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Dengue, Zika

e Chikungunya
DOENÇAS
INFECTO-CONTAGIOSAS
NO BRASIL
Caso 1
Carolina, 23 anos, previamente hígida, procura Unidade de Saúde no município de Alto Paraíso
de Goiás com queixa de febre alta de início há 2 dias, “dor em todo o corpo”, cefaléia e dor
forte atrás dos olhos.

Diz que pegou muita chuva na noite anterior e por isso está com uma "gripe forte", quer
atestado pois não sente-se disposta a ir trabalhar.

Dois dias depois, Carolina retorna com um exantema não pruriginoso em face, tronco e
membros. Diz que está sem febre desde a noite anterior, porém continua sentindo grande
cansaço e indisposição, além de náuseas. Quer outro analgésico “mais forte”, pois acha que o
Ibuprofeno “não deve estar funcionando”.
Nega outros sintomas.
Caso 1
1 - Qual é sua hipótese diagnóstica?

2 - O que fazer durante a consulta?

3 - Qual sua conduta?

4 - Que orientações você daria?

5 - Como será o seguimento?


Caso 1
1. Dengue
2. Investigar sinais de alarme
Realizar prova do laço
3. Analgésicos + Hidratação
4. Orientar uso de repelente e mosquiteiro
Cuidados domiciliares
Orientar sinais de alarme
5. Hemograma (a critério médico)
Retorno em 48 horas
DENGUE
Introdução

• O Brasil adota, desde 2002, o protocolo de condutas que valorizam a


abordagem clínico-evolutiva, baseado no reconhecimento de elementos
clínico-laboratoriais e de condições associadas, que podem ser
indicativos de gravidade, com o objetivo de orientar a conduta
terapêutica adequada a cada situação e evitar o óbito.
Fonte: Dengue : diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica
de Gestão. – 4. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
Introdução
• A letalidade pela dengue permanece elevada no Brasil e o principal motivo é o
não seguimento dos protocolos:

• Estudo realizado por Figueiro AC et al. (2011), a pedido do Ministério da Saúde


(MS), analisou o grau de implantação das ações e serviços de saúde, assim
como a qualidade técnico-científica da assistência aos pacientes que foram a
óbito por dengue na rede pública em dois municípios do nordeste brasileiro.
Fonte: Dengue : diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica de Gestão. – 4. ed. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2013.
Introdução
• Os autores concluíram: “o que parece influenciar diretamente a ocorrência do
óbito é o manejo clínico dos casos. Verificou-se que a assistência aos pacientes
não alcançou o nível de adequação esperada em nenhum dos serviços avaliados
e que as recomendações do Ministério da Saúde não estão sendo seguidas”.

• Neste estudo verificou-se que: os sinais de alarme e choque para dengue não
são pesquisados rotineiramente; os profissionais não têm utilizado o
estadiamento clínico preconizado pelo MS.

Fonte: Dengue : diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica
de Gestão. – 4. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
Mapa probabilístico - Dengue

Fonte: Instituto Osvaldo Cruz


Dengue

• Principal Arbovirose do mundo


• Importante problema de saúde pública no Brasil
• Quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4
• Apresentação variável: de febre indiferenciada até formas clínicas mais
graves (choque)
• Aedes Aegypti como vetor
• Período de incubação: 4 a 10 dias
.
Dengue no Brasil - epidemiologia

• Em 2015:
- 1.566.510 casos prováveis
- 63% no sudeste
- 18% no nordeste
- 2% no sul
- Em 2016: DEN-1 (93,7%)
DEN-4 (5,2%)
- 1.483.623 casos DEN-2 (0,7%)
prováveis DEN-3 (0,4%)
• Em 2017:
• 251.711 casos prováveis
Fonte: Boletim Epidemiológico. Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde Volume 49 | Mar. 2018
Casos prováveis de dengue, por semana epidemiológica de início de
sintomas, Brasil, 2016, 2017 e 2018

