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Prólogo
Este livro foi idealizado por mim, Soraya Heloisa, nascida em Londrina,
estado do Paraná, dia 26 de janeiro de 1968. Foi por um mongolismo
geográfico da cegonha que nasci aqui nesta cidade do norte no Paraná, mas
poderia até ter nascido no castelo de Buckingham, no Reino Unido, e ter sido
uma princesa, o que seria o ideal. No entanto, minha cegonha pegou um vento
de través e outro a barlavento, o que me deixou em uma situação
complicadíssima, pois foi tudo ao contrário do que seria uma história de
príncipes e princesas. Afinal sou uma sobrevivente, então vamos entrar nesta
mágica saga que seria entrar no âmago deste livro, pois, caros leitores, esta
história é marcante e única porque Deus não me poupou de nada, nem de
tragédias e nem de vitórias. Sendo assim, convido os caros leitores para viajar
nesta aventura chamada vida.
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presentes. Minha tia Dirce me levava para ver as abelhas no muro do grande
Colégio Marista, o que para mim era uma grande aventura. Havia muitas
abelhas e eu tinha medo delas, mas ao mesmo tempo aquilo me fascinava,
porque eu via que elas trabalhavam muito e produziam muito mel. Uma outra
diversão que eu adorava era ir brincar na praça da Avenida Tiradentes onde
havia um labirinto... Nossa! Entrar naquele labirinto era incrível, pois mesmo
sentindo um medo terrível, aquilo me encantava. Tanto minha mãe, Aurora,
quanto minhas tias sempre me levavam lá. E quando meu padrasto Gervásio,
que considero como pai, ia junto com minha mãe, além de me levarem sempre
a essa praça, nós tirávamos fotos no jardim de rosas vermelhas e assim seguia
minha vida.
Na esquina da minha casa havia uma padaria que existe até hoje cujo
nome é Pão Francano e lá eu tinha amigos. Um belo dia eu sumi porque havia
dormido atrás do sofá da família que era proprietária da Pão Francano e
morava na sobreloja, e nesse mesmo período, eu já tinha uma conta na
Padoca para comprar chocolates. Que delícia de infância!
Nessa mesma casa morávamos todos juntos e naquela época meu pai
Gervasio também tinha um fusca vinho. Ele era magro e costumava usar
brilhantina no cabelo, pois queria ficar parecido com o ator James Dean. La vita
stava seguendo, e logo meu pai comprou uma casa na Rua Ponta Grossa, era
uma casa verde grande, de madeira, que ficava numa esquina. Quando
mudamos para a nova casa, minha primeira descoberta foi que nela havia um
quarto onde o ex-proprietário guardava mantimentos como arroz, feijão, café e
tinha pegadores de alumínio enormes. Eu achei tudo aquilo a 7ª maravilha do
mundo. Afinal era filha única e tinha todos os meus tios para mim, meus avós,
meu bisavô e me lembro bem daquela época em que vivia feliz na nossa casa,
onde morávamos todos juntos, e lá ainda tínhamos um quintal com horta, um
pé de nêsperas, e de ameixa japonesa. Mas também havia uma fossa
perigosíssima que tinha um formigueiro enorme, e um dia as formigas subiram
em mim e me picaram toda. Foi tão horrível que até hoje me arrepio só de me
lembrar. Também nós tínhamos uma cachorra que se chamava Laica, ela era
preta e dócil e sempre dava cria, mas minha avó Ana odiava que ela desse
cria, pois dava muito trabalho e ficava aquela cachorrada espalhada. Até que
chegou um dia em que vi seu sangue alemão aflorar e ela começou a pegar os
cachorrinhos e depois batia a enxada na cabeça deles e os jogava na fossa...
Quando vi aquilo eu enlouqueci e comecei a gritar e chamá-la de bruxa. Mas
depois que ela terminou o serviço, me pegou de jeito e perguntou: “Quem é
bruxa?”. Eu dizia: “Você mesma”. E aí o chinelo comia solto. Foi assim que
descobri o que era matar o mal pela raiz...
Entretanto, meu quintal era mio paradiso e continuou a sê-lo, pois nele
meu avô José tinha uma pequena horta onde ele plantava algumas hortaliças e
também cenouras, e eu e minha tia Marcia sempre íamos à horta e pegávamos
as cenouras, comíamos e colocávamos as folhas das cenouras no mesmo
lugar para ninguém descobrir que as tínhamos comido. Ela também me
ensinava a cantar uma cantiga que eu amava e que era assim: “a borboleta
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está na cozinha fazendo chocolate para a madrinha, café com leite quero tomar
com aquela senhorinha que vou casar...” Uau! Eram tempos lindos aqueles...
Sempre senti grande apreço por meu avô, que já era um senhor. Ele era
filho de índios, de pele bem morena, tinha dentes fortes e separados na frente,
seu físico também era forte, e todos os dias eu sentava num banco na frente de
casa para tirar espinhas inexistentes do rosto dele. Nós nos dávamos bem, e
sempre ele me levava no bosque, no centro de Londrina, para brincar no
parquinho e eu amava brincar nesse lugar, mas havia um ritual para ser
seguido. Quando chegávamos no parque ele tirava minhas botas ortopédicas e
antes de irmos embora ele lavava meus pés na pia do banheiro, onde eu ficava
maravilhada com os desenhos pintados na parede. Depois de arrumada,
voltávamos a pé para nossa casa, que ficava longe do centro, na rua Ponta
Grossa. Meu avô costumava levar um cajado, que era um cabo de vassoura
com um prego na ponta para pegar as folhas do jardim e, assim, seguíamos
para casa e quando chegávamos às vezes ele fazia uma pipoquinha para mim,
pois ele tinha um carrinho de pipocas.
Eu tinha um amigo chamado Diógenes Rosa e nós brincávamos com
pedrinhas, carrinhos e fazíamos estradinhas longas para nossos carrinhos
passarem, e todos os dias nós víamos sua mãe, dona Doroteia, quando
estávamos envolvidos nas nossas brincadeiras, pois ela vinha sempre chamá-
lo para ir pra casa.
Na frente de minha casa tinha uma família de japoneses que era
composta pelo Toshiro; esse era meu algoz, porque ele tinha uma arma de
elástico e atirava feijão em mim, e quando Edson, irmão da minha amiga Rosi,
o ajudava, eu chamava minha tia Dirce para me defender, afinal ela já era
muito briguenta. Tinha também as irmãs Ayume, e Yume, e Renato, um lindo
japonês por quem eu tinha um sentimentino strano, mas ele só queria que eu
fosse sua filhinha, pois tinha muitos anos a mais que eu, já era adulto e lindo e
me levava para tomar banho relaxante no ofurô que a família deles tinha no
fundo da casa. Essas lembranças são indimenticabile. Afinal, era divertido nos
vermos todos usando cada um sua toalha num quarto muito quente, com uma
tina de água onde todos ficávamos juntos. Tudo era muito legal. Essa família
também era proprietária de uma peixaria que ficava no Mercadão Shangrilá.
Na mesma rua em que morávamos, morava também a família de minha
amiga Tania Vaz, uma alemãzinha loira que um dia foi atropelada e nós
estávamos juntas naquele momento, porém não fui atingida pelo carro, mas eu
fiquei muito assustada. A família da Rosi e do Edson também morava na
mesma rua e nós brincávamos todo santo dia. Era uma delícia! Rosi tinha as
panelinhas mais lindas do mundo e a casa dela era impecável, pois sua mãe,
dona Neide, era caprichosíssima na limpeza, por isso o chão da casa dela
estava sempre brilhante. Seu Ataide, esposo dela, sempre chegava no fim da
tarde e tínhamos que parar de brincar. Um dia Edson teve que fazer cirurgia da
fimose e, quando ele falava que tinha feito, eu ficava no pé dele para ele me
mostrar. Até que um dia ele mostrou e eu sosseguei, bellooo, já era muito
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curiosa naquela época e achava mágico aquilo, então pedia para ver o pirulito
dele. Naquele tempo eu só tinha 6 anos, imagina o que eu faria com 50... Não
era nada demais, eu era apenas uma menina curiosa.
Meus tios Salvador e Nilda tinham 3 filhos: Leila, Silene e o Victor, e era
uma festa quando eu ia à casa deles principalmente à noite. .Era uma delícia
poder brincar na pracinha que ficava em frente da casa deles, e éramos
sempre eu e Leila que dominávamos nas brincadeiras, por sermos as maiores.
Na praça havia lindas flores de cor laranja, então corríamos e pulávamos o
muro para poder brincar. Nas vezes em que eu dormia na casa da tia era bom
demais, porque nós tomávamos banho no tanque e minha tia Nilda nos fazia
um fantástico strogonoff que somente ela sabia fazer. Às vezes, aos domingos
eles faziam churrasco também que era comandado pelo tio Salvador e tia
Nilda, ao qual sempre compareciam meus avós e meus tios também, entre eles
meus avós Tereza e Victor, tio Fernando e, às vezes, o tio Laerte e tio Paulo
também.
.Com 6 anos eu iria iniciar uma nova saga na minha vida, que seria
começar os estudos. Fui então matriculada na Escola Santa Maria, num colégio
de freiras, onde iniciei as aulas na pré-escola com a tia Francisca, que era
professora. Eu e minha prima Leila brincávamos de massinha e também de
professora e tomávamos conta da sala de aula para nossa tia. Essa escola
tinha a festa junina mais linda que se possa imaginar, da qual eu participava
vestida de anjo com asas cor-de-rosa e jogava pétalas de rosas na estátua
Nossa Senhora. Nessa mesma época meus pais costumavam me levar na
zona rural, no Distrito de Maravilha, onde os primos de minha mãe tinham um
sítio. Lá era um lugar muito gostoso porque eu podia correr pelo milharal,
tomava leite de vaca tirado na hora, via cobra que eu achava horrível, e, além
disso, a comida feita no fogão à lenha era deliciosa, pois sempre tinha arroz,
feijão, frango caipira e verduras. Tudo era saboroso! A Mariazinha é quem era
a responsável por essas delícias que fazia. Pedro, esposo dela, trabalhava na
lavoura e com animais também, pois ele era o capataz. Quando chegava o final
da tarde, tomávamos banho de bacia... Tempos bons foram aqueles!
Nessa mesma ocasião, perto da minha casa havia uma fábrica de balas
que se chamava Ouro Verde, e eu amava ir até a fábrica com moedas
emprestadas da meia cheia de moedas de 1 cruzeiro e 50 centavos de meu
pai. Encontrar essa meia tinha sido minha grande descoberta e a cada dia a
meia ia se esvaziando, mas ninguém sabia quem é que estava por trás disso.
Pois bem, depois que descobri a meia com dinheiro, percebi que agora podia
comprar minhas balas diárias, meus ioiôs coloridos no Bar do Sardinha, um bar
maravilhoso, bem fuleiro, mas cheio de coisas penduradas coloridas onde
havia de tudo, inclusive tinha tubaína que eu achava uma delícia, e por isso era
um lugar onde eu amava ir. Mas também passava no Bar Fuad, porque esses
bares ficavam na rua Rebouças e lá eu podia comprar doces, leite, sorvetes,
era demais! Para escolher as minhas balas preferidas eu e minhas amigas
sempre passávamos por lá. Eu ia com um belo modelito: camisetinha,
shortinho, calcinha e descalça, ou com chinelinho de florzinhas, e pedia balas
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de abacaxi e coco que eram as que eu mais gostava, por serem as melhores.
Eu era freguesa também de um sorveteiro, que sempre tinha sorvete para
todas as minhas amiguinhas – eu comprava para elas porque sempre fui
generosa.
