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Livro Geopolítica
Livro Geopolítica
GEOPOLÍTICA
2ª Edição
Indaial - 2020
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
K96f
ISBN 978-65-5646-022-2
ISBN Digital 978-65-5646-014-7
1. Geopolítica. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 327.1011
Impresso por:
Sumário
Apresentação..................................................................................5
CAPÍTULO 1
As Bases que Fundamentam o Campo de Estudo
da Geopolítica.................................................................................7
CAPÍTULO 2
Geopolítica dos Conflitos Étnico-Nacionalistas
e Separatistas em Face aos Desafios Mundiais
no Século XXI...............................................................................55
CAPÍTULO 3
A Posição do Brasil na Geopolítica Mundial............................99
APRESENTAÇÃO
A Geopolítica, como campo de estudo e enquanto disciplina, carece de com-
preensão de seus fundamentos para que se possa realizar uma prática pedagó-
gica de ensino-aprendizagem condizente com o desenvolvimento de capacidades
e habilidades que possibilite a apreensão dos fenômenos geopolíticos mundiais.
Para isso, esta obra tem por finalidade ser capaz de instrumentalizar teórico-
-metodologicamente para os estudos geopolíticos e ao exercício da práxis peda-
gógica, entendendo a Geopolítica como um campo de estudo da Geografia, como
um saber geográfico que possibilita uma abordagem interdisciplinar.
Nesse sentido, esta obra, ao longo de seus três capítulos, faz a cobertura
dos conceitos da Geografia Política e da Geopolítica, buscando situá-los em seus
recortes espaço-temporais. Além disso, é abordado também o campo de estudo
da Geopolítica, assim como as teorias e as categorias de análise. Nesse sen-
tido, é lançado um olhar para a organização do espaço mundial e as suas re-
percussões atuais em termos de conjugações de conflitos étnico-nacionalistas e
separatistas, tais como os conflitos árabe-israelense, no Cáucaso, nos Bálcãs e
os conflitos africanos. Trataremos ainda da questão basca, da questão curda, da
questão da palestina e do fundamentalismo islâmico. Esses aportes nos ajudarão
a compreender a “nova ordem mundial” e os desafios mundiais no século XXI, ce-
nário em que o Brasil possui um lugar na geopolítica mundial. E, aproveitaremos
para verticalizar interpretações acerca desse lugar ocupado pelo Brasil na geopo-
lítica hodierna.
Bons estudos!
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, vamos abordar a conformação do campo de estudo da Ge-
opolítica. Entre outros aspectos para alcançar os fundamentos da geopolítica, se
faz necessário situar a Geopolítica na discussão entre a geografia e a política
e como essas duas áreas estabelecem uma abordagem interdisciplinar. Em um
primeiro momento, essas discussões são tratadas pela Geografia Política, e mais
adiante, pela Geopolítica – enquanto campo de estudo situado como subárea no
interior da Geografia.
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Fundamentos de Geopolítica
2 O SURGIMENTO DO CAMPO DE
ESTUDO DA GEOPOLÍTICA E SEUS
FUNDAMENTOS: DETERMINISMO X
POSSIBILISMO
A Geopolítica é um campo de estudo interdisciplinar cujas origens de sua base
epistemológica estão calçadas nas áreas das Ciências Sociais Aplicadas (Direito e
Economia), das Ciências da Terra (Geologia), nas Ciências Humanas (Sociologia,
História, Geografia e Ciências Políticas), sobretudo nas Relações Internacionais.
Esse campo de estudo interdisciplinar encontra na Geografia (Física e Humana) os
fundamentos para explicar como os fenômenos geográficos influem nas políticas e
nas relações entre países, e assim se consolida como um campo de conhecimento
da Geografia a partir do século XIX. Desse modo, se insere como um dos campos
de estudo da Geografia que visa compreender o papel da Geografia nas relações
de poder no âmbito da ordem mundial (relações internacionais).
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
tório no âmbito de uma cidade-Estado. Isso fica mais evidente na obra Geografia,
de Estrabão de Amásia (63 a.C.-21 d.C.), um tratado com 17 livros, que visa servir
de inspiração e como instrumento para as ações realizadas pelos governantes da
polis. Seu pensamento é fortemente influenciado pelo conflito entre os povos gre-
gos e romanos, no qual resulta no domínio romano na região (Grécia). Estrabão
pretendia realizar um relato detalhado sobre as características de cada território
(DESERTO; PEREIRA, 2016). Por conta de sua contribuição aos estudos territo-
riais, Estrabão é reconhecido como o precursor da Geografia Humana, com rele-
vante influência equiparada à contribuição do astrônomo Cláudio Ptolomeu aos
estudos de orientação e localização geográfica que resultam em conhecimento
sobre coordenadas geográficas (latitudes e longitudes).
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Fundamentos de Geopolítica
“Serve em primeiro (embora não apenas) para fazer a guerra, ou seja, para
fins político-militares sobre (e com) o espaço geográfico, para produzir/reproduzir
esse espaço com vistas (e a partir) das lutas de classe, especialmente como exer-
cício do poder” (LACOSTE, 2012, p. 8).
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
Dentro desse espectro amplo, Lacoste (2012) explica que de um lado há uma
geografia aplicada no âmbito acadêmico e cultural, e uma outra, atrelada à atu-
ação dos Estados e das grandes corporações do sistema capitalista. A geografia
praticada como poder de Estado é mais antiga, em comparação a que se concebe
enquanto ciência, esta última surge no século XIX.
