para colocar as tubagens e os radiadores.

• Vantagens:
— disponibilidade de água quente ilimitada;
— em apartamentos, oferecem a possibilidade de ter um sistema de produ-
ção de AQS e aquecimento central em simultâneo;
— podem funcionar com gás natural, com custos energéticos muito
competitivos.

• Inconvenientes:
— o ruído pode ser incomodativo se o aparelho se encontrar junto das divi-
sões mais usadas;
— o conforto de utilização pode ser afetado quando se abrem várias tornei-
ras de água quente em simultâneo;
— menor conforto quando há uma grande distância entre o aparelho e a
torneira;
— a instalação destes aparelhos deve cumprir requisitos exigentes;
— uma utilização com gás de garrafa (butano ou propano) faz disparar os
custos energéticos de utilização.

Caldeiras a biomassa
O princípio de funcionamento é muito semelhante ao da caldeira a gás,
embora estes equipamentos queimem biomassa (pellets, caroços ou lenha).
As caldeiras a biomassa podem incluir circuitos separados de AQS e de aque-
cimento do espaço ou serem ligadas diretamente a um depósito de acumu-
lação de água quente. Há modelos de várias potências, mas todos requerem
uma instalação efetuada por técnicos qualificados para o efeito, com a liga-
ção a chaminés de exaustão dos gases de combustão.

• Vantagens:
— grande reserva de água quente disponível em toda a casa;
— temperatura e débito de água relativamente constantes;
— baixos custos energéticos com pellets (ou quase nulos, com lenha, caso
tenha acesso a lenha a custo zero).

181
A Consumo ecológico

• Inconvenientes:
— solução volumosa;
— requer espaço para armazenar combustível (pellets ou lenha, por
exemplo);
— necessidade de ser atestada com regularidade (a não ser que tenha um
sistema de alimentação contínuo de pellets, por exemplo);
— necessidade de uma instalação com ligação a uma chaminé;
— impacto ambiental, mesmo considerando que a queima de pellets ou
lenha possa ser considerada como neutra de um ponto de vista carbónico.

ATENÇÃO!
Se a água que circula nos tubos congelar, estes podem rebentar! Para evitar que tal acon-
teça, nas zonas mais frias do país, adicione à água, no inverno, um produto anticongelante
ou recorra a um sistema que esvazie o coletor quando a bomba não é acionada (denomi-
nado drain-back).

Sistemas solares térmicos


Por ano, ao incidir sobre um só metro quadrado, o sol fornece gratuitamente
o equivalente a cem litros de gasóleo (ou cem metros cúbicos de gás). Um sis-
tema solar térmico permite captar alguma desta energia para aquecer parte
da água quente sanitária.

O princípio é bastante simples: um coletor capta a radiação solar, sendo


este calor transmitido para um fluido, que, por sua vez, aquece a água que
se encontra num tanque. A transferência de calor do líquido para o tanque
é feita através de um processo natural (sistemas de termossifão) ou por uma
bomba, quando o tanque se encontra a uma maior distância dos coletores
(sistemas de circulação forçada). De preferência, o coletor solar deverá estar
orientado para sul, com um ângulo de 30 a 60 graus (veja a imagem na
página 184). Os coletores são planos e consistem numa superfície negra atra-
vessada por tubagens, que se encontram sob vidros. Existem outros tipos
de coletores mais eficientes, como os coletores sob vácuo, compostos por
tubos de vidro, no interior dos quais se cria vácuo, mas em que o pequeno
acréscimo de eficiência não compensa o aumento de preço face aos restan-
tes coletores.

Os sistemas solares térmicos são a solução por excelência em termos


ambientais e deveriam ser privilegiados sempre que tecnicamente possível,

182
A Poupe energia

SABIA QUE…?
Os sistemas solares térmicos não satisfazem as necessidades totais de energia. Um kit solar
de quatro metros quadrados, recomendado para uma família de quatro elementos, cobre
até 70% das necessidades em cidades soalheiras, como Faro ou Lisboa. Os restantes 30%
têm de ser obtidos a partir de uma fonte de energia convencional (eletricidade ou gás).

para a produção de água quente sanitária. Requerem, em todo o caso,


um aparelho de apoio, para as situações em que o sol não é suficiente
para aquecer a água do tanque ou sempre que o consumo for superior ao
habitual — isto porque, em média, um sistema solar térmico deverá ser
dimensionado para providenciar cerca de 70% das necessidades de AQS
de um agregado familiar.

Muitos depósitos de sistemas solares vêm equipados com uma resistência


elétrica, mas esta é a opção menos eficiente, sobretudo se o depósito esti-
ver instalado na horizontal: a resistência aquece toda a água do tanque,
mesmo que não vá ser usada de imediato.

Não recomendamos a utilização de resistências elétricas como elemento


de apoio a um sistema solar térmico: uma solução muito interessante é a
ligação a um esquentador termostático a gás natural.

IDEIA PARA POUPAR


Se possível, opte por um esquentador ou uma caldeira a gás natural como sistema auxiliar,
pois estes aquecem a água de forma instantânea. Permitem poupar até 17% de energia
face ao sistema com resistência elétrica. Se tiver painéis solares térmicos com depósito na
horizontal, instale um temporizador para impedir que a resistência fique ligada durante
muito tempo. Os tanques horizontais dão primazia à resistência elétrica e não ao calor
proveniente dos painéis, pelo que é necessário regular o seu funcionamento através de
programadores horários. Idealmente, desative a resistência elétrica e opte por um sistema
externo de apoio (esquentador a gás natural ou termoacumulador elétrico).

• Vantagens:
— o sol é uma fonte gratuita e disponível durante quase todo o ano. Em
cidades soalheiras, um sistema de quatro metros quadrados pode poupar
70% da energia necessária para aquecer a água;
— integrável com outras soluções de produção de AQS e de aquecimento.

183
A Consumo ecológico

• Inconvenientes:
— os custos de aquisição, instalação e manutenção são ainda elevados;
— é necessário um sistema de apoio, de preferência, a gás natural;
— nos sistemas elétricos, é indispensável um programador de horário para
que a resistência só se ligue nas horas de vazio;
— existem limitações técnicas e arquitetónicas de instalação.

ATENÇÃO!
Apesar de ser o sistema de produ-
ção de água quente sanitária mais
ecológico, o sistema solar térmico
não é uma opção barata. Para obter
maiores garantias de rendimento
e de durabilidade, escolha mode-
los certificados. Peça orçamentos
a vários instaladores. Estes devem,
também, ser certificados.
A energia do sol é captada pelo coletor
e aquece a água.

Bombas de calor para aquecer água


Uma bomba de calor para aquecimento das águas sanitárias é na realidade
uma bomba de calor ar-água: esta transporta a energia do ar para promover
o aquecimento da água para uma utilização sanitária.

Os modelos monocorpo murais (em geral, até cerca de cem litros de capa-
cidade) usam o ar da divisão onde estão instalados para promover o aque-
cimento da água. No processo, irão arrefecer a divisão. Existem modelos
monocorpo de maior capacidade, mas devem ser instalados no chão e ocu-
pam muito espaço. Alguns podem ser ligados a condutas para usar o ar exte-
rior (mas não irão arrefecer a divisão).

Há ainda modelos split, com uma unidade exterior ligada à interior, onde a
água é aquecida. Muitas soluções podem ser integradas com sistemas solar
térmicos ou outras soluções de produção de AQS.

184
A Poupe energia

SABIA QUE…?
Os sistemas solares permitem poupar energias fósseis e reduzir as emissões de dióxido de
carbono. Com sistemas solares térmicos, para um consumo de 160 litros de água quente
por dia, são menos 200 quilos de dióxido de carbono emitidos por ano. Para encontrar
os equipamentos mais eficientes, consulte www.deco.proteste.pt/casa-energia/agua.

• Vantagens:
— grande reserva de água quente;
— temperatura e débito de água relativamente constantes;
— baixos custos energéticos devido às elevadas eficiências de funciona-
mento das bombas de calor;
— possibilidade de integração com outros sistemas de produção de AQS e de
aquecimento e arrefecimento.

• Inconvenientes:
— sistema volumoso, em particular em soluções de alta capacidade;
— custos de aquisição, instalação e manutenção ainda elevados;
— eficiência de funcionamento variável com as condições ambientais;
— sistema complexo.

O impacto ambiental dos vários sistemas


Ao nível das emissões de dióxido de carbono, os sistemas de produção de
água quente que recorrem, em parte, à energia solar são menos poluentes
do que os sistemas clássicos. Quanto mais elevado for o consumo ou quanto
mais cara for a energia usada, mais o recurso à energia solar é benéfico
para o ambiente. Tal não significa que todos os sistemas clássicos que não
usam energia solar sejam equivalentes: os sistemas baseados em soluções de
queima são os que mais penalizam o ambiente, com os sistemas de biomassa
a terem uma ligeira vantagem sobre as opções baseadas em gás ou gasóleo,
se considerarmos que a biomassa tem um balanço carbónico nulo.

Mesmo os sistemas baseados em eletricidade (as bombas de calor para AQS)


apresentam uma pegada carbónica que depende, essencialmente, da fonte
energética, mas que pode ser mitigada se for integrada com sistemas de
autoconsumo, por exemplo.

Concluindo: as soluções baseadas em energias renováveis, como o sol ou


o ar, representam importantes poupanças nas emissões carbónicas ao longo
do tempo de utilização dos equipamentos.

185
A Consumo ecológico

186
A

Capítulo 5

Poupe nas
deslocações
A Consumo ecológico

Ao longo das últimas décadas, com o desenvolvimento económico e social,


as sociedades tornaram-se cada vez mais exigentes em termos de mobilidade
de pessoas e mercadorias. Se é inegável que o setor dos transportes teve um
papel central no crescimento económico da Europa, também é verdade que
este é um dos principais responsáveis pelo aumento da poluição atmosférica
e do nível de ruído a que estamos expostos diariamente, em grande parte
gerados pelo tráfego automóvel. Neste capítulo, abordamos esses problemas
e mostramos-lhe o quanto as várias opções mais sustentáveis de mobilidade
que já existem podem contribuir para reduzir a nossa pegada ecológica, com
um impacto positivo no ambiente, é certo, mas também na nossa carteira.

