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DESCOBRIR A TERRA CIÊNCIAS NATURAIS

documentos

APOIO DISCIPLINAR
de ampliação 33

AEDPROF8-03
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DOCUMENTO DE AMPLIAÇÃO CIÊNCIAS NATURAIS DESCOBRIR A TERRA

A TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Ecossistemas

Os grandes ecossistemas terrestres – Biomas


Biomas são zonas da Terra, com condições climáticas semelhantes, onde vivem
comunidades de seres vivos que possuem o mesmo tipo de organização.
Cada bioma apresenta um clima característico, especialmente, no que diz res-
peito à temperatura e pluviosidade. Os biomas classificam-se pelo tipo de vegeta-
ção que possuem e consequentemente pela comunidade de animais que dela de-
pende.

Observa, atentamente, o mapa que evidencia a distribuição dos biomas, na Terra.


o
ntic

f i co
Atlâ

P ací
no
Oceano

a
ce
O
O
ce

Oce
an

an
o

o
Ín
Pa

di
cíf

co
ico

0 2000 km

Regiões polares Florestas temperadas Savana Montanhas


Tundra Pradaria Regiões mediterrâneas Florestas tropicais
Taiga Deserto

Proposta de exploração
> Define bioma.
> Indica os dois factores que são considerados na classificação dos biomas.
> Refere a localização:
– da tundra;
– das florestas de coníferas;
– das florestas temperadas;
– do ambiente mediterrânico;
– das florestas tropicais;
– dos desertos.
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TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Ecossistemas A
A tundra
A tundra é uma imensa planície gelada, situada
em latitudes superiores a 60º N. Durante o Inverno,
o Sol não ultrapassa o horizonte e a temperatura
desce, frequentemente, abaixo dos 30 ºC negativos.
No Verão árctico, que dura aproximadamente dois
meses, os dias são longos, o Sol praticamente não
se põe e a temperatura média é cerca de 5 ºC.
O solo encontra-se permanentemente gelado a

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10 cm da superfície. Durante o Verão, a camada su-
perficial do solo descongela o que permite o de-
senvolvimento de uma vegetação abundante,
constituída por musgos, líquenes, ervas e alguns ar-
bustos anões. Nesta época do ano, devido à abun- 35

dância de alimento, onde se incluem enormes


quantidades de insectos, são inúmeros os animais,
especialmente aves, que migram para a tundra.
Animais com os lemingues e os caribús são ca-
racterísticos deste bioma. Os caribús vivem na América
do Norte. Seguindo sempre as
mesmas rotas migram das
florestas, onde passam o
Inverno para a tundra.

Tundra
T(ºC) P (mm)
160
140
A Tundra, no Verão. 120
100
Os lemingues são
40 80
pequenos roedores 60
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com grande potencial 20 40
reprodutivo e um 10 20
comportamento 0 0
peculiar. Quando o -10
alimento escasseia -20
praticam o suicídio -30
em massa, atirando-se -40
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ao mar.
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A TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Ecossistemas

A taiga – floresta de coníferas


A floresta de coníferas constituída essencial-
mente por pinheiros e abetos situa-se nas regiões a
sul da tundra, em latitudes compreendidas entre os
45º e os 60º N. Este bioma ocupa parte do Norte da
Europa, da Ásia e da América do Norte.
Neste local, o Inverno é muito frio e a precipita-
ção abundante mas sob a forma de neve.
As coníferas são árvores de folha persistente que
geram sementes no interior de pinhas. Devido à sua
forma cónica, que facilita o escorregamento da
neve, e ao facto de possuírem folhas em forma de
agulha, o que evita as perdas de água escassa no In-
verno, por estar gelada, as coníferas estão perfeita-
mente adaptadas a este clima rigoroso.
No Inverno, muitos animais migram e outros hi-
bernam. Os que permanecem activos como, por
exemplo, os alces possuem adaptações morfológi-
Floresta de coníferas.
cas que lhes permitem sobreviver.
No Verão, este ecossistema enche-se de vida al-
bergando, entre muitos outros animais, várias espé-
cies de aves e roedores, ursos, linces e martas.
Embora existam coníferas no hemisfério sul, não
constituem florestas com as características da taiga.