Um dia estava brincando no jardim e meu tio Tony tinha um viveiro de
passarinhos, em sua maioria eram canários. Fiquei olhando bem para eles e
não tive dúvida, acabei soltando todos, mas não entendi muito bem a surra que
tomei e tampouco a tamanha raiva de meu tio, mas fiquei bem feliz vendo-os
voar e conquistar sua liberdade. E tínhamos uma tartaruga também enorme
que comia muito tomate, e assim era meu mundo naquela época, um mundo
mágico que o palco da infância nos oferece. Tenho em minha lembrança o dia
em que tive sarampo e fiquei muitíssimo mal e, no colo de minha tia Marlene,
eu tomava chá de sabugueiro, que foi recomendado porque este chá era muito
bom para que eu melhorasse rápido. Lembro-me que realmente eu estava mal
demais e com febre muito alta, mas felizmente consegui sair daquela situação
com louvor.
Sempre fui agitada e, querendo uma brincadeira, eu adorava ajudar
minha tia Cidinha fazer quindins e gelatina para todos nós, mas em especial
para mim, certamente, então minhas tias me mimavam com lindas roupas
bordadas e anel de pérola e brinquinhos de pérolas que eram um mimo, afinal
eu era uma negrinha linda e bem cuidada, mi è venuta una voglia strana... Eu
queria muito uma irmã e meus pais providenciaram essa menina a quem eu dei
o nome de Andrea. Essa menina nasceu branca de olhos azuis e aí as coisas
mudaram, pois toda a atenção era para ela e eu acho que regredi muito nessa
fase. Mas a vida ia passando e depois de uma briga de meu pai com minha tia
Marcia fomos morar em uma casa no Jardim do Sol, e me lembro de minha
mãe, nervosa, cuidando de minha irmã, eu e meu pai, e das pessoas que iam
nos visitar. Um dia um ladrão entrou em casa e eu dormia num quarto sozinha,
quando ouvi um barulho, era um tiro, e meu pai espantou o algoz ladrão que
havia roubado o dinheiro dele. E assim, la vitta stava seguendo.
Naquele tempo eu tinha poucos amigos e minha diversão era colocar as
roupas de minha mãe e usar seus sapatos de salto alto e, também, quando
minha prima Leila sempre nos visitava, nós nos maquiávamos, enquanto minha
irmã, que era bem pequena, brincava com a Silene. A casa era de madeira,
mas sempre limpa, pois minha mãe deixava tudo sempre em ordem e eu
continuava estudando na Escola Santa Maria. Nessa escola eu tinha uma
amiga, a irmâ Dalva, que usava um hábito branco e sempre estava sorridente,
eu a amava, pois aonde ela ia eu também ia, sempre juntas de mãos dadas.
Nos fundos do colégio havia um pé de amora enorme e era embaixo dele que
fazíamos nossos lanches. Aquilo era mágico, porque eu ia lá embaixo da
árvore para tomar meu lanche junto com minhas amigas, e quando o sino
tocava, então retornávamos às salas de aula todo dia la faccenda era cosi. Eis
que certa vez aconteceu um dia negro, muito negro, pois minha garrafa térmica
caiu da carteira e quebrou. Foi tão grande o meu susto que chorei muito, pois
sabia que minha mãe iria ficar muito brava e acabei chorando a tarde inteira
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por isso. Pois bem, eis que finalmente chegou o fim de aula e nada demais
aconteceu, levei apenas uns puxões de orelha e ouvi muita falação.
Depois de ter passado um certo tempo desde que aquele algoz ladrão
tinha entrado na nossa casa, todos ficaram aterrorizados com o risco que
corremos durante a invasão daquele individuo em casa. Para não passarmos
mais por riscos assim, meu pai resolveu que tínhamos que mudar de endereço,
e assim nós mudamos para uma casa na rua Dona Carlota, 129, no bairro
Aeroporto, na cidade de Londrina, PR. Quando chegamos naquela rua, vimos
que ela não tinha asfalto, havia muitos pés de café ao redor, e tudo em volta
era feio. Havia casas com cerca de balaústres e casas muito simples, a nossa
casa era uma edícula de 1 quarto, sala, cozinha, banheiro, e foi nesse lugar
que tudo começou. Éramos 2 meninas, com nosso pai e nossa mãe, e nossa
casa era pequena demais, mas até que era bonitinha. Na frente de casa havia
um gramado grande onde eu brincava com meus brinquedos, e tinha uma
senhora que sempre passava pela calçada e brincava comigo, ela tinha
cabelos brancos, era brincalhona e usava sempre vestido e chinelo havaiano.
Do lado de casa havia uma mulher cujo nome era Carlinda, que tinha filhas
gêmeas chamadas Fabricia e Patricia e nós brincávamos sempre juntas. Ela
tinha uma casa pequena e um marido que se chamava Antonio. Ele bebia e à
noite cantava perto do nosso muro e olhava a lua. Logo depois veio mais uma
menina que se chamava Fabiane, e passado certo tempo ela teve mais uma
gravidez, e dessa vez ela ganhou trigêmeos: o Fernando, Fabio e Fabiane.
Depois que o marido dela veio a falecer quando caiu de um andaime, meus
pais a ajudavam muito, mesmo porque ela não tinha condições de cuidar dos
filhos sozinha, afinal eles ainda eram pequenos, e ela não tinha profissão.
Assim sendo, meu pai deu uma máquina de costura para ela, que soube usá-la
muito bem e acabou tornando-se uma ótima costureira.
Em nossa casa o tempo passava entre escolas, brincadeiras na rua com
amigos e com meu pai, e sempre nós brincávamos de Bola queimada.
Também andávamos muito de bicicleta, até que um dia, ao descer a rua de
casa, um cachorro enorme mordeu meu braço, e a partir desse acidente perdi
um pouco o encanto da bike. Mas sempre havia outras brincadeiras, como
Passa anel, Balança caixão, e em especial o jogo de Bets, do qual meu pai
participava. Jogávamos Bets com bolinha de tênis, o que era o máximo, porque
ficávamos horas brincando. Eu tinha várias amigas e nós frequentávamos a
casa uma das outras, mas na minha casa elas quase não iam porque minha
mãe não gostava muito que fossem lá.
Aos 7 anos ingressei no Grupo Escolar Nossa Senhora de Lourdes, que
era do lado da igreja. Fui com minha amiga Celeida, que devia ter 1 ou 2 anos
a mais que eu. Quando já havíamos cantado o Hino Nacional e entramos nas
salas de aula, acabei dando um verdadeiro show, pois chorei muito, mas muito
mesmo. Naquele momento me sentia sozinha sem meus pais e queria minha
amiga Celeida, e embora todos tentassem me consolar eu não conseguia parar
de chorar e só queria ir embora. Então assim foi feito e finalmente voltei para
casa sentindo muita vergonha, e assim que cheguei fui repreendida por minha
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mãe, mas para mim o que importava era que eu estava em casa. Nos dias que
se seguiram, todas as tardes eu ia até a casa da Celeida para irmos juntas ao
Grupo Escolar. Mas chegou um dia em que o pai dela me recebeu com cara de
poucos amigos e me disse: “Não entre, espere lá fora, pois você é muito
entrona”. Fiquei sem jeito e me lembro bem que a partir daquele dia passei a
esperar por minha amiga do lado de fora. Na nossa vizinhança havia também a
dona Cássia, que morava em uma casa mimosa de esquina, com cerca viva, e
como nós estávamos sempre jogando bets, volta e meia a bolinha caía na casa
dela, e aquilo a deixava muitíssimo brava. Um belo dia ela foi até nossa casa
para conversar com minha mãe e reclamar de mim, sendo que eu era só uma
menina que queria apenas brincar.
Eu guardava comigo um segredo pessoal que para mim era muito triste.
Por sofrer de enurese noturna, todas as noites eu urinava na cama e também
sonhava que estava fazendo xixi na cama e que ia dar tempo de ir ao banheiro.
Aquilo parecia uma maldição e, às vezes, levava uns tapas de minha mãe e
outras vezes eu olhava para ela e seu rosto era de reprovação ou apenas um
motivo de riso triste. Nós tínhamos uma empregada negra que eu amava muito,
a nossa querida Zefa. Ela não sabia escrever, nem ler, portanto não tinha o
intelecto desenvolvido, mas cuidava de mim, de nós todos, fazia uma comida
muito boa e lavava roupa no tanque, pois ainda não tínhamos máquina de lavar
roupa naquela época. Nesse tempo meu pai já tinha construído a casa da
frente e com isso foi necessário ter mais pessoas para trabalhar em casa para
ajudar minha mãe. Então tínhamos também a Neide, filha da Zefa, e dona
Maria, que também cozinhava. Meu pai, aos meus olhos, naquele momento
era um grande pai, pois ele nos dava carinho e toda a subsistência necessária
para vivermos.
Nessa época eu já tinha mudado de escola e estudava no Colégio Mario
de Andrade, o que era muito legal, mas eu já era gordinha e não gostava de
dois meninos malvados, Fernando e Fernando Bays, que me batiam quando eu
ia tomar água e que me chamavam de baleia, saco de areia. Eu queria matá-lo,
esquartejá-lo, mas isso não passava de mera vontade, pois ele era bem maior
que eu e, não contente com isso, na sala de aula ele apontava o lápis
deixando-o com ponta bem fina mesmo e cravava nas minhas costas e eu fazia
cara de mercador, pois não adiantava reclamar. Isso aconteceu no segundo
ano do curso primário e nesse período eu estudava com minha prima Leila e
um dia nós estávamos tendo aula de matemática e eu queria porque queria
saber como se fazia conta de dividir com três números na chave e então ficava
chamando a professora Terezinha, mas em vez de me atender, ela me deu um
tapa no rosto e eu fiquei assustada, sem ação e prestando atenção nos rostos
das outras crianças que riam sem parar. Minha prima não podia fazer nada e
ficou me olhando enquanto eu chorava, sentindo muita vergonha, Depois disso,
matemática para mim virou um bicho de sete cabeças, tipo 2 + 2 são 5. Mas
sou brava em outras coisas e queria justiça. Então contei para minha mãe e ela
foi ao colégio conversar com a tal maldita professora. Fiquei esperando um
quebra-pau por minha causa, mas só vi quando ela foi embora pacificamente.
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Aquilo me deixou louca da vida, mas passou. Nessa mesma escola todos os
dias minha mãe demorava muito para ir me buscar, pois assim que terminavam
as aulas todos os alunos iam embora, mas eu tinha que ficar lá esperando por
minha mãe, e acabava dando um show quando começava a chorar muito, mas
muito mesmo. Então a dona Alice, monitora do colégio, me pegava no colo e
ficava comigo até minha mãe chegar, e era sempre assim. Por isso é que eu
gostava muito dela, e também achava que dona Alice era muito linda, cheirosa,
morena de cabelos bem cuidados e negros.
Na realidade, naquela época tudo para mim era uma grande festa, pois
eu, meus tios e tias e seus namorados gostávamos de ficar na frente de minha
casa, onde havia um gramado enorme no qual eu, minha tia Cidinha e meu
futuro tio Luis Henrique adorávamos rolar sobre ele e ríamos muito. Às vezes
minha irmã também participava. Tinha também a tia Marcia e Fred, seu
namorado e meu futuro tio. Ele era mais sério, usava bigode. e costumava me
dar uma coisa que eu adorava, que eram as bonecas de papel que se
comprava em banca de revista. Aquilo para mim era um presente que eu
amava muito. Fred e Luis Henrique eram primos e faziam faculdade no
Cesulon e, durante o dia, trabalhavam numa linda fazenda, em Rolândia, que
era do Sr. Eduardo. Quando eles chegavam do trabalho, iam sempre ao Bar do
Nadir para fazer um happy hour.
