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Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais


Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 11 – O CULTO NA IGREJA CRISTÃ - 1º TRIMESTRE DE 2024 (Ef 5.15-21)
INTRODUÇÃO
Nesta lição destacaremos princípios que são indispensáveis ao modelo de culto aceito por Deus; elencaremos elementos
que devem existir na liturgia da adoração oferecida ao Senhor; e por fim, pontuaremos características do verdadeiro culto
pentecostal.
I – PRINCÍPIOS BÍBLICOS INDISPENSÁVEIS AO CULTO
Devemos lembrar que o culto não é espetáculo nem um show caracterizado por som alto e dançante, gelo seco, roupas
extravagantes, músicas carregadas de agressividade e barulho, nos mais diversos ritmos, tais como rock, funk, rap, e axé, onde
os participantes estão mais interessados em euforia, gritaria, diversão e auto satisfação. Todo elemento que intervém nesta relação,
desviando a atenção para si, não atende à finalidade do culto, que é elevar o homem a Deus (Sl 73 25-28; 1Co 10.31). Como
veremos, o culto é importante porque Deus atribui a ele um valor espiritual e singular. Notemos:
1.1 O culto deve ser teocêntrico. “... preste culto somente a Ele” (Mt 4.10; Dt 6.13; Êx 20.4; Lv 26.1; Sl 97.7; Lc 4.8). Deus é
zeloso da adoração e do culto oferecido a Ele. “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor, ... sou
Deus zeloso...” (Dt 5.9 – NAA; Sl 78.58; 1Co 10.20-22). Deus quer ser adorado pelos seus filhos: “...Assim diz o Senhor: Israel
é meu filho... deixe meu filho ir para que me adore...” (Êx 3.12 - NAA). Percebamos que a adoração precede ao culto: “Adore ...
e preste culto somente a Ele” (Mt 4.10 - NAA); “Temam ... e sirvam a Ele...” (Dt 6.13 – NAA).

1.2 O culto deve ser espiritual. A primeira característica da adoração é que ela deve ser de adoradores que “... adorem em
espírito ...” (Jo 4.23). Somente uma adoração espiritual pode gerar um culto espiritual e verdadeiro. Por isso, os sacrifícios no
culto cristão são espirituais: (a) o corpo (Rm 12.1,2); (b) o louvor (Hb 13.15); (c) a prática do bem (Hb 13.16); e, (d) a mútua
cooperação (Hb 13.16; Fp 4.18).
1.3 O culto deve ser verdadeiro e reverente. A Bíblia nos ensina que o verdadeiro culto ao Senhor deve ser verdadeiro (Is
29.13; 1Sm 15.22; Is 1.10-17; Dt 10.12; Ez 33.31; Jo 4.23). Nossa liturgia é simples e pentecostal, conforme o modelo do Novo
Testamento: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem
língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1Co 14.26). Ela consiste em oração, louvor, leitura bíblica, exposição
das Escrituras Sagradas ou testemunho e contribuição financeira, ou seja, ofertas e dízimos. Entendemos que a adoração está
incompleta na falta de pelo menos um desses elementos, exceto se as circunstâncias forem desfavoráveis ou contrárias (SOARES
[Org.], 2017, p. 145). É preciso ter reverência nos cultos ao Senhor (Êx 19.16-25; 20.18-19; Ec 5.1; Hb 10.19-22; 1Co 14.40 Hb
12.28).
1.4 O culto deve ser espontâneo e alegre (Êx 35.5,21,29; 2Cr 5.12-14). No NT há espontaneidade para orar e interceder:
“Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas” (1Tm 2.8). A espontaneidade chegou a tal ponto
que houve necessidade de estabelecer ordem e limites na igreja primitiva (1Co 12.3;14).
II – O CULTO CRISTÃO E A LITURGICA NA BÍBLIA
Nos diversos atos litúrgicos registrados na Bíblia estão traçados os elementos do culto cristão. Notemos:
2.1 Elementos litúrgicos do Tabernáculo e do Templo. Fazia parte da liturgia judaica: a) oração (2Cr 7.1); b) sacrifício (1Sm
1.3); c) oferta (Dt 26.10; 1Cr 16.29); d) louvor e cântico (2Cr 7.3); e) a oração antífona do Shema, “ouve Israel”, a confissão de
fé dos judeus (Dt 6.4); f) a leitura bíblica (Ne 8.1-8; Lc 4.16,17); e, g) e a exortação (At 13.15) (SOARES [Org.], 2017, p. 145).
Os sacrifícios, apontavam de forma tipológica a Cristo e se cumpriram nEle, não sendo mais praticados pela Igreja (Hb 9;10).
2.2 Elementos litúrgicos de Esdras (Ne 8.1-12). Após a reconstrução do Templo o povo se congregou oferecendo um culto na
seguinte ordem: a) proclamação - leitura da Lei de Moisés; b) pregação - interpretação da leitura; c) adoração - tempo para oração
e adoração coletiva; e, d) comunhão - compartilhamento de alimentos e festejos.
2.3 Elementos litúrgicos de Jesus (Jo 14-17; Mt 26). Nos últimos atos de Jesus, ao instituir a Ceia, são claros os elementos
litúrgicos: a) pregação (Jo 14-16); b) oração e intercessão (Jo 17); c) instituição dos símbolos [pão e do vinho]; e, d) cântico de
adoração.

