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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Salvador
7 de março de 2017
DANIEL SANTOS DE QUADROS CORREIA
Salvador
7 de março de 2017
Modelo de ficha catalográfica fornecido pelo Sistema Universitário de Bibliotecas da UFBA para ser confeccionada
Sistema universitário de bibliotecas da UFBA
pelo autor
Aos meus orientadores, Professores Antônio Cezar de Castro Lima e Leizer Schnitman,
por toda a disponibilidade e apoio ao longo do desenvolvimento deste trabalho.
Ao pessoal do Laboratório de Elevação Artificial da UFBA (LEA), pelo fundamental
suporte durante a montagem e realização dos experimentos desta pesquisa.
Ao Engenheiro Ricardo Minette (CENPES) pelo interesse, disponibilidade e assistên-
cia sempre que necessário.
À toda minha família.
v
RESUMO
vii
ABSTRACT
ix
SUMÁRIO
Capítulo 1—Introdução 1
1.1 Escopo e estrutura do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.2 Organização do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Revisão bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
xi
xii SUMÁRIO
Capítulo 7—Experimentos 73
Capítulo 8—Conclusões 89
8.1 Trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
LISTA DE FIGURAS
xv
xvi LISTA DE FIGURAS
1
INTRODUÇÃO
1
2 INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, diversas técnicas foram desenvolvidas para a estimação dos parâ-
metros modais através da análise de dados obtidos de forma experimental ou operacional.
Dentre estas, pode-se destacar a Decomposição no Domínio da Frequência (FDD - Fre-
quency Domain Decomposition) como uma técnica relativamente nova e capaz de tratar
dados obtidos de ambos os casos. Além disso, pelo fato do usuário utilizar diretamente
funções de densidade espectral, a técnica permite que os dados sejam interpretados de
forma simples e rápida (BRINCKER; ZHANG; ANDERSEN, 2000).
1.1.1 Objetivos
Este trabalho tem por finalidade realizar a análise modal para a estimação das frequências
naturais de um sistema de bombeio por cavidades progressivas, além de desenvolver uma
metodologia para a realização dos experimentos envolvidos na análise. Para a extração
dos parâmetros, a partir dos dados obtidos experimentalmente, foi implementada uma
rotina em Matlab utilizando a técnica da EFDD. O BCP utilizado está instalado no
Laboratório de Elevação Artificial (LEA) da Universidade Federal da Bahia de forma
similar à encontrada em um poço real.
A estrutura que simula o poço, de aproximadamente 32 metros de altura, onde será
instalado o BCP pode ser vista na figura 1.1. Neste mesmo local já estão presentes
uma bomba centrífuga submersa e uma bomba de fundo, de uma unidade de bombeio
mecânico. No estudo foi utilizada uma bomba da Netzsch , modelo NTZ350*180ST25.
Para uma melhor compreensão e buscando uma abordagem didática dos conceitos uti-
lizados no desenvolvimento da analise modal experimental, os capítulos seguintes deste
trabalho foram organizados da seguinte maneira:
O capítulo 2 faz uma introdução geral ao sistema de bombeio de cavidades progres-
sivas, equipamento onde será aplicada a metodologia desenvolvida na conclusão deste
trabalho. Aborda a sua importância na indústria do petróleo, seu princípio de funciona-
4 INTRODUÇÃO
1.2 METODOLOGIA
A metodologia empregada no desenvolvimento deste trabalho segue à proposta por Mi-
nette (2014). Desta forma o estudo se divide em três etapas:
3. Após a realização dos testes com sinais simulados, são coletados dados de uma
estrutura real e de geometria simples. Para isto foi utilizada uma barra de alumínio
e um martelo como fonte de excitação. Como nas etapas anteriores, os parâmetros
dinâmicos estimados com os distintos métodos e os resultados são comparados.
Adicionalmente, ainda são avaliados os resultados obtidos por elementos finitos.
Há diversos textos que discorrem de forma detalhada sobre diferentes técnicas de aná-
lise de sinais de vibração, utilizando tanto da relação entrada e saída, quanto somente
saída para estimação dos parâmetros modais. Estas técnicas geralmente estão classifi-
cadas de acordo com o domínio em que operam. Desta forma, elas são, classificadas
em técnicas no domínio do tempo, no domínio da frequência e no domínio do tempo-
frequência (EWINS, 1995, 2000; ALLEMANG, 1982; LEURIDAN; AUWERAER; MER-
GEAY, 1990; MAIA, 1988; ALLEMANG, 1999; HEYLEN; SAS, 2005; FU; HE, 2001).
A técnica denominada de Enhanced Frequency Domain Decomposition (EFDD), utili-
zada neste trabalho, é o resultado da evolução de um método chamado Frequency Domain
Decomposition (FDD). Este, por sua vez, é uma evolução de uma das técnicas de análise
modal mais tradicionais, conhecida como Peak Picking (PP). A EFDD opera no domí-
nio da frequência e pode ser empregada na realização de análise do tipo output only. É
uma das técnicas mais utilizadas na estimação de parâmetros dinâmicos de estruturas
(OLIVEIRA, 2014).
O Peak picking é um dos métodos mais simples no domínio da frequência e é am-
plamente utilizado na análise modal experimental. É um método com baixo tempo de
processamento, capaz de extrair parâmetros dinâmicos, como frequências naturais e taxas
de amortecimento, a partir de dados apenas da resposta. A formulação do PP para a
estimação dos parâmetros modais é atribuída a Felber (1994), apesar do princípio básico
ter sido formulado anteriormente (BORGES, 2006). Detalhes da implementação desta
técnica podem sem encontrados em diversos textos como os de Fu e He (2001), Ewins
(1995) e Filho (2008).
Andersen (1997) avançou nos conceitos apresentados por Felber (1994) estabelecendo
alguns fundamentos da FDD. Entretanto, o desenvolvimento final do método é atribuído
a Brincker, Zhang e Andersen (2000) (BORGES, 2006). Um ano após a publicação
deste trabalho, Brincker, Zhang e Andersen (2001) apresentaram uma evolução da FDD,
a Enhanced FDD. Nesta nova versão, além das frequências naturais e formas modais
obtidas com a FDD, também é possível extrair as taxas de amortecimento com boa
acurácia, mesmo na presença de ruído.
A FDD é baseada na decomposição da matriz densidade espectral de potência (PSD -
Power Spectral Density). Esta matriz é construída a partir dos autoespectros, na diagonal
principal, e dos espectros cruzados nas demais posições, para cada raia de frequência. A
decomposição é realizada utilizando a ferramenta denominada de decomposição em valo-
res singulares (SVD - Singular Value Decomposition). Com a SVD, para cada frequência,
é obtido um valor singular e um vetor singular correspondente. A partir dos picos da SVD
é possível estimar as frequências naturais do sistema, enquanto que através dos vetores
singulares é obtida uma estimação da forma de vibrar associada (BRINCKER; ZHANG;
ANDERSEN, 2000).
Na EFDD, além dos passos presentes na FDD, são incluídas outras etapas, como a
utilização do Modal Assurance Criterion (MAC) para avaliar os vetores singulares na
vizinhança de uma frequência de pico. Com esta ferramenta pode-se determinar uma
função densidade espectral de um sistema de apenas um grau de liberdade, denominada
função de Bell. Estes dados retornam ao domínio do tempo aplicando-se a transformada
inversa de Fourier. Desta forma, é obtida uma função de autocorrelação correspondente
1.3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 7
àquele grau de liberdade (GDL). A taxa de amortecimento pode ser obtida através do
decremento logarítmico desta função. Como outras técnicas no domínio da frequência, o
PP, FDD e EFDD apresentam uma interface amigável, que oferece ao usuário uma forma
intuitiva de análise inicial dos dados (BRINCKER; ZHANG; ANDERSEN, 2001)
Ná literatura há um grande número de estudos relacionados à estimação de parâmetros
dinâmicos de estruturas de engenharia civil de grande porte. Nestes casos, devido à
dimensão das estruturas, a análise modal experimental é, geralmente, inviável. Por isso,
em grande parte dos trabalhos aplica-se a análise modal operacional.
No estudo realizado por Cunha e Caetano (2006) é feito um resumo de diversos as-
pectos da análise modal, como o sistema de aquisição de dados, equipamentos necessários
para os experimentos, formas de excitação de grandes estruturas e técnicas de análise
modal no domínio do tempo e no domínio da frequência. Também são demonstrados
exemplos de casos, onde foram estimados os parâmetros dinâmicos de diversas pontes.
São discutidas análises tanto do tipo output only, quanto input-output. O autor constata
que, mesmo sem mensurar o sinal de entrada, as técnicas baseadas somente na resposta
são capazes de obter com boa acurácia os parâmetros modais e são ideais para casos onde
deseja-se analisar estruturas de grande porte ou em condições de operação.