Para Lacoste (2012), a Geografia teria como razão de ser a ciência que me-
lhor apreende o mundo a fim de mudá-lo, na qual o espaço é estudado objetivan-
do agir nele de modo mais profícuo. No entanto, a sua noção de espaço geográ-
fico se limita a “aquilo que pode ser mapeado, colocado sobre a carta, delimitado,
portanto, com precisão sobre o terreno e definido sobre a carta cartográfica” (LA-
COSTE, 2012, p. 9).
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
Logo, situa que seu aporte se sustenta nas ciências políticas aplicadas, tendo
uma característica mais interdisciplinar e de ação.
Tendo essas perspectivas como ponto de partida, Costa (2016) diz ser ne-
cessário ter cuidado ao se utilizar de “leis gerais” ou “pensamento universal” em
geografia política. Em geral, os textos visam suplantar ao contexto espaço-tempo-
ral em que estão submetidos, considerando que “o maior dos riscos a ser evitado
é o de caírem prisioneiros de suas próprias fronteiras” (COSTA, 2016, p. 16, grifo
do original). Isso se acentua porque a geografia política trata da política de Esta-
do (política territorial do Estado), cuja relação intrínseca com a materialidade não
pode ser limitada a uma ótica abstrata.
Nessa ótica, para além de outras atribuições, a geografia tem uma função
nada fácil “de examinar e interpretar os nodos de exercício do poder estatal na
gestão dos negócios territoriais e a própria dimensão territorial das fontes e das
manifestações do poder em geral” (COSTA, 2016, p. 17). Há também um outro
aspecto, a produção de conhecimento no âmbito do Estado, pois os estudos são
realizados nos seus aparelhos estatais, cuja finalidade é o desenvolvimento de
políticas públicas territoriais. Mas a Ideologia de Estado envolve inúmeros atores,
que por isso não deve ser enquadrada em uma única dimensão (COSTA, 2016).
Logo, a delimitação do escopo de ação da geografia política é descrita como sen-
do estatal-nacional, mesmo se lida com temas internacionais.
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
considerar a teoria do Estado Orgânico, mas que ao menos essa visão trazia
o meio para discussão na relação com o Estado. Assim, considera que era
necessário separar os fenômenos sociais e naturais (COSTA, 2016). O cerne
da questão é a relação de dependência do Estado do “solo” (enquanto espaço
físico, território) e a ideia de que o desenvolvimento do Estado tinha relação com
a expansão territorial. Daí a noção de um determinismo limitado elaborado por
Ratzel, cunhado pelos franceses sobre a Geografia Política alemã.
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Fundamentos de Geopolítica
cialmente com essa limitação, por não atender a uma práxis pedagógica, de ocultar
o saber geográfico como mecanismo de poder, esfera de ação e uma forma política.
Por isso, tem-se a ênfase dada ao aspecto descritivo e não analítico dessa ciência e
da “geografia dos professores” até a primeira metade do século XX.
Para contrapor a ênfase dada à historicidade dos fatos, Lacoste (2012) cria
a noção de geograficidade para situar que temas são tidos como centrais para
análise e estudo de fenômenos geográficos. No âmbito da “geografia dos profes-
sores” alemã, o tema das questões políticas e de estratégia militar são pontuados
desde Ratzel e o início do século XX. Na França, a Geopolítica apesar de não ser
explicitada no pensamento “geográfico dos professores” no início do século XX,
sobretudo aborda os aportes de Vidal de la Blache, este último aborda o tema
nos Annales de géografhie (1898) e na obra A Franca de Leste (Lorena-Alsácia)
em 1916. Neste último livro, La Blache faz a descrição do Quadro, que dá conta
de várias questões que remetem a cidade, o papel das distintas burguesias urba-
nas, os mecanismos variados de industrialização, o modo como se originam os
capitais e as áreas que ocorrem investimentos, abarcando aspectos sociais e as
relações entre classes. O ponto-chave é o tratamento dado à geopolítica e aos
militares. Apesar disso, não há por parte de La Blache uma atenção maior desses
temas no constructo geral da produção de conhecimento, em especial se analisa-
do os Princípios de geografia humana (1921).
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
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Fundamentos de Geopolítica
ma linha, aprofunda esse cotejo de tal modo que se pode ver manifesto no que
se denomina de geografia humana (FONT; RUFÍ, 2006). São esses autores que
vão influenciar o pensamento de Ratzel. A ideia de “determinismo geográfico” de
Ratzel é uma interpretação feita da abordagem sobre a relação entre o homem e
o meio, expressa no seu livro Anthropogeographie (1882). Nessa concepção, os
elementos da natureza, a exemplo do clima e do solo, seriam os únicos fatores
que influenciam a organização e o desenvolvimento de uma sociedade.
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Fundamentos de Geopolítica
Becker (2005) situa o papel que a geopolítica teve e tem no domínio de ter-
ritórios alheios, sobretudo na relação metrópole-colônia, na qual o território la-
tino-americano esteve sujeito. Há, portanto, a partir da atuação geopolítica dos
Estados um ambiente internacional com os mais variados tipos de pressões, in-
tervenções, com intensidades distintas que vão desde moderadas as situações de
guerras à obtenção de territórios. Essa configuração de conflito antes tinha como
ente central o Estado, em razão deste ser considerado a base de procedência do
poder e de expressão da política. Por isso, essa categoria se mostra central até o
desenvolvimento do capitalismo financeiro ou monopolista. “Hoje, esta geopolítica
atua, sobretudo, por meio do poder de influir na tomada de decisão dos Estados
sobre o uso do território, uma vez que a conquista de territórios e as colônias tor-
naram-se muito caras” (BECKER, 2005, p. 71).
