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CRISTO REDENTOR DO CORCOVADO

O avô
de minha avó
Morreu também corcovado
Carregando um cristo de maçaranduba
Que protegia os passos vagarosos da família.

Arranjei velocidade.
Virei homem de cimento armado.

Adoro esse Cristo turista


De braços abertos
Que procura equilíbrio
Na montanha brasileira.

Os homens de fé têm esperança n Ele,


Porque Ele é ligeiro, porque Ele é ubíquo,
Porque Ele é imutável.

Ele acompanha o homem de cimento armado


Através de todas as substancias,
Através de todas as perspectivas,
Através de todas as distancias

Jorge de Lima

MEUS OLHOS

Nossa Senhora, minha madrinha,

tu vês as coisas verdes, não é?

Meus olhos pretos, coitados deles!

Teus olhos verdes, felizes deles,

minha madrinha, Nossa Senhora da Conceição!

Nossa Senhora, dá-me teus olhos

para eu ver com eles meus pobres olhos.

Coitados deles, minha madrinha,


só vêem as coisas como elas são.

Nossa Senhora, minha madrinha

pinta meus olhos, que eu quero ver

verdes os dias que inda virão.

Nossa Senhora, minha madrinha,

tu vês as coisas verdes, não é?

Teus olhos verdes, felizes deles!

Meus olhos pretos, cor de carvão!

Nossa Senhora, minha madrinha,

tu vês meus olhos como eles são?

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