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Autores:

Ana Mafalda
Ana Teresa
Dalila
Daniel Silva
Dário Martins
Diana
Fábio Pereira
Filipa Calisto
Inês Domingues
Inês Martins
Joana Santos
Leonor
Marta Gaspar
Marta Silva
Mónica
Nuno Graça
Pedro Ferreira
Sónia Moreira
Vanessa Leonardo
Vanessa Sousa
Índice

Aula nº 1 – História e Impacto da Microbiologia


Aula nº 2 – Morfologia e estrutura das células bacterianas
Aula nº 3 – Elementos estruturais das células bacterianas (continuação)
Aula nº 4 – Nutrição Microbiana
Aula nº 5 – Crescimento Microbiano
Aula nº 6 -
Aula nº 7 -
Aula nº 8 -
Aula nº 9 -
Aula nº 10 -
Aula nº 11 -
Aula nº 12 -
Aula nº 13 -
Aula nº 14 -
Aula nº 15 –
Aula nº 16 -
Aula nº 17 -
Aula nº 18 -
Aula nº 19 -
Aula nº 20 –
Aula nº 21 –
Aula nº 22 -
Aula nº 23 -
AULA Nº 1 – História e Impacto da
Microbiologia
A Microbiologia tem sido frequentemente definida como o estudo de organismos e
agentes demasiado pequenos para serem vistos a olho nú, isto é, o estudo de
microorganismos; dado que objectos com menos de 1 mm de diâmetro não podem ser

Limite de
metros Visibilidade

1000 μm ou 1 mm
10-3 Visível
200 μm ou 0,2 mm
10-4 100 μm Algas
Protozoário
10-5 10 μm
Fungos
Microscópio
10-6 1 μm Bactérias Óptico
0,2 μm ou 200 nm
10-7 100 nm

10-8 10 nm Vírus
Microscópio
10-9 1 nm Electrónico
10-10 1Ǻ

Fig. 1.1 – a) Limites de tamanho dos vários tipos de microorganismos e


requisitos mínimos para os observar. b) Comparação de tamanho entre vários
tipos de microorganismos para mais fácil compreensão das suas diferenças de
tamanho.
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bem vistos e têm que ser examinados com um microscópio, à Microbiologia interessa
sobretudo organismos e agentes tão pequenos como isto, ou mais pequenos ainda,
conforme se mostra na Fig 1.1 a); na parte b) dessa figura mostra-se, para comparação
de tamanho, uma paramécia (um protozoário) com Escherichia coli (uma bactéria) no
seu interior. A paramécia tem um comprimento de 200 μm (= 0,2 mm), enquanto que a
Escherichia coli mede apenas 1,5 μm (= 0,0015 mm)! Se isto já é pequeno, então os
bacteriófagos e vírus são coisas mínimas, já só visíveis através de microscópios
electrónicos (estão na ordem dos nanómetros, em que 1 nm = 1x10-9 m = 1 x 10-6 mm =
0,000001 mm)!!!
Posto isto vejamos agora, de forma muito rápida e simples, os microorganismos
estudados pela microbiologia, em:

O Mundo Microbiano
O Mundo Microbiano é fundamentalmente constituído
por:
 Microorganismos eucariontes (5 a 200
μm)
 Algas: são microorganismos unicelulares
fotossintéticos que, em conjunto com as
cianobactérias produzem cerca de 75 % do
O2 no planeta, e são a base das cadeias Fig 1.2 – Exemplos de
alimentares aquáticas; a Fig 1.2 mostra algas:
Chlamidomonas sp.
exemplos destes microorganismos; Gymnodinium sp.
dinoflagelado