Casos prováveis de dengue, por semana epidemiológica de início de


sintomas, Brasil, 2016, 2017 e 2018
Dengue – caso suspeito

 Pessoa que viva em área onde se registram casos de dengue, ou que tenha viajado
nos últimos 14 dias para área com transmissão de dengue (ou presença de A.
aegypti)

 Febre de 2 a 7 dias associado a duas ou mais das seguintes manifestações:


• náusea, vômitos
• exantema
• mialgias, artralgia
• cefaléia, dor retro-orbital
• petéquias
• prova do laço positiva
• leucopenia
Dengue – caso suspeito
Dengue – caso confirmado

 É todo caso suspeito de dengue confirmado laboratorialmente: sorologia


IgM (amostra coletada após o 6° dia), pesquisa de antígeno NS1 teste
rápido ou ELISA, isolamento viral, RT-PCR (amostra coletada até o 5° dia),
imuno-histoquímica;

 No curso de uma epidemia, a confirmação pode ser feita por meio de


critério clínico-epidemiológico, exceto nos primeiros casos da área, que
deverão ter confirmação laboratorial.
Dengue – prova do laço

• Na fase inicial da doença pode ser


difícil diferenciá-la de outras
doenças febris

• A prova do laço positiva aumenta a


probabilidade de ser dengue (não é
específica)

• Deve ser realizada de rotina como


um dos elementos da triagem para
dengue
Dengue – prova do laço

 Desenhar um quadrado de 2,5 cm de lado no antebraço


da pessoa e verificar a PA
 Calcular o valor médio (PAS+PAD/2)
 Insuflar novamente o manguito até o valor médio e
manter por cinco minutos (em crianças, 3 minutos) ou
até o aparecimento de petéquias
 Contar o número de petéquias no quadrado
 A prova será positiva se houver mais de 20 petéquias
em adultos e mais de 10 petéquias em crianças.
Dengue – sinais de alerta

• Podem surgir entre 3 e 7 dias do início do quadro, na fase de defervescência, e indicam


evolução desfavorável:
• Dor abdominal intensa e contínua, ou dor à palpação do abdome;
• Vômitos persistentes;
• Acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico);
• Sangramento de mucosa ou hemorragias importantes (hematêmese e/ou melena);
• Hipotensão postural e/ou lipotímia;
• Hepatomegalia dolorosa maior do que 2cm;
• Aumento progressivo do hematócrito;
• Queda abrupta de plaquetas;
• Desconforto respiratório;
• Sonolência ou irritabilidade progressiva.
Fonte: Opas. Adaptado da publicação: Dengue – Guías de Atención para Enfermos en la Región de las
Américas. La Paz, Bolívia, 2010.
Dengue
Grupo A
• Hidratação Oral

- Adultos: 80mL/Kg/dia 1/3: SRO 2/3: líquidos caseiros no


restante do dia

• - Crianças: SRO frequente (1/3 nas primeiras 4 – 6 h) +


líquidos caseiros*:
• * < 2 anos 50-100mL em cada tomada
• * > 2 anos 100-200mL em cada tomada

• Retorno no 3° ao 6° dia ou antes se aparecimento de


sinais de alerta
Condições Clínicas especiais
Risco social ou comorbidades:
 Lactentes (menores de 2 anos)
 Gestantes
 Adultos com idade acima de 65 anos
 HAS ou outras doenças cardiovasculares graves
 DM
 DPOC
 Doenças hematológicas crônicas (principalmente
anemia falciforme e púrpuras),
 DRC
 Doença ácido péptica,
 Hepatopatias
 Doenças autoimunes
Grupo B
 Sangramento de pele ou condições especiais
 Htc aumentado em mais de 10% ou
- Crianças > 38%
- Mulheres > 44%
- Homens > 50%
 Coletar hemograma
 Prescrever analgesia (dipirona ou paracetamol – evitar AINES)
 Hidratação oral (SRO)
- Adultos:60ml/Kg/dia e Crianças 50-100mL/Kg: sendo 1/3 em 4-6 h
 Se resultado de hematócrito normal: alta para seguimento
ambulatorial, hematócrito e reavaliação diária, até 48 h após fim da
febre ou antes se sinal de alarme
Avaliação hemodinâmica