Outro exemplo de aplicação de análise modal em estruturas civis pode ser encontrado
no trabalho de Hamang (2015). Ele realiza a análise modal de uma ponte, a partir de
dados operacionais, utilizando a EFDD. O algoritmo desenvolvido para aplicação da téc-
nica foi validado com o uso de um sinal sintético, de parâmetros conhecidos. Em seguida,
a EFDD foi utilizada para estimar os parâmetros dinâmicos da ponte. Neste estudo, a
fonte de excitação utilizada foi a ação do vento, considerando três condições distintas
de velocidade média, e do tráfego de veículos. Os parâmetros estimados apresentaram
valores similares nas condições observadas. As frequências naturais se mantiveram muito
próximas, enquanto que as taxas de amortecimento apresentaram tendência de serem
pouco maiores em condições de maior velocidade média.
Filho (2008) propõe a aplicação de uma técnica híbrida para a realização da análise
modal operacional. No trabalho são detalhadas e implementadas diversas técnicas, no
domínio do tempo, da frequência e do tempo-frequência. Os algoritmos gerados para
implementação dos métodos foram validados através de simulações numéricas. Posterior-
mente, é proposta uma técnica híbrida e recursiva, validada também com sinais sintéticos.
Por fim, a técnica desenvolvida é utilizada para estimar os parâmetros modais de uma
passarela de pedestres, utilizando como sinal de entrada a carga gerada pelo caminhar
dos usuários. A técnica proposta pelo autor ainda infere as incertezas dos parâmetros
estimados.
No trabalho realizado por Soares e Sotomayor (2015), é proposta a utilização da FDD
para a avaliação da integridade estrutural de plataformas offshore. O sistema é modelado
analiticamente e o sinal de entrada simula a ação das ondas na plataforma, sendo então
uma análise operacional do tipo output-only. São descritas as etapas da implementação
da técnica e da aplicação deste tipo de excitação. O modelo utilizado possui apenas
dois graus de liberdade e não foram realizadas etapas experimentais. Apesar das sim-
plificações, o estudo conclui que a FDD pode ser utilizada para o acompanhamento da
integridade de equipamentos de grande porte durante a operação, através da avaliação
8 INTRODUÇÃO
experimentais de uma estrutura metálica tubular, que busca simular um prédio de três
andares em escala. Além desta, é também analisada a estrutura de um mini-carro uti-
lizado em competições universitárias. Na primeira estrutura, além da FDD, é utilizado
o método de Ibrahim, mensurando o sinal de entrada, e o método de elementos finitos.
Para a estrutura do carro, foram utilizados o PP, Razão Polinomial, método de Ibrahim
e a FDD. Os resultados obtidos com as diversas técnicas foram comparados e o autor
demonstra que, mesmo sem mensurar o sinal de entrada, a FDD estima os parâmetros
modais com boa acurácia.
Minette (2014) aplicou a análise modal experimental em um sistema de bombeio
centrífugo submerso (BCS) instalado em um poço de testes. Foi utilizada a técnica, no
domínio do tempo, denominada Least Square Complex Exponentials (LSCE). É detalhada
a metodologia utilizada tanto na parte experimental, quanto na etapa de análise dos
dados. O BCS estudado foi instalado em um poço de testes, similar a um poço real.
Foram detalhados também os equipamentos utilizados, a forma de fixação e disposição
dos acelerômetros e local de aplicação dos impactos. É realizada uma análise do tipo
output-only, com a excitação feita através de um martelo de impacto.
Não foram encontrados na literatura trabalhos relacionados especificamente à análise
modal em sistemas de bombeio por cavidades progressivas (BCP). No estudo feito por
Rodrigues e Silva (2004) é feita uma estimação dos parâmetros modais, com o objetivo
de avaliar a integridade estrutural de hastes de um conjunto de BCP. A estimação foi
realizada através do método de elementos finitos, mas este modelo não foi ajustado nem
validado por dados experimentais. Além disso, a simulação da falha é feita somente
através da redução do diâmetro de uma seção da haste e o conjunto de hastes é tratado
como um único eixo cilíndrico contínuo. Apesar destas simplificações, o estudo conclui
que é possível monitorar a integridade estrutural das hastes, mas não indica como realizar
este acompanhamento em um poço real, com um sistema BCP instalado.
Capítulo
2
BOMBEIO POR CAVIDADES PROGRESSIVAS
11
12 BOMBEIO POR CAVIDADES PROGRESSIVAS
Segundo Thomas (2001), o BCP "é um método de elevação artificial em que a trans-
ferência de energia ao fluido é feita através de uma bomba de cavidades progressivas. É
uma bomba de deslocamento positivo que trabalha imersa em poço de petróleo". Esta
é constituída de um conjunto de rotor e estator em formato de hélice macho simples e
hélice fêmea dupla, respectivamente. A rotação do rotor no interior do estator causa um
movimento axial das cavidades, de forma progressiva e em sentido ascendente (THOMAS,
2001), como pode ser visto na figura 2.2. Com o deslocamento relativo entre estes dois
elementos, o fluido é forçado no sentido da descarga até ser produzido na superfície.
A bomba pode ser acionada tanto da superfície, transmitindo torque através de uma
coluna de hastes, quanto de um motor elétrico ou hidráulico submerso, instalado na
admissão da bomba. É um método de elevação simples, além de bastante eficiente na
produção de fluidos muito viscosos.
Uma das principais vantagens do BCP em relação aos métodos de elevação artificial
mais comuns é sua boa eficiência. De forma geral, apresenta maior eficiência em relação
a estes métodos, com média entre 55 e 75%, como pode ser visto na figura 2.3. Outras
vantagens são (MATTHEWS; ZAHACY; SKOCZYLAS, 2002):
2.1 COMPONENTES
Alguns dos principais componentes de um sistema BCP básico estão destacados na figura
2.4 e seguem listados abaixo. Além destes, podem ser encontrados em poços que utilizam
o BCP diversos outros equipamentos como separadores de gás, centralizadores, tubo de
extensão e sistemas de controle na superfície.
14 BOMBEIO POR CAVIDADES PROGRESSIVAS
• Rotor: Peça usinada em aço no formato de uma espiral macho simples, geralmente
revestida com Cromo para aumentar sua resistência à abrasão;
• Haste polida: Última seção da coluna de hastes, utilizada para possibilitar a vedação
da coluna de hastes na cabeça do poço;
3
VIBRAÇÕES MECÂNICAS
Dinâmica é o ramo da física que estuda o movimento dos corpos em resposta à aplicação
de forças. Dentro deste ramo, vibrações (ou oscilações) é a área que se dedica ao estudo
de sistemas que estão submetidos a forças restauradoras que tendem a trazer os corpos de
volta a uma posição de equilíbrio (MEIROVITCH, 2001). Segundo Rao (2008), ”a teoria
de vibração trata do estudo de movimentos oscilatórios de corpos e as forças associadas
a eles”. Como os efeitos relativísticos são geralmente desprezíveis, os movimentos dos
corpos podem ser descritos através das leis de Newton (MEIROVITCH, 2001).
3.1 HISTÓRICO
17
18 VIBRAÇÕES MECÂNICAS
deslocamentos desse ponto em cada uma das harmônicas individualmente. Isto é des-
crito como o princípio da superposição e foi uma das mais importantes contribuições no
desenvolvimento da teoria das vibrações mecânicas (RAO, 2008).
Mesmo com todo o conhecimento adquirido até então, só foi possível modelar sistemas
de forma mais refinada, considerando um grande número de graus de liberdade (GDL),
a partir dos anos 50 com a utilização de computadores de alta velocidade. A computa-
ção também permitiu o desenvolvimento da análise por elementos finitos, resultando em
modelos detalhados, com milhares de GDL (RAO, 2008).
3.2 IMPORTÂNCIA
Os primeiros estudos na área de vibrações eram focados no entendimento e descrição dos
fenômenos observados em sistemas físicos. Nas engenharias, há um crescente interesse na
aplicação deste conhecimento em diversas áreas como no projeto máquinas, de estruturas
e em sistemas de controle. Entre os problemas relacionados às vibrações excessivas,
podem ser citados a redução da vida útil do equipamento, desconforto para o usuário
devido à trepidação, interferência na operação de equipamentos próximos e altos níveis
de ruído.
Além disso, caso a estrutura seja excitada em determinadas frequências, poderá ocor-
rer o fenômeno da ressonância. Ele é responsável por gerar vibrações com amplitudes
excessivas, podendo resultar em colapso da estrutura. Levando em consideração estes
aspectos, o teste de vibrações se tornou uma rotina no desenvolvimento de novos projetos
de engenharia (RAO, 2008).
É importante ressaltar que a maioria dos sistemas possui elementos deformáveis, apre-
sentando assim infinitos GDL. Este são denominados como sistemas contínuos (ou distri-
buídos), enquanto que aqueles que possuem número limitado de GDL são ditos discretos
(ou concentrados). Em função da maior simplicidade, na maioria das vezes os sistemas
contínuos são aproximados para discretos (RAO, 2008).
