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Olá Ana, peço que me chame de Clio (uma das musas filhas de Zeus, a musa da história),

assim fica fácil para me identificar, tenho 27 anos, sou da Zona Norte do RJ, já mandei outros
dois relatos e pretendo mandar muito mais, o que não falta na minha família e a mim são
relatos, não haverá nomes, caso haja já está trocado, segue o relato abaixo.

"Histórias da minha família"


(Tudo começou com ele)

Na minha família tem muitas histórias estranhas pra não dizer macabras, tudo começou com
meu avô por parte de mãe, meus tios e minha mãe contam que ele era matador onde eles
moravam, lá no Ceará, que mudavam muito de bairro ou cidade por conta disso, mas que ele
nunca tinha sido pego, os vizinhos falavam que ele virava lobisomem e o diabo ajudava ele a
ser "invisível". Até que um dia minha mãe e tios contam que ele foi preso, mas que na noite do
mesmo dia, um homem negro grande e gordo entrou na delegacia, abriu a cela e liberou ele,
nisso ele resolveu que ia vir pro RJ e forçou a família a vir junto. Ele era muito ruim com a
minha avó e meus tios e mãe, eles chegaram aqui no RJ e foram morar em uma comunidade
que ainda estava sendo construída, minha família vive lá até hoje, ele era tão ruim, que até os
bandidos respeitavam ele na comunidade, meu avô morreu aos 70 e poucos anos, por um
câncer na próstata, no dia anterior da morte dele minha mãe pediu que eu fosse junto da minha
prima limpar a casa da meu avô, com os netos meu avô nunca foi ruim, era bruto mas nunca
tratou ninguém mal, então eu não tinha problemas com ele e fui, limpamos a casa, tinham
roupas pra dobrar, dobrei e na hora de guardar na gaveta ela não fechava, fiz força e o fundo
caiu, era um fundo falso e eu adolescente que amava rock, amava terror e o oculto fiquei
extasiada quando vi que nesse fundo tinham três livros enrolados em veludo, um preto, um
branco e um prata que parecia que a capa era de ferro mesmo, os títulos estavam muito
gastos, tentamos tirar fotos mas a câmera fechava, o celular desligava então desistimos,
colocamos no lugar e na hora de fechar a casa, quando estávamos na sala do NADA as portas
e janelas de fecharam numa porrada só e a cadeira de balanço do velho estava balançando
violentamente, eu nem sei como eu e a minha prima saímos de lá.
Contei a minha mãe sobre os livros, o fundo falso, menos sobre o sobrenatural, no dia seguinte
meu avô morreu, minha mãe foi buscar roupas pro velório ela achou o fundo falso da gaveta,
mas lá onde tinha os livros (que eu tinha falado) ela achou o pano veludo e muito dinheiro que
inclusive foi pra pagar todos os custos do velório e enterro. Ela me questionou sobre os livros,
mas eu falei que não tinha pego, nem voltei lá depois de tudo, o velório do velho foi chocante
de tão cheio, as pessoas iam lá pra ter certeza que ele estava morto, literalmente entravam,
olhavam e saiam, e meu avô mesmo morto parecia vivo no caixão, depois do enterro começou
o nosso problema (da nossa família), a casa da minha mãe era em baixo da casa do meu avô,
e meu quarto ficava em baixo da sala dele, toda noite depois do enterro eu escutava uma bola
de gude que rolava e quicava e depois rolava, parava e começa tudo de novo, ouvia alguém
varrendo, movendo móveis etc, chegou a um ponto que falei com a minha mãe e ela mesma
ouviu, resolvemos defumar a casa com incenso de igreja mesmo, o único barulho que
continuou foi o da bola de gude, resolveram alugar a casa, ninguém ficava lá muito tempo, um
belo dia uma família ficou e a gente sentiu o cheiro de incenso um certo dia, e no dia seguinte
disso meu irmão acordou e contou que sonhou com o velho onde ele (meu irmão) abria o
portão da casa do meu avô, e ele vinha correndo muito bravo e falava "tô indo embora, tão me
expulsando daqui" e continuou xingando e sumiu. Aí você pensa "aí parou né?" Nada! A casa
do meu avô era no alto e tinha uma varanda que dava pro beco onde as pessoas passavam na
comunidade e por meses chegavam falando pros meus tios e minha mãe que viam meu avô
nessa varanda fumando, eu não moro mais lá então não sei se continua aparecendo, mas eu
acho que não é meu avô e sim o que ele invocava na forma dele.

