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Manual de Orientação Funcional


SUMÁRIO

DAS RECOMENDAÇÕES EM GERAL


ATENDIMENTO AO PÚBLICO
DO PROCESSO PENAL EM GERAL
DA FASE PRÉ-PROCESSUAL
CUIDADOS E DILIGÊNCIAS
ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL
DENÚNCIA
DA FASE PROCESSUAL
OBSERVAÇÕES GERAIS
CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI
SENTENÇA E RECURSOS
JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - SONEGAÇÃO FISCAL
EXECUÇÃO PENAL
CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL CIVIL E MILITAR
PROCESSO CIVIL EM GERAL
RECOMENDAÇÕES GENÉRICAS
FAMÍLIA E SUCESSÕES
REGISTROS PÚBLICOS
INCAPAZES E AUSENTES
MASSAS FALIDAS
MANDADO DE SEGURANÇA
AÇÃO POPULAR
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
FUNDAÇÕES
ACIDENTES DO TRABALHO
INFÂNCIA E JUVENTUDE
CONSUMIDOR
MEIO AMBIENTE E PATRIMÔNIO CULTURAL
PESSOA IDOSA E PORTADORA DE DEFICIÊNCIA
DIREITOS HUMANOS
ANEXOS – ATOS E RECOMENDAÇÕES

DAS RECOMENDAÇÕES EM GERAL

1. Assunção na Promotoria de Justiça - comunicações

Ao assumir o cargo de titular na Promotoria de Justiça, deve o membro do Ministério Público, mediante ofício, comunicar o
fato ao Juiz de Direito, Prefeito Municipal, Presidente da Câmara Municipal, Presidente da Subseção da Ordem dos
Advogados do Brasil, Delegado de Polícia, Comandante da unidade local da Polícia Militar e outras autoridades civis e
militares da comarca.

2. Endereço residencial

Comunicar, por ofício, no prazo de 30 dias, à Procuradoria-Geral de Justiça e à Corregedoria-Geral o seu endereço
residencial com o respectivo código postal, os números de telefones fixo e celular, e endereço eletrônico, se houver,
atualizando-os no mesmo prazo quando ocorrer alteração.
3. Conduta pessoal

Manter, pública e particularmente, conduta ilibada e compatível com o exercício do cargo, evitando relacionar-se ou exibir-
se em público na companhia de pessoas de notórios e desabonadores conceitos criminais ou sociais, bem como abster-se
de freqüentar locais mal-afamados, em prejuízo do respeito e do prestígio inerentes à Instituição.

4. Compra de direitos e bens - vedação

Ao representante do Ministério Público é vedado adquirir bens ou direitos de protagonis­tas de procedimentos em que
intervenha, a qualquer título.

5. Mudança do gabinete

O Ministério Público deve ser previamente ouvido em qualquer iniciativa de alteração do local do gabinete do Promotor de
Justiça no Fórum. Inexistindo solução de consenso, levar o assunto ao conhecimento da Procuradoria-Geral de Justiça,
mediante representação por escrito, instruída com os documentos que se façam necessários.

6. Uso de bens públicos

Ao membro do Ministério Público é vedado valer-se do cargo ou de seu local de trabalho visando obter vantagem de
qualquer natureza, para si ou para outrem, bem como usar, para fins particulares, papéis ou impressos oficiais do
Ministério Público e qualquer outro bem pertencente à Instituição.

7. Bens patrimoniais

Conservar os bens pertencentes à Instituição, usando-os exclusivamente nos serviços afetos às suas funções.

8. Material administrativo - transmissão ao sucessor

Conservar e transmitir ao seu sucessor, mediante recibo, sempre que possível, os materiais, mobiliário e equipamentos,
inclusive de informática e comunicação, pertencentes à Promotoria, usando‑os exclusivamente nos serviços afetos ao
cargo.

9. Trajes adequados

Trajar-se, no exercício de suas funções ou em razão delas, de forma compatível com a tradição, decoro e respeito
inerentes ao cargo.

10. Obrigações legais e contratuais

Adimplir rigorosamente suas obrigações legais ou contratuais de qualquer natureza.

11. Respeito e urbanidade

Zelar pelo respeito aos membros do Ministério Público, aos Magistrados, às demais autoridades e aos Advogados, bem
como tratar com urbanidade as partes, testemunhas, funcionários e o público em geral.

12. Horário de expediente

Comparecer diariamente à Promotoria de Justiça e nela permanecer durante o horário de expediente, salvo nos casos em
que tenha de participar de reuniões ou realizar diligências necessárias ao exercício de suas funções.
13. Recepção de expedientes

Receber, diariamente, o expediente que lhe for encaminhado durante o horário normal de serviço.

14. Organização do gabinete

Manter a organização, funcionalidade e discrição do seu gabinete de trabalho, compatíveis com a dignidade do cargo e
tradição da Justiça.

15. Utilização de impressos do Ministério Público

Utilizar-se, em seus trabalhos, exclusivamente de impressos e papéis-suporte confeccionados de acordo com os modelos
oficiais indicados pela Procuradoria-Geral de Justiça, não permitindo seu manuseio e utilização por pessoas estranhas ao
Ministério Público.
Sugere-se que, ao invés de imprimir determinadas cotas em papel já autuado, contíguas aos termos do Cartório criminal,
arriscando-se a danificá-lo na impressora, substitua-os por papel com timbre e identificação da Instituição, dando-lhe
visibilidade dentro do processo.

16. Atos, avisos e portarias

Cientificar-se dos atos, avisos e portarias dos órgãos da Administração Superior da Instituição, consultando, sempre que
possível, o Diário da Justiça do Estado, mantendo em arquivo aqueles de interesse da Promotoria de Justiça.

17. Pastas e livros

Organizar e manter atualizados os livros e pastas obrigatórios da Promotoria de Justiça.

18. Protocolo de documentos

Manter em arquivos próprios recibos ou protocolos de documentos ou procedimentos encaminhados a outros órgãos e
autoridades e o material de apoio técnico enviado pela Instituição ou por outros órgãos.

19. Cópias de trabalhos

Cuidar para que requisições, requerimentos, petições, ofícios e outros trabalhos sejam, quando necessário, feitos com
cópias, de todas constando protocolo ou recibo do destinatário, para, em seguida, serem arquivadas em pasta apropriada
na Promotoria.

20. Controle de feitos

Manter sistema de protocolo e de controle de tramitação de procedimentos em curso na Promotoria de Justiça.

21. Controle de inquéritos policiais

Exercer permanente controle de devolução de procedimentos policiais ou de requerimentos e petições, transmitindo-o ao


seu sucessor quando deixar o exercício do cargo.

22. Livro-carga

Manter atualizado o livro-carga do Ministério Público, exigindo que todos os feitos com vista ao órgão ministerial sejam
nele registrados, fiscalizando a respectiva baixa.

23. Identificação
Identificar-se e apor a assinatura em todos os trabalhos que executar, sendo vedado o uso de chancela.

24. Manifestações manuscritas

Evitar valer-se do lançamento manuscrito de cotas, ainda que de pequena expressão, utilizando-se, sempre que possível,
do texto produzido por intermédio dos editores e recursos eletrônicos de impressão, visando propiciar ao leitor perfeita
legibilidade do conteúdo, equilíbrio e riqueza estética ao trabalho e visibilidade à Instituição dentro do processo.

25. Atos e diligências

Participar de todos os atos e diligências que lhe competirem, bem como daqueles convenientes ao trabalho ou à
Instituição.

26. Vista dos autos - intimação pessoal

Não transigir com quaisquer medidas ou propostas que restrinjam ou anulem o direito do representante do Ministério
Público de ter vista dos autos em seu gabinete e de receber intimações pessoais. Quando o zelo e a presteza no exercício
das funções o recomendarem, o Promotor poderá deslocar‑se para receber vistas ou intimações.

27. Comunicação verbal de fato - providências

Ao receber comunicação verbal de fato que legitime a ação do Ministério Público, reduzi-la a termo, preferencialmente à
vista de testemunha, e dar-lhe o encaminhamento adequado (requerimento, petição ou ofício requisitório), para
instauração ou intervenção no competente procedimento.

28. Manifestações - cuidados a serem tomados

Mencionar, ao manifestar-se nos autos, a comarca, o número do processo e o nome da parte, para identificar o caso a que
se refere e, se necessário, a data em que o recebeu com vista.
Nos atos em que oficiar, fazer relatório, dar os fundamentos em que analisará as questões de fato e de direito e lançar o
seu pronunciamento com precisão, clareza e objetividade.
Obedecer rigorosamente, em seus pronunciamentos, os prazos legais e, em caso de excesso, justificá-lo nos próprios
autos.
Atentar para que as manifestações nos autos sejam feitas com rigor terminológico, de acordo com os princípios éticos e
ajustadas à seriedade e à harmonia que regulam o funcionamento da Justiça.
Substituir por cópia reprográfica os documentos obtidos através de fac-símile, antes de arquivá-los ou juntá-los aos autos.

29. Manifestações impessoais nos trabalhos

O Promotor de Justiça oficia, sempre, como agente da Instituição. Recomenda-se, pois, nas promoções, denúncias e
pronunciamentos em geral o uso da terceira pessoa do singular - o Ministério Público -, evitando-se a pessoalidade das
manifestações.

30. Justiça Pública - Ministério Público

Recomenda-se nas manifestações processuais de qualquer espécie o uso da denominação Ministério Público, evitando-se
a expressão Justiça Pública (a sociedade, a vítima, substituídas processuais), de arraigada praxe judiciária, requerendo
que nas futuras autuações assim se faça constar.

31. Retenção de dinheiro e valores

Evitar reter papéis, dinheiro ou qualquer outro bem que represente valor, confiados a sua guarda, promovendo sua
imediata destinação legal.
32. Procedimentos incidentes - autos apartados

Zelar para que procedimentos incidentais sejam processados em autos apartados, a fim de evitar tumulto no processo
principal.

33. Audiências - comparecimento

Comparecer sempre às audiências para as quais for intimado, à exceção de quando houver coin­cidência de horário ou de
data. Nessa hipótese, deve o Promotor de Justiça comunicar tempestivamente à Procuradoria-Geral de Justiça, para as
providências cabíveis, quando a questão não puder ser solucionada pelo sistema de substituição automática.

34. Comunicações à Corregedoria-Geral

Comunicar, por ofício, à Corregedoria-Geral do Ministério Público:


a) o novo exercício, no caso de promoção, remoção, designação ou substituição;
b) as informações que, devidamente documentadas, possam ser acrescentadas aos assentamentos funcionais e
representem dados objetivos para comprovar seu efetivo merecimento.

35. Declaração de bens - remessa anual à Corregedoria-Geral

Apresentar, por ocasião da investidura no cargo, e encaminhar anualmente, até 31 de maio, declaração de bens que
compõem seu patrimônio privado, inclusive do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a
dependência econômica do declarante, facultada a entrega de cópia da declaração anual do imposto de renda
apresentada à Delegacia da Receita Federal, que nesse caso poderá ser feita até 15 (quinze) dias do prazo estabelecido
para o cumprimento da obrigação fiscal.

36. Comunicação ao Conselho Superior - movimentação na carreira

O membro do Ministério Público, nos pedidos de promoção, remoção, permuta ou opção, deve indicar que os serviços da
Promotoria de Justiça encontram-se em dia, ou os motivos de eventual acúmulo ou atraso, facultada a apresentação de
certidões, devendo, ainda, declinar o endereço da respectiva residência na comarca em que estiver oficiando, ex vi do
artigo 129, § 2º, parte final, da Constituição Federal.

37. Comunicações de interesse geral

Comunicar à Procuradoria-Geral de Justiça quando houver questões alusivas ao interesse geral do Ministério Público.

38. Atualização de dados cadastrais

Zelar pela atualização de seus dados pessoais e funcionais perante a Corregedoria-Geral do Ministério Público e a
Procuradoria-Geral de Justiça.

39. Férias - providências

Quando do ingresso no gozo de férias, deverá o Promotor de Justiça deixar disponível o gabinete devidamente equipado
e, para que seu substituto tome ciência, a pauta das audiências e dos prazos abertos para recurso e razões.
Não entrar em férias ou licença, sem devolver a Cartório todos os processos ou inquéritos que eventualmente tenha em
carga e cujo prazo termine antes do início das mesmas, com a devida manifestação.

40. Movimentação na carreira - providências

Quando da promoção, remoção, permuta ou opção, o Promotor de Justiça deverá devolver em cartório, com a
manifestação cabível, todos os processos ou inquéritos que estejam com carga, deixando o serviço em dia ou justificando,
nos autos, eventual irregularidade.
41. Movimentação na carreira - prazo de assunção

Nos casos de promoção, remoção ou permuta, o prazo para a entrada em exercício na função é de até quinze (15) dias, a
critério da Procuradoria-Geral de Justiça, a contar da publicação do respectivo ato.

42. Afastamentos - providências

Afastar-se do exercício do cargo somente após autorizado pela Procuradoria-Geral de Justiça.


Obter dos cartórios judiciais, para resguardo próprio, ao deixar ou interromper o exercício do cargo, certidão conclusiva
sobre a inexistência de quaisquer autos em seu poder.

43. Cassação de férias - prazo

Os Promotores de Justiça titulares que pretendam a cassação das férias regulamentares, deverão manifestar tal interesse
ao Gabinete do Procurador-Geral de Justiça, no período de 15 de maio a 1º de junho e 15 de novembro a 1º de dezembro
de cada ano.

44. Substituição automática

Providenciar sua substituição automática nas hipóteses legais e regulamentares, comunicando, com antecedência e
formalmente ao substituto legal, à Procuradoria-Geral de Justiça e ao Juízo de Direito perante o qual oficie.

45. Plantão permanente

O Promotor de Justiça, quando integrante da escala de plantão, deve abster-se de pleitear afastamento por motivo de
férias e licenças, excetuadas aquelas indispensáveis.

46. Representação do MP em eventos oficiais

Representar o Ministério Público nas comarcas do interior :


a) nas solenidades, em especial naquelas em que presente qualquer chefe de Poder da República ou do Estado do
Paraná, o Procurador-Geral de Justiça, o Corregedor-Geral do Ministério Público ou membro do Ministério Público;
b) nas comemorações realizadas ao ensejo das datas cívicas nacionais, estaduais e municipais.

