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Pressão-Velocidade em Problemas de
Convecção Natural
Orientador
Prof. Luiz Fernando Lopes Rodrigues Silva, D.Sc.
Agosto de 2017
Análise do Acoplamento Pressão-Velocidade em
Problemas de Convecção Natural
Aprovado por:
Orientado por:
Agosto de 2017
i
Motta, Fernando Maciel.
Análise do acoplamento pressão-velocidade em problemas de convecção
natural/Fernando Maciel Motta - Rio de Janeiro: UFRJ/EQ, 2017
XI, 86 p.; il.
(Monografia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Quí-
mica, 2017.
Orientador: Luiz Fernando Lopes Rodrigues Silva
1. Fluidodinâmica Computacional. 2. Convecção Natural. 3. Acopla-
mento Pressão-Velocidade. 4. Monografia. (Graduação - UFRJ/EQ). 5.
Luiz Fernando Lopes Rodrigues Silva. I. Título
ii
“Don’t Panic”
-Adams, Douglas
iii
Agradecimentos
Agradeço primeiramente à minha família pelo apoio ao longo da minha vida.
Agradeço também aos meus amigos, tanto do tempo de colégio quanto os
que adquiri ao longo da faculdade. Sem eles este processo teria sido muito
mais penoso.
Por fim, agradeço ao meu orientador pelas suas contribuições para a mi-
nha formação e o desenvolvimento deste trabalho.
iv
Resumo da Monografia apresentada à Escola de Química como parte dos
requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Químico.
ANÁLISE DO ACOPLAMENTO
PRESSÃO-VELOCIDADE EM PROBLEMAS DE
CONVECÇÃO NATURAL
Agosto, 2017
Resumo
v
Conteúdo
Lista de Tabelas ix
Lista de Figuras x
1 Introdução 1
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 Fenômenos de Transporte 6
vi
2.2.2 Aproximação de Boussinesq . . . . . . . . . . . . . . . 19
3 Fluidodinâmica Computacional 22
3.3.1 SIMPLE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3.2 PISO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3.3 PIMPLE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.6 OpenFOAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4 Metodologia 48
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
vii
4.3 Implementação da Metodologia de Discretização com Correção
Temporal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5 Caso de Validação 53
6 Resultados 60
6.5 Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Bibliografia 81
viii
Lista de Tabelas
ix
Lista de Figuras
3.2 Arranjo com os nós centrados nos volumes (a) e com os nós
nas arestas (b) (retirado de [34]) . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
x
6.1 Representação da reta ao longo do qual os resultados do teste
de malha foram medidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
xi
Capítulo 1
Introdução
1
a determinação dos perfis de temperatura em projetos de edificações e a
dissipação de gases e poluentes em cenários de acidente, como incêndios ou
explosões, além de emissões comuns geradas em indústrias.
2
Assim, ficam estabelecidas as tolerâncias utilizadas para a convergência do
algoritmo [21] e é escolhido o algoritmo numérico, utilizando esquemas mais
acurados para os termos que influenciam mais a solução. Por exemplo, em
fenômenos com forte dependência temporal ou comportamento oscilatório,
como a convecção natural ou problemas onde o domínio é móvel, o termo
transiente tem grande influência na qualidade da solução, fazendo com que
a acurácia de sua discretização seja muito importante ao tratar este tipo de
fenômeno.
Alguns trabalhos recentes [23, 26] observaram que a forma usual de dis-
cretização e a formulação do acoplamento entre as equações em problemas
fluidodinâmicos podem causar problemas na obtenção de resultados aplicados
a problemas transientes em escoamentos incompressíveis isotérmicos. Neste
caso, a metodologia de solução e suas etapas devem ser modificadas para
incluir uma correção na evolução temporal das variáveis resolvidas. Neste
trabalho, o foco é em estender a metodologia aplicada em [23] para proble-
mas térmicos considerando a abordagem de Boussinesq para considerar os
efeitos de empuxo. Como este é o caso de muitos cenários de convecção
natural, a aplicação desta nova metodologia foi estudada nesta situação.
