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UNESP/BAURU/BOLSISTA CAPES (marianabologna@yahoo.com.br)
2
UNESP/BOTUCATU (camposml@ibb.unesp.br)
Resumo:
Abstract:
Desta forma, o aluno não só perceberá que é capaz de utilizar habilidades críticas para
solucionar problemas como também perceberá a importância da aprendizagem que a escola esta
proporcionando.
Considerando as contribuições que uma proposta de ABP pode trazer para o ensino de
Biologia, no nível médio, foi desenvolvida uma pesquisa, no mestrado, para investigar as
possibilidades e limites desta proposta com alunos do Ensino Médio e a professora de Biologia.
Neste artigo, apresentamos os dados referentes a prática docente da professora e a sua percepção
sobre a proposta.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é descrever e analisar a prática docente de uma professora de
Biologia do Ensino Médio que desenvolve – ao longo do um bimestre escolar - uma proposta de
Aprendizagem Baseada em Problemas para desenvolver conteúdos de biologia animal.
METODOLOGIA
COLETA DE DADOS
Procedimentos de coleta
Foram adotados dois procedimentos de coleta: observação das aulas e entrevista com a
professora.
As observações foram realizadas durante todo o período da pesquisa com a professora (nos
dois semestres). Segundo Minayo (1994), a técnica na qual o observador está em contato direto
com o fenômeno é denominada observação participante e sua importância reside no fato da
possibilidade do pesquisador captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são
obtidos por meio de perguntas, uma vez que, observados diretamente na própria realidade,
transmitem o que há de mais imponderável e evasivo na vida real.
Foram realizadas duas entrevistas, uma antes do inicio das atividades com os alunos e uma
após o termino do desenvolvimento da proposta. Elas foram realizadas a partir de roteiros semi-
estruturados, elaborados pela pesquisadora. A escolha desta técnica para obter os dados foi
adotada, pois “permite tratar de temas complexos que dificilmente poderiam ser investigados
adequadamente através de questionários, explorando-os em profundidade”. (ALVES-
MAZZOTTI E GEWANDSZNAJDER, 1998, p. 168).
Após a organização dos dados coletados da professora foi possível estabelecer duas
categorias de análise sobre a prática docente em uma proposta de ABP: 1- o perfil da
professora; 2- a atuação da professora durante o desenvolvimento da proposta da ABP no
Ensino Médio e; 3- Possibilidades da proposta no Ensino Médio.
Apresentamos, inicialmente, dados que nos permitem caracterizar a professora
participante.
1- A Professora
No inicio das atividades com a professora fizemos uma entrevista inicial, com o
objetivo de conhecê-la e pudemos verificar que a professora tem a preocupação em buscar
formas para conseguir proporcionar, aos alunos e a grupos de alunos tão heterogêneos, um
ensino significativo dos conteúdos de Biologia, como expresso sua fala de (S):
Eu espero formar um aluno que tenha assim.... que tenha nos conhecimentos da biologia
um meio de olhar o mundo e interpretá-lo melhor, que possa se cuidar, que seja crítico
em relação aos acontecimentos, que possa melhorar sua vida.
Penso também no aluno que vai prestar vestibular, não excluo todas as informações mais
difíceis.
Para a professora essa heterogeneidade trás a sala de aula além de alunos muito diferentes
aspirações muito diferentes e assim, a para propiciar aos alunos possibilidades de aprendizagem
há a necessidade atividades diferenciadas e que tornem o aluno mais do que um receptor de
informação e que possibilite que a aprendizagem ocorra pela participação dos alunos, como
salientado pela professora:
Utilizo vídeos, textos, algumas visitas ou saídas, seja na escola, seja no jardim botânico,
atividades em contextos individuais e em grupo, faço isso porque quando dou aula
expositiva, toda organizadinha até consigo uma certa disciplina eu vejo que eles não
conseguem manter a atenção, eu vejo que aquele esquema que eu fazia, passar a
informação na lousa explicando item por item, esse tipo de informação lenta eles não
estão aceitando mais, eles preferem as coisas mais rápidas.
Assim, eu procuro chama-los a participar, trazendo flores, indo ao jardim botânico, mas
ainda tenho dificuldade.