Atividades de Estudo:
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
3 O CAMPO DE ESTUDO DA
GEOPOLÍTICA E AS PRINCIPAIS
ABORDAGENS TEÓRICAS
Estabelecida uma discussão inicial entre a geografia política e a geopolítica,
cabe, portanto, compreender de modo mais detalhado o campo de estudo da geo-
política e suas principais abordagens. Costa (2016, p. 55) define que a geopolítica
tratada pelos distintos teóricos é, em primeiro plano, “um subproduto e um redu-
cionismo técnico e pragmático da geografia política, na medida em que se apro-
pria de parte de seus postulados gerais para aplicá-los na análise de situações
concretas interessando ao jogo de forças estatais projetando no espaço”.
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
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Fundamentos de Geopolítica
Observa-se que até o fim do século XIX, o imperialismo tinha como principais
atores os países europeus. Desse período em diante surgem novos atores na dinâ-
mica mundial conquistando hegemonia regional, que é o caso do Japão, na Ásia, e
uma nova hegemonia mundial, exercida pelos Estados Unidos. Este último realizou
uma profunda expansão de seu território, ocupando áreas pertencentes à França
e ao México. Sua atuação expansionista se dá sobretudo no domínio da dinâmica
econômica e comercial na América; de tal modo que o governo dos Estados Unidos
cria, em 1821, a Doutrina Monroe, uma política dedicada à atuação hegemônica
dos Estados Unidos, na América, como sendo o resultado dos “direitos naturais”
que possuía na região, daí surge a noção de “América para os americanos”. Essa
política surge em contraposição às políticas da “Santa Aliança” de países europeus
que tinham o intuito de retomada das colônias americanas. Inúmeros foram os con-
flitos gerados pelos Estados Unidos com intuito de domínio e expansão territorial
que se conformou de natureza imperialista, conforme apresenta a Figura 1.
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
FONTE: <https://interna.coceducacao.com.br/ebook/
pages/311.htm>. Acesso em: 16 ago. 2019.
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
Tal como Mackinder, Mahan faz uma análise distorcida da atuação militar dos
Estados Unidos, não considerando suas ações agressivas. Contudo, compreende
bem o papel que tem a construção do istmo do Panamá como fator para o
desenvolvimento não só comercial e de sua indústria de guerra armamentista pelo
expansionismo marinho. O poder marinho é entendido por Mahan baseado em
três elementos:
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Fundamentos de Geopolítica
Para Mahan, a posição geográfica é o eixo central que propicia o poder marí-
timo (COSTA, 2016). É o caso de sucesso da Inglaterra pela sua configuração in-
sular de seus portos, tendo um forte império colonial, avançada marinha mercante
e o controle de Gibraltar na Península Ibérica. Este último, para a França, é uma
limitante para o acesso entre a costa marítima do Atlântico (norte) e do Mediterrâ-
neo (ao sul). Decorre dessa experiência a visão de que os Estados Unidos neces-
sitariam criar um canal no istmo do Panamá. Isso traria uma posição estratégica
dos Estados Unidos no continente americano. Este se torna poder estratégico à
medida que agrega ações para articular seu potencial econômico, territorial e ma-
rítimo. Essa articulação perpassa aliar a enorme presença de matérias-primas, a
dimensão e localização estratégica de seu território com o canal. Porém, Mahan
era contrário ao isolamento estadunidense e consequente da política externa da
“Doutrina Monroe”, pois compreendia que o país devia atuar como agente civili-
zatório diante das sociedades bárbaras (FONT; RUFÍ, 2006). Algo que Rafestin
considera como sendo um discurso de superioridade racial e o apregoamento do
direito ao colonialismo no final do século XIX e, portanto, a defesa de que os
povos mais organizados podiam intervir e expropriar povos tidos como bárbaros
(RAFESTIN, 1995 apud FONT; RUFÍ, 2006).
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
Por isso, Morison e Commager afirmavam que Mahan era o “profeta do impe-
rialismo”. No entanto Mahan não conseguiu ver terminado o canal do Panamá e a
conquista da hegemonia dos Estados Unidos na ordem mundial e a consagração
enquanto potência marítima já evidenciada em 1916 (COSTA).
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Fundamentos de Geopolítica
decisões políticas pelos Estados. Mackinder considera débil análises das regiões
democráticas-liberais, pois não dão conta das lacunas no equilíbrio mundial e do
progresso de Estados-nações “despóticos” em seus fins de expansão territorial
(COSTA, 2016).
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
Para Mackinder, essa região tinha uma função estratégica para expansão do
Estado que a dominasse, adquiria tanto domínio terrestre quanto marítimo. Desse
modo, a conjuntura geopolítica poderia ser elucidada pela interação entre o “he-
artland” (coração) e os cinturões que conformavam a sua volta, no entendimento
de que “Quem dominar o coração continental dominará a ilha mundial. Quem do-
minar a ilha mundial controlará o mundo” (MACKINDER,1919 apud MELLO,1999,
p. 56, tradução livre nossa). Assim, com base em um estudo histórico e geográfico
sobre as invasões bárbaras, Mackinder observa que nas grandes estepes da Ásia
Central situavam as bases das mudanças mais significativas do mundo em razão
da mobilidade da cavalaria nessa região, sobre a qual afirma conformar “o pivot
geográfico da História” (MARTIN; CASTELLAR; MARTINS, 2004).
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
Assim, segundo Font e Rufí (2006), o seu grande feito foi antevê por meio da
geografia a ordem mundial (Guerra Fria) no pós-guerra, o papel que a democracia
teria no Ocidente, a divisão da Europa, bem como a Aliança Atlântica. Porém,
suas análises não foram tão assertivas sobre o papel do Reino Unido nesse
cenário todo.