1.2 Objetivos
3
escoamentos incompressíveis isotérmicos. Neste trabalho foi desenvolvido e
implementado um método similar, aplicado ao equacionamento da convecção
natural. Em seguida esta metodologia foi implementada no pacote de fluido-
dinâmica computacional de código aberto OpenFOAM [22] e validada contra
dados experimentais [27], tendo seu resultado comparado com o obtido pela
metodologia original.
4
No Capítulo 5 foram apresentadas as informações do caso que será usado
para a validação e comparação das metodologias. As informações apresen-
tadas aqui são tanto referentes à física do caso em si quanto aos detalhes
numéricos da simulação.
5
Capítulo 2
Fenômenos de Transporte
6
Figura 2.1: Representação da evolução temporal do volume de fluido Vf (t)
(HAUKE [12]).
Z
d
ρφ(x, t)dV
dt V (t)
7
Teorema do Transporte de Reynolds: Seja V (t) um volume arbitrário
com superfície S(t), que se move com velocidade w, e com normal n̂ exterior
à superfície:
Z Z Z
d ∂ρφ
ρφ(x, t)dV = dV + ρφ(x, t)(w · n̂)dS (2.1)
dt V (t) V (t) ∂t S(t)
Z Z Z
d d
ρφ(x, t)dV = ρφ(x, t)dV + ρφ(x, t) [(u − uc ) · n̂] dS
dt Vf (t) dt Vc (t) Sc (t)
(2.2)
A Equação 2.2 pode ser utilizada para se obter a formulação integral dos
princípios de conservação. Sabe-se, pela definição de volume de fluido, que a
massa em um volume de fluido, mVf , é constante.
dmVf
Z
d
=0⇒ ρdV = 0
dt dt Vf (t)
8
Z Z
d
ρdV + ρ [(u − uc ) · n̂] dS = 0 (2.3)
dt Vc (t) Sc (t)
d X X
mi ui = Fext (2.4)
dt i
onde Fext representa as forças externas que agem sobre o sistema. Como o
sistema em questão é um fluido, o número de partículas tende a infinito e a
massa no volume de fluido diferencial pode ser escrita como mi = dm = ρdV .
Portanto:
Z
d X d
mi ui = ρudV (2.5)
dt i dt Vf (t)
X Z Z
Fext = fs dS + ρfm dV (2.6)
Sf Vf
onde fs são as forças de superfície, que no caso em questão podem ser descri-
tas pelo produto escalar do tensor tensão τ com a normal exterior, n̂, e fm
são as forças de campo presentes no problema. Substituindo estas expressões
na Equação 2.5, chega-se a:
9
Z Z Z
d
ρudV = τ · n̂dS + ρfm dV (2.7)
dt Vf (t) Sf Vf
Z Z Z Z
d
ρudV + c
ρu[(u−u )· n̂]dS = τ · n̂dS + ρfm dV (2.8)
dt Vc (t) Sc (t) Sc (t) Vc (t)
Z Z Z Z
d
ρφdV + c
ρφ[(u − u ) · n̂]dS = tφ · n̂dS + Sφ dV (2.9)
dt Vc (t) Sc (t) Sc (t) Vc (t)
10
Z Z Z Z
∂ρφ
dV + ρφ[u · n̂]dS = tφ · n̂dS + Sφ dV (2.10)
Vc (t) ∂t Sc (t) Sc (t) Vc (t)
Definição: Uma curva é dita C ∞ por partes se ela pode ser separada em
intervalos onde cada intervalo é infinitamente diferenciável. Isto é, tem deri-
vadas contínuas de todas as ordens.
Z Z
∇ · F dV = F · n̂dS (2.11)
V S
Z Z Z Z
∂ρφ
dV + ∇ · (ρφu)dV = ∇ · tφ dV + Sφ dV (2.12)
Vc (t) ∂t Vc (t) Vc (t) Vc (t)
Equivalentemente:
11
Z
∂ρφ
dV + ∇ · (ρφu) − ∇ · tφ − Sφ dV = 0 (2.13)
Vc (t) ∂t
∂ρφ
dV + ∇ · (ρφu) − ∇ · tφ − Sφ = 0 (2.14)
∂t
que é a forma diferencial para a equação de conservação de uma propriedade
genérica. Lembrando a definição de φ, pode-se então obter a formulação
diferencial para as outras equações de conservação. Para a massa:
∂ρ
+ ∇ · (ρu) = 0 (2.15)
∂t
para o momento linear:
∂ρu
+ ∇ · (ρuu) − ∇ · (τ ) − ρfm = 0 (2.16)
∂t
Note que fm representa uma força por unidade de volume externa que
age no fluido, frequentemente a gravidade, e que pode-se separar o tensor
tensão em termos normais (pressão), p e tensões viscosas, τ 0 .