Transportes:
benefício ou ameaça?
Hoje é difícil imaginarmo-nos a viver sem um meio particular de transporte
motorizado. O carro, por exemplo, já faz parte do nosso modo de vida e con-
tribui para o nosso conforto. Também as vias terrestres, como as estradas,
as autoestradas, as vias férreas e os respetivos acessos, trazem uma série de
benefícios socioeconómicos que não devem ser esquecidos:
— redução dos custos de logística;
— maior disponibilidade de bens de consumo;
— maior acessibilidade a novas zonas de emprego, a cuidados médicos e
a outros serviços sociais;
— contratação de trabalhadores locais para a construção;
— fortalecimento das economias locais.

Como referimos, o setor dos transportes tem desempenhado um papel


central no crescimento económico da Europa, devido essencialmente ao
desenvolvimento da construção, do comércio e do turismo. Por outro lado,
estas atividades têm, também, um impacto ambiental considerável, nome-
adamente ao nível do ruído e da quantidade de matérias-primas utilizadas,
assim como ao nível socioeconómico, já que afetam direta ou indiretamente
as populações residentes. Este setor é, na realidade, um dos principais res-
ponsáveis pelo aumento da poluição atmosférica, nomeadamente devido às
emissões de gases com efeito de estufa (GEE), pelo aumento da exposição
ao ruído resultante da circulação automóvel e pelas alterações nos habitats
e nos ecossistemas naturais.

188
A Poupe nas deslocações

• Apesar da crescente consciência deste impacto sobre o ambiente e de algu-


mas melhorias no setor, há ainda um longo caminho a percorrer, nomea-
damente ao nível do transporte de mercadorias, que não para de crescer.
O maior aumento regista-se nas deslocações por estrada e por via aérea, ou
seja, nos meios de transporte menos eficientes em termos energéticos.

• No que diz respeito ao transporte de pessoas, também se verifica um


aumento de viagens por estrada e por via aérea. Na Europa, no final de 2017,
contavam-se 35 milhões de automóveis ligeiros de passageiros, um aumento
de 33% face ao ano 2000. E Portugal não foge à regra: no final de 2017,
havia 7 milhões de veículos a circular no País, 99% dos quais ligeiros, o que,
segundo a Pordata, representa mais um milhão face ao ano 2000.

É urgente encontrar soluções sustentáveis, que promovam a mobilidade sem


comprometer o legado natural que queremos deixar às futuras gerações.
Neste capítulo, abordamos um conjunto de medidas no setor da mobilidade
que, como verá, podem ser benéficas tanto para nós como para o ambiente.

SABIA QUE…?
55% das pessoas que vivem em localidades com mais de 250 mil habitantes (quase 67
milhões em todo o mundo) estão diariamente expostas a níveis de ruído superiores a
55 Lden (medida europeia que exprime o limite de ruído médio ao longo das 24 horas do
dia).

A deterioração da qualidade do ar
A crescente utilização dos veículos ao longo dos últimos anos, com especial
destaque para os privados, levou a um aumento considerável das emissões
de dióxido de carbono (CO2). Este gás, ao ser libertado para a atmosfera,
contribui para o efeito de estufa: com a acumulação de gases, o calor liber-
tado pelo planeta fica retido em vez de se dissipar no espaço, sendo irradi-
ado de volta para a superfície terrestre, o que provoca o indesejado sobre-
aquecimento da Terra. E não é tudo. O aumento do tráfego leva ainda a um
aumento de outros gases na atmosfera, nocivos para a saúde.

O tráfego automóvel é, aliás, segundo vários estudos, responsável por, pelo


menos, metade da poluição atmosférica. Além de dióxido de carbono (CO2),
os carros libertam monóxido de carbono (CO), óxidos de azoto (NOX), vários
compostos orgânicos voláteis e partículas finas que se alojam nos pulmões
(PM10 e PM2,5).

189
A Consumo ecológico

Esta poluição atmosférica gerada pelos transportes contribui, por sua vez,
para a formação do ozono na camada de ar que respiramos (troposfera).
Apesar de o ozono não ser emitido diretamente para o ar, este forma-se
na presença de oxigénio, da luz solar e de poluentes que são emitidos, em
grande parte pelo setor rodoviário. Manifesta-se nomeadamente sob a forma
do conhecido smog (contração das palavras smoke e fog — respetivamente,
“fumo” e “nevoeiro”, em português). Este “nevoeiro fotoquímico” é carac-
terístico de cidades com elevados níveis de poluição atmosférica e ocorre
quando se verifica a persistência de tempo soalheiro, com temperaturas
superiores a 25°C e vento fraco, conjugada com poluição atmosférica — daí
ser comum em zonas com muito tráfego automóvel e também em zonas
industriais. Ocorre devido à reação do oxigénio com óxidos de azoto e com-
postos orgânicos voláteis, ambos poluentes característicos destas zonas, e
na presença de luz solar.

SABIA QUE…?
O ozono que respiramos é diferente do ozono estratosférico, camada essencial para a
manutenção da vida na Terra. O ozono estratosférico é responsável pela absorção de parte
da radiação ultravioleta (UVB) e impede que esta chegue à superfície terrestre, o que
poderia ter efeitos muito graves na saúde das pessoas e de outros seres vivos (nomeada-
mente, cancro de pele). Algumas substâncias, como certos gases propulsores ou fluidos
refrigerantes, quando libertadas, reagem com o oxigénio e levam a uma diminuição da
quantidade de ozono estratosférico, gerando o chamado “buraco do ozono”. Com a proi-
bição da produção deste tipo de fluidos, assistimos, nos últimos anos, a uma diminuição
deste “buraco na camada de ozono”.

O ozono tem um efeito irritante sobre as vias respiratórias, os olhos e a gar-


ganta, podendo causar corrimento nasal, tosse e diminuição da capacidade
respiratória, entre outros sintomas. Os efeitos sobre a saúde dependem,
em última análise, da concentração presente, do esforço físico realizado
e, claro, da sensibilidade de cada um. As crianças, os idosos e as pessoas
com problemas respiratórios ou com insuficiência cardíaca apresentam uma
maior vulnerabilidade e constituem grupos de risco.

Apesar da considerável evolução tecnológica no ramo automóvel ao longo


dos últimos anos, que tem permitido que os veículos sejam cada vez mais
eficientes, consumam menos e emitam menos poluentes, o número de car-
ros a circular nas nossas estradas tem vindo a aumentar consideravelmente.
Portanto, o que se tem ganha de um lado tem-se perdido do outro.

190
A Poupe nas deslocações

SABIA QUE…?
Até 2050, o setor dos transportes na União Europeia deverá reduzir em 90% as emissões
de gases com efeito de estufa responsáveis pelo aumento global da temperatura, para
alcançar a meta estabelecida pelo Pacto Ecológico Europeu: transformar a Europa no pri-
meiro continente neutro em termos climáticos.

Além disso, o setor dos transportes, sobretudo terrestres, é responsável por


mais de 30% do consumo de energia na União Europeia.

Dados da Agência Portuguesa do Ambiente revelam que o setor da produ-


ção de energia e dos transportes, em grande parte dominado pelo tráfego
rodoviário, é o principal responsável pelas emissões de gases com efeito de
estufa: representava cerca de 73% das emissões nacionais em 2017, tendo-se
observado um crescimento de 68% entre 1990 e 2017.

ATENÇÃO!
Face a um alerta de excesso de ozono, reduza os esforços físicos no exterior entre o meio-
-dia e o final da tarde. Este conselho é particularmente importante para as pessoas mais
sensíveis (como crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios), que não devem
sair de casa nesses momentos.

Pelos motivos referidos, a evolução tecnológica dos automóveis ainda não


permite, hoje, um nível satisfatório de concentrações de partículas finas
(PM10) e de óxidos de azoto (NOX), ambos prejudiciais para a qualidade do ar
e para a nossa saúde. Sabe-se que estas substâncias podem afetar o sistema
cardiovascular, os pulmões, o fígado, o baço e o sangue.

EMISSÕES DE CO2
Carro 111,7 g
Mota 98,4 g
Autocarro 54,7 g
Comboio 35 g
Bicicleta (ou a pé) 0g
Andar de transportes públicos em vez de usar o
Valores por pessoa, em média, carro reduz para cerca de metade a emissão de
por quilómetro percorrido. dióxido de carbono.

191
A Consumo ecológico

EMISSÕES DE GASES COM EFEITO DE ESTUFA,


POR SETOR, EM PORTUGAL
Produção e transformação
de energia
29,5%

Resíduos Combustão
6,6% na indústria
10,7%
Agricultura Transportes
9,8% 24,3%

Procedimentos
industriais e uso Outros
de produtos 8,1%
11%

Fonte: Relatório do Estado do Ambiente, 2018 (adapt.).

O Pacto Ecológico Europeu (denominado Green Deal), uma iniciativa da


Comissão Europeia, propõe um conjunto de medidas para reduzir os níveis
de poluição na Europa, de modo que esta atinja a neutralidade carbónica até
2050. Para tal, será necessária a participação de todos os Estados-membros
para que, até 2050, seja possível reduzir as emissões no setor dos transpor-
tes em 90 por cento. Todos os modos de transporte — rodoviário, ferroviá-
rio, aéreo, aquático — terão de dar o seu contributo. Alcançar a sustentabi-
lidade dos transportes significa colocar os utilizadores em primeiro lugar e
proporcionar-lhes alternativas mais baratas, acessíveis, saudáveis e limpas.

SABIA QUE…?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar exterior foi responsá-
vel, em 2016, por 4,2 milhões de mortes. A poluição de interiores (relacionada, por exem-
plo, com o uso de tecnologias ou de fontes de energia poluentes na cozinha) terá causado
3,8 milhões de mortes. A OMS afirma que a poluição do ar é um fator de risco também
para doenças não transmissíveis, causando cerca de 24% de mortes por doenças cardio-
vasculares, 25% por acidente vascular cerebral e 29% associadas ao cancro do pulmão.

