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ao tesouro
Algumas pistas para a vida
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Do mapa
ao tesouro
Algumas pistas para a vida
Joinville
Edição da Autora
2020
Copyright © Mirtes A. L. Strappazzon, 2020
EDIÇÃO
Da autora
ILUSTRAÇÕES
Isadora Weber
MAPAS
Página 6 – Detalhe do mapa extraído das Cartas de João Teixeira
Albernaz, de 1640.
Página 28 – Fragmento da Carta das Cortes, de 1749.
PLANEJAMENTO GRÁFICO
Ayrton Cruz
CAPA
Ayrton Cruz sobre ilustração de Isadora Weber
ISBN 978-65-00-13608-1
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Bússola
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Toda criança tem um amigo ou amiga que nenhum adulto
consegue ver, nem ouvir. Sim, ele é invisível e fala o tempo todo.
Mas, na maioria das conversas, meu Amigo diz coisas que eu
ainda não imaginava, nem sabia que poderiam existir, e ainda, me
ensina a escolher coisas boas para essa vida de criança.
Esse Amigo está me ajudando a procurar um tesouro, pois
nós temos um Mapa.
Essa é a razão de estarmos ansiosos planejamento nossa via-
gem.
Da caça ao tesouro!
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Acessórios para a viagem
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Um sonho
A noite chegou.
E antes de dormir, como de costume, minha mãe me deu um
beijo, fez a oração da noite comigo e me deu boa noite.
Nessa hora meu Amigo sussurrou: você é uma menina aben-
çoada, e fique firme na rota. Caminhando dia a dia seguindo um
Mapa cheios de enigmas.
Sim, sigo todas as orientações fazendo melhor possível para
encontrar o tesouro que tanto busco! Não ando à deriva, caminho
na linha da trilha estreita que meu Amigo designou e (pre)escre-
veu de modo mais correto para se viver. E agora, tenho a oportu-
nidade de viver uma aventura assim!
Sim meu Amigo! Espero que meus pequenos passos sejam es-
táveis no curso estabelecido para mim. Espero assim, não ter (des)
gosto algum ao comparar minha pequena vida a seu conselho.
Sabe de uma coisa? Te agradeço quando fala comigo do seu
coração para o meu! Por favor não me abandone nessa viagem.
Como uma irmã mais nova, vou considerar te obedecer.
Mas, agora estou com muito sono, podemos dormir eu e
você, meu Amigo?
Ah, sim. Boa noite!!!
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Seguindo o Mapa
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Tentando ler o Mapa
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Suas palavras estão nesse Mapa e sigo a direção
que me aconselha, saltitando por caminhos alegres e
que fazem sentido para mim.
E continuo tentando decifrar as linhas do Mapa.
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Mapeando as palavras
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Balanço das ondas
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Diário de bordo
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A primeira trilha
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Entretanto, eu. Confio plenamente nas palavras que indicam
o caminho certo.
Mesmo sendo elas antigas e ultrapassadas, são memoráveis.
E nessa hora. Irrito-me com aqueles que desistem da caça ao
tesouro.
Porém, logo lembro-me daquilo que permeia o meu coração
desde antes de eu nascer a música.
Converto então, as instruções do Mapa em símbolos de mú-
sica. Para quê? Para caminhar cantando pelas trilhas que o Mapa
me leva.
Junto também as peças como um quebra-cabeça. De dia leio,
à tarde medito e à noite (re)escrevo. Talvez não nessa ordem, mas
na maioria dos dias, sim.
Mesmo que, nos encontros com os outros caçadores, eles me
golpeiem com olhares, risadas, palavras, ofensas e desdém... Eu
sigo adiante aconselhado pelas palavras do Mapa, tentando en-
contrar o tesouro.
E mais um dia se fecha com o lindo pôr do sol que a Ilha nos
presenteia!
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O Mapa
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Pois não estou sozinha!
Mal posso esperar o amanhecer...
E treinar para andar no trilho da trilha
do Caminho, da Vida,
Daqueles que encontro como pistas a seguir.
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Amanheceu
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Talvez na trilha imperfeita, pois sou uma menina não total-
mente perfeita.
Mas, certamente, fui feita para caçar histórias além de tesou-
ros.
Andamos mais alguns trechos, com pontes, riachos, águas
saborosas, cristalinas que só são encontradas em lugares em que a
civilização ainda não chegou.
Muitas foram as conversas com meu Amigo e grandes foram
as aprendizagens. Parece que foram vários dias num apenas!
Resolvemos então, descansar. Acampamos numa clareira
que dava para uma espécie de caverna. Lá fizemos nossa fogueira
de sempre. Acomodamos as panelas e outros utensílios a fim de
cozinhar feijão. Fomos ver se o riacho tinha peixe, e aí, bingo: pes-
camos dois peixes. Assados, ficaram saborosos com o feijão.