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Fundamentos de Geopolítica
exercício do poder estatal, e sua visão organicista que situa a relação entre terri-
tório e raça, bem como o domínio global pelas quatro grandes potências (Estados
Unidos, Rússia, Japão e Grã-Alemanha) para tanto atender às demandas internas
regionais quanto externamente determinar a ordem mundial (FONT; RUFÍ, 2006).
FIGURA 5 – PAN-REGIÕES
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
Nesse sentido, sua atuação é voltada para formulação de uma política exter-
na dos Estados Unidos. Essa política tem por finalidade duas vias, fazer uma opo-
sição objetiva ao nazismo, mas sobretudo reagir e conter o avanço do comunismo
no pós-Segunda Guerra Mundial (1945). Não há contradição entre o pensamento
de Mackinder e Spykman. Contudo, o objeto de atenção de Spykman são as po-
líticas intervencionistas, em especial aquelas dedicadas ao continente europeu
(FONT; RUFÍ, 2006).
Mello (2015) situa que o período entreguerras havia um foco central na dis-
cussão da política adotada pelo Estados Unidos em âmbito internacional. Disso
surgiram dois pontos que se consolidaram nos grandes debates que ocorriam so-
bre o tema. A questão da preservação da paz, de um lado, que devia se articular
e coadunar com a política externa americana, decorre o surgimento de dois pen-
samentos: um isolacionista e outro intervencionista. O pensamento isolacionis-
ta propunha uma atuação estadunidense isolada do contexto internacional, sem
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Fundamentos de Geopolítica
Para que o equilíbrio viesse a ocorrer era necessária uma estabilidade espa-
cial no chamado de Rimland, a periferia da Herartland, retratada por Mackinder
pelo termo inner crerscent (FONT; RUFÍ, 2006). O Rimland é uma zona que se
situa entre as potências marítima e terrestre, delimitada pela Europa Ocidental, o
Médio Oriente, a Turquia, o Irã, a Índia, o Paquistão, a China, a Coreia, o Japão, o
Sudoeste Asiático e a costa do pacífico da Rússia, considerada uma área geoes-
tratégica para manutenção da hegemonia estadunidense na ordem mundial. Por
isso, recebe uma atenção especial nas alianças políticas militares entre os Esta-
dos Unidos com outros países.
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
4 AS CATEGORIAS DE ANÁLISE DA
GEOPOLÍTICA
Antes de descrever e definir quais são as principais categorias de análise da
geopolítica é preciso esclarecer o que são categorias de análise. Para que possamos
realizar um exame dos problemas ou fenômenos que envolvem a geopolítica é preci-
so ir além da interpretação científica destes e sua lógica particular, a fim de entender
as determinações históricas em que estes estão envolvidos. Assim, para definir quais
instrumentos e técnicas utilizar em estudos geopolíticos é salutar ter algum emba-
samento. Isso significa alcançar a teoria do conhecimento; o domínio da lógica; da
compreensão da dialética e sua metodologia de análise; das leis e categorias que aju-
dam a problematizar; aprender a fazer o recorte do tema e delimitar problemas; saber
elaborar as questões científicas e definir qual o caminho lógico para se alcançar os
resultados esperados e obter as respostas ao problema de pesquisa.
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Fundamentos de Geopolítica
espaço, fronteira, entre outros termos. O ponto central é que existem diversos
enfoques sobre os quais esses termos podem ser concebidos, e desconsiderar
isso é ocultar as contradições internas e o movimento histórico, o que exclui as
dimensões sociais, política e da natureza humana da análise, reificando conceitos
cuja natureza não é de uma lei geral e puramente abstrata.
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
Para manter essa nova estrutura de sociedade e garantir tanto suas conquis-
tas quanto sua integridade territorial foi preciso criar um exército com contingente
substancial e de grande estrutura. Assim, para além do poder econômico, ideoló-
gico e político, tem-se a configuração de poder militar (bélico). Há, a partir dessa
configuração, uma série de definições que visam apreender a natureza do Esta-
do enquanto instituição. Temos aqueles que consideram que o Estado deva ser
absolutista, baseado na força e na imposição das relações sociais, é o caso de
Hobbes, na obra Leviatã (1651), e aqueles que propõem através de um contrato
social que a natureza do Estado seja o resultado do somatório das boas vontades
do cidadão, devendo garantir a liberdade política e civil dos cidadãos (ROUSSE-
AU, 1972 apud FIORT; RUFÍ, 2006). Segundo Mascaro (2013), a ótica do contrato
social embasada pela legitimidade racional do poder acaba conservando a estru-
tura de classes vigente. Assim, para um estudo marxista do Estado, essa visão
está imersa em uma relação de poder em que os que detêm o controle econômico
e político determinam as regras sociais que incidem sobre mais fracos. Logo, o
Estado não pode ser visto como um elemento neutro.
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
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Fundamentos de Geopolítica
São inúmeras as funções que o Estado pode assumir, dentre elas a sobe-
rania, que garante a ordem, a governabilidade, a integridade e uma atuação na
política exterior. No âmbito da política de Estado, ela se resume em relações exte-
riores e segurança, voltadas em geral aos interesses nacionais. Uma outra função
é servir de objeto de poder que pode ser tanto econômico, ideológico e político
(BOBIO, 1984 apud FONT; RUFÍ, 2006).
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
Em sua acepção, segundo Mascaro (2013, p. 13), o Estado não deve ser
visto como o eixo central que gera o modo de produção capitalista, pois “o Estado
nesse contexto corrobora por alimentar a dinâmica de valorização do valor, como
também, a seu modo, as interações sociais dos capitalistas e dos trabalhadores,
tudo isso num processo contraditório”. Assim, mesmo o Estado agindo para me-
lhoria das condições sociais, atua favorecendo a lógica do valor. Mas, não é o
agente representante do Estado em seu exercício político que será suficiente para
garantir a atividade capitalista. O que mantém é um processo global e estruturado
que sustenta sua reprodução. Porém, há um fator que é capaz de elucidar as con-
dições particulares da política e da economia no interior do capitalismo, a luta de
classes. Outros elementos são importantes para compreensão da forma política
estatal, as formas sociais do capitalismo propagadas.