-3-
 Protozoários: são microorganismos unicelulares que geralmente
apresentam motilidade; muitos deles funcionam
como predadores do mundo microbiano,
porque obtêm nutrientes ingerindo matéria
orgânica e outros micróbios; são
encontrados em vários meios, e alguns
habitam os tractos digestivos de animais
onde ajudam na digestão de materiais
Fig. 1.3 – Paramécia
complexos, como a celulose; são poucos vista ao microscópio.
os que causam doenças em humanos e
outros animais; a Fig. 1.1 mostra uma
paramécia (que é um protozoário) em
esquema, e a Fig. 1.3 mostra uma vista ao
microscópio óptico. Fig. 1.4 – Exemplos de fungos:
 Fungos: um grupo mais diverso de Saccharomyces cerevisiae em
gemulação, ao microscópio
microorganismos que englobam formas electrónico
unicelulares (como as leveduras) e Um cogumelo
Ascomyota em reprodução
multicelulares (como os cogumelos); assexuada, visto ao microscópio
alguns fungos são usados em electrónico (x1,200)

fermentações (fabrico de pão e de cerveja


por exemplo) e produção de antibióticos, outros causam doenças em
plantas e animais); esemplos de fungos são dados na Fig 1.4.

 Microorganismos procariontes (0,4 a 20

μm)
 Algas azuis: outro nome para as
cianobactérias; estas bactérias são
especiais na medida que são capazes de
efectuar fotossíntese, contribuindo para
a produção de O2. Ver Fig. 1.5 para
alguns exemplares;
 Bactérias: são procariontes
unicelulares; a maior parte tem parede
Fig. 1.5 – Cianobactérias
representativas:
-4- Nostoc
Anabaéna spiroides e
Microcystis aeruginosa
celular que contém
peptidoglicano. São
abundantes em
variadíssimos ambientes
(ex.: solo, água, ar, interior Fig. 1.6 – Algumas bactérias (x 1000):
do nosso organismo, pele, Clostridium tetani
Streptococcus pneumoniae
…) e algumas vivem em
ambientes com condições extremas de temperatura, pH ou salinidade.
Umas causam doenças, outras são benéficas em muitos aspectos:
reciclam elementos da biosfera, degradam tecidos mortos, e produzem
vitaminas; os termos Eubactérias e Arqueobactérias diferenciam os
dois tipos principais de bactérias: Arqueobactérias distinguem-se de
Eubactérias em vários aspectos, nomeadamente nas suas sequências de
RNA ribossomal, não têm peptidoglicanos e têm lípidos de membrana
únicos; para além disso algumas Arqueobactérias geram gás metano e
muitas vivem em ambientes extremos. Ver Fig. 1.6.

 Vírus
São entidades acelulares que têm que invadir uma célula para se poderem replicar; são
os mais pequenos de todos os microorganismos, mas isso não os torna menos potentes
como agentes patogénicos; são basicamente constituídos por material genético (DNA ou
RNA) envolvido numa cápsula proteica (a cápside). Na Fig.1.7 são mostrados alguns
exemplos de vírus.
 Viróides
São agentes infecciosos que consistem apenas
em RNA
 Priões
Como os Viróides, são também agentes
infecciosos mas que consistem só em proteína.
Um exemplo de um Prião é o que causa a
doença de Creutzfeldt-Jakob (a variante humana
da “doeça das vacas loucas”), e o que causa a

Fig. 1.7 – Exemplos de Vírus:


Bacteriófagos (os vírus das bactérias)
-5- Rotavírus (x 48500)
Estrutura simplificada de um Vírus
própria BSE (Bovine Spongiform Encephalopathy – Encefalopatia Espongiforme
Bovina = “doença das vacas loucas”).
Agora que já se tem uma ideia dos microorganismos que fazem parte do Mundo
microbiano, debrucemo-nos um pouco sobre os…