Minhas tias eram super vaidosas e certo dia tia Marcia me perguntou se
eu sabia passar roupa e eu, de pronto, respondi que sim, claro. Mas quem
poderia imaginar que uma menina da minha idade sabia passar uma linda
roupa nova de veludo preto? Não deu outra, pois acabei queimando a calça
dela. Claro que tia Marcia ficou muito brava, mas tentei acalmá-la e
rapidamente lhe disse: “Calma, meu pai tem cem milhões no banco, ele compra
outra pra você”.
Nessa época minha irmã já tinha uns 4 anos e minha mãe me mudou de
escola, então fui para uma escola estadual que se chamava Nossa Senhora de
Lourdes. Nossa diretora era a dona Edith, que às vezes costumava ir até às
salas de aula, e quando isso acontecia todos nós ficávamos bem assustados,
pois ela era bastante enérgica. Nessa escola tive um professor inesquecível
que dava aula de português, o Sr Nelson Ubiali, que tinha a maior paciência
comigo e ele me ensinava análise sintática que não era nada fácil, pois para
mim era um bicho de 7 cabeças. Nessa escola eu tinha alguns amigos queridos
de quem gostava muito, como a Eliane, Elaine, Valdir entre outros, e todos os
dias conversávamos e brincávamos juntos. E era la vita seguendo. Naquela
época eu tinha 9 anos e já estava me sentindo mocinha, e minha mãe estava
grávida de meu irmão Junior, o que a fez sentir-se muito feliz, porque ela e meu
pai queriam muito um menino, na realidade acho que quanto a filhos, minha
mãe se identificava mais com menino do que com meninas. Naquele momento
minha mãe estava com a barriga enorme e quando aparecia lá em casa o meu
tio Tony, um rapagão a quem eu adorava por ele ser muito querido, ele beijava
a barriga de minha mãe e dizia que seu sobrinho seria jogador de futebol, e
por isso meu irmão foi presenteado com um meião de jogador de futebol ainda
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Lembro-me que o meu era de coco. Dona Odete, sua mãe, tinha cabelo preto
com um lindo coque atrás da cabeça. Quando eu tinha 13 anos tinha meus
amigos que moravam perto de minha casa, como a Celeida, Luciana, Fatima,
Silvana, Julio, Davi, Lincoln, Iran, Jussara, Soraya, Sergio, enfim eram vários
amigos, e eu, sempre gordinha nessa época, achava o Iran lindo demais e era
apaixonada por ele, e ele pela Jussara, meu desafeto, e quando os via juntos
meu coração saía pela boca.
Uma vez fizemos uma festa entre nós, para escutar música, comer
guloseimas da nossa época de adolescência, e minha mãe quis que eu levasse
minha irmã junto. Eu usava uma linda roupa branca com uma flor lilás do lado
da blusa, mas não me conformava por ter que levar minha irmã, que era 6 anos
mais nova que eu. Então chorei muito com minhas amigas. Com o passar do
tempo, um dia Iran disse-me que, se eu emagrecesse, ele me namoraria. Pois
bem, consegui perder muito peso e quando um dia ele veio me pedir em
namoro e até levou um vinho para meu pai, eu o rejeitei e falei que não o
namoraria, e disse também que eu estava magra, mas não mais disponível
para ele, e que tinha que me aceitar como eu era.
Quando eu estudava inglês na Escola de Inglês Cultural tinha aula 2
vezes por semana, minha mãe me deixava na porta da escola e depois da aula
eu ia até as Lojas Americanas para comer club lasa, meu lanche preferido,
tomava um refrigerante e depois voltava e esperava minha mãe na frente da
escola. Sentia falta de passear, e não tinha tempo para nada porque meu
tempo era ocupado, pois tinha que ir para o colégio, estudava inglês, nadava,
ia ao catecismo, não parava um minuto durante o dia, e à noite estava
quebrada e dormia cedo.
Quando estava com 13 anos estudava no Colégio Hugo Simas e lá havia
a cooperativa onde comprávamos material escolar e também tinha cantina,
pois era um colégio estadual, assim sendo tinha merenda. Eu amava comer
arroz-doce, baião de 2, polenta com carne moída, e tínhamos também o Sr.
Nelson, grande figura do colégio. Ele era pipoqueiro e vendia doces tradicionais
de nossa época assim como doce de abóbora, geleias, enfim vários outros.
Como sempre, eu ficava paquerando os meninos do colégio, entre eles o João
Vicente, o Guilherme, via sempre o Lincoln pelo colégio, o André, e tinha
minha amiga inseparável, a Samea, uma libanesa que morava próximo ao
centro do lado da Padaria Central cujos pudins de leite eram maravilhosos.
Meu pai, que era matemático e zootecnista, trabalhava com números e
animais, ou seja, tinha uma banca de jogo de bicho e o pai da Samea
trabalhava para ele e sempre mandava deliciosas esfihas de carne, e todos os
dias nós ficávamos juntas na hora do intervalo. Tinha também o amigo
Sombreiro, nome dado a ele porque tinha cabelos enrolados, e na rua Hugo
Cabral havia um pequeno bar que tinha mesa de pebolim onde se joga o
futebol de mesa manipulando bonecos presos a manetes, que é jogado em
dupla. Era uma delícia matar aulas para jogar pebolim com minha turma,
geralmente éramos eu, Sombreiro, André, Samea, Carlinhos Mendes e meu
querido amigo Mario Brito. Essa era nossa galera com todos nós jogando
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sempre juntos. Tínhamos também outra brincadeira, que era fingir que
batíamos no telefone público e em seguida caía-se no chão como se
estivéssemos entrando em convulsão... essa era demais! Tinha outro amigo,
que era o Marcelo Guerchmann, e como ele morava perto de minha casa nós
sempre íamos embora juntos todos os dias até meu bairro, onde eu morava.
Era uma boa pernada, pois morávamos no Bairro Aeroporto, mas eu ia
andando feliz da vida.
Eu também tinha outras famílias com quem convivia, uma delas era a
família Stulzer, que era composta pelo Sr. Claudio e dona Nega, seus filhos
Claudia, Grace, Eduardo, José Maria e Tadeu, os genros Rui, ex-marido da
Claudia, e Claudio, ex-marido da Grace, os netos Rafael, Ruizinho, Lilian e pelo
nosso querido autista Kaka, filho da Grace, ou seja, Carlos Eduardo, hoje
adulto e frequentador assíduo da APAE. Essa família era a maior comédia, e
com eles eu me divertia e tinha grande apreço por todos. O senhor Claudio, um
alemão que mesmo mostrando toda a característica de sua origem um pouco
rude, me fazia rir muito quando ele dizia que em baile de branco eu não
entrava e nem de preto, e que eu iria ficar na janela porque não era preta nem
branca. Essa era uma de suas brincadeiras. Dona Nega, sua esposa, também
era uma amiga muito querida e dona de um humor indescritível que, além de
ser ótima cozinheira, era uma senhora simples, mas de conteúdo requintado e
nobre, e foi ela que me ajudou a segurar as pontas em períodos traumáticos de
minha vida, ela era descendente de italianos e vikings. Esse casal tinha filhos
lindos. Eu era apaixonada pelo Eduardo e dava presentes a ele tipo pôster ou
quadros de Chaplin, entre outras coisas. Ele era 7 anos mais velho que eu e
me beijava, me amassava e depois ia na frente de minha casa ficar com a
Adelia. Eu ficava muito mal, mas tudo bem. Eu sempre tive grande apreço pelo
José Maria, um homem sensível e querido que era o filhinho da mamãe muito
amado por ela, então aos domingos eu sempre ia almoçar na casa deles, pois,
como já havia mencionado, a dona Nega era bravíssima na cozinha, tanto é
que nos sábados à tarde ela já começava a preparar o almoço de domingo e o
mais legal era a jogatina de baralho. Eu gostava muito de jogar canastra, jogo
de cartas que pode ser jogado em duplas de parceiros e ficávamos até altas
horas jogando. Era muito gostoso e divertido, porque tínhamos bom humor,
falávamos parolaccias, ou seja, palavrões, porque durante o jogo podíamos ser
como queríamos. Para mim a melhor hora era quando Eduardo me levava
para casa e me dava uns amassos. Era um tempo bom aquele, mas sofrido,
pois eu sabia que ele não gostava de mim, só se aproveitava porque eu era um
pouco volúvel.
Outra família que eu também adorava era a de uns amigos muçulmanos
e seus componentes eram o Sr. José Kamar, sua segunda esposa Idalina,
seus filhos Janete, Alizinho, Farinha, Nadia, Samira, Alfredo, Fátima e Suad.
Eu gostava de ficar com a Janete, que era um pouco mais velha que eu. Janete
é libanesa, cuidava da casa, estudava e tinha um sonho: fazer curso de direito
e morar fora. A família era proprietária de uma loja de móveis que se chamava
Modelar Móveis e pertencia à família Kamar. Eu e Janete sempre estávamos
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Prudente, tinha uma moto 125, era tímido e cantava muito bem, além de ser
um ótimo violonista. Um dia estava em casa e minha mãe avisou que Drácula
tinha ido em casa e que perguntou por mim. Não tive dúvida, fiquei esperando
e ele veio me convidar para beber uma cerveja e comer um aperitivo, o que me
fez sentir mocinha e valorizada pelos jovens médicos, porque, na realidade, eu
queria todos, mas sempre voltava para o Lito e para nossas aulas. Um dia fui
procurar o Lito e encontrei o Cassiano, um loiro bonito de Itapira, então nos
beijamos, e foi lindo ouvi-lo dizer na minha cara: “Se eu soubesse que ia
acontecer algo a mais, matava minha aula de inglês”. Mas não passou de
beijos, e eu ainda era uma menina virgem.
Um dia conheci uma família que morava numa casa ao lado da casa da
família Kamar, que era muito pobre e seus integrantes trabalhavam como
contrabandistas de produtos do Paraguai. Essa família era composta pelo
Gilberto (já falecido), Gilmar, Gilson, Tania e sua mãe, a Magali, e então
começamos a fazer amizade e um moço que se chamava Jonas me beijou e
depois de uns dias começamos a namorar. Ele ia à minha casa quase todo
dia, nos beijávamos e com o tempo ele me convidou para ir com minha família
até Guaraci, onde morava a família dele, e me deu um anel de compromisso.
Mas naquela época eu tinha 15 anos e o compromisso que eu queria era com
minha vida e não desejava me casar com ele. Como eu estudava no Hugo
Simas, ficava muito tempo com minha amiga Samea e ele tinha ciúmes de
nossa amizade, mas eu não aceitava isso. Certa vez ele me pegou pelo braço
nas Lojas Americanas e disse que eu não poderia ficar mais com minha
amiga. Não aceitei isso e terminei meu namoro.
No tempo de minha adolescência viajei para alguns lugares como
Cuiabá, Tangará da Serra, e também sempre íamos para São Paulo, porque
meus pais levavam eu e minha irmã para consultar um médico endocrinologista
com a finalidade de fazermos um tratamento para podermos perder peso.
Naquela época eu já tinha conhecido Minas Gerais também.
Tenho uma amiga muito querida chamada Josiane, outra libanesa por
quem tenho muito apreço, pois já tínhamos passado por muitas coisas juntas.