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Fundamentos de Geopolítica
Costa (2016) situa que existem processos sociais concretos que se desen-
rolam de modo histórico no âmbito das relações entre sociedades. Cabendo, por-
tanto, ao se analisar a Geografia Política questionar “se e como as suas teorias
têm sido ou serão capazes de apreender os fatos da relação espaço/poder como
processos sociais” (COSTA, 2016, p. 26). Nessa perspectiva, entende que “toda
sociedade, em qualquer tempo e lugar, define formas particulares de relações
com o seu espaço de vivência e produção; em outras palavras, valoriza-o a seu
modo” (COSTA, 2016, p. 26).
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Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
lítica (COSTA, 2016). Nesse escopo, considera-se que são valiosos os estudos
que versam sobre a distribuição do poder em distintas escalas e como eles se
distribuem no interior da sociedade, cujas práticas sociais se dão de modo mais
territorializado.
Atividades de Estudo:
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A discussão realizada ao longo do capítulo sobre a diferenciação entre
o conceito de Geopolítica e de Geografia Política evidenciou que na realidade
existem duas perspectivas de abordagem. Uma baseada em uma discussão mais
teórica sobre a Geopolítica (dos “Estados-maiores”), na relação entre geografia
e política – marcada pelos estudos da Geografia Política, tendo por fundamento
o pensamento alemão. Nela, se estabelece um conhecimento voltado para a
contribuição da Geografia para o desempenho do Estado no âmbito de sua ação
internacional. O saber geográfico constitui-se como um importante instrumento de
poder.
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Fundamentos de Geopolítica
REFERÊNCIAS
BECKER, B. K. Geopolítica da Amazônia. Estudos Avançados, v. 19, n. 53, p.
71-86, 2005,
52
Capítulo 1 AS BASES QUE FUNDAMENTAM O CAMPO DE ESTUDO DA GEOPOLÍTICA
GLASSNER, M. I. Political geography. New York: John Wiley & Sons, 1993.
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Fundamentos de Geopolítica
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C APÍTULO 2
GEOPOLÍTICA DOS CONFLITOS ÉTNICO-
NACIONALISTAS E SEPARATISTAS EM
FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO
SÉCULO XXI
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes
objetivos de aprendizagem:
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GEOPOLÍTICA DOS CONFLITOS ÉTNICO-NACIONALISTAS E
Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, abordaremos conflitos de ordem étnico-nacionalistas, bem
como os separatistas, sob um prisma da leitura do espaço geográfico e das
disputas envolvidas, considerando as relações de poder e o uso do território
na realidade contemporânea. Nesse tocante, dentre a plêiade de conflitos,
priorizaremos na nossa exposição os conflitos africanos em razão à primazia de
sua relevância no cenário atual. No entanto, trataremos, também, dos conflitos no
Cáucaso, da questão curda, dos conflitos árabe-israelenses, da questão basca,
da questão da palestina e do fundamentalismo islâmico.
2 CONFLITOS GEOPOLÍTICOS NA
ÁFRICA
A África é um continente que ocupa cerca de 25% das terras emersas do
planeta. Esse dado sinaliza que se trata de um continente estratégico para pensar
a geopolítica mundial e discutir os conflitos africanos implica lançar luz em temas
como a Primavera Árabe, que não se tratou de um ponto de tensão exclusivo do
território africano, mas que o principal eixo de transformações (ou a maior área
envolvida) se deu nesse continente na sua região setentrional, também conhecida
pela denominação “África Branca”, a qual é imprecisa e carregada de preconceitos
(Figura 1), conforme nos esclarece Wedderburn (2005, p. 11):
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Fundamentos de Geopolítica
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GEOPOLÍTICA DOS CONFLITOS ÉTNICO-NACIONALISTAS E
Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
Uma das faces desse processo é a relação geopolítica entre os Estados Uni-
dos e as ditaduras árabes para assegurar suas relações de acesso às maiores
reservas de petróleo do planeta, as quais se encontram nessa região da África
e do Oriente Médio. Esse processo da Primavera Árabe teve impacto e jogo de
forças políticas e econômicas em escala planetária porque a política externa dos
EUA está intimamente relacionada a essa região e assim teve que consolidar
mediações da crise com a Liga Árabe liderada pela Arábia Saudita e Catar. Isso
demonstrou mais uma vez a importância e os interesses das grandes potências
na exploração do território africano e assim tem, sistematicamente, interferido na
condução de suas vidas por meio de modulações no campo econômico, político,
social e cultural. Na África, à medida que os conflitos se intensificam é uma cons-
tante desembocar para a luta armada.