"Meu padrinho virava lobisomem?"

O boato que corria na época era que tinha um bicho no meio da plantação de cana de açúcar,
onde minha família ficou quando veio pro RJ, era um morro com bananeiras e muita cana de
açúcar e algumas casinhas, como eram poucas pessoas os mais velhos cuidavam da
segurança, e meu avô pra variar era um deles e tinha o melhor amigo dele, que era um velho
mandingueiro. Minha tia mais velha tinha acabado de ter seu primeiro filho, seu marido vivia
bebendo, era um alcoolatra nato, esse meu tio já tinha se casado antes, e essa ex mulher não
aceitava o término, minha mãe conta que um dia ela (ex mulher) viu meu tio no bar bebendo e
deu uma garrafada pra ele, ela disse que era pra ele melhorar da tosse que ele tava, pra ele
beber todo dia antes de dormir, bebo ele pegou e levou pra casinha que era de madeira no alto
do morro, minha tia não perguntou até porque ela tava ocupada cuidando de um recém
nascido, todas as noites meu tio bebia da garrafada e saia de casa e quando dava um tempo,
minha tia ouvia uma bicho rondar a casinha de madeira, arranhando, rosnando e o bicho era
grande, isso virou uma rotina, então ela chamou o velho mandingueiro do morro pra benzer o
neném por via das dúvidas, assim o velho fez, mas quando terminou o próprio ouviu o bicho, e
com seu facão na mão entrou na mata pra pegar o bicho, ele foi e voltou pálido e mandou
chamar meu avô e disse "Zé não é bicho que tem lá não, é o fulano (meu padrinho) andando
de costas igual aranha, rosnando e atacando, homem!" Essa conversa quem conta é minha tia
que presenciou o assunto na porta de sua casa. Minha mãe só tinha 16 anos e tinha comprado
uma casinha que era do meu avô e nessa casa tinha um quintal bem grande, meu vô foi lá e
pediu pra usar o quintal dela de madrugada, ela deixou, quando foi de madrugada ele bateu lá
e entrou meu vô, o velho mandingueiro e mais três homens tudo armado, minha mãe sempre
foi ótima com desenhos, então meu avô deu um papel pra ela e uma pemba e disse "desenha
isso no chão pra mim, mas tem que pegar no quintal todo" minha mãe disse que era um
desenho de um círculo com vários símbolos, ela não discutiu e desenhou, ninguém
desobedecia meu avô, ela disse que quando acabou ele mandou ela entrar e trancar as portas
e janelas. Mas, minha mãe era curiosa e ouviu um rosnado então abriu um pouco da janela de
madeira que dava pro quintal pra espiar e ela disse que o que viu deixou ela toda arrepiada
querendo gritar, ela viu meu dindo andando igual uma aranha, sabe de barriga pra cima,
usando os pés e as mãos pra andar no chão, com a cabeça virada pra aqueles homens, o
velho mandingueiro falou que tinha que colocar meu tio dentro do círculo do meio (eram três)
mas meu tio mesmo MUITO magro, tinha muita força, minha mãe disse que ouviu meu vô falar
sozinho e depois foi na direção do meu dindo agarrou ele pela cabeça, encostou testa com
testa e começou a puxar, nisso que meu vô conseguiu colocar ele nesse círculo do meio, o
velho mandingueiro quebrou a garrafada no portão e nisso meu tio caiu no chão desmaiado,
acordou dias depois e não lembrava de nada, os mais velhos contaram pra ele o que
aconteceu mais ele não acredita e nem lembra, desde esse dia ele nunca mais bebeu,
testaram ele várias vezes e até hoje ele não bebe uma gota de álcool sequer! Depois o velho
foi na casa da minha mãe e fez uma limpeza, mas ela diz que nunca esqueceu esse dia, foi
chocante pra ela.