3.3.1 Classificações
De forma geral, um sistema massa-mola amortecido viscosamente (figura 3.1) pode ser
descrito, a partir da segunda lei de Newton, pela equação ..
Para um sistema amortecido viscosamente e sujeito a uma força externa F (t), a solução
da equação ., é dada pela soma da solução homogênea xh (t) (vibração livre, F (t) = 0)
e a particular xp (t). Como no caso amortecido e livre de excitações externas o sistema
eventualmente entrará em equilíbrio estático, ao longo do tempo a contribuição da parcela
homogênea se torna nula e a solução completa do sistema se torna apenas xp (t). Para um
sistema excitado harmonicamente, as soluções homogênea, particular e geral podem ser
observadas na figura 3.2. A primeira parcela do movimento é dita transitória, enquanto
a segunda é permanente. O tempo necessário para que a fração transitória seja extinta é
função dos parâmetros do sistema k, c e m (RAO, 2008).
Apesar de que poucos sistemas reais possam ser modelados com apenas um grau de
liberdade, pelo princípio da superposição, modelos lineares com n GDL podem ser repre-
sentados como uma combinação linear de n sistemas de um GDL. Além disso, diversos
métodos de estimação de parâmetros são baseados em conceitos de sistemas com um grau
de liberdade.
3.4 SISTEMAS COM UM GRAU DE LIBERDADE 21
mλ2 + cλ + k = 0 (.)
r
c c 2 k
λ1,2 =− ± − (.)
2m 2m m
A solução da equação . é dada por:
c 2 r
c k k
− = 0 → cc = 2m = 2mωn (.)
2m m m
c
ξ= (.)
cc
Desta forma a resposta do sistema varia de acordo com a magnitude da taxa de
amortecimento, como pode ser visto na figura 3.3. Assim, há quatro cenários possíveis:
A maioria das estruturas reais se encontra no segundo caso, com taxa de amorteci-
mento inferior a 10%, ou seja, são sistemas subamortecidos (ROSA, 1996). Neste caso as
raízes da equação característica são complexas conjugadas. Estas raízes e a resposta do
sistema são dadas, respectivamente, pelas equações . e ..
p
λ1,2 = ωn (−ξ ± j 1 − ξ2) (.)
p
x(t) = X0 e−ξωn t cos 1 − ξ 2 ωn t − φ0 (.)
onde X0 e φ0 representam a amplitude e fase iniciais, ωn é a frequência natural e ξ é
a taxa de amortecimento. A resposta oscila dentro do envelope x(t) = X0 e−ξωn t e se
reduz ao longo do tempo t. As raízes da equação característica podem ser descritas pela
equação .:
3.4.2.1 Fator de qualidade Para sistemas que apresentam pequena taxa de amor-
tecimento (ξ < 0, 05), o fator de qualidade (ou fator Q), denominado assim por analogia
a outros sistemas da engenharia elétrica, é definido como (RAO, 2008):
X X 1
≈ = =Q (.)
δst mx δst ω=ωn 2ξ
√
Os pontos R1 e R2 mostrados na figura 3.4, onde o fator de amplificação cai para Q/ 2
são conhecidos como pontos de meia-potência. Esta nomenclatura se dá pois a potência
absorvida ∆W pelo amortecedor respondendo harmonicamente a uma dada frequência
é proporcional ao quadrado da amplitude. A distância entre estes pontos é chamada de
largura de banda ∆ω (RAO, 2008).
∆W = πcωX 2 (.)
∆ω = ω2 − ω1 ≈ 2ξωn (.)
Combinando as equações . e ., obtém-se:
1 ωn
≈
Q= (.)
2ξ ω2 − ω1
A partir da equação . é possível perceber que o fator Q pode ser utilizado para esti-
mar o valor da constante de amortecimento viscoso (c) de um sistema mecânico utilizando
dados obtidos através da análise modal experimental (detalhada no capítulo 4).
24 VIBRAÇÕES MECÂNICAS
2πc
δ= (.)
2mωd
Para pequenos amortecimentos (ξ 1) a expressão do decremento logarítmico pode
ser aproximada para (RAO, 2008):
δ = 2πξ (.)
Para um sistema com amortecimento desconhecido, o decremento logarítmico pode
ser determinado experimentalmente através da medição de duas amplitudes consecutivas
quaisquer. Por isso ele é utilizado em algumas técnicas de extração de parâmetros modais
para obtenção da taxa de amortecimento.
formas são conhecidas como os modos naturais de vibração (ou formas modais) daquele
sistema e existem em quantidade igual aos graus de liberdade (MEIROVITCH, 2001).
O número de graus de liberdade de um sistema pode ser determinado através do
produto entre o número de massas e a quantidade de tipos de movimento que cada uma
dessas massas pode ter (RAO, 2008). Para cada grau de liberdade (GDL) há uma equação
de movimento associada, resultando em um sistema de equações diferenciais. Geralmente
estas equações são do tipo diferenciais acopladas, ou seja, em cada uma delas estará
presente mais de um GDL. Neste caso as coordenadas utilizadas são ditas generalizadas.
Sistema mecânicos reais são contínuos e por isso possuem um número infinito de graus de
liberdade. Levando em consideração o ganho significativo em simplicidade e consequente
redução de tempo de análise, sistemas contínuos geralmente são aproximados por modelos
com um número finito de GDL (RAO, 2008).
Para qualquer sistema, sempre é possível determinar um novo grupo específico de
coordenadas, resultando em equações desacopladas. Neste caso as coordenadas são de-
nominadas como principais. É possível representar um sistema de n GDL desacoplado
através de n subsistemas independentes uns dos outros.
Um modelo simplificado de um automóvel pode ser visto na figura 3.5. Nele a carro-
ceria foi aproximada para um corpo rígido único, apoiado sobre o sistema de suspensão
de massa desprezível e por quatro pneus. A suspensão é composta por uma mola e um
amortecedor, enquanto que os pneus e eixos foram aproximados para um sistema massa-
mola (considerando desprezível o seu amortecimento) (MEIROVITCH, 2001). Uma vez
obtido o modelo simplificado é possível identificar seus movimentos e, consequentemente,
seus graus de liberdade.
A aplicação de uma força arbitrária resultará numa vibração composta por uma com-
binação linear dos modos. Comumente considera-se que na vizinhança de uma frequência
natural o modo resultante é influenciado tão fortemente pelo modo daquela frequência que
a contribuição dos demais pode ser desprezada. Caso a frequência da excitação aplicada
seja igual a uma das frequências naturais da estrutura, o sistema irá ressoar, resultando
em amplitudes máximas.
De forma semelhante à dos sistemas com apenas um GDL, sistemas com n graus
podem ser modelados a partir da segunda Lei de Newton. Estas equações geralmente
são apresentadas utilizando a forma matricial, como na equação .. Onde as matrizes
[m], [c] e [k] são simétricas e de dimensão n × n. Elas são conhecidas como matrizes de
massa, amortecimento e rigidez e os vetores ~x¨, ~x˙ , ~x e F~ de tamanho n representam a
aceleração, velocidade, deslocamento e força, respectivamente.
Desta forma, a resposta do sistema pode ser completamente descrita através da IRF.
A equação . é conhecida como integral de convolução, onde τ é um pequeno incremento
de tempo em f (t). O operador ∗ representa simbolicamente a integral de convolução entre
duas funções. O impulso unitário pode ser utilizado para representar a aplicação de uma
força com grande amplitude durante um período muito curto de tempo, como o impacto
de um martelo. Para estruturas com amortecimento viscoso a IRF é da forma (FILHO,
2008; MEIROVITCH, 2001):
p
e−ξωn t sen( 1 − ξ 2 ωn t)
h(t) = p (.)
mωn 1 − ξ 2
onde s é uma variável complexa. A função f (t), definida no tempo, agora é representada
por F (s), definida no domínio s (ou da frequência complexa). Aplicando a transformada
de Laplace na equação . (sistema massa-mola-amortecedor, com um GDL), obtêm-se:
X(s) 1
H(s) = = 2
(.)
F (s) ms + cs + k
28 VIBRAÇÕES MECÂNICAS
1/m
H(s) = (.)
(s − λ)(s − λ∗ )
1/m
H(ω) = (.)
ωn2 − ω 2 + 2jξωωn
Fonte: Fu e He (2001)
De forma geral, para um sistema livre subamortecido com vários graus de liberdade,
a resposta ao impulso (receptância) tem a forma da curva vista na figura 3.8. Como pode
ser visto na figura 3.9, a resposta completa é uma combinação dos modos individuais.
Fonte: Fu e He (2001)
Fonte: Fu e He (2001)
30 VIBRAÇÕES MECÂNICAS
Para testes em estruturas com n graus de liberdade, pode ser obtida uma matriz n × n
(matriz de resposta em frequência) onde as linhas e colunas representam as entradas e
saídas, respectivamente. A matriz completa é gerada quando os n pontos são testados,
como pode ser visto na figura 3.10. Neste caso h33 , h32 e h31 representam as respostas em
frequência amostradas no ponto 3 para as excitações nos pontos 3, 2 e 1, respectivamente.