Marcos Históricos da Microbiologia


A descoberta dos microorganismos
A primeira pessoa que publicou observações extensivas de microorganismos foi
Antony van Leeuwenhoek (1632 – 1723) que
passava muito do seu tempo livre a construir
microscópios compostos de 2 lentes convexas
seguras entre duas placas de prata. Estes
microscópios podiam aumentar cerca de 50 a
300 vezes, e ele poderá ter iluminado as suas
preparações colocando-as entre 2 pedaços de
vidro e a luz fazendo um ângulo de 45º em
relação ao plano da amostra. Isto cria uma
forma de microscopia em campo escuro, onde
os microorganismo aparecem claros sobre um
fundo escuro, e logo, mais facilmente
visíveis. Leeuwenhoek enviou as suas
descrições das suas observações à Royal
Society de Londres, onde é hoje claro que ele
observou bactérias e protozoários. Por mais
importantes que fossem as suas observações,
a Microbiologia permaneceu estagnada por
200 anos. Pouco progresso foi feito porque as
observações microscópicas não permitiam
colher informação para entender a Biologia
desses microorganismos, e eram também
precisas técnicas laboratoriais que
permitissem isolar microorganismos e pô-los
em cultura. Muitas destas técnicas foram
Fig. 1.8 – a) Antony van Leeuwenhoek
b) Réplica do microscópio usado por desenvolvidas enquanto os cientistas se
Leeuwenhoek e demonstração do seu
manuseamento
c) Desenhos de Leeuwenhoek das -6-
bactérias da boca Humana
debatiam com o conflito sobre a Teoria da Geração Espontânea. Esta teoria defendia
que os microorganismos podiam desenvolver-se a partir de matéria não-viva. A teoria
foi posta à prova por muitos cientistas, mas só Louis Pasteur (1822 – 1895) conseguiu
resolver a questão de uma vez por todas. Ele começou por filtrar ar através de algodão e
descobriu que objectos semelhantes a esporos de plantas tinham ficado no algodão. Se
um pedaço do algodão fosse colocado em meio estéril, com ar filtrado através dele,
havia crescimento de micróbios. A seguir ele preparou frascos com soluções nutritivas,
aqueceu os seus gargalos numa chama e conferiu-lhes várias formas curvas, mantendo-
os abertos para a atmosfera [Fig. 1.9 b)].
Pasteur depois ferveu as soluções por uns
minutos e deixou-as arrefecer. Não houve
crescimento (isto é, não houve geração
espontânea), mesmo estando os frascos
expostos ao ar. Pasteur concluiu que não
houve crescimento porque o pó e os germes
tinham ficado encurralados nas paredes dos
Fig. 1.9 – a) Louis Pasteur a
gargalos curvos. Se os gargalos fossem
trabalhar no seu laboratório.
b) A experiência da Geração partidos, o crescimento começava de imediato.
Espontânea (ver texto)
Pasteur não só resolveu a questão da
controvérsia, como também mostrou como manter as soluções estéreis. As experiências
de Pasteur deram lugar à Era Dourada da Microbiologia (Golden Age of
Microbiology). Em 60 anos (1857-1914), foram descobertos micróbios que causavam
doenças, grandes avaços na compreensão do metabolismo microbiano fora alcançados e
técnicas de isolamento e caracterização de micróbios foram melhoradas. O papel da
imunidade na prevenção de doenças e controlo dos micróbios também foi identificado,
vacinas foram desenvolvidas e técnicas de prevenção contra infecções cirúrgicas foram
introduzidas.

O reconhecimento do papel dos microorganismos com agentes


etiológicos (= causadores) de doenças
Grande parte da Humanidade acreditava que as doenças eram devidas a forças
sobrenaturais, vapores venenosos (miasmas) e desequilíbrios entre os 4 humores que se