192
A Poupe nas deslocações

O combustível
Segundo a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), o consumo de com-
bustíveis nos transportes rodoviários manteve, em 2018, a tendência de cres-
cimento (mais 0,9%, face ao ano anterior). No mesmo ano, os portugueses
consumiram cerca de 14 milhões de litros de gasóleo por dia, o que repre-
senta cerca de 80% da procura de combustíveis rodoviários. Ora, como já foi
referido no capítulo anterior, o petróleo é um recurso finito e não renovável,
pelo menos a curto prazo. Ao ritmo atual de consumo, e apesar da procura
por novas reservas de petróleo e da melhoria dos métodos de exploração, é
previsível que, a termo, se atinja o limite de extração.

Independentemente do impacto evidente na nossa carteira, o sobreconsumo


de petróleo tem um custo cada vez maior para o ambiente, com o aumento
de áreas de exploração e o risco de acidentes no transporte de longa distân-
cia. O setor dos transportes, de particulares, mas sobretudo comerciais, é o
que mais contribui para o consumo de petróleo.

CONSUMO DE ENERGIA POR SETOR EM PORTUGAL

Transportes 35,7%

Indústria 29,5%

Doméstico 17,7%

Serviços 14,2%

Agricultura e pescas 2,8%

Fonte: Direção-Geral de Energia e Geologia, 2018.

O transporte rodoviário e aéreo continua a aumentar em todos os países.


Além disso, os condutores europeus percorrem, hoje, cada vez mais qui-
lómetros. Atenta a esta evolução, a União Europeia já tinha definido que,
em 2015, as emissões de cada automóvel não deveriam ultrapassar os 130
gramas por quilómetro. Posteriormente foi mais longe, propondo um limite
para as emissões de dióxido de carbono (CO2) de 95 gramas por quilómetro
até 2020, com a obrigatoriedade de, em 2021, todos os carros novos cum-
prirem esta meta.

193
A Consumo ecológico

SABIA QUE…?
Nas últimas décadas, com o aumento do número de veículos a circular e dos quilómetros
percorridos temos vindo a observar um constante crescimento de consumo de petróleo a
nível mundial, com um impacto nos preços. O ano de 2020 acabou por ser uma exceção:
devido à pandemia da covid-19, os preços do petróleo caíram para níveis abaixo dos 40
dólares.

Segundo a Organização Europeia de Consumidores (Bureau Européen des


Unions de Consommateurs), a imposição de limites máximos de emissões
de dióxido de carbono cada vez mais restritivos permite reduzir progressi-
vamente as emissões de gases com efeito de estufa no setor dos transportes
e a dependência das importações de petróleo. Além disso, permite travar
o aumento exponencial do preço dos combustíveis. De acordo com esta
organização, uma redução de 1% no consumo de combustíveis equivale a
uma diminuição de 1% nas emissões de gases com efeito de estufa. A União
Europeia definiu uma redução de 20% das emissões de gases com efeitos
de estufa até 2020 e de 40% até 2030 (em 2017, Portugal tinha atingido já
os 19 por cento). O setor dos transportes, um dos maiores poluidores por
ser tão dependente dos combustíveis fósseis, terá por isso de enfrentar inú-
meros desafios.

IDEIA PARA POUPAR


Verifique regularmente os parâmetros relacionados com a manutenção do carro (veja
a página 204). São muitos os elementos que podem influenciar tanto o consumo de com-
bustível como a emissão de poluentes.

As revisões periódicas do
carro são essenciais, sob
pena de os consumos e
as emissões de poluentes
poderem aumentar até
50%, a par do desgaste
prematuro de algumas
peças.

194
A Poupe nas deslocações

O impacto das suas escolhas


Segundo o Eurostat, 80% das viagens de férias, em família ou de negócios,
fazem-se de automóvel, seguindo-se, a uma distância considerável, as rea-
lizadas de avião (10 por cento). Os restantes dez por cento são assegura-
dos pelas deslocações de autocarro, comboio e bicicleta. Portugal surge no
segundo lugar entre os países da União Europeia onde a população mais
recorre ao automóvel como meio de transporte em viagens longas.

• Para uma alteração dos hábitos na mobilidade das populações, a urbaniza-


ção moderna tem, também ela, de ser repensada. Hoje, parte-se do princípio
de que cada família dispõe de viatura própria. Só isso explica que continuem
a projetar-se zonas de comércio e de trabalho descentralizadas, dificilmente
acessíveis com transportes públicos.

SABIA QUE…?
Apesar de a indústria automóvel ter melhorado substancialmente a eficiência dos motores
e de, por consequência, estes obterem o mesmo rendimento com menos combustível,
o consumo de combustível e as emissões de gases com efeito de estufa aumentaram em
mais de 78% entre 1990 e 2017! Motivo: o aumento do rendimento das famílias durante
este período levou ao aumento de veículos a circular nas estradas.

• Em relação às despesas dos consumidores, os números também não deixam


dúvidas: dados estatísticos mostram que, em Portugal, os gastos com trans-
portes ocupam o terceiro lugar no orçamento familiar, a seguir à habitação,
às despesas associadas ao consumo de água, eletricidade e gás e à alimenta-
ção (veja o gráfico da página 39).

O impacto ambiental resultante do aumento das deslocações de carro é evi-


dente. Atualmente, os fabricantes estão a trabalhar no sentido de reduzir as
emissões médias de dióxido de carbono (CO2) por viatura, e muitas organi-
zações esforçam-se por alertar os cidadãos para os atuais riscos ambientais.
Contudo, até há bem pouco tempo, a tendência era comprar carros cada
vez maiores e mais potentes. Hoje, porque houve uma grande pressão por
parte da Comissão Europeia nesse sentido, os fabricantes apostam no desen-
volvimento de motores mais eficientes, isto é, capazes de obter o mesmo
rendimento com menos combustível. Apesar disso, segundo a Agência Euro-
peia do Ambiente, o consumo e as emissões de gases com efeito de estufa
aumentaram, entre 1990 e 2017, mais de 78 por cento.

195
A Consumo ecológico

SABIA QUE…?
Para fazer um percurso de 1,5 a
2,8 quilómetros a pé, uma pes-
soa demora, em média, 15 a 30
minutos, o tempo máximo que
demora a percorrer 3,5 a 4,8
quilómetros de bicicleta. Agora,
em comparação, pense no
tempo necessário para percorrer
algumas centenas de metros de
carro em hora de ponta… Andar a pé ou de bicicleta permite fugir ao trânsito nas
horas de ponta, ajuda a manter a boa forma física e
não polui o ambiente.

O aumento do rendimento das famílias durante o mesmo período fez com


que o número de veículos a circular nas estradas aumentasse.

Para inverter esta tendência, devemos procurar organizar as nossas desloca-


ções de forma mais racional, privilegiando formas de mobilidade mais sus-
tentáveis e amigas do ambiente. Além disso, como verá, poupará dinheiro.

• Para as deslocações dentro da cidade, considere alternativas ao automóvel.


Opte pela bicicleta ou, se possível, ande a pé no caso de distâncias curtas.
Sabia que os veículos poluem mais quando o motor ainda está frio? Logo,
evite usar o carro para percorrer poucos quilómetros. Andar de bicicleta é
uma forma sustentável de se deslocar: não só permite fugir ao trânsito nas
horas de ponta, como ajuda a manter a boa forma física. Em www.deco.
proteste.pt/bicicleta, consulte o nosso dossiê completo sobre como escolher,
comprar e manter uma bicicleta.

• Andar a pé também é benéfico para a saúde. Além de ser uma atividade


ecológica, andar faz bem ao corpo e à mente. Tem, ainda, a vantagem de ser
uma atividade física de baixa intensidade que (quase) todos podem fazer,
independentemente da idade que tenham.

• Para percursos mais longos, quando e onde for possível, prefira utilizar
os transportes públicos em vez do carro (veja, na página 205, o título
respetivo).

• Caso precise mesmo de utilizar o carro, procure otimizar a viagem, parti-


lhando-a com outros passageiros ou recorrendo às plataformas de car sha-
ring. Leia sobre as alternativas à sua disposição em Como reduzir as desloca-
ções?, a partir da página 211.

196
A Poupe nas deslocações

O carro
Procure usar o carro apenas quando não há mesmo outra solução. Além de
contribuir para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, con-
sumirá menos combustível, poupando, portanto, dinheiro. Ou seja, todos
ficam a ganhar: os cidadãos e o ambiente.

A evitar em trajetos curtos


Muitas vezes, por hábito, recorremos ao carro para fazermos deslocações
que poderiam perfeitamente ser feitas a pé. Ora, usar o carro para traje-
tos curtos (por exemplo, inferiores a dois quilómetros) contribui para o
aumento dos engarrafamentos nas estradas e do consumo de combustível.

SABIA QUE…?
Cada quilómetro percorrido a pé ou de bicicleta, em vez de usar o carro, evita a emissão
de cerca de 120 gramas de dióxido de carbono. Um autocarro ou um comboio produz, em
média, duas a três vezes menos dióxido de carbono por pessoa e por quilómetro do que
um carro.

De facto, um motor frio gasta 50% mais no primeiro quilómetro e 25% mais
no segundo. Importa saber que o motor de um veículo só atinge a tempera-
tura ideal ao fim de, pelo menos, cinco minutos.

Resultado? Poluímos três vezes mais enquanto o motor do nosso carro não
atinge a temperatura ideal, porque, até lá, a combustão faz-se de forma
incompleta, gerando uma maior quantidade de poluentes, como monóxido
de carbono (CO) e hidrocarbonetos não queimados (HC). Tal acontece por-
que o catalisador de um motor a gasolina tem de atingir entre 250 e 400ºC
para realizar o trabalho de despoluição de forma eficaz.

IDEIA PARA POUPAR


Se o percurso for curto, vá a pé. Se o carro for mesmo indispensável, planeie o itinerário
para fugir a engarrafamentos. Assim, poupa tempo e combustível. Para levar as crianças à
escola, organize-se com outros pais para o fazerem à vez.

197
A Consumo ecológico

A compra
Segundo um inquérito de fiabilidade automóvel que publicámos na revista
PROTESTE de fevereiro de 2020, 47% das viagens dos portugueses são feitas
dentro das localidades. Tal significa que quase metade das deslocações de
automóvel podem perfeitamente ser asseguradas por modelos citadinos, de
preferência, com motores de máxima eficiência, com baixos consumos e
emissões.