−p τ12 τ13 0 τ12 τ13
τ = τ21 −p τ23 = −pI + τ21 0 τ23 = −pI + τ 0
τ31 τ32 −p τ31 τ32 0
12
∂ρu
+ ∇ · (ρuu) = −∇p + ∇ · (τ 0 ) + ρfm (2.17)
∂t
τ 0 = µ(∇u + ∇u0 )
µ
ν=
ρ
∂u 1
+ ∇ · (uu) = − ∇p + ν∇2 u + fm (2.18)
∂t ρ
13
2.1.2 Conservação da Energia
∆Esistema dE
lim∆t→0 = = Ẇext + Q̇in (2.20)
∆t dt
Z Z
1 2
E= ρetot dV = ρ e + u dV (2.21)
Vf Vf 2
Z Z
Ẇext = (τ · n) · udS + ρfm · udV (2.22)
Sf Vf
Z Z
Q̇in = −q · ndS + q̇v dV (2.23)
Sf Vf
14
onde q é o fluxo de calor através da superfície e q̇v é a taxa de produção de
calor no interior do volume. Assim, para o volume de fluido [12]:
Z Z
d 1 2
ρ e + u dV = (τ · n) · udS+
dt Vf 2 Sf
Z Z Z (2.24)
ρfm · udV + −q · ndS + q̇v dV
Vf Sf Vf
Z Z
d 1 2 1 2
ρ e + u dV + ρ e + u [(u − uc ) · n]dS =
dt
Vc 2 Sc 2
Z Z Z Z
0
(−pn + τ · n) · udS + ρfm · udV + −q · ndS + q̇v dV
Sf Vf Sf Vf
(2.25)
u2 u2
∂
ρ e+ +∇· ρ e + u = ∇·(τ ·u)−∇·q+q̇v +ρfm ·v (2.26)
∂t 2 2
15
DT Dp
ρCp = ∇ · (k∇T ) + q̇v + βT + µΦ (2.27)
Dt Dt
1 ∂ρ
β=− (2.28)
ρ ∂T p
Dφ ∂φ
= + u · ∇φ (2.29)
Dt ∂t
DT k β Dp
=∇· ∇T + T (2.30)
Dt ρCp ρCp Dt
Denotando ainda k
ρCp
por κ:
DT β Dp
= ∇ · (κ∇T ) + T (2.31)
Dt ρCp Dt
16
2.2 Fenômenos de Transporte Aplicados à Con-
vecção Natural
17
ν
Pr = (2.32)
α
gβ∆T L3
Gr = (2.33)
ν2
onde L é o comprimento característico do caso em questão.
gβ∆T L3
Ra = (2.34)
να
18
Em contrapartida, valores baixos do número de Rayleigh significam um es-
coamento mais estável. No caso simples de placas planas, o Rayleigh crítico
para a turbulência é da ordem de 109 [16].
∞
X ρ(n) (T0 )
ρ(T ) = (T − T0 )n (2.35)
n=0
n!
∂ρ(T0 )
ρ(T ) = ρ(T0 ) + (T − T0 ) (2.36)
∂T
lembrando a Equação 2.28, pode-se reescrever 2.36 da seguinte maneira:
19
ρ(T ) = ρ(T0 ) − ρ(T0 )β(T0 )(T − T0 ) (2.37)
ρ = ρ0 (1 − β(T − T0 )) (2.38)
ρ0 − ρ
<< 1 (2.39)
ρ0
ou seja, quando a variação da densidade for muito pequena frente à densidade
original.
