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O que não era bem verdade, já que na hora do parto, quando abriram a barriga da
minha mãe saiu um monte de líquido e ocorreu o seguinte diálogo:
Obstetra: Shiu!
A primeira mudança que eu vivi foi no auge dos meus dez dias vida, mudei de casa pela
primeira vez.
Pouco depois que eu nasci nós adotamos nossa cachorra, a Pietra, uma boxer linda
(importante frisar que a gente já tinha uma cachorrinha, a Sara, que chegou na família
bemmmmm antes de mim). A gente viajou até Curitiba pra pegar a Pietra, ela era filhote do
cachorro de um casal de amigos dos meus pais.
Alguns acidentes aconteceram nessa época. Com cerca de um ano eu caí do carrinho e
quebrei o dente (eu estava fazendo graça para alguém, DE PÉ no carrinho) e no final de 2007
eu luxei o joelho brincando em uma cama elástica
Ah, e eu mudei de casa, de novo (pouquíssimo antes de me mudar pra Itá, inclusive)
Provavelmente a melhor época da minha vida. Nos 4 anos que eu morei em Itá eu vivi a
melhor infância que qualquer criança poderia querer.
Logo que nos mudamos, fomos morar em uma casa ao lado de um casal (Jonas e
Ediele) que tinha uma bebê, eu fiz amizade com essa criança e vivia pedindo pra brincar com
ela (sem um pingo de bom senso), graças a isso eles se tornaram bons amigos dos meus pais.
Eu aprendi a ler e escrever com 4 anos, dito isso, quando eu estava na creche eu lia
para meus colegas o que fazia com que eles acabassem chorando.
Nesse meio tempo eu acabei me mudando de casa, e fui morar em um bairro em que
fiz amizade com meninas mais velhas por causa da minha babá. Uma das melhores lembranças
que eu tenho dessa época era quando as meninas amarravam a coitada da Pietra no meu fusca
rosa (sim, ele ainda existia, capenga, mas existia) e saiam correndo na frente dela. Era incrível.
Nessa mesma época a Sara foi envenenada e faleceu.
Eu mudei de casa, de novo. Fui pra perto de um lugar que tinha aula de flauta, ballet e
aula de dança gaúcha. Eu fazia tudo isso, óbvio. Provavelmente as memórias mais engraçadas
que eu tenho dessa casa foi quando teve uma infestação de ratos porque meu pai tinha uma
caixa cheia de milho que ele usava pra pescar, quando a Pietra matou um lagarto, ou quando
eu disse que queria morar na casa lar (que era em frente a nossa casa) e quase matei minha
mãe de tristeza, em minha defesa, todas as minhas amizades eram crianças de lá.
Então eu mudei de casa, mais uma vez. Fui morar em uma casa muito incrível e
enorme. Algumas das memórias mais marcantes que eu tenho dessa casa é certamente a
morte/sumiço da minha calopsita maluca (provavelmente a Pietra comeu ela). E também me
lembro muito claramente de quando a Pietra teve filhotes e eu pegava eles pra fazer papinha
de ração amassada com água, a Pietra sempre foi MUITO dócil e nem ficava em cima de mim
vendo o que eu fazia com os filhotes, ela simplesmente confiava.
Nessa época simplesmente a coisa mais incrível do mundo aconteceu, eu ganhei meu
irmão, a melhor coisa que já aconteceu comigo, mas não aconteceu tudo perfeito desde o
início. Logo que meu irmão nasceu ele foi internado porque ninguém sabia que ele tinha
síndrome de down e eu fiquei um tempo (tempo de mais pra uma criança de seis anos) sem
entender porque meu irmão que eu tanto queria não estava na minha casa e porque ninguém
me explicava nada que estava acontecendo. Meus pais ficaram consideravelmente ausentes e
foi muita coisa pra minha cabeça administrar. Além da síndrome de down, meu irmão nasceu
com um pulmão só.
Por insistência da minha vó, que achava aquela casa fria de mais nós nos mudamos, pra
uma casa do lado da casa de um casal de idosos que deram muito suporte pra minha mãe, já
que meu pai foi demitido nessa época (usaram como justificativa o tempo que ele ficou
ausente pra se informar sobre a síndrome do Bruno e fazer exames nele). Uma das coisas sobre
essa época é que eu tenho muitas boas memórias, mas simplesmente não lembro as pessoas
que fazem parte delas, isso é uma das consequências de se mudar tanto. Eu brincava em uma
praça em frente a um hospital com um grupo de amigos e meio que a gente SEMPRE se
escondia atrás dos arbustos em frente ao hospital para ver quem estava chegando na
ambulância (isso foi determinante pra eu passar anos pensando que queria fazer faculdade de
medicina).
Lá tinha uma tirolesa, e eu meio que VIVIA descendo nela (e talvez humilhando adultos
medrosos).
E com certeza, o Thermas, um parque aquático que eu passei boa parte dos meus
verões frequentando.
Eu morei pouco tempo em Palhoça, tenho poucas memórias, mas muito marcantes.
Como fomos perto do fim do ano, a primeira memória que eu tenho são dos fogos de primeiro
de janeiro que eu e meus pais assistimos da casa que a gente morava.
Eu morava em um condomínio de casas, mas era super vazio, esse foi um dos motivos
da gente ficar pouco tempo em Palhoça. Nessa época papai viajava então a mamãe ficava
sozinha, e pelo condomínio ser meio desértico ela ficava com medo.
Além disso, minha escola ficava do outro lado da cidade, já que Palhoça é dividida por
uma br, então mamãe sempre tinha que atravessar a br para me buscar, nisso ela acabava se
atrasando as vezes por causa do trânsito e eu ficava tão apavorada que começava a ouvir
barulho de ambulância na minha cabeça.
Nas férias de inverno de 2013 eu vivi o maior dos meus traumas, eu fiquei na casa dos
meus avós paternos e minha mãe foi para minha avó materna. No dia que minha mãe ia me
buscar eu fui atacada pelo cachorro do meu avô, ele mordeu minhas coxas e em baixo da axila
esquerda. Isso me afeta até os dias de hoje, fico muito mal com latidos e rosnados, e em
janeiro do ano seguinte esse cachorro mordeu meu pai.