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Fundamentos de Geopolítica
TUNÍSIA
ORIENTE MÉDIO
MARROCOS
ARGÉLIA
LÍBIA
SAARA EGITO
Oceano OCIDENTAL
Atlântico MAURITÂNIA
MALI
NÍGER
SUDÃO 6
SENEGAL CHADE
1
GÂMBIA
4
GUINÉ-BISSAU NIGÉRIA
2 3 ETIÓPIA
SERRA LEOA SUDÃO
Oceano
5
CAMARÕES DO SUL
A
LIBÉRIA
LI
Índico
Á
COSTA DO GUINÉ
DA
M
EQUATORIAL N
SO
MARFIM G
A
QUÊNIA
U
12 CONGO-
7
KINSHASA 8
NORTE DA ÁFRICA GABÃO
CONGO- TANZÂNIA 16
ÁFRICA SUB-SAARIANA BRAZZAVILLE
15
ANGOLA 9
UE
ZÂMBIA
AR
IQ
1 - BURKINAFASO
MB
SC
2 - GANA
ÇA
NAMÍBIA
GA
3 - TOGO ZIMBÁBUE
MO
4 - BENIM 14
DA
5 - REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA BOTSUANA 13
MA
6 - ERITREIA
7 - RUANDA
10
8 - BURUNDI ÁFRICA
9 - MALAUÍ DO SUL
11
10 - SUAZILÂNDIA
11 - LESOTO
12 - SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
13 - MAURÍCIA
14 - REUNIÃO (França)
15 - MAYOTTE (França)
16 - COMORES
60
GEOPOLÍTICA DOS CONFLITOS ÉTNICO-NACIONALISTAS E
Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
FONTE: <https://fabianaklink.wordpress.com/2012/06/03/
os-conflitos/>. Acesso em: 26 nov. 2019.
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Fundamentos de Geopolítica
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GEOPOLÍTICA DOS CONFLITOS ÉTNICO-NACIONALISTAS E
Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
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Fundamentos de Geopolítica
FONTE: <https://www.educabras.com/ensino_medio/materia/geografia/
continentes_e_paises/aulas/africa_aspectos_historicos>. Acesso em: 26 nov. 2019.
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GEOPOLÍTICA DOS CONFLITOS ÉTNICO-NACIONALISTAS E
Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
FONTE: <https://escola.britannica.com.br/artigo/%C3%81sia-
Menor/480681>. Acesso em: 26 nov. 2019.
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
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Fundamentos de Geopolítica
Esse canal é uma das vias marítimas mais estratégicas do planeta porque
se trata do eixo de relações entre o Oriente e o Ocidente. São 163 quilômetros
de extensão em um istmo que faz a conexão da África com a Ásia. Um canal
interoceânico dessa natureza que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo em um
cenário de geopolíticas que envolvem a Península do Sinai e os Golfos de Suez e
de Akaba. É um encurtamento de distâncias entre Europa, Oriente Médio e Índia,
com destaque para a ampliação da exploração do petróleo. Começou a funcionar
em 27 de novembro de 1869, época em que Ismail Pacha era governador do
Egito. Foi um esforço conjunto de construção: mão-de-obra egípcia, capital inglês
e tecnologia francesa.
FONTE: <http://geoconceicao.blogspot.com/2011/11/canal-
de-suez.html>. Acesso em: 28 nov. 2019.
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GEOPOLÍTICA DOS CONFLITOS ÉTNICO-NACIONALISTAS E
Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
leitura dos europeus como se a África não tivesse história. Enfim, uma realidade
africana massacrada pelo capitalismo mundial historicamente constituído.
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Fundamentos de Geopolítica
FONTE: <https://twitter.com/ricamconsult/
status/1084229814423293952>. Acesso em: 28 nov. 2019.
Como notamos pela leitura da Figura 10, em razão dos Estados africanos
não terem avançado do ponto de vista econômico em função da extrema
dependência, a sua participação na economia mundial é pífia. Assinalamos os
aspectos seguintes para contextualizar os insumos que intensificam os conflitos
no território e nos dão a noção do atual cenário e dos desafios que precisam ser
superados para se constituir uma nova África melhor articulada do ponto de vista
geopolítico e capaz de, de fato, ingressar no século XXI:
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
A falta de visão geopolítica é o que tem imposto o fatalismo que paira no ho-
rizonte do pensamento africano e daqueles que leem suas realidades. Precisamos
de organizações regionais que projetem o futuro com valorização das potencialida-
des como ouro, diamante, biológica, petróleo etc. Questões como a fome e a sub-
nutrição são um problema que existe em toda a África, a educação desajustada e
elitista e a cidadania acovardada e medrosa são pontos em comum no continente e
que a academia, bem como as suas instituições, possam olhar para a África e para
os embates dos últimos anos no planeta para que possa obter lições interessantes
para refletir e construir novos horizontes em face de velhos problemas.
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
A União Africana tem como base o debate entre governos, estados e países,
entretanto, olhar para o futuro pode ser dar atenção para novos atores, como é o
caso da união das sociedades políticas da África, movimentos sociopopulacionais,
Organizações não Governamentais, associações e grupos culturais afim de se
efetivar a união de povos de várias latitudes. Essas viradas da mesa podem ser
alternativas para uma melhor interação no continente que seja capaz de colaborar
para se romper com a centralização histórica e para dirimir conflitos futuros. A
sociedade em geral tem tido sua inovação suprimida em função das dificuldades
de inovar em seus governos que mantêm uma escola arcaica ainda nos marcos
tradicionais da Revolução Industrial. Alterar o modelo de educação para viabilizar
a tradução em novas competências que nos permita olhar para o futuro e para as
possibilidades em aberto em vez de se concentrar numa postura de vitimização
dos cidadãos e de fatalismo que engessa novas perspectivas.
Atividades de Estudo:
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
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Fundamentos de Geopolítica
FONTE: <http://geografiaterceiroem.blogspot.com/2013/04/con-
flitos-na-caucaso.html>. Acesso em: 13 dez. 2019.
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_
caucasianas>. Acesso em: 13 dez. 2019.
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
FONTE: <https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/geopolitica/
entenda-a-questao-arabe-israelense.htm>. Acesso em: 28 dez. 2019.
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
FONTE: <https://www.esquerda.net/dossier/que-futuro-para-
palestina-na-era-trump/47258>. Acesso em: 28 dez. 2019.