Taiga

T(ºC) P (mm)
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140
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100
40 80
30 60
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Roedores como os esquilos O alce sobrevive, no 0 0
abundam. Alimentando-se Inverno, comendo folhas e -10
-20
de sementes, servem de cascas dos troncos das
-30
alimento a inúmeros árvores. J F MAM J J A S OND
predadores.
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TEMA

UNIDADE
Sustentabilidade na Terra
Ecossistemas A
A floresta temperada – floresta
caducifólia
Localizadas a sul da taiga, estas florestas consti-
tuídas por árvores de folha caduca, como por exem-
plo, carvalhos, castanheiros e faias, têm sofrido uma
desflorestação intensa.
Este bioma ocupa a faixa oriental da América do
Norte, a maior parte da Europa e algumas zonas da
Ásia. No Hemisfério sul, localiza-se no sul da Amé-

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Actualmente, a raposa pode
rica do sul e Austrália. encontrar-se nas áreas
Estas florestas proliferam em regiões onde as es- arborizadas dos arredores das
tações do ano são bem demarcadas. O Verão é grandes cidades europeias.
ameno, com alguma chuva, e o Inverno pouco frio,
com chuva abundante. 37

No Inverno, muitos animais hibernam e migram.


Mas, no Verão, estas florestas que ainda existem em
pequenas manchas, no Norte de Portugal, contêm
uma enorme variedade de seres vivos dispersos por
toda a parte, desde o solo até às copas mais altas
das árvores.

A coruja é um predador de
hábitos nocturnos.

Floresta caducifólia

T(ºC) P (mm)
160
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Floresta caducifólia, no Outono.


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A TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Ecossistemas

Os ambientes mediterrânicos
Localizados a sul das florestas temperadas, em
regiões próximas do mar, estes biomas são consti-
tuídos por florestas e matas de folha persistente.
Para além das zonas próximas do Mediterrâneo
existe na Califórnia, México, Chile, Austrália e África
do Sul. Nestas regiões, embora a flora seja seme-
lhante, por isso pertencem ao mesmo bioma, po-
dem encontrar-se espécies com diferentes caracte-
rísticas. As andorinhas surgem na
Nas zonas mediterrânicas são frequentes a azi- Primavera, época em que
procriam, voltando, no
nheira, o pinheiro manso, a alfarrobeira e inúmeros
Outono, para zonas mais
arbustos. quentes onde passam o
Como o Mediterrâneo é das zonas mais povoa- Inverno.
das do Mundo, desde tempos imemoriais, este am-
biente encontra-se profundamente alterado pela
actividade humana.
Neste bioma, o Inverno é muito suave e o Verão
quente e seco.

Ambiente mediterrâneo

T(ºC) P (mm)
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Ambiente mediterrâneo.
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TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Ecossistemas A
As florestas tropicais
Localizadas ao longo do equador, as florestas tro-
picais possuem a maior biodiversidade do Planeta,
o que se deve ao facto do clima ser estável, ao
longo de todo o ano, com temperaturas elevadas e
um elevado nível de pluviosidade.
Estas florestas dispõem-se em estratos, isto é, são
formadas por plantas de diferentes alturas em que
as mais altas atingem, por vezes, os 80 metros.

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A maior destas florestas é a Amazónia e a mais
intacta, provavelmente a da Nova Guiné.

39

As aves exóticas são o


símbolo da Amazónia.

Floresta tropical
A cobra tem o corpo revestido de escamas, diferentes P (mm)
340
das dos peixes, que a ajudam a locomover-se. 320
300
280
260
240
220
200
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T(ºC) 100
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Floresta tropical.
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A TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Ecossistemas