47. Imprensa - cautelas - participação em programas de comunicação

Recomenda-se ao Promotor de Justiça não antecipar a veiculação de notícias de medidas adotadas, cuja execução possa
vir a ser frustrada, evitando dar exclusividade a qualquer órgão da imprensa, resguardando, sempre, a presunção de
inocência dos envolvidos. Utilizar-se, sempre que o caso recomendar, para a difusão de informações, da Assessoria de
Imprensa da Procuradoria-Geral de Justiça.
O representante do Ministério Público deve abster‑se de participar e de manifestar‑se em programas de rádio, televisão,
ou de qualquer outro meio de comunicação que, por sua forma ou natureza, possam comprometer a respeitabilidade de
seu cargo ou o prestígio da Instituição.

48. Correições - providências

Adotar todas as providências necessárias à realização de correições ordinárias e extraordinárias pela Corregedoria-Geral
do Ministério Público.

49. Promotor eleitoral - cuidados

No exercício de atribuições eleitorais, deve o Promotor proceder com a máxima discrição e não revelar preferências
políticas de cunho pessoal, nem anunciar previsões de possíveis resultados em eleições, sendo-lhe vedado compor Junta
Eleitoral.

50. Promotor - garantias e prerrogativas

O representante do Ministério Público deve submeter à consideração do Procurador-Geral de Justiça e do


Corregedor‑Geral do Ministério Público qualquer fato que atente contra as garantias e prerrogativas do Ministério Público.

51. Atendimento a pedidos de outros Promotores

Dar pronto atendimento às diligências e providências em geral que lhe forem solicitadas por outros órgãos do Ministério
Público, observados os limites de suas atribuições e possibilidades de recursos materiais e humanos. As solicitações
poderão ser deduzidas informalmente, bastando o órgão solicitante esclarecer os motivos da solicitação e o destino das
diligências ou informações requeridas. Quando as solicitações forem deduzidas mediante ofício, deverá o Promotor de
Justiça acusar o seu recebimento, pela mesma via, comunicando as providências adotadas.

52. Impedimento e suspeição - providências

Nos casos de impedimento e suspeição, o representante do Ministério Público deverá mencionar, nos autos, apenas o
motivo legal ou a circunstância de ser o mesmo de natureza íntima, abstendo-se de maiores considerações e
comunicando, em ofício reservado ao Procurador-Geral de Justiça, os motivos de suspeição de natureza íntima invocados.
As hipóteses de suspeição e impedimento aplicam-se a qualquer procedimento em que intervenha o Ministério Público.

53. Relatórios de intervenção

Incumbe ao membro do Ministério Público de primeiro grau a apresentação de relatório mensal de atividades à
Corregedoria-Geral até o dia 5 (cinco) do mês subseqüente, conforme modelo constante do ato próprio.

54. Atuação conjunta

Nas hipóteses de conveniência da atuação conjunta de mais de um Promotor de Justiça, requerer, previamente,
designação especial ao Procurador-Geral de Justiça.

55. Atuação de Promotor em estágio probatório - informações

Ao Promotor de Justiça cabe oficiar reservadamente, quando solicitado ou sempre que julgar conveniente, à Corregedoria-
Geral do Ministério Público, oferecendo subsídios a respeito da atuação e conduta funcional de Promotor em estágio
probatório que com ele exerça ou tenha exercido seu cargo.

56. Falhas e dificuldades do serviço - informações e sugestões

Apontar, em correspondência dirigida aos Órgãos da Administração Superior do Ministério Público, as falhas ou
dificuldades eventualmente existentes nos serviços a seu cargo, oferecendo sugestões para o seu aprimoramento.

57. Estágio probatório - providências

O agente do Ministério Público em estágio probatório providenciará a remessa à Corregedoria-Geral do Ministério Público,
até 15 dias após o final de cada trimestre civil, de cópia de cada uma das manifestações jurídicas, de qualquer natureza,
que vier a emitir, nos procedimentos de que tiver vista ou der início, excetuando-se apenas aquelas manifestações de
mero expediente ou de impulso processual.
É facultada a remessa de documentos que revelem os esforços realizados no sentido de aprimorar sua cultura jurídica,
como publicação de livro, tese, dissertação, ensaio, artigo, estudo, etc.
ATENDIMENTO AO PÚBLICO

1. Horário de atendimento

O atendimento ao público deve, preferencialmente, ser feito diariamente, ou, guardadas as peculiaridades de cada
comarca e de acordo com a demanda, fixando-se dias e horários, sem prejuízo das audiências. Nos casos urgentes,
atender os interessados a qualquer momento.

2. Contatos com serviços de apoio

Entrar em entendimento com o Setor de Assistência Social da Prefeitura local, onde houver, objetivando ação conjunta na
resolução dos assuntos pertinentes ao mister.

3. Postura no atendimento

Procurar, durante o atendimento, não se envolver com o fato narrado, adotando postura imparcial e serena, buscando,
sempre, a verdade objetiva.

4. Composição amigável - cuidados

Evitar, quando for tentada composição amigável, adiantar o resultado da questão sem antes ouvir a outra pessoa
interessada.

5. Composição amigável - interesses das partes

Procurar, sempre que possível, obter composição amigável que atenda aos interesses das pessoas envolvidas, sem,
entretanto, impor solução, ainda que esta lhe pareça a melhor.

6. Presença dos Advogados

Em qualquer hipótese, abster‑se de realizar acordos entre as partes interessadas sem a presença dos Advogados
constituídos, se houver.

7. Instrumento de transação - providências

Obtida a transação, digitar, de maneira simples e compreensível, o termo de composição amigável, referendando e
entregando uma via às pessoas envolvidas e arquivando a outra.

8. Instrumento de transação - cautelas

O Promotor de Justiça deve usar linguagem simples e de fácil compreensão dos envolvidos no acordo, tendo a cautela de
obter a certeza de que entenderam o objetivo daquilo que foi firmado.

9. Eficácia do acordo referendado - lembrança às partes

Lembrar que o acordo deverá, para sua plena eficácia como título, revestir-se da característica de liquidez, ou seja,
obrigação certa quanto à sua existência e determinada quanto ao seu objeto.

10. Inexistência de conciliação - procedimento


Não sendo possível a conciliação, orientar os necessitados a pleitearem justiça gratuita, mas não indicar qualquer
Advogado, permitindo total liberdade ao Juiz na nomeação.

DO PROCESSO PENAL EM GERAL

DA FASE PRÉ-PROCESSUAL

CUIDADOS E DILIGÊNCIAS

1. Conflito de atribuições

Propor a remessa dos autos à Procuradoria-Geral de Justiça quando divergir, antes do oferecimento da denúncia, da
promoção de Promotor de Justiça de outra vara ou comarca, referente à classificação do crime ou à competência de Juízo,
ao invés de suscitar conflito de jurisdição. As divergências entre Promotores de Justiça em matéria de competência, de
regra, configuram mero conflito de atribuições, cuja solução compete ao Procurador-Geral de Justiça.

2. “Notitia criminis” - providências em caso de comunicação verbal

Ao receber comunicação verbal de crime de ação pública ou de ilícito contravencional e não houver inquérito policial
instaurado, tomar por termo as respectivas declarações, preferencialmente em presença de testemunha, encaminhando-o
à Autoridade Policial acompanhado de ofício requisitório de abertura de inquérito, se for o caso.

3. “Notitia criminis” - providências em caso de comunicação escrita e documentos

Caso a notícia do crime seja recebida por escrito, através de requerimento, carta, certidão, processo administrativo,
sindicância ou quaisquer outros documentos, e não houver inquérito policial instaurado sobre o fato, registrar e encaminhar
as peças e respectivo ofício requisitório à autoridade competente, salvo se houver elementos suficientes para a propositura
da ação penal, hipótese em que deverá ser, desde logo, oferecida a denúncia, requisitando-se apenas a qualificação e o
indiciamento.

4. “Notitia criminis” - carta anônima e jornal

Nos casos de recebimento de notícias anônimas ou veiculadas pela imprensa, indicando a prática de crime de ação
pública, é prudente, antes de requisitar a abertura de inquérito policial, convocar a indigitada vítima ou seu representante
legal para confirmar o fato.

5. Inquérito Policial Militar

Na hipótese de recebimento de inquérito policial militar, remetido à Justiça comum, verificar, junto à autoridade policial e ao
cartório distribuidor, a eventual existência de inquérito policial ou ação penal pelo mesmo fato, procedendo da seguinte
forma:
a) havendo inquérito policial, requerer o apensamento dos autos, para posterior exame conjunto;
b) havendo denúncia, requerer o apensamento dos autos do IPM à ação penal já instaurada;
c) inexistindo inquérito ou denúncia, examinar os autos de IPM, como um inquérito comum, oferecendo denúncia,
requerendo o arquivamento ou novas diligências, estas, agora, requisitadas à Polícia Judiciária;
d) havendo inquérito policial arquivado, requerer o apensamento dos autos e nova vista, para exame da prova acrescida e
manutenção do pedido de arquivamento ou oferecimento de denúncia, se houver nova prova.

6. Ação penal condicionada - representação da vítima

Verificar, nos casos de ação penal pública condicionada, a existência da representação da vítima ou de quem tiver
qualidade para representá-la, bem como a existência, quando for o caso, de atestado ou declaração de pobreza. A
representação não exige rigorismo formal, bastando a demonstração de vontade inequívoca de que o autor do fato
delituoso seja processado. A representação poderá ser evidenciada através do boletim de ocorrência, do comparecimento
à Polícia objetivando providências, ou pelas próprias declarações do ofendido. Deverá o representante do Ministério
Público reduzir a termo a representação do ofendido, sempre que lhe for feita oralmente.

7. Documento comprobatório de idade - juntada

Promover a juntada aos autos de documento idôneo comprobatório da idade do indiciado, quando houver dúvida sobre ela
e para os efeitos dos arts. 27, 65, I, e 115 do CP, bem como de certidão de nascimento ou de casamento da vítima ou do
indiciado, quando necessária para a exata capitulação do delito ou para a caracterização de circunstâncias agravantes,
qualificadoras ou causas especiais de aumento de pena. Admitese reprodução desses documentos, desde que
autenticados.

8. Quantias em dinheiro

Promover o imediato recolhimento a estabelecimento bancário, à ordem do Juízo, das quantias em dinheiro, papéis e
valores que venham anexados ao procedimento ou expediente, bem como a anotação, em se tratando de moeda falsa,
dessa característica.

9. Ministério Público - plantão

Nas hipóteses de prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva e de apreensão em flagrante de adolescente
infrator, o Promotor de Justiça em regime de plantão prestará atendimento em seu gabinete de trabalho durante o
expediente forense, e, fora desse horário, o atendimento será prestado em local por ele estabelecido, com prévia ciência
ao Escrivão do cartório respectivo.

10. Flagrante - análise do auto de prisão

Ao se manifestar sobre cópias de prisão em flagrante delito, verificar:


a) se era caso de prisão em flagrante (art. 302 do CPP);
b) se foram observadas as formalidades constitucionais e legais na lavratura do auto (art. 5º, LXI, LXII, LXIII e LXIV, CF/88;
art. 304 a 306, CPP);
c) se é caso de concessão de liberdade provisória, ou seja, se estão presentes, ou não, os motivos que autorizariam a
decretação da prisão preventiva, observada a Lei dos Crimes Hediondos.

11. Inquérito policial - prazo - cobrança - devolução - cautelas

A autoridade policial, estando o indiciado solto, deverá concluir o inquérito em 30 dias (art. 10 do CPP). Excedido esse
prazo, a autoridade deverá remetê-lo a Juízo no estado em que se encontra, solicitando a prorrogação do prazo para a
realização das diligências faltantes. Cabe ao Ministério Público, no exercício do controle externo da atividade policial,
fiscalizar o cumprimento dessa norma, evitando que inquéritos policiais permaneçam indefinidamente na Delegacia de
Polícia.
Na devolução de inquéritos à Polícia — o que só deve ocorrer em casos excepcionais — para complementação das
investigações, especificar objetivamente as diligências que deverão ser realizadas, propondo um prazo para seu
cumprimento (que não deve, em regra, exceder o prazo legal primário de 30 dias) e fiscalizando sua observância.

12. Diligências imprescindíveis - denúncia

Somente as diligências realmente imprescindíveis ao oferecimento da denúncia autorizam seu retardamento. Entende-se
como imprescindíveis as diligências referentes à caracterização da autoria da infração penal, à materialidade e à sua
correta tipificação legal. Qualquer outra diligência haverá de ser tomada como prescindível, devendo ser requerida
juntamente com o oferecimento da denúncia.

13. Diligências faltantes - devolução de inquéritos - indiciado preso


Evitar a devolução à Polícia de inquéritos em que figure indiciado preso, instaurando, desde logo, se for o caso, a ação
penal e requisitando, em expediente complementar, as diligências faltantes.

14. Diligências imprescindíveis - notificações e requisições

As diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia poderão ser realizadas diretamente pelo próprio Promotor de
Justiça, valendo-se, para tanto, de suas atribuições legais de expedir notificações e formular requisições.

15. Diligências - dilação de prazo

Nos pedidos de dilação de prazo, analisar a pertinência das diligências faltantes, cuja demora esteja acarretando o atraso,
requisitando, desde logo, outras diligências necessárias, quando não tenham sido cogitadas pelo Delegado de Polícia que
preside o inquérito.

16. Laudos de exame de corpo de delito nos crimes de lesões corporais

a) nos crimes de lesões corporais graves requisitar a realização de exame complementar, se essa providência já não tiver
sido tomada pela autoridade policial;
b) sendo deficiente a fundamentação do laudo de exame de corpo de delito complementar no que concerne à gravidade
das lesões corporais pelo perigo de vida, cuidar para que sejam supridas as omissões detectadas;
c) nos casos de lesões corporais graves de que resultem deformidades permanentes, verificar se o laudo complementar
está instruído com fotografia, requisitando-a sempre que ocorrer dano estético ou assimetria;
d) restando prejudicado o exame direito, requisitar a realização de exame de corpo de delito indireto, com base em
informes médico-hospitalares ou no relato do ofendido e testemunhas.