Após a refeição, contamos boas histórias de pescaria e nos
arrumamos para dormir.
Amanhã temos mais um dia!
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Uma oração
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Saudades
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Todos, sem exceção, andam passeando pelos caminhos do
Mapa. Entretanto, sem estarem atentos para as instruções. As pla-
cas têm direções claras e corretas...
Eles não enxergam, não decifram.
E ainda, me incomodam com seus insultos e mentiras.
“Meu Deus, socorro!”, dei um grito.
Me mantém firme, como as rochas que vejo aqui.
Que eu não vá para longe,
Que eu siga as placas, encontre o caminho que me leva para
casa,
Verdadeiramente!
Peço que me renove com teu imenso amor
Me deixa sempre alerta
Com suas rotas diretivas
Para que eu obedeça às setas e tudo que no Mapa me orienta.
Meu tesouro, assim, estará mais perto de mim e eu dele.
Eu e meu Amigo caminhamos mais alguns quilômetros e a
Lua apareceu.
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Na busca de casa
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Nas tramas, tecendo todo o Mapa!
Tudo me agrada,
Não desisto de procurar.
Salva-me de situações perigosas.
Salva-me de astutos.
Salva-me de minha própria Vida...
Como?
Com sábias palavras...
Escritas no Mapa
Em (des)ordem,
Em meios,
Em (entre)meios,
Em muitas metáforas.
Em parábolas...
E assim, não me (pre)ocupo com planos que tem para mim.
Enxergo minhas mazelas, minhas (in)certezas, meus limi-
tes simples e não tão simples assim, totalmente humanos, de uma
criança em crescimento!
Entre tantos obstáculos, entre tantos pontos, vejo a linha do
horizonte...
Como um traçado a ser desenhado pelo Artista, que tudo
desenha com os lápis e com os dedos...
Traços soltos e firmes ao mesmo tempo, esboçando mais
uma vez
Minha pequena e singular Vida.
Na tela do mundo... tentando chegar em casa.
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Gratidão, satisfação e felicidade
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Estou pensando que é melhor ser instruída e compreender
tal direção para ser grata, satisfeita e feliz, assim como sou!
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E outra noite chega!
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Algumas enganosas,
Me tirando do percurso do Mapa.
Mas, com esperteza da sabedoria não me desviei,
Continuei na rota.
Herdei o Mapa.
Ele me guia...
Que presente esse!
Estou feliz e buscando o tesouro.
Sigo exatamente cada indicação.
Passei por mais um dia.
Cansada.
Quero dormir.
Descansar Naquele que fez o Mapa.
E amanhã?
Mais um trecho,
Uma trilha,
Uma nau,
Uma bússola,
Um ponto cardeal.
Uma longitude,
Mais um dia.
Não igual a esse vivido hoje.
Outro dia,
Outros laços,
Outra latitude,
Outra direção.
Com o mesmo GPS,
Mesmo Mapa,
Mesmo Amigo.
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Escuridão
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Andarilhando com meu Amigo
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Ó, meu Amigo!
que age,
que ama,
que amo seguir,
que deixa escrito para mim...
Com toda minha pequenez...
em tamanho,
em pensamento,
em experiências,
em convivência,
em tudo!
Meu Amigo, me orienta com sua bússola de amor.
Sou grata por isso também...
O tesouro, as joias, o ouro, os diamantes e tudo o mais...
Não são mais preciosos que você meu Amigo!
A minha honra – sempre.
O meu desprezo aos atalhos – sempre.
Seguir o Mapa –
É ser obediente as instruções,
É ser seguidor,
É compreender os enigmas e os comandos deixados,
É transpor do papel para a execução.
Acho que é isso que minha mamãe fala e eu não dou atenção!
E nesse momento, seguindo o roteiro do caminho na prática
me encontro numa encruzilhada.
Vamos para a direita ou para a esquerda?
Não sei, e agora?
Leia o Mapa novamente! Sussurrou Amigo...
Sim, ler completamente a orientação:
Caminhar pelo caminho soletrando
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A-S L-E-T-R-A-S,
As palavras e as frases contidas nas placas.
Mas a encruzilhada?
Nos diversos percursos
Setas indicadas
Perceba o sussurro do vento
Aquela voz amiga
Olhe para dentro de si
E novamente veja a indicação...
Como milagre, seguimos adiantes no caminho certo.
Pois como deixaria de obedecer?
Enxergo suas palavras como sol que brilha, como luz que ilumina.
E, eu, como menina simples e comum que sou, consigo com-
preender o sentido delas no Mapa.
Cansada e muitas vezes, ofegante. Sedenta.
Como desejei ler e escutar essas orientações.
Me transporta nessas trilhas com seu amor,
Firma meus passos no trajeto e que nenhum mal tire essas
palavras de minha mente.