Percebemos na fala da professora tentativas de novas propostas de ensino, mas não uma
atividade estruturada. As atividades de resolução de problemas desenvolvidas pela professora
eram as apresentações de problemas do ENEM para os alunos.
Podemos concluir que (S) é uma professora crítica em relação a sua atuação profissional
e em relação aos obstáculos encontrados no cotidiano escolar.
“... apenas fiquei um pouco preocupada e inicialmente não fiquei muito tranqüila, a
intervenção que eu poderia ter e como isso ia interferir no trabalho, como você disse
que era algo que deveria ser feito sem o conhecimento deles, no primeiro momento eu
pensei em deixar mais por conta”
“por fim, eu percebi que estava atuando mais e acabei fazendo mais do meu jeito, da
forma que eu achei que seria melhor, eu acho que se eu conhecesse mais ....eu acho que
poderia ser melhor eu ficaria mais tranqüila”
“no começo eu achei que a proposta um pouco confusa, mas ao longo do encontros
percebi que os problemas são importantes e podem estimular os alunos em querer
aprender”
“...eu posso utilizar na minha prática ... pensar sobre isso e incorporar”
Essa consideração da professora nos remete ao papel das propostas didáticas na qual um
conjunto de técnicas é adotado. Assim como afirma Araújo (2003)
“Foi uma experiência boa para os alunos e para mim, como eu disse, eu acho que eu vou
usar essa divisão em relator e coordenador ela é muito boa, até para outras formas de
trabalho, com algumas alterações o trabalho pode ser feito, com a chegada do livro
didático vai melhorar. Eu percebi que houve uma evolução no trabalho, você determinar
que não ia falar que eu ia dar aula sozinha, no começo foi um pouco estranho mas acho
vai ser importante para mim e pode ser aplicada.”
A dificuldade apontada em relação a atividade foi o comprometimento dos alunos. Para
ela a “falta de comprometimento dos alunos em relação às pesquisas e à freqüência” foi um fator
limitante para a aprendizagem. Segundo a professora a proposta de desenvolver uma atividade
diferente no ultimo bimestre do 3° ano do Ensino Médio e com uma atividade pontual não
possibilita que os alunos percebam a importância da atividade.
Em relação à estrutura da escola, a professora citou a falta de material didático para
pesquisa, pois “e em alguns temas eles podem ser mobilizados a pesquisar na internet, mas com a
chegada do livro didático isso pode melhorar”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da análise da atividade docente de (S) podemos considerar que a ABP é uma
proposta possível de ser adota e adaptada no Ensino Médio e que o professor desempenha papel
central no desenvolvimento da ABP, cabendo a ele favorecer que a aprendizagem se desenvolva
centrada no próprio aluno.
Para tanto, necessita de conhecimentos, de atitudes e de valores, necessita de formação,
características encontradas na professora S. é importante que a ABP seja uma proposta que traga
contribuições para o trabalho docente mais do que uma mera formula para de aquisição de
habilidades de resolução de problemas e seja uma estratégia” segundo a qual esta somente pode
ser abordada no contexto das áreas ou conteúdos específicos aos quais os problemas se referem.”
(POZO, 1998, p.18)
Os nossos dados indicaram que S acolheu a nova proposta didática com cautela e com
capacidade de critica.
Procuramos apresentar o trabalho para S de forma que ela compreendesse a estrutura e os
objetivos da proposta e adaptasse à sua prática educativa. Desta forma a proposta seria
incorporada e adequada as possibilidades da escola e aos objetivos da professora, ou seja, a
proposta não foi apresentada de forma acabada na qual a atuação da professora seria avaliada
como correta em relação a proposta. Assim como afirma Squire et al (2003, p. 471) “a adaptação
dos professores às inovações não é um fenômeno a ser avaliado, mas um continuo processo a ser
auxiliado”.
A Aprendizagem Baseada em Problemas pode ser trazer contribuições para o Ensino de
Biologia na Educação Básica, entretanto a proposta deve ser compreendida como uma estratégia
a ser incorporada a prática e às necessidades do professor.
REFERÊNCIAS