17. Laudos de necropsia - dados importantes

Verificar, requisitando, na hipótese negativa, sejam complementados para estes fins:


a) se os laudos de necropsia, nos casos de homicídio doloso, estão acompanhados de ficha biométrica da vítima e de
diagrama que mostre a localização dos ferimentos e a sua direção;
b) se há indicação do tempo da morte;
c) se, referentes a ferimentos produzidos por projétil de arma de fogo, indicam:
- ocorrência de zonas de chamuscamento, esfumaçamento ou tatuagem, na pele ou na roupa do ofendido;
- os ferimentos de entrada e de saída quando o projétil transfixar o corpo da vítima;
- a trajetória do projétil no corpo do ofendido e os órgãos lesados;
d) se, nos casos de afogamento, indicam os sinais externos e internos dessa causa mortis, especialmente a espuma
traqueobrônquica e o enfisema aquoso, requisitando sua complementação se, por motivação deficiente, não excluir a
hipótese de morte por causa diversa;
e) se, nos casos de enforcamento, indicam os sinais reveladores dessa causa mortis, especialmente a face cianosada e
com equimoses, petéquias ou manchas de Tardieu, rotura das carótidas, etc., excluindose, dessa forma, a hipótese de
violência anterior.

18. Crimes contra a liberdade sexual - estupro - laudo pericial

Na perícia sobre estupro, atentar:


a) para o estado mental do acusado a fim de medir sua capacidade de entendimento do fato delituoso, averiguando
também suas possibilidades físicas de constranger e submeter a vítima aos seus instintos sexuais;
b) a comprovação da cópula vaginal;
c) para as provas de violência ou de luta apresentadas pela vítima nas mais diversas regiões do corpo, como: equimoses,
escoriações evidenciadas com maior freqüência nas partes internas das coxas, nos braços, na face, ao redor do nariz e da
boca (como tentativa de impedir os gritos da vítima), e escoriações na região anterior do pescoço (quando há tentativa de
esganadura ou para amedrontá-la).

19. Armas apreendidas - perícias

Requisitar, nos procedimentos em que houver apreensão de armas:


a) laudo de exame de confronto balístico entre a arma apreendida e os projéteis ou cápsulas recuperados (no próprio
processo ou em outros procedimentos contra o mesmo autor do crime);
b) laudo verificatório da potencialidade do instrumento, que deverá indicar a existência ou não de mancha de substância
hematóide e de impressões digitais.

20. Incêndio - perícia

Nos laudos periciais referentes ao delito de incêndio, atentar para a indicação da causa e do lugar em que teve início o
sinistro, se houve perigo para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor.

21. Exames documentoscópicos - grafotécnicos

Tratando-se de exames para a verificação da autenticidade ou falsidade de documentos, no que se refere ao papel-suporte
(papéis dotados de requisitos de segurança e impressos em geral) ou às assinaturas e preenchimentos manuscritos neles
contidos, observar:
a) que seja remetida, sempre que possível, a via original do documento, pois os exames realizados sobre reproduções não
permitem, via de regra, o estabelecimento de conclusão categórica, podendo ser ratificada ou retificada, no todo ou em
parte, após a inspeção direta do exemplar primitivo;
b) que é imprescindível, sempre, para se atribuir a autoria de uma assinatura suspeita de falsidade a alguém, determinar-
se preliminarmente sua efetiva inautenticidade, sendo necessário, portanto, a adequada colheita de material gráfico padrão
da pessoa que teria legitimidade para lançar o autógrafo questionado e daquela(s) suspeita(s) de eventualmente forjá-la.

22. Jogo do bicho exame pericial

Nos procedimentos em que se apura a prática da contravenção penal denominada jogo do bicho, em que é indiciado
intermediador (cambista ou apontador), requisitar laudo de exame grafotécnico para a determinação da autoria dos
conteúdos manuscritos.

23. Crimes contra o patrimônio - avaliação - furto qualificado - prova do arrombamento e da escalada

Nos delitos contra o patrimônio zelar para que a avaliação direta ou indireta do objeto do crime seja contemporânea à data
da prática delitiva.
Nos crimes de furto qualificado:
a) por rompimento de obstáculo à subtração da coisa, requisitar a prova pericial do arrombamento, se essa providência
não tiver sido tomada pela autoridade policial, zelando para que contenha a indicação dos instrumentos utilizados e
mencione a época presumida da prática do fato;
b) mediante escalada, requisitar a prova pericial para constatação da altura e do tipo de obstáculo.

24. Locais de crimes em geral

Requisitar, quando necessário, a realização de laudo de levantamento do local do crime (recognição visual), instruído com
croqui, fotografias, esquemas gráficos, sinalização, descrição do sítio dos acontecimentos, eventuais apreensões e
arrecadações, histórico, indicação de testemunhas e outros dados de interesse.

25. Perícia em máquinas eletrônicas “caça-níqueis”

Quesitos (para fins de caracterização de eventual crime contra a economia popular – art.º 2º, inciso IX, da Lei n.º
1.521/51):
a) qual a origem da fabricação da máquina?
b) qual o modelo ou marca da máquina?
c) os seus componentes eletrônicos têm a mesma origem (nacionalidade ou fabricante)? Se negativo, onde e por quem
foram fabricados? Qual a origem do país fabricante das placas ou CPU’ s?
d) há identificação do fabricante, através de lacre fixado na máquina? Este lacre apresenta-se íntegro ou violado? Este
lacre poderia ter sido substituído por outro não original?
e) a máquina conta com guia de importação e/ou nota fiscal?
f) os dados específicos constantes na nota fiscal e/ou guia de importação são coincidentes com os apresentados na
máquina examinada? E os componentes eletrônicos (placas e CPU’ s) são coincidentes com as informações da nota fiscal
e/ou guia de importação?
g) a CPU, as placas e/ou componentes de programação (memória) constantes da máquina permitem suas substituições?
Estas substituições, se ocorridas, deixam vestígios?
h) na máquina em questão, houve substituição de peça?
i) a máquina possui dispositivo do tipo micro-chave ou switches?
j) essas micro-chaves ou switches são acionadas manualmente?
k) de que modo se dá esse acionamento manual?
l) esse acionamento manual permite alterar a programação modificando a probabilidade do ganho - o pagamento -
tornando a máquina mais difícil ou mais fácil para o jogador?
m) qual a porcentagem de pagamento da máquina examinada?
n) diante o exame realizado, o resultado do jogo (vitória ou não do jogador) depende exclusivamente da habilidade ou da
sorte?
o) esse resultado pode ser manipulado pelo acionamento das micro-chaves ou switches?
p) diante o examinado, na opinião dos srs. Peritos, a máquina caracteriza jogo de azar?

26. Tóxicos - constatação e exame toxicológico definitivo

Nos crimes previstos na Lei Antitóxicos, no que tange à materialidade do delito, é suficiente a existência, nos autos, para
fins de denúncia, do auto ou laudo de constatação da natureza da substância. O laudo pericial definitivo deverá ser
anexado aos autos até a audiência de instrução e julgamento, observando-se sua motivação quanto à potencialidade da
substância entorpecente e requerendo-se sua complementação na hipótese de fundamentação deficiente.

27. Incidente de insanidade mental - quesitos

A realização do exame de insanidade mental pode ser ordenada tanto no inquérito policial quanto na ação penal. No
incidente de insanidade mental formular, sem prejuízo de outros específicos para o caso, os seguintes quesitos:
a) o acusado..., ao tempo da ação (ou da omissão), era, por motivo de doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento?
b) o acusado..., ao tempo da ação (ou da omissão), por motivo de perturbação da saúde mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, estava privado da plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento?
c) caso afirmativo qualquer dos quesitos anteriores, a periculosidade apresentada pelo acusado enseja internação ou
tratamento ambulatorial? Justificar;
d) qual o prazo mínimo necessário da medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial)?

Em se tratando de embriaguez proveniente de caso fortuito ou motivo de força maior, indagar também:
a) a inimputabilidade ou semi-imputabilidade era proveniente de embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos
análogos? Justificar;
b) essa incapacidade era proveniente de embriaguez completa? Justificar.

Quando se tratar de exame de dependência toxicológica para fins de verificação de imputabilidade penal, apresentar os
seguintes quesitos, sem prejuízo, igualmente, de outros específicos para o caso tratado:
a) o acusado ... era, ao tempo da ação (ou da omissão), em razão de dependência, ou por estar sob o efeito de substância
que determina dependência física ou psíquica, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento?
b) o acusado..., ao tempo da ação (ou da omissão), em razão de dependência, ou por estar sob o efeito de substância que
determina dependência física ou psíquica, encontrava-se privado da plena capacidade de entender o caráter criminoso do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento?
c) caso afirmativo qualquer dos quesitos anteriores, a periculosidade apresentada pelo acusado enseja internação ou
tratamento ambulatorial? Justificar;
d) qual o prazo mínimo necessário da medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial)?

28. Armas e outros objetos do crime - cautelas

Zelar para que as armas, instrumentos do crime e outros objetos apreendidos na fase pré-processual, sejam
encaminhados a Juízo, onde deverão ser recebidos pelo cartório, através de termo nos autos.

29. Busca e apreensão - quebra de sigilo


Nos requerimentos de mandado de busca e apreensão, de quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados telefônicos,
manifestar-se de forma fundamentada, demonstrando a imprescindibilidade da diligência em face do conteúdo e do
objetivo da investigação.
Requerer a adoção de medidas com o objetivo de impedir que terceiros, ressalvadas as prerrogativas profissionais,
tenham acesso aos documentos e dados sigilosos obtidos.

30. Crimes de ação penal privada - decadência

Nos inquéritos instaurados por crime de ação penal privada, requerer a permanência dos autos em cartório durante o
prazo decadencial, aguardando-se a iniciativa do querelante, propondo-se que seja cientificado.

ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL

1. Extinção de punibilidade e arquivamento

Quando a punibilidade do fato delituoso noticiado no inquérito policial estiver extinta pela prescrição em abstrato ou por
outra causa legal, deve o Promotor de Justiça requerê-la, postulando o arquivamento e a baixa do registro policial, que são
conseqüências do primeiro ato.

2. Arquivamento - fundamentação

As promoções de arquivamento do inquérito policial ou de outras peças de informação devem, sempre, ser
fundamentadas, obedecida a formalidade da exposição sucinta dos fatos, discussão e pedido final.

3. Arquivamento - explicitação das diligências - exaurimento

Para que se arquive inquérito ou peças de informação é necessário que a investigação tenha sido completa e exauriente, o
que deve transparecer expressamente nas razões do pedido.

4. Arquivamento crime culposo - cuidados

Evitar, ao requerer o arquivamento de inquérito instaurado por crime culposo, a afirmação de ocorrência de culpa exclusiva
da vítima, cingindo-se à análise da conduta culposa do indiciado, ante os reflexos de tal conclusão, sobretudo em
eventuais ações de cunho indenizatório.

DENÚNCIA

1. Denúncia - princípio da oficialidade ou da obrigatoriedade

Somente quando estiver demonstrado absolutamente estreme de dúvida que o agente atuou amparado por uma das
causas excludentes de ilicitude ou de culpabilidade penais previstas em lei, pode o Promotor de Justiça deixar de oferecer
denúncia ante a ocorrência de fato típico

2. Denúncia - exclusão de indiciado - princípio da indivisibilidade da ação penal

Quando o fato for praticado por mais de uma pessoa, mas a denúncia for oferecida contra apenas um ou alguns, devem
ser indicadas, em cota motivada e separada, as razões da exclusão de determinada pessoa da relação processual,
evitando-se, assim, o denominado arquivamento implícito.
3. Denúncia - identificação e origem do inquérito policial

A denúncia deve conter referência ao número do inquérito policial que a embasa e a Delegacia de Polícia de origem
(municipal, regional, sub-divisional, especializada ou federal).

4. Denúncia - qualificação

Na peça incoativa, primordialmente para evitar homonímia, o acusado deve ser qualificado, sempre que possível, quanto
aos seus apelidos, nacionalidade, estado civil, ocupação profissional, naturalidade, idade e filiação, indicando-se seu
domicílio, residência, local de trabalho e onde poderá ser localizado para tomar ciência pessoal dos atos do processo. Se
estiver preso, indicar, ainda, o estabelecimento onde se encontra recolhido.

5. Denúncia - data e lugar do fato

Deve a denúncia mencionar, sempre que possível, ainda que aproximada, a data (hora, dia, mês e ano) e o lugar em que o
fato delituoso foi praticado, circunstâncias relevantes para a fixação da competência do Juízo, da prescrição e da
decadência.

6. Denúncia - nome da vítima - referência

O nome do ofendido deve, necessariamente, constar da exposição do fato feita na denúncia. Se houver mais de um, todos
eles deverão ser mencionados.

7. Denúncia - características fundamentais

A denúncia é uma peça sucinta, de acusação direta e objetiva. Nela o Promotor de Justiça narra a conduta delitiva do
agente, sem discussão ou análise dos elementos informativos contidos no expediente que lhe serve de sustentação, nem
referência às alegações do indiciado, vítimas ou testemunhas. É uma peça processual afirmativa. Deve, portanto, conter
uma síntese dogmática de um fato punível extraído do inquérito policial ou de outra fonte idônea de informação.

8. Denúncia - imputação fática - juízos subjetivos e objetivos

Na descrição do fato delituoso não há lugar para juízos subjetivos do órgão acusador quanto à pessoa do denunciado (v.g.
mau-caráter, larápio, meliante, elemento, delinqüente), o modo como agiu (v.g. agrediu violentamente), os meios utilizados
(v.g. arma de fogo de alta precisão), ou à pessoa da vítima (v.g. boa pessoa). Tais questões concernem à prova a ser
carreada na instrução e não ao tipo penal, não se refletindo na eventual condenação, mas sim na individualização da
pena. Assim, por exemplo, nos crimes contra a vida ou a integridade física, a narrativa deve ater-se aos fatos
objetivamente considerados: descrição do instrumento utilizado (arma de fogo, calibre 38, etc.), do meio e do modo
empregados para a agressão (socos, pontapés, etc.), a região em que a vítima foi atingida, os tipos de ferimentos sofridos
e a gravidade da lesão (usando, sempre, os termos médico-legais).