A savana
As savanas são grandes extensões de planície
cobertas por ervas altas com algumas árvores e ar-
bustos, isolados ou em pequenos grupos.
A savana ocupa cerca de 1/3 da África, mas am-
bientes semelhantes existem na Oceânia e América
do Sul.
As árvores, que nunca ultrapassam os 15 metros,
perdem as folhas no Verão. O clima é determinado O fogo é um elemento
natural da savana.
por uma estação seca, que pode durar até 10 me-
ses, seguida de um período de chuva abundante.
Os fogos, no fim do Verão, quando a erva está
seca são uma característica deste ecossistema. As
plantas de maiores dimensões não são afectadas já
que possuem uma casca espessa que as protege
dos incêndios.
A quantidade e diversidade de herbívoros é
enorme, zebras, gazelas, gnús, girafas, rinocerontes
Grandes predadores, como o
e elefantes têm aqui o seu habitat. Por esta razão leão, têm aqui o seu habitat.
também grandes predadores como, por exemplo, o
leão são característicos deste ecossistema. Savana
P (mm)
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320
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T(ºC) 100
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0 0
A migração dos gnús, no Serengueti, em busca de água -10
e alimento, é a imagem mais característica desta reserva -20
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natural.
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TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Ecossistemas A
Os desertos
Os principais desertos do Mundo localizam-se numa área que integra o Norte de
África e atravessa o Golfo Pérsico até ao deserto de Góbi, na Mongólia. No hemisfé-
rio sul, ocupam a faixa ocidental do Perú e Chile.
Também existem desertos na Austrália e América do Norte para além de outros
locais.
O clima destes ambientes caracteriza-se por uma baixíssima pluviosidade e
grandes amplitudes térmicas. Nalguns desertos não chove durante anos e a tem-
peratura superficial do solo é elevada, durante o dia pode atingir os 75 ºC, e muito

APOIO DISCIPLINAR
baixa durante a noite.
Apesar das dunas arenosas serem o símbolo do deserto, na verdade, eles são
maioritariamente ocupados por aglomerados rochosos e montanhas, onde a vege-
tação escasseia.
Devido às condições de extrema secura, os seres vivos do deserto são, na sua 41

grande maioria, xerófilos.


Algumas plantas, como os cactos, possuem folhas reduzidas a espinhos, o que
evita as perdas de água. A capacidade de armazenar água nas células, retendo-a por
longos períodos de tempo, também é frequente nas plantas do deserto.

Deserto

T(ºC) P (mm)
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O deserto.
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A TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Ecossistemas

Os animais também possuem adaptações que evitam as perdas de água, coura-


ças isolantes, urina concentrada, ausência de glândulas sudoríparas e o facto de
muitos deles estivarem em tocas subterrâneas, permitem-lhes a sobrevivência em
condições extremas.

A raposa do deserto, o feneco, é o símbolo do deserto Os cactos são as plantas mais


africano. As suas compridas orelhas permitem-lhe frequentes nos desertos.
localizar insectos no subsolo e também perder calor, por
irradiação.

Proposta de exploração
Depois de leres, atentamente, os textos sobre os principais biomas, responde às
seguintes questões:
> Caracteriza o tipo de clima de cada bioma.
> Analisa cada um dos gráficos termopluviométricos referindo os meses em
que se regista:
– a temperatura mínima;
– a temperatura máxima;
– a precipitação mínima;
– a precipitação máxima.
> Para cada um dos biomas refere:
– duas espécies que os caracterizam;
– uma adaptação que lhes permite a sobrevivência no ambiente conside-
rado.
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TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Ecossistemas B
Regras a cumprir antes, durante e após um sismo

ALGUMAS REGRAS A CUMPRIR, ANTES, DURANTE E APÓS UM SISMO


Antes
• Tenha à mão uma lanterna eléctrica, um transístor portátil, pilhas, um extintor e um es-
tojo de primeiros socorros.
• Armazene água e alimentos enlatados e renove-os de tempos a tempos.
• Prepare a sua casa por forma a facilitar os movimentos e a impedir a queda de objectos.
• Ensine os familiares a desligar a electricidade, a água e o gás.

APOIO DISCIPLINAR
Durante
Se está num edifício:
• Não se precipite para as saídas, nem utilize elevadores.
• Mantenha-se afastado das janelas, espelhos, chaminés, candeeiros ou móveis.
• Proteja-se no vão de uma porta interior, canto de uma sala, debaixo de uma mesa ou 43

cama.
Se está na rua:
• Dirija-se para um local aberto, com calma e serenidade.
• Enquanto durar o tremor de terra não vá para casa.
• Mantenha-se afastado dos edifícios, dos postes de eletricidade, dos taludes ou muros.
Se vai a conduzir:
• Pare a viatura, afastada de edifícios, muros, postes e cabos de alta tensão e permaneça
dentro dela.