• A escolha de um carro pode ser influenciada por vários fatores que têm que
ver, no fundo, com as preferências de cada um, como a marca, a potência, o
tamanho, a segurança e o design. Contudo, antes de comprar, o mais impor-
tante é perceber quais são as suas necessidades reais.

IDEIA PARA POUPAR


A escolha do carro deve ser feita em função das necessidades de cada família. Se a maioria
das deslocações corresponde a percursos relativamente curtos, ao optar por um SUV (sport
utility vehicle), uma carrinha ou um modelo particularmente potente, só estará a perder
dinheiro! Os pequenos modelos citadinos poluem duas vezes menos do que um SUV, além
de que consomem duas a cinco vezes menos.

• Ponto de partida importantíssimo: será que precisa mesmo de um carro?


Pense no uso que lhe pretende dar. Caso precise dele sobretudo para se
deslocar na cidade, não opte por um carro grande e potente: consome mais
e produz mais poluentes do que um pequeno citadino, além de que tem
um custo elevado de compra e de manutenção. Lembre-se de que um carro
permanece parado, em média, 23 horas por dia. As despesas fixas (como o
imposto único de circulação e o seguro) e as obrigações (revisões e inspe-
ções) representam frequentemente um peso demasiado grande face à real
utilização que se faz de um veículo. Analise, ainda, os trajetos que faz diaria-
mente e pondere se não pode usar exclusivamente os transportes públicos.

• Os argumentos de venda dos automóveis centram-se, hoje, não só nas ques-


tões de segurança, mas também na componente ambiental. A publicidade
procura, cada vez mais, enfatizar a diminuição do impacto dos veículos
sobre o ambiente. Mas, sejamos francos: se é verdade que alguns mode-
los emitem menos gases poluentes do que outros, a verdade é que todos
poluem! A publicidade deveria concentrar-se mais na promoção de uma
condução serena, sem acelerações nem travagens bruscas: a chamada “eco-
condução”, de que falamos a partir da página 200.

198
A Poupe nas deslocações

ATENÇÃO!
Antes de comprar um carro,
informe-se sobre o consumo e
as emissões de dióxido de car-
bono anunciados. Opte por um
modelo com emissões de dió-
xido de carbono até 95 gramas
por quilómetro.

Em www.deco.proteste.pt/mile21, descubra o consumo


real do seu carro.

• Para escolher um modelo mais ecológico, consulte o site da Green NCAP


(www.greenncap.com), o novo programa mundial e independente que visa
testar o desempenho ambiental dos carros. Indique a marca e o modelo
e descubra o desempenho ecológico do veículo. A avaliação baseia-se nas
emissões de dióxido de carbono e de outros poluentes perigosos, como o
óxido de azoto, em laboratório e na estrada. O desempenho do automó-
vel, em termos de emissões e de eficiência energética, é classificado com o
recurso a estrelas. Os veículos com menos emissões e mais eficientes rece-
bem cinco estrelas. A Euroconsumers, organização internacional de consu-
midores de que a DECO PROTESTE faz parte, ajudou a fundar a Green NCAP
com uma meta clara: incentivar a indústria a produzir automóveis mais efi-
cientes do que a legislação atualmente em vigor exige.

• Quer descobrir qual o consumo real de combustível do seu carro? Use a


nossa plataforma Mile 21 (www.deco.proteste.pt/mile21), que permite com-
parar o consumo de combustível real, de acordo com os seus hábitos de
condução, com o anunciado pelo fabricante. Encontrará ainda um conjunto
de sugestões para poupar combustível através de uma condução ecológica.

SABIA QUE…?
A escolha do carro influencia o impacto que a sua condução terá sobre o ambiente.
A cilindrada e a potência do motor, o peso e a aerodinâmica, o tipo de combustível,
o tipo de tração e a caixa de velocidades (manual ou automática) são alguns elementos
que podem influenciar os consumos de combustível e as emissões de dióxido de carbono.
Compare sempre os consumos e as emissões dos modelos: em www.deco.proteste.pt/
auto/automoveis e em www.greenncap.com, encontrará ferramentas online que poderão
ajudá-lo a acertar na compra.

199
A Consumo ecológico

Poupar com uma condução ecológica


• Para que o motor do seu carro atinja, progressivamente, a temperatura ideal
de funcionamento, procure arrancar calmamente. Na prática, procure não
forçar, numa primeira fase, o motor, evitando, assim, consumos inúteis e
uma solicitação excessiva da mecânica. Arranque suavemente, conduza
sem excessos de velocidade e adapte a condução ao tipo de estrada e de
circulação.

• Tenha uma condução suave, evitando travagens e acelerações constantes.


Além de ser mais seguro, gastará menos combustível, não causará desgastes
mecânicos inúteis e poluirá menos. Quando a necessidade de travar for pre-
visível, solte o acelerador antecipadamente e desacelere progressivamente,
travando com o motor (isto permite interromper a injeção nos veículos
modernos).

• Não acelere bruscamente quando arranca e/ou antes de desligar o motor.


Fazê-lo não tem qualquer utilidade, além de que é nefasto para o motor
e para o ambiente. Atualmente, muitos carros já sugerem uma mudança
de velocidade no computador de bordo. Esteja atento a essas indicações
e siga-as.

• Evite “puxar” pelo motor (veja a tabela das rotações do motor na página 202).
Meta as mudanças no momento certo. Contudo, nas subidas íngremes (de
montanha, por exemplo), procure que as rotações do motor sejam sufici-
entemente elevadas para obter uma boa força de tração (mais vale passar
atempadamente para a mudança anterior antes das curvas). Por outro lado,
também não convém conduzir com as rotações demasiado baixas, sob pena
de o motor falhar ou sofrer um desgaste prematuro. Aliás, ao contrário do
que se possa pensar, uma mudança demasiado baixa aumenta os consumos:
uma pequena aceleração requer um grande esforço! Por esse motivo, tam-
bém não é aconselhável submeter um motor frio a um regime elevado.

• Desligue o motor se prevê que vai ficar parado mais de um minuto (por
exemplo, numa passagem de nível, num engarrafamento, etc.). Muitos car-
ros vêm já equipados com o sistema “start and stop”, que faz isto automati-
camente. Deixar o carro em ponto morto, com o motor a trabalhar, consome
meio litro de combustível por hora. Um motor au ralenti consome, em três
minutos, mais ou menos o mesmo que um carro que percorra um quilóme-
tro a 50 quilómetros por hora!

• Na estrada, guarde as distâncias e, tanto quanto possível, procure antecipar


os acontecimentos, evitando, assim, travagens ou acelarações bruscas.

200
A Poupe nas deslocações

APOSTE NA ECOCONDUÇÃO Evite transportar cargas no


tejadilho do carro e não utilize
Uma manutenção adequada reduz a mala para guardar coisas que
os consumos de combustível. não precise de levar consigo. Por
cada cem quilos de peso a mais,
gastará mais 5% de combustível.

Verifique
sazonalmente a
pressão dos pneus:
uma pressão O filtro de partículas reduz até
insuficiente aumenta 98% as partículas emitidas.
o consumo de
combustível.
Na autoestrada, adote uma Limite, se possível, o uso do Use a ventilação mecânica para
velocidade razoável: por ar condicionado, já que este refrescar o ambiente em vez de
exemplo, 110 km/h, em faz aumentar o consumo de abrir as janelas. Com os vidros
vez de 130 km/h, permite combustível. Se usar, evite abertos, a mais de 100 km/h,
consumir aproximadamente regular a temperatura para o consumo de gasolina
menos 20% de combustível, níveis excessivamente baixos aumenta em cerca de 5%. Para
sem perder muito tempo. (mais vale 22°C do que 18°C). aquecer, prefira o aquecimento
Antes de ligar, areje o carro. direto a partir do calor do
O computador de bordo motor ao ar condicionado.
indica-lhe os consumos
instantâneos em tempo real e
os consumos médios desde o
último reset. Ajuda a perceber
o efeito do tipo de condução.

Consulte o manual do carro


para verificar qual o intervalo
que permite otimizar o
funcionamento do motor
(veja a tabela das rotações
para uma velocidade estável
ao longo da condução, na
página seguinte).

Conduza com precaução,


de maneira a conseguir
travar em segurança.

201
A Consumo ecológico

IDEIA PARA POUPAR


Ser um condutor ecológico (veja, na página anterior, as nossas dicas sobre ecocondução)
permite poupar até 82% face a uma condução agressiva num veículo de média dimensão
na cidade.

• O tipo de condução tem um grande impacto sobre os consumos. Sabia que


um carro familiar, conduzido com moderação, consome menos do que um
citadino conduzido de forma agressiva, ou "desportiva"? Na verdade, uma
condução "desportiva" resulta num consumo acrescido de combustível.
Concretamente, e dependendo do tipo de percurso, uma condução
"desportiva" implica um consumo de combustível 5% a 40% superior ao de
uma condução normal. Por exemplo, num trajeto urbano e com um motor
a gasolina, um condutor mais agressivo terá um consumo de combustível
e emissões de dióxido de carbono 82% superiores aos de alguém que tenha
uma condução económica e segura.

VELOCIDADE ESTÁVEL
AO LONGO DA CONDUÇÃO
Veículo motorizado Rotações por minuto
A gasolina 2500
A diesel 2000

Os acessórios
• Utilize o computador de bordo para vigiar e adaptar os seus consumos
durante o trajeto, de forma a obter uma média baixa. Se o seu carro não
dispuser deste tipo de equipamento, preste atenção ao indicador de veloci-
dade e das rotações do motor (tendo em conta o quadro acima). Se mudar
de carro, procure escolher um modelo equipado com computador de bordo.

• Abrir as janelas ou o teto de abrir na estrada aumenta a resistência do carro:


o motor irá consumir mais para manter a velocidade desejada. Para refres-
car um pouco o ambiente, use antes o sistema de ventilação.

• Não confunda ventilação com ar condicionado. E não abuse deste último:


aumenta os consumos em 30% na cidade e em 17% na autoestrada! Quando

202
A Poupe nas deslocações

for mesmo necessário, e depois de ter baixado um pouco a temperatura


interior arejando o carro, procure não exagerar, sob pena de sofrer um cho-
que térmico quando sair do veículo. Se estiver muito calor, evite regular a
temperatura para níveis excessivamente baixos (mais vale 22°C do que 18°C).