9. Denúncia - circunstâncias da infração penal - elementares do tipo - descrição da imputação fática -


características gerais

Nas denúncias deve-se primeiramente descrever circunstanciadamente o fato, individualizando-o no tempo e no espaço,
adequando-o às expressões utilizadas pelo legislador e às informações essenciais e pertinentes ao caso concreto, e não
transcrever pura e simplesmente as elementares do tipo, sob pena de inépcia, cuidando para:
a) expor as circunstâncias da infração penal na seqüência cronológica dos acontecimentos;
b) não empregar expressões e vocábulos latinos ou em idioma estrangeiro, bem como gírias, salvo na transcrição de
expressões utilizadas pelo denunciado e tipificadoras da infração penal;
c) nas infrações penais dolosas é necessária a alusão expressa ao elemento subjetivo do tipo que informou a conduta do
denunciado (com intenção de matar, ferir, subtrair, etc.), propiciando exata compreensão da figura típica;
d) nos crimes tentados, fazer referência ao fato impeditivo de sua consumação; assim, por hipótese, é preciso esclarecer
que o “homicídio não se consumou porque o acusado, ao desferir tiros de revólver na vítima, errou o alvo, ou que, ao
pretender apunhalá-la, a vítima se livrou dos golpes que lhe eram endereçados, fugindo do local do fato”, etc.;
e) mencionar o instrumento utilizado na prática infracional, esclarecendo se foi ou não apreendido e em poder de quem;
f) mencionar as folhas dos autos onde se encontram dados relevantes, especialmente a da fotografia do denunciado, para
eventual reconhecimento;
g) nos casos de concurso de agentes, descrever a ação (ou omissão) isolada de cada um dos co-autores, quando
desenvolverem condutas distintas, mencionando se agiram em comunhão de vontades, unidade de propósitos e de
esforços;
h) que os crimes praticados contra mais de uma pessoa sejam descritos na denúncia de forma especificada, destacando-
se as diversas ações (ou omissões), de modo a permitir sua classificação como concurso material ou delito continuado;
i) que quando a opinio delicti contemple uma agravante ou uma causa especial de aumento da pena, esta circunstância
seja obrigatoriamente descrita na parte expositiva da denúncia e integre a capitulação;
j) consignar a motivação dos crimes dolosos e, nos culposos, descrever o fato caracterizador da culpa e sua modalidade
(imprudência, imperícia e negligência);
k) nos crimes omissivos descrever a ação que o agente estava obrigado a praticar;
l) mencionar o tipo penal ao qual se sub-some o fato descrito, indicando, quando for o caso, a aplicação combinada das
normas atinentes ao concurso de agentes, ao concurso de delitos, à tentativa, às circunstâncias agravantes e às
qualificadoras;
m) requerer a nomeação de curador ao réu menor de 21 anos;
n) formular pedido de recebimento da denúncia, processamento e julgamento final da ação, evitando, no fecho da exordial,
postular, desde logo, a condenação;
o) indicar o rito processual adequado;
p) apresentar o rol de testemunhas, se houver. A vítima e as testemunhas devem ser qualificadas de modo a facilitar sua
identificação, devendo constar o local onde poderão ser encontradas. Em se tratando de policiais, civis ou militares, mais
importante do que a residência, é indicar a repartição ou a unidade em que servem.

10. Denúncia - crime praticado com menor - corrupção

Quando o crime for praticado com a participação de menor de 18 anos de idade, tal fato caracteriza o concurso formal,
ainda que na modalidade “facilitação”, com o crime definido na Lei nº 2.252/54. Assim, é imprescindível constar da peça
acusatória a idade do menor e menção à existência de documento que a comprove.

11. Denúncia - menção ao exame pericial

Se o crime atribuído ao acusado é daqueles que deixa vestígios, deve a denúncia fazer expressa menção ao exame de
corpo de delito existente na peça informativa.

12. Denúncia - relação de parentesco entre envolvidos - certidão do Registro Civil

Quando a relação de parentesco funciona como elementar do tipo, causa especial ou circunstância agravante, a denúncia
deve referir a certidão do assento do Registro Civil ou documento equivalente. No caso de não constar do inquérito, deverá
ser requisitada diretamente ou requerida através do Juízo.

13. Denúncia - capitulação - concurso de crimes

Se a inicial atribui ao acusado a prática de mais de um fato delitivo, a capitulação deve referir‑se, necessariamente, ao
concurso de crimes, e, quando idênticos, à quantidade. É conveniente que na inicial acusatória o crime continuado
somente seja atribuído quando inequívoco. Nos demais casos, é preferível a menção ao concurso material, ficando o
exame da existência da continuação entre as diversas condutas delitivas para o final da instrução.

14. Denúncia - idade do acusado menor de 21 e maior de 70 anos - referência

A idade do acusado, nos termos dos arts. 27, 65, I, e 115, do Código Penal, é circunstância relevante para a determinação
da imputabilidade, da menor responsabilidade da conduta e da redução do prazo prescricional. Deve ser, portanto,
expressamente referida na denúncia, que mencionará necessariamente, a certidão comprobatória existente no inquérito;
inexistente a certidão, requisitá-la em diligência.

15. Denúncia - ação pública condicionada - cuidados


Quando a ação penal for pública condicionada, a denúncia deve informar o atendimento das condições de procedibilidade,
tais como representação ou requisição, no preâmbulo, e o estado de pobreza, fazendo referência à prova respectiva na
parte expositiva, sendo importante atentar para a data do fato, para efeito de decadência.

16. Denúncia - lesão corporal - região atingida e ferimentos

Em se tratando de crime de lesão corporal não basta, na denúncia, a mera referência ao auto de exame de corpo de delito.
É preciso indicar a região em que a vítima foi atingida, assim como os tipos de ferimentos sofridos e a gravidade da lesão.

17. Denúncia - lesões recíprocas - narração

Tratando-se de lesões corporais recíprocas, não pode a denúncia atribuir a iniciativa da agressão a só um dos
denunciados. Deverá narrar a conduta de cada um deles.

18. Denúncia - crimes contra o patrimônio - objetos subtraídos, apropriados - menção

Nos crimes contra o patrimônio, deve a inicial acusatória indicar qual ou quais os objetos subtraídos, apropriados, etc., não
bastando a mera referência ao auto de apreensão, de arrecadação ou de avaliação constantes da peça informativa da
denúncia. Deve‑se informar, ainda, em poder de quem foram os objetos apreendidos.

19. Denúncia - crimes contra o patrimônio - valor dos bens

O valor da coisa nos crimes contra o patrimônio é elemento relevante e deve vir mencionado na denúncia, extraindo‑o do
laudo de avaliação existente no inquérito policial. Se requisitado, zelar para que a avaliação seja contemporânea à data do
fato.

20. Denúncia - receptação dolosa - narração

A denúncia pela prática do crime de receptação dolosa deve referir o fato que traduz a origem ilícita do objeto receptado e,
se possível, de que forma o denunciado sabia dessa circunstância.

21. Denúncia - receptação culposa - narração

Em se tratando de acusação pela prática de receptação culposa, deve a denúncia explicitar quais os fatos que autorizam a
conclusão de ter o agente atuado culposamente.

22. Denúncia - crimes praticados mediante violência ou ameaça - narração

Nos crimes cometidos mediante violência ou grave ameaça, é necessário dizer em que consistiu uma ou outra.

23. Denúncia - crimes de quadrilha ou bando

Nos crimes de quadrilha ou bando, descrever a finalidade da associação criminosa (prática de crimes) e o caráter de
permanência e estabilidade.

24. Denúncia - crime de falso testemunho

Indicar qual afirmação foi reconhecida como falsa, qual a verdade sobre o fato e mencionar o resultado do processo no
qual se praticou o falso, em face dos efeitos da retratação.

25. Denúncia - entorpecentes

Mencionar a quantidade, a forma de acondicionamento e as circunstâncias da apreensão da droga.


26. Denúncia - crime de prevaricação

Narrar o sentimento ou interesse pessoal que impulsionou o agente a praticar o delito de prevaricação, relacionando-o,
quando possível, com os fatos e circunstâncias noticiados nos autos.

27. Denúncia - crime culposo - narração

Em se tratando de crime culposo, deve a denúncia descrever o comportamento do agente, caracterizador da imprudência,
da imperícia ou da negligência, sendo insuficiente a simples referência a qualquer uma dessas modalidades.

28. Crimes contra a honra - recebimento da queixa

Abster-se, nos crimes contra a honra, de se manifestar sobre o recebimento ou a rejeição da queixa antes da audiência de
conciliação prevista em lei.

29. Denúncia - requerimentos complementares - separação do texto

Apresentar, com o oferecimento da denúncia, requerimento individualizado contendo o elenco de providências destinadas
à complementação ou correção do procedimento investigatório e à apuração da verdade real, especialmente:
a) a prisão preventiva, quando cabível, explicitando os elementos dos autos que a justifiquem;
b) os antecedentes criminais e policiais, inclusive de outros Estados, quando for o caso; verificar, quando da juntada aos
autos da folha de antecedentes ou das informações dos Distribuidores Criminais, se há notícia de outros processos,
requerendo certidões com breve relatório, contendo a indicação da data do trânsito em julgado das sentenças
condenatórias;
c) as anotações constantes do assentamento individual (relatório da vida profissional onde constam os elogios, punições,
transferências, faltas, etc.), quando figurar policial civil ou militar, ou outro servidor público como denunciado;
d) a remessa ao Juízo dos laudos de exame de corpo de delito faltantes, inclusive os complementares e outras perícias;
e) o envio de fotografia do acusado, quando necessária para o seu reconhecimento em Juízo;
f) certidões de peças de outros procedimentos, quando relacionadas com o fato objeto da denúncia;
g) expedição de ofício à autoridade policial competente com vistas ao indiciamento do denunciado, se essa providência já
não tiver sido tomada na fase pré-processual;
h) certidão de remessa ao Juízo, juntamente com o inquérito, das armas e instrumentos do crime e de outros objetos
apreendidos na fase pré-processual, fiscalizando o seu recebimento pelo cartório, através do respectivo termo nos autos;
i) a ouvida das testemunhas excedentes como sendo do Juízo, caso o rol apresentado na denúncia ultrapasse o número
máximo permitido em lei, ou para eventual e futura substituição.

DA FASE PROCESSUAL

OBSERVAÇÕES GERAIS

1. Citação por edital - cuidados prévios

Verificar, antes de requerer a citação por edital, se o réu foi procurado por Oficial de Justiça em todos os endereços
constantes do processo como sendo os de sua residência ou local de trabalho, requerendo informações, especialmente:
a) a Prefeitura Municipal, quando o endereço residencial ou de trabalho do acusado não for encontrado e não constar dos
mapas e guias da cidade;
b) dos cadastros da Copel — Companhia Paranaense de Energia Elétrica e do Detran — Departamento Estadual de
Trânsito, por intermédio do respectivo Centro de Apoio;
c) do órgão de classe, relativamente ao endereço de trabalho do profissional a ele filiado.

2. Citação por edital - art. 366 do CPP


Realizada a citação por edital, zelar para que se opere a suspensão do processo e do prazo prescricional, não tendo
comparecido o réu, nem constituído defensor, requerendo, desde logo, fundamentadamente, a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, quando cabível, a decretação da prisão preventiva.
Durante o período de suspensão do processo, requerer periodicamente informações das Varas de Execuções Penais e da
Delegacia de Vigilância e Capturas da Polícia Civil (DVC) sobre eventual prisão do acusado.
Manter na Promotoria de Justiça relação dos processos suspensos com base no art. 366 do Código de Processo Penal.
Requerer o prosseguimento do processo sem a presença do acusado, nos casos previstos em lei, e o interrogatório do réu
revel que vier a ser preso no curso do processo, mesmo após a sentença de primeiro grau.

3. Interrogatório - presença de Advogado ou Curador - defesas colidentes - diferentes patronos

Zelar para que o réu seja interrogado na presença de defensor, constituído ou nomeado, e ainda na presença de curador,
se for menor de 21 anos, nada impedindo que o curador e o defensor sejam uma só pessoa; nesse último caso, deve
constar expressamente no termo de audiência que o defensor também exerce o outro encargo.
Em caso de haver mais de um réu cuidar para que sejam defendidos por diferentes patronos, quando suas teses de
defesa forem colidentes.
Observar se o defensor constituído do acusado preso ou o defensor dativo foram intimados para apresentação da defesa
prévia.

4. Alegação de menoridade - dúvida - exame médico-legal

Requerer, quando o acusado alegar ser menor de 18 anos e não for possível a obtenção de certidão de nascimento, seja
ele submetido a exame médico-legal para verificação de idade.

5. Exame de insanidade mental

Requerer, quando houver dúvida quanto à integridade mental do acusado, que este seja submetido a exame médico-legal,
apresentando os quesitos pertinentes ao caso.

6. Audiência - dispensa do réu - cautela

Não concordar com pedidos de dispensa de presença de réus em audiências, especialmente quando o reconhecimento
pessoal for elemento de prova.

7. Audiência - adiamento - cautela

Opor-se a pedidos de adiamentos de audiência quando perceber intuito protelatório ou quando houver prejuízo para o
andamento da ação penal ou risco de prescrição; não sendo o caso, aguardar a instalação da audiência, para que as
partes e testemunhas sejam desde logo intimadas da nova designação.

8. Audiência - cautelas - testemunhas faltantes - providências

Nas audiências de instrução:


a) estudar previamente os autos, providenciando a extração de cópias das principais peças para acompanhamento quando
sua complexidade o justificar;
b) observar as hipóteses de contradita de testemunha;
c) atentar para as situações de incomunicabilidade das vítimas e testemunhas;
d) zelar para que o depoimento não seja conduzido;
e) na hipótese de acareação, verificar se as pessoas estão sendo inquiridas sobre os pontos controvertidos, previamente
estabelecidos no requerimento ou na deliberação do próprio Juiz;
f) se possível, manifestar-se, desde logo, no final das audiências, sobre as testemunhas que não tiverem comparecido,
desistindo ou insistindo em seus depoimentos, ou substituindo-as, de forma a permitir que o acusado e seu defensor sejam
intimados da nova designação.

9. Precatórias - prazo para cumprimento - cópia de peças


No requerimento de expedição de cartas precatórias para inquirição de vítimas e testemunhas, postular seja fixado prazo
para cumprimento , bem como instruídas com cópias da denúncia e das declarações prestadas na Polícia, e, ainda, da
fotografia do réu, se for necessário o reconhecimento, intimando-se a defesa.
Quando se tratar de casos complexos, contatar o membro do Ministério Público oficiante no Juízo deprecado,
encaminhando-lhe diretamente os informes e perguntas que deseja sejam feitas à pessoa a ser inquirida.