Avaliação hemodinâmica

Fonte: Opas. Dengue – Guías de Atención para Enfermos en la Región de las Américas.
La Paz, Bolívia, 2010.
Grupos C e D

 Tratamento hospitalar

 Encaminhar para urgência


Dengue - critérios de internação hospitalar

• Presença de sinais de alerta


• Recusa de ingerir alimentos e líquidos
• Plaquetas < 20.000/mm3, independente de
manifestações hemorrágicas
• Impossibilidade de seguimento ou retorno
à Unidade de Saúde
Sintomáticos
• Analgésicos

• • Dipirona sódica

• ≫ Adultos: 20 gotas ou 1 comprimido (500 mg) ate de 6/6 horas.

• ≫ Crianças: 10 mg/kg/dose ate de 6/6 horas (respeitar dose máxima para peso e idade;

• ■ Gotas: 500 mg/ml (1 ml = 20 gotas);

• ■ Solução oral: 50 mg/ml;

• ■ Supositório pediátrico: 300 mg por unidade;

• ■ Solução injetável: 500 mg/ml;

• ■ Comprimidos: 500 mg por unidade.

Fonte: Dengue : diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica
de Gestão. – 4. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
Sintomáticos
• Paracetamol

• ≫ Adultos: 40-55 gotas ou 1 comprimido (500 a 750 mg) ate de 6/6 horas.

• ≫ Crianças: 10 mg/kg/dose ate de seis em seis horas (respeitar dose máxima para
peso e idade):

• ■ Gotas: 200 mg/ml (1 ml = 20 gotas);

• ■ Comprimidos: 500 e 750 mg por unidade;

• Dose máxima: não utilizar doses maiores que a recomendada acima.


Fonte: Dengue : diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica de Gestão. – 4. ed. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2013.
Sintomáticos

• O uso destas drogas sintomáticas é recomendado para pacientes


com febre elevada ou com dor.

• Deve ser evitada a via intramuscular.


Fonte: Dengue : diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica
de Gestão. – 4. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
ATENÇÃO!

• Os salicilatos, como o AAS, são contraindicados e não devem ser


administrados, pois podem causar ou agravar sangramentos.

• Os antiinflamatórios não-hormonais (Cetoprofeno, Ibuprofeno,


Diclofenaco, Nimesulida e outros) e as drogas com potencial
hemorrágico não devem ser utilizados.
Fonte: Dengue : diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica
de Gestão. – 4. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
Controle de vetores

• O controle vetorial pode ser dividido


principalmente em:
• Controle Biológico;
• Mecânico ou Ambiental;
• Químico.
• Fonte: http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/controle-de-vetores
Dengue – controle do vetor
• Atividades de educação em saúde e mobilização social
• Divulgação de informações sobre medidas de prevenção
• Agentes Comunitários de Saúde, Agentes de Endemia,
equipe e comunidade
Dengue – controle do vetor
Notificação

• Todo caso suspeito de dengue deve ser notificado à


Vigilância Epidemiológica, sendo imediata a notificação das
formas graves da doença.
Fonte: Dengue : diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica
de Gestão. – 4. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
Chikungunya
Introdução

• Doença viral - Mosquitos infectados;

• Arbovirose;

• Vírus Chikungunya (CHIKV);

• Sintomas semelhantes à DENGUE;

• Proximidade dos locais de reprodução do mosquito para a habitação humana é um fator de


risco significativo para chikungunya;