SABIA QUE…?
Todos os carros a gasóleo fabricados a partir de 2009 são obrigados a ter um filtro de
partículas. A norma Euro 5 é aplicável desde 1 de setembro de 2009 no que diz respeito
à homologação e desde 1 de janeiro de 2011 no que diz respeito à matrícula e à venda de
novos veículos.

• Não sobrecarregue demasiado o carro, pois cada quilo suplementar


aumenta também os consumos. Um carro demasiado pesado, nomeada-
mente com carga sobre o tejadilho ou na mala, pode aumentar até 40%
os consumos de combustível. Retire do carro todos os pesos supérfluos,
os porta-bagagens ou qualquer estrutura para transportar bicicletas ou
pranchas de surf, se não estiver a utilizá-los. Estas estruturas aumen-
tam, de facto, a resistência do ar sobre o carro. Cuidado, ainda, com
acessórios que venha a instalar posteriormente, como para-lamas, ante-
nas muito compridas, faróis suplementares, pneus largos, etc. Estes tam-
bém aumentam a resistência do ar e, por conseguinte, os consumos.

• A principal fonte de partículas geradas pelo Homem (chamadas “antropogé-


nicas”) nas zonas urbanas são os motores a gasóleo dos veículos que circu-
lam nas estradas. Um filtro reduz até 98% as partículas emitidas. Se possível,
instale um. Mas, atenção: é considerado uma alteração ao veículo, sujeita a
taxas de homologação e à aprovação junto do Instituto da Mobilidade e dos
Transportes Terrestres (IMT). Para mais informações, pesquise “homologa-
ção do filtro de partículas” no sítio na internet www.imt-ip.pt ou contacte
este organismo através da linha azul (808 201 212).

IDEIA PARA POUPAR


Se possível, coloque as bicicletas na bagageira ou num suporte adequado na traseira da
viatura (que não ultrapasse os limites laterais da mesma). Os modelos que se instalam no
tejadilho criam maior resistência ao ar, podendo aumentar em cerca de 30% o consumo
de combustível.

203
A Consumo ecológico

A manutenção
Fazer as revisões mecânicas do carro regularmente é essencial. Consulte o
manual do carro para saber qual a periodicidade com que deve levá-las a
cabo.

IDEIA PARA POUPAR


Verifique regularmente a pressão dos pneus. Um valor abaixo do estipulado pode aumen-
tar o consumo de combustível e levar a um desgaste mais rápido dos pneus.

• Com uma manutenção deficiente, os consumos e a poluição (monóxido de


carbono e hidrocarbonetos não queimados) podem aumentar até 50%, a par
do desgaste prematuro de algumas peças.

• As velas usadas ou um filtro de ar sujo também aumentam os consumos de


combustível. Uma manutenção adequada evita grandes reparações, confere
maior segurança ao carro e contribui para a redução do ruído, dos consu-
mos de combustível e da emissão de poluentes. A poupança anual pode atin-
gir várias centenas de euros.

Verifique sazonalmente a
pressão dos pneus, de acordo
com o manual do carro. Uma
pressão incorreta compromete
a segurança na estrada,
aumenta o consumo de
combustível e o desgaste
dos pneus.

SABIA QUE…?
Problemas nos injetores, nas velas ou nos filtros de ar podem aumentar o consumo em 50%.

204
A Poupe nas deslocações

• Verifique regularmente a pressão dos pneus (por exemplo, todos os meses


ou sazonalmente). Siga as recomendações do fabricante. Com a pressão
certa, pode poupar 10 a 15 euros por mês na fatura do combustível. Com
uma pressão insuficiente, há um aumento da resistência ao rolamento (já
que exige um maior esforço da borracha) e, por isso, também do consumo
de combustível. Este aumenta cerca de 1% ou 2% por cada 0,2 bar de pressão
insuficiente. Além disso, os pneus desgastam-se mais depressa, o que, por
sua vez, gera mais resíduos (pois terá de os substituir mais cedo) e compro-
mete a sua segurança.

Os transportes públicos
Em 2018, o transporte público de passageiros manteve a tendência de
aumento já registada em anos anteriores. Contudo, este aumento deve-se,
essencialmente, ao transporte aéreo, que cresceu significativamente (veja
a tabela abaixo).

EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE PASSAGEIROS


POR TIPO DE TRANSPORTE (2018)
Meio de Passageiros Variação
transporte transportados (face a 2012)
Ferroviário 391,5 milhões +13%
Rodoviário 543,1 milhões -11%(*)
Marítimo e fluvial 24,5 milhões -14%
Aéreo 56,3 milhões +45%
(*) O transporte por metro tem mantido a tendência de aumento: em 2018, o metro de Lisboa transportou

169,2 milhões de passageiros, +4,7% face ao ano anterior (depois de +5,4% em 2017 e +7% em 2016).
O metro do Porto transportou 62,7 milhões de passageiros em 2018 (+3,4%, após +4,5% em 2017).
O metro Sul do Tejo assegurou o transporte de 12,3 milhões de passageiros (+3,4%, após +3,6% em 2017).

Fonte: Instituto da Mobilidade e dos Transportes e Instituto Nacional de Estatística.

Para conquistar quem ainda prefere o automóvel para se deslocar no


dia-a-dia, é preciso adequar o serviço de transportes públicos às necessida-
des dos consumidores, em termos de percursos, da quantidade de veículos
e da frequência de passagem. O mesmo se aplica à ligação entre diferentes
tipos de transporte: é essencial coordenar os percursos, os horários e o local
das paragens, para garantir deslocações rápidas e confortáveis.

205
A Consumo ecológico

Para a maioria dos consumidores, os meios de transporte mais rápidos


(como o comboio e o metro) não estão suficientemente perto de casa para
que possam ir a pé, e os autocarros nem sempre são uma boa solução,
devido à quantidade de paragens. O carro é, por isso, muitas vezes, a solu-
ção privilegiada. Dito isto, não tem de o levar sempre para dentro das cida-
des! Os parques de estacionamento perto das estações de comboio e das
principais ligações de transportes públicos podem, muitas vezes, ser uma
boa solução.

É, por isso, importante que o número de parques de estacionamento dis-


poníveis junto das estações, com uma boa capacidade e um preço diário
convidativo, aumente. Facilitar o acesso aos transportes públicos para quem
chega da periferia poderá evitar sobrecarregar os centros das cidades.

SABIA QUE…?
Um carro ocupa sete vezes mais espaço (de estacionamento, por exemplo) por passageiro
do que um autocarro.

O avião: uma necessidade?


De todos os meios de transporte, o avião é, incontestavelmente, o que mais
combustível consome e o que mais polui. Foi, também, o que se desenvolveu
de forma mais impressionante nos últimos 20 anos. E, como é óbvio, este
aumento amplificou muitos problemas, como o ruído e as emissões de gases
nocivos que contribuem para o aumento do efeito de estufa.

Do total de gases com efeito de estufa originados na Europa, 3% têm origem


no setor da aviação. A esmagadora maioria deve-se aos voos internacionais.
As estimativas para o ano de 2020 apontavam para um valor 70% superior
ao de 2005. Contudo, o crescimento acabou por não ser tão acentuado, não
só devido à pandemia da covid-19, que levou a uma quebra no número e
na frequência de voos, mas também graças à implementação de medidas
mitigadoras.

Ainda assim, o último relatório ambiental do setor, desenvolvido, em 2019,


pela Agência Europeia do Ambiente, revela que as emissões de CO2 proveni-
entes da aviação ultrapassaram os 136 milhões de toneladas, mais 16% face a
2005. As emissões de dióxido de carbono, de óxidos de azoto, de vapor de

206
A Poupe nas deslocações

água e de partículas de sulfato e de fuligem resultantes da circulação aérea


apresentam um impacto evidente no clima!

Além de medidas para reduzir as emissões de poluentes neste setor, todos


podemos dar o nosso contributo. É importante agir de forma responsável,
ponderando alternativas ao transporte aéreo (como o comboio) e, se possí-
vel, evitando deslocações desnecessárias. Em vez de viajar para participar
numa reunião, porque não organizar uma videoconferência?

IMPACTO AMBIENTAL DO AEROPORTO

1
1. Grande concentração
de passageiros e cargas
Aumenta o tráfego nas 3
imediações do aeroporto e a 2
produção de resíduos.
2. Produção de resíduos
Limpeza dos aviões e das
instalações aeroportuárias;
manutenção dos
equipamentos com
substâncias químicas, tais
EMISSÕES DE C02 PARA UMA
como anticongelantes. VIAGEM DE IDA E VOLTA DE CERCA
3. Emissão de poluentes DE 2000 KM NA EUROPA
Sobretudo na descolagem Meio de
e na aterragem. Emissões
transporte
4. Ruído Avião 240 a 300
Resultante dos motores das Carro 200 a 440
aeronaves e das unidades
auxiliares de energia. Comboio 160
Valores em quilos de CO2-equivalente

207
A Consumo ecológico

SABIA QUE…?
Uma viagem de ida e volta entre Lisboa e Nova Iorque gera sensivelmente a mesma quan-
tidade de emissões de dióxido de carbono que o aquecimento da casa de um cidadão
europeu num ano.

Pondere viajar de comboio


nas próximas férias. Gera
cerca de metade das emissões
de dióxido de carbono face
ao avião.

IDEIA PARA POUPAR


Explore alternativas ao avião. Por exemplo, para percursos com menos de mil quilómetros,
opte pelo comboio. Porque não usá-lo de Lisboa para o Porto, em viagens de negócios,
em vez de ir de avião? Se “for para fora cá dentro”, prefira viagens de autocarro ou de
comboio, em vez de usar o automóvel.

Tecnologias mais eficientes


Os meios de transporte motorizado constituem, de uma forma geral, o setor
mais problemático em termos de consumo de energias fósseis e de emissão
de gases poluentes. O desenvolvimento tecnológico já permite fazer, hoje,
escolhas mais sustentáveis em termos ambientais. Dispomos de motores
híbridos (a gasolina ou a gasóleo e elétricos) e de motores totalmente elétri-
cos, cujo impacto é bem menor.