10. Excesso de prazo - formação da culpa - cisão do processo

Requerer a separação do processo quando houver vários réus e disso puder resultar excesso de prazo para formação da
culpa dos que estiverem presos ou demora excessiva para encerramento da instrução, com risco de prescrição, ou por
outro motivo relevante.

11. Prazo do art. 499 do CPP - providências

Examinar, na fase do art. 499 do Código de Processo Penal, todo o processo e requerer o que for necessário para sanar
eventuais nulidades, complementar a prova colhida na instrução e esclarecer os antecedentes do acusado, especialmente
no tocante à reincidência.

12. Debates em audiência e alegações finais

Por ocasião dos debates em audiência e das alegações finais:


a) relatar resumidamente o processo;
b) requerer a conversão do julgamento em diligência quando imprescindível;
c) argüir as nulidades absolutas eventualmente ocorridas;
d) analisar a prova colhida e os fundamentos de fato e de direito nos quais fundar sua convicção;
e) manifestar-se, ao postular a condenação, sobre a dosimetria da pena, com abordagem expressa das circunstâncias
judiciais, atenuantes e agravantes, e demais causas genéricas e especiais de aumento ou de diminuição da pena,
propondo a sanção que se afigurar mais justa, atentando para a existência de reincidência — não basta, nas alegações,
apontar a ocorrência da reincidência, é preciso comprová-la com a respectiva certidão. Requerer o regime de cumprimento
inicial, suspensão condicional ou substituição por pena alternativa;
f) cuidar, nas manifestações orais, para que seja realizado o seu fiel registro no termo.

13. Alegações e arrazoados - relatórios - cuidados

Nas alegações finais, razões e contra-razões recursais, é importante que o relatório contenha a data do recebimento da
denúncia e da publicação da sentença, marcos interruptivos da prescrição.

14. Alegações e arrazoados - teses

Nos relatórios de alegações finais, pronunciamentos, razões e contra-razões recursais, devem ser consignadas as teses
articuladas pelas partes e a fundamentação da sentença, em um ou em outro caso.

15. Alegações finais - crime hediondo - regime fechado

Quando postular a condenação por crime hediondo, requerer que a pena seja cumprida integralmente em regime fechado,
velando pela interposição de recurso, caso a sentença, nessa hipótese, determine o cumprimento da pena inicialmente em
regime fechado, em total afronta ao texto da Lei n.º 8.072/90.

CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI


1. Alegações em processos de júri - características

Nos processos de competência do Tribunal do Júri, ao oferecer as alegações, no prazo do art. 406 do Código de Processo
Penal:
a) apontar os indícios de autoria e materialidade exigidos para a pronúncia;
b) demonstrar a existência de qualificadoras e agravantes imputadas ao acusado;
c) indicar os artigos de lei nos quais o acusado deverá ser pronunciado;
d) requerer ou manifestar-se fundamentadamente acerca da prisão do acusado, quando for o caso;
e) fundamentar os pedidos de impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação;
f) não deve o Promotor de Justiça, salvo quando necessário, fazer um trabalho exaustivo de análise da prova, a fim de não
enfraquecer a acusação para o plenário, sendo impróprio reconhecer alguma razoabilidade nas teses da defesa. Melhor é
ater-se à prova da existência do crime e de indícios suficientes da autoria.

2. Libelo - redação - requisitos

Ao elaborar o libelo recomenda-se:


a) fazê-lo em artigos simples, claros e concisos, em congruência com a decisão de pronúncia;
b) formular, nos casos de concurso de agentes (co-autoria e participação), um libelo para cada réu, de modo que cada um
preencha, individualmente, todos os requisitos do art. 417 do Código de Processo Penal;
c) fazê-lo em séries quando forem várias as vítimas ou existirem crimes conexos;
d) descrever em artigos próprios as qualificadoras confirmadas pela pronúncia, não se limitando aos termos genéricos da
lei;
e) mencionar todas as circunstâncias agravantes até então demonstradas nos autos;
f) arrolar as testemunhas que devam depor em plenário, assinalando sua imprescindibilidade;
g) requerer, na cota de oferecimento do libelo, as diligências julgadas indispensáveis, especialmente certidão atualizada de
antecedentes judiciais, a apresentação da arma do crime para exibição em plenário e a complementação das diligências
anteriormente requeridas e ainda não atendidas.

3. Julgamento em plenário do júri - providências

No julgamento pelo Tribunal do Júri:


a) se for o caso, apresentar textos de literatura técnica, ilustrações da anatomia humana, quadros explicativos, esquemas,
mapas e outros objetos, desde que de exibição permitida, a fim de estimular a memória visual dos jurados;
b) fornecer, quando necessário, cópias de peças dos autos aos jurados, desde que nelas não conste nenhum tipo de
anotação ou destaque;
c) impugnar, quando conveniente, o uso de documento introduzido a destempo pela defesa, requerendo o registro da
impugnação na ata de julgamento;
d) oferecer exceção oral nos casos de impedimento ou suspeição, durante o sorteio dos jurados;
e) restringir a leitura de peças em plenário àquelas absolutamente imprescindíveis;
f) não concordar com a dispensa de testemunha na hipótese de ser necessária eventual acareação;
g) efetuar protestos diretamente ao Juiz Presidente nas situações que possam prejudicar o exercício da acusação,
especialmente para garantir o uso da palavra, bem como para impedir que a defesa, na tréplica, inove suas teses;
h) requerer sejam consignadas em ata todas as ocorrências que possam acarretar nulidade, procurando sempre que
possível ditar as razões de suas manifestações;
i) quando houver mais de um réu a ser julgado, em caso de cisão do julgamento, requerer que se julgue primeiro o autor
principal, observando que esta escolha é do Promotor de Justiça, no momento do sorteio de jurados;
j) estando presente assistente de acusação, cuidar para a prévia divisão do tempo dos debates;
k) explicar aos jurados a forma de votação dos quesitos e suas conseqüências para o julgamento;
l) na sala secreta, atentar para a contagem de votos dados aos quesitos, pugnando pela exibição das cédulas computadas
pelo Juiz Presidente e procedendo a oportuna conferência com o termo de votação.

4. Decisão do júri - apelação limitada

Ao apelar da decisão do júri é necessário especificar, no termo ou petição do recurso, qual (ou quais) das alíneas do inciso
III do artigo 593 do CPP motiva (ou motivam) a irresignação.
SENTENÇA E RECURSOS

1. Sentença - intimações - fiscalização do MP

Fiscalizar a intimação da sentença ao réu e seu defensor constituído ou dativo, providenciando para que a efetivação da
diligência seja adequadamente certificada nos autos e requerendo, quando for o caso, a expedição de editais.

2. Recurso - modo de interposição

Ao recorrer, deverá o Promotor delimitar claramente a irresignação formulada, evitando expressões genéricas,
principalmente quando a sentença envolver vários fatos, mais de um réu, penas diversas, condenação de uns e absolvição
de outros, etc.

3. Recurso - razões - requisitos

Além do exame do mérito, para fim de recurso, verificar se a sentença preenche os requisitos formais exigidos por lei, bem
como a exatidão da pena imposta, do regime aplicado ou de eventual medida de segurança, requerendo que a decisão
seja declarada na hipótese de obscuridade, contradição ou omissão.

4. Recurso - razões e contra-razões

Nas razões e contra-razões do recurso, indicar o Tribunal competente para o seu processo e julgamento, consoante os
artigos 101, VIII, e 103, III, da Constituição do Estado do Paraná.

5. Vítima pobre - reparação de dano

Nos casos de crimes, para obtenção da reparação do dano pela vítima que é pobre, observar os artigos 63, 64 e 68 do
CPP. Se for o caso, propor, desde logo, a competente ação.

6. Habeas-corpus - manifestação do Ministério Público em 1º grau

Em habeas-corpus impetrados em primeira instância, tendo vista dos autos recomenda-se ao agente ministerial
manifestar-se, muito embora a omissão do Código de Processo Penal, pois tal remédio jurídico se dispõe a garantir a
liberdade de ir e vir do cidadão e o Ministério Público tem a tarefa de exercer a fiscalização do cumprimento da lei.

JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL


(Lei n.º 9.099/95)

1. Presença do Ministério Público nos atos judiciais

É imprescindível a presença do Ministério Público tanto na audiência preliminar, (art. 72), quanto na audiência de instrução
e julgamento (art.81).

2. Procedimento nos crimes de ação penal publica condicionada - representação - oportunidade

Tratando-se de crimes de ação penal pública condicionada, caso a vítima não tenha oferecido representação, ao Promotor
de Justiça incumbe atentar para a designação da audiência preliminar e para o prazo decadencial, sendo bastante a
manifestação da vítima no senti­do de querer processar o autor do fato.
3. Prisão em flagrante

Cometida a infração penal de menor potencial ofensivo, a prisão em flagrante será imposta caso o autor do fato, após a
lavratura do ter­mo, não concorde em ser imediatamente encaminhado ao Juizado ou não assuma o compromisso de a ele
comparecer (art. 69, parágrafo único).

4. Prescindibilidade do termo circunstanciado

O Promotor de Justiça poderá, independentemente da lavratura do termo circunstanciado, requerer a designação da


audiência preliminar, se com a notícia da infração penal de menor potencial ofensivo estiverem identificados elementos
suficientes sobre o fato e sua autoria.

5. Cautelas do termo circunstanciado

Ao receber o termo circunstanciado, deve o Promotor de Justiça verificar se dele constam, ainda que resumidamente, as
versões do autor do fato, da vítima e, sendo o caso, de testemunhas presenciais. Sendo o termo circunstanciado lacônico
ou deficiente, caberá ao Ministério Público suprir a irregularidade havida, quando possível, evitando a devolução dos autos
à autoridade policial para diligências.

6. Laudo pericial ou prova equivalente

Tratando-se de delito que deixe vestígios, ao termo circunstanciado deverá ser anexado o laudo de exame de corpo de
delito. No entanto, na ausência deste, o Promotor de Justiça poderá oferecer a denúncia quando for possível aferir-se a
materialidade do crime através de boletim médico ou prova equivalente. Nesse sentido, até mesmo a ficha clínica do
hospital ou pronto-socorro será considerada.

7. Certidões criminais e folhas de antecedentes

O Promotor de Justiça deve atentar para a juntada aos autos das certidões criminais, bem como da folha de antecedentes,
antes da realização da audiência preliminar, com o fito de verificar se o autor da infração penal apresenta condenação, por
sentença transitada em julgado pela prática de crime sujeito a pena privativa de liberdade, e se as condições judiciais são
favoráveis à proposta de transação e à concessão de suspensão condicional do processo. Sendo o autor do fato policial
civil, militar ou outro servidor público, providenciar a juntada das anotações constantes em seu assentamento individual.

8. Composição de danos

Sendo o caso de ação penal pública incondicionada, a composição dos danos entre autor e vítima não impede a
formulação da denúncia nem a apresentação da proposta (art. 76, “caput” c/c 74, parágrafo único).
Ao membro do Ministério Público cabe o acompanhamento da composição de danos civis, quando o acordo resultar em
extinção da punibilidade do autor do fato.

9. Arquivamento de termo circunstanciado

O Promotor de Justiça promoverá o arquivamento do termo circunstanciado, se for o caso, na própria audiência preliminar,
logo após a tentativa de composição dos danos.

10. Termos de audiência - atos relevantes

O Promotor de Justiça deverá zelar para que todos os atos relevantes cons­tem do termo resumido (art. 81, § 2º),
especialmente se a audiência não estiver sendo gravada, como prevê o § 3º do art. 65.

11. Fundamentação das intervenções

Entendendo o Ministério Público não ser cabível a apresentação da proposta de transação penal ou de suspensão do
processo (art. 89), deverá fundamentar essa posição, explicitando os motivos pelos quais esses benefícios não devam ser
aplicados ao autor do fato.

12. Audiência preliminar - intervenção do MP - presença do Juiz togado

Perante o Juizado Especial Criminal, a atuação do conciliador ou Juiz leigo é limitada à composição civil dos danos,
intervindo o Ministério Público como fiscal da lei, presente no recinto o Juiz togado (art. 72).

13. Conciliadores

As funções do Ministério Público são incompatíveis com aquelas desempenhadas pelos juízes leigos e conciliadores, não
podendo os Promotores, em hipótese alguma, atuar nos Juizados Especiais como se conciliadores fossem (arts. 21 e 22).

14. Atribuições dos conciliadores

Aos conciliadores incumbe, tão somente, conduzir a conciliação, sob a orientação do Juiz; e cabe, exclusivamente ao Juiz
de Direito, homologar os acordos feitos pelas partes.

15. Audiência preliminar - proposta de transação - participação de Juiz leigo ou conciliador

Inexistindo composição civil, ou tratando-se de ação penal pública incondicionada, observados os artigos 75 e 76 da Lei
n.º 9.099/95, é recomendável que o Juiz togado presida a proposta de transação, ou, ao menos, esteja presente no
recinto, vedada, em qualquer hipótese, a participação de Juiz leigo ou conciliador.

16. Audiência preliminar - denúncia oral - presença do Juiz togado

Diante dos princípios da oralidade e celeridade que regem o Juizado Especial Criminal, a presença do Juiz togado, por
ocasião do oferecimento da denúncia oral, é indispensável.

17. Critérios de aplicação de pena restritiva de direito

Na transação penal, a proposta deve limitar-se ao valor da multa ou da espécie e período de pena restritiva de direito. É
vedada a proposta com conteúdo que exponha a pessoa ao ridículo, à humilhação ou ao vexame.

18. Proposta de transação penal

O Ministério Público tem a exclusiva iniciativa de propor a transação penal, não cabendo ao Juiz propô-la, realizando
acordo com o autor do fato, pois estaria avocando função privativa do Parquet, estabelecida constitucionalmente. A
proposta do Ministério Público deverá ser especificada quanto à qualidade e à quantidade da pena.

19. Recusa de proposta de transação penal pelo Ministério Público

Considerando o inciso III do § 2º do art. 76, se o Ministério Público se recusa a propor a aplicação de pena menos grave,
deverá fundamentar e motivar sua manifestação, não bastando mencionar, tão-somente, o dispositivo legal.

