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L. Port. de Prova P1 - 2023
L. Port. de Prova P1 - 2023
Um dia estavamos eu e os meus irmãos guardando a manada do meu pai. Era a estação de chuvas.
Junto ao lugar onde estavamos passava um trilho e os bois andavam por ai uns dum lado outros do
outro cobrindo uma área bastante extensa.
A dada altura ouvimos vozes que vinham de longe e nos pareciam vir do lado das lavras da nossa
aldeia. Vozes humanas. A medida que se aproximavam tornavam-se mais audiveis. Em breve se
juntaram as proprias figuras donde emanavam. Caminhavam vagarosamente pelo trilho.
Nos escondemo-nos atras de arbustos para podermos ver os transeuntes sem eles nos verem a nos.
Apenas viam os bois espalhados pela meta onde passavam.
As vozes tornaram-se cada vez mais altas. Eram alguns homens. Cedo reparamos que para uns o trilho
era estreito demais. Tinham um andar estranhamente oscilante. Uma dança irregular. Uma marcha
titubeante.
Fomos olhando para cada homem que ia passando. A nossa atenção concentrou-se, sobretudo, num
que estava bem emborrachado.
Sim era bem ele! O meu pai! Estava bebado como nunca o tinha visto. Foi por isso que esta imagem se
fixou na minha memoria. Umas vezes tinha o visto alterado com a voz pastosa um pouco eufórico mas
nunca como daquela vez.
Numa determinada altura o meu pai deixou totalmente de beber qualquer tipo de bebida alcoolica.
Um dia o meu pai e eu entramos numa cantina para comermos e bebermos qualquer coisa. Quem
estava a nos atender era o namorado da minha irmã. Foi imediatamente buscar cerveja bem fresca para
nos. Retirou-se para ir buscar outra coisa. Quando voltou o meu pai muito bruscamente devolveu a
cerveja e pediu gasosa para os dois.
Eu ja era grande naquela altura. O meu pai sorriu para mim; aproveitou logo para fazer uma pregação
sobre os males do alcool. Dizia sempre: “O alcool faz muito mal as pessoas, mas tambem tem muitos
defensores”.