∇·u=0 (2.40)
∂u 1
+ ∇ · (uu) − ν∇2 u + βg(T − T0 ) = − ∇p (2.41)
∂t ρ
20
DT
= ∇ · (κ∇T ) (2.42)
Dt
∂T
+ u · ∇T = ∇ · (κ∇T ) (2.43)
∂t
21
Capítulo 3
Fluidodinâmica Computacional
22
Na solução de um problema utilizando CFD, a discretização espacial é
representada pela etapa de geração de malha [9]. Na Figura 3.1 pode-se ver
uma ilustração da primeira etapa do processo, a discretização dos domínios
espacial e temporal:
23
em arranjos colocalizados se tornou viável e mais adequada [8, 36]. A Figura
3.2 mostra os dois tipos mais comuns de alocação de variáveis.
Figura 3.2: Arranjo com os nós centrados nos volumes (a) e com os nós nas
arestas (b) (retirado de [34])
24
O termo ∇·tφ da Equação 2.14 é referente à difusão da variável transpor-
tada φ. Por isso ele será expresso com base na dependência do fluxo difusivo
proporcional ao gradiente de propriedade, seguindo o mesmo procedimento
da Lei de Fourier [16] e de Fick [5]. Desta forma, o operador diferencial
para a difusão pode ser escrito como ∇ · (Γ∇φ), onde Γ é o coeficiente de
difusão de φ. Além disso, o termo Sφ será tratado como um termo fonte
genérico [21, 34, 36]:
∂ρφ
+ ∇ · (ρφu) − ∇ · (Γ∇φ) = Sφ (3.1)
∂t
25
Figura 3.3: Parâmetros da discretização por volumes finitos (retirado de [36])
Z t+∆t Z Z Z
∂ρφ
dV + ∇ · (ρφu)dV − ∇ · (Γ∇φ)dV dt
t VP ∂t VP VP
Z t+∆t Z (3.2)
= Sφ (φ)dV dt
t VP
26
grais volumétricas em integrais de superfície e o fluxo obtido é somado para
cada face de forma a discretizar os termos espaciais.
Z Z
∇ · (ρφu)dV = (ρφu) · dS (3.3)
VP ∂VP
Ff = Sf · (ρu)f (3.4)
Z X X
(ρφu) · dS ≈ Sf · (ρu)f φf (F,M ) = Ff φf (F,M ) (3.5)
∂VP f f
Z Z X
∇ · (Γ∇φ)dV = (Γ∇φ) · dS ≈ Γf (Sf · ∇f φ) (3.6)
VP ∂VP f
27
Para os termos fonte a abordagem é levemente diferente [21,36]. Tendo em
vista que estes termos podem ser funções genéricas de φ, eles são linearizados
expandindo-os em série de Taylor e truncando no segundo termo, antes do
processo de discretização, conforme a Equação 3.7.
Z
Sφ (φ)dV = SI (φP )φP Vp + SE (φP )Vp (3.8)
VP
Z Z
∂ρφ ∂ρφ ∂ρφ
dV = dV = VP (3.9)
VP ∂t ∂t P VP ∂t P
28
" #
Z t+∆t
∂ρφ X
VP + F φf dt
t ∂t P f
" # (3.10)
Z t+∆t X
= Γf Sf · ∇f φ + SI Vp φP + SE VP dt
t f
Cabe observar que dentro deste método, uma etapa essencial é a escolha
do esquema de interpolação. Estes esquemas utilizam funções de interpola-
ção baseados nos valores das propriedades no centro do volume analisado e
seus vizinhos. Esta escolha é de enorme influência na solução adequada do
problema, mas por uma questão de escopo não será abordada em detalhes
neste trabalho, de forma que mais informações podem ser encontradas nas
referências [8, 9, 21, 34, 36, 40].
φnP − φ0P
X X
ρP VP + F φnf = Γf Sf · ∇f φn + SI Vp φnP + SE VP (3.11)
∆t f f
29
o volume P [36], gerando a Equação 3.12.
X
aP φnP + aN φN = rP (3.12)
N
ρ = ρ(P, T ) (3.13)
30
2.15 e 2.17, chegando às Equações 2.40 e 2.18, respectivamente.