20. Concurso de crimes

Havendo concurso de crimes, um da competência do Juizado Especial Criminal e outro da competência do Juízo comum,
prevalecerá a competência da Justiça comum, sem prejuízo da possibilidade de aplicação de suspensão condicional do
processo, desde que presentes as suas condições, e da eventual exigência de representação nos delitos de lesões
corporais dolosas leves e lesão corporal culposa.

21. Desclassificação ocorrida no plenário do júri


Ocorrida a desclassificação no júri para um delito de menor potencial ofensivo, o Juiz-presidente do Tribunal do Júri não
poderá prosseguir no processo para condenar o réu, cumprindo-lhe, após o trânsito em julgado da sentença, remeter os
autos ao juiz competente, se não for ele próprio, devendo ser ouvida a vítima a respeito da representação.

22. Assistente da acusação na transação penal

Não caberá assistente de acusação nesta fase, haja vista a inexistência de ação penal.

23. Denúncia oral e requisitos

Em face da impossibilidade de transação, o Promotor de Justiça, na própria audiência, havendo indícios de autoria e
materialidade, oferecerá a denúncia, que será reduzida a termo.
A denúncia oral, presentes as condições da ação, deverá obedecer os artigos 41 e 43 do Código de Processo Penal.

24. Citações e intimações

Oferecida a denúncia, nos moldes do art. 78, as citações e intimações serão realizadas nessa oportunidade. Ausente o
acusado, será expedido mandado recomendando que o mesmo deve comparecer à audiência de instrução e julgamento
acompanhado de Advogado. Ausente o ofendido ou o seu responsável civil, sua intimação seguirá os termos do art. 67.
A citação do autor do fato deverá ser, necessariamente, pessoal (artigo 66, “caput”). Na impossibilidade desta, as peças
deverão ser remetidas para o Juízo comum (art. 66, parágrafo único).

25. Intimação e número de testemunhas

O Ministério Público e a defesa poderão requerer a intimação de testemunhas até cinco dias antes da audiência de
julgamento. A defesa, caso não requeira a intimação, tem a prerrogativa de trazer suas testemunhas.
Não tendo a Lei n.º 9.099/95 especificado o número máximo de testemunhas, aplica-se o limite estabelecido pelo artigo
539 do Código de Processo Penal (no máximo cinco).

26. Oportunidade da proposta de suspensão condicional

Quando do oferecimento da denúncia, o Ministério Público poderá, desde logo propor a suspensão do processo. No
entanto, ausentes, nesse momento, os requisitos legais para a realização da proposta, nada obsta que seja feita
posteriormente.

27. Suspensão do processo - exclusividade - do Ministério Público

O Promotor de Justiça, a teor do art. 89, tem exclusividade na atribuição da proposta, ou não, da suspensão do processo,
devendo fazê-lo fundamentadamente, sendo defeso ao Juiz tomar a iniciativa, ainda que a requerimento da parte. Na
hipótese de discordância, cumpre ao Juiz aplicar subsidiariamente o art. 28 do CPP.

28. Transação penal e suspensão condicional do processo - concurso de crimes

Os institutos da transação penal e da suspensão condicional do processo serão aplicados, nas hipóteses de concurso
formal ou material e de crime continuado, se a soma das penas mínimas cominadas a cada crime, computado o aumento
respectivo, não ultrapassar o limite de um ano.

29. Audiência de instrução - presidência do Juiz togado

Ainda que informal o Juizado Especial Criminal, não há previsão legal na prática de atos jurisdicionais típicos por parte de
conciliador ou juiz leigo, vigendo na sua plenitude o princípio constitucional do juiz natural.

30. Fiscalização do sursis processual durante a vigência do benefício


Durante o período probatório da suspensão condicional do processo, o representante do Ministério Público deverá zelar
pelo cumprimento das condições impostas e verificar, regularmente, com os meios ao seu dispor, se o acusado está sendo
processado em outro feito.

31. Inaplicabilidade da Lei n.º 9.099/95 na Justiça Militar

No âmbito da Justiça Militar são inaplicáveis as disposições da Lei n.º 9.099/95, nos moldes do art. 90-A da lei supracitada.

32. Lei n.º 9.099/95 nos crimes de trânsito

Nos crimes cuja pena máxima não ultrapasse a um ano, aplicam-se as regras do Juizado Especial Criminal. A Lei n.º
9.099/95 valerá como norma geral e o CTB prevalecerá ante a sua especialidade, havendo conflito entre elas.

33. Homicídio culposo na direção de veículo, suspensão condicional do processo, transação penal e conciliação
extintiva de punibilidade

Nos termos da redação do parágrafo único do art. 291 do CTB, tratando­-se de homicídio culposo na direção de veículo, é
inaplicável a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei n.º 9.099/95), a transação penal ou a conciliação cível
extintiva da punibilidade (art. 74 e 76 da Lei 9.099/95).

34. Lesão corporal culposa na direção de veículo, suspensão condicional do processo, transação penal e
conciliação extintiva de punibilidade

Aplicam-se as disposições dos artigos 74, 76 e 89 da Lei n.º 9.099/95, tratando-se de lesão corporal culposa praticada na
direção de veículo automotor.

35. Turmas Recursais - intervenção

Os membros do Ministério Público intervêm perante as Turmas Recursais dos Juizados Especiais Criminais, instituídas
pela Resolução n.º 2/96 do Tribunal de Justiça do Estado, em revezamento mensal, iniciando-se pelo menos antigo na
comarca, sendo que as substituições serão feitas automaticamente, obedecendo a ordem de antigüidade dos Promotores
com atribuições criminais nas respectivas comarcas de entrância final, e a ordem de antigüidade quando houver mais de
um Promotor na comarca de entrância intermediária ou, quando não, pelo Promotor da comarca de entrância intermediária
mais próxima.

36. Competências dos tribunais

Os Tribunais Estaduais têm competência originária para conhecimento e julgamento de habeas corpus e mandados de
segurança quando o Juiz de Direito for o coator. Também as correições parciais devem ser encaminhadas aos Tribunais
Estaduais.

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - SONEGAÇÃO FISCAL

1. Procedimento administrativo fiscal - providências preliminares

Recomenda-se a adoção das seguintes providências preliminares, logo que é dada ao Ministério Público a primeira vista
do procedimento administrativo fiscal:
a) registrar e autuar a documentação recebida como “Procedimento Administrativo”, no âmbito da própria Promotoria,
conforme faculta o art. 26, inciso I, da lei 8.625/93 ( Lei Orgânica Nacional do Ministério Público);
b) oficiar à Delegacia Regional da Receita Estadual que abrange o Município onde se consumou o ilícito fiscal, solicitando
remessa de informações acerca do efetivo pagamento do débito tributário e demais encargos (multa e correção monetária)
indicando, no ofício, o número do Auto de Infração (localizado no canto superior esquerdo do documento encaminhado
pela Fazenda), solicitando ainda que seja noticiado eventual pagamento e a forma como ocorreu (pagamento integral,
parcelamento, etc.) ;
c) oficiar à Junta Comercial do Estado do Paraná solicitando o envio de cópias autênticas do Contrato Social e todas as
alterações subseqüentes, relativamente à empresa autuada pelo fisco, ou ata de assembléia geral no caso de sociedade
anônima;
d) verificar se constam do procedimento administrativo fiscal todas as notas fiscais, a que eventualmente nele haja alusão
(originais ou cópias autenticadas);
e) verificar se constam do PAF (Procedimento Administrativo Fiscal), as cópias dos Livros de Registro de Entrada de
Mercadorias, de Registro de Saídas de Mercadorias, e de Apuração de ICMS, bem como, ao final, cópias das GIAS de
ICMS, relativas a cada período de apuração (mensal);
f) com a juntada dessa documentação, via de regra se torna dispensável a instauração de inquérito policial, haja vista que
a prova documental é suficiente à formação da opinio delicti;
g) ao oferecer denúncia, caso entenda que o valor do prejuízo ao erário público é substancial, deve o Promotor de Justiça
instaurar novo procedimento administrativo visando apurar se o contribuinte é proprietário de bens móveis e imóveis aptos
a serem seqüestrados a fim de assegurar o pleno ressarcimento, oficiando aos Cartórios de Registro de Imóveis da
Comarca onde reside o contribuinte ou situa-se a empresa, ao Detran, Telepar e Receita Federal;
h) deverá o Promotor, em seguida, promover medida cautelar assecuratória, consistente no seqüestro de bens do
contribuinte, com base no Decreto-Lei n.º 3240/41, ainda em vigor, que disciplina o seqüestro de bens de pessoa indiciada
por crime de que resulta prejuízo para a Fazenda Pública. Uma vez deferido o seqüestro, com a conseqüente nomeação
de depositário fiel dos bens móveis, pela autoridade judiciária, e averbação do seqüestro dos bens imóveis no Registro de
Imóveis (art. 4º, § 1º, inc. I e II, do Decreto 3.240/41), terá o Promotor o prazo de 15 dias para ingressar em Juízo com
pedido de especialização em hipoteca legal, objetivando a criação de garantia em favor da Fazenda Pública.

2. Extinção da punibilidade pelo pagamento do débito

Antes do recebimento da denúncia, se o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive
acessórios, extingue-se a punibilidade dos crimes contra a ordem tributária, consoante dispõe a Lei n.º 9.249/95, em seu
artigo 34, razão pela qual outra alternativa não restará ao Promotor de Justiça senão promover o arquivamento dos autos.

3. Parcelamento do débito fiscal

Malgrado bastante discutida a matéria, orienta-se o Promotor a adotar a posição do Pleno do STF, e mesmo do TJPR,
ainda ao tempo em que vigorava o art. 14 da Lei 8.137/90, no entendimento de que
se o artigo 14 da Lei n. 8137/90 exige, para a extinção da punibilidade, o pagamento do débito antes do recebimento da denúncia,
essa extinção só poderá ser decretada se o débito em causa for integralmente extinto pela sua satisfação, o que não ocorre antes de
solvida a última parcela do pagamento fracionado. Assim, enquanto não extinto integralmente o débito do pagamento, não ocorre a
causa da extinção da punibilidade em exame, podendo, portanto, se for o caso, ser recebida a denúncia.

Oportuno, ainda, atentar para o disposto no art. 154, parágrafo único, do Código Tributário Nacional .

4. Anistia

No caso de concessão de anistia, ou parcelamento com os benefícios da anistia pleiteados e concedidos indevidamente,
atentar para o art. 180 do Código Tributário Nacional, já que
o artigo 180 do Código Tributário Nacional não foi derrogado pela atual Constituição Federal, pois não há incompatibilidade entre os
seus preceitos e os da Carta Magna, no que tange à anistia. Logo, esta não se aplica ‘aos atos qualificados em Lei como crimes ou
contravenções.

5. Agente do ilícito penal tributário

O art. 11 da Lei 8.137/90 repete a fórmula do art. 29 do Código Penal. Entretanto, cumpre atentar para o entendimento
doutrinário, no sentido de que
O sujeito que consta como administrador no contrato social da empresa à época da conduta (tempo do crime, art. 4º do CP) praticada
por intermédio desta, presume-se autor do delito, ao menos na modalidade intelectual, devendo provar o contrário, caso impute a
iniciativa anímica da conduta a terceiro (por exemplo, um funcionário), invertendo, assim, o ônus da prova devido à alegação de
circunstância fática nova nos autos (art. 156 do CPP), divergente das circunstâncias constantes da documentação constitutiva da
pessoa jurídica.

6. Elemento subjetivo dos crimes tributários

Todos os crimes tributários terão o dolo como elemento integrante. Não existe crime tributário que se configure por culpa.

7. Competência processual

Quando o crime for cometido tendo por objeto um tributo da União, a Justiça Federal será competente para processo e
julgamento. Se, todavia, o tributo objeto do crime for estadual ou municipal, a competência processual será da Justiça do
Estado a que pertença o tributo, ou do município cujo tributo foi elidido de maneira criminosa.

8. Crime de sonegação fiscal

Os crimes de sonegação fiscal, ou contra a Ordem Tributária, estão previstos nos art. 1º e 2º da Lei 8.137/90. Os crimes
previstos no art. 1º, incisos I a V são materiais. Por seu turno, os crimes previstos no parágrafo único do art. 1º, e no art.
2º, são formais.

9. Consumação

O crime fiscal material consuma-se no último prazo concedido pela legislação tributária para recolhimento do tributo.
O crime fiscal formal é de consumação instantânea, aperfeiçoando-se no momento em que o agente pratica a conduta
descrita no tipo. Entretanto, convém lembrar que a doutrina exige prazo mínimo de 10 dias de descumprimento para a
consumação do crime previsto no art. 1º, parágrafo único, não podendo ser minorado pelo fisco.

10. Descaminho

O crime de descaminho significa fraude no pagamento de impostos e taxas devidos pela entrada ou saída de mercadorias
ou gêneros.

11. Ação penal pública nos crimes contra a ordem tributária

Os crimes referidos na Lei nº 8.137/90 são de ação penal pública incondicionada, aplicando-se-lhes o disposto no artigo
100 do Código Penal. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público para a cabal apuração dos fatos
supostamente criminosos.

12. Fraudes - casos freqüentes que redundam em crimes contra a ordem tributária

ICMS

Nota calçada

Fraude na qual o contribuinte insere nas vias fixas do bloco de notas fiscais valor inferior àquele lançado na via do
consumidor final, que corresponde ao valor da operação efetivamente realizada, com o que reduz tributo devido à Fazenda
Pública Estadual. Essa conduta está inserida no art. 1º, inc. II, da lei n.º 8137/90.

Nota paralela

Fraude na qual o próprio contribuinte, ou mediante colaboração de gráfica, imprime dois blocos de notas fiscais com a
mesma numeração e série, fazendo constar no rodapé do documento fiscal um número de AIDF , verdadeiro ou fictício, e,
quando da venda de mercadoria ao consumidor final, o contribuinte preenche a nota paralela que não é contabilizada na
empresa (lançada nos livros obrigatórios de saída de mercadorias e de apuração de ICMS), suprimindo, assim, o tributo
devido ao Estado naquela operação. Tal conduta se enquadra nos incisos III e IV do art. 1º da Lei 8137/90.