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pensava estarem presentes no corpo. A teoria dos humores sempre tinha sido bem aceite
desde o tempo do médico grego Galeno (129 – 199).
Só no século XIX é que apoios para a ideia de que os microorganismos eram causas de
doenças, se começaram a acumular. Alguns exemplos são o de Agostino Bassi (1773 –
1856) que demonstrou que um microorganismo podia causar uma doença quando em
1835 ele concluiu que uma doença dos bichos da seda era devida a um fungo; o próprio
Louis Pasteur descobriu a pedido do governo Francês que outra doença dos bichos da
seda (que estava a arruinar a indústria da seda) era devida a um protozoário. Provas
indirectas vieram do
cirurgião inglês Joseph Lister
(1827 – 1912) na prevenção
de infecções. Lister
desenvolveu um sistema de
cirurgia anti-séptica feito
para prevenir a entrada de
micróbios em ferimentos: os
instrumentos eram
esterilizados e fenol era
Fig. 1.10 – Pioneiros das práticas de assepsia. Aqui vê-se
aplicado a pensos cirúrgicos e um cirurgião a pulverizar a área com um anti-séptico.
por vezes era aplicado na área de cirurgia. O sistema revolucionou a cirurgia e deu
provas fortes para o papel dos microorganismos em doenças porque o fenol (que mata
bactérias) também prevenia infecções nos ferimentos. Apesar disto a primeira
demonstração directa do papel de bactérias em
doenças veio dos estudos de antrax pelo médico
alemão Robert Koch (1843 – 1910). Koch usou os
critérios propostos pelo seu antigo professor,
Jacob Henle (1809 – 1885) para estabelecer a
relação entre o Bacillus anthracis e o antrax,
tendo publicado as suas descobertas em 1876. Os
seus postulados só foram delineados por inteiro
após o seu trabalho na causa da tuberculose. Ele
Fig. 1.11 – Robert Koch, a demonstrou que a tuberculose era causada por um
examinar uma amostra no seu
bacilo, Mycobacterium tuberculosis (também
laboratório.
conhecido por bacilo de koch), e recebeu o

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prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina em 1905. Os postulados de Koch tornaram-se
no pilar de suporte no relacionamento de micróbios com doenças. São eles:
1) O microorganismo tem que estar presente em todos os casos da doença mas
ausente em organismos sãos;
2) O microorganismo tem que ser isolado e crescido em cultura pura;
3) A mesma doença tem que resultar quando o microorganismo é inoculado num
hospedeiro são;
4) O mesmo microorganismo tem que ser isolado de novo do hospedeiro doente ou
morto.
Por vezes, os Tabela 1.1 – Doenças e seus agentes etiológicos descobertos no séc
XIX.
postulados não são
Doença Agente Investigador Data
exequíveis, como
Antrax Bacillus anthracis Koch 1876
acontece com o caso
Neisseria
da lepra: Gonorreia Neisser 1879
gonorrhoeae
Mycobecterium Febre Tifóide Salmonella typhi Gaffky 1884
leprae não pode ser Malária Pasmodium spp. Laveran 1880
isolado em cultura Mycobecterium
Tuberculose Koch 1882
pura. tuberculosis
Corynebacterium Klebs e
Muitas outras Difteria 1883-1884
diphtheriae Loeffler
doenças foram Streptococcus
Pneumonia Fraenkel 1886
relacionadas com os pneumoniae
seus agentes Tosse Bordet e
Bordetella pertussis 1906
Convulsa Gengou
infecciosos no séc.
XIX, como exemplifica a tabela 1.1. Para
além disto, também se desenvolveram
instrumentos e meios para efectuar isolamento
e cultura de microorganismos. A
implementação do agar por Fannie Eilshemius
Hesse como agente solidificador e a produção
das caixas de Petri por Richard Petri são os
exmplos mais marcantes.
Patogenes virais também foram estudados
neste tempo. A descoberta dos vírus e o seu Fig. 1.12 – a) doença do mosaico do
tabaco;
papel na doença tornou-se possível pela b) representação esquemática do
vírus do mosaico do tabaco (a
amarelo a cápside, e a vermelho o
-9- RNA). O diâmetro da cápside é de 20
nm.
c) O aspecto do vírus ao microscópio
construção de um filtro de porcelana, feito por Charles Chamberland, em 1884. O filtro
foi usado para estudar a doença do mosaico do tabaco, por Dimitri Ivanowski e
Martinus Beijerinck, de onde se descobriu que os extractos da planta, mesmo sendo
filtrados, eram infecciosos. Dado que o agente passava por filtros designados para reter
bactérias, o agente tinha que ser ainda mais pequeno do que uma bactéria. Beijerinck
propôs que o agente fosse um “vírus filtrável”, e, eventualmente, mostrou-se que os
vírus eram agentes infecciosos acelulares minúsculos.