Os carros híbridos (combustível/eletricidade) que existem no mercado per-


mitem uma poupança direta nos consumos de combustível. A combinação de

208
A Poupe nas deslocações

um pequeno motor a gasolina com um elétrico (que se recarrega enquanto


o carro anda ou quando trava) permite uma gestão de energia mais eficaz.

Os carros exclusivamente movidos a eletricidade não contribuem para a


poluição local, mas o consumo elétrico também polui se a energia com a
qual carregamos o carro não for produzida a partir de fontes renováveis e
que não emitam gases com efeito de estufa. Para produzir uma unidade de
eletricidade, algumas centrais consomem duas ou três unidades de outro
combustível, já para não referir o impacto ambiental das baterias. Ainda
assim, o saldo acaba por ser positivo.

Quando se está a pensar adquirir um veículo eléctrico, a autonomia pode


ser um problema. Contudo, nos últimos tempos, a oferta de veículos com
autonomias que rondam os 400 quilómetros tem vindo a aumentar signifi-
cativamente. Por isso, a pergunta impõe-se: precisamos de carros com uma
autonomia de 800 quilómetros quando conduzimos, em média, menos de
100 quilómetros por dia? Com um carro elétrico, poupa no combustível e na
manutenção do veículo, mas também nos impostos, já que os veículos 100%
elétricos estão isentos de impostos (IUC e ISV).

A autonomia das baterias dos


carros elétricos tem vindo a
aumentar, com vários modelos
que rondam os 400 km.

O nosso comparador online de carros (www.deco.proteste.pt/auto/automo-


veis) pode ajudá-lo no momento de escolher um modelo: pode consultar as
principais características dos veículos e comparar os resultados dos nossos
testes. O nosso simulador de custo por quilómetro pode ainda auxiliar na
escolha do carro mais económico (www.deco.proteste.pt/mobilidade/simu-
lador-por-km): além do valor de compra do veículo, este considera o com-
bustível, o seguro, os impostos, a manutenção e os pneus. Contempla quase
cinco mil carros, não deixando de fora nenhuma tecnologia: gás, gasolina,
gasóleo, elétricos, híbridos e híbridos plug-in.

Compare as vantagens e os inconvenientes de cada tecnologia associada ao


automóvel no quadro da página seguinte.

209
A Consumo ecológico

PRÓS E CONTRAS DE CADA TIPO DE CARRO


TECNOLOGIA VANTAGENS DESVANTAGENS
Gasóleo Os carros a gasóleo podem ser mais Emitem mais óxidos de azoto e, se o filtro
eficientes do que os carros a gasolina, de partículas não estiver a funcionar
pois permitem poupança de combustível. corretamente, emitem também mais
Têm uma longevidade maior. partículas do que os carros a gasolina.

Gasolina Os carros a gasolina têm um preço Consomem mais do que os carros a


de venda inferior ao dos veículos gasóleo, e o preço da gasolina é mais
a gasóleo. elevado. Produzem mais monóxido de
carbono e hidrocarbonetos do que os
motores a diesel.

GPL (gás Resulta de uma mistura de gás propano A instalação desta tecnologia ainda é
de petróleo e butano e é tão seguro quanto os limitada e não está disponível para todas
liquefeito) restantes combustíveis, desde que o as versões.
sistema de combustão seja montado de Nem todas as bombas abastecem GPL.
origem ou por instaladores devidamente Estes carros produzem mais monóxido
credenciados. de carbono e consomem mais 30% de
O preço por litro do GPL torna-o muito combustível face aos motores a gasolina,
competitivo face ao gasóleo e à gasolina. por o GPL ter um poder calorífico inferior
É um pouco menos poluente do que ao dos combustíveis tradicionais.
os motores a gasolina em emissões Em alguns parques subterrâneos,
de dióxido de carbono e não produz continua a não ser permitido estacionar
partículas. estes carros.

Biocombustíveis São de origem vegetal e, segundo as Os benefícios ambientais dos


normas europeias em vigor, podem ser biocombustíveis estão fortemente
misturados com gasolina (entre 5% condicionados pela forma como
e 7% de bioetanol) ou com gasóleo são produzidos e com a distância
(5% de biodiesel), sem ser necessário percorrida desde o fabrico até
adaptar o motor do carro. ao local de venda.
Reduzem as emissões de dióxido
de carbono na mesma proporção
do biocombustível usado.

Híbrido Combinam um motor a gasolina ou a Preço de aquisição relativamente


gasóleo com um elétrico, o que permite elevado.
reduzir o consumo e as emissões de Se a condução não for adaptada à
dióxido de carbono. tecnologia, acaba-se por ter consumos
mais elevados do que com modelos
idênticos a gasolina ou a gasóleo.

Elétrico São carros muito silenciosos, dada a Preços elevados e poucos modelos
ausência do motor de combustão. disponíveis, embora a oferta esteja
Estão isentos de impostos (ISV e IUC). a aumentar, com alguns modelos já
Funcionam apenas a eletricidade. disponíveis a preços mais acessíveis.
Se esta for produzida com uma grande Autonomia reduzida nalguns modelos,
contribuição de energias renováveis, embora haja cada vez mais opções
pode considerar-se o carro elétrico a com autonomias que rondam os
tecnologia mais limpa. Poupam no 400 quilómetros.
combustível e na manutenção.

210
A Poupe nas deslocações

IDEIA PARA POUPAR


Se pretende comprar um veículo 100% elétrico, pode candidatar-se ao incentivo do Estado,
através do balcão online no site do Fundo Ambiental (em www.fundoambiental.pt, entre
na secção “Incentivo Veículos de Baixas Emissões”). Em 2020, o valor do financiamento
para um carro 100% elétrico era de 3000 euros. Há também verbas disponíveis para moto-
ciclos e bicicletas elétricas.

Como reduzir as deslocações?


É preciso tomar medidas para melhorar a qualidade de vida nas cidades e
reduzir os riscos para a saúde. Não basta melhorar a eficiência energética dos
meios de transporte, diminuir o uso de combustíveis fósseis e as emissões de
gases poluentes. É necessário promover uma mobilidade sustentável, pois
só assim se conseguirá diminuir o uso crescente do automóvel. Para o efeito,
há que promover o recurso a meios de deslocação alternativos, garantir que
os meios de transporte públicos respondem às necessidades económicas,
sociais e ambientais das pessoas e reduzir as repercussões negativas que
advêm da sua utilização.

ATENÇÃO!
No contexto da pandemia da covid-19, o uso do automóvel em detrimento dos transportes
públicos é recomendado para reduzir o risco de contágio. Existem, contudo, alternativas
mais sustentáveis. Devemos procurar ser criativos na mobilidade. Quem está em teletraba-
lho, por exemplo, pode fazer compras no bairro para reduzir as deslocações de carro. Usar
a bicicleta e andar mais a pé também são opções mais ecológicas e saudáveis. Enquanto
o risco de contágio existir, as soluções como o car sharing são pouco aconselháveis. Se não
tiver alternativa, respeite as medidas de segurança. Use máscara, higienize as mãos e cum-
pra a lotação do veículo autorizada. Ultrapassada esta crise, devemos voltar a promover
em força o uso dos transportes públicos e a partilha de veículos privados.

• Muitos percursos podem ser feitos a pé, de bicicleta ou de transportes públi-


cos: tal melhora a forma física e diminui as despesas relacionadas com o
automóvel. Isto não significa que tenha de arrumar o carro definitivamente
na garagem: use-o apenas quando for indispensável e partilhe as viagens
com colegas de trabalho ou amigos.

211
A Consumo ecológico

IDEIA PARA POUPAR


Se não puder prescindir da utilização do carro para ir trabalhar, procure partilhar a viagem
com colegas que vivam perto de si. Evitará, assim, a produção de cerca de uma a duas
toneladas de dióxido de carbono por cada dez mil quilómetros. Além disto, os gastos com
a gasolina poderão ser divididos, o que ficará seguramente mais barato.

• Não se esqueça ainda de adotar uma condução mais ecológica, com menos
acelerações, travagens bruscas e manobras intempestivas (leia os nossos
conselhos sobre ecocondução a partir da página 200) e não descure a manu-
tenção (veja a página 204).

• As empresas têm, por sua vez, um papel importante na redução do volume


de deslocações: facilitar o teletrabalho, disponibilizar autocarros para trans-
portar os trabalhadores, incentivar a partilha de automóveis ou fomentar
as jornadas contínuas e os horários flexíveis, para evitar aglomerações nas
horas de ponta e atrasos frequentes, são algumas medidas a promover.

SABIA QUE…?
Os serviços de bike sharing, scooter sharing e car sharing são cada vez mais populares e
podem ser geridos facilmente através de aplicações no seu smartphone. Caso precise
mesmo de utilizar o carro, procure otimizar a viagem, partilhando-a com outros passa-
geiros ou recorrendo às plataformas de car sharing. Para mais informações sobre estes
serviços e outras soluções de mobilidade para além do carro, consulte também o portal
Mais Mobilidade da DECO PROTESTE em www.deco.proteste.pt/mobilidade.

• É ainda importante repensar o ordenamento das cidades e das novas urba-


nizações, para reduzir as deslocações de longa distância. A concentração de
atividades (residencial e empresarial) em zonas muito distantes, por exem-
plo, obriga a deslocações permanentes. Além disso, quando se decide onde
instalar determinadas zonas comerciais ou de trabalho, importa levar em
consideração os tipos de transporte público existentes e a facilidade dos
acessos. O aumento de áreas com ciclovias e de zonas pedonais é um bom
incentivo para deixar o carro em casa.