Crédito frio

Fraude através da qual o contribuinte, por si, ou valendo-se da participação de outras empresas, lança mão de notas
fiscais inidôneas (falsas — ideológica ou materialmente), geralmente relativas a empresas já canceladas perante a
Fazenda Pública Estadual, ou de empresas inexistentes, de fato ou de direito.
É comum, quando o contribuinte usa nota fiscal de empresa cancelada, argumentar em sua defesa que desconhecia essa
situação da empresa perante o fisco estadual, porque lhe seria impraticável contatar com a Receita Estadual toda vez que
comprasse mercadorias. Diante dessa argumentação, deve o contribuinte provar a efetividade da operação, apresentando
cópia autenticada de documento de depósito bancário ou cópia do cheque que serviu para pagamento da operação
questionada. No caso de não apresentar prova definitiva do pagamento é porque a compra da mercadoria não se realizou,
caracterizando a fraude.
A fraude em questão diz respeito ao princípio da “não cumulatividade” do ICMS, previsto na CF/88, (art. 155, § 2º, inc. I),
que permite ao contribuinte abater em suas operações posteriores de saída de mercadorias o ICMS já pago quando das
operações de sua entrada.
Assim, o contribuinte lança no Livro de Registro de Entrada de Mercadorias, valor relativo ao ICMS pago quando da
compra de mercadorias, “gerando” um crédito de ICMS perante o Estado do Paraná (forjado), que é abatido, ao final de
cada exercício fiscal (30 dias), com o imposto devido. Desta forma o contribuinte, valendo-se de um crédito inexistente,
compensa o valor que deveria pagar, praticando, em conseqüência, sonegação fiscal. Tal fraude se enquadra no art. 1º,
inc. II, da Lei 8.137/90.

Apropriação de créditos por “Diferencial de Alíquotas” - utilização na redução ou supressão do ICMS - formas de
consecução da fraude

A fraude ocorre quando o contribuinte paranaense realiza operação de compra junto à empresa localizada em outro
Estado da Federação (por exemplo: São Paulo, onde a operação interestadual está sujeita à alíquota de 12% (doze por
cento), incidente sobre o valor da operação) e, considerando a não cumulatividade do imposto prevista na Constituição
Federal, vem a se creditar, além dos 12% por ele pagos, de mais 5% (não pagos), alegando que nas operações de compra
dentro do Estado do Paraná, se pratica o percentual de 17%, beneficiando-se, por sua própria conta, indevidamente, do
diferencial de 5%. Frise-se que este diferencial de 5% jamais foi pago pelo contribuinte e, constitui, na verdade, geração
criminosa de crédito fictício. Tal conduta enquadra-se no art. 1º, inc. I e II, da Lei 8.137/90.

Subfaturamento

Esta fraude consiste no fato de o contribuinte lançar na nota fiscal valor inferior ao efetivamente pago pelo consumidor
final, além de lançar este valor no Livro de Registro de Saída de Mercadorias, a fim de reduzir o valor do tributo devido ao
Estado. Esta conduta enquadra-se no art. 1º, inc. I e II, da Lei 8.137/90.

Venda tributada de mercadorias sem o fornecimento de nota fiscal - “caixa 2”

Tal fraude consiste no fato de o contribuinte negar ou deixar de fornecer nota fiscal quando realiza operação tributada de
venda de mercadorias, suprimindo, assim, o imposto devido naquela operação mercantil realizada. Esta conduta se
enquadra no art. 1º, inc. I e V, da Lei 8.137/90.

Fraude no pagamento do ICMS pelo sistema da substituição tributária

Via de regra, os tributos são cobrados dos contribuintes, ou seja, das pessoas que realizam os fatos que dão origem à
obrigação tributária. Entretanto, o legislador (art. 128 do CTN), ou para evitar a sonegação, ou para facilitar a ação
fiscalizatória do Estado, elege responsáveis tributários, ou seja, escolhe um determinado contribuinte para arcar com a
carga tributária dos contribuintes anteriores ou posteriores, que estejam, por qualquer razão, relacionados à mesma
atividade comercial ou produtiva. Assim, na responsabilidade por substituição, o dever de pagar o tributo, deixa de ser do
contribuinte e passa a ser do substituto.
O regime de substituição tributária consiste em atribuir a um terceiro a obrigação tributária do sujeito passivo natural. A
regra em questão diz-se vulgarmente “para trás”, quando é atribuída a responsabilidade para o cumprimento de
obrigações das operações anteriores e “para frente”, das operações subseqüentes. Tais procedimentos visam combinar
técnicas de arrecadação e de fiscalização, concentrando e antecipando a receita e racionalizando as atividades inerentes,
principalmente a de fiscalização pela redução do universo de contribuintes passíveis de maiores controle.
Assim, em face de tal regime, surgem duas figuras tributárias distintas: o contribuinte de fato e o contribuinte de direito. O
contribuinte de fato é aquele que efetivamente arca com o ônus do pagamento do imposto, enquanto que o contribuinte de
direito é o responsável pela retenção temporária e posterior repasse do valor cobrado do contribuinte de fato, aos cofres
públicos.
Desta forma, a fraude ocorre quando o substituto eleito cobra, no preço da mercadoria, sob a forma de custo,
antecipadamente, o tributo devido por seus sucessores ou antecessores e posteriormente não o repassa à Fazenda
Pública, omitindo estas informações das autoridades fazendárias. Portanto, locupleta-se indevidamente, eis que se
apropria definitivamente do tributo que arrecadou por antecipação, e que deveria ser repassado ao fisco paranaense,
obtendo vantagem ilícita mediante a supressão do tributo (ICMS), cuja retenção antecipada não foi declarada ao Fisco. Tal
fraude vem consubstanciada no art. 2º, inc. II, da Lei Federal 8.137/90.

ISS

Forma de evasão fiscal

A fraude consiste no fato de o contribuinte instituir empresa em município cuja alíquota do ISS é menor em relação àquele
onde a empresa esta efetivamente sediada e operando. A legislação não impede que a empresa tenha sede ou filial em
município onde a alíquota de ISS é menor, desde que, efetivamente ela lá esteja instalada e exerça suas atividades. A
fraude diz respeito ao fato da empresa existir somente de direito (no papel), e não de fato, no município cuja carga
tributária é menor.
Caso a Receita Municipal não tenha juntado provas suficientes da inexistência de fato da empresa no município onde a
carga tributária é menor, é prudente que tal levantamento seja feito direitamente pela Promotoria, ou através da autoridade
policial.

Pagamento de tributo com cheque sem fundos

Apesar de aparentemente poder-se enquadrar tal conduta como crime contra a ordem tributária, na verdade o agente
jamais conseguirá suprimir ou reduzir o tributo devido, uma vez que o art. 162, § 2º, do Código Tributário Nacional,
somente considera extinto o débito pago através de cheque após o resgate do mesmo pelo sacado. Assim, o pagamento
de tributo com cheque sem suficiente provisão de fundos pode caracterizar crime de estelionato, seja na forma do “caput”
ou na forma do inc. VI do art. 171 do Código Penal, mas não crime contra a ordem tributária.

Falsificação de chancela de autenticação bancária em guia de recolhimento de imposto

Repetem-se aqui os argumentos aduzidos no item supra, quando do tratamento da matéria relativa a cheque sem fundos,
pois a falsificação de guia de recolhimento de imposto não tem o condão de suprimir ou reduzir o crédito tributário devido à
Fazenda Pública, podendo tal conduta caracterizar crime de falsificação de documento público ou estelionato, dependendo
da circunstância, mas não crime contra a ordem tributária.

EXECUÇÃO PENAL

1. Intervenção do MP na execução penal

Cabe ao Promotor de Justiça:


a) fiscalizar a execução das medidas aplicadas em sede de transação penal, das condições da suspensão condicional do
processo e da suspensão condicional da pena, bem como as penas restritivas de direitos e privativas de liberdade, além
das medidas de segurança, oficiando em todas as fases do processo executivo e dos incidentes de execução, e quando
necessário, interpor os recursos cabíveis das decisões proferidas pela autoridade judiciária;
b) fiscalizar, mensalmente, o cumprimento das condições legais e consensuais estabelecidas na suspensão condicional do
processo e no sursis, requerendo a prorrogação do benefício na hipótese do não comparecimento do réu em Juízo, bem
como na ausência de comprovação da efetiva reparação do dano antes do escoamento do prazo estabelecido;
c) requerer a revogação da suspensão condicional do processo e do sursis, pelo descumprimento injustificado das
condições legais e consensuais estabelecidas, após regular intimação do réu para justificar-se.

2. Guias de recolhimento e internamento

O Promotor de Justiça deve fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e internamento, verificando a pena
aplicada ao réu, o prazo prescricional e, tratando‑se de pena privativa de liberdade, atentar para o regime prisional fixado
na sentença e para a adequação do local onde se encontra preso o condenado, tomando as providências cabíveis para
sanar as eventuais irregularidades. Observar o pagamento da multa e das custas processuais.

3. Providências necessárias do processo executivo

Quando necessário, na execução penal, o Promotor de Justiça deverá requerer ou verificar a:


a) instauração de incidentes de excesso ou desvio de execução;
b) aplicação de medida de segurança bem como a substituição da pena por medida de segurança;
c) revogação da medida de segurança;
d) conversão de penas, a prorrogação ou regressão nos regimes e a revogação da suspensão condicional da pena e do
livramento condicional;
e) internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
f) canalização de prestação pecuniária exclusivamente para entidades com destinação social e atividades assistenciais,
regularmente registradas nos órgãos da categoria, conselhos estaduais e municipais;
g) correta orientação da pena restritiva de direitos de prestação de serviços à comunidade para órgãos públicos ou
entidades com destinação social e atividades assistenciais, regularmente registradas nos órgãos da categoria, conselhos
estaduais e municipais.

4. Incidentes de progressão e regressão do regime de pena

Cabe ao Promotor de Justiça manifestar-se nos incidentes de progressão e regressão do regime de pena, requerendo a
sua modificação, quando for necessário.

5. Progressão para o regime semi-aberto

Tratando-se de progressão para o regime semi-aberto, recomenda-se ao representante do Ministério Público observar:
a) a existência de decreto expulsório, perante o Ministério da Justiça, no caso de condenado estrangeiro;
b) as hipóteses legais de impossibilidade de progressão (crimes hediondos e equiparados);
c) o preenchimento, por parte do condenado, dos requisitos legais de ordem objetiva e subjetiva;
d) a existência do exame criminológico, quando necessário, com as informações sobre a conduta carcerária e laborterapia
e outros elementos relativos às áreas social, psicológica e psiquiátrica;
e) eventual prisão cautelar decretada em outro feito impedindo a transferência do condenado para
f) regime menos rigoroso.

6. Falta disciplinar de natureza grave

Incorrendo o condenado em falta disciplinar de natureza grave, observar as disposições legais do artigo 118 da LEP.

7. Remição da pena pelo trabalho

Tratando-se de remição da pena, cumpre ao Promotor de Justiça atentar para:


a) o atestado de trabalho;
b) a inclusão, no cômputo do cálculo de tempo, do trabalho eventualmente desempenhado por ocasião da prisão provisória
(trabalho interno);
c) a impossibilidade de concessão de remição tratando-se de condenado em regime aberto, nos moldes do artigo 126 da
LEP.

8. Pedidos de livramento condicional

Nos pedidos de livramento condicional, o Promotor de Justiça deverá observar:


a) o cumprimento de tempo de pena específico para situação dos condenados primários (um terço) e reincidentes em
crime dolosos ou com maus antecedentes (metade), e para autores de crimes hediondos e equiparados (dois terços);
b) a impossibilidade da concessão do benefício ao reincidente específico em crime hediondo;
c) comprovação da reparação do dano causado pela infração, salvo impossibilidade de fazê-lo;
d) a existência de menção explícita, no laudo de exame criminológico, às condições pessoais do preso, que façam
presumir que ele não voltará a delinqüir;
e) comprovação de satisfatório comportamento durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho atribuído e
aptidão para prover a própria subsistência através de trabalho honesto;
f) a existência de parecer do Conselho Penitenciário do Estado.

9. Pena restritiva de direitos

Incumbe ao Promotor de Justiça:


a) fiscalizar a execução da pena restritiva de direitos e, em se tratando de sentença condenatória, requerer a sua
conversão em pena privativa de liberdade;
b) fiscalizar a regularidade formal das entidades e órgãos beneficiários das penas restritivas de direitos, bem como das
medidas aplicadas em sede de transação penal e suspensão condicional do processo;
c) promover a criação de cadastro, na comarca, de entidades aptas a receber os benefícios das penas restritivas de
direitos e medidas aplicadas em sede de transação penal e suspensão condicional do processo.

10. Não-pagamento de pena de multa imposta cumulativamente

Atentar para o fato de que o não-pagamento da pena de multa imposta cumulativamente, consoante dispõe o artigo 118,
§1º, da LEP, implica em regressão do regime aberto, bem como, à luz do disposto no artigo 81, inciso II, CP, revogação da
suspensão condicional da pena.

11. Visitas carcerárias

Durante a realização das visitas carcerárias, o Promotor de Justiça deverá:


a) verificar a existência de presos irregulares, adotando as medidas judiciais cabíveis para fazer cessar o constrangimento
ilegal;
b) ouvir os presos, anotando suas reclamações;
c) observar as condições de segurança e higiene das celas;
d) verificar a existência de adolescentes detidos por determinação judicial e, em caso positivo, zelar para que seu
recolhimento se faça em sala especial;
e) elaborar relatório circunstanciado consignando, no livro próprio, tudo o que reputar relevante;
f) efetivar as providências pertinentes às reclamações dos presos e, em sendo necessário, encaminhar à Procuradoria-
Geral de Justiça o relatório das visitas, sugerindo a adoção das medidas que ultrapassem os limites de suas atribuições.

12. Visita aos estabelecimentos de cumprimento das penas restritivas de direitos

Nas visitas aos órgãos públicos e entidades beneficiárias das penas restritivas de direitos e das medidas aplicadas em
sede de transação penal e suspensão condicional do processo, cumpre ao Promotor de Justiça verificar:
a) as instalações e a existência de pessoal apto a executar as penas restritivas de direitos;
b) se os serviços prestados pelos réus possibilitam a sua reintegração social;
c) se os recursos advindos da prestação pecuniária são regularmente aplicados em benefício da comunidade.