Outra questão que desafia a geopolítica global é a dos curdos que na luta
pela efetivação do Curdistão, propõem a mudança de limites territoriais de no
mínimo quatro Estados-nação (Turquia, Iraque, Irã e Síria) e talvez de outros dois,
da Armênia e do Azerbaijão. Atualmente, os curdos vivem uma diáspora porque
estão em países como Alemanha (cerca de 1 milhão de pessoas), Israel (mais
de 100 mil), França (mais de 100 mil), Suécia (mais de 100 mil), dentre outras
localidades pelo mundo.
85
Fundamentos de Geopolítica
FIGURA 17 – CURDISTÃO
AZERBAIJÃO
Mar Cásp
TURQUIA
io
IRÃ
iterrâneo
SÍRIA
Mar Med
LÍBANO
IRAQUE
ISRAEL
FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/
questao-curda.htm>. Acesso em: 1 jan. 2020.
Essa questão curda está inserida no Oriente Médio, o qual possui uma rede
de relações que posicionam a região como de influência internacional ao ponto
que merece importância em nossa análise geopolítica de conflitos. A ausência
de diretivas dos povos nas decisões são pontos cruciais para a ampliação das
tensões, pois os sistemas internacionais não permitem a criação de novas formas
de vida com autonomia de verdade em razão da defesa de interesses políticos e
econômicos que ultrapassam as realidades das etnias.
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
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Fundamentos de Geopolítica
FONTE: <https://www.culturamix.com/cultura/questao-
dos-bascos/>. Acesso em: 3 jan. 2020.
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
tido esforços para combatê-lo, com destaque para os Estados Unidos, Japão, Fran-
ça, Inglaterra, entre outras. O Ocidente não tem conseguido avançar nessa direção
porque tem tratado a situação como uma questão bélica, no entanto, a ausência de
investimentos em educação e informação, bem como com respeito à religião islâ-
mica, é para que se consiga constituir novos arranjos e socializações necessárias
para a boa relação política, sem a necessidade de uma disputa pelo poder através
das armas. A Figura 21 retrata o espraiamento da religião islâmica pelo planeta.
FONTE: <https://www.slideshare.net/JorgeHernandez753/
fundamentalismo-islamico-81401844>. Acesso em: 27 dez. 2019.
91
Fundamentos de Geopolítica
Além disso, o enfrentamento por parte das grandes potências aos países
fundamentalistas também se dá em função do receio de se conseguir apresen-
tar a via fundamentalista como uma alternativa para outras nações de orien-
tação islâmica. O crescimento do FI representa um perigo para os países que
ocupam posição privilegiada no contexto da economia mundial, dado que os FIs
expõem uma oposição radical aos valores e a influência econômica e cultural
dos países ocidentais.
Mesmo com todos os esforços que têm sido feitos em escala mundial, a reali-
dade demonstra que o FI conseguiu crescer em todo o mundo em que predomina
a religião islâmica. A título de exemplo desses países com fortes marcas desse
modo particular de ver o mundo, podemos citar a Argélia e a Líbia, na África, e o
Afeganistão e o Paquistão, na Ásia.
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
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Fundamentos de Geopolítica
Destarte, é uma força controladora que pesa nas percepções dos sujeitos e
função da internalização dos postulados do FI de modo a revelar os mecanismos
que uma determinada configuração cultural consegue definir o comportamento.
Assim, faz com que a cultura seja capaz de produzir o comportamento. Na práti-
ca, isso ocorre por meio da mudança de personalidade construída a partir de um
determinado caráter cultural que pode ser um nacionalismo ou até mesmo uma
religião. No nosso entendimento, filiados com a compreensão de Duncan (2010),
precisamos nos atentar ao fato de que uma abordagem geográfica do FI pode
repercutir no desvio da atenção do ponto geral para aspectos secundários que
podem se configurar em estereótipos, os quais não colaboram para a construção
de explicações sobre a realidade concreta.
Atividades de Estudo:
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GEOPOLÍTICA DOS CONFLITOS ÉTNICO-NACIONALISTAS E
Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Notamos, a partir da exposição deste capítulo, que a geopolítica utilizada
para pensar os conflitos no mundo se estabelece como um conhecimento prático
que suscita interpretações interescalares que viabilizam pensar a unidade do
fenômeno sob o ponto de vista espacial no contexto da pluralidade de interesses
e compreensões que envolvem fatores históricos, sociais, culturais, políticos
e econômicos. As disputas espaciais estão no cerne ou nos traços principais
dos conflitos e as suas consequências não se restringem ao plano local ou ao
regional. Na nova ordem mundial, os territórios estão cada vez mais integrados
e inter-relacionados. Então, não há mais que se falar em conflitos locais e sim
embates locais com efeitos globais.
95
Fundamentos de Geopolítica
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, T. K. de. Nação e identidade no renascimento das
literaturas periféricas da Espanha: a poesia de Rosalía de Castro. 2011.
Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade
Federal de Pernambuco, Recife, 2011.
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Capítulo 2 SEPARATISTAS EM FACE AOS DESAFIOS MUNDIAIS NO SÉCULO XXI
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Fundamentos de Geopolítica
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C APÍTULO 3
A POSIÇÃO DO BRASIL NA
GEOPOLÍTICA MUNDIAL
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes
objetivos de aprendizagem:
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste terceiro capítulo, estudaremos alguns dos principais pontos a respeito
do posicionamento brasileiro na geopolítica mundial. Considera-se, portanto, que
o Brasil possui um histórico de desenvolvimento de sua importância geopolítica
no sistema global de relações entre os estados nacionais, nos campos político,
econômico, social, cultural e também bélico.
FONTE: <https://cnae.ibge.gov.br/en/component/content/article/94-7a12/7a12-vamos-
conhecer-o-brasil/nosso-territorio/1461-o-brasil-no-mundo.html>. Acesso em: 26 dez. 2019.