Note que não há, com estas equações, uma forma explícita de calcular
a pressão, já que não há uma equação independente para esta grandeza.
As equações de conservação de momento linear permitem calcular o campo
de velocidades, dado um gradiente de pressão. Entretanto, este campo não
necessariamente satisfaz à conservação de massa, pois esta restrição está
expressa somente na equação da continuidade [9, 21].
31
Para resolver este problema cria-se um campo de pressão que satisfaça
necessariamente à conservação de massa. Isto é feito manipulando a equação
da continuidade para obter uma equação explícita para o campo de pressão
[35].
Aφ = r (3.15)
Au u + ∇p = 0 (3.16)
Note que o termo ∇p foi mantido em sua forma diferencial. Isto ocorre
pois, no procedimento de solução não é necessário realizar esta operação, já
que todas as ocorrências da pressão são dentro do operador gradiente. Ou
seja, basta obter uma solução para o campo de ∇p. Multiplicando ambos
os lados da Equação 3.16 pelo inverso do operador Au , pode-se obter uma
equação com a velocidade isolada.
A−1 −1 −1
u Au u + Au ∇p = 0 ⇒ u = −Au ∇p (3.17)
32
Substituindo na Equação 2.40:
−∇ · (A−1
u ∇p) = 0 (3.18)
Teoricamente o problema está resolvido, pois foi obtida uma equação ex-
plícita para a pressão. Entretanto, a inversão do operador Au pode gerar
uma matriz densa, cuja solução é muito custosa. Como alternativa, o opera-
dor pode ser decomposto antes da inversão em:
Au = Du + LUu (3.19)
Du u + ∇p = −LUu u (3.20)
Agora que uma equação para a pressão foi obtida, é necessário obter a
formulação discretizada deste sistema. Analisando a equação 3.16 e consi-
derando agora possíveis termos fonte, que serão denotados por r, chega-se à
Equação para o momento linear [35]:
33
Au u + ∇p = r (3.22)
X
aP uP + aN uN = r − ∇p (3.23)
N
X
H(u) = r − aN uN (3.24)
N
aP uP = H(u) − ∇p (3.25)
O que implica:
1
uP = (H(u) − ∇p) (3.26)
aP
∇p H(u)
∇· =∇· (3.27)
aP aP
34
Pode-se aplicar ainda o procedimento de discretização visto na Seção 3.1.2
para completar a discretização dos operadores deste sistema linear [21]. O
sistema dado pelas Equações 3.27 e 3.25 se torna então:
" #
X 1 X H(u)
Sf · (∇p)f = Sf · (3.28)
f
aP f f
aP f
aP uP = H(u) − ∇p (3.29)
Além disso, pode-se obter uma equação para os fluxos em cada face:
" #
H(u) 1
F = Sf · uf = Sf · − (∇p)f (3.30)
aP f aP f
35
Nas próximas seções estes algoritmos serão abordados em um pouco mais
de detalhe.
3.3.1 SIMPLE
36
Para remediar este problema, utiliza-se os chamados fatores de relaxação.
Estes fatores servem para reduzir a diferença entre o campo utilizado na
iteração atual e o campo atualizado para a próxima iteração, de forma a
tornar o algoritmo convergente [9].
aP n+1 1 − αu
uP = H(u) − ∇pn + aP (3.31)
αu αu
37
pp é a solução da equação da pressão e αp é o fator de relaxação da
pressão.
Derivados do SIMPLE
Este problema torna o método divergente [9]. Desta forma, outros méto-
dos foram desenvolvidos buscando uma forma de corrigir o campo de veloci-
dade antes de utilizá-lo para obter o campo de pressão.
Note que uma boa escolha dos fatores de relaxação dentro do algoritmo
SIMPLE original torna o método convergente e serve para contrabalancear
esta deficiência. Apesar disso, outros métodos derivados dele apresentam
uma aceleração na convergência introduzindo uma forma de corrigir o campo
de velocidades.