13. Indulto e comutação

Observar, nos casos de indulto e comutação, os requisitos estabelecidos nos respectivos decretos presidenciais, zelando
para que sempre haja o parecer do Conselho Penitenciário.

CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL CIVIL E MILITAR

1. Regulamentação do controle externo da atividade policial

Nos moldes do artigo 129, inc. Vll, da Constituição Federal, cumpre ao Ministério Público, como função institucional, o
exercício do controle externo da atividade policial. Esse controle, no Estado do Paraná, está disciplinado no âmbito da Lei
Complementar n.º 85/99 (art. 57, inc. XII) e em ato próprio do Procurador-Geral de Justiça.
2. Significado do controle externo

O controle externo da atividade policial não implica, para as Polícias, sofrer redução de seu prestígio político e social,
tampouco suportar nova hierarquia administrativa, posto que referido controle é, antes, fruto do sistema comum de freios e
contrapesos impostos pela Carta Magna entre os Poderes e as instituições públicas.

3. Controle interno das Polícias

O Ministério Público não tem ingerência sobre os assuntos de economia interna das polícias, bem como sobre o estilo de
cada autoridade policial de proceder as investigações ao seu modo, sendo ela, inquestionavelmente, quem dirige as
apurações e preside sua formalização, mediante a lavratura do termo circunstanciado e a instauração do inquérito policial.

4. Atividades do controle externo

No exercício do controle externo da Polícia Judiciária Civil e da Policia Militar, recomenda-se ao Promotor de Justiça, no
âmbito de suas atribuições:
a) realizar visitas às Delegacias de Polícias e aos órgãos encarregados de apuração das infrações penais militares,
assegurado o livre ingresso a esses estabelecimentos;
b) examinar quaisquer documentos relativos à atividade de Polícia Judiciária, podendo extrair cópias;
c) exercer o controle da regularidade do inquérito policial;
d) receber representação ou petição de qualquer pessoa ou entidade por violações relacionadas com o exercício da
atividade policial;
e) instaurar procedimentos administrativos na área de sua atribuição;
f) representar à autoridade competente para adoção de providências que visem sanar omissões, prevenir ou corrigir
ilegalidades ou abuso de poder relacionados com a atividade de investigação penal;
g) requisitar à autoridade competente abertura de inquérito policial sobre omissão ou fato ilícito ocorridos no exercício da
atividade policial.

5. Requisição de sindicância das corporações militares

Cumpre ao Promotor de Justiça, no exercício do controle externo, requisitar as sindicâncias levadas a efeito no seio das
corporações militares, haja vista que as mesmas, em face do princípio constitucional, não podem ficar ao alvedrio dos
comandantes militares, porque a opinio delicti compete, com exclusividade, ao Ministério Público.

6. Requisição ou notificação do Governador do Estado, membros da Assembléia Legislativa, do Poder Judiciário


de segunda instância e Secretários de Estado

O membro do Ministério Público solicitará ao Procurador-Geral de Justiça a requisição ou notificação sempre que se
destinem às autoridades supracitadas.

7. Não-atendimento da requisição ministerial

É o termo técnico e adequado à designação de pedido que não faculta ao destinatário desatender, sob pena de crime
(prevaricação ou desobediência). O desatendimento de requisição ministerial, por pura desídia, em tese configura infração
disciplinar, havendo de ser acionado o superior hierárquico da autoridade faltosa (requisição de sindicância ou
procedimento disciplinar, nos moldes do artigo 26, Ill, LONMP).

8. Acompanhamento de investigações

Como corolário do controle externo da atividade policial, o membro do Ministério Público é detentor de direito líquido e
certo de acompanhar as investigações respectivas, através de uma participação ativa nas diligências apuratórias, não
significando, contudo, direção das investigações, estipulação de prioridades e métodos, designação de datas e
providências, expedição de ordens internas, autuação de interrogatórios, presidência dos inquéritos e tudo mais que seja
da alçada privativa da autoridade policial.
9. Respeito às dificuldades e carências das polícias

Cumpre ao membro do Ministério Público, em que pesem as prerrogativas de fiscalizar externamente as Polícias, respeitar
as dificuldades e as carências que peculiarizem cada unidade policial, e, numa visão macroscópica, a própria Polícia como
um todo.

10. Bom senso e ética do membro do Ministério Público

O membro do Ministério Público, na condição de agente político e detentor de prerrogativas constitucionais, não deverá se
afastar dos limites do bom senso e das normas éticas, bem como da política do bom relacionamento interinstitucional.

11. Procedimento administrativo

Os Promotores de Justiça Criminais, com fulcro no artigo 129, inciso Vl, da CF/88, e art. 58, inc. I, da Lei Complementar
Estadual n.º 85/99, poderão instaurar procedimento administrativo investigatório de ofício, ou através de representação ou
qualquer outro meio de informação, quando houver necessidade de esclarecimentos complementares para formar o seu
convencimento.

12. Denúncia com base em peças informativas

Faz-se necessário ressaltar que o Código de Processo Penal autoriza a propositura de ação penal com base em peças
informativas, no caso, o procedimento administrativo (art. 46, § 1º). Não há impedimentos legais para que o Promotor de
Justiça que apurou venha a oferecer, ele próprio, a denúncia criminal e sustentar a ação penal correlata, pois, como parte
que é, nesse caso não se caracteriza impedimento ou suspeição.

13. Finalidades do procedimento administrativo investigatório

O procedimento administrativo investigatório deverá atender às seguintes finalidades:


a) a prevenção da criminalidade;
b) a celeridade, o aperfeiçoamento e a indisponibilidade da persecução penal;
c) a prevenção e a correção de irregularidades, ilegalidades ou abuso de poder relacionados com a atividade de
investigação criminal;
d) a retificação de falhas na produção da prova, inclusive técnica, para fins de persecução penal.

14. Instauração e presidência do procedimento administrativo investigatório

O procedimento administrativo investigatório será presidido pelo Promotor de Justiça no âmbito de suas atribuições
criminais. Instaurar-se-á, por termo de abertura, autuado e registrado em livro próprio, com o seguinte teor:
a) descrição do fato objeto de investigação;
b) o nome e a qualificação do autor da representação, se for o caso;
c) a determinação das diligências iniciais ou esclarecimentos e o meio pelo qual se tomou conhecimento do fato.

O membro do Ministério Público, ao presidir procedimento administrativo investigatório, zelará pelo respeito aos direitos
inerentes à intimidade, à privacidade do indivíduo, ao sigilo das informações, se for o caso, bem como pela integração das
suas atribuições, da Polícia Judiciária e de outros órgãos colaboradores.

15. Diligência em outra comarca

Havendo necessidade da realização, em procedimento administrativo investigatório, de diligência em outra comarca, esta
poderá ser solicitada ao respectivo órgão de execução do Ministério Público.

16. Comprovação de comparecimento

Sendo solicitada, pelo interessado, o Promotor de Justiça fornecerá comprovação escrita do seu comparecimento.
17. Providências de caráter geral na área de atuação da autoridade policial

Ao ser constatada anormalidade operacional ou outra situação que enseje pedido de providências junto aos órgãos
superiores dos organismos policiais, seja dado conhecimento do(s) fato(s) à Corregedoria da Polícia Civil ou ao Comando-
Geral da Polícia Militar, diretamente ou através da Corregedoria-Geral do Ministério Público.

PROCESSO CIVIL EM GERAL

RECOMENDAÇÕES GENÉRICAS

1. Interesse público - intervenção do MP - obrigatoriedade

Quando a lei expressamente prever a intervenção do Ministério Público, em casos que defina de modo especificado (arts.
82, I e II, 944 e 1.105 do Código de Processo Civil, bem como em leis especiais, falências, mandado de segurança, ação
popular, execução fiscal, acidentes do trabalho, Estatuto da Criança e do Adolescente, etc.), o Promotor de Justiça
intervirá obrigatoriamente.

2. Interesse público - intervenção do MP - discricionariedade

Nos casos do art. 82, III, do CPC, poderá o agente do Ministério Público avaliar a efetiva existência do interesse público,
intervindo ou não no processo civil, sempre, e obrigatoriamente, de modo fundamentado.

3. Atribuições concorrentes - critérios

Se houver mais de uma causa bastante para a atuação ou intervenção do Ministério Público, recomenda-se adotar os
seguintes critérios:
a) funcionará o membro da Instituição incumbido do zelo do interesse público mais abrangente, segundo a seguinte ordem
crescente: interesses individuais, interesses individuais homogêneos, interesses coletivos, interesses difusos e interesse
público; ainda, para o mesmo fim, considera-se mais abrangente o interesse indisponível em relação ao interesse
disponível;
b) tratando-se de interesses de abrangência equivalente, oficiará no feito o membro do Ministério Público investido da
atribuição mais especializada;
c) tratando-se de atribuições igualmente especializadas, atuará no feito o membro do Ministério Público que por primeiro
oficiar no processo ou procedimento, ou seu substituto legal;
d) ao membro do Ministério Público a que couber oficiar no feito ou no procedimento, incumbirá exercer todas as funções
de Ministério Público.

4. Custos legis - intervenção de outro Promotor - desnecessidade

No processo civil não existe mais de um interesse público. Se o Ministério Público atuar como órgão agente, pelos
princípios constitucionais da unidade e indivisibilidade não será necessária a participação de outro Promotor de Justiça
como custos legis.

5. Interesse público - intimação - requerimento do MP

O agente do Ministério Público, tomando conhecimento de que tramita processo onde está presente interesse público,
deve requerer ao Juiz vista para atuar como custos legis.

6. Custos legis - manifestação depois das partes

O Promotor de Justiça, atuando como custos legis, deverá zelar para que tenha vista do processo após a manifestação
das partes.

7. Recursos - legitimidade

O Ministério Público pode recorrer em todos os feitos em que atue como órgão agente e nos que deva atuar como órgão
interveniente.

8. Impedimentos e suspeições

O membro do Ministério Público estará sujeito às mesmas hipóteses de impedimento e de suspeição dos Juízes (arts. 134
e 135 do CPC), exceto quanto ao caso do inciso V, do art. 135, quando atue como parte no processo.

9. Preliminares

Se houver questões processuais a abordar em pronunciamentos e arrazoados, devem ser argüidas, de forma destacada,
em preliminar à matéria de mérito.

10. Pronunciamentos e arrazoados recursais - cuidados na elaboração

Nos pronunciamentos e arrazoados recursais devem ser consignadas, no relatório, as teses articuladas pelas partes e os
fundamentos da sentença, cuidando, na conclusão, em qualquer manifestação, para fazê-lo com convicção, requerendo,
promovendo, propondo, etc. Cumpre, sempre, indicar o Tribunal competente para conhecimento da matéria.

11. Debates e memoriais - requisitos

Por ocasião dos debates ou entrega de memoriais:


a) relatar resumidamente o processo;
b) pronunciar-se sobre todas as questões suscitadas;
c) pronunciar-se sobre nulidades suscitadas ou argüi-las, se for o caso;
d) analisar a prova colhida e os fundamentos de fato e de direito nos quais fundar sua convicção;
e) suscitar as questões constitucionais pertinentes.

FAMÍLIA E SUCESSÕES

1. Ação de alimentos

Tratando-se de ação alimentícia, deve o Ministério Público observar as situações previstas no art. 98 do ECA e, sendo
pertinente, remeter o caso ao Juízo competente.

2. Petição inicial nas ações de alimentos

O Promotor de Justiça de Família, ao analisar a petição inicial das ações de alimentos, deve verificar, dentre outros
aspectos:
a) se as necessidades do autor e as possibilidades do réu estão demonstradas para a fixação de alimentos provisórios;
b) a prova de parentesco ou da obrigação de alimentar do réu;
c) que a pensão alimentícia seja fixada em percentual vinculado à remuneração mensal do alimentante e descontada em
sua folha de pagamento, se possível.

3. Ação revisional de alimentos


Cumpre ao Ministério Público, nas ações revisionais de alimentos, observar:
a) se a inicial está devidamente instruída com os documentos imprescindíveis à propositura da ação, principalmente a
cópia autenticada do acordo homologado ou da sentença, transitada em julgado, em que foi definida a pensão revisanda;
b) se a inicial demonstra, inequivocamente, a modificação da situação financeira das partes;
c) se, através de tutela antecipada, deve-se fixar alimentos provisórios, majorando ou reduzindo a pensão revisanda.

4. Execuções de alimentos

Cabe ao Ministério Público zelar para que a execução de alimentos se processe nos mesmos autos onde foram ajustados
ou fixados por sentença.

5. Prisão civil do devedor de alimentos

Se a execução de alimentos obedecer ao rito do art. 733 do Código de Processo Civil, em caso de falta da justificação ou
de sua rejeição, a prisão civil do devedor só poderá ser decretada se houver pedido expresso do credor, ficando
caracterizado o inadimplemento voluntário e inescusável do débito alimentar.

6. Ações de nulidade de casamento

O Ministério Público, nas ações de nulidade de casamento, não sendo parte, oficia como custos legis.

7. Curador ao vínculo

O Ministério Público deve observar se ocorreu a nomeação de curador ao vínculo, bem como se o mesmo está exercendo
seu múnus de forma efetiva e participando de todos os atos processuais.

8. Ação de anulação de casamento

O Ministério Público intervém como fiscal da lei

9. Ação de separação judicial

A intervenção do Ministério Público, nas ações de separação judicial, dar-se-á como fiscal da lei.

10. Audiência de conciliação

Cumpre ao Ministério Público, nos termos da Lei n.º 968, de 10.12.49, fiscalizar a realização da audiência prévia de
conciliação e ainda observar se a audiência de instrução e julgamento foi precedida de nova tentativa de conciliação.

11. Estudo psicossocial - guarda e direito de visita de filhos

Quando na separação judicial estipular-se a guarda e direito de visita de filhos, recomenda-se ao Promotor de Justiça, se
necessário, requerer a realização de estudo psicossocial.

12. Ação de separação cumulada com alimentos

Quando na ação de separação houver pedido de alimentos, cumpre ao Ministério Público zelar para que seja produzida
prova acerca da necessidade e da possibilidade alimentícia.

13. Ação de conversão de separação judicial em divórcio

Cumpre ao Ministério Público:


a) requerer o apensamento dos autos do processo de separação;
b) não sendo possível, requerer a juntada aos autos de cópia da sentença e do acórdