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FACULDADE CATÓLICA DE BELÉM

CURSO DE FILOSOFIA

PEDRO PAULO CORRÊA DA SILVA

QUERIDA AMAZÔNIA

Ananindeua – PA

2023

PEDRO PAULO CORRÊA DA SILVA


QUERIDA AMAZÔNIA

Resenha apresentada à Faculdade Católica de


Belém, para obtenção da nota parcial da 1º
NPC, na disciplina Métodos e Técnicas,
ministrada pela Profª. Maria do Socorro de
Almeida Souza.

Ananindeua - PA
A sociedade contemporânea sofre com uma série de problemas éticos e morais
decorrentes do relativismo e do materialismo, fazendo com que cada indivíduo busque sua
própria satisfação no lugar do bem comum. Diversos filósofos apresentaram uma resposta
para a solução dos problemas éticos, como por exemplo Aristóteles, que em seu livro Ética a
Nicômaco, aponta alguns caminhos que auxiliam no desenvolvimento das virtudes e hábitos
morais que levam a uma vida plena e feliz, a saber, a virtude da justiça, a virtude da coragem,
a virtude da temperança e a virtude da amizade. Paralelo a isso, Platão em suas obras A
República e Fedro aponta a importância da educação para o desenvolvimento de uma alma
virtuosa e pelo governo dos filósofos que estão mais aptos a compreender o bem comum e
tomar decisões éticas. Dito isso, é fundamental recorrer aos filósofos clássicos diante dos
problemas éticos contemporâneos, para que assim seja possível trilhar um caminho seguro e
reto na busca das virtudes afim de que, por meio da contemplação chegue a plena felicidade.

Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco, nasceu em Buenos Aires na Argentina,
filho de pais Italianos da região do Piemonte. Antes de se decidir pelo caminho sacerdotal se
formou em técnico químico, porém o chamado vocacional foi mais forte fazendo com que ele
entrasse no seminário diocesano de Vila Devoto. Entretanto, sua vida não estava reservada
apenas a uma diocese e pelo desejo de ser um “Soldado de Cristo”, adentrou no noviciado da
Companhia de Jesus. No dia 13 de dezembro de 1969 foi ordenado sacerdote pelo arcebispo
D. Ramón José Castellano e no dia 27 de junho de 1992, foi ordenado bispo pelo cardeal
Antônio Quarracino. Por fim, no dia 13 de março de 2013, Jorge Mario Bergoglio foi eleito o
266º Papa da história da Igreja Católica, sendo o primeiro nascido na América do Sul a
assumir o papado e o primeiro pontífice pertencente a Companhia de Jesus.
Papa Franscisco é autor de diversas obras desde o início do seu pontificado, dentre
elas está a exortação apostólica pós-sinodal Querida Amazônia, escrita após o Sínodo da
Amazônia realizado na cidade de Roma no ano de 2020. Essa exortação está dividida em
quatro partes, que o Sumo Pontífice classifica como sonhos a serem realizados a partir do
sínodo, a saber, o sonho social, o sonho cultural, o sonho ecológico e o sonho eclesial.
Primeiramente, o sonho cultural busca o bem viver de todos os habitantes da
Amazônia e não apenas a preocupação com os biomas, que embora sejam necessários, não
são mais importantes que o bem-estar da população. Dito isso, é preciso reparar as injustiças
causadas pelo que o pontífice chama de colonização contra a vida dos vulneráveis e a
fragilidade do meio ambiente. Para que isso aconteça, o documento afirma que é necessário
um sentido de fraternidade e de vida comunitária, sem esquecer do indivíduo, mas pela união
de todos é possível cuidar da casa comum.
Depois disso, o documento fala do segundo sonho do Sínodo que é o cultural, ou seja,
a promoção da Amazônia. Por abarca diversos países da América do Sul, o território
amazônico possui uma vastidão de culturas, de tribos, de línguas e de histórias que precisam
ser preservadas e acolhidas pela Igreja e pelo Mundo, para que não se percam diante das
culturas urbanas, que muitas vezes retiram os povos de sua terra e de sua cultura e os coloca
nas periferias sociais e existências.
O terceiro sonho sinodal refere-se a ecologia, pois o documento afirmar possuir uma
relação estreita entre o ser humano e o meio ambiente. Sendo o meio ambiente uma criação de
Deus, é preciso preservá-lo da devastação para que o equilíbrio da região seja resguardado
permitindo o desenvolvimento da fauna e da flora e a vida de todos os povos que estão em
território amazônico. O documento afirma que é necessário seguir o exemplo dos povos
amazônicos para a contemplação e não apenas análise, por isso ele afirma: “despertemos o
sentido estético e contemplativo que Deus colocou em nós e que, às vezes deixamos atrofiar”
(PAPA FRANCISCO, 2020, p. 38). É preciso amar e não apenas usar os valiosos tesouros
dados por Deus aos homens e que estão resguardados na Amazônia.
Por fim, o documento apresenta um quarto sonho que é o eclesial pois “a Igreja é
chamada a caminhar com os povos da Amazônia” (PAPA FRANCISCO, 2020, p. 41). O
pontífice exorta que é necessário levar o Evangelho aos povos amazônicos sem se
envergonhar de Jesus Cristo, pois não basta apenas libertá-los da miséria material e social,
mas levá-los a plena “amizade com o Senhor que os promove e dignifica” (PAPA
FRANCISCO, 2020, p. 42). Entretanto, para que esse caminho seja traçado, é necessário que
a Igreja escute os povos e se permita a inculturação sem desprezar o bem que essas culturas
possuem e nem abdicar da Tradição autêntica da Igreja, mas assumindo um rosto amazônico.
O documento apresenta pontos fundamentais para a preservação dos povos, da cultura,
da biodiversidade e dos caminhos para a evangelização na Amazônia, porém trata a imensa
diversidade cultural e social como uma só, não demonstrando de forma precisa o que deve se
feito em cada localidade, pois existem diversas populações dentro do território amazônico, e
cada uma está em um país diferente, tendo sua própria cultura, história e forma de ver o
mundo. Por isso, é necessário um plano mais detalhado para cada localidade e não algo
genérico como se todos fossem um único povo vindos de uma mesma raiz.
Outro ponto que não pode ser deixado de lado é a mudança de uma visão apaixonada e
quase ingênua sobre os povos amazônicos como se eles vivessem em uma perfeita harmonia
com a natureza e não houvesse cooperação de muitos para a própria devastação da natureza
como afirmou o documento. Tal visão era natural pelos primeiros jesuítas que evangelizaram
a América Central e do Sul, porém é necessário compreender a realidade e ajudar, primeiro
levando a mensagem de Cristo a todos que ainda não a ouviram e lutando pela dignidade de
cada pessoa que vive na Amazônia.
Em suma, a Exortação Apostólica aponta para um lugar importantíssimo na Terra que
é a Amazônia, e diante de tantos desafios, lutas, sofrimentos e devastações, a Igreja Católica
olha como mãe para seus filhos para lhes assegurar a verdadeira dignidade e resguardar seus
direitos, mas também anuncia e denuncia como profeta a tudo aquilo que fere a criação de
Deus que desde o princípio da humanidade deu ao Homem, sua imagem e semelhança, a
missão de cuidar e preservar para o bem comum de todos os povos, tudo aquilo que veio das
mãos de Deus Pai.

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