38
média ponderada do valor deste campo nos nós vizinhos. Já no SIMPLER,
ocorre primeiro uma abordagem idêntica ao SIMPLE, calculando a veloci-
dade sem se preocupar com a continuidade, mas em seguida utiliza o campo
de pressão calculado desta forma para atualizar o campo de velocidades para
que este satisfaça a continuidade e usa este campo atualizado em uma nova
correção de pressão.
3.3.2 PISO
ap un+1
P = H(u) − ∇pn (3.33)
39
5. Com os novos campos e fluxos, atualiza-se explicitamente o campo de
velocidades, de acordo com a Equação 3.29.
3.3.3 PIMPLE
40
para a correção de pressão até que este campo esteja convergido. Os laços
externos de correção do PIMPLE, por outro lado, inserem uma iteração além
desta já presente no PISO. Estes laços levam o algoritmo de volta para o
começo da solução do acoplamento pressão-velocidade e iteram até que todos
os campos estejam convergidos.
Pode-se observar este fato nas seções anteriores em que foi necessário
elaborar uma equação para a pressão e iterar as soluções em todas as meto-
dologias apresentadas, devido à interdependência dos campos que se buscava
resolver.
41
tura [7, 15, 19]. Dentre elas pode-se destacar uma redução significativa no
tempo para a obtenção da solução e uma maior estabilidade do algoritmo.
Entretanto, esta abordagem foi deixada de lado por muito tempo devido ao
maior custo computacional em termos de memória, que em máquinas antigas
tornava este método inviável.
A(y)x = a (3.34)
B(x)y = b (3.35)
A(y) 0 x a
= (3.36)
0 B(x) y b
42
A idéia então é remover a dependência linear da variável não resolvida em
cada uma das matrizes e adicionar um termo cruzado (fora da diagonal) que
resolve esta dependência implicitamente.
A0 Ay x a
= (3.37)
0
Bx B y b
Note que, ao expandir o sistema linear descrito por 3.37, cada termo só
opera a variável da qual ele próprio depende.
A0 (x) + Bx (x) = a
(3.38)
Ay (y) + B 0 (y) = b
43
C(z) = c (3.39)
ca,a
i,j ca,b
i,j
C = Ci,j = (3.40)
cb,a
i,j cb,b
i,j i,j
ai
c = ci = (3.41)
bi
xi
z = zi = (3.42)
yi
44
2.41 e 2.43.
∇ · (ψv) = ψ∇ · v + v · ∇ψ (3.43)
∂T
+ ∇ · (uT ) − T ∇ · u = ∇ · (κ∇T ) (3.44)
∂t
mas, como 2.40 implica que ∇ · u = 0, a equação da energia se torna:
∂T
+ ∇ · (T u) = ∇ · (κ∇T ) (3.45)
∂t
45
TPn − TPo
X X
VP + Ff Tf − κSf · ∇f T (3.46)
∆t f f
3.6 OpenFOAM
46
solver simples para escoamentos laminares de convecção natural, utilizando a
aproximação de Boussinesq. Este solver utiliza o algoritmo PISO para tratar
o acoplamento pressão velocidade e trata a equação da energia separadamente
após estabelecer os campos de pressão e velocidade em cada passo de tempo.
47
Capítulo 4
Metodologia
4.1 Introdução
48
4.2 Implementação Original
rP = −β × g × (TP − T0 ) (4.1)
" #
H(u) 1
F = Sf · − (∇p)f + φcorr
f (4.2)
aP f aP f
onde φcorr
f é o termo de correção de fluxo, dado pela Equação 4.3.
49
φcorr
f = φof − uof · Sf (4.3)
50
cesso, em vez de criar uma matriz com todos os operadores, a implementação
nova cria duas matrizes separadas.
unP − u0P
EPt = ρP VP (4.4)
∆t
X X
HUPt = F unf − Γf Sf · ∇f un − SI Vp unP − SE VP (4.5)
f f
" #
H H (u)
X 1 X
Sf · (∇p)f = Sf · (4.6)
f
aH
P f f
aHP f
51
" #
H H (u)
1
F = Sf · − (∇p)f (4.7)
aHP f aH
P f
1
H H (u) + H t (u) − ∇p (4.8)
uP =
aH
P
t
+ aP
onde atP e H t (u) são os campos gerados a partir da Equação 4.4. Tendo re-
petido este processo até a convergência, o algoritmo sai do processo iterativo
do PISO, resolve a equação de transporte da energia, calcula explicitamente
a densidade e conclui assim o passo de tempo, avançando para o próximo
tempo.
52
Capítulo 5
Caso de Validação
53
Figura 5.1: Representação do setup experimental com os planos de luz onde
a captura de imagens é feita [27]
54
5.2 Detalhamento Numérico
55
Top
Walls
Bottom
56
Tabela 5.1: Condições de Contorno no OpenFOAM
Inicial
T uniform 298
U uniform (0 0 0)
p uniform 0
57
Tabela 5.3: Esquemas de discretização utilizados no OpenFOAM
Esquema
ddtSchemes CrankNicolson 0.9
gradSchemes Gauss linear
divSchemes Gauss Minmod
laplacianSchemes Gauss linear corrected
interpolationSchemes linear
snGradSchemes linear
58
5.2.1 Caso com número de Rayleigh Elevado
59
Capítulo 6
Resultados
Foram testadas malhas com 625, 5000 e 40000 elementos neste trabalho.
Tomando como base o teste de malha realizado por NÚÑEZ et al [27], a
grandeza avaliada no teste de malha foi o módulo da velocidade ao longo
de uma linha no cilindro, centralizada nos eixos y e z e percorrendo o eixo
x, conforme a Figura 6.1. Os resultados estão expostos na Figura 6.2. Na
Figura 6.2, a curva com legenda U _5 representa o perfil obtido com a malha
de 625 elementos, a curva com legenda U _10 representa o perfil obtido com
60
a malha de 5000 elementos e a curva com legenda U _20 representa o perfil
obtido com a malha de 40000 elementos.
61
0.0017 Teste de Malha
U_20
0.0016 U_10
0.0015
U_5
0.0014
0.0013
0.0012
0.0011
0.001
abs(U) (m/s)
0.0009
0.0008
0.0007
0.0006
0.0005
0.0004
0.0003
0.0002
0.0001
0
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 0.011 0.012 0.013 0.014 0.015 0.016 0.017
y (m)
62
5.1.
63
0.0008 U_X em Z=0
U_X-OF
0.0007 U_X-modificado
U_X_exp
0.0006
0.0005
0.0004
0.0003
0.0002
Velocidade (m/s)
0.0001
-0.0001
-0.0002
-0.0003
-0.0004
-0.0005
-0.0006
-0.0007
-0.0008
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 0.011 0.012 0.013 0.014 0.015 0.016 0.017 0.018 0.019
y (m)
64
U_X em Z=-0.005
U_X-modificado
0.0007 U_X-OF
U_X_exp
0.0006
0.0005
0.0004
0.0003
0.0002
Velocidade (m/s)
0.0001
-0.0001
-0.0002
-0.0003
-0.0004
-0.0005
-0.0006
-0.0007
-0.0008
-0.0009
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 0.011 0.012 0.013 0.014 0.015 0.016 0.017 0.018 0.019 0.02
y (m)
65
U_X em Z=+0.005
U_X-OF
0.0007 U_X-modificado
U_X_exp
0.0006
0.0005
0.0004
0.0003
0.0002
Velocidade (m/s)
0.0001
-0.0001
-0.0002
-0.0003
-0.0004
-0.0005
-0.0006
-0.0007
-0.0008
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 0.011 0.012 0.013 0.014 0.015 0.016 0.017 0.018 0.019 0.02
y (m)
66
6.2.2 Componente da Velocidade na Direção y
U_Y em Z=0
U_Y-OF
0.0009 U_Y-modificado
0.0008 U_Y_exp
0.0007
0.0006
0.0005
0.0004
0.0003
0.0002
Velocidade (m/s)
0.0001
0
-0.0001
-0.0002
-0.0003
-0.0004
-0.0005
-0.0006
-0.0007
-0.0008
-0.0009
-0.001
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 0.011 0.012 0.013 0.014 0.015 0.016 0.017 0.018 0.019 0.02
y (m)
67
U_Y em Z=-0.005
U_Y-modificado
0.0009 U_Y-OF
0.0008 U_Y-exp
0.0007
0.0006
0.0005
0.0004
0.0003
0.0002
Velocidade (m/s)
0.0001
0
-0.0001
-0.0002
-0.0003
-0.0004
-0.0005
-0.0006
-0.0007
-0.0008
-0.0009
-0.001
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 0.011 0.012 0.013 0.014 0.015 0.016 0.017 0.018 0.019 0.02
y (m)
68
U_Y em Z=+0.005
U_Y-OF
0.0009 U_Y-modificado
0.0008 U_Y-exp
0.0007
0.0006
0.0005
0.0004
0.0003
0.0002
Velocidade (m/s)
0.0001
0
-0.0001
-0.0002
-0.0003
-0.0004
-0.0005
-0.0006
-0.0007
-0.0008
-0.0009
-0.001
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 0.011 0.012 0.013 0.014 0.015 0.016 0.017 0.018 0.019 0.02
y (m)
69
U_Z em Z=0
0.0016 U_Z-OF
U_Z-modificado
0.0014 U_Z_exp
0.0012
0.001
0.0008
0.0006
0.0004
Velocidade (m/s)
0.0002
-0.0002
-0.0004
-0.0006
-0.0008
-0.001
-0.0012
-0.0014
-0.0016
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 0.011 0.012 0.013 0.014 0.015 0.016 0.017 0.018 0.019 0.02
y (m)
70
U_Z em Z=-0.005
U_Z-modificado
U_Z-OF
0.0012
U_Z-exp
0.001
0.0008
0.0006
0.0004
Velocidade (m/s)
0.0002
-0.0002
-0.0004
-0.0006
-0.0008
-0.001
-0.0012
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 0.011 0.012 0.013 0.014 0.015 0.016 0.017 0.018 0.019 0.02
y (m)
71
0.0014 U_Z em Z=+0.005
U_Z-OF
0.0012 U_Z-modificado
U_Z-exp
0.001
0.0008
0.0006
0.0004
Velocidade (m/s)
0.0002
-0.0002
-0.0004
-0.0006
-0.0008
-0.001
-0.0012
-0.0014
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 0.011 0.012 0.013 0.014 0.015 0.016 0.017 0.018 0.019 0.02
y (m)
72
computação na última iteração de ambas as metodologias numéricas estão
representados na Tabela 6.1. Todas as simulações foram realizadas em um
computador com processador i7-6700K com 4 núcleos a 4GHz e com 16GB de
memória RAM. Na Tabela, os dados referentes às grandezas físicas se referem
ao seu resíduo na última iteração. O dado de continuidade cumulativa indica
o fechamento do balanço de massa, indicando que, quanto mais baixo o seu
valor, menor a diferença entre a quantidade de material que entra no domínio
e a que sai [21].
73
comparáveis, foi realizada uma média temporal ao longo de 2000 segundos,
após desprezar um tempo inicial longo para que a simulação se estabilizasse.
De fato, como se pode observar nas Figuras 6.12 e 6.13, mesmo o perfil
qualitativo médio obtido para as velocidades apresenta grandes diferenças.
74
Figura 6.13: Vetores velocidade média no plano xz, com os resultados da
metodologia original à esquerda.
75
com correção temporal.
0.013
0.012
0.011
0.01
0.009
abs(U) (m/s)
0.008
0.007
0.006
0.005
0.004
0.003
0.002
0.001
0
0 0.001 0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008 0.009 0.01 0.011 0.012 0.013 0.014 0.015 0.016 0.017
y (m)
76
6.5 Discussão
77
transiente surtiu efeito. Isto sugere que a metodologia baseada em corrigir o
fluxo inconsistente ad-hoc afeta diretamente a solução do problema.
78
Capítulo 7
79
então realizar mais testes contra dados experimentais.
Para estes testes, seria ideal buscar casos onde o efeito oscilatório seja
acentuado. Isto é, casos com número de Rayleigh mais alto, onde a depen-
dência temporal é maior [16]. Seria sobretudo proveitoso realizar um estudo
numérico e experimental, onde o efeito da discretização temporal pode ser
observado em escoamentos com a variação do número de Rayleigh.
80
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