"A cobrança do que não se deve mexer!"

Você lembra que no primeiro relato os livros do meu avô sumiram né? Pois bem, vou contar a
desgraça que ocorreu com quem pegou ele. Depois que meu avô morreu ficou o burburinho
sobre esses livros, todo mundo queria eles, eram de são Cipriano, todos os filhos homens
tinham gana neles, mas ninguém achava, um dia minha mãe encontrou o vizinho de quintal da
casa do meu avô e ele contou a ele que viu um tio meu entrando na casa, no dia que meu avô
morreu, só que de noite, ele não falou nada por que não sabia da morte ainda e como ali era a
casa do pai do cara, não era estranho a visita, mas depois que ele soube que ele tinha morrido
naquele dia estranhou e resolveu contar pra alguém, esse meu tio foi o segundo dos 7 que
nasceram, na época ele era casado com uma mulher cruel e horrível, que inclusive matou meu
gato envenenado por ter mordido ela, enfim, ficou essa fofoca que os livros estavam com ele,
mas ele nunca falava nada, uns meses depois do falecimento do meu avô, eu estava descendo
a escadaria do morro com meu primo e a minha maez nós íamos andar de skate e minha mãe
trabalhar, ela trabalhava no turno da noite no upa, minha mãe com pressa foi na frente e a
gente conversando e brincando atrás, quando minha volta pálida e suja de sangue e fala "vai
pra sua madrinha e fala que seu tio fulano degolou a bandida" nessa época a minha madrinha
era a tia mais velha então meio que depois que meus avós faleceram ela recebeu a liderança
de resolver as coisas da família, "e como assim bandida?" Sim, a bandida era militar que
resolveu entrar pro tráfico, era a cabeça de tudo ali porque ela tinha treinamento militar, e
estava vigiando na subida do morro quando tudo ocorreu.
Como ocorreu: quem estava lá no dia contou tudo depois pra minha mãe, essa bandida e meu
tio eram amigos, ele desceu passou por ela, abraçou e disse que ia pegar uma cerveja pra eles
beberem ali, do lado tinha um barzinho, que tava cheio de gente, ele foi e voltou com dois
copos, entregou o da bandida e quando ela foi beber, naturalmente levantamos a cabeça né, e
nisso ele deu um corte MUITO profundo na garganta dela, e aí começou o pandemônio, ele no
chão morrendo de rir e o povo tentando estancar o sangue, spoiler ela sobreviveu. Os bandidos
pegaram meu tio e levaram pra um beco, onde eles executavam as pessoas, isso os bandidos
contaram depois, bom a notícia chegou na família e nisso um dos meus tios mais velhos
resolveu que ia atrás desse tio pra tentar salvar ele ou pelo menos pegar o corpo, chegando lá,
esse meu tio disse que o outro (tio) estava gargalhando alto, com os olhos vermelhos falando
na terceira pessoa "mata, mata ele, eu quero vê ele morrer, mata esse porco burro" e isso tava
irritando os bandidos mais ainda, por que eles batiam no meu tio e ele só gargalhava, nisso
meu tio chegou e começou a conversar com os bandidos e eles falaram que só não tinha
matado ele ainda por que queriam saber se a bandida tava viva, do nada pareceu um cara
gordo negro vestido se terno e mandou liberar eles, os bandidos obedeceram e saíram do
beco, ele virou pro meu tio (o que foi buscar o outro) e disse com uma voz gutuau parecia que
eram várias vozes juntas "pega ele e sai correndo daqui, leva ele no pai de santo", meu tio
pegou o outro e entraram no carro, todo mundo entendeu o recado porque meu tio mais velho
era pai de santo, resumo, meu tio passou dias dentro do barracão desacordado, só quem via
ele era meu tio que era pai de santo, a bandida ficou viva, e nem os bandidos e nem meu tio
sabem que é aquele homem.