101
Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
2 GEOPOLÍTICA BRASILEIRA
FIGURA 2 – O BRASIL E SUAS BASES GEOPOLÍTICAS
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
FONTE: <http://historiaempartes.blogspot.com/2008/10/conflitos-no-
-brasil-perodo-colonial.html>. Acesso em: 26 dez. 2019.
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Fundamentos de Geopolítica
FONTE: <https://www.politize.com.br/exercito-brasileiro-
estrutura-e-funcoes/>. Acesso em: 15 dez. 2019.
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
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Fundamentos de Geopolítica
geopolítica nacional brasileira, que vai ao encontro da charge da Figura 9, que diz
respeito à localização geopolítica brasileira no jogo de interesses globais.
FONTE: <https://geografiaegeopolitica.blogspot.com/p/geopolitica-
em-quadrinhos.html>. Acesso em: 15 dez. 2019.
116
Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
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Fundamentos de Geopolítica
Atividades de Estudo:
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
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Fundamentos de Geopolítica
Nas figuras 12 e 13, expomos como ponto de partida o avanço conceitual ini-
ciado na primeira parte deste capítulo, ou seja, a importância da questão geoestra-
tégica na conformação geopolítica brasileira. Na Figura 12, fruímos a organização
das estratégias geopolíticas nacionais, a partir do ponto de vista, ainda integralista,
dos militares na década de 1970 e, posteriormente, na Figura 13, Becker (1974) nos
apresenta uma visão da mesma visão geoestratégica nacional, tendo como referên-
cia principal as questões dos recursos naturais brasileiros, que viriam a se tornar o
principal foco de nossa agenda geopolítica global no século XXI.
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
Essa figura de Couto e Silva (1981) vai ao encontro da Figura 11, de abertura
deste subtópico, ou seja, é preciso que pensemos o posicionamento do Brasil,
geopoliticamente, no xadrez dos poderes e interesses dos Estados nacionais ao
redor do globo.
121
Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
FONTE: <https://pixabay.com/pt/images/search/uni%C3%A3o%20
europeia/>. Acesso em: 15 dez. 2019.
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Fundamentos de Geopolítica
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
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Fundamentos de Geopolítica
grandes rios urbanos, como o Tietê, na grande São Paulo, que por décadas são
assolados por mal uso, consumo e poluição. Especialmente no que se refere aos
grandes rios brasileiros, é preciso que lembremos, também, da forte especulação
e pressão econômica de conglomerados econômicos de produção de energia por
meio de barragens, construídas, muitas vezes, sem um estudo preciso dos im-
pactos ambientais e riscos destas para as populações e comunidades próximas
as suas instalações, apesar dos esforços governamentais na promoção do uso
consciente da água potável em nosso território.
FONTE: <https://www.educabras.com/enem/materia/geografia/geografia_
fisica/aulas/hidrografia_do_brasil>. Acesso em: 15 dez. 2019.
130
Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
FONTE: <https://observatorioconflitosaguarmcuritiba.wordpress.
com/2015/12/10/charges/>. Acesso em: 18 dez. 2019.
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
FONTE: <http://clicfolha.com.br/charge/1114/nordeste-pesquisadores-encontram-
-oleo-dentro-de-peixes-e-mariscos---cazo-2019>. Acesso em: 18 dez. 2019.
133
Fundamentos de Geopolítica
como observado na figura. A Amazônia Azul, bem como toda a floresta equato-
rial homônima no território brasileiro, compõe este cenário global da geopolítica
ambiental contemporânea.
O Brasil possui a sexta maior reserva global de urânio, que pode ser
enriquecido, para posterior utilização como fonte de energia em usinas nucleares.
O fato de o território brasileiro possuir tanto deste importante recurso energético
global faz com que tenhamos posição central em debates envolvendo tal temática
nas questões geopolíticas mundiais.
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
FONTE: <https://www.eletronuclear.gov.br/Sociedade-e-Meio-Ambiente/Espaco-
do-Conhecimento/Paginas/Energia-Nuclear.aspx>. Acesso em: 18 dez. 2019.
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Fundamentos de Geopolítica
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Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
Atividades de Estudo:
137
Fundamentos de Geopolítica
a) Estados Unidos e China são dois dos países que mais emitem poluentes
na atmosfera e que possuem posturas de não adesão ou ressalvas às agendas
ambientais globais, então, quais os impactos desses posicionamentos dessas
potências em suas relações geopolíticas com o Brasil?
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Todo o percurso de estudo que efetuamos até aqui possuiu como objetivo
duas temáticas centrais. Na primeira delas foram trabalhados alguns dos princi-
pais elementos históricos, geográficos, conceituais e estratégicos da contribuição
e formação de uma identidade geopolítica brasileira, passando inicialmente de um
período de afirmação e fortalecimento das fronteiras internas do país para poste-
rior avanço em cenários regionais na América do Sul e Latina e em países como
os BRICS, sempre assumindo papéis de protagonistas em tais situações.
138
Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Manuel Correia de. Geopolítica do Brasil. São Paulo: Papirus,
2001.
139
Fundamentos de Geopolítica
CASTRO, Iná Elia de. Geografia e Política. São Paulo: Bertrand Brasil, 2010.
CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo Cesar; CORRÊA, Roberto Lobato.
Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
140
Capítulo 3 A POSIÇÃO DO BRASIL NA GEOPOLÍTICA MUNDIAL
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993.
VLACH, Vânia Rubia Farias. Estudo preliminar acerca dos geopolíticos militares
brasileiros. In: Terra Brasilis [On-line], 4-5, 2003. p. 1-13.
141