• Proporções epidêmicas;
Introdução

• O vírus é transmitido de humano para humano pela picada de


fêmeas de mosquitos infectados;
• Aedes aegypti e Aedes albopictus;
• Depois da picada de um mosquito infectado, o início da doença
ocorre geralmente entre 4 e 8 dias, mas pode variar de dois a 12
dias.
Introdução

• Descrita pela primeira vez durante um surto no sul da Tanzânia em


1952;

• É um vírus RNA que pertence ao gênero Alphavirus da família


Togaviridae;

• O nome chikungunya deriva de uma palavra na língua Kimakonde,


que significa “tornar-se contorcido” ou do Banto, “homem que se
dobra”.
Introdução

• 1999-2000 - República Democrática do Congo, e em 2007 houve um surto no Gabão.

• 2005 - a Índia, Indonésia, Tailândia, Maldivas e Mianmar têm relatado mais de 1,9 milhões de casos.

• 2007 - foi relatado pela primeira vez na Europa

• Dezembro de 2013 - a França - ilha caribenha de St Martin.

• Chikungunya autóctone das Américas:


• 06 de março de 2014, houve mais de 8.000 casos suspeitos na região

• Brasil – setembro de 2014 – primeiros 2 casos autóctones (Oiapoque – AP)


• Residente ou visitante de áreas epidêmicas até 2 semanas antes do
início dos sintomas, ou com vínculo epidemiológico com caso
confirmado, apresentando:

• Febre de início súbito > 38,5°C


•+
• Artralgia ou Artrite intensa de início agudo
• não explicada por outras condições
Fonte: Febre de chikungunya: manejo clínico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção Básica. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2015
Alterações laboratoriais

• As alterações laboratoriais de chikungunya, durante a fase aguda, são


inespecíficas:
• Leucopenia com linfopenia menor que 1.000 cels/mm3 é a observação mais frequente.

• A trombocitopenia inferior a 100.000 cels/mm3 é rara.

• A velocidade de hemossedimentação e a Proteína C-Reativa encontram-se geralmente


elevadas, podendo permanecer elevadas por algumas semanas.

• Outras: elevação discreta das enzimas hepáticas, creatinina e creatinofosfoquinase (CPK).


Fonte: Febre de chikungunya: manejo clínico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção Básica. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2015
Chikungunya

Fonte: Febre de chikungunya: manejo clínico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção Básica. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2015
Chikungunya
Escala visual de dor

 Investigar dor neuropática se EVA ≥ 4

 30% dos pacientes podem apresentar dor neuropática que


não respondem à analgésico comum
TRATAMENTO

• Analgésico comum (paracetamol, dipirona)


• Codeína
• Tramadol
• Compressas frias como medida analgésica nas
articulações acometidas de 4 em 4 horas por
20 minutos.
• Corticóide: Não utilizar anti-inflamatório e
corticóide na fase aguda
Diagnóstico Diferencial com outras doenças

 Doenças febris agudas associadas a artralgia;


 Malária;
 Leptospirose;
 Febre reumática;
 Artrite séptica.
Fonte: Febre de chikungunya: manejo clínico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção Básica. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2015
ATESTADO MÉDICO

• Atestado médico: mínimo 10 dias

• Orientar analgesia e repouso

• Existem evidências de que o repouso é fator


protetor para evitar evolução para fase subaguda
Fonte: Guia de Vigilância Epidemiológica. Brasil, 2016. Ministério da Saúde, SVS.
Gestantes

• Não relacionada a efeito teratogênico


• 49% de risco de transmissão vertical no intraparto
• Não é transmitido por aleitamento materno
Fonte: Febre de chikungunya: manejo clínico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção Básica. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2015
Prevenção e controle

 Controle do Vetor
 Proteção cutânea – uso de repelentes, mangas compridas e calças
compridas, telas
 Viajantes para áreas de risco
Zika
Introdução
• Vírus Zika (ZIKV)
• ZIKV isolado pela primeira vez a partir de um macaco Rhesus em 1947, na floresta Zika de
Uganda.
• A primeira infecção humana foi relatada na Nigéria em 1954.
• A febre do Zika é considerada doença emergente desde 2007, mas poucos casos tinham
sido relatados desde então.
• À partir de outubro de 2013, ocorreu uma grande epidemia de ZIKV na Polinésia Francesa
e os primeiros casos autóctones na Nova Caledônia, em 2014.
Fonte: LOOS, S et al. Current Zika virus epidemiology and recent epidemics. Médecine et maladies infectieuses. 44 (2014) 302–307;
Introdução

• 2014 - A circulação do vírus Zika foi detectada no continente


Americano, no Chile, confirmaram o primeiro caso de
transmissão indígena do vírus na Ilha de Easter;
• 2015 – Os casos de infecção pelo vírus Zika foram
confirmados no México, Paraguai, Guatemala, El Salvador,
Colômbia, Panamá, Honduras, Ilha de Santiago, Cabo Verde e
na Venezuela.
• Fonte: http://www.who.int/ csr/don/en
Unidades da Federação com confirmação laboratorial de Zika
vírus. Brasil, 2016.

Fonte: Coordenação-Geral do Programa Nacional de Controle da Dengue (CGPNCD/DEVIT/SVS)..


Aumento significativo dos casos de Microcefalia no Brasil, em
Dezembro de 2015.
Epidemiologia

• 2016 foram registrados 216.207 casos prováveis de febre pelo vírus Zika;
• Foram confirmados laboratorialmente 8 óbitos por vírus Zika – no Rio de Janeiro (4), no Espírito
Santo (2), no Maranhão (1) e na Paraíba (1);
• 2017, até a SE 35, foram registrados 15.586 casos prováveis de febre pelo vírus Zika;
• Taxa de incidência de 7,6 casos/100 mil hab.; destes, 6.679 (42,9%) foram confirmados;
• Regiões Centro-Oeste e Norte apresentam as maiores taxas de incidência: 35,9 casos/100 mil hab.
e 13,9 casos/100 mil hab.;
• Entre as UFs, destacam-se Tocantins (62,0 casos/100 mil hab.), Mato Grosso (59,4 casos/100 mil
hab.) e Goiás (53,3 casos/100 mil hab.);
• Em relação às gestantes, foram registrados 2.105 casos prováveis, sendo 728 confirmados por
critério clínico-epidemiológico ou laboratorial.

Fonte: Boletim Epidemiológico. Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde. Volume 48 N° 29 - 2017
Zika Vírus x microcefalia

Fonte: Divulgação. Site do Ministério da Saúde. Brasil, outubro 2016.


ZIKA – caso suspeito

Pacientes com exantema maculopapular pruriginoso


associado a dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas:

• Febre
• Hiperemia conjuntival sem
secreção ou prurido
• Poliartralgia
• Edema periarticular
Transmissão
• Picada do mosquito Aedes sp.
• O vírus Zika pode ser encontrado em fluidos biológicos:
 leite materno
 urina
 sêmen
 Saliva
 Sangue (transmissão por transfusão)

• Até o momento, nenhum estudo conseguiu demonstrar que o vírus é capaz de se


replicar no leite materno, o que sugere que há partículas do vírus no leite, mas
não vírus viável para contaminação.
Zika: Abordagem Clínica na Atenção Básica, 2016
ZIKA – apresentação clínica e manejo

• Os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3-


7 dias

• Evolução benigna

• Tratamento: sintomáticos
População de risco

• Gestantes nos primeiros três meses de gravidez (primeiro


trimestre), que é o momento em que o feto está sendo formado.
O risco parece existir também, porém em menor grau, quando a
virose é adquirida no 2º trimestre de gestação.

• À partir do 3º trimestre, o risco de microcefalia é baixo, pois o


feto já está completamente formado.
Zika: Abordagem Clínica na Atenção Básica, 2016
Zika na gestação

 Orientar medidas de proteção contra o mosquito e controle vetorial:


uso de repelentes, proteger partes expostas do corpo, usar barreiras
físicas para o mosquito, evitar horários e lugares com presença de
mosquito.