O nascimento da imunologia
O reconhecimento dos microorganismos como agentes causadores de doenças abriu
portas ao progresso na determinação de como os animais resistem a doenças e no
desenvolvimento de técnicas que protegessem humanose gado dos microorganismos. Os
primeiros avanços foram conseguidos por Edward Jenner que demonstrou que a
imunidade contra a varíola pode ser conferida por inoculação de amostras retiradas de
pústulas de vacas infectadas (1798). Mais tarde, Pasteur e Roux descobrem que
incubando microorganismos por longos intervalos de forma sucessiva fazia com que
eles perdessem a sua patogenicidade; com isto ganharam terreno no combate à cólera da
galinha, injectando as galinhas com estas culturas
atenuadas, às quais Pasteur chamou de vacina (do Latim
vacca, vaca) em honra a Jenner. Pouco depois, Pasteur e
Chamberland desenvolvem a vacina do antrax tratando
culturas com bicromato de sódio ou incubando-as a 42-
43ºC. Depois foi a vez da vacina da raiva, desenvolvida
por um método diferente: o patogene era atenuado
Fig. 1.13 – Elie
fazendo-o crescer num hospedeiro anormal, o coelho. Foi Metchnikoff a trabalhar
com esta vacina que Pasteur tratou um rapaz de 9 anos, no seu laboratório
Joseph Meister. Como forma de agradecimento pelo desenvolvimento de vacinas,
pessoas de todo o mundo contribuíram para a construção do Instituto Pasteur em Paris.
Paul Erlich e Shibasaburo Kitasato descobrem que a injecção da toxina diftérica
inactivada, em coelhos, leva à produção de uma antitoxina, uma substância no sangue
que neutralizava a toxina e protegia da doença (essas antitoxinas são o que se conhece
hoje em dia com anticorpos). Elie Metchnikoff descobre depois a fagocitose dos
microorganismos pelos glóbulos brancos em 1884.

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Marcos históricos do desenvolvimento dos agentes quimioterápicos
Todos os acontecimentos potenciaram o desenvolvimento de agentes químicos que
pudessem ser usados em terapia. Embora algumas das descobertas tenham sido
acidentais, alguns exemplos são dados aqui:
• 1900: Paul Erlich tratou uma forma de tripanosomiase no rato utilizando o
corante vermelho de trypan; utilizou derivados arseniacais no tratamento da
Sífilis;
• 1929: Alexander Fleming descobre a penicilina;
• 1935: Domagk trata uma infecção estreptocócica com um derivado da
sulfamida;
• 1940: Chain consegue produzir penicilina de forma estável;
• 1944: Waksman descobre a estreptomicina – Streptomyces griseus.

O Impacto da microbiologia
Citando o falecido cientista e escritor Steven Jay Gould, “nós vivemos na Era das
Bactérias”. Elas foram os primeiros organismos vivos no nosso planeta e vivem onde a
vida é possível. Mais, a biosfera depende da actividade delas e elas influenciam a
actividade humana de várias formas:
• Na alimentação: os microorganismos são usados no fabrico de pão, vinho,
queijos e iogurtes;
• Na Saúde: são causa de inúmeras doenças infecciosas;
• Na Agricultura: fazem a nitrificação dos solos por fixação do azoto atmosférico,
e algumas provocam doenças em plantas;
• No ambiente: estão directamente ligadas ao ciclo do carbono, do azoto e do
enxofre;
• Na indústria: são fonte de vitaminas, antibióticos, álcool, ácidos orgânicos,
esteróides, enzimas, aminoácidos, etc…
Devido a isto a Microbiologia é uma disciplina que tem múltiplos ramos que assentam
todos sobre aspectos básicos e aspectos aplicados. Os aspectos básicos preocupam-se
com a biologia dos microorganismos e incluem os ramos da Bacteriologia, Micologia,
Virologia, genética microbiana, bioquímica, fisiologia microbiana e estrutura