Ela tinha um primo chamado Horacio, que era um agrônomo que fazia
camisetas e acabou virando um empresário bem-sucedido da área de
confecções. Um dia eu viajei para Camboriú e estava atravessando a avenida
Atlântica, quando um carro parou em cima de mim fazendo o maior barulho e
buzinando muito, e quando olhei para quem estava dirigindo fiquei surpresa,
pois simplesmente era o Horacio, que me convidou para entrar no carro. Então
ele me beijou, abraçou e disse: “Você por aqui?”. Respondi: “Sim, estou de
férias com meus pais”. Fomos andar por umas bandas e trocamos só uns
beijos e nada demais. Mais fui caminhar na praia, pois é um lugar que amo
demais, tanto é que já conheci praias de todo o Brasil praticamente. Mas em
Santa Catarina, especialmente Camboriú, me arremete a tempos gloriosos, e
nesses dias eu estava acampada num camping muito legal com minha família
e conheci Rudi, um belo surfista de Florianópolis. Ao meio-dia entramos no mar
e fomos um pouco mais para o fundo. Ele tinha cabelos loiros longos e até
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seus cílios eram loiros, e sua aparência atraente chamava a atenção das
pessoas. Fiquei abraçada no pescoço dele e dando uns beijos ele dizia: “Ei
morena maravilhosa, você tem a temperatura na sombra a 200 graus”. Mas
naquele momento meu pai acabou interrompendo nosso amasso, assobiando
na beira do mar para que nós saíssemos da água. Fiquei muito revoltada com
aquilo e saí brava do mar e aquela situação broxante do meu loiro Rudi deixou-
o assustado. Enfim tivemos que sair do mar, ele desistiu de mim e foi embora.
No dia seguinte, por volta das 16 horas, eu estava catando conchinhas na praia
com minha tia Marcia quando apareceu um homem muito bonito e de físico
forte, mais maduro que eu. Ele estava com um carro Buggy e com uma galera
na praia e de repente disse: “Meu Deus! De onde você é?”. Respondi que era
de Londrina, em seguida quis saber meu nome, eu lhe disse e ele então se
apresentou: “Meu nome é Carlos Alberto Barbieri. Meu Deus! Onde tem mulher
linda como você?”. “Em Londrina”, respondi. Dali em diante ficamos batendo
papo na praia e logo ele me convidou para um Luau que iria ter à noite, mas
meu pai não deixou e eu fiquei desolada.
Fazia um ano que eu tinha feito uma cirurgia plástica nos seios com um
médico maravilhoso, pois minha mãe queria me levar para ser operada com o
Pitanguy, e na ocasião eu não tive coragem, mas ao passar de um tempo eu
operei, e 3 dias depois, ao ver o resultado adorei, pois meus seios ficaram bem
mais bonitos me deixando com a autoestima alta. E então ficamos vários dias
na praia, o que foi ótimo. No final das férias a volta para casa era sempre mais
demorada, porque estávamos mais cansados e queimados do sol. Enfim, na
viagem de volta da praia sempre costumávamos parar na lanchonete e
restaurante onde tinha deliciosas tortas, e a minha em especial era sempre a
de pêssego.
Era final de ano e as aulas começariam em fevereiro. Eu estudava no
Colégio Maxi e naquela época ficava dividida em meus pensamentos entre
estudo e diversão, e ficava em dúvida se estudava ou se me divertia porque,
naquele tempo, foi bom demais estudar no Colégio Maxi, onde fiz vários
amigos, em especial Valeria Manella. Cosi la vita seguea e eu, como sempre,
volta e meia frequentava a casa dos Stulzer, meus amigos alemães. E em um
certo sábado dona Nega me convidou para assistir a uma apresentação de
dança indiana e seguimos para o glorioso teatro Ouro Verde, considerado um
ícone do patrimônio cultural de Londrina, desde a época em que o norte do
Paraná vivia o auge do café, cujas plantações tornaram-se a maior renda do
Paraná. Quando chegamos nos assentamos bem na frente do teatro e logo a
minha querida dona Nega diz: “Filha, olha que moço lindo, vá até ele para
conhecê-lo”. E assim foi. Nós nos olhamos e seguimos para a mesma direção,
ele usava uma calça jeans e uma camisa branca, e eu um chemisier branco e
sapatos de couro, e no pescoço dois lenços em composé marrom com uma
linda concha de madrepérola. Naquela hora fui tímida e apenas nos
apresentamos dizendo nossos nomes. Ele se chamava Ody Silveira Junior,
mas como o espetáculo estava prestes a começar voltamos logo para nossos
respectivos assentos. Passaram-se os anos e eis que certo dia em que estava
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estava com seu Fusca branco e ali começou toda uma história, pois sabendo
sobre minha dor de cotovelo pelo Marcelo ele grudou em mim. Querendo me
consolar ele me levava no Restaurante Veneza para comermos, depois
começou a ir até minha casa e, não deu outra, acabamos ficando. Ele me
beijou e assim iniciamos um relacionamento. Com menos de 1 mês
começamos a transar e fiz questão de que Marcelo ficasse sabendo, no
entanto quando eu e Marcelo nos encontrávamos nos dávamos muito bem,
pois sempre tive um grande apreço por ele. Eu tinha 18 anos nessa época e,
finalmente, depois de muito amasso graças a Deus não era mais virgem, no
entanto a vida seguia e eu via a olhos nus que o meu relacionamento não iria
dar certo, pois eu era muito diferente dele e não pensávamos igual nem nos
dávamos bem, mas continuava com aquele homem nem sei por quê. O final
daquele relacionamento foi uma gravidez depois de um ano e 3 meses de
muito sexo, mas muito mesmo, pois essa arte me fascina, e estando grávida
era mais ainda.
Estando grávida sabia da responsabilidade que eu teria com casa,
marido e um bebê que queria muito, mas não estava preparada para a
maternidade, e acabei entrando em depressão, pois eu fazia algumas coisas
em casa de manhã e chorava muito o dia inteiro. Numa noite quando
estávamos indo dormir, ele me ofendeu e eu revidei, mas o pior era o medo
que eu tinha do olhão que ele fazia, quando arregalava seus enormes olhos
verdes no escuro, então comecei a gritar e ele me pegou pelo pescoço, mas
escapei e fui para a casa de minha mãe que era perto da nossa. Já se via a
que nível nosso relacionamento chegara, pois na realidade nunca nos demos
bem, éramos imaturos, novos demais, sem estrutura emocional, com
problemas na família. Fabricio era filho de pai separado e já vinha de um lar
desestruturado e eu tinha um relacionamento ruim com minha mãe, enfim tudo
estava errado. O tempo foi passando, minha barriga foi crescendo e, como sou
hipertensa, no terceiro mês comecei a ter problemas, meus pés incharam
demais, eu ficava ofegante, enfim não era nada fácil. Entrando no quarto mês,
um dia fomos buscar minha tia Marlene em um hospital na cidade vizinha e
minha mãe aproveitou pedir para que a enfermeira aferisse minha pressão
arterial e ela estava altíssima, tendo dado 24x18. Por causa disso não queriam
me deixar sair daquele hospital, e minha mãe não teve dúvida e acabou me
levando para Londrina, onde fiquei internada num hospital por 2 semanas
vivendo um tédio total. Saí de lá num sábado de manhã e liguei para o meu ex-
marido, mas ele não ouviu o telefone, então liguei para meus pais e eles foram
me buscar. Ao chegar em casa, na hora do almoço já tive um desentendimento
com Fabricio, meu ex-marido, e por volta das 16 horas minha pressão estava
alta de novo e lá fui eu de volta para o hospital, onde fiquei internada por mais
uns dias, mas sempre estava mal.
Quando cheguei no sexto mês e uma semana de gravidez, meu médico
chegou em uma terça-feira de manhã e abriu o jogo me dizendo: “Olha, vamos
dar uma injeção em você para amadurecer o pulmão do seu bebê e vamos tirá-
lo na quinta-feira, pois já não estamos pensando mais no bebê e sim em sua
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saúde, afinal você pode ter um bebê de novo”. E foi assim que nasceu, no dia
10 de fevereiro de 1989, o meu pequeno grande homem que era para ser
chamado de Mateus, mas minha mãe e meu ex foram no cartório e o
registraram como Fabricio. Ele foi um vencedor desde o início, pois passou por
poucas e boas para conseguir sobreviver, tendo nascido com 6 meses e uma
semana pesando 1570 kg e 47 cm. Quando eu o vi pela primeira vez não
acreditei que ele fosse sobreviver, pois era um bebezinho frágil, respirava muito
mal e tinha um balão de oxigênio na cabeça, O que foi mais incrível que
ocorreu é que naquele mesmo período nasceram vários prematuros, não se
sabe o motivo sobre esse acontecimento. O fato é que alguns ficaram com
sequelas por falta de oxigênio na cabeça.
Como minha pressão felizmente já estava controlada, logo pude sair do
hospital, mas meu bebê ficou lutando pela vida bravamente e todos os dias eu
ia ao hospital para vê-lo, porque eu precisava tirar leite já que ele mamava 1 cc
por vez e pelo nariz, era uma situação deprimente, mas consegui passar por
ela graças ao apoio da família e do corpo clínico do hospital. Em abril meu
príncipe chegou em casa, ele era do tamanho de uma boneca, pesava agora
1900 kg e quando mamava era em uma pequena mamadeira de 30 ml, era
uma situação dificílima, mas levamos numa boa. Naquele mesmo momento
meu cunhado Marcelo sofreu um acidente que lhe causou uma fratura exposta
no tornozelo, e por ter tido problemas na casa de seu pai, acabou vindo para
minha casa para que eu pudesse cuidar dele, pois, além de ter machucado
feio, sentia dores terríveis. Como meu ex-marido trabalhava durante o dia e eu,
meu bebê e meu ex-cunhado e ex-ficante ficávamos em casa, era até divertido,
mas também cansativo, afinal eu era uma ex-filhinha de papai e ter que
assumir uma família e tudo mais não foi nada fácil para mim. Eu e Marcelo
conversávamos muito, sempre nos demos bem e tínhamos um bom papo, e
tudo era bom demais. Nessa ocasião Marcelo tinha uma namorada que morria
de ciúmes dele comigo, e eu tinha ciúmes dele com ela. Minha cabeça era um
inferno astral, mas la vita seguea e eu continuei levando aquela minha vida
nova de patricinha e mulher casada, com filho e família. Certo dia fiz o jantar do
Marcelo e coloquei numa bandeja como de costume e a namorada dele ficou
muito brava e tomou a bandeja de minha mão. Ele prontamente falou sério e
áspero com ela que todos os dias eu preparava a refeição e levava para ele e
nunca tinha dado problema, o que a deixou louca da vida. Então peguei meu
bebê e fui para a casa de minha mãe, ficando lá por um tempo e sentindo muito
ciúme, porque gostava dele secretamente. Uma outra vez meu ex-marido
disse-me: “Hoje tenho que levar o Marcelo no motel.” Perguntei com quem ele
iria e ele me respondeu que era com a namorada dele. Fiquei louca da vida
naquela hora, e hoje penso quanta imaturidade eu tinha naquela época...