Depois
• Mantenha a calma, ligue o transístor e cumpra as recomendações que ouvir pela rádio.
• Afaste-se das praias e das margens baixas dos rios. Pode ocorrer uma onda gigante –
tsunami ou maremoto.
• Conte com a ocorrência de possíveis réplicas.
• Corte a água e o gás, desligue a electricidade.
• Não fume nem acenda fósforos nem isqueiros. Não ligue os interruptores.
• Calce sapatos, proteja a cabeça e a cara.
• Se houver incêndios, tente apagá-los. Se o não conseguir, alerte os bombeiros.
• Se houver feridos graves, não os remova a menos que corram perigo.
• Limpe produtos inflamáveis que se tenham derramado.
• Se houver pessoas soterradas, informe as equipas de salvamento.
• Evite passar por fios eléctricos soltos e tocar em objectos metálicos que estejam em
contacto com eles.
• Não beba água de recipientes abertos.
• Não circule pelas ruas para observar o que aconteceu. Liberte-as para as viaturas de so-
corro.
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Proposta de exploração
Depois de leres atentamente o texto, responde às seguintes questões:
> Das afirmações que se seguem refere as que dizem respeito:
– a medidas preventivas anti-sísmicas;
– a medidas a tomar no decurso de um sismo;
– a medidas a adoptar logo após a ocorrência de um sismo.

Afirmações:
A – Mantenha-se afastado das janelas, espelhos, chaminés, candeeiros ou mó-
veis.
B – Não se precipite para as saídas, nem utilize elevadores.
C – Se houver incêndios, tente apagá-los. Se o não conseguir, alerte os bom-
beiros.
D – Armazene água e alimentos enlatados e renove-os de tempos a tempos.
E – Mantenha a calma, ligue o transístor e cumpra as recomendações que ou-
vir pela rádio.
F – Limpe produtos inflamáveis que se tenham derramado.
G – Se está num edifício não se precipite para as saídas, nem utilize elevadores.
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TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Gestão sustentável dos recursos C
As árvores em Portugal
A floresta ocupa 33% do território português. As nossas florestas são compostas,
essencialmente, por 3 espécies: o pinheiro-bravo, o sobreiro e a azinheira, que no
seu conjunto perfazem 80% da área arborizada.
São dois os principais factores que ameaçam a floresta portuguesa:
– os incêndios que ocorrem todos os verões;
– o derrube de árvores para dar lugar a outras espécies, geralmente, o eucalipto,
que ocupa mais de 10% da área florestal portuguesa.
O eucalipto é uma árvore de crescimento rápido cuja madeira é excelente para

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produzir pasta de papel. Originária da Austrália, em Portugal não existem herbívo-
ros que se alimentem das folhas, frutos ou madeira de eucalipto. O seu crescimento
rápido, feito à custa da utilização intensiva das reservas de água do solo impede o
crescimento de quaisquer outras
plantas, no mesmo local. Num euca- 45

liptal apenas encontraremos algu-


mas aves, insectos ou mamíferos que
se encontram de passagem.
No entanto, se observarmos bem
um sobreiro, verificamos que, nos
seus ramos fazem ninho as pegas,
chapins, águias, cegonhas e muitas
outras aves. No seu tronco, vivem
pica-paus, morcegos, mochos e até
linces. Cada vez que uma destas árvo-
res é cortada para plantar eucaliptos,
todos estes animais ficam sem abrigo
e o solo ficará, com toda a certeza,
muito mais pobre!

Proposta de exploração
> Refere as duas principais causas da destruição da floresta portuguesa.
> Indica duas medidas de combate aos fogos florestais.
> Explica por que razão a árvore mais plantada, em Portugal, é o eucalipto.
> Refere duas consequências negativas da plantação de eucaliptos.
> Propõe uma medida que leve a uma menor necessidade de plantar eucaliptos.
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D TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Gestão sustentável dos recursos