212
Índice remissivo
Consumo ecológico

A
Acordo de Paris..................................... 11, 12 Alimentação sustentável................. 30, 38-54
Agência Portuguesa Alimentos
do Ambiente (APA)............... 23, 60, 61, 63, biológicos ........... Veja Agricultura biológica
. 73-74, 92, 103, 106, 191 carne ...............................................50-52
Agricultura cereais................................................... 53
biológica/orgânica.....24, 29, 36, 48-50, 52 como arrumar....................................... 42
fertilizantes......................48-52, 62, 79, 94 como conservar/congelar..................41-43,
intensiva .........................10, 14, 38, 39-40, . 133-135, 141
. 50-51, 61, 100, 124, 128, 192, 193 como cozinhar........................ 141-142, 144
Água embalagens e sacos para.............69, 70-72
com calcário............................27, 104, 120 fruta, legumes e leguminosas..... 44-49, 53
com cloro.......................................69, 104 impacto ambiental dos.............. 39-40, 48,
com compostos organoclorados.... 104, 105 . 50, 51, 52
como poupar...................... 30, 57, 85, 101, onde comprar................................... 47-49
. 103, 107-117, 136-137, 139-140 origem dos..................................44-47, 48
como reutilizar a..............................117-119 peixe.................................. 30, 42, 52, 193
da torneira .................... 39, 102, 103, 104, prazo de validade dos.................. 41, 42, 43
. 105-107, 111 processados ..................................... 53-54
dispositivos economizadores de.......108-114 reduzir desperdícios de................ 41-43, 121
engarrafada........................... 103, 106, 111 sobras de......................................... 43, 94
escassez de.............................. 10, 100, 101 Alterações climáticas..................10-11, 14, 38,
filtros de...............................................107 . 48, 124
fugas de..........................................115-116 Alumínio.......................................10, 69, 167
gastos de .................. 38, 39, 47, 50, 51, 64, Amianto............................................. 161-162
. 67, 71, 100, 101, 149 Andar a pé.............14-15, 56, 70, 191, 196, 211
para consumo doméstico ............. 101-102 Animais (em risco).................... 10, 36, 49, 57
preço da...........................64, 101, 104, 107 Aquecedores elétricos ....................... 121, 164
sabor, cor e cheiro da.............. 69, 104, 105 Aquecimento
tratamento da........................90, 101, 104, da casa.......... Veja Sistema de aquecimento
. 105, 107, 109 global do planeta......10-11, 13, 101, 124, 189
Águas Ar condicionado..................................171-173
das fontes públicas......................... 105-106 Arca congeladora ..............................134-135
furo privado para captação de.............. 106 Arejar a casa............................... 27, 156, 159
pluviais.............................. 113, 117-119, 120 Arquitetura bioclimática .....................156-157
poluição das......... 24, 26, 61, 67, 69, 74, 76, Artigos em segunda mão........... Veja Comprar
. 90, 92, 109, 120 em segunda mão
quentes sanitárias.......... 105, 129, 150, 165, Árvores ...........37, 80, 94-97, 116, 155, 156-157
. 166-167, 174-185 Associações de apoio social.............23, 76, 82,
residuais cinzentas................... 118-119, 153 . 89, 90
residuais domésticas............................. 117 Aterros sanitários....... 14, 19, 60-65, 67, 92-94
Alergias.............................. 24, 33, 34, 35, 36 Autocarro.......55, 191, 195, 197, 206, 208, 212

214
Índice remissivo

Autoclismo.................... 30, 102, 109, 110-113, residual..................................141, 142, 144


. 115, 117, 119, 153 Cantil.................................................69, 104
Automóvel Cápsulas de café.......... 63, 77, 79, 80, 88, 126
acessórios..................................... 202-203 Cartão .............................. Veja Ecoponto azul
alternativas ecológicas ......................... 211 Carro.....................................Veja Automóvel
as várias tecnologias ........................... 210 Casa passiva.............................................164
baterias..............................82-83, 209-210 Centrais
como escolher............................... 198-199 nucleares .............................................163
ecocondução................................200-202 termoelétricas..............................163, 209
elétrico ........................................208-209 Certificação energética dos edifícios... 150-152
fim de vida.......................................82-83 Chaminé de exaustão..................177, 181, 182
manutenção.................................204-205 Cloro............................................24, 69, 104
pneus .......................................Veja Pneus Clorofluorcarbonetos (CFC) ...................13, 31
poluição ................. Veja Tráfego rodoviário Coletor solar.............................. 153, 182, 184
e Gases poluentes Combustíveis
poupar combustível.......................199-204 de fontes renováveis ................. 12, 57, 128,
Avião . 153, 164, 166-167, 185, 209, 210
alternativas................................... 55, 208 fósseis ....................... 13, 50, 121, 124, 128,
impacto ambiental..........44, 195, 206-208 . 163, 194, 208, 211
número de passageiros.................. 55, 205 Compostagem ............ 19, 43, 62, 63, 66, 67,
. 74, 80, 92-97
B Compostos orgânicos voláteis.............. 27, 33,
Baterias ...............Veja Pilhas e acumuladores . 189, 190
Bicicleta .............................14-15, 56, 76, 191, Comprar
. 195-197, 203, 211 a granel.....................................44, 70, 161
Biocidas...............................................82, 91 carro............................................. 198-199
Biodegradável...........................Veja Resíduos eletrodomésticos............................ 130-141
biodegradáveis em segunda mão............. 66, 75-76, 82, 89
Biodiesel..................................... 80, 90, 210 impacto do hipermercado......................48
Biodiversidade .........................39, 48, 53, 55 resistir à tentação..............................18-20
Biológico.......................24, 29, 36, 48-49, 52 Computador e periféricos............... 21, 23, 29,
Biomassa..................... 128, 166, 181-182, 185 . 30, 31, 63, 76, 83, 88,
Biorresíduos ..............Veja Resíduos orgânicos . 89, 92, 127, 146
Bomba de calor............. 164-165, 175, 184-185 Conforto térmico...................... 130, 152, 154,
Buraco de ozono........................... Veja Ozono . 159, 163, 164, 170
Conservas....................................... 41, 42, 54
C Construção..............118, 124, 129-130, 149-161
Cadeia alimentar....................................... 74 sustentável.....................................152-153
Caixilharia das janelas............... 156, 158, 159 Consumo
Caldeiras........................................... 165-183 de dois litros de água por dia................107
Calor do autoclismo....................................... 112
fugas de....................155, 157, 158, 159, 171 dos eletrodomésticos............................126

215
Consumo ecológico

de água em Portugal............................ 101 verde (vidrão)...................................84-85


de água para produzir alimentos.......... 100 Ecossistema............................13, 39, 124, 188
de água por 100 gramas de proteínas......51 Ecovalor....................................................64
de energia em casa...............................129 Eletricidade
de energia por setor..............................193 consumo.....................39, 115, 125-127, 129
de recursos no ciclo de vida do produto.... 22 energias alternativas.............................128
dos equipamentos em standby .......145-147 etiqueta energética...........131-132, 134, 136
familiar por setor................................... 39 impacto ambiental..............13, 21, 22, 124,
sustentável.................47, 111, 140, 145, 148 . 130, 163, 185
Cosméticos naturais.............................. 36-37 poupar com eletrodomésticos ........130-147
poupar na climatização ........... 162, 171-172
D poupar na iluminação ....................147-149
Depositrão....................... Veja Ponto electrão Embalagens
Descartável.................................... 67-71, 153 excesso ou sobreembalagem .......... 35, 44,
Desflorestação...................... 11, 13, 36-37, 39 . 71-73, 79
Desperdícios........................ 19-20, 38, 40-43, impacto ambiental das..................... 36, 71
. 61, 102, 113, 115, reduzir............................28, 29, 35, 66, 69
. 124, 130, 141, 145 Embalão ....................Veja Ecoponto amarelo
Detergentes......................................... 26-33 Emissões
Dispositivos economizadores de água....108-114 de dióxido de carbono por quilómetro.... 191
Dióxido de carbono...........12-15, 23, 124, 146, de gases com efeito de estufa,
. 163, 174, 185, 189, 191-199, por alimento.......................................... 52
. 202, 207, 208, 210-212 de gases com efeito de estufa,
Doar artigos ........................ Veja Associações por setor...............................................192
de apoio social Energias
fósseis ................. Veja Combustíveis fósseis
E renováveis ..................... Veja Combustíveis
Ecocentro.................................. 80-83, 89-91 de fontes renováveis
Veja também Ecoponto Entulho...............................63, 82, 91, 153
Ecocondução....................................200-202 Equipamento de proteção................... 33, 162
Ecodesign.................................................. 72 Esferovite.......................... 63, 72, 86, 87, 155
Eco-hotéis................................................. 57 Esgoto....................... 33, 34, 68, 83, 90, 109
Economia circular............................... 76, 153 Espelhos....................................... 64, 80, 85
Ecoponto Esponja................................................27, 68
amarelo (embalão)...........................86-88 Esquentador........................ 109, 175-180, 183
azul (papelão)..................................85-86 Extensão elétrica......................................147
castanho ...............Veja Resíduos orgânicos
e Compostagem F
oleão...............................................89-90 Fabrico de produtos..................22-23, 66, 68,
pilhão....................................................90 . 71, 82, 85, 86, 121
ponto electrão .................................88-89 Fachada da casa.................. 156-158, 160, 172
rolhinhas...............................................89 Farmácia .............................................82, 91