Passado um tempo meu pai deu entrada em um apartamento para nós
morarmos. Era bem pequeno, mas afinal era nosso, e ali fiz bons amigos entre
os vizinhos, e quase todos eram famílias com bebês, então costumávamos
ficar no pátio brincando com nossas crias, o que era muito bom. Enquanto
meu ex-marido viajava a semana toda, eu sempre ficava sozinha e me habituei
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a resolver as coisas, foi então que resolvi fazer o vestibular para educação
artística em 1990, e passei e assim fui para a faculdade fazer o curso. Conheci
pessoas incríveis de várias das artes no Centro de Educação, Comunicação
em Artes – CECA, departamento da UEL. Naquele período da minha vida tinha
muitos afazeres e conheci e fiz vários amigos, em especial Regina Jorge,
Maristela (já falecida), Sueli, Marilza, enfim várias pessoas de quem gostava
muito, mas passou o tempo e eu estava desestimulada com meu marido e com
tudo, e depois de um ano e meio abandonei o curso e perdemos o
apartamento. Então nos mudamos para a rua da minha mãe, e eu cuidava de
meu bebê e fazia blusinhas de tricô para ele, eram bons tempos aqueles. Eis
que num domingo de manhã acordamos e fomos para a casa de minha mãe e
lá pelas 10:30h todos começaram a pintar a frente da casa dela. Comecei a
fazer o almoço e de repente senti falta de meu filho, que nessa época tinha 3
anos e meio. Nós começamos a procurar pela casa, nos vizinhos, em todos os
lugares e nada, não conseguimos encontrá-lo. Todos choravam muito, então
fizemos um mutirão e saímos todos para procurá-lo nos arredores e nada dele
aparecer. Ligamos para a Polícia e nos disseram que somente depois de 24
horas é que a polícia vai atrás para encontrar uma criança desaparecida, pois
ele não era uma criança especial. Quando liguei para a Polícia novamente às
13 horas, disseram-me que haviam localizado um garoto loirinho de
aproximadamente 3 anos e meio, que estava no Shopping Londrina, no centro
da cidade. Então fomos todos para lá, e ficamos sabendo que uma advogada
que já havia trabalhado com crianças havia visto um garotinho no meio de
crianças de rua e, ao notar que ele estava limpo e bem vestido, achou que ali
havia algo diferente e estranho, então ligou para a Polícia. E foi graças à
ligação dela é que pudemos encontrá-lo.
Meu ex-marido Fabricio continuava sempre viajando e meu pai sempre
nos ajudando financeiramente, contudo não havia nada de prosperidade e eu já
estava estressada com aquela situação, pois estava sempre sem dinheiro, não
podia fazer nada de diferente e aquilo me matava, mas a vida ia passando
lentamente como grão por grão numa ampulheta. Com 4 anos meu filho entrou
no Marista, que era um colégio muitíssimo bom e lá ia ele todos os dias. No
primeiro dia eu sofri ao deixá-lo sozinho na escola, mas ele foi com a sua
professora na primeira hora e me deixou sorrindo. Foi um ano de muita alegria
e doçura, mas seis anos depois, em 22 de fevereiro de 1994 eu e meu marido
nos separamos de fato e de corpos, e meu maior pesadelo estava prestes a
começar, porque eu não estava preparada para cuidar de um filho sozinha,
sem dinheiro, sem estrutura emocional e também sem uma família unida de
fato para me auxiliar. Quando fiquei grávida cheguei a engordar 36 quilos e
quando decidi me separar comecei a nadar na ACEL, então um dia eu nadava,
no outro dia caminhava. Eis que um dia fui ao Dr. Paulo Sakurai, médico por
quem tenho grande apreço e, por coincidência, soube que sua esposa, Edneia,
e seus filhos nadavam no mesmo clube. Lá foi onde fiz bons amigos, em
especial a Anadyl, que nadava junto comigo, e foi assim que em 8 meses
consegui perder 38 quilos e me tornar uma linda mulher. Assim a vida seguia
em paz, eu cuidava de meu filho, trabalhava com minha mãe na pequena
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que eu tinha ganhado de meu pai um Fusca Fafá bege e fui para o hotel
Sahão, e, chegando lá, vejo um homem muito atraente usando calça cáqui de
linho, uma camisa de listas de cores creme e cáqui e sapatos marroquinos na
cor marrom. Ao vê-lo, fiquei enlouquecida, mas me controlei, tivemos uma
conversa rápida e saímos dali para irmos beber alguma coisa no Bar Pink, na
rua Maringá. Era tarde da noite, o bar era simples, mas tinha seu charme
devido à presença de gatos soltos no ambiente. Sentamo-nos para beber
alguma coisa, nos apresentamos e eu o indaguei sobre a aliança, mas ele
respondeu que não tinha. Sabendo que ele estava mentindo, fui franca e disse-
lhe que ele tinha sim, pois eu havia visto, foi aí então que ele resolveu
confessar a verdade e começou a falar sobre sua pessoa. “Tudo bem, vou me
apresentar. meu nome é Newton, tenho 34 anos, sou casado com uma mulher
9 anos mais velha que eu, tenho um filho de 4 anos e não sou feliz. Acho que
não conheço esse tal de amor.” A partir dali, víamos que nos dávamos bem e
desde o primeiro momento falei de meu casamento, que tinha um filho pequeno
para cuidar e sobre o que eu tinha ido fazer em Curitiba. Quando ele contou
que era consultor de informática, disse-lhe que eu ainda não tinha completado
minha formação. Depois dessa conversa inicial nos beijamos, e naquele
momento no bar estava tocando ”Killing me softly”, uma música de Roberta
Flack. Naquele momento ele me disse: “Vamos eleger essa música como
nossa”. Eu era baixinha perto dele, então fiquei em cima do meio-fio e ele na
parte de baixo, nos beijamos e foi ótimo aquele momento, embora eu tenha
sentido medo de me envolver, mesmo assim continuei com aquele homem,
pois desde o primeiro momento tudo foi mágico, e lá pelas 3 da manhã fomos
embora. Deixei-o no hotel feliz da vida, já que aquela era minha primeira
experiência depois do casamento que realmente tinha mexido comigo.
Ele fazia consultoria na Sercomtel e a partir daquele encontro me
convidou para almoçarmos juntos no dia seguinte, então fomos ao Veneza.
Conversamos amenidades do dia a dia, sobre trabalho, enfim podíamos ser
nós mesmos sem barreiras, pois, além de nos darmos muito bem desde o
começo, as coisas fluíam naturalmente. A partir daquele dia, sempre depois de
almoçarmos, eu com meu possante o deixava na empresa, à noite íamos
sempre jantar fora e o levei ao Vilão, nosso bar, nossa referência de amor, de
conversar de relaxar, de comer, tomar vinho... enfim, na terceira noite fomos
ao Cinco Coelhinhos. Eu estava me sentindo meio sem jeito, pois era recém-
separada, mas ele era uma pessoa experiente e conduziu a situação muito
bem, e foi ótimo. Depois fomos embora e eu sempre dizia que estava com
medo de me envolver, porque ele era casado e eu poderia me machucar com
esse nosso relacionamento, mas ele sempre dizia: “Que nada... fique
tranquila”. E assim fomos nos envolvendo, durante a semana nós ficávamos
juntos em Londrina e na sexta-feira à noite ele voltava para Joinville e eu
descansava o final de semana porque fazíamos amor muitas vezes, era uma
loucura. Então no final de semana eu recarregava as energias, pois ele ia
embora na sexta e voltava no domingo à noite. Quando ele chegava, para mim
era um êxtase, afinal eu amava muito aquele homem, nosso relacionamento
era perfeito, nunca brigávamos, sempre conversávamos sobre tudo e
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E assim ele foi embora para nunca mais nos pertencermos um ao outro,
no entanto, eu não parava de pensar nele, e passei um período de muito
sofrimento que foi bem maior do que eu poderia suportar. Cheguei a sofrer de
gastrite nervosa e andava curvada, porque sentia muita dor no estômago e
comecei também a sofrer de insônia, o que foi muito difícil para mim, pois era
uma grande dificuldade conseguir dormir a noite inteira. E pra piorar minha
situação, num domingo ladrões entraram em minha casa e levaram todas as
minhas joias, e alguns dias depois descobri que esses algozes ladrões tinham
me observado durante 1 semana antes de cometerem o delito. No dia do roubo
meu ex-marido comentou sobre o que os ladrões tinham roubado, pois ele
havia entrado em minha casa e perguntou se haviam roubado alguma coisa de
nosso filho porque ele só se preocupava com isso, Fiquei muito nervosa, pois
já odiava esse homem, estava sem meu ex-amor, e tudo aquilo que estava
acontecendo era demais para mim. Foi nesse momento que me vi sozinha,
pois havia muitos problemas com minha família e tinha meu filho para criar.
Com tantas aflições acontecendo em minha vida, pensei muito em procurar
ajuda profissional e comecei a ir a uma psicóloga chamada Estela, e com ela
comecei a fazer análise até 2 vezes por semana. Como eu chorava demais,
quando saía da terapia, ia caminhar no Lago Igapó e chegava a andar uns 11
quilômetros por dia às vezes, aquilo me fazia sentir melhor, e um dia, quando
estava indo para o lago, jurei que não amaria mais ninguém porque se amor
era passar por tanto sofrimento não queria mais aquilo.
Eu trabalhava com minha mãe na pequena confecção dela de roupas
profissionais e a ajudava nas vendas, no corte, na costura, em tudo, e me
sentia tão sensível que não gostava de ficar sozinha e queria sempre aos finais
de semana ficar com minha mãe. Mas minha tia Dirce começou a mandar na
casa de minha mãe e dizia: “Você vai para sua casa com seu filho porque
minha irmã quer descansar”. E assim íamos eu e meu filho para nossa casa
que ficava no Residencial Santos Dumont e lá ficávamos. Mas à noite eu não
dormia, me sentia abandonada desde que Newton fora embora e nas longas
noites ouvia músicas do João Mineiro Marciano, passava roupa até de manhã e
via sempre o sol nascer. Minha pressão arterial subia e naquela época minha
única diversão era caminhar ou ir nadar na AREL. Um dia descobri que minha
amiga Silvia estava morando no mesmo condomínio em que eu morava.
Silvinha era professora de matemática de meu irmão e uma pessoa muito
esforçada, que sempre estava comigo, me dava força para continuar e me
estimulava a sair, pois naquela época havia a Kauali, que era uma casa de
shows de música sertaneja que fazia grande sucesso, e às vezes eu ia com
ela para me divertir um pouco. Silvia, Sandrinha, Luzia e eu éramos jovens,
mas meu filho ainda era pequeno e ficava difícil sair muito com elas, pois eu
sempre estava trabalhando e levando meu filho na escola e ao Kumo para
fazer o curso, enfim tinha que fazer as coisas que uma mãe faz. Mas eu odiava
trabalhar na confecção, pois lá passava por humilhações que partiam de meus
pais, mas também de meus irmãos, os quais, por serem mais jovens, se
achavam no direito de mandar na casa de meus pais, pois eles moravam lá e
nós tínhamos que seguir as regras.
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Um dia tive uma discussão com meu irmão Gabriel e ele me empurrou
com tanta força que acabei batendo a parte de trás da cabeça, e isso acabou
causando uma alteração e formigamento no meu corpo todo. Naquela hora
meus pais estavam chegando de uma caminhada e meu irmão me levantou,
por motivos banais.
Em 1998, um dia vi um anúncio de um curso de comissária de bordo no
aeroclube de Londrina e, naquele momento, já fazia bastante tempo que não ia
até a casa de minha mãe de tanta desavença que acontecia. E foi pela janela
que ela me atendeu. Eram umas 19 horas e eu lhe pedi se seria possível ela
pagar esse curso para mim, e assim foi que comecei a estudar no aeroclube,
onde fiz amigos e estudava uma apostila enorme. Eu me achava super fashion
e a Samanta era raio laser e virávamos noites e mais noites estudando para
passar na banca do DAC. Eu tinha meu super Fusca Fafá e ia com ele para
todos os lados e fiz vários amigos que eram pilotos, estudantes do curso de
comissária de bordo, professores e depois das aulas nos íamos passear pela
cidade, e às quartas-feiras íamos na Friends, que era uma boate super
interessante frequentada por pessoas que queriam ver o mundo cor-de-rosa.