Para a extração dos parâmetros modais, geralmente é necessário obter, no mínimo, a
diagonal ou uma fila completa desta matriz (FU; HE, 2001).
Processos aleatórios (ou estocásticos) são aqueles cujo comportamento não pode ser com-
pletamente previsto através de relações matemáticas. Os sinais gerados por esses pro-
cessos não são periódicos, mas apresentam comportamento estacionário no tempo, por
isso devem ser analisados estatisticamente, a fim de se obter um modelo probabilístico
(FILHO, 2008). Para isto, geralmente utiliza-se um conjunto de amostras (denominado
ensemble) para se obter um valor médio a cada instante de tempo pré-definido (BENDAT;
PIERSOL, 2011).
ZT
1
f acxx (k, τ ) = lim xk (t) xk (t + τ )dt (.)
T −→∞ T
0
De forma similar, é possível obter a função de correlação cruzada entre dois sinais xk
e yk :
ZT
1
f acxy (k, τ ) = lim xk (t) yk (t + τ )dt (.)
T −→∞ T
0
Quando os sinais são iguais, a função de densidade espectral passa a ser conhecida
como autoespectro (Sxx(ω) ) ou densidade espectral de potência (PSD - Power Spectral
Density). Uma forma de se obter a f ac é através da aplicação da transformada inversa
de Fourier sobre a PSD. Esta igualdade é conhecida como relação de Wiener-Khintchine
(MAIA; SILVA, 1997):
Z+∞
1
f acxx (τ ) = Sxx (ω)ejωt dω (.)
2π
−∞
Para sinais discretos, com período de amostragem ∆t, a função densidade espectral
pode ser calculada através de (MINETTE, 2014):
∞
X
Sxy (ω) = f acxy (k)e−jωk∆t (.)
k=−∞
É importante observar que, como um sinal real não é infinito, apenas é possível obter
uma estimativa do valor da função densidade espectral.
Capítulo
4
ANÁLISE MODAL
A análise modal é o método pelo qual busca-se determinar algumas propriedades dinâmi-
cas de uma estrutura, ou seja, suas frequências naturais, taxas de amortecimento e formas
modais (AVITABILE, 2001). Ela consiste em duas etapas principais. A primeira refere-se
à aquisição dos dados, esta etapa será abordada na seção 4.2. A segunda fase consiste
no tratamento e análise dos dados coletados utilizando alguma das diversas técnicas de
extração de parâmetros. Algumas destas técnicas serão tratadas no capítulo 5.
Para que se possa entender problemas estruturais relacionados à vibração, geralmente
é necessário conhecer as frequências naturais daquela estrutura. Por conta disto, a análise
modal tem sido amplamente utilizada no desenvolvimento ou aprimoramento de projetos
de estruturas mecânicas e da construção civil (GUILLAUME, 2007). Outra aplicação co-
mum é no monitoramento da integridade estrutural de equipamentos industriais (GOYAL;
PABLA, 2015), apesar do fato de que as alterações nos padrões de vibração nem sempre
serem muito perceptíveis até que o equipamento apresente danos significativos (DOE-
BLING et al., 1996).
Uma estrutura pode ser modelada analiticamente como visto no capítulo 3, entretanto
estes modelos geralmente devem ser validados e complementados com dados obtidos em
ensaios experimentais. Outra consideração importante é que, em função da complexidade
do modelo, pode ser inviável analisá-lo desta forma. Além disso, segundo Ewins (2000),
”algumas propriedades físicas, como o amortecimento e características de fadiga, só podem
ser obtidas empiricamente”.
Os modos são propriedades inerentes de cada estrutura, eles variam em função das
suas propriedades físicas (massa, elasticidade e amortecimento) e das suas condições de
contorno. Assim, se qualquer um desses fatores forem alterados, os modos serão afetados
(GUILLAUME, 2007). Cada modo é composto por uma frequência natural, uma taxa de
amortecimento e uma forma modal (SCHWARZ; RICHARDSON, 1999). A forma modal
é um padrão de deslocamento associado a cada uma das frequências naturais do sistema,
ou seja, é a forma característica de como o sistema vibra quando excitado em uma dessas
frequências. Ela é representada pelo deslocamento relativo entre os pontos analisados
(DOSSING, 1988).
33
34 ANÁLISE MODAL
Um das principais premissas da análise modal diz que na vizinhança de cada uma
das frequências naturais da estrutura o seu modo de vibrar tenderá a ser dominado pela
forma modal associada àquela frequência de ressonância (SCHWARZ; RICHARDSON,
1999). Por isso, em alguns métodos de extração de parâmetros modais, é possível repre-
sentar cada modo separadamente por um modelo de um grau de liberdade (GDL). Fora
desta vizinhança, as formas de vibração serão uma combinação linear dos modos daquela
estrutura (DOSSING, 1988).
De forma geral, as técnicas no domínio do tempo são melhor empregadas nos casos
onde há uma larga faixa de frequência ou um número grande de modos de interesse,
enquanto que as do domínio da frequência são recomendadas para sistemas onde a faixa
de frequência de interesse é restrita e o número de modos é pequeno. Os métodos no
domínio tempo começaram a ser utilizados como uma alternativa às técnicas no domínio
da frequência já que os últimos, apesar de amplamente utilizados, apresentam problemas
relacionados com a resolução em frequência e vazamento espectral (SOEIRO, 2001). Uma
forma de contornar estes problemas é aplicar técnicas no domínio da frequência a um
grande número de dados, mas isso envolve um grande esforço computacional, o qual nem
sempre é viável.
Por fim, as técnicas ainda podem ser agrupadas de acordo com a quantidade de FRF
que podem ser avaliadas por vez. Os métodos denominados de globais ou de única entrada
e múltipla saída (SIMO - Single Input Multiple Output) permitem que sejam analisadas
diversas FRF simultaneamente, obtidas através da excitação de um ponto e coleta da
resposta em diversos pontos. Métodos ditos de polireferência ou múltiplas entradas e
múltiplas saídas (MIMO - Multiple Input Multiple Output) avaliam simultaneamente to-
das as FRF obtidas através da excitação e coleta em diversos pontos. Outras técnicas,
conhecidas como única entrada e única saída (SISO - Single Input Single Output) só
podem ser aplicados a uma única FRF por vez. Ainda há métodos do tipo múltiplas
entradas e única saída (MISO - Multiple Input Single Output), mas estas são pouco
utilizadas (SOEIRO, 2001).
4.1 APLICAÇÕES 35
4.1 APLICAÇÕES
Há diversas aplicações para a análise modal, dentre estas podem ser destacadas as se-
guintes (BILOSOVA, 2011):
• Obtenção dos parâmetros modais através de métodos teóricos para comparar com
os valores obtidos experimentalmente com o objetivo de corrigir e validar modelos;
• Obtenção de um modelo para que seja possível estimar as forças atuantes naquela
estrutura em condições de operação.
Quando a IRF é finita, o o sistema é dito FIR (Finite Impulse Response), a soma
de convolução pode ser calculada através da equação ., utilizando limites da IFR no
somatório (FILHO, 2008).
+∞
X
y[n] = x[k].h[n − k] (.)
k=−∞
• Preparação do experimento;
• Livre (irrestrita): É o modo mais simples, onde a estrutura fica suspensa por
um meio elástico como molas ou apoiada sobre uma superfície macia. Desta forma,
pode-se considerar que a estrutura está livremente suspensa no espaço. É a opção
comumente utilizada para quando se busca correlacionar os resultados do teste com
os obtidos de forma teórica;
• Excitadores dinâmicos
1. Shaker eletromagnético;
3. Excitador mecânico.
1. Martelo de impacto;
2. Deformação prévia;
Os shakers eletromagnéticos (figura 4.4) são os tipos mais comuns de excitadores di-
nâmicos. Eles convertem um sinal de entrada em um campo magnético alternado. De
forma geral, quando maior o shaker, maior será a sua capacidade de carga e menor será a
sua faixa de frequência. Alternativamente, também são utilizados shakers eletro hidráu-
licos, quando é necessário aplicar, simultaneamente à vibração, altas cargas estáticas.
Além disso, eles podem apresentar cursos relativamente longos, gerando excitações com
altas amplitudes. Os excitadores mecânicos, por sua vez, são compostos por um elemento
rotativo desbalanceado e sua principal aplicação é em grande estruturas, como pontes e
edifícios (BILOSOVA, 2011).
4.2 ANÁLISE MODAL EXPERIMENTAL E OPERACIONAL 39
Uma das vantagens na utilização dos shakers é a sua capacidade de produzir, de forma
controlada, diversos tipos de sinal. Alguns deles podem ser observados na figura 4.6 e os
principais tipos de sinal de excitação estão listados abaixo:
• Impacto: Em relação aos demais, é o método que requer equipamentos mais bási-
cos (martelo de impacto), sendo por isso mais simples do que aqueles que utilizam
shakers. Consiste na aplicação de um pulso de frequência e amplitude não controla-
das. Suas vantagens e desvantagens estão associadas ao uso do martelo. O seu uso
tem como benefícios a não interferência nas propriedades da estrutura, ser portátil
e simples de utilizar. Por outro lado, a dificuldade em controlar a intensidade e a
faixa de frequência da força aplicada no impacto pode dificultar a análise dos dados
(FU; HE, 2001).
O martelo de impacto (figura 4.7) é o método mais rápido e mais simples de excitação.
Por não permanecer preso à estrutura após o impacto, não altera as suas características.
Além disso, pode ser utilizado em condições operacionais não requerendo grandes prepa-
rações. Devido à sua simplicidade, muitas vezes é utilizado para agilizar o processo de
determinação dos locais dos melhores pontos para instalação dos excitadores dinâmicos.
O tipo de pulso gerado pelo martelo de impacto varia de acordo com a sua rigidez.
Geralmente é possível trocar a ponta do martelo, alterando este parâmetro. Nos gráficos
da figura 4.8 é possível perceber como a amplitude e a magnitude do sinal se comportam
para diferentes pontas. Quanto maior a rigidez mais curta será a duração do pulso (Tc ) e
maior será a sua faixa de frequência (fc ). O ideal é que seja utilizada a configuração com
a ponta mais macia o possível, já que, neste caso, a energia do impacto não será utilizada
para excitar frequências fora da faixa de interesse (EWINS, 1995; BILOSOVA, 2011).
4.2.1.1.4 Transdutores São utilizados transdutores tanto para quantificar a força apli-
cada quanto a resposta da estrutura. Em ambos os casos os transdutores mais empregados
são os do tipo piezoelétricos. Eles se baseiam na propriedade dos cristais piezoelétricos de
gerar uma tensão elétrica quando comprimidos ou tracionados. A diferença construtiva
entre acelerômetros e transdutores de força é, basicamente, a presença de uma massa
sísmica no primeiro, como pode ser visto na figura 4.9.
impacto. Para shakers, a presença deste transdutor pode causar distorções significativas
no sinal medido em frequências próximas às frequências naturais da estrutura (FU; HE,
2001).
Geralmente, quando se opta pelo uso dos shakers, utilizam-se diversos acelerômetros
espalhados pela estrutura e mantém-se o excitador num ponto fixo. Enquanto que para
o martelo o usual é utilizar um acelerômetro e excitar a estrutura em pontos distintos.
Estas configurações não precisam necessariamente serem seguidas, podendo variar de caso
para caso.
• O amortecimento é pequeno;
Apesar deste tipo de análise requerer o uso de ferramentas matemáticas mais comple-
xas e exigir um maior tempo para a execução do teste, a OMA apresentas as seguintes
vantagens em relação à abordagem experimental (BILOSOVA, 2011):
5
ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS
45
46 ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS
n
r Aij
X
αij (ω) = Rij (ω)ant + + Rij (ω)post (.)
ω2
r=1 r
− ω 2 + 2ωr2 ξr j
1
r Aij = r φi .r φj . A constante modal é o produto entre o elemento i e j do vetor modal r φ
5.1 TÉCNICAS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 47
5.1.1.1 Peak picking Um dos métodos mais simples, e por isso um dos mais comuns,
é o Peak picking. É também conhecido como método half-power (meia potência). Sua
principal desvantagem é a sua sensibilidade ao ruído e o fato de seus resultados poderem
ser afetados por modos próximos. Por isso, sua aplicação recomendada é para estruturas
com baixo amortecimento e modos bem espaçados. O procedimento para obtenção dos
parâmetros modais é o seguinte (FU; HE, 2001):
r Aij
• Constante r Aij : Considerando que no pico da FRF |α(ωr )|max = 2ξr ωr2
é possível
obter o seu valor através de r Aij = 2|α(ωr )|max ξr ωr2 .
Este método, por conta da sua simplicidade, resulta em análises muito rápidas. Outra
vantagem é o fato de ser capaz de realizar análises do tipo output-only, ou seja, medindo
apenas a resposta. Entretanto, seu resultados não são muito precisos já que se baseiam
no valor do pico da FRF e este dificilmente é obtido com grande precisão (FU; HE, 2001).
Além disso, a taxa de amortecimento é obtida apenas através dos pontos de meia potência,
geralmente interpolados, aumentando a incerteza destes valores (FU; HE, 2001).
5.1.1.2 Circle fit O circle fit (círculo ajustado) é um dos métodos mais usados para
análise modal no domínio da frequência utilizando a abordagem de um GDL (FU; HE,
2001). Até a década de 70 era a principal técnica de extração de parâmetros modais
(FILHO, 2008). Ele consiste no ajuste de curva, considerando a circularidade do gráfico
de Nyquist.
Este método é capaz de obter melhores resultados em comparação ao Peak picking,
além de não ser tão influenciado pelos modos vizinhos. A receptância, mostrada na
equação ., pode ser aproximada para a equação ., onde Bij é uma constante complexa
e representa a influência dos modos vizinhos ao modo analisado. Na figura 5.3 é possível
observar que este valor não interfere na circularidade do gráfico, gerando apenas um
deslocamento do seu centro. Como os parâmetros dependem do raio do circulo, a sua
posição relativa não faz diferença, o que desacopla os modos e o termo Bij pode ser
desprezado (FU; HE, 2001).
Aij
αij (ω) ≈ + Bij (.)
ωr2 − + 2ωr2 ξr j
ω2
5.1 TÉCNICAS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 49
ω2 − ω2
θ Re(α)
tan = tan(90◦ − γ) = = r 2 (.)
2 Im(α) 2ξr ωr
ωr = ω| dθ =max (.)
dω
ωr2 − ωa2
ξ= (.)
2ωr2 tan θ2a
T
Amn = Umm × Σmn × Vnn (.)
onde a matriz Σ é uma matriz diagonal composta pelos ditos valores singulares de A em
ordem decrescente. Os valores singulares são iguais à raiz quadrada dos autovalores de
U . As matrizes U e V são matrizes ortogonais contendo os vetores singulares à esquerda
e à direita, respectivamente (MENDES; OLIVEIRA, 2008).
5.1 TÉCNICAS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA 51
Para um processo estacionário, a FRF pode ser reescrita utilizando as funções densi-
dades espectrais de potência, na seguinte forma:
N H N T
X Rk Rk∗ X Rk Rk∗
Gyy (ω) = + × [Gxx (ω)] × + (.)
k=1
jω − λk jω − λ∗k k=1
jω − λk jω − λ∗k
N
N X H
Rk∗ Rs∗
X Rk Rs
Gyy (ω) = + ×C × + (.)
k=1 s=1
jω − λk jω − λ∗k jω − λs jω − λ∗s
Rk CRkH
Ak = (.)
2αk
onde αk é o negativo da parte real do pólo (λk = −αk + jωk ) (BRINCKER; ZHANG; AN-
DERSEN, 2000). Para sistemas pouco amortecidos o termo Rk CRkH torna-se dominante
52 ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS
e então o resíduo é proporcional ao modo de vibrar e pode ser escrito como (BORGES,
2006; BRINCKER; ZHANG; ANDERSEN, 2000):
Figura 5.5 FDD - Identificação de valores singulares através de função de Bell feita em N
varreduras
A frequência natural amortecida é obtida por regressão linear dos tempos cruzados
correspondentes aos k picos da função de autocorrelação. A frequência natural não amor-
tecida do modo r é então:
fr
fn = p (.)
1 − ξr2
2
O crossing zeros consiste, basicamente, na contagem de ciclos dentro de um período.
54 ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS
Uma síntese das etapas envolvidas na FDD e EFDD pode ser vista na figura 5.7.
5.1.2.1 Rational fraction polynomial - RFP Este método utiliza uma razão en-
tre polinômios para, através de manipulações numéricas, estabelecer relações entre os
coeficientes polinomiais e os parâmetros modais (FU; HE, 2001). O ajuste de curva é
baseado no mínimo erro quadrático e, uma vez determinados os coeficientes, os pólos,
zeros e resíduos da FRF podem ser obtidos (RICHARDSON; FORMENTI, 1985). A
função de transferência de um sistema com múltiplos graus de liberdade no domínio de
Laplace pode ser representada na forma de razão de polinômios (FILHO, 2008):
5.2 TÉCNICAS NO DOMÍNIO DO TEMPO 55
M
ck s k
P
Y (s) c0 + c1 s + · · · + cM s M
H(s) = = = k=0 (.)
X(s) d0 + d1 s + · · · + dN sN PN
dk sk
k=0
O RFP é uma das principais técnicas empregadas nos softwares comerciais de identi-
ficação de parâmetros de sistemas estruturais (FILHO, 2008).
Estas técnicas utilizam a informação obtida diretamente através dos transdutores de força
e aceleração, sem sofrer nenhuma transformação como no caso das técnicas no domínio da
frequência. Estes métodos permitem a obtenção dos parâmetros modais tanto através de
fontes de excitação conhecida como de fontes não medidas. No primeiro caso a abordagem
é similar à das técnicas no domínio da frequência e é possível fazer correlações, garantindo
maior precisão na análise. Da mesma maneira que para técnicas no domínio da frequência,
a utilização de fontes de excitação naturais permite que sejam testadas estruturas de
grande porte, difíceis de serem analisadas em um ambiente controlado, como pontes,
navios e prédios (FU; HE, 2001).
As técnicas do domínio do tempo normalmente são indicadas quando deseja-se analisar
estruturas que possuem modos próximos. De forma geral, estes métodos requerem uma
alta razão sinal/ruído e demandam maior habilidade na análise, já que os modos não se
destacam visualmente tanto quanto nas FRF (FU; HE, 2001).
No final do século XVIII, Gaspard Riche (o Barão de Prony), realizando estudos sobre
a propagação dos gases propôs uma técnica de modelagem utilizando uma soma de fun-
ções exponenciais amortecidas. A técnica consiste na representação de 4N amostras,
realizadas em intervalos idênticos de tempo, através da combinação linear de 2N funções
exponenciais. O conceito introduzido pelo Barão de Prony permitiu que dados transientes
ou harmônicos fossem representados por exponenciais complexas (FILHO, 2008).
2n
X
hij (t) = r Aij .e
r S.t
ou (.)
r=1
2n
X
h(t) = r A.e
r S.t
(.)
r=1
56 ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS
onde r S = −ωr ξr +jωd 3 . A resposta h(t) numa série de L amostras igualmente espaçadas
no tempo (∆t) é dada por (IGLESIAS, 2000):
2n
X
h0 = h(0) = rA
r=1
2n
X
r S.∆t
h1 = h(∆t) = r A.e
r=1
2n
X
r S.2∆t
(.)
h2 = h(2∆t) = r A.e
r=1
.. .. ..
. . .
2n
X
r S.L∆t
hL = h(L∆t) = r A.e
r=1
β0 + β1 .r V + β2 .r V 2 + · · · + βL .r V L = 0 (.)
onde r V = er S.∆t . Multiplicando ambos os lados da equação . por β0 até βL e somando
o resultado, é possível chegar a (IGLESIAS, 2000):
L
X
βj .hj = 0 (.)
j=0
Com a equação . é possível obter os coeficientes autoregressivos. Eles são utilizados
para calcular as raízes da equação . e com elas é possível estimar as frequências naturais
e as taxas de amortecimento (IGLESIAS, 2000):
rR = ln(r V ) = r S.∆t
|r R|
fn =
v 2π∆t (.)
u 1
rξ = t
u
2
1 + Im( r R)
Re(r R)
Por fim, os resíduos podem ser obtidos através de equação .. Na forma matricial
tem-se (IGLESIAS, 2000):
3
Para facilitar a leitura, nesta seção, será adotado ”S” para representar a variável complexa ”s”.
5.3 FERRAMENTAS DE AUXÍLIO NA ANÁLISE 57
1 1 1 ... 1 A1 h0
V1 V2 V3 ... V2n A2 h1
V12 V22 V32 ... V2n2 A3 h2
= (.)
.. .. .. .. .. .. ..
. . . . . . .
V12n−1 V22n−1 V32n−1 2n−1
. . . V2n A2n h2n−1
5.3.1 MAC
O MAC é uma ferramenta matemática utilizada para comparar dois vetores entre si. Por
isso, uma das suas aplicações é na verificação das formas modais obtidas (LUNDKVIST,
2010). Na FDD ele é utilizado para verificar se uma frequência vizinha a um pico será
inclusa na PSD daquele modo específico. O critério utilizado é um valor mínimo de MAC
entre os vetores singulares das frequências vizinhas e da frequência do pico. O MAC entre
dois vetores [Ψ]r [Ψ]s é dado por:
([Ψ]Tr .[Ψ]s )2
M AC([Ψ]r , [Ψ]s ) = (.)
([Ψ]Tr .[Ψ]r ).([Ψ]Ts .[Ψ]s )
Valores próximos a 1 representam alto grau de similaridade entre os vetores, enquanto
que valores próximos a zero significam grande diferença entre eles.
58 ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS
A SUM é, basicamente, a soma de um conjunto (ou de todas) das FRFs medidas. Obser-
vando a soma de diversas FRFs espera-se que todos os modos presentes naquele intervalo
de frequência sejam encontrados, já que não se pode garantir que todos os modos estarão
presentes em todos os pontos de amostragem (AVITABILE, 2007). Na presença de modos
muito próximos a SUM pode dificultar a observação destes, mascarando-os. A figura 5.9
ilustra uma curva gerada pela SUM.
5.3 FERRAMENTAS DE AUXÍLIO NA ANÁLISE 59
6
AVALIAÇÃO DE MÉTODOS
1
A razão sinal-ruído é dada pela razão entre as potências do sinal medido e do ruído presente no
mesmo.
2
Informação retirada do site da empresa (<www.svibs.com/about_us/founders>) acessado em
28/09/2016.
61
62 AVALIAÇÃO DE MÉTODOS
Devido à suspeita de que o ruído de contato entre o rotor e o estator do conjunto de BCP,
gerado durante sua operação, possa influenciar os resultados de uma análise modal da
estrutura, é necessário fazer uma análise do comportamento de alguns métodos aplicados
a sinais com presença de ruído.
Nesta etapa, os métodos escolhidos avaliaram sinais na ausência de ruído e, posteri-
ormente, com a adição de ruído branco. Foram gerados dois sinais, simulando a resposta
de dois acelerômetros, compostos por uma combinação de dois senos amortecidos, de 30
e 85 Hz. Os sinais foram digitalizados a uma taxa de amostragem de 500 Hz. Sobre
cada sinal total, foi aplicado ruído branco, resultando em razões sinal-ruído (SNR) de 30,
20 e 10 dB. Os resultados obtidos podem ser vistos na tabela 6.1, enquanto que o erro
percentual, em relação aos valores de referência, estão contidos na tabela 6.2.
Com esta primeira análise, pode-se perceber que o Peak picking, apesar de ser ex-
tremamente simples, conseguiu estimar com precisão as frequências naturais e taxas de
amortecimento. Na ausência de ruído pode-se encontrar sem dificuldade os picos e as
frequências que serão utilizadas para o cálculo da taxa de amortecimento, seguindo o
método da meia potência (ω1 e ω2 ). Entretanto, deve-se ressaltar que geralmente é ne-
cessário realizar interpolações para determinar as frequências ω1 e ω2 , o que aumenta a
incerteza da estimação.
O LSCE, na ausência de ruído, conseguiu estimar com grande acurácia todos os pa-
râmetros modais. Entretanto, mesmo para um sinal com reduzido número de modos, o
algoritmo apresentou um elevado tempo de processamento. Em média, foram necessários
4,88 segundos para a execução do algoritmo, enquanto que este tempo foi de apenas 0,17
segundos para a rotina da EFDD. É necessário destacar que nesta contagem de tempo,
para o LSCE, não está incluso o tempo de execução do diagrama de estabilização, uma
vez que o número de modos já era conhecido previamente. Além disso, em relação aos de-
mais métodos testados, o LSCE não fornece ao usuário um meio de interpretação visual,
como o espectro do sinal, que permita uma pré-verificação intuitiva das características
do mesmo.
3
No momento de seleção dos picos, o programa exibe uma nota informando que as frequências naturais
serão obtidas através do FDD.
64 AVALIAÇÃO DE MÉTODOS
Após a análise do sinal sem ruído, o mesmo estudo foi feito com aumento progressivo
do ruído presente. Foram analisados sinais com relação sinal-ruído de 30 dB, 20 dB e
10 dB. Pode-se observar, com a figura 6.3, os efeitos do ruído no espectro. À medida
que o ruído aumenta, apesar dos picos permanecerem consideravelmente distinguíveis
(exceto para o caso de SNR igual a 10 dB), torna-se cada vez mais difícil determinar as
frequências ω1 e ω2 . Assim, é necessária, cada vez mais, a interpretação do usuário. Os
resultados deste testes estão resumidos nas tabelas 6.3, 6.4 e 6.5 para os valores de SNR
iguais a 30 dB, 20 dB e 10 dB, respectivamente.
6.1 SENSIBILIDADE AO RUÍDO 65
Após avaliar a influência da presença de ruído nos resultados, foi analisado como a esti-
mação dos parâmetros varia em função da proximidade dos modos. Para isto as frequên-
cias naturais do sistema foram modificadas, mantendo-se uma frequência fixa em 30 Hz
(188,50 rad/s) e, progressivamente reduzindo a segunda utilizando os valores de 90 Hz
(565,49 rad/s), 60 Hz (377 rad/s), 45 Hz (282,74 rad/s) e 35 Hz (219,91 rad/s). Como
já foi verificada a similaridade entre os resultados obtidos com o algoritmo da EFDD e
do ARTeMIS, nos demais testes com sinais sintéticos o comportamento da EFDD será
avaliado somente com o algoritmo desenvolvido. Os resultados estão sumarizados nas
tabelas 6.6, 6.7, 6.8 e 6.9, respectivamente.
Para os testes foi utilizado um sinal composto com dois senos amortecidos, como nas
etapas anteriores, definidos entre zero e três segundos e com taxa de amostragem de
500 Hz. O sinal no tempo, nos dois canais, pode ser visto na figura 6.6. Este sinal foi
expandido com valores nulos e, sobre este novo conjunto de dados, aplicou-se ruído branco
resultando em uma SNR de 30 dB. Desta forma, valores posteriores a três segundos são
compostos apenas por ruído.
Como o LSCE apresentou resultados com pouca precisão para sinais com razão sinal-
ruído de 30 dB, esta técnica não foi considerada nesta analise. Foram utilizadas janelas
de tempo de 13, 6 e 3 segundos para a análise do comportamento das estimativas. Os
resultados estão compilados nas tabelas 6.10, 6.11 e 6.12, respectivamente.
70 AVALIAÇÃO DE MÉTODOS
Com os resultados obtidos pode-se perceber que, nos casos estudados de sinais com
SNR de 30 dB, a largura da janela de tempo não interferiu significativamente nas esti-
mativas dos parâmetros. Mesmo para o primeiro caso, com a adição de dez segundos de
ruído (figura 6.7), todos os métodos apresentaram bons resultados. Como os espectros
do sinal permaneceram semelhantes nas três condições, era esperado que os métodos no
domínio da frequência apresentassem pouca sensibilidade à variação da janela de tempo.
6.4 SISTEMA REAL 71
É possível perceber que as frequências naturais são coerentes entre si, apesar do Peak
picking e EFDD não terem detectado o primeiro modo indicado pelo LSCE e por elemen-
tos finitos. É importante ressaltar que os espectros dos sinais não indicam visualmente
a presença deste pico. A taxa de amortecimento estimada pelo PP e EFDD também
apresentam valores próximos entre si, mas destoantes dos estimados pelo LSCE. Com o
teste realizado anteriormente, onde a razão sinal-ruído foi variada, foi possível perceber
que este parâmetro é mais sensível ao ruído e, entre as técnicas estudadas, o LSCE foi
o mais impactado pela adição de ruído. Desta forma, é provável que a estimação deste
parâmetro, com o LSCE, tenha sido afetada pela presença de ruído.
A análise por elementos finitos, diferentemente dos demais, detectou dois modos dis-
tintos entre 15 Hz e 80 Hz. Na modelagem do sistema não foram incluídas as massas dos
acelerômetros, o que no caso de estruturas leves pode ser bastante significativo. Além
disso, as condições de contorno não são perfeitamente semelhantes e é possível que pro-
priedades do material da barra real e as utilizadas pelo Hyperworks sejam distintas.
Esses fatores influenciaram os resultados obtidos pela simulação computacional. Assim,
é possível perceber que, para sistemas complexos, a modelagem computacional é também
complexa, requerendo os resultados da análise modal para o seu ajuste.
Capítulo
7
EXPERIMENTOS
Uma vez testados os métodos em sinais conhecidos e em uma estrutura simples, foram
realizados os experimentos nas estruturas relacionadas ao conjunto BCP. Também foi
testado o conjunto no interior do poço de testes, em condições de instalação similares
às encontradas em um poço real. Os resultados destes ensaios servirão de base para um
estudo mais aprofundado sobre o comportamento dinâmico do conjunto em operação.
Foram testados o conjunto rotor-estator em diferentes condições de contorno, além da
coluna de revestimento, onde a bomba será instalada. Por fim, foi analisado o conjunto
BCP. Nestes experimentos, optou-se por utilizar apenas o ARTeMIS, por conta da maior
praticidade e organização, em relação ao algoritmo desenvolvido, na manipulação e análise
do grande número de conjunto de dados gerados.
A coluna de revestimento, vista na figura 7.1, é uma estrutura composta por uma série
de tubos metálicos, que serve de suporte para a instalação dos métodos de elevação
artificial utilizados no Laboratório de Elevação Artificial (LEA) da UFBA. Entretanto,
diferentemente do que ocorre em um poço real, a coluna de revestimento do LEA e,
consequentemente, a bomba, não estão ancorados em uma estrutura com massa infinita
(Terra). Por isso, é necessário realizar a análise modal na coluna de revestimento, a fim
de estudar as suas propriedades dinâmicas. Este experimento é necessário para que seja
possível investigar se o comportamento da coluna de revestimento pode interferir nos
resultados da análise de vibração do conjunto BCP.
73
74 EXPERIMENTOS
A estrutura foi excitada a partir de um martelo modal modelo 086D50 da PCB Piezo-
tronics. Foram realizados três impactos em cada um dos andares da Escola Politécnica da
UFBA, totalizando 24 impactos. Com este martelo é possível utilizar três tipos distintos
de ponta, classificadas de acordo com a sua rigidez. Por isso, com o objetivo de verificar
o comportamento da estimativa dos parâmetros em função do tipo de ponta empregado,
neste primeiro experimento foram analisados os sinais gerados com todas três pontas.
Para todas as configurações foi utilizado o mesmo procedimento, sendo a troca das pon-
tas a única variável modificada. As curvas do sinal gerado pelo martelo, com as pontas
de maior e a de menor rigidez, fornecidas pelo fabricante podem ser vistas na figura 7.2.
Para a coleta dos dados da resposta da coluna de revestimento, foram utilizados sete
7.1 COLUNA DE REVESTIMENTO 75
A aquisição dos sinais dos acelerômetros foi realizada através de uma interface de-
senvolvida em LabView, com cartões NI 9234 da National Instruments. O cabeçote de
acionamento utilizado para fornecer potência ao conjunto BCP é o modelo NDH020DH20
- HB da NETZSCH. Este cabeçote é capaz de operar em rotações de até 500 rpm (8,33
76 EXPERIMENTOS
Hz). Entretanto, para esta instalação, a velocidade de trabalho esperada é de 100 rpm
(1,67 Hz). Desta forma, considerando o volume de dados que seriam gerados e o teorema
de Nyquist, os dados foram amostrados a uma taxa de 1707 Hz, um dos menores valores
possíveis para estes cartões. É possível reduzir ainda mais a frequência de aquisição, de
forma computacional, através da dizimação, que consiste no descarte de alguns valores
na amostra. Entretanto, esta operação não foi necessária, considerando o tamanho final
dos arquivos e o tempo de processamento dos mesmos. Nas figuras 7.5 e 7.6 pode-se ver
uma das telas do sistema de aquisição e os cartões NI 9234, respectivamente.
Neste primeiro experimento foram testadas todas as três pontas: macia, média e dura.
Exemplos de alguns sinais truncados no tempo e da decomposição em valores singulares
(SVD) do sinal processado do martelo de ponta macia podem ser vistos nas figuras
7.8 e 7.9, respectivamente, ambas retiradas do ARTeMIS. Os resultados, compilados na
tabela 7.1, demonstram que, para todas as três configurações, os cinco primeiros modos
foram estimados com valores similares. Entretanto, deve-se destacar que os picos do
primeiro modo (18,64 Hz) foram de difícil detecção (picos de pequena amplitude) nos
dados coletados após o impacto com a ponta dura. A similaridade entre as estimativas,
para as frequências naturais e taxas de amortecimento, pode ser vista, de forma gráfica,
através da figura 7.10.
Deve-se destacar que, como as amplitudes da resposta são maiores para os impactos
com ponta dura, a razão sinal-ruído para estes sinais é maior. Entretanto, esta última
característica não influenciou nas estimativas dos parâmetros. Desta forma, para os ex-
perimentos posteriores, os impactos serão realizados apenas com a ponta macia, seguindo
a recomendação encontrada na literatura (EWINS, 1995; BILOSOVA, 2011).
Após a análise da coluna de revestimento, foi analisado o conjunto rotor e estator que será
instalado no interior desta coluna. Adicionalmente, foi testado um segundo conjunto de
maior dimensão. Como, com a atual estrutura disponível no LEA, não é possível instalar
este segundo conjunto no interior do poço, optou-se por realizar a análise utilizando uma
forma de sustentação livre. Para manter a similaridade entre os experimentos, manteve-
se a mesma configuração para os dois conjuntos. Para a sustentação, foi utilizada uma
corrente e os conjuntos foram suspensos verticalmente. Um dos equipamentos, com os
acelerômetros instalados, pode ser visto na figura 7.11.
1
LEA - Laboratório de Elevação Artificial, localizado no Centro de Capacitação Tecnológica em
Automação Industrial (CTAI) da UFBA.
80 EXPERIMENTOS
Não foi encontrada na literatura uma metodologia, além de indicações genéricas, para
determinar a forma de sustentação em testes onde a estrutura encontra-se livremente
suspensa no espaço. Como descrito na seção 4.2.1.1, para a realização da análise modal,
pode-se optar pela condição de contorno livre, onde se considera que a estrutura está
livremente suspensa no espaço. Essa condição é geralmente utilizada quando deseja-
se analisar isoladamente um subsistema com o objetivo de integrá-lo num sistema mais
complexo ou quando busca-se correlacionar os resultados do teste com os obtidos de forma
teórica, simplificando a determinação das condições de contorno. Neste experimento
foram utilizados dois comprimentos de corrente de sustentação, visando investigar se
este parâmetro influenciaria nos resultados obtidos com a análise. O rotor e estator,
em conjunto, representam um dos principais subsistemas do conjunto BCP em relação à
vibração do equipamento em operação, em função do grande atrito que ocorre entre eles.
No primeiro teste, os impactos foram realizados com o conjunto suspenso por uma
corrente longa, com cerca de 20 metros. Neste caso, o comprimento da corrente é cerca de
dez vezes o valor do comprimento do conjunto. No segundo teste, o conjunto foi elevado
7.2 CONJUNTO ROTOR/ESTATOR 81
por uma corrente curta de, aproximadamente, 4 metros. Em ambos experimentos foram
aplicados 30 impactos, divididos em dois pontos distintos (base e centro do conjunto). Por
conta de sua dimensão, para estes experimentos foram utilizados cinco acelerômetros. Os
demais equipamentos envolvidos no teste permaneceram os mesmos do experimento da
coluna de revestimento. Na figura 7.12 pode-se ver o conjunto pendurado com a corrente
longa, à esquerda, e curta, à direita.
Na tabela 7.3 estão compilados os valores médios obtidos a partir da análise modal
para as configurações de corrente curta e longa. Foram considerados apenas os modos até
100 Hz. É possível perceber que, embora o segundo e terceiro modo detectados em ambas
as configurações sejam semelhantes, o modo de frequência mais baixa só foi estimado no
teste de corrente curta. Ou seja, a variação no comprimento da corrente influenciou nos
resultados obtidos na análise. Considerando que no primeiro caso a massa da corrente
é significativa em relação à massa do conjunto e que um modo não foi detectado nesta
configuração, ela será preterida em experimentos futuros.
7.3 CONJUNTO BCP INSTALADO NO POÇO 83
Por fim, após testar as estruturas relacionadas ao conjunto BCP, este foi testado no
interior do poço, fora de operação. Neste caso, foi realizada a instalação completa do
conjunto, que inclui: âncora de torque, tubo de extensão, estator e rotor, coluna de
hastes e cabeçote. Neste experimento foi utilizado o conjunto com o estator de 2 m de
comprimento. Foram utilizados seis acelerômetros alinhados, distribuídos ao longo do
conjunto e fixados na coluna de produção e estator.
Neste experimento, foram estimados os seis primeiros modos, para possibilitar uma
melhor comparação entre os dois testes, já que um dos modos estimados não foi detectado
no primeiro experimento. Foi mantida a mesma metodologia do caso anterior. A tabela
7.6 contém as frequências naturais e taxas de amortecimento obtidas, assim como os
respectivos valores de desvio padrão.
É possível perceber que, apesar do primeiro experimento não detectar o modo de 23,85
Hz, as estimativas apresentam grande similaridade entre si. Esta semelhança pode ser
observada através da tabela 7.7, que compila as diferenças absolutas entre as estimativas
obtidas nos dois experimentos. A maior diferença observada, para as frequências naturais,
7.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS EXPERIMENTOS 87
foi de apenas 2,41 Hz. Enquanto que, para as taxas de amortecimento, este valor foi de
somente 0,62%.
A figura 7.18 mostra dois sinais de resposta no tempo, obtidos nos experimentos com
o impacto aplicado na cabeça do poço e na âncora de torque, respectivamente, para
um mesmo canal. É possível perceber que, apesar do sinal do primeiro caso apresentar,
visivelmente, menor razão sinal-ruído (SNR) em relação ao segundo, o método utilizado
apresentou boa robustez em relação à presença de ruído. Desta forma, foi capaz de estimar
os parâmetros de forma similar em ambos os casos. Esta característica era esperada, já
que o método já havia sido testado variando-se a SNR do sinal da resposta.
Por fim, é importante ressaltar que, como o BCP é uma estrutura que opera parcial-
mente submerso e, por isso, é necessário considerar os efeitos desta condição de contorno
no comportamento dinâmico do sistema. Estudos como Harrison et al. (2007) e Naik,
88 EXPERIMENTOS
8
CONCLUSÕES
Este trabalho teve como um dos principais objetivos, desenvolver e aplicar uma metodo-
logia de identificação de parâmetros modais de um conjunto de bombeio por cavidades
progressivas (BCP) em um poço de testes, com condições de instalação similares às de
um poço real. Foram estimadas as suas frequências naturais e taxas de amortecimento
através da técnica da Enhanced Frequency Domain Decomposition (EFDD).
Para efeito de comparação, também foram empregadas outras técnicas de análise mo-
dal. Nesta etapa foram utilizados sinais simulados, com parâmetros conhecidos, gerados
em Matlab. Foram utilizados os métodos do Peak picking (PP), Least Square Com-
plex Exponential (LSCE), Frequency Domain Decomposition (FDD) e Enhanced FDD
(EFDD). Os métodos foram implementados também em Matlab. Adicionalmente, foi
utilizado o software comercial ARTeMIS Modal, que utiliza, entre outros, o EFDD. Além
disso, foram realizadas modificações no sinal sintético, como reduções na razão sinal-ruído
(SNR), a fim de verificar o comportamento das estimativas destas técnicas em diferentes
condições. Após esta etapa inicial, para os experimentos relacionados ao conjunto BCP,
foi utilizada a técnica EFDD.
Além do conjunto BCP, de forma complementar, foram analisadas outras estruturas
relacionadas a este sistema. A coluna de revestimento, onde o conjunto está instalado, e
o subconjunto rotor-estator também foram testados. Em paralelo, foram realizados ex-
perimentos, como a aplicação de impacto com o martelo com diferentes características de
dureza e utilizando distintas condições de sustentação da estrutura. Estes experimentos
foram realizados com o objetivo de verificar a influência destas variáveis na estimação dos
parâmetros.
Diferentemente de poços reais, onde há grandes restrições nos possíveis pontos de
impacto, no poço do Laboratório de Elevação Artificial da UFBA (LEA) foi possível
excitar a estrutura em dois pontos distintos. Foram aplicados impactos na cabeça do
poço e na área da coluna de revestimento onde a âncora de torque está fixada. Aplicando
o sinal de entrada em mais de um ponto da estrutura testada, diminui-se a possibilidade
de que algum modo não seja excitado durante o experimento, melhorando os resultados
da análise.
89
90 CONCLUSÕES
comparados.
Os parâmetros estimados nos experimentos foram similares, apesar de um dos modos
não ter sido detectado no caso onde os impactos foram realizados na cabeça do poço.
Embora o sinal deste experimento apresente menor razão sinal-ruído, o método aplicado
foi capaz de estimar os parâmetros de forma coerente, assim como o observado com o
teste realizado sobre um sinal simulado, na primeira etapa do estudo.
É necessário destacar que, apesar de ser um método output-only, a estimativa da
função densidade espectral de potência (PSD) e, consequentemente, das funções de auto-
correlação seriam aprimoradas com o uso do sinal de entrada. Desta forma, seria possível
obter melhores estimativas das frequências naturais e taxas de amortecimento caso este
sinal fosse coletado.
O conjunto BCP, apesar da sua importância, ainda é um sistema pouco investigado,
especialmente em relação ao seu comportamento dinâmico. Os resultados obtidos com
este estudo contribuirão para uma pesquisa mais ampla, sobre o comportamento do con-
junto em operação. Além disso, estes dados poderão apoiar o desenvolvimento de um
modelo computacional, que permitirá realizar simulações através do método de elemen-
tos finitos.
Por fim, é importante destacar que, a partir dos experimentos realizados nesse tra-
balho, pode-se concluir que o conjunto BCP dificilmente irá operar em rotações que irão
gerar excitações em frequências próximas às suas frequências naturais.
Resumidamente, em relação ao presente trabalho, podem ser destacados os seguintes
resultados e contribuições:
• Comparação dos resultados com diferentes técnicas com o uso de um sinal simulado;
• Estimação dos parâmetros modais com sucesso, mesmo sem a mensuração dos sinais
de entrada;
É possível concluir que a análise modal experimental para a extração dos parâmetros
dinâmicos do conjunto BCP, sob as condições descritas, foi realizada com sucesso, obtendo
resultados válidos.
92 CONCLUSÕES
• Determinar condições necessárias para uma melhor fixação da âncora a fim de evitar
o afrouxamento frequente das mesmas.
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