A eminente extinção do lince-ibérico


Sabia que o número de linces-ibéricos é inferior ao de pandas-gigantes, o sím-
bolo internacional das espécies em perigo de extinção? E que este felino é, actual-
mente, considerado pela União Internacional para a Conservação da Natureza
(UICN) como o mais ameaçado do planeta?
Provavelmente não. Tal como não o sabe grande parte dos Portugueses e Espa-
nhóis, dois povos que partilham a diminuta população mundial da espécie e a
enorme responsabilidade da sua conservação.
O declínio do lince, a partir do princípio do século XX, e, de forma abrupta, na úl-
tima década, deve-se principalmente ao desequilíbrio provocado pelo Homem nas
fontes de alimento e nos refúgios deste animal.
As campanhas do trigo iniciadas nos anos 40 e as mais recentes plantações de
eucalipto e pinheiro para a produção de pasta de papel arrasaram grandes áreas de
matagal mediterrâneo onde o lince até aí vivera. Por outro lado, o coelho-bravo, sua
presa favorita, sofreu uma devastação sem precedentes devido à mixomatose
(doença fatal para os coelhos). A dieta do lince-ibérico depende quase exclusiva-
mente deste animal que, durante o Verão, chega a constituir 93% do total de ali-
mento ingerido.
Com grande parte da zona de distribuição histórica alterada e com a sua presa
preferencial drasticamente reduzida, o lince-ibérico regrediu para pequenas bolsas
populacionais isoladas, sem comunicação.

Coelho-bravo.
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1900
D
Serra da Madrid
Malcata Montes de Toledo
Lisboa Guadalmena
Vale do Andújar 1960
Guadiana
Serras Doñana
Algarvias
Serra da Madrid
Malcata Montes de Toledo
Lisboa Guadalmena
Vale do Andújar
Guadiana 2003
Serras Doñana
Algarvias
Serra da

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Madrid
Malcata
Montes de Toledo
Lisboa Guadalmena
Distribuição provável em 1900 e 1960 Vale do Andújar
Zonas com êxito de reprodução Guadiana
Serras Doñana
Zonas com possível presença de lince Algarvias
Zonas com presença de lince 47

Lince-ibérico.
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D
Inevitavelmente, o acasalamento de animais com elevado grau de parentesco
fez surgir uma nova ameaça: o empobrecimento genético (menor variabilidade da
informação genética) e as consequentes doenças que se manifestam mais facil-
mente em acasalamentos consanguíneos. Como se não bastasse, alguns territórios
onde este felino actualmente subsiste são também partilhados pelo homem como
zonas de caça, originando uma competição directa com a espécie pelo abate de
coelhos-bravos.
Os biólogos admitem que a população de lince decresceu, de facto, mais de 50%
nos últimos dez anos. Em Portugal, as conclusões são dramáticas. Os resultados de vá-
rios estudos mostram que já não temos núcleos estáveis com reprodução e é alta-
mente improvável que ainda existam indivíduos errantes. Em Espanha, existem ape-
nas duas populações: a de Doñana – a mais bem estudada da Península – com cerca
de 30 animais, e a de Andújar-Cardena, com pouco mais de 80. Podemos afirmar que
população de linces andará abaixo dos 250 animais na iminência da extinção.
Com o lince-ibérico mergulhado numa situação lamentável de pré-extinção, as
equipas de biólogos portugueses e espanhóis concentram agora esforços para dar
início ao processo de reprodução em cativeiro. Esta é a derradeira solução para sal-
var uma espécie que nem sequer conta com uma reserva estratégica de animais ca-
tivos, como acontece por exemplo, com o panda-gigante.
Sá, L.A., "Um solitário cada vez mais só", in National Geographic, Março de 2003 (adaptado)

Proposta de exploração
Depois de teres lido atentamente o texto, responde às seguintes questões:
> Indica as principais causas que levaram o lince-sibérico à iminência da ex-
tinção.
> Refere de que modo a desflorestação do matagal contribui para a redução
da população do lince.
> Refere duas consequências em acasalamentos entre animais com elevado
grau de parentesco.
> Indica a relação biótica que se estabelece entre o Homem e lince:
– em relação ao coelho-bravo;
– em relação ao matagal mediterrâneo.
> Justifica a necessidade de se recorrer ao processo de reprodução em cati-
veiro na tentativa de se salvar o lince-ibérico.
> Comenta a afirmação de António Sá: Um solitário cada vez mais só.
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TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Gestão sustentável dos recursos E
Resíduos com maior potencial de reciclagem
Como cada tipo de resíduos requer um procedimento próprio a fim de ser reci-
clado, é necessário realizar uma recolha selectiva dos resíduos.
Cerca de 80% dos resíduos produzidos têm um elevado potencial de reciclagem.

Papel
O papel é um material de informa-
ção escrita que produz fortes impactos
negativos sobretudo ao nível da produ-

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ção. Embora a matéria-prima se possa
considerar renovável (madeira das ár-
vores), a sua produção conduz normal-
mente a extensas monoculturas, como
49
por exemplo o eucalipto em Portugal.
Em Portugal, as plantações de árvo-
res para a pasta de papel localizam-se,
no distrito de Aveiro, um pouco por
todo o litoral Norte e Centro e, mais re-
centemente, no interior.
Como consequência surge o desaparecimento do coberto vegetal natural, e com
ele, de animais de todas as espécies (biodiversidade). O impacto negativo está
também relacionado com o espaço ocupado, com o risco de incêndio e com a pos-
sibilidade de libertação de substâncias tóxicas, entre as muitas que são usadas na
sua manufactura e impressão.
A reciclagem do papel é um procedimento que permite recuperar as fibras celu-
lósicas do papel velho e incorporá-las na fabricação de novo papel. Não é um pro-
cesso isento da produção de resíduos, mas a produção de pastas virgens também
não o é, e assim sempre se minimizam os problemas relacionados com a produção
de matéria-prima e com a deposição do papel velho. O papel reciclado apresenta
tonalidades de cinzento, a não ser que seja colorido deliberadamente, porque se
opta pela não remoção das tintas do papel original, de forma a minimizar o pro-
blema dos resíduos gerados na reciclagem.
Para a reciclagem ser possível é preciso fazer uma selecção dos papéis recicláveis
e depositá-los no papelão. Deve separar-se os papéis dos outros materiais com os
quais possam estar associados, como por exemplo plásticos – saquetas postais al-
mofadadas ou embalagens aluminizadas.

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E
Matérias orgânicas
As matérias orgânicas que podem ser recicladas são restos de alimentos, dejec-
tos e objectos provenientes de seres vivos.
A compostagem é o processo através do qual se pode reciclar a matéria orgâ-
nica, cujo resultado é uma substância que pode ser utilizada como fertilizante. Este
processo envolve condições que facilitam e aceleram a decomposição da matéria
orgânica, tais como a temperatura, a humidade e a introdução de certos materiais
que funcionam como aceleradores.
No entanto, para que o fertilizante obtido seja de boa qualidade, é necessário
que o resíduo compostado seja exclusivamente composto por matéria orgânica e
não contenha resíduos tóxicos ou outras matérias não orgânicas.
A utilização extensiva da compostagem para a produção de fertilizante agrícola
pode evitar o crescimento excessivo que se tem vindo a fazer na utilização de adu-
bos, o que está a provocar a poluição dos rios e lagos.

Vidro
A principal matéria-prima utilizada
na fabricação do vidro é a sílica, muito
abundante. No entanto, a sua manufac-
tura consome bastante energia. É preci-
samente neste aspecto que reside a im-
portância da reciclagem do vidro, uma
vez que se gasta mais energia na fabri-
cação de vidro novo do que na sua re-
ciclagem.
A implantação da recolha selectiva
do vidro é das mais antigas em Portu-
gal, no entanto com pouco sucesso.
Este insucesso deve-se ao facto da
maioria do vidro continuar a ter como
destino as lixeiras e aterros e também
devido à existência de acessórios asso-
ciados ao vidro, como, por exemplo,
plásticos, papéis, etc., o que encarece a
sua preparação e compromete a quali-
dade do produto final.
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DESCOBRIR A TERRA CIÊNCIAS NATURAIS DOCUMENTO DE AMPLIAÇÃO

E
Metais
Todos os metais que nós utilizamos
foram extraídos da Terra. E apesar das
reservas existentes, estes são conside-
rados recursos não renováveis. Além
disso, a sua obtenção requer consumos
de energia muito elevados, geram
grande quantidade de poluição (escó-
rias, subprodutos da extracção, etc), e

APOIO DISCIPLINAR
alterações na paisagem com a elimina-
ção de praticamente todas as formas de vida (minerações à superfície). Podemos
juntar a estes motivos, ainda o impacto causado pelos automóveis velhos, que
constituem um factor de degradação da paisagem e ocupação de espaço.
Daí a necessidade de reciclagem dos metais. 51

A reciclagem é a melhor solução


para o problema que representa a maior
parte dos nossos resíduos domésticos.
No entanto, também gasta energia, gera
resíduos e deixa de fora uma série de
materiais não recicláveis cujo destino é
o aterro sanitário ou a incineração. Por
isso se deve aplicar a política dos 3R´S:
reduzir, reutilizar e reciclar.

Proposta de exploração
> Quais as consequências das plantações de árvores para a pasta de papel?
> Qual a vantagem da reciclagem do papel?
> Indica como se deve fazer a recolha do papel para reciclar.
> O que é a compostagem?
> Quais as matérias orgânicas que se podem reciclar?
> Qual a vantagem da utilização do composto obtido como produto final da
compostagem?
> Qual a principal vantagem da reciclagem do vidro?
> Indica o porquê da necessidade urgente da reciclagem dos metais?
> Será que a reciclagem consegue resolver todos os problemas de resíduos
domésticos?
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F TEMA

CAPÍTULO
Sustentabilidade na Terra
Gestão sustentável dos recursos

Ameaça nuclear
TEXTO A
Na manhã de 26 de Abril de 1986, o reactor número 4 da usina nuclear de Cher-
nobyl sofreu um sobreaquecimento que, ao explodir, deslocou a tampa do reactor
com duas mil toneladas. A explosão originou uma nuvem radioactiva com cerca de
5 km de altura, que se alastrou por toda a Europa.
Muitos operários e bombeiros, que tentavam apagar o incêndio, morreram
pouco depois, devido à exposição a que foram sujeitos pela radiação libertada. O in-
cêndio só foi controlado quando vários helicópteros deitaram cerca de 5 mil tone-
ladas de areia no topo do reactor. Posteriormente, foram utilizados veículos-robôs
para limpar o reactor e eliminar os resíduos radioactivos. Estes veículos começaram
a apresentar falhas no seu funcionamento, que foram atribuídas aos elevados índi-
ces de radioactividade a que foram sujeitos nesta tarefa. Só depois é que foram en-
viadas equipas de homens para terminar a limpeza, muitos deles morreram mais
tarde.
Foram evacuadas cerca de 115 mil habitantes. Devido aos altos índices de ra-
dioactividade, as populações foram avisadas de que não poderiam beber água do
local, nem consumir produtos hortícolas, carne e leite. Cerca de 20% do solo agrí-
cola e 15% das florestas não poderão ser ocupados por mais de um século. Estima-
-se que 8 mil ucranianos já morreram como consequência deste acidente. Acredita-
-se que este número pode chegar aos 17 mil durante os próximos 70 anos.
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F
TEXTO B
No dia 30 de Setembro de 1999, em Tokaimura, no Japão, durante o processo de
purificação do urânio bruto, foi adicionado, por engano, 16 kg deste minério a um
reactor (quase 8 vezes acima do limite de segurança). A presença de tanto urânio
provocou uma reacção descontrolada, em milésimos de segundos, que libertou
energia e radioactividade suficientes para ser considerado como um acidente nu-
clear.
Por precaução, 320 000 pessoas fo-
ram evacuadas num raio de 10 km.

APOIO DISCIPLINAR
Três funcionários foram hospitaliza-
dos, tendo morrido dois deles. Os
bombeiros foram chamados ao local
sem serem informados que se tratava
de um acidente nuclear. Desprovidos 53
de qualquer protecção contra a ra-
diação, foram naturalmente contami-
nados.

Proposta de exploração
Depois de teres lido,atentamente,os textos A e B,responde às seguintes questões:
> Indica por que razão é necessário a utilização da energia nuclear.
> Refere os perigos da utilização deste tipo de energia para:
– o Homem;
– a sociedade;
– o ambiente.
> Refere duas consequências idênticas que resultaram do acidente nuclear re-
ferido nos dois textos.
> Indica dois procedimentos errados referidos:
– no texto A;
– no texto B.
> Comenta a seguinte afirmação:
A energia nuclear é um avanço científico e tecnológico perigoso para a Huma-
nidade.

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