Na entrada sempre havia umas maravilhosas drag queens e aquele mundo era
mágico, onde nós nos divertíamos pra valer dançando altas músicas e vendo
gogo boys maravilhosos. Assim era o delicioso mundo da aviação, pois
podíamos fazer quase tudo. Eis que um dia ia ter show da minha diva Rita Lee
e eu ia ao show com certeza, então antes de ir para o aeroclube, quando
estava indo para a boate Cinema Café onde ia acontecer o show, eis que num
cruzamento perto do evento uma caminhonete cinza me pára e eis que vejo um
loiro maravilhoso que me disse: “Vou te convidar para jantar e não aceito não
como resposta”. Ele se chamava Fabio e me pediu o telefone e eu dei, mas
não imaginei que realmente ele fosse ligar para mim, pois não tinha apostado
todas as fichas nesse convite, mas no dia seguinte ele me ligou e fomos ao
Vilão para tomar um vinho. Ele era um gentil veterinário, maravilhoso, cheiroso,
muito educado e começou a me indagar com relação à minha vida pessoal,
minha formação, enfim, queria me conhecer e eu, naquela época, era apenas
uma estudante de comissária. Quando saímos do Vilão ficamos deitados na
caminhonete entrelaçados, enquanto pessoas que estavam dentro do bar nos
viam, mas nós não estávamos nem aí e levamos tudo numa boa. Depois de
alguns amassos muito bons, ele me levou para casa nos braços dele enquanto
escutávamos umas músicas lindas. Ambos éramos jovens, lindos e
irreverentes, e chegamos ao meu modesto apartamento. Ele quis dormir na
minha casa, mas como eu disse que não seria possível, ele nunca mais
apareceu, o que me deixou frustrada, pois adorei aquele loiro italiano, ma la
vita e cosi piano piano ci arriva il scopo giusto bene bene, ma una volta era la
vita chi ci seguea.
Eis que finalmente chegou o dia de nossa prova e vieram os militares de
Canoas para nos aplicar a prova no hangar do aeroclube, então fizemos a
temida prova e, felizmente, passei com notas altas e finalmente recebi meu
CCT com láurea. Enfim, Soraya super fashion tinha passado e assim, após o
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Romeo, além de motos possantes. Todos os dias saíamos à noite para jantar
em ristorantes, trattorias, pubs, agriturismos, enfim, cada dia íamos a um lugar
diferente, e assim conheci também todo o norte da Itália, visitando cidades
como Milano, Cremona, Scandolara Ravara, Casalmaggiore, Colorno, Parma,
Mantova, Veneza, Murano, Merano, Florença, Trento, Trentino-Alto Adige,
Lago de Garda com seus cisnes brancos e negros, e um Parque Termal
maravilhoso com seus cedros enormes, e seus belos castelos. Em cada
passeio que fiz pude ver lugares belíssimos, mas entre todos esses lugares
que visitei, o mais lindo foi o Lago de Garda, onde pude assistir um
maravilhoso casamento. E assim foi minha vida na Itália com meu ex fidanzato
Giuseppe durante minha estada nesse belo país, mas o choque cultural, além
dos objetivos diferentes que havia entre nós, não nos deixou seguir a vida
juntos, embora o tempo que passei lá tenha sido uma grande experiência para
mim.
De volta ao Brasil, no começo de faculdade e fiz um Famtour pelo
centro-oeste de Santa Catarina. Éramos 40 pessoas de Londrina e região e
partimos de Londrina com destino a Friburgo, Videira, Treze Tílias e Piratuba,
as cidades catarinenses que estavam no nosso roteiro. Chegamos em Treze
Tílias, que é considerada o Tirol do Brasil e conta com 2,500 habitantes, tendo
sido colonizada por imigrantes da região do Tirol, principalmente do Tirol
austríaco, mas também do Tirol italiano. Passamos mais dias em Treze Tílias,
onde ficamos hospedados no Treze Tílias Park Hotel, um lindo hotel que fica
no alto de um morro e é super confortável, e, além disso, o hotel tem uma
piscina térmica coberta maravilhosa onde passávamos grande parte do tempo.
As casas de Treze Tílias têm um galo muito interessante em seus telhados
para dar boas-vindas aos visitantes que chegam às residências, e a cidade
oferece também outros atrativos como turismo rural; a gastronomia que é
deliciosa, especialmente ao meu paladar, e onde me deliciei com uma super
mega torta de ricota, da qual me lembro até hoje com água na boca. À noite
era um fervo, pois íamos num bar rústico muito legal onde curtíamos com os
amigos e os austríacos muita música boa, muita cerveja e comida. Os
austríacos e seus descendentes são alegres e muito queridos. Quando era
hora de ir embora estávamos todos no ônibus e eu avistei um grupo de loiros
todos usando terno azul-marinho, não tive dúvida, desci do ônibus para me
despedir e avistei um lindo austríaco loiro, então me apresentei e me despedi
ao mesmo tempo. E logo depois ele entrou no ônibus para desejar bons
negócios a todas as pessoas do grupo, e em seguida partimos para Piratuba,
onde passamos 3 dias. É uma linda e pitoresca cidade de minha querida Santa
Catarina, e lá tem hotéis estilo europeu onde as pessoas costumam andar de
roupão pelas ruas porque existe um parque termal no meio da cidade.
Estávamos no mês de junho e especialmente no dia 12 e o hotel onde fiquei
era uma graça e tinha uma sacada onde ficávamos e à meia-noite, no lado de
fora um grupo de músicos vestidos com casacos pesados e usando chapéus
começou a tocar e a cantar músicas lindas. Foi uma cena belíssima que nunca
mais esquecerei. Ficamos por uns dias em Piratuba, que é uma cidade muito
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bem frequentada e tem uma gastronomia deliciosa e típica que a região sul do
Brasil nos apresenta.
Quando voltei para Londrina retomei minha rotina normal que era ser, ao
mesmo tempo, mãe, estudante, dona de casa e empresária também, porque
surgiu a oportunidade de eu ter uma cantina no Campus Catuaí, que teve o
espaço cedido pelo Sr. Marco Lafranchi, sendo que ele era nada mais nada
menos que o proprietário da Unopar, tornando-se um amigo. E foi assim que de
2001 a 2003 trabalhei nessa cantina, e isso foi uma experiência imensurável
para mim, pois não tinha experiência na área, mas na hora da necessidade fez-
se a ocasião e eu precisava me formar no curso de turismo e hotelaria. Eu
contava com 6 funcionários e também 1 cozinheiro muito especial que tinha
mãos de fada, e minha brigada era de primeira, pois eles sabiam da minha
situação e que eu precisava me formar. E trabalhar era essencial para que
essa cantina fosse estruturada, porque eu a peguei no concreto, então tivemos
que investir algum dinheiro que veio através de meu pai. Até então nunca havia
trabalhado tanto em minha vida. Eu chegava pela manhã na universidade e ia
embora às 22:45h todos os dias, e no sábado era dia de faxina e compras.
Para começar a semana, mesmo tendo funcionários, minha mãe e minha tia
me deram uma mão, no entanto isso causou grande inveja entre meus
familiares, porque eles não aceitavam que essa oportunidade fosse só para
mim, a ponto de no final eu não ter mais voz ativa para nada. Na última
Páscoa em que a cantina estava aberta eu estava tão cansada de trabalhar
muito e estudar, ser mãe, cuidar do Fred, meu lindo cachorro cooker spaniel
branco e preto e fiel escudeiro, e saber que meu filho fora passar o final de
semana com o pai dele, que dormi 3 dias seguidos comendo apenas barra de
cereais e bebendo água. Tudo isso acabou me deixando extremamente
estressada.
Naquela época eu era cheia de amigos porque tinha grande ibope na
universidade e também no período em que eu estudava. Eis que numa manhã
em que eu estava na cantina vejo um enorme prince loiro, o Aecio,
caminhando em minha direção e sorrindo disse-me: “Bom dia, me dá um beijo
e uma água de coco”. Não perdi tempo, pois além de ser um homem bonito ele
era inteligente, doutor na área em que atuava, e tudo começou assim. Sempre
nos víamos na universidade e começamos a nos cumprimentar, o tempo foi
passando e surgiu dentro de mim um sentimentino strano cosi forte, que me fez
pensar: “essere amore”, e a partir desse dia eu ficava esperando a hora de
encontrá-lo andando pela Unopar sempre bem arrumado. Ele tinha um estilo
casual, mas elegante ao mesmo tempo, e um dia descobri que ele iria ser
candidato a vereador e enlouqueci, porque eu também tinha esse mesmo
pensamento e quando passava por situações difíceis – que não eram poucas –
sempre procurava por ele e lhe pedia um emprego, mas não surtia efeito. Eis
que um dia fui até Cambé, onde ele residia, para ouvir um comício e lá estava
ele todo poderoso. Quase tive uma síncope momentânea dos sentidos e ele
me apresentou para seus amigos, mas em seguida o chamaram para se dirigir
ao governador e o povo foi abrindo caminho para ele passar. Aquilo foi demais
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para mim, pois aquele homem poderoso me fascinava, mas nada deu certo e
la vita seguito un’ altra volta.
Passou o tempo e em junho de 2003 tive que fechar a cantina. Estava
passando por um período muito difícil por ter que perder minha fonte de renda
e, além disso, passei por outro trauma nessa mesma época quando não pude ir
à festa de minha formatura, porque minha família decidiu que as parcelas da
formatura não seriam pagas mensalmente, já que elas seriam pagas só no final
do curso. Mas quando chegou o dia da formatura nada foi pago e não pude ir à
minha festa de formatura porque não tinha um vestido para usar naquela
ocasião. Além disso, em julho daquele mesmo ano minha mãe teve que passar
por uma cirurgia do coração e foi uma fase dificílima para mim porque me
preocupava com ela e nossa família ficou muito abalada. Dias depois, certa
noite eu estava na Unopar e Aécio estava lá, então fui conversar com ele e
acabei contando tudo o que estava ocorrendo comigo e com minha família
naquele momento e ele me perguntou se estava tudo sob controle. Na
realidade eu nem sabia, mas me senti segura e fui para meu apartamento
enquanto ele foi seguindo meu carro, então fui para minha casa e ele seguiu o
caminho dele. Assim era minha vida. Depois disso ainda fiquei muito tempo em
contato com ele, mas esse amor não se concretizou.
Como havia terminado minha graduação em 2003, logo em 2004 entrei
na pós-graduação e nesse período meu filho foi morar com o pai dele. Foi uma
época de muito sofrimento, e o dia em que ele foi embora com o pai acabou
tornando-se uma data inesquecível. Como eu morava na beira do Lago Igapó,
à noite fui até lá e chorei demais e não me conformava por ele ter que partir
porque nós não tivemos uma família bem estruturada. Mas teve que ser assim.
Finalmente fiz um ano de Pós-Graduação em Cerimonial Protocolo e Eventos
com muita dificuldade, porque por ter vivido um tempo de muito stress sem
meu filho, cheguei a passar muito mal com relação à minha pressão arterial.
Eis que em uma manhã de domingo encontrei uma de minhas primas na
beira do lago e ela me convidou para conhecer seu apartamento na famosa
Gleba Palhano. Após esse convite, um dia tomei a decisão de ir à casa dela
para visitá-la. Quando cheguei lá, o marido dela já perguntou o que eu tinha ido
fazer ali, depois me disseram que eu podia subir. Quando subi, ela me disse
para entrar e eu a cumprimentei, em seguida me perguntou: “Já olhou tudo por
aqui?”. Havia umas pessoas lá e eu disse normalmente: “Sim, por quê?”. Ela
me respondeu: “Porque se já viu tudo pode ir embora, pois você não tem o
mesmo sangue de nossa família”.