216
Índice remissivo

Férias.....................................54-57, 195, 208 Higiene pessoal ............25, 33-37, 87, 102, 111
Veja também Turismo sustentável Humidade ...................138, 156, 158-160, 162
Fertilizantes agrícolas............. 39, 40, 48, 50,
. 52, 62, 94, 117 I
Fibrocimento ............................ Veja Amianto Iluminação ................... 126, 127, 129, 147-149
Forno elétrico................................ 27, 141-142 Impacto ambiental
Fraldas...........................................64, 67, 86 das embalagens.....................................71
Frascos e boiões.....35, 63, 68, 80, 82, 84, 85 do fabrico dos produtos.......................... 22
Veja também Ecoponto verde dos aeroportos.................................... 207
Frestas na parede...................... 154, 158, 159 do hipermercado ..................................48
Frigorífico............................. 21, 27, 41-42, 77, Impacto dos poluentes na saúde .........10, 24,
. 126, 133-135, 141, 144 . 27, 29, 31, 34, 75, 124,
Fruta e legumes ................. 19, 41, 42, 44-47, . 130, 161, 189-192
. 52, 93-94 Incinerar................................. 19, 62, 64, 65,
Fuligem............................................171, 207 . 67, 91, 93, 94
Indústria
G alimentar ................................36, 53, 100
Garrafa..............................21, 63, 66, 70, 72, automóvel ................................... 195, 199
. 80, 84, 87, 103-104, 107, 111 fabrico de produtos .................... 14, 37, 61,
Gás....................... 13, 125, 128, 130, 143, 163, . 100, 101, 120, 124,
. 165, 166, 176, 177-184 . 128, 192-193
Gases hoteleira .......................................... 54-55
com efeito de estufa (GEE) .......... 10-14, 36, Inércia térmica ....................................... 160
. 38, 44, 47, 48, 51-54, 64, Inseticidas e outros biocidas...... 28, 33, 82, 91
. 86, 92, 124, 128, 130, Intoxicação........................................177, 179
. 149, 188, 191-194, 195, Isolamento
. 197, 206, 209 acústico ........................................ 154-155
poluentes.........11-14, 24-34, 44, 47, 48, 55, da canalização...................................... 175
. 76, 84, 124, 149, 190, 192, e arquitetura bioclimática...............156-157
. 197, 199, 204, materiais de...................................160-161
. 207-208, 211 térmico da casa............................. 154-159
refrigerantes......................................... 174
Gestão de resíduos ...............Veja Tratamento J
de águas e resíduos Janelas............................... 30, 131, 155, 156,
Granel ......................... Veja Comprar a granel . 158-159, 162, 172
Green Deal.........Veja Pacto Ecológico Europeu Jardins......................... 43, 62, 68, 82, 93-97,
Greenwashing................................ 25, 29, 36 . 116-117, 119
Guardanapos e lenços de papel............64, 86 Jarro filtrante..................................... 69, 107

H L
Habitat..................................... 11, 39, 57, 188 Lâmpadas ............................ Veja Iluminação
Hidrogénio...............................................128 Latas.............................................. 63, 67, 87

217
Consumo ecológico

Lavar loiça ........... Veja Máquina de lavar loiça P


Lavar roupa........ Veja Máquina de lavar roupa Pacto Ecológico Europeu................... 190, 192
e de secar roupa Papel de cozinha....................64, 68, 86, 120
Limpezas.............................................. 25-32 Papel, cartão e papelão .... Veja Ecoponto azul
Lixo indiferenciado.................... 34, 64-65, 67, Parede de trombe ....................................157
. 70-71, 78, 80-83 Paredes ...... 27, 68, 149, 151, 154-160, 167, 172
Pavimento (isolamento).......151, 155-158, 160
M Pegada ecológica.....5, 11, 21, 23, 75, 125, 188
Madeira............................. 27, 30, 37, 40, 63, Pesticidas......................24, 31, 36, 39, 48-50,
. 83, 91, 93, 94, 95-97, 153, 160 . 82, 91, 95
Máquina Petróleo........................... 13, 33, 36, 86, 124,
de lavar loiça ...................114, 126, 139-140 . 128, 193-194, 210
de lavar roupa .........................126, 135-137 Pilhão ................................................ 83, 90
de secar roupa.........................126, 137-138 Pilhas e acumuladores.................. 62, 63, 65,
Materiais para isolar a casa..... Veja Isolamento . 73-75, 83, 88, 90
Medicamentos .................62, 63, 82, 91, 120 Pírex...................................................80, 85
Mercúrio ..................................74-75, 82, 91, Piso radiante.................................... 166, 168
Metais..................... 62, 63, 71, 80-83, 86-88 Placas de cozinha.............................. 144-145
pesados......................................24, 74, 90 Plantas........ 97, 115, 116-117, 119, 157, 162, 172
Metano ................................... 12, 14, 51, 163 Veja também Árvores e Vegetação
Metas Plástico ......................Veja Ecoponto amarelo
de redução da poluição ................... 11, 192 Pneus
de reciclagem dos resíduos ... 60, 70, 71, 94 manutenção..................201, 204-205, 209
Microplásticos...........................................69 usados................................. 62, 64, 82-83
Mobiliário...................................... 63, 82-83 Poliestireno expandido (EPS) .....Veja Esferovite
Monóxido de carbono............... 177, 179, 189, Política dos 3 R
. 197, 210 o que é............................................. 65-67
Motas............................................... 191, 212 reciclar.............................................. 77-91
reduzir............................................... 67-75
N reutilizar............................................ 75-77
Neutralidade carbónica...... 166, 182, 191, 192 Poluição
atmosférica.............13, 49, 53, 76, 90, 128,
O . 188-192, 197, 204, 209
Obras..................... 118, 150, 153-161, 164, 174 da água..................... 10, 24, 49, 51-53, 68,
Oleão ..................................................89-90 . 69, 74, 76, 90, 92,
Óleo . 100, 120, 124
de palma......................................... 34, 36 do solo..................... 10, 14, 39, 49, 53, 55,
mineral............................................83, 91 . 69, 74, 76, 90, 92, 124
Óleos Alimentares Usados (OAU)......... 62, 63, Pontes térmicas ................................. 157-159
. 67, 80, 89-90, 120 Ponto electrão e depositrão ...........31, 80-83,
Orientação solar.................................156-157 . 88-89
Óxido de azoto................................... 14, 199 Prazo de validade ............... 19, 20, 41, 42, 72
Ozono ..............................13, 31, 45, 190, 191 Princípio do poluidor-pagador....................64

218
Índice remissivo

Produtos químicos............ 24, 48, 68, 82, 120 Sensor de temperatura exterior................169
Protocolo de Quioto................................... 11 Separação do lixo.......................Veja Triagem
Publicidade ........................... 36, 56, 73, 198 Símbolos ecológicos.......25, 28, 29-32, 37, 57
Sistema
Q de aquecimento ............................. 163-171
Quilowatt (kW)....................125-126, 130, 137, de produção de águas
. 146, 163, 181 quentes sanitárias (AQS) ................174-185
de ventilação mecânica ........................159
R solar térmico.................... 166-167, 182-184
Radiografias ........................................82, 91 Smog...................................................... 190
Reciclar........................66-67, 70-71, 76, 77-91 Sol (luz solar)........................12, 156, 171, 190
Recolha seletiva..........................Veja Triagem Solventes.............................................27, 68
Recuperação de energia............19, 62, 67, 82 Sombreamento........................................156
Recuperar.................. 43, 66, 70, 94, 115, 117, Standby ................................. 15, 127, 145-147
. 141, 153, 167 Sustentabilidade
Refrescar a casa .......................... 162, 171-172 conceito........................................... 10, 14
Rega (sistemas de) ..................... 109, 115-119 dos cosméticos e dos
Reparar ............ 23, 66, 113, 116, 161, 174, 204 produtos de higiene...........................33-37
Resíduos produzidos em Portugal dos edifícios................................... 150-153
por habitante e por dia...........................61 dos produtos de limpeza................... 26-28
por tipo.................................................63 e mobilidade..................189, 196, 208, 211
Resíduos e símbolos ecológicos..................29-32, 37
biodegradáveis..........28, 29, 33-34, 47, 60, Veja também Publicidade
. 62, 92-94 na alimentação ............... 38-40, 44, 47, 52
de equipamentos elétricos no turismo ....................................... 54-57
e eletrónicos (REEE)...........31, 63, 67, 80-83
do jardim (verdes)..................63, 82, 91-94 T
orgânicos.................. 19, 60, 63, 80, 92-94 Tachos................................. 64, 88, 140, 144
perigosos......... 63, 80, 86, 88, 89, 120, 162 Talheres........................................ 64, 70, 88
Resistência ao fogo.................................. 160 Taxas municipais................................. 64, 65
Ruído....................................15, 48, 132, 136, Telemóveis.............21, 22, 23, 63, 81, 88, 146
.154-155, 181, 188, Televisão e equipamento
. 189, 206, 207 eletrónico.......................5, 21, 22, 30, 63, 83,
. 142-143, 146
S Telhado.......... 118, 119, 155, 156, 158, 160, 172
Sacos Temporizador.................................... 127, 183
alternativas................................ 68, 69-70 Termoacumulador elétrico...........175-179, 183
biodegradáveis................................ 60, 62 Termossifão..............................................182
com rodas............................................. 70 Termóstato.................................169, 170, 178
de papel................................................ 70 Tetos ...................................127, 147, 155, 172
de plástico................................... 68-71, 86 Tetra Pak (embalagens)............ Veja Ecoponto
reciclagem.................................. 21, 86-88 amarelo
reutilizáveis....................................... 70, 71 Tinteiros e toners....................... 63, 76, 81, 91

219
Consumo ecológico

Toalhas de mesa........................................68 U
Toalhetes húmidos........................ 34, 68, 86 União Europeia.................. 12, 36, 49, 55-56,
Torneiras...........................15, 30, 102, 107-111 . 60, 65, 124, 143, 191,
Torradeira...................... 63, 76, 125, 126, 143 . 193, 194, 195
Tráfego Urbanismo......................... 195, 206, 211, 212
rodoviário....................... 48, 188, 189, 190, Usar e deitar fora ..................Veja Descartável
. 191, 192, 207
aéreo...................... 55, 192, 193, 205, 207 V
Transporte de mercadorias....44, 55, 188, 189 Valorização dos resíduos...........65, 67, 72, 79,
Transportes públicos ........................205-206 . 82, 86, 90, 92
Tratamento de águas Válvulas termostáticas.......................169, 170
e resíduos .................................... 62, 63, 65, Vaso de expansão.............................. 167, 168
.89, 91, 103, 109 Vegetação...........................................15, 172
Triagem................ 31, 67, 71-72, 77-79, 80-84, Ventilação........ 151, 155, 158, 159, 171-172, 177
. 85-87, 93, 103 Ventiloconvetor................................. 166-169
Turismo sustentável ............................. 54-57 Vidro e vidrão.................. Veja Ecoponto verde
Veja também Férias Vidros duplos ou triplos.................... 156, 158

220
Também nesta coleção:

Descubra todo o catálogo em

www.deco.proteste.pt/guiaspraticos

221
222
Quer um mundo
mais sustentável?
Melhores escolhas e atitudes levam
a que, juntos, possamos contribuir
para que a humanidade continue a ter
futuro neste planeta. Veja os nossos
conselhos para o ajudar no processo.

Visite o nosso portal da Sustentabilidade

www.deco.proteste.pt/sustentabilidade

223

Você também pode gostar