 Toda gestante deve procurar o atendimento médico em caso de


rash cutâneo/exantema.
Notificação

• Notificação compulsória: Todo caso


suspeito de Zika deve ser notificado.
Zika: Abordagem Clínica na Atenção Básica, 2016
Zika na gestação: conduta

• Gestante com doença exantemática aguda, excluídos outros


diagnósticos:
1) Notificação imediata (máximo 24 horas) de todos os casos
suspeitos de Zika em gestante: Secretaria Municipal de Saúde ou
Secretaria Estadual de Saúde
2) Coleta imediata de amostras de sangue e urina para investigação
3) Sintomáticos e orientações
O diagnóstico de Zika não altera a classificação de risco da gestação!
Porém a gestante deve ser encaminhada para acompanhamento em
centro de referência.
ZIKA – investigação laboratorial no Brasil

• Isolamento viral ou Detecção de RNA viral ZIKAV(PT-PCR)


coletar amostra de sangue até o 5º dia de início dos sintomas
Algoritmo conduta em casos suspeitos e tipos de exames solicitados.

Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolo de atenção à saúde e resposta à
ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika
Epidemiologia

Fonte: Ministério da Saúde


Distribuição geográfica das epizootias em primatas não humanos suspeitas de febre amarela notificadas à SVS/MS
até 9 de fevereiro de 2017, às 13h, com data de ocorrência a partir de 1 dezembro de 2016, por município do Local
Provável de Infecção (LPI) e classificação
Formas

• Febre amarela urbana (FAU)

• Febre amarela silvestre (FAS)

• Diferenciadas pela localização geográfica, espécie vetorial e tipo de hospedeiro.

Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. Ministério da Saúde. 2010.


Agente Etiológico

• Vírus amarílico
• Arbovírus Gênero Flavivírus e família Flaviviridae
• RNA vírus

Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. Ministério da Saúde. 2010.


Vetores, reservatórios e hospedeiros
• FAS: Principal vetor e reservatório: mosquito Haemagogus janthinomys

• Hospedeiro natural: macaco (primatas);

• Homem não vacinado: pode entrar no ciclo.

• FAU: Mosquito Aedes aegypti é o principal vetor e reservatório.

• Homem: único hospedeiro.

Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. Ministério da Saúde. 2010.


Modo de transmissão
• FAS: macaco infectado  mosquito silvestre  macaco sadio -- homem;
• FAU: homem infectado  mosquito Aedes aegypti  homem sadio
Período de incubação

• Varia de 3 – 6 dias após a picada do


mosquito fêmea infectado.

Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017
Período de transmissibilidade

• 24 a 48 horas antes do aparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias após


(período de viremia);

• No mosquito Aedes aegypti o período de incubação é de 9 a 12 dias e


então se mantém infectado por toda a vida.

Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. Ministério da Saúde. 2010.


Definição de caso humano suspeito

• Indivíduo com quadro febril agudo (até sete dias), de início súbito, acompanhado
de icterícia e/ou manifestações hemorrágicas, residente em (ou procedente de)
área de risco para febre amarela ou de locais com ocorrência de epizootia
confirmada em primatas não humanos (PNH) ou isolamento de vírus em
mosquitos vetores, nos últimos 15 dias, não vacinado contra febre amarela ou
com estado vacinal ignorado.

Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017
Introdução
• Doença febril aguda;

• Duração máxima de 12 dias;

• Quadro clínico de gravidade;

• Variável: formas leves até fatais;

• Evolução bifásica (infecção e intoxicação);


Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017 Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. Ministério da Saúde. 2010.
Quadro clínico
• Início abrupto;
• Febre alta e pulso lento (S. de Faget);
• Calafrios;
• Cefaleia intensa;
• Mialgias;
• Prostração;
• Náuseas e vômitos;
• Quadro com duração de cerca de três dias, após, observa-se remissão da febre e
melhora da sintomatologia que pode durar de horas até dois dias.
Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. Ministério da Saúde. 2010.
Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017
Quadro clínico

• Pode evoluir para a cura ou para a forma grave (período de intoxicação):


• Aumento da febre;
• Diarreia;
• Reaparecimento de vômitos (aspecto de borra de café);
• Insuficiência hepática e renal com suas consequências: sangramentos, oligúria,
azotemia, etc...
• Confusão mental  coma.
Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. Ministério da Saúde. 2010.
Diagnóstico

• Clínico, epidemiológico e laboratorial;

• Laboratorial: Isolamento do vírus (sangue ou fígado),


imunoflorescência ou sorologia;
• Alterações de enzimas hepáticas e provas de função renal;

Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. Ministério da Saúde. 2010.


Manifestações clínica e laboratoriais da FA
Abordagem inicial – caso suspeito
• Queixa atual e duração, para identificar caso suspeito;

• Para identificar sinais de gravidade questionar especificamente sobre a presença de hemorragias,


características da diurese (volume e cor), presença e frequência de vômitos;

• História pregressa, incluindo histórico vacinal para febre amarela e dados epidemiológicos que
possam indicar a necessidade de investigar diagnósticos diferenciais;

• Aferição de pressão arterial (PA), frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura e peso.

Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017
Abordagem inicial – caso suspeito

• Avaliação de estado geral.

• Exame físico completo com especial atenção para presença de icterícia, grau de
hidratação, perfusão periférica, características da pulsação, sinais de hemorragias,
avaliação do nível de consciência.

Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017
Abordagem inicial – caso suspeito

• Realização de exames laboratoriais inespecíficos:

 hemograma, transaminases (TGO e TGP), bilirrubinas, ureia e creatinina, provas


de coagulação, proteína urinária.

 Coleta de amostras para exames específicos e envio para laboratórios de


referência.

Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017
Tratamento

• Não há tratamento específico


• Sintomáticos
• Reposição de líquidos
• Repouso

Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. Ministério da Saúde. 2010.


Condutas

• A conduta após a avaliação inicial depende dos achados clínicos e laboratoriais.

• O acompanhamento ambulatorial pode ser feito para pacientes nas seguintes condições:

 Formas clínicas leves ou moderadas.

 Paciente em regular estado geral, hidratado ou com desidratação leve, sem vômitos, sem
história ou sinais de hemorragias, com nível de consciência normal.

• continua...
Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017
Condutas

• continuação...

 Exames laboratoriais normais ou com alterações discretas no hemograma (leucopenia, plaquetopenia


acima de 150.000, hemoconcentração <10% do valor de referência), transaminases menores que duas
vezes o limite superior da normalidade e bilirrubina menor que 1,5 vezes o limite superior da
normalidade, sem proteinúria, provas de coagulação normais.
 Possibilidade de voltar rapidamente ao serviço de saúde se houver piora do quadro.
 Presença de pessoas no domicílio que possam observar sinais de piora rapidamente.

Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017
Condutas – manejo ambulatorial

Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017
Condutas – manejo ambulatorial

Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017
Diagnóstico diferencial

• Formas leves e moderadas se confundem com outras viroses:


importante o vínculo epidemiológico.

• Formas graves: hepatites fulminantes, leptospirose, malária,


dengue hemorrágica e sepse.

Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. Ministério da Saúde. 2010.


Vigilância epidemiológica

• Notificação: Doença de notificação compulsória

Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017
Medidas de prevenção e controle da
infecção
• A vacinação é a principal medida de controle da
febre amarela, e durante a ocorrência de um surto
da doença, recomenda-se vacinação das pessoas
não vacinadas que residem ou vão se deslocar
para a área de risco.

Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2017
Esquema vacinal para febre amarela
Esquema vacinal para febre amarela
“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém
diz violentas as margens que o comprimem.” – Bertold Brecht
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