E foi porque eu não era filha legítima da família é que fui parar no
hospital já que minha pressão tinha subido muito. Felizmente o meu querido Dr.
Antonio Furlan me atendeu como sempre de maneira especial, e passei a noite
no Hospital do Coração. De manhã, Dr. Furlan, muito simpático como de
costume, trouxe-me um delicioso café da manhã, e ele sempre me tratava com
cuidados que para mim foram inesquecíveis. Quando tive alta e fui para casa
eu estava tão cheia de remédios que não pude subir até meu apartamento,
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porque ao chegar não havia luz no prédio e eu morava no sexto andar. Então
não tive opção a não ser ficar no carro esperando a luz chegar e acabei
dormindo, até que acordei com um vizinho passando a mão no meu rosto e
dizendo que eu já poderia subir.
Nesse meio tempo minha especialização seguia normalmente, mas
naquele ano eu tive muitos problemas devido ao estilo de vida que levava. As
coisas não andavam bem na casa de minha mãe onde eu fazia minhas
refeições, pois eu não conseguia emprego e nessa época estava morando na
rua Jerusalém, em um apartamento muito bom na Gleba Palhano. E lá, depois
que um de meus irmãos me machucou o braço, eu dependia de alguém para
me vestir e então comecei a ter contato com a minha querida amiga Wal, já
falecida, que sempre me ajudava em tudo. Eu amava a família dela porque
todos eram pessoas maravilhosas, composta pelo Judson, seu marido e
Lincoln, seu filho.
Nessa época, me sentia cansada da vida que levava e já estava de saco
cheio de tanto sofrer com minha família, devido à violência física e psicológica,
pois o que passei foi desumano. No ano de 2005 meu pai disse que iria me tirar
do apartamento em que eu morava, o que me deixou revoltada. Com isso eu
estava sempre sozinha porque não ligava para as pessoas, entretanto, depois
de ter sofrido um trauma, certa vez liguei para o Vinicius pedindo ajuda para as
coisas que aconteciam em casa e ele me disse: “Funerária Santa Luzia, sua
desgraça é minha alegria”. Então realmente parei de ligar e pensei: “já que é
assim não ligo nunca mais para ninguém”, e assim foi durante anos.
Passado certo tempo, um dia procurei meu ex-sogro que até então era
meu contato, porque através dele eu ligava para meu filho que foi morar em
Curitiba. Quando cheguei ao bar onde ele ficava, ele me recebeu gritando:
“Negra maldita! Negra filha da puta! Você não é mais minha nora!”. Naquela
hora eu me revoltei e ergui a mão para ele, enquanto ele me deu um soco no
nariz e na boca, que me deixou toda machucada, e ainda por cima me jurou de
morte. Naquele momento havia um japonês no bar que viu tudo o que
acontecera, e ele me disse: “Filha, eu vi o que ele fez, tenha calma...”. Dali fui
levada até à delegacia e em seguida ao posto de saúde para fazer exame
médico. Passado algum tempo depois recebi uma intimação e, quando fui ver
qual seria a causa da intimação, fiquei sabendo que meu ex-sogro havia me
processado e, por falta de provas, eu fui condenada a fazer serviço
comunitário. Pois bem, eu ia todos os dias trabalhar chorando, porque sabia de
minha inocência, mas, felizmente, lá fiz bons amigos, em especial o Dr João
Ricardo, entre outros. Isso ficou marcado na minha vida não só pela violência,
mas também pelo ato de racismo que sofri. Depois disso liguei para o Newton,
meu ex, para que ele me ajudasse, porque eu não suportava mais viver aqui.
Nessa época eu tinha um Escort velho que odiava e eis que novamente
o lipoma que eu tinha na cabeça precisava ser tirado, pois bem, certo dia fui ao
Hospital de Clínicas e, ao ser chamada para entrar na sala de cirurgia, fui
bravamente. Dr Solis e Dr Thiago me disseram que eu poderia correr risco de
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sofrer uma parada cardíaca e que era necessário que eu ficasse ciente da
possibilidade desse risco. Então disse a eles: “Não vou ter nada disso”, e me
deitei de bruços para que iniciassem a cirurgia, que foi funda, porque o lipoma
era grande. Quando saí da sala para voltar pra casa, minha mãe estava lá, e
como nosso relacionamento era péssimo, não sei se fiquei feliz ou triste, mas
ela fez a parte dela, me pegou e me levou para meu apartamento no
Residencial do Lago e, antes de ir embora, disse-me: “Olha, você fica aí na sua
casa porque eu não posso te levar para a minha casa, pois meu marido não
deixa”. Pois bem, tive que me virar como sempre, mas à noite alguma coisa
rompeu e inchou muito, então peguei o carro e fui para o PAM. Lá o Dr
Alexandre Prospero me atendeu, me deu uma injeção e perguntou se eu
estava sozinha. Respondi que sim e ele me avisou: “Então te dou essa injeção
e você vaza daqui, pois tem dez minutos para chegar até sua casa porque você
vai dormir”. Então fui pra casa e cheguei a dormir um dia e meio, mas acho que
na verdade foram dois dias.
Nesse período meu filho havia ido embora, eu estava sozinha e não
podia usar o computador da casa de minha mãe para terminar minha
monografia. Então eu tinha que ir a um Cyber Café e descobri um na Avenida
Higienópolis que se chamava Ilusion e era uma bagunça, na verdade era uma
loucura, eu não conseguia me concentrar muito e não era fácil para mim. Mas
como todos os dias eu ia lá, fiz novas amizades, e entre eles o Bigão, meu fiel
escudeiro, que sabia mais ou menos sobre minha história e tinha também belos
exemplares da raça humana e masculina, assim sendo comecei a ser leiloada
como se fosse um objeto promíscuo, coisa que não era e nunca fui. Porém
havia dois deles que me chamavam e atenção: o Fabio e o Fernando,
entretanto não foi possível estar com eles, pois não queria repetir a história de
casamento, embora a vontade fosse grande.
Com o passar do tempo minha situação em Londrina não estava nada
bem e eu já estava saturada de estar sozinha e também sem meu filho. Minha
vida estava amarga e sem sentido, emprego, que era tão essencial para mim,
não conseguia achar, e, além disso, meu pai disse que ia me tirar do
apartamento que eu tanto adorava, porque foi lá nesse condomínio, em que
morei pela primeira vez, que tive a oportunidade de fazer muitos bons amigos.
Então pensei: “vou embora daqui”, e assim fiz viajando para Joinville e me
hospedei no Hotel Sabrina por 1 mês. Procurei o Itamar, que era meu contato
e amigo do Newton, porém ele não me recebeu no escritório, então não o
procurei mais e fui resolver minha vida. Era o mês de dezembro e passei o
Natal sozinha na recepção do hotel, brincando no computador, porque meu
dinheiro era contado e não podia fazer nada senão não comia. Em seguida,
comecei a procurar um lugar para morar e depois de algum tempo fiz amizade
com o padre Bertino e acabava chorando as minhas dores com ele. Alguns
dias depois tive a oportunidade de conhecer a SESMA, Sociedade Espírita
Samaritanos de Maria, e passei a frequentar porque fui muito bem atendida. Lá
recebia passes e lia muitos livros, chegando a ler cerca de 50 livros espíritas,
segundo meus cálculos. Além disso, conheci um círculo de pessoas
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Bar Paiol com meus lindos bailarinos Bolshoi malhados e gays maravilhosos.
Certo dia, dei um show dançando com um dos participantes do grupo classe A,
que era um grupo de pagode fantástico, dancei pra valer e foi ótimo. Havia
também o Bar Expresso, onde nós íamos com o dinheiro contado para beber
um delicioso chopp de trigo, e lá fizemos amigos como o Nado, que anos
depois cometeu suicídio, e Chico, entre outras pessoas que conheci. Era uma
vida difícil, pois estava longe de todos, mas fiz grandes amigos lá e fiquei um
ano e três meses longe de casa, porém estava vinculada à minha tia Dirce,
porque somente ela atendia ao telefone e decidia o que eu poderia fazer devido
ao pouco dinheiro que mandavam para mim. Às vezes nem atendiam ao
telefone, e por causa disso eu tinha que fazer ligação a cobrar para outras
pessoas da família e amigos, e isso também me trouxe desavenças, pois
descobri que nem sempre as pessoas são realmente aquelas com quem
podemos contar para nos ajudar. Essa era a realidade, mas o pior eram as
bolhas enormes que eu tinha nos pés de tanto andar atrás de emprego junto
com o Alex. No inverno meus pés sofriam muito com o frio que fazia em
Joinville, pois lá o inverno é bastante rigoroso, e esse problema nos pés
acabou me marcando muito. Sofrendo com isso, eu acabava ligando para a
Dirce, e ela me dizia: “Vai trabalhar nem que seja de doméstica e compre as
meias”, como se emprego fosse fácil para uma forasteira como eu.
Um dia fui a uma reunião da VoIP para ver se surgia uma oportunidade
de trabalho e conheci a Eliane, ela então me apresentou ao dono de um hotel
de terceira categoria, mas que poderia ser a possibilidade de um emprego. Ao
chegar lá achei assustador, pois nunca tinha visto tanto rato em toda minha
vida e cheguei a pensar “não sei como não tem leptospirose”. Acabei indo
apenas 3 ou 4 dias, pois o nível era baixíssimo, no entanto minha semanada
era tão pouca que me submeti a isso, pois os hóspedes do hotel eram
moradores de rua, caixeiros-viajantes, vendedores ambulantes. E certo dia na
hora do almoço um hóspede me pediu para pegar alguma coisa na geladeira e
assim o fiz. Então ele me desacatou dizendo que se eu era tão culta porque
sempre estava com um livro nas mãos, por que me submetia a trabalhar
naquele lugar? E em seguida jogou um saco de lixo na minha cara. Não tive
dúvida e chamei a polícia, e ele disse que iria me matar. Mas assim que a
polícia chegou, o dono do hotel tomou as dores do suposto hóspede – se é que
se pode dizer assim –, ai tinha o Hotel Mates ao lado cujo dono veio ver o
que estava acontecendo e me fez uma proposta para trabalhar à noite e eu
aceitei, mas pouco tempo depois ele me mandou embora. Então fui atrás de
outros empregos e acabei indo até o renomado Hotel Bourbon, mas o chef de
recepção disse com arrogância que eu estava malvestida para pleitear um
emprego naquele hotel. Mesmo assim eu não desistia, porém certa noite eu
passei mal sentindo dores terríveis nos rins, então chamei o SAMU, e eles
prontamente me socorreram com o maior carinho do mundo. A dor era tanta
que me fez sentir náusea, então me deram um remédio na veia e a dor foi
passando. Em seguida o socorrista do SAMU pegou o número do meu celular e
passou a me enviar mensagens para saber como eu estava me sentindo, mas
estando ainda sob o efeito do remédio na veia eu não conseguia enxergá-las.
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No dia seguinte, quase na hora do almoço, tive a mesma dor e fui até ao
hospital São José onde tomei remédio na veia novamente. O médico disse-me
que já sabia o que eu tinha e que eu não iria andar mais, e que quando eu
estivesse com mais idade iria ter que andar de cadeira de rodas. Naquela hora
entrei em pânico, mas como continuava com dores de repetição renal, veio um
segundo médico para me atender e constatou que eu estava apenas com uma
cólica renal.