2.4 Elementos litúrgicos no culto da Igreja Primitiva (At 2.42). Na Igreja Primitiva também havia uma liturgia bem definida:
a) ensino da Palavra; b) comunhão através do comer juntos e das coletas (ofertas ou contribuições); c) partir do Pão – Ceia do
Senhor; d) orações tanto na vida pessoal como comunitária ou congregacional. O apóstolo Paulo instruiu a igreja a preservar
com: hinos, sempre eram cantados os Salmos; exposição da Palavra; manifestação dos dons espirituais - profecia e mensagem
em línguas quando houvesse interpretação; e ofertas – denominadas de coletas (1Co 14.26; 1Co 16.1-3).
III - DISTORÇÕES NO CULTO E NA LITURGIA DA IGREJA
O culto em algumas igrejas, infelizmente, tem se desviado dos padrões bíblicos e históricos, chegando-se a uma situação
em que, em nome da liberdade e da espontaneidade, o culto se desvirtuou em muitas igrejas, sendo marcado pela irreverência,
superficialidade e preocupação prioritária com as necessidades humanas, e não com a presença e a glória de Deus. Notemos
algumas mudanças no culto e liturgia da igreja ao longo da história:

3.1 O culto e liturgia na Igreja primitiva. O culto da igreja primitiva inspirou-se na liturgia das sinagogas. Nos cultos eram
lidas passagens do Pentateuco e dos Profetas, seguindo-se uma exposição do texto. Também eram cantados salmos, especialmente
o “Hallel” (Sl 113-118). O culto cristão foi extremamente simples (não simplório), constando de orações, cânticos, leituras do
AT e dos livros dos apóstolos. Eram feitas exortações pelo dirigente, ensinamentos das verdades bíblicas, coletas (ofertório) e
celebração da Ceia do Senhor (COUTO, 2016, pp. 47,48 – grifo nosso). Até o século III, o culto transcorria com a seguinte ordem
litúrgica: a) Leitura da Palavra; b) Cântico de hinos; c) Oração em pé com a participação coletiva; d) celebração da Ceia do
Senhor; e, e) Coleta para ajudar viúvas, enfermos, encarcerados (RODRIGUEZ, 1999. p. 43).
3.2 O culto e liturgia na Igreja da contemporaneidade. Infelizmente têm surgido muitas formas estranhas e até exageros nos
cultos e liturgias em algumas igrejas em nossos dias: a) regressão espiritual. Uma espécie de “segunda conversão”, algo que a
Bíblia condena veementemente (Nm 23.23; Jo 8.32; Gl 3.13; 2Co 5.17); b) dança no espírito. Davi dançou patrioticamente, mas,
nunca no Templo, pois o templo é o local de adoração e reverência (2Sm 6.14-16; 1Cr 15.29); no NT não há menção a este
comportamento entre os elementos do culto e a manifestação do Espírito; c) entrevista espiritual. Caracterizada por ênfase
desordenada na atuação de satanás no mundo e na igreja, com conversações e entrevistas com demônios; d) maldição
hereditária. Consiste em pactos ascendentes da família feitos com demônios que trazem maldição. A Bíblia é clara ao mostrar
que tal doutrina é herética (Jr 31.29,30; Ez 18.2-4,20; Rm 8.1); e) riso no espírito. Propagado no Brasil, principalmente pelos
grupos neopentecostais, onde as pessoas caem rindo no chão, histéricas e dando gargalhadas sem nenhum controle de suas ações;
e, g) outras inovações. Introdução de elementos judaicos (judaização) no culto cristão etc.

