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Dissertação de Mestrado
Orientador na FEUP: Engenheiro Jorge Lino
fevereiro de 2018
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Resumo
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Abstract
This thesis consisted on following a product since its beginning until its delivery to the client.
This procedure ensured the registration of all the variables that are defined throughout the
project, with special attention in the machining phase and the future objective of simulate the
work conditions the most similar as possible to discover the ideal workpieces and operations,
to guarantee a more fast and economic process, without forgetting the clients needs and
requirements. First of all it was made the company’s structure and organization recognition,
through its Manual da Qualidade and by knowing its departments: quality, budgeting, quality
control, etc.
In terms of preparation, to better develop, in autonomy, the thesis work was used an
accelerated professional process to complement practical knowledge through frequency of
practical training in turning, milling, parametric modeling and CNC programming and
execution of components in CNC turning and milling center.
It was concluded that the Ø20 mill and the plung were the tools with the best performance in
terms of material removal rate and surface finish. The plung also stood out, for the worst
reason, in the dimensional precision, because it leaves crests with lots of material,
demanding prefinishing operations, increasing the total time of the operation. A number of
improvements have been achieved and the fast-feed mill was the only Optimization Project
tool to perform worse than the mill used in the TSF Project.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Agradecimentos
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Índice de Conteúdos
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Índice de Figuras
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Índice de Tabelas
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Abreviaturas
Símbolos
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
1. Introdução
1.1 A TSF
A TSF (Tomé, Sousa e Fernando) – Metalúrgica de Precisão é uma empresa com
93 colaboradores especializada em maquinagem CNC (torneamento e fresagem 5 eixos)
de alta precisão, Construção Soldada Técnica e Assemblagem de equipamentos sediada
no norte de Portugal, em Ribeirão – Vila Nova de Famalicão.
É uma empresa com aproximadamente 22 anos de experiência e conhecimento
que exporta cerca de 90% da sua produção, sendo que os principais mercados para os
quais produz são a indústria nuclear (30%) e alimentar (20%) e a cosmética e perfumaria
(25%). Também produz para as indústrias petroquímica, farmacêutica e aeronáutica.
Assume-se no mercado como um parceiro de referência com competências
técnicas e operacionais na produção e prestação de serviços indo ao encontro das
exigências mais ambiciosas e complexas apresentadas pelos seus clientes.
Na Figura 1, é possível observar o percurso da TSF desde a sua criação.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
2. Estado da Arte
2.1 Maquinabilidade
2.1.1 Introdução
➢ Vida da Ferramenta
➢ Formação de Apara
➢ Acabamento Superficial
➢ Taxa de Remoção de Material
➢ Força/Potência de Corte
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Com um grande conjunto de testes de maquinação, é possível, através destes critérios, criar
uma boa avaliação de maquinabilidade para grande parte das situações. No entanto, cada
caso exige uma projeção e um planeamento de maquinagem, devido à grande variabilidade
deste processo.
Nota (1): Este fenómeno é conhecido como aresta postiça de corte. Forma-se
na superfície de contacto entre a apara e a superfície de saída de apara da
ferramenta e verifica-se com mais frequência quando se está a maquinar a
baixas/médias velocidades. Uma camada de material solda-se/adere à
ferramenta como se pode ver na Figura 2. Quando a força de atrito por
unidade de área é superior à resistência ao corte do material da peça, uma
porção da apara adere à ferramenta e solda-se a ela por ação da pressão de
contacto e da temperatura [3].
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Figura 2 – Fenómeno de formação de uma aresta postiça de corte ('BUE') (adaptado de [3])
São geralmente recomendadas algumas medidas para evitar a formação deste indesejável
fenómeno, [4]:
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Figura 3 – Ângulo de saída da apara das ferramentas. Do lado esquerdo uma ferramenta mais afiada
com um ângulo de saída positivo e do lado direito uma mais robusta com ângulo de saída negativo
(adaptado de [3])
Figura 4 – Relação entre condutividade térmica (TC) e a maquinabilidade (M); 1 - alumínio; 2 - aço
não-ligado; 3 - aço ligado; 4 - aço inoxidável; 5 - ligas HTRS (High Temperature Resistant Steel) [2]
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Figura 6 – Influência dos elementos de liga nas propriedades dos aços a ser maquinados [6]
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A maior parte dos materiais usados no processo do corte de metais são ligas de ferro,
alumínio, cobre e níquel. Tendo em conta os materiais usados neste projeto, irão ser o foco
os aços inoxidáveis austeníticos e uma liga de alumínio.
➢ Aços inoxidáveis austeníticos – é o grupo mais comum dos aços inoxidáveis e o mais
usado em aplicações industriais. Os aços inoxidáveis austeníticos são usados
mundialmente na indústria nuclear devido às suas desejáveis características e
resistência à corrosão em ambientes aquosos. Há, no entanto, bastantes dificuldades
na sua maquinagem, visto que se trata de um material dúctil, com baixa condutividade
térmica e com uma grande tendência para endurecer em trabalho. A integridade
superficial dos seus componentes é vital, uma vez que influencia diretamente a
corrosão e a resistência à fadiga. Do ponto de vista da resistência à corrosão, estes são
superiores aos outros (ferríticos e martensíticos). O mais comum é o 18/8 (18% Cr – 8%
Ni). Este aço representa o mais básico em termos de resistência à corrosão. Para um
melhoramento desta característica é possível a adição de molibdénio, e aí encontra-se
por exemplo o 18/8+2 Mo. A adição de enxofre à composição dos aços inoxidáveis, que
contém apenas 0,03% em peso de enxofre, é feita para obter inclusões MnS que
geralmente melhoram a maquinabilidade do material [8]. Estes aços são caracterizados
por um alto endurecimento no trabalho e baixa condutividade térmica. Geralmente, são
mais difíceis que maquinar que outros aços ligados. Os aços inoxidáveis austeníticos
apresentam uma flutuação da força de corte muito maior que nos outros aços. A
maquinabilidade deste grupo de materiais é fraca e é um material geralmente difícil de
cortar, ao qual normalmente está associado o aparecimento de arestas postiças de
corte, que colocam em causa a integridade da ferramenta e o seu tempo de vida.
Existem algumas medidas a serem tomadas para uma melhor maquinagem destes
materiais:
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Existem dois tipos de fresagem, como se vê na Figura 8, que se prendem com a relação
entre a direção do avanço e o sentido de rotação da ferramenta. Assim, existe a
fresagem convencional que ocorre quando a rotação da ferramenta se dá no sentido
oposto ao do avanço - caso A e a fresagem ascendente que ocorre quando a rotação
da ferramenta se dá no mesmo sentido do avanço – caso B.
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baixa favorece o aumento de vida da ferramenta e também que para cada uma das
duas velocidades de corte testadas, quanto menor é o avanço, maior é o número de
furos que a ferramenta consegue efetuar antes de atingir o limite de desgaste imposto.
O efeito dos parâmetros de furação no diâmetro do furo está visível na Figura 10. Os erros
são claramente menores para a velocidade de corte de 18 m/min. Isto porque quanto maior
é a velocidade de rotação da ferramenta maior é a vibração da mesma, o que conduz a
erros, sendo o maior de cerca de 80 µm. O menor valor de desvio é de cerca de 7 µm e
ocorre para uma Vc = 18 m/min e um avanço de 0.03 mm/rot.
Figura 10 – Efeito dos parâmetros de furação nos desvios, em micrómetros, à cilindricidade dos furos
realizados [10]
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Maquinar a seco pode ter efeitos ambientais e económicos muito positivos. Antes de
maquinar sem qualquer tipo de lubrificante é preciso garantir as suas funções de outro modo
sendo que é estimado que o lubrificante seja responsável pelo transporte da apara (70%),
arrefecimento (20%) e lubrificação (10%) [3].