Ah! Me resgata se por ventura eu cair a beira...
Da estrada,
Do lago,
Do rio,
Da montanha...
Quero encontrar o tesouro, mas quero viver de acordo com a
condução que as pistas direcionam.
Sou uma gargalhada quando sorri para mim, Amigo! E, cho-
ro quando não encontro no caminho algumas pessoas que naque-
la encruzilhada não optaram por seguir o Mapa!
Quero viver com o que foi reservado para eu viver e crescer.
Sopra ainda mais o teu vento em mim, Amigo!
Assim, posso mapear meu caminho e seguir em frente.
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Mais um acampamento!
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Das palavras,
Das promessas,
Da sua fala,
E, do que me diz dia a dia.
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Um grito para o Céu
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Meu grande Amigo! Mais chegado a mim, mais que um irmão.
Suas palavras,
Evidências,
Que duram eternamente...
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A Vida
O que é a Vida?
Viver e não ter a certeza de encontrar a felicidade.
Será que o tesouro não seria a felicidade?
Viver e não ter a certeza de encontrar o amor.
Será que o tesouro não seria a amor?
Viver e não ter a certeza de encontrar o sentido da vida...
Será que o tesouro não seria o sentido de viver?
Viver e não ter a certeza de encontrar outras vidas para com-
partilhar...
Será que o tesouro não seria compartilhar tudo o que somos
ou o que temos?
Pode me ajudar, Amigo? Analisa esse problema.
Nunca negligenciei o seu revelar, me tira dessa situação. De-
volve-me o sentido da vida. Salva-me.
Sua compaixão alcançam bilhões e bilhões. Então, me alcan-
ça também!
Sim, os meus adversários, que são muitos e tão empenhados,
tentam me tirar desse caminho. Suas pistas são claras. e com isso, eu
os observo.
Sinto algumas vezes, aversão.
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Eles fogem da (de)codificação, das (co)ordenadas do Mapa por
qualquer razão!
Eu, ao contrário.
Adoro ler outras línguas,
Muitos símbolos,
Amo ligar pontos,
Traçar linhas,
Juntar letras,
Formar palavras,
Seguir as setas
Decifras as pistas...
Ah! E de alguma forma sei que minha vida é prolongada, por
isso, as chamo de verdade para minha vida!
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Olhando para o alto
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O tesouro
Conseguimos!
Vejo o final da trilha principal, lá tem uma grande placa. Será
que são mais orientações?
Estou diante de finalizar a grande corrida ao tesouro, e, além
de mim e meu Amigo, não vejo mais ninguém! Os outros devem
ter se perdido pelos inúmeros caminhos, ou não desvendaram to-
dos as pistas!
Chego mais perto e vejo um grande baú. O que será que tem
lá? Joias, preciosidades, outros Mapas?
Diante do baú eu choro, não sei se é de alegria ou outro sen-
timento.
Tem alguma coisa que me faz sentir isso.
Acho que eu gostaria de mais placas, pois elas se tornaram
palavras de promessas para mim nesse tempo de vida caminhante.
E como num relance vejo a cascata que desce como água que
inunda meu corpo, peço que meu canto seja como ela, saindo dos
meus lábios!
Agradeço todos os ensinamentos, aprendidos nesse cami-
nho, nessas trilhas...
E espero que essa aprendizagem, não saiam da ponta
Da minha língua,
Dos meus pensamentos,
Das minhas atitudes...
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Que todas as orientações eu possa...
Seguir,
Ensinar,
Compartilhar,
Guardar em meu coração para sempre...
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Saltei da cama e pensei? Foi só um sonho toda essa aventura?
Eu nunca sai de casa? Não existe a Ilha do Tesouro?
Olho para o lado, e o que vejo?
O baú do tesouro com todos os acessórios da viagem...
O saco de dormir sujo,
O diário de bordo escrito com as pistas para o viver,
A caixa da pianica com os arranhões que deixei cair,
A toalha amassada, bordada pela mamãe,
As pedras que colhemos no caminho,
A lanterna com apenas um jogo de pilha,
O Mapa rabiscado...
Como poderia ter acontecido?
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Minha inspiração
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Tive uma Amiga me ajudando nesse percurso: solidária,
amante da arte e da educação, sensível e socializadora de todo o
conhecimento, da filosofia e da Vida.
E hoje, tudo o que permeia minha existência, sou grata pelas
inundações de criatividade que me é concedida através do Mapa e
de quem o escreveu.
Que você possa se inspirar nesse movimento pelo qual o
mundo está vivendo.
Que você possa seguir pistas para sua realização.
Que você possa viver como uma criança, simples, pura,
aberta, aprendendo, acreditando no melhor, brincando e vivendo,
sonhando e realizando os seus sonhos.
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Retrato da autora quando criança