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microbiana. Os aspectos aplicados dizem respeito aos problemas práticos tais como
doenças, água e tratamento de águas residuais, conservas alimentares e produção de
alimentos, e uso de micróbios na indústria.

Que futuro tem a Microbiologia?


Existem muito boas perspectivas acerca do futuro da Microbiologia, principalmente
por duas razões: a primeira é que a Microbiologia tem uma missão muito mais clara do
que a que têm muitas outras disciplinas científicas; a segunda, é porque a Microbiologia
tem um enorme significado prático.
A Microbiologia Clínica e de Saúde Pública, bem como a Imunologia continuarão a
ser áreas de exploração intensa, pois várias doenças infecciosas (tanto novas como
velhas) estão mais uma vez a dispersarem-se e a ser destrutivas: novas pandemias como
a SARS (Síndrome Aguda Respiratória Severa), a Gripe das Aves, bem como outras
menos recentes, como sejam a SIDA, a malária, a Tuberculose, a Cólera, Hepatites B e
C e Gastroenterites são bons exemplos. Para além disto, há que ter em conta que muitos
agentes infecciosos estão a ganhar resistência aos métodos terapêuticos usados
(sobretudo contra os antibióticos). Microbiologistas também serão necessários para criar
novos medicamentos e vacinas, e para vários outros assuntos relacionados (por
exemplo, para estudar e aprofundar o conhecimento sobre as defesas do organismo, e
sobre como os patogenes interagem com as células do hospedeiro, ou ainda para se
saber aproveitar as relações simbióticas ímpares entre os microorganismos e o Homem,
de modo a que se possam traçar estratégias de vectorização de fármacos e de vacinas).
Mais: a Microbiologia Industrial e Ambiental também têm muitos desafios e
oportunidades: os microorganismos são cada vez mais importantes na indústria e no
controlo ambiental, e é necessário aprender a usá-los de novas formas: microorganismos
podem ser fonte de alimentos de alta qualidade, de enzimas para uso industrial, podem
ser usados para degradar poluentes e resíduos tóxicos, ou como vectores para tratar
doenças e aumentar a produtividade agrícola, para além da contínua necessidade de
proteger as colheitas de danos microbianos.
Há uma área que também precisa de maior pesquisa: a Diversidade Microbiana.
Estima-se que menos de 1% dos micróbios da Terra tenham sido cultivados, de modo
que conseguir cultivar os micróbios que ainda não foram postos em cultura vai ser área
de mais esforços. Também há muito que fazer em relação a microorganismos que vivem

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em ambientes extremos. Por último, a microbiologia defronta-se com uma nova ameaça,
que não é menos importante: o Bioterrorismo (recordem-se os ataques de Bioterrorismo
com Antrax em Nova York, Washington e na Florida, em 2001 – lembram-se dos
envelopes com pó?).

Esta foi uma vista muito generalizada sobre a Microbiologia, na


medida em que se discutiram assuntos muito variados, que dizem
respeito aos vários ramos desta disciplina. A presente sebenta é de
Bacteriologia, e as próximas aulas passarão a ser exclusivamente
dedicadas a esse ramo.

Bibliografia usada para a aula nº 1:


Slides das Teóricas
Prescott, Harley, and Klein’s MICROBIOLOGY, de Joanne M. Willey, Linda M.
Sherwood e Christopher J. Woolverton, Edição Internacional – 7ª edição, McGrawHill,
Cap. 1

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