Foi feito um estudo por N.I.Galanis et al (2008) [11] que consiste na comparação da
maquinação do aço inoxidável AISI 422 (321 HV) com lubrificação e maquinagem a seco
com os dois termos de comparação a ser a temperatura da ferramenta de corte e o
acabamento superficial da peça. Os fluídos de corte ajudam a transportar o calor gerado no
corte para longe através da remoção de apara do local de corte e do arrefecimento e
lubrificação da peça. Por outro lado, as preocupações ambientais e de segurança forçam a
que haja um estudo cada vez maior da maquinagem a seco.
A experiência consistiu em tornear amostras a 252, 273 e 306 m/min a seco e com
lubrificação, variando também profundidade de corte e avanço. Os resultados revelaram que
na maquinagem a seco, os valores de rugosidade e de temperatura foram mais elevados na
maior parte dos casos. Na Figura 12, é possível ver um dos gráficos que mostra a
rugosidade obtida, para a velocidade de 306 m/min. É possível ver que para 1 mm de
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Figura 12 – Rugosidade para maquinagem a seco (colunas a cinzento escuro) e com lubrificação
(colunas a cinzento claro) com uma Vc=306 m/min [11]
Figura 13 – Temperatura na face da pastilha oposta à de corte para maquinação a seco (colunas a
cinzento escuro) e com lubrificação (colunas a cinzento claro) com Vc=252 m/min [11]
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Foi levada a cabo uma experiência por A. Maurotto et al (2014) [12] com o aço
inoxidável austenítico 304L, com as dimensões 800x20x20 mm e com a composição da
Tabela 1.
Esta experiência foi feita para identificar a influência dos parâmetros de corte e criar um
modelo de previsão de resultados de maquinagem. Foram efetuados 10 testes de
maquinagem com a mesma ferramenta, alterando as pastilhas no início de cada teste
para garantir igualdade para todos. Os testes de maquinagem foram efetuados numa
‘Mazak Vertical Center Smart 430A’, com capacidade de rotação de 12000 rpm. Usou-
se uma Coromill R300 da Sandvik de Ø53 com 5 pastilhas como a da Figura 14.
Na Tabela 2, é possível ver os valores definidos para os parâmetros de corte dos vários
testes de maquinagem.
Tabela 2 – Valores dos parâmetros de corte definidos para os vários testes de maquinagem [12]
Experiência Vc [m/min] Ap [mm] Fz [mm/dente]
1 200 2.5 0.07
2 40 4.5 0.07
3 200 4.5 0.25
4 120 3.5 0.16
5 40 2.5 0.25
6 120 3.5 0.16
7 200 2 0.25
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8 300 2 0.35
9 150 2.6 0.15
10 200 2.5 0.07
Figura 15 – Tensão sofrida pelas superfícies maquinadas em função da profundidade de corte [12]
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
É possível concluir que têm que ser tomadas medidas no sentido de prevenir o
aparecimento de arestas postiças de corte que prejudicam bastante o acabamento
superficial e o controlo dimensional e o encruamento em trabalho que, no pior dos cenários,
pode aumentar tanto a dureza do material que leve à quebra da ferramenta. É muito
importante a correta escolha da ferramenta, com ângulos de saída adequados ao material
que se vai maquinar. Em termos práticos, foi possível chegar à conclusão que o aumento da
profundidade de corte e da velocidade de corte estão associados a uma melhoria da
rugosidade superficial e que o aumento do avanço e da profundidade de corte provocam um
aumento das forças de corte, devido à maior quantidade de material que é arrancado.
➢ Alumínio – a maior parte dos alumínios que são usados na indústria do corte de
metal são normalmente ligas de alumínio. Isto porque o alumínio puro é um material
com baixa resistência mecânica e muito dúctil. Os principais elementos de liga são o
cobre, o manganês, o magnésio e o zinco. O cobre melhora a maquinabilidade, o
manganês melhora a ductilidade, o magnésio melhora a resistência à corrosão e o zinco
melhora a resistência mecânica. As ligas de alumínio têm boas propriedades para
maquinagem. As temperaturas no corte são geralmente baixas e altas velocidades
podem ser usadas regularmente. A geometria necessita de uma aresta afiada com um
ângulo positivo de corte para ferramentas próprias para alumínio, embora muitas
ferramentas atualmente consigam maquinar alumínio muito satisfatoriamente. A
espessura da apara é muito importante quando se fresa alumínio. Normalmente,
quando são usadas grandes velocidades de corte, o avanço é baixo, o que pode causar
uma grande fricção, em vez de corte, que irá resultar num sobreaquecimento, o que
implicará pouco tempo de vida da ferramenta. O material de eleição para o fabrico de
componentes aeronáuticos é o alumínio (e suas ligas). Esta escolha deve-se,
essencialmente, à sua baixa densidade e boa relação resistência mecânica/peso,
condição necessária a esta indústria. A utilização deste material conduz a algumas
dificuldades no seu processamento por operações de maquinagem, dado que, devido
ao seu baixo ponto de fusão, torna muito fácil a formação de arestas postiças de corte,
sendo, pois, necessário o ajuste dos parâmetros para que este fenómeno não ocorra ou
que seja minimizado.
Outra característica dos componentes aeronáuticos prende-se com o facto de
apresentarem dimensões elevadas aliadas a paredes com espessura reduzida e altura
elevada. Este facto adiciona uma dificuldade ao processo de maquinagem dado que a
interação da ferramenta com o material, associada à baixa espessura das paredes das
peças, promove o aparecimento de empenos nas peças, que irão prejudicar o rigor
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
dimensional dos componentes produzidos. Deste modo, para além do correto ajuste dos
parâmetros, ainda deverão ser idealizados métodos de fixação e métodos de produção
desses componentes, de forma a minimizar o empeno do componente final.
CAM
O fabrico assistido por computador consiste no uso de um software para controlar
ferramentas de máquinas e equipamentos relacionados com o processo de fabrico. O
objetivo principal é otimizar um processo de produção, torná-lo o mais rápido possível.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Figura 18 – Estratégia Maquinagem Trocoidal, sem corte escalonado, apresentada em simulação [13]
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Figura 19 – Resultado, após maquinagem, com a estratégia 'Maquinagem Trocoidal' sem corte
escalonado [13]
Figura 21 – Vista lateral. 1 - 'Maquinagem Trocoidal' original; 2 - Passos de Corte Escalonado; [13]
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Figura 22 – Resultado, após maquinagem, com a estratégia 'Maquinagem Trocoidal’ com corte
escalonado [13]
2.2.2 ‘OffSet’
Esta estratégia é caracterizada por limpar uma área com contornos gerados pelo ‘offset’
repetido da camada inicial até que mais nenhum offset seja possível. É possível observar na
Figura 23 esta estratégia.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
É possível concluir que o CAM está cada vez mais avançado e com potencialidades
imensas que permitem reduzir o erro humano e otimizar em grande escala a maquinagem.
As estratégias de desbaste dos seus softwares permitem obter elevadas taxas de remoção
de material com tempos de programação muito pequenos. Existem peças com geometrias e
pormenores bastante complicados de programar, que os softwares fazem quase
instantaneamente comparando com o tempo que levaria a um operador fazer à mão. A
‘Maquinagem Trocoidal’ é a estratégia mais usada atualmente por ser a que consegue obter
melhores taxas de remoção de material estando associada ao uso de fresas de metal duro,
que conseguem fazer uso da sua aresta de corte para trabalhar com grandes profundidades
de corte. É uma estratégia que é claramente melhor que a de ‘Offset’, principalmente
quando existem patamares no meio da zona a maquinar.
2.3.1 Introdução
Uma ferramenta de corte quer-se dura, com alta resistência à compressão, ao impacto e ao
desgaste, dúctil e com boas propriedades mecânicas a altas temperaturas. No final do séc.
XIX, as ferramentas mais usadas eram de aço carbono e permitiam maquinar com
velocidades de corte de cerca de 10 m/min. Na passagem do século foi apresentada numa
conferência de ferramentas em Paris uma nova ferramenta, o aço rápido. Este veio
revolucionar o mercado, e como o próprio nome faz perceber, permitia maquinar a
velocidades mais rápidas, cerca de 30 m/min. Mais tarde, apareceu a que é hoje a
ferramenta mais utilizada a nível mundial, o metal duro que permite maquinar a velocidades
nunca até então vistas, entre 100 e 200 m/min, comportando-se melhor a altas
temperaturas. A meio do século XX, apareceram as ferramentas cerâmicas. Estas permitem
maquinar a velocidades de corte também muito elevadas, são muito estáveis quimicamente
e apresentam uma boa resistência ao desgaste, no entanto têm muito baixa resistência ao
choque, pelo que apresentam uma rutura muito frágil [2].
Na Figura 24, é possível visualizar a diferença da velocidade de corte entre alguns materiais
para ferramentas, como também a sua tenacidade e resistência à flexão.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Embora o metal duro seja globalmente o material mais usado e que reúne as melhores
características, há que avaliar sempre a situação em questão, em função da dimensão da
peça a maquinar, em função do material da peça, em função das operações a realizar para
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Há três propriedades que os materiais das ferramentas de corte devem possuir para existir
uma boa maquinação, com pouco desgaste das ferramentas às altas velocidades de rotação
e avanço que atualmente são aplicadas, [2]:
➢ Resistência ao Desgaste – capacidade de sofrer vários tipos de desgaste,
mantendo a ferramenta o seu desempenho da forma planeada.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
no entanto as variáveis que estão associadas a cada número e letra são, de forma geral, as
mesmas. No anexo C é mostrado um conjunto de quadros, todos pertencentes ao catálogo
do fornecedor, com a informação que é necessária definir para obter corretamente a
designação de uma ferramenta.
Exemplo:
Para efeitos de demonstração, vai-se obter a designação da pastilha do Buril de
Acabamento utilizado no Projeto da TSF que se pode ver na Figura 26 na linha de cima:
DNMG150604-NF4. Esta ferramenta pode ser consultada na Tabela 10, na página 61.
Figura 26 – Verso da Caixa com a referência das pastilhas utilizadas no buril de acabamento no
Projeto da TSF
2º Passo – Determinar o formato básico da pastilha (os diferentes formatos podem ser
vistos na Figura 27)
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Quando chegou a altura de usar esta ferramenta, a peça já tinha sido desbastada, e já tinha
profundidades de corte constantes. O corte foi contínuo e houve um bom aperto da peça
logo a escolha é ‘Boa’
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Figura 30 – Visão geral da página do catálogo onde se encontra a geometria selecionada no formato
básico correspondente [15]
Com todas as variáveis já definidas, basta consultar a tabela da Figura 31, e fazer a
interseção das mesmas para encontrar a designação da pastilha pretendida. Neste caso, a
designação está assinalada a azul e é: DNMG150604-NF4
Figura 31 – Pastilha escolhida e o seu raio de ponta, avanço e profundidade de corte [12]
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Como se pode ver pela Figura 32, para o WSM20, na primeira linha amarela, o aço
inoxidável austenítico presente no catálogo que mais se assemelha ao utilizado neste
projeto propõe velocidades de Vc = 110 a 240 m/min.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
2.3.4 Ferramentas
Estas fresas têm 4 lâminas e são próprias para fresagem lateral e abertura de ranhuras.
Possuem um ângulo positivo de saída da apara que favorece uma evacuação suave da
mesma, devido ao pequeno tamanho gerado. Suportam altas velocidades de corte e
grandes avanços, melhorando muito a produtividade dos processos, devido à estável aresta
de corte que possuem e que garante um corte até 1,5 vezes o diâmetro. Na Figura 33, é
possível perceber a sua forma e ler algumas das suas características. Na Figura 34, é
possível ver os parâmetros propostos pelo fabricante para fresagem lateral e ranhuras.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
A seleção da ferramenta deverá ser feita tendo em conta alguns fatores, tais como a escolha
duma ferramenta com o maior diâmetro e rigidez possíveis para a realização da operação,
bem como com o menor comprimento em balanço que a operação permita.
O aumento do número das arestas de corte aumenta a resistência à flexão da fresa,
diminuindo-se, no entanto, o espaço para as aparas cortadas serem escoadas. Na Figura 35
está esquematizada a relação atrás descrita. Deste modo, um menor número de arestas de
corte é indicado para operações de desbaste, dado que permite o escoamento de aparas de
dimensão superior, aumentando a taxa de remoção de material. No entanto, a qualidade
superficial obtida fica prejudicada. Assim, para operações de acabamento, deverá usar-se o
maior número de arestas de corte possíveis. Assim, apesar de o tamanho da apara ter de
ser reduzido, é possível obter-se melhores acabamentos superficiais [9].
Broca de Pastilhas
A broca de pastilhas é constituída por um cabo cilíndrico ou cónico, um corpo com duas
ranhuras direitas ou helicoidais, sendo fixadas mecanicamente na sua extremidade duas ou
três pastilhas de carbonetos. São estas pastilhas que vão definir o diâmetro do furo. Tal
como na broca de lâminas, também esta apresenta um furo axial para a condução de óleo
de corte até às arestas cortantes. A profundidade de furação é limitada a 2 ou 3 vezes o
diâmetro da broca [17]. Na Figura 36, é possível observar vários tipos de brocas usadas na
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
maquinagem, incluindo a que foi referida anteriormente e usada neste projeto, a broca de
pastilhas.
Mandril
A operação de mandrilagem é efetuada para acabamento de um furo efetuado previamente,
como se pode observar na Figura 37. Esta é usada para, por exemplo, calibrar um furo
10H7.
Os mandris são feitos em aço de ferramenta, tendo por vezes arestas de corte de
carbonetos sinterizados. Estes são apenas usados para remover uma pequena parte de
material, o que permite um acabamento do furo consideravelmente melhor [17].
A ferramenta utilizada no Projeto da TSF foi um cabeçote broqueador de haste com nónio,
como se pode ver na Figura 38.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Plange
Esta é uma ferramenta que está classificada como fresa mas que funciona e é usada como
se fosse uma broca. As pastilhas possuem 4 arestas de corte e são apertadas
tangencialmente ao corpo da ferramenta, como se pode ver na Figura 39 e na Figura 40. Se
for usada como fresa, por exemplo para um facejamento, esta ferramenta e as suas
pastilhas disponibilizam no máximo 3 mm de altura de pastilha.
Características
➢ Grande solução para desbastes muito profundos
➢ Solução ideal para máquinas de baixa potência
➢ Alta resistência à flexão devido a forças axiais
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
2.4 Revestimentos
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
As ferramentas são colocadas numa câmara a uma temperatura que pode variar dos 700
aos 1050 graus centígrados e uma mistura de árgon e silano diluído em hidrogénio (60%
árgon, 36% de hidrogénio e 4% de silano) é vaporizada para dentro da mesma, onde
reagem e depositam uma fina camada de material em cada ferramenta. As temperaturas
aplicadas podem variar bastante consoante a variante do processo que se está a realizar
[19].
▪ Revestimentos TiN
Excelente resistência à formação de aresta postiça de corte.
Este revestimento é o que fica com uma cor dourada, já muito conhecida.
Excelente em materiais dúcteis.
Excelente para roscar e em operações de corte interrompido.
Torna fácil a identificação dos cantos da pastilha já usados.
Eficaz a baixas velocidades.
▪ Revestimentos TiC
Excelente resistência ao desgaste.
Eficaz a velocidades medias.
Excelente em materiais abrasivos.
▪ Revestimentos Al203
Excelente resistência ao aparecimento de crateras
Eficaz a altas velocidades e fornece resistência ao calor na medida em que é
um excelente isolante térmico e porque é muito estável a altas temperaturas
[20].
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
negativamente, colidindo com a sua superfície (este processo chama-se ionização). Depois,
azoto é introduzido e forma um nitreto (TiN por exemplo) na superfície das
ferramentas/pastilhas.
▪ Revestimentos TiCN
Mais duros e resistentes ao desgaste que os revestimentos TiN a
temperaturas moderadas.
Usado por vezes em aplicações de fresagem onde a matéria prima é
abrasiva.
▪ Revestimentos TiAlN
Mais duro e resistente ao desgaste que outros revestimentos PVD a altas
temperaturas.
Eficaz em ligas resistentes a altas temperaturas, aços inoxidáveis e ligas à
base de níquel.
▪ Revestimentos AlCrN
Excelente resistência à deformação plástica
Excelente resistência ao desgaste
Na Tabela 3 é feita uma comparação dos revestimentos que são referidos ao longo deste
trabalho.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Excelente resistência à
+++
deformação plástica
Dureza (HV) 2000 2900 2720 3000 3200 3100
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Nas ferramentas de tornear, o mercado é superado por ferramentas de metal duro com
revestimento CVD. Ao mesmo tempo, algumas aplicações de torneamento requerem
ferramentas específicas com geometrias e revestimentos otimizados. Por exemplo, a
disponibilidade de ferramentas com arestas afiadas é essencial no torneamento de peças
pequenas. O processo PVD é ideal para a obtenção de arestas afiadas, uma vez que as
camadas de revestimento podem ser aplicadas com uma espessura baixíssima sobre um
substrato resistente, o que ajuda a manter a integridade da aresta. Pelo contrário, os
revestimentos CVD são caracterizados por arestas arredondadas devido à maior espessura
de camadas, o que os torna inadequados. Por um lado, os revestimentos PVD proporcionam
resistência ao desgaste devido à sua alta dureza. Além disso, esses revestimentos são
recomendados para a maquinagem de materiais que possam aderir mais à ferramenta.
Assim, de certa forma, os revestimentos PVD podem ser considerados mais confiáveis do
que os revestimentos CVD. Tendo em atenção o referido, desenvolveu-se uma metodologia
que permite examinar o comportamento dos diferentes revestimentos PVD de última
geração ao maquinar aços inoxidáveis austeníticos.
O material utilizado para realizar os testes foi o aço inoxidável austenítico AISI 304L com a
composição e características mecânicas referidas na Figura 42 e os revestimentos testados
estão na Tabela 4. Estes testes de maquinagem decorreram usando os parâmetros e a
geometria de operação da Figura 43.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Para completar o estudo, analisou-se a força de corte tangencial e a rugosidade. Mais uma
vez, o melhor desempenho também foi detetado para revestimento AlTiSiN. O revestimento
TiAlN mostra um comportamento semelhante, enquanto que a força de corte para os outros
dois revestimentos aumenta continuamente, o que significa uma rápida degradação da
aresta da ferramenta. Os valores de rugosidade também foram menores para superfícies
maquinadas usando revestimentos de ferramentas TiAlN e AlTiSiN como se vê na Figura
45. A alta taxa de desgaste da ferramenta experimentada pelos outros dois revestimentos
contribuiu para aumentar a rugosidade parcial rapidamente. Tendo em conta os resultados
obtidos nesta primeira etapa de testes de maquinagem, pode-se concluir que o revestimento
AlTiSiN oferece o melhor desempenho para os quatro revestimentos testados.
39
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
3. Especificações Técnicas
Neste capítulo, são apresentados alguns conceitos teóricos considerados importantes para
a correta compreensão do estudo apresentado no trabalho. Apresenta uma descrição dos
principais parâmetros de maquinagem e a sua influência e importância na mesma.
𝑉𝑐 ∗ 1000
𝑁= 1)
𝜋∗𝐷
em que,
Parâmetro bastante útil, mas, novamente, nos catálogos de ferramentas é muito comum a
representação do avanço por dente portanto interligam-se os dois parâmetros através da
seguinte equação:
𝐹 = 𝑁 ∗ 𝑍𝑛 ∗ 𝑓𝑧 2)
em que,
40
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Este parâmetro representa o material removido por unidade de tempo e dá uma ideia da
eficiência da operação em questão. Esta obtém-se através da seguinte equação:
𝐴𝑒 ∗ 𝐴𝑝 ∗ 𝐹
𝑇𝑝 = 3)
1000
em que,
41
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
4. Trabalho Experimental
4.1 Introdução
4.2 Objetivo
42
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
4.3.1 Matérias-primas
O exemplo que se selecionou seguir foi muito particular, porque o cliente em questão
forneceu as matérias-primas e definiu os tratamentos térmicos. Logo, não houve compra de
material por parte da TSF. Na Tabela 5, é possível consultar o material da peça em questão
e as suas características e também do aço normalmente conhecido por CK45, para se
estabelecer uma comparação, tendo em conta que é um aço de bastante utilização na
indústria metalomecânica.
Tabela 5 – Características do aço AISI 304L em comparação com o aço CK45 [22]
Normas --- (Aço de Comparação)
AISI AISI 304 L 1045
DIN X 5 CrNi 18 10 Ck 45
Composição Química --- ---
C ≤0,08 0,45
Si ≤1,00 ≤0,4
Mn ≤2,00 0,65
Cr 18,50 ---
Mo --- ---
Ni 9,50 ---
V --- ---
W --- ---
Indústria Química e Estrutura para moldes,
Aplicações
Alimentar moldes protótipo
43
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
O projeto que se decidiu abordar é constituído por 16 componentes que constam na lista de
peças do desenho de conjunto. O desenho de conjunto em questão pode ser visto na
Figura 47 e é apresentado com mais detalhe no anexo A. Os dois primeiros componentes
que figuram na lista de peças da obra são dois subconjuntos constituídos por 5 e 3 peças,
respetivamente. Destas últimas 8 peças referidas, apenas 3 foram feitas na TSF. Todas as
restantes foram feitas fora (tal como os restantes 14 componentes da lista de peças), motivo
pelo qual não serão referidas daqui para a frente.
44
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
O aço AISI 304 L, com uma tensão limite de elasticidade de 220 MPa, resistência à tração
entre 520 e 670 MPa e dureza máxima de 190 HB segundo a ASTM a 479M (esta norma da
ASTM diz, resumidamente, que todos os aços inoxidáveis austeníticos que visam a
construção de reservatórios sujeitos a pressão serão testados quanto às suas propriedades
mecânicas em todos os estados de fornecimento, sofrerão tratamento térmico e um teste de
corrosão), inspecionadas por ultrassons segundo ASTM A388/A745M QL2 (o processo de
ultrassons não foi efetuado na empresa, pelo que não se teve acesso aos equipamentos
utilizados ou a metodologia);
A soldadura TIG realizou-se após os testes de carga estática segundo a norma UNE-EN-
17637 devendo ser aceites segundo o nível C da norma ISO-5817 (os testes de carga
estática não foram realizados na empresa, pelo que não se teve acesso a equipamentos ou
a metodologia);
Todas as arestas vivas devem ser quebradas com chanfro 0.5×45º;
Depois de maquinar e antes da montagem de todas as peças, deverão ser inspecionadas
por líquidos penetrantes segundo a norma UNE-EN ISO 3452-1 (os testes de líquidos
penetrantes não foram realizados na empresa, pelo que não se teve acesso a
equipamentos/instrumentos ou a metodologia;
Confirmar posicionamento do escatel do tudo roscado em relação à roseta antes de soldar.
45
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
No desenho da Figura 48 está também presente uma lista de peças, com as 5 peças
pertencentes ao subconjunto. Destas 5 peças, 4 foram realizadas fora da TSF e na Figura
49 está a peça que foi seguida neste projeto e que foi feita internamente, já muito perto do
seu estado final. Esta peça apresentava o maior desafio de todos os 16 componentes do
projeto no que à maquinagem diz respeito, daí ter sido escolhida. O material em bruto era
um cilindro com 65 mm de altura e 300 mm de diâmetro.
Figura 49 – Aspeto da peça abordada no projeto muito próximo do seu estado final
46
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Na TSF, bem como na maioria das empresas, há uma grande necessidade de reduzir os
tempos de produção. O desenho que se pode ver na figura seguinte é traduzido em tempo
que se poupa ao operador na leitura do desenho. A própria cotagem é realizada no Autocad
de forma a diminuir esse mesmo tempo através da indicação das coordenadas absolutas de
certos pontos, tendo como centro dos eixos coordenados o centro da peça, como se pode
observar na Figura 50.
Figura 50 – Desenho em autocad para facilitar tarefa ao técnico de maquinagem e programação CNC
47
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
O equipamento utilizado foi uma Mazak, com controlador Mazatrol Matrix, como se pode ver
na Figura 51, Figura 52 e Figura 53. Na Tabela 6, é possível consultar as especificações da
mesma.
48
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
49
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
50
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Vc = 60 a 80 m/min
Fz = 0.035 a 0.038 mm/rot (por dente)
Ap = 1×Ø = 10 mm
Ae = 1×Ø = 10 mm
Claro que, sendo estes valores de referência, por vezes não se conseguem usar estes
parâmetros porque a fresa está a ser muito forçada e ouve-se muito ruído no corte ou sente-
se que poderá estar a vibrar e por consequência a cortar mal. Como se poderá constatar
mais à frente, o desbaste das ranhuras foi feito com 10 mm de Ae mas apenas 4 mm de Ap.
51
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Na Tabela 8 estão apresentadas as ferramentas que foram utilizadas neste projeto, o seu
fabricante, o seu revestimento, as suas dimensões e os parâmetros recomendados pelo
fabricante para maquinar aço inoxidável austenítico.
Vc = 80 – 140
Broca de 1 [m/min] PVD
870-1300-12-
Pastilha SANDVIK
PM 4234
Ø13 fz = 0,14 – 0,37 TiAlN
[mm/rot]
Vc = 80 – 140
Broca de 1 [m/min] PVD
870-1400-14-
Pastilha SANDVIK
PM 4234
Ø14 fz = 0,16 – 0,45 TiAlN
[mm/rot]
Vc = 100-300
Broca de 2 [m/min] PVD
SOMT
Pastilhas ISCAR
160512-DT
Ø48 fz = 0,16 TiAlN
[mm/rot]
Vc = 110 – 240
[m/min]
CVD
DNMG150604- Buril de fz = 0,05 – 0,12
WALTER
NF4 Acabamento [mm/rot]
TiAIN+Al2O3
Ap = 0.2 – 1
[mm]
52
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Vc = 110 –
200 [m/min] PVD
Ferramenta
TCMT110208- fz = 0,16 – 0,3
de Chanfrar WALTER
RM4 [mm/rot] TiAIN+Al2O
Ø20
Ap = 0.6 – 3 3
[mm]
Vc = 113 –
220 [m/min] PVD
WNMG080412 Desbaste e fz = 0,25 – 0,5
WALTER
-NR4 Facejamento [mm/rot] TiAIN+Al2O
Ap = 1.5 – 4.5 3
[mm]
Vc = 170 –
Fresa de 5
RNGJ1204MO 220 [m/min] PVD
Pastilhas
EML WIDIA fz = 0,4 – 1,05
(redondas)
WU35PM [mm/rot] TiN
Ø63
Ap = ≤ 3[mm]
Vc = 60 – 80
PVD
Fresa Metal [m/min]
NiTiCo30DP
Duro HPMT fz = 0,056 –
0300 040 03
Ø3 0,064 [mm/rot]
AlCrN
Ap = 4,5 [mm]
Vc = 60 – 80
PVD
Fresa Metal [m/min]
NiTiCo30DP
Duro HPMT fz = 0,096 –
0500 050 05
Ø5 0,108 [mm/rot]
AlCrN
Ap = 7,5 [mm]
53
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Vc = 60 – 80
PVD
Fresa Metal [m/min]
NiTiCo30DP
Duro HPMT fz = 0,172 –
1000 070
Ø10 0,192 [mm/rot]
AlCrN
Ap = 15 [mm]
Vc = 60 – 80
PVD
Fresa Metal [m/min]
NiTiCo30DP
Duro HPMT fz = 0,204 –
1200 075
Ø12 0,224 [mm/rot]
AlCrN
Ap = 18 [mm]
Vc = 60 – 80
PVD
Fresa Metal [m/min]
NiTiCo30DP
Duro HPMT fz = 0,232 –
1400 083
Ø14 0,256 [mm/rot]
AlCrN
Ap = 21 [mm]
Vc = 100 – 240
5505576 Cabeçote [m/min]
PVD
TPGX Broqueador fz = 0,15 – 0,20
ISCAR
090204-L de Haste com [mm/rot]
TiAIN
IC908 Nónio Ap = 1-2,5
[mm]
Tal como acontece em todas as empresas deste setor, os fabricantes de ferramentas tentam
vender o seu produto e dizem que as suas ferramentas são as melhores, as que garantem a
melhor razão qualidade/preço. Na TSF, realizam-se regularmente testes de maquinagem
que têm como objetivo saber quais as melhores ferramentas para determinadas operações,
para um dado material. O critério de escolha das ferramentas, bem como a escolha dos
parâmetros de corte advém desses testes e da experiência que os operadores já têm.
Quando as condições de maquinagem não são as melhores, há que reduzir nos parâmetros
de corte e é algo que acontece muito frequentemente. Apesar disto, na TSF a grande
maioria das fresas integrais de metal duro são da HPMT, enquanto as pastilhas colocadas
nos buris de desbaste e acabamento são da WALTER
54
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
55
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
57
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
1 3 min e
145 0.28 1.35
Facejamento 45 seg
2 2 min e
100 0.055 Total
Furação 15 seg
3
Desbaste 145 0.24 1.5 40 min
Exterior
4 3 min e
147 0.15 Total
Acabamento 51 seg
Nota:
Como a pastilha que está a realizar o desbaste exterior tem apenas 3º de inclinação de
saída, tem muita área de contacto com o material, o que pode levar a aquecimentos
58
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
1 3 min e 38
145 0.3 1.5
Facejamento seg
2
5 ao 1 min e 55
Torneamento 145 0.275
Ø seg
Interior
3
Acabamento
0.5 ao
do 150 0.15 56 seg
Ø
Torneamento
Interior
4
Fresagem do
5 min e 53
Desbaste do 150 0.45 2
seg
Contorno
(Alívios)
Notas:
A zona assinalada a azul na operação 4 teve que ser maquinada primeiro, porque caso se
passasse logo à operação 5, o material retirado em 4 ia ficar a vibrar, o que não seria bom.
Podia também eventualmente dobrar e prender a ferramenta, o que poderia resultar na
quebra da mesma.
59
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
5 2
1 hora e
Fresagem do (Deix
150 0.4 4 min e
Desbaste do a 5 ao
25 seg
Contorno raio)
6 5
Fresagem do (Deix
19 min e
Desbaste 63 0.24 a 0.2
14 seg
Contorno ao
raio)
7
Fresagem
3 min e
de 65 0.2 Total
18 seg
Acabamento
Contorno
8 1 min e 9
70 0.15 0.5 --
Chanfrar seg
9
1 min e
Furação 55 0.08 Total
48 seg
(Ø14)
10
1 min e
Furação 55 0.08 Total
49 seg
(Ø13)
60
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
11
Fresagem
1 min e 16
dos Furos 70 0.2 3
seg
feitos em 9
para Ø15.5
12
Fresagem
das 70 0.16 4
Ranhuras
(Ø10)
12 min e 44
13 seg
Acabamento
das 65 0.2 Total
Ranhuras
(Ø12)
2
14 (Deix
Desbaste a 0.14
2 min e 23
dos 60 0.1 para
seg
Quadrados acaba
(Ø5) mento
)
15
Acabamento
1 min e 4
dos 60 0.06 Total
seg
Quadrados
(Ø3)
Notas:
A fresa de 5 pastilhas com D63 a fazer o contorno na operação 5 com quase todo o
diâmetro dentro da peça (Ae=56.5 mm) vai gerar muita carga para o aperto, que é
relativamente fraco, pelo que a profundidade por passagem terá que ser menor, sendo
possível aumentar o avanço. Fresagem discordante pode não ter sido a melhor opção.
Furo em cada ranhura na operação 10 para facilitar posterior fresagem na operação 12
61
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Necessidade de usar uma fresa mais pequena (Ø3) para garantir o raio de 1.5 nos cantos
do quadrado na operação 15
16
1 min e 30
Barra de 45 0.1 ---
seg
Mandrilar
Total
17
(Deix
Desbaste 2 min e 55
60 0.15 a 0.5
dos Rasgos seg
ao
raio)
18
4 min e 14
Acabamento 150 0.15 Total
seg
dos Rasgos
Há várias conclusões a retirar deste procedimento e começando por aquelas mais gerais:
Tanto em programação manual como através de softwares de fabrico assistido por
computador, o objetivo é otimizar todos os processos com vista à diminuição de tempos de
produção, melhoria de acabamento superficial e menor desgaste das ferramentas. Esta
última tem a vantagem de ser extremamente mais rápida, sendo que basta ter o modelo
desenhado em 3D.
Em ambas as situações, é função do funcionário responsável a seleção das ferramentas e
dos parâmetros de corte mais adequados.
O fator mais importante na decisão de um diretor de produção ou de um
programador/operador em otimizar mais ou menos uma obra é a quantidade de peças a
produzir. A análise de custos está sempre presente e as máquinas têm que estar
constantemente a trabalhar e a realizar obras novas. Este caso foi um bom exemplo disto,
visto que só foram produzidos dois exemplares desta peça. Se fossem 40 ou 50 peças de
certeza que o processo de escolha de ferramentas, de parâmetros e de estratégias de
maquinagem e de apertos teria sido muito mais escrutinado e estudado.
Conclusões mais particulares são:
A operação 5 demorou muito tempo e a ferramenta escolhida pode não ter sido a mais
adequada. Ouviu-se muito ruído durante a maquinagem, um sinal que as pastilhas não
62
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
estavam a cortar convenientemente e teve que se parar muitas vezes para rodar e trocar as
pastilhas, porque estavam constantemente a romper.
Excessivo ranger ou vibração está provavelmente associado a:
Elevada profundidade de corte ou ferramentas excessivamente longas;
Sentido de maquinagem incorreto. O movimento discordante (ou ascendente)
favorece o aparecimento de vibrações pelo seu deslizamento.
Ângulo de saída insuficiente ou ferramenta já bastante desgastada [20].
Neste caso, foi possível concluir que as pastilhas utilizadas já estavam um pouco
desgastadas, a profundidade de corte foi um pouco elevada e é provável que a fresagem
discordante não tenha sido a melhor opção.
As operações 10 e12 podiam ter sido efetuadas de maneira diferente. Assim, visto que a
cota de 14 mm de largura das ranhuras era uma cota aberta (sem tolerância específica)
podiam-se ter realizado os furos nas duas extremidades das ranhuras ao invés de fazer só
numa, e depois maquinar diretamente com uma fresa de metal duro de Ø14. Em termos de
tempo de operação era claramente vantajoso, porque a fresa poderia incrementar o passo
vertical em ambos os furos e cada passagem retiraria material de toda a ranhura,
contrariamente ao que foi feito. O que foi feito foi o furo prévio e a posterior fresagem com
uma fresa de metal duro de Ø12, sendo que esta incrementava e depois ia encostada a uma
das faces da ranhura e quando chegava ao fim da mesma, realizava o semi-círculo e voltava
encostada à outra face. A desvantagem é que a fresa de Ø14 iria entrar tangente aos furos
feitos anteriormente, o que não é muito recomendável.
Coluna Vertical
A Figura 60 mostra uma das colunas verticais existentes na TSF, pertencentes à
marca TESA. Como se pode ver no seu nome inscrito no topo, permite medir altura de 900
mm. Possui um jogo com várias ponteiras, com vários diâmetros em função das peças que
se tem para medir. É possível medir alturas, diâmetros, ver concentricidades usando um
comparador, entre outras aplicações. Algumas das cotas da peça abordada foram medidas
com este equipamento. De referir que existe um calibre de 20 mm, que tem que ser usado
de cada vez que se usa uma nova ponteira para garantir a exatidão da medição.
63
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Máquina Medição 3D
Na Figura 61, pode-se ver uma máquina de medir 3D da marca ABERLINK, bem como o
software que se encontra no computador ao lado e que regista os pontos retirados pela
ponteira. Tem a seguinte capacidade: X=500mm Y=600mm e Z=500mm.
64
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
A peça que foi analisada neste trabalho foi maioritariamente medida nesta máquina, porque
tinha zonas difíceis de medir na coluna ou através de paquímetro e também porque se
consegue uma informação muito mais precisa no que à ovalização de entidades circulares
diz respeito. Com o paquímetro ou com a coluna vertical está-se a medir uma cota que está
a ser muito mais afetada por erros humanos do que na máquina de medição 3D onde se
pode medir o diâmetro de um círculo e programar a máquina para retirar 20 ou 30 pontos
num diâmetro, pontos estes em que a máquina vai tocar exatamente com a mesma força.
Na Tabela 11, é possível ver os valores das medições das cotas toleranciadas num dos
círculos da extremidade e respetivo quadrado. Todas as cotas estão dentro das tolerâncias
requeridas.
Rugosidades
A peça não possuía nenhuma indicação muito apertada no que toca a rugosidades, portanto
não foi preciso um cuidado especial e com facilidade se cumpriu a indicação geral de
rugosidades para as zonas maquinadas de Ra ≤ 1.6 µm.
No entanto, utilizou-se um rugosímetro pertencente à marca TESA, como o apresentado na
Figura 62 para a medir e garantir que nada tinha passado despercebido ao operador. O
valor da rugosidade medido foi de 1,235 µm. A ponteira do mesmo pode ser vista na Figura
63.
65
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
4.3.9 Montagem
66
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Na Figura 65, pode-se ver o subconjunto todo montado. Pela análise do desenho, é possível
perceber que este conjunto levou 5 cordões de soldadura, pelo que teve várias zonas por
onde pôde empenar. Não se conseguiu cumprir a cota especificada pelo desenhador, a
perpendicularidade variava 3 décimas de milímetro. No entanto, a montagem e soldadura foi
um processo acompanhado pelo cliente, que disse que era um erro perfeitamente aceitável
e que poderia ser aceite nessas condições. Finalmente, na Figura 66, é possível ver todo o
conjunto montado.
67
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
O objetivo deste projeto, como já foi referido, foi tentar encontrar a estratégia de maquinação
mais adequada para o desbaste do contorno na produção da peça e trabalhar com um
software de fabrico assistido por computador. É, portanto, um projeto que não visa ser
comparado aos outros dois, na medida em que se utilizou uma máquina diferente, a matéria-
prima foi uma liga de alumínio, e as condições de aperto e a dimensão da peça foram
também diferentes. A primeira coisa a fazer foi modelar a peça no software de desenho 3D
‘Autodesk Inventor’. De seguida, converteu-se o ficheiro numa extensão compatível com o
‘PowerMill’, que é um dos softwares de fabrico assistido por computador mais usados
atualmente, para se poder abrir a peça neste último. As ferramentas, os suportes e as
hastes necessárias à maquinagem foram medidos com o auxílio de um paquímetro e depois
com as medidas obtidas foram criados no ‘PowerMill’. Não foi preciso tirar medidas da
bucha e dos mordentes da máquina, porque o fabricante da máquina forneceu os seus
desenhos. É muito importante que esta fase seja corretamente realizada, dado que as
medidas dos componentes irão servir ao software para realizar o cálculo de colisões. Os
parâmetros de corte foram definidos consultando as tabelas dos fabricantes das ferramentas
e os seus valores inseridos no programa associado à produção da peça (apenas são
apresentadas as simulações do percurso de desbaste, visto que é o objeto sobre o qual se
está a querer otimizar por ser o maior desbaste do 2º aperto, o maior desbaste da peça e a
operação mais demorada). De referir que cada uma das estratégias retirou, em altura, 10
mm. O software, tendo já todas as variáveis definidas, simulou os percursos das 3
estratégias de maquinagem:
68
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
➢ ‘Offset Modelo’
Na Figura 67, é possível ver um exemplo da janela que o software ‘PowerMill’
associa a cada percurso de desbaste ou acabamento onde se tem um
resumo dos parâmetros usados na maquinagem desta estratégia e outros
valores. A profundidade de corte de 1,25 mm (Ap) e o passo lateral de 10 mm
(Ae), as velocidades de avanço de corte, de mergulho e de movimentos
rápidos de 3000, 2500 e 12500 mm/min respetivamente, rotação da árvore de
9800 rpm e tempo total de 13 min e 45 segundos, sendo que, destes, apenas
11 min e 25 segundos representam tempo efetivo de corte.
➢ ‘Offset Tudo’
69
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
➢ ‘Vortex’
70
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
A Figura 68 mostra o equipamento onde foi realizada esta experiência, uma máquina da
marca HAAS, modelo VF-3, (EUA). Na Tabela 14, é possível consultar algumas
especificações da mesma. Na Figura 69 e na Figura 70, é possível ver a bucha e o
controlador deste equipamento, respetivamente.
71
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Avanços
Movimentos Rápidos em X [m/min] 25.4
Movimentos Rápidos em Y [m/min] 25.4
Movimentos Rápidos em Z [m/min] 25.4
Máximo Movimento de Corte [m/min] 16.5
Motores dos Eixos
X [N] 11343
Y [N] 11343
Z [N] 18683
Torreta
Capacidade 20
Peso Máximo Ferramenta [kg] 5.4
72
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Na Tabela 15 estão apresentadas as ferramentas que foram utilizadas neste projeto, o seu
fabricante, o seu revestimento, as suas dimensões e os parâmetros recomendados pelo
fabricante para maquinar alumínio e suas ligas.
Vc = 600 – 800
Fresa de 2 [m/min]
APKT Pastilhas fz = 0,08 – 0,15
ISCAR ---
1604PDR-HM [mm/rot]
Ø25 Ap = 6 – 14
[mm]
Vc = 230 – 290
Fresa de 7
[m/min] PVD
LNHU090412R- Pastilhas
WALTER fz = 0.15 – 0,20
L55T
[mm/rot] TiAIN+Al2O3
Ø50
Ap = ≤8,4 [mm]
4.4.4 Maquinagem
A primeira tentativa não correu como esperado, pois os mordentes que se tinham
maquinado para agarrar a peça não ofereceram um forte aperto. A máquina da HAAS tem
como limitação uma bucha que só aperta 120mm, e a peça em bruto tendo cerca de 230
mm, teve que se criar uns mordentes à parte para agarrar na peça e desbastar um pouco a
peça na face que ia ser apertada. Na Figura 71, é possível ver a peça cilíndrica em cima, a
zona desbastada na face inferior da mesma para os mordentes maquinados poderem
agarrar, os mordentes maquinados para este aperto e, por fim, os mordentes da bucha
(pretos). De referir que os mordentes maquinados apenas agarravam a peça por 4 mm, que
é muito pouco tendo em conta que já se criou alguma instabilidade com este aperto.
73
Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
O segundo problema que surgiu foi o aparecimento de arestas postiças de corte, fenómeno
já explicado anteriormente. Na Figura 72, é possível observar que a liga de alumínio
aderiu/soldou à fresa de Ø50 de 7 pastilhas. Isto deveu-se à não existência de um bom
ângulo de saída da apara das pastilhas da ferramenta escolhida, o que significa que o
material removido se acumulou, e a ferramenta deixou de cortar, e começou a aquecer a
zona de contacto e a liga de alumínio fundiu na ferramenta.
Como já foi indicado anteriormente, a única fresa que se tinha com estas características
possuía pastilhas não próprias para alumínio e suas ligas, como se pode ver na Figura 73. A
pastilha usada no projeto foi a de cima, a L55T. As pastilhas que deveriam ter sido usadas
são as L85T – ‘a afiada’, própria para desbastar ligas de alumínio, com forças de corte
reduzidas devido às arestas de corte mais afiadas. As cores que aparecem do lado direito
da imagem são, respetivamente, para: aço, aço inoxidável, ferro fundido, materiais não
ferrosos (como o alumínio e suas ligas), ligas resistentes à temperatura e aço endurecido.
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Apesar dos dois problemas encontrados foi possível concluir o facejamento da peça
(embora com uma superfície um pouco ondulada devido à vibração da peça) e para resolver
os problemas encontrados decidiu-se não usar mais os mordentes maquinados, por não
garantirem um bom aperto e usar apenas os mordentes da bucha. Para isso, teve-se que
maquinar ainda mais a face inferior da peça cilíndrica, até aos 120 mm de aperto máximo
dos mordentes da bucha. No que a ferramentas diz respeito, decidiu-se utilizar uma Fresa
de 2 Pastilhas de Ø25, com os parâmetros já descritos anteriormente na Simulação, para
realizar o desbaste do contorno e o resultado final pode ser visto na Figura 74. O tempo real
que demoraram as 3 diferentes estratégias já simuladas foi:
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Tal como no Projeto da TSF, foi feito no AutoCad um desenho semelhante ao da Figura 50
para facilitar a programação, através da cotagem absoluta dos pontos, sendo o centro de
coordenadas o centro da peça.
O equipamento usado na maquinagem desta peça foi o mesmo que no Projeto da TSF.
É importante referir que foram feitas algumas visitas a empresas do sector da qual se
gostaria de destacar a visita à Palbit. A visita foi extremamente enriquecedora do ponto de
vista técnico. Conheceu-se o processo produtivo todo desta empresa que passa pela
sinterização e prensagem dos pós que vão constituir as pastilhas de metal duro (este metal
duro resulta da junção de carbonetos de tungsténio e de cobalto que irá funcionar como
ligante através do ponto de fusão mais baixo), fabrico das pastilhas maioritariamente através
de maquinagem e um pouco por eletroerosão, fabrico dos punções que irão dar a forma à
pastilha, visita à zona de controlo de qualidade e da aplicação dos revestimentos.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Foram discutidas soluções passíveis de ser aplicadas ao projeto da TSF, com vista a
uma otimização do processo:
Foi apresentado com alguma profundidade uma opção de maquinagem: o
movimento trocoidal que consiste basicamente numa fresagem onde se utiliza todo ou um
grande comprimento da aresta de corte da ferramenta para retirar grande quantidade de
material, garantindo pouca vibração e baixas forças de corte, prolongando a vida da
ferramenta e permitindo utilizar avanços elevados.
Foi proposto, relativamente à maquinagem das ranhuras, em vez de realizar um furo
com a broca de uma pastilha de Ø13 e depois chamar uma fresa para alargar, selecionar
uma ferramenta que fizesse tudo isso. Existem fresas de metal duro com corte ao centro
que garantem as duas operações atrás referidas e que permitem, portanto, fazer o mesmo
que foi feito, poupando tempo de execução e sobretudo tempo na troca de ferramentas.
Foi proposto, relativamente ao desbaste exterior feito pela fresa de cinco pastilhas de
Ø63, reduzir a profundidade de corte de 2mm para 0.5mm. Com isto, pretende-se aumentar
o avanço da operação, não havendo problema a nível de vibrações, porque o esforço maior
seria axial e não radial como anteriormente. De realçar a grande importância desta operação
pois representa a fase mais demorada do processo de produção desta peça.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Vc = 60 – 80
[m/min] PVD
NiTiCo30 Fresa de
DP Metal Duro HPMT
fz = 0,316 –
2000 100 Ø20
0,348 [mm/rot] AlCrN
Ap = 30 [mm]
Vc = 60 – 80
[m/min]
NiTiCo30 Fresa de PVD
DP Metal Duro HPMT
fz = 0,232 –
1400 083 Ø14 AlCrN
0,256[mm/rot]
Ap = 21 [mm]
Vc = 70 – 115
HTP [m/min]
Plange PVD
LNHT ISCAR
Ø40 TiCN
1606 ER fz = 0,1 – 0,2
[mm/rot]
Vc = 120 – 160
[m/min]
Fresa de
EPMW1
Avanço fz = 5 – 7
00312ZT DIJET ---
Rápido [mm/rot]
R
Ø20
Ap = 0.3 – 0.6
[mm]
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
Vc = 60 – 80
NiTiCo30 PVD
Fresa Metal [m/min]
DP
Duro HPMT fz = 0,096 –
0500 050
Ø5 0,108 [mm/rot]
05 AlCrN
Ap = 7,5 [mm]
Vc = 60 – 80
PVD
NiTiCo30DP
A sequência de operações desta peça foi exatamente a mesma que no Projeto da TSF, à
exceção das operações responsáveis por maquinar os quadrados e os rasgos finais que não
se realizaram, dado que a máquina ia entrar em manutenção no dia em que foi feita a peça
e havia alguma limitação de tempo, e também porque essas não eram as operações com
interesse de estudo. Na Tabela 17 e na Tabela 18 estão os parâmetros de corte utilizados e
os tempos de maquinagem.
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Estudo de estratégias de maquinagem no processo de fabrico de um componente em aço inoxidável
A fresa de metal duro de Ø20 é a ferramenta com o menor tempo de operação no desbaste
do contorno e para isso contribui o uso de grande parte da sua aresta de corte, retirando os
16 mm de uma só vez. A plange também registou um tempo curto, porque se trata de uma
ferramenta que retira grandes quantidades de material por passagem. A fresa de metal duro
de Ø6 foi a mais rápida a fazer as ranhuras visto que não foi preciso chamar outra fresa
para acabamento por se tratar de uma cota aberta.
A precisão dimensional obtida pela plange, é, como se pode observar na Figura 75, a pior
de todas, porque deixa mesmo cristas com bastante material. É necessário, após o
desbaste, que haja uma passagem de pré-acabamento onde vai haver um desbaste
considerável de material e, só depois, é que se passa a fresa para acabamento que irá tirar
cerca de 0.1 ou 0.2 mm. No acabamento deste género de superfícies, é comum utilizar uma
fresa de metal duro e retirar o máximo de altura possível de uma vez, para que não fiquem
marcas. Exemplo disso é o desbaste da Fresa de Metal Duro de Ø14 visto na Figura 77, que
como foi feita em duas passagens, ficou com um acabamento relativamente pior que o
deixado pela Fresa de Metal Duro de Ø20, que retirou o material com uma só passagem e o
resultado pode ser visto na Figura 78. O aspeto do desbaste da fresa de avanço rápido foi
ainda pior que os dois últimos na medida em que se notam muito as riscas devido às muitas
passagens desta ferramenta, como pode ser observado na Figura 76. Embora não tenha
grande interesse falar na rugosidade por se tratarem de processos de desbaste, de referir
que neste aspeto, as superfícies que claramente ficaram pior foi a da Fresa de Avanço
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cota, como se pode ver na Figura 79. Na Figura 80, é possível ver a peça no seu estado
final.
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5. Comparação e Resultados
Projeto da TSF
Volume de
Material a 1460,79 85,68
Remover [cm3]
Tempo de
1 h 29 min 31 seg 12 min e 44 seg
Operação
Taxa de
Remoção de 16,32 6,73
Material [cm3/min]
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Projeto de Otimização
Volume de Material a
45,65 45,65 45,65 45,65
Remover [cm3]
Tempo de Operação 3 min e 35 seg 1 min e 28 seg 1 min e 24 seg 2 min e 20 seg
Taxa de Remoção de
12,74 31,13 32,61 19,56
Material [cm3/min]
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Volume de Material
2,31 2,31
a Remover [cm3]
Tempo de Operação 1 min 50 seg 57 seg
Taxa de Remoção
1,26 2,43
de Material [cm3/min]
Na Tabela 22 faz-se uma comparação das quatro ferramentas usadas para o desbaste em
termos de tempo de operação, acabamento e precisão dimensional. Trata-se de uma
análise qualitativa no que toca ao acabamento e à precisão dimensional obtida através de
observação após maquinagem. Estas últimas características não foram quantificadas
porque, por motivos de urgência de tempo, seria bastante inconveniente desapertar a peça
da bucha.
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6. Considerações Finais
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que seriam as operações onde se poderia ganhar mais tempo. No caso das ranhuras não se
conseguiu otimizar mas no desbaste do contorno a plange e as fresas de metal duro
utilizadas apresentaram melhores resultados.
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7. Trabalhos Futuros
No futuro, seria interessante fazer um projeto semelhante, mas em que houvesse uma maior
possibilidade de estar mais tempo em frente às máquinas de forma autónoma e sentir as
dificuldades existentes na maquinação dos diferentes materiais em estudo, para melhor
compreender os limites e comportamentos em trabalho de cada ferramenta. Desta forma,
seria possível um estudo mais preciso e com resultados mais fiáveis. Também seria positivo
ter realizado, pelo menos, a soldadura do subconjunto abordado, para entender os efeitos e
consequências decorrentes deste processo, teria sido um bom complemento a toda a parte
da maquinagem. Mais especificamente seria um estudo muito mais preciso se fosse
possível otimizar ainda mais o desbaste do contorno com as quatros ferramentas
abordadas:
Fresa de avanço rápido de 3 pastilhasØ20 mm
Fresa de metal duro de Ø20 mm
Fresa de 5 pastilhas Ø63 mm
Plange de 4 pastilhas Ø40
No entanto, neste caso, cada ferramenta iria efetuar toda a operação em questão na
quantidade de peças que fossem necessárias, havendo alteração dos parâmetros de corte,
até se encontrarem os parâmetros ideais de cada uma na maquinagem deste material
específico. Atingir-se-ia um rigor muito maior nas conclusões tiradas e poder-se-ia
inclusivamente adicionar um estudo dos esforços de corte aos resultados, tendo em conta
que as máquinas CNC apresentam gráficos de esforço médio e esforço instantâneo no
momento do corte e até discrimina o esforço por eixo coordenado. Nessa altura iria ser
possível estabelecer uma comparação muito mais fidedigna da taxa de remoção de material
porque se iria atingir o desempenho ótimo de todas as ferramentas, enquanto que no projeto
que se realizou tal não foi alcançado.
Em trabalhos futuros, consideraria bastante proveitoso, também, realizar um estudo mais
aprofundado do software ‘PowerMill’ e das suas potencialidades na maquinagem assistida
por computador. A tecnologia do corte de metal está constantemente em evolução e a
tendência esperada é para haver uma maior utilização da programação em computador,
reduzindo a probabilidade do erro humano.
Seria também desafiante realizar trabalhos cujos temas ainda são bastante controversos
dentro desta área, nomeadamente que envolvam variação e otimização da velocidade de
corte, avanço e profundidade de corte já há milhares. Seria, portanto, interessante estudar,
ainda dentro dos aços inoxidáveis austeníticos, a maquinação a seco e o corte a favor ou
contra o avanço.
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