3.3 Desafios quanto ao culto e a liturgia na atualidade. Diante do crescimento de outros movimentos denominados pentecostais
e neopentecostais, bem como a comunicação global pela internet, a igreja tem vivenciado uma influência de modismos,
substituindo, em alguns lugares, os elementos bíblicos que marcam o seu culto e liturgia como: Perda do costume da oração
coletiva (Jz 21.2; Jz 2.4; 2 Cr 5.13; At 2.14; 4.24); diminuição de tempo para exposição da Palavra (Cl 3.16); perda da adoração
cristocêntrica; perda da adoração ultracircunstancial; ênfase em mensagens de auto-ajuda; hinos, sem adoração, centrada apenas
no homem e suas experiências (antropocentrismo); utilização de símbolos judaizantes (estrela de Davi, menorá, talit, kipá,
shophar); aplausos substituindo a glorificação espontânea (Rm 15.9; Ap 4.9); e, danças e teatro nos cultos que retiram a
centralidade da palavra, transferindo-a à estética.
IV – OS ELEMENTOS DO GENUÍNO CULTO PENTECOSTAL
Os principais elementos do culto pentecostal são:
4.1 Oração. Oração é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o objetivo de adorá-Lo e lhe pedir perdão pelas faltas
cometidas, agradecer-Lhe pelos favores recebidos, buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais íntima com Ele (1Cr
16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17).
4.2 Hinos. Um dos principais elementos do culto é o louvor a Deus. Louvar a Deus significa servi-lo em espírito e em verdade.
A música esteve presente no culto de Israel e da Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; Jó 38.7; Ef. 5.19; 1Tm 3.16; At 16.25).
4.3 Leitura bíblica. A leitura da Bíblia é indispensável em um culto cristão e deve ser um momento de profunda reverência, onde
os verdadeiros adoradores deverão acompanhar a leitura do texto. Encontramos diversos exemplos da leitura das Sagradas
Escrituras, tanto no Antigo como no Novo testamento (Nm 24.7; Dt 31.26; Js 8.34,35; 2Cr 34.14-21; Ne 8.8; 9.3; Lc 4.14-21; At
17.11).
4.4 Contribuições. As ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador (Êx 35.29; 36.3; Lv 7.16; 22.18), bem como os
dízimos (Ml 3.10). Devemos dar a Deus parte daquilo que dEle recebemos (Êx 23.15; 2Co 9.7). A contribuição no culto é bíblica
e deve ser oferecida tanto pelos ricos como pelos pobres (Mc 12.41-44).
4.5 Pregação. A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a
fé é gerada (Rm 10.14-17; Gl 3.2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade
(Ez 18.23; At 17.30; 1Tm 2.4). A mensagem deve ter a primazia no culto cristão e relegar isso é um grande perigo a Igreja.
4.6 Dons espirituais. Não se pode pensar em Culto Pentecostal sem a manifestação dos dons espiritais, pois ele é caracterizado
não apenas pela verdadeira adoração ao Criador, mas também pelas manifestações espirituais e sobrenaturais do Espírito Santo
entre os adoradores por meio dos dons espirituais (1Co 14.26). Além da adoração “Salmos”, e do ensino “doutrina”, no culto
pentecostal a manifestação dos dons é comum. Paulo faz menção a diversos dons, tais como: revelação, língua, interpretação,
profecia e outros (1Co 14.26-40).
CONCLUSÃO
O culto verdadeiramente pentecostal é baseado no que Deus determinou por meio de sua Palavra. De modo que, os cultos
que não possuem tais princípios, não fazem parte do verdadeiro pentecostalismo.

REFERENCIAS
• COUTO, Vinicius. Culto Cristão: Origens, desenvolvimento e desafios contemporâneos. 1 ed. SP: Editora Reflexão, 2016.
• GONÇALVES, José. O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. 1 ed. RJ: CPAD, 2024.
• HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. 1 ed. RJ: OBJETIVA, 2001.
• KESSLER, Nemuel. O culto e suas formas. 1 ed. RJ: CPAD, 2016.
• LUIZ, Gesse. Caminhos e Descaminhos na História da Liturgia Cristã. 1 ed. Curitiba: AD Santos, 2016.
• MARTIN, Ralph P. Adoração na Igreja Primitiva. 2 ed. SP: Vida Nova, 2012.
• SOARES, Ezequias [Org.]. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1 ed. RJ: CPAD, 2017.

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