Relato bônus
"Os livros não pararam"

Depois de tudo isso, os livros foram esquecidos até que meu primo filho desse meu tio do
relato acima contou pra mim e pra minha mãe que é madrinha dele, que os gatos, cachorros,
qualquer animal que entrava na casa deles morava ele, a mãe dele e a irmã, morriam ou
sumiam, mas era comum sumir, como a mãe dele era ruim deduzimos que ela tava matando os
coitados e aconselhamos ele a não mais pegar pets. A mãe jogava muita praga nos outros e
ela era cismada comigo e com a minha mãe, uma vez minha mãe lavando roupas na mão no
tanque, ela saiu entrando na casa e já me espraguejando e minha mãe disse que quando olhou
pra ela se assustou, pq ela estava com o rosto cheios de marcas arroxeadas que faziam o
formato de uma caveira, na hora minha perguntou por que o rosto dela estava assim, ela não
respondeu e saiu me xingando, nesse dia eu e meu irmão estávamos num churrasco na casa
do padrinho do meu irmão, que era na laje, e essa laje não tinha muitos muros, eu desci e
deixei meu irmão com o resto do pessoal lá, eu não era muito sociável na adolescência, eu
estava na sala e minha mãe chegou, deu alguns minutos e eu escutei o pior barulho da minha
vida, meu irmão caçula tinha caído da laje, foi um barulho horrendo, e detalhe ele caiu em pé e
depois desmaiou e onde ele bateu a cabeça era uma pedra só que graças aos deuses tinha
uma mangueira enrolada ali em cima daquela pedra, se não fosse isso meu irmão não estaria
aqui hoje. Foi uma correria, meu irmão foi internado, e lá descobrimos que a coxa dele estava
arranhada, pois tinha um vergalhão exposto na parede que se tivesse entrado ia pega em uma
artéria e meu irmão morreria em minutos e sabe a única pessoa que não foi saber do meu
irmão, adivinha? A própria, quando meu irmão acordou, ele disse que deixou as crianças
menores passarem na frente, uma adeno aqui, meu irmão só tinha 8 anos mais ele era muito
alto e grande pra idade, ele deixou os menos passarem, mas quando ele foi descer a escada,
ele disse que sentiu alguém segurando e depois empurrando ele por isso ele caiu, ele ficou
sem andar por meses, mas graças aos deuses ele melhorou e hoje em dia está ótimo. E a
maledite? Foi na minha mãe me pedir ajuda (eu sou candomblecista, herdei do meu tio mais
velho após o falecimento dele a coroa) dizendo que estava ouvindo coisas, ela estava
construindo cômodos que não fazia sentido na casa dela, achando cérebros, e pedaços de
bichos dentro dos armários trancados (sim, trancados por que ela regulava o que os filhos
podiam comer e só comiam quando ela deixava, se deixasse), falando que ouvia vozes etc e
eu? Bom, eu vou ser bem sincera, me julguem se quiser não me importo, eu não ajudei e proibi
minha mãe de ajudar, ela merece passar o perrengue que está passando, inclusive um dos
filhos dela achou um dos livros enterrados na casa em uma das obras. Eu não consigo sentir
pena de pessoas ruins assim, deixe que sofram o que elas fizeram sofrer, não sou
misericordiosa e nem me cabe a isso. Enfim, é isso, obrigada por ler meu relato, você já tinha
lido dois meus anteriores, adoro seu canal e não perco um vídeo se quer. Bjs

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