Depois disso passei a ser acompanhada pelos médicos do Posto
Atendimento Médico Bucarein, aos meus olhos referência de atendimento, pois
eu adorava o Dr. Rebert, um ginecologista maravilhoso que se tornou meu
amigo e que era coordenador do curso de medicina de Joinville. Um dia ele me
perguntou em que eu era formada e após lhe falar sobre minha formação, ele
prontamente me perguntou se eu tinha interesse em dar aula numa
universidade, e naturalmente eu disse que sim, pois acreditei que ele fosse
implantar o curso de turismo na Univille, mas não aconteceu como o esperado.
O tempo foi passando e num certo dia fui almoçar num restaurante na
Rua do Príncipe e estava entrando na galeria quando vejo um homem
encostado na parede que acabei reconhecendo na hora e sabia que seu nome
era Lincoln Lundgren, pois estudara com ele. Então logo perguntei: “Você é de
Londrina?”. Ele confirmou que sim, então eu lhe disse: “Nossa! Eu estudei com
você”. Acabamos batendo um longo papo e fiquei sabendo que ele estava
separado, tinha 2 filhos, um de 4 anos e um de 10 anos, e contou que morava
no Quinta da Boa Vista. Ele havia estudado na mesma escola onde eu estudei,
no Colégio Hugo Simas, e sempre o via pela escola. Após esse casual
reencontro, não chegamos a ser amigos estreitos, mas trocávamos mensagens
através do Orkut naquela época, porém ele ainda era apaixonado pela ex-
mulher e só falava nela,. Aquilo me cansou, então eu o mandei às favas e
segui curtindo a vida e procurando emprego como sempre.
Certa vez tive a ideia de montar um curso na área de alimentos e
bebidas, porque já tinha experiência nessa área, e também a dissertação da
minha monografia era em excelência no atendimento ao cliente, na área de
alimentos e bebidas. Sendo assim, procurei uma escola profissionalizante para
oferecer meu curso e eles aceitaram. Só que, infelizmente, seria um trabalho
temporário, mas mesmo assim foi muito bom o tempo que passei lá e, além
disso, finalmente pude comprar meu megacomputador e passei um mês
decente.
Eis que numa noite de neblina, eu com meu fiel amigo Alex, sempre
junto comigo, estávamos atravessando a rua entre o Müller e o Paiol e me
aparece um dos animais que mais amo, o Eleição, um lindo cavalo Andaluz
branco com um uma crina enorme e lindos olhos azuis mas muitíssimo agitado
e bravo, e assim prosseguíamos andando pela rua durante a noite para
podermos ver a arquitetura das casas, porque o Alex queria ser arquiteto. A
nossa preferida era uma casa azul royal com branco que ficava perto do
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Hospital Santa Helena, mas dava pena ver que o terreno era pequeno para o
tamanho da casa. Mesmo assim ela era um de nossos sonhos de fada.
A rua onde morava a amiga Ana Lucia era super movimentada, mesmo
porque nessa rua havia uma boate incrível que fora aberta recentemente e
também já existia o Zoom, um bar alemão que era excelente, onde eu tinha um
amigo chef negro que me disse para levar um currículo para uma possível
contratação e assim o fiz. Naquela noite, como sempre, tinha uma névoa e eu
estava indo para casa, quando numa esquina o sinal fechou e fiquei
aguardando ele abrir. Ao olhar para o lado, vi um lindo moreno em uma BMW
conversível azul-marinho que também estava esperando que o sinal abrisse
para ele e, naquele momento, nós nos olhamos, sorrimos um para o outro e
tivemos uma conversa rápida. Ele se chamava Flavio, morava em São Paulo e
era criminalista. Quando o sinal abriu continuei meu trajeto normalmente e eis
que de repente aquele homem maravilhoso de sorriso incrível parou ao meu
lado e me disse: “Entra que vou te levar para casa”. Fiquei surpresa e nem
acreditei naquilo, mas entrei no carro e começamos a conversar e quando ele
disse que era advogado, fui até estúpida ao dizer-lhe que não gostava do
pessoal que trabalha na área de Direito e desfiei um rosário de motivos por
pura timidez. Ele era um belo homem e muito elegante disse: “Amore...”, Eu
perguntei: “E o dinheiro?”. Então ele disse: “Amore, vamos fazer plástica”. Eu
me fiz de desentendida e ele me perguntou o que eu tinha ido fazer àquela
hora da noite. Respondi que tinha ido levar um currículo, minhas referências e
formação, pois estava atrás de um emprego e no meio da conversa perguntei a
ele se gostava de música italiana. Ele respondeu que sim e mencionou uma em
especial: “Il tuo nome in maiúsculo”
Durante nossa conversa fiquei sabendo que ele simplesmente era um
descendente da família Orleans e Bragança e me impressionou ver o quanto
ele era educado e elegante. Foi uma pena não termos ficado, mas entendo que
foi pela postura, e o que importa é que tive diante de mim um lindo prince
moreno, que me marcou muito por sua atitude educada ao mostrar não ter
preconceito com relação à idade, porque ele era 9 anos mais jovem que ele e
também não teve preconceito quanto à minha cor.
A vida ia passando tranquilamente, mas num certo dia, à noite, comecei
a me sentir tão incomodada que acabei surtando, então fui ao Posto Bucarein e
de lá me mandaram para um hospital pelo SAMU. Chegando lá a médica me
perguntou se eu tinha uma amiga em Joinville. Respondi que sim, mas que não
queria incomodá-la, então eles pegaram minha bolsa e ligaram para minha
mãe. Em seguida me deram um remédio tão forte que me deixou baqueada por
uns 5 dias, mas quando acordei no hospital lembro-me que perguntei ao
enfermeiro se eu tinha morrido e ele disse que sim. De repente vi o rosto de
minha mãe, que me pegou e junto com meu irmão Junior e o Walter, marido de
uma prima, me levaram para minha casa do lado do bombeiro e lá tomei
banho, mas nem vi nada. E em seguida me trouxeram de volta para Londrina ,
minha cidade natal,
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O tempo que passei naquela confecção não foi nada fácil em primeiro
lugar e porque eu odiava o que fazia, pois ficava pensando na minha formação
acadêmica, na especialização, e quando tocava no assunto sobre arrumar
outro emprego escutava minha mãe e minha tia dizendo que eu estava velha
demais para arrumar outro trabalho. Elas também questionavam quem iria
querer uma pessoa como eu, pois, segundo elas, os empreendedores iriam
querer mocinhas para trabalhar em suas empresas, e isso deixava minha
autoestima para baixo e fazia eu me sentir incapaz para reagir contra aquele
ambiente doente em que eu vivia, onde só ouvia conversas de doenças o dia
todo, além de ganhar mal. Foi então que a certa altura da vida comecei a pedir
a Deus que me colocasse em outro emprego com pessoas alto-astral, e enfim
surgiu uma agência de turismo onde aprendi várias coisas, pois tive que
começar do zero e ainda não tinha clientes para oferecer meus produtos, que
seriam passagens aéreas, pacotes de viagens. Além disso, houve também
uma coisa muito interessante da qual participei através da agência, que foi o
festival do turismo em Foz do Iguaçu no Hotel Rafain. Essa feira conta com 250
participantes da área do turismo sendo eles hoteleiros, proprietários de
operadoras de turismo, proprietários de pousadas, ou seja, pessoas que atuam
no grande mercado do turismo que envolve a hotelaria, gastronomia, lazer,
receptivo, agência de turismo, enfim uma gama de opções que envolvem essa
área. Também pela agência pude viajar para Caldas Novas, cidade que eu já
conhecia quando viajei para lá na minha adolescência, mas que atualmente
está muito mudada porque a cidade cresceu e ergueram-se muitos prédios de
alto padrão. Há também 3 parques aquáticos na cidade, sendo eles Clube
Privé, Náutico e Water Park, e quando estive na cidade com meus amigos do
Famtur de Londrina e região, tivemos a oportunidade de fazer visita técnica a
vários hotéis da cidade e fiquei hospedada no Prive Riviera Park Hotel, onde
fiquei muito bem instalada e pude desfrutar da gastronomia maravilhosa e das
piscinas de águas termais deliciosas. Nós ficávamos até tarde nas piscinas e
isso fez com que estreitássemos amizade com as pessoas que participaram do
Famtur, pois Famtur significa a reunião de várias agências de turismo que
enviam 1 pessoa representando sua agência, e com a visita nas cidades
podem oferecer para seus clientes o produto que consiste na rede hoteleira,
lazer, gastronomia, enfim, envolve todo um complexo turístico a ser
comercializado em suas agências. Ficamos então 4 dias em Caldas Novas e foi
divertido pra valer, pois fomos em bares curtir uma seresta de música regional
e no 5º dia voltamos à nossa cidade natal depois de 14 horas de viagem.
Na época em que trabalhei na agência de turismo aconteceu algo muito
interessante no ano de 2007, quando certa tarde eu estava saindo de meu
prédio aproximadamente às 18:00 h, e eis que, na frente de meu prédio,
encontro Lincoln Ludgren, meu amigo de escola na adolescência a quem já
havia encontrado em Joinville, depois de 10 anos. Esse reencontro na frente
de casa foi cheio de sacolas do mercado e foi muito bom, pois paramos para
uma breve conversa, colocamos o papo em dia, trocamos Facebook, mas não
nos achamos, e o tempo passou. Três meses depois eis que o encontro
novamente, trocamos nosso WhatsApp e começamos a nos falar, e num certo
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dia ele quis vir em minha casa, pois morávamos a apenas 1 quadra de
distância e a partir dali começamos a nos conhecer, como dizia ele. Quando
chegou novembro ele disse-me que estávamos namorando e eu já tinha um
grande apreço pelos seus filhos João e Felipe, mas quando chegou janeiro,
bem no dia do meu aniversário tudo acabou, e continuei sozinha pela vida
afora, mas sozinha nunca porque mulher sem confusão não vive, pois sempre
um pé cansado tem um chinelo largo para descansar segundo minha avó, a
mãezona, pois ela sempre dizia isso.
Quando chegou o mês de abril acabei perdendo o emprego e isso me
afetou muito, inclusive cheguei até a perder o sono, ficando 50 dias sem
dormir. Foi então que minhas sobrinhas Ana Carolina e Amanda me indicaram
um médico, o Dr. Luis Piccoli. Sendo assim, comecei a ir às consultas, mas
num breve período me vi apaixonada por ele e um certo dia pirei e falei a ele
que não poderia mais ir às consultas. Ele quis saber qual era a razão e então
respondi: “Acho que me apaixonei por você”, mas não sabia nem como olhar
nos olhos dele de tanta timidez que eu sentia. Nessa hora ele olhou para mim e
disse-me que isso era um motivo torpe e naquele momento eu não sabia o que
fazer, então saí à francesa e procurei o Dr. Luis, outro médico renomado e
querido, mas depois acabei retornando ao consultório do Dr. Luis Piccoli e
estou com ele até hoje. Felizmente agora estou muito bem, pois estou
melhorando a cada dia e meu diagnóstico felizmente não é esquizofrenia.
Atualmente tenho também meu novo projeto para este ano de 2018, que
já coloquei em execução desde que iniciei um curso de gastronomia na
segunda semana de agosto e espero ter sucesso total, pois gosto de cozinhar
e também de estar entre pessoas interessantes e inteligentes. Quanto ao amor,
tão logo seja possível, espero encontrar meu prince para que eu possa
mergulhar num oceano de amor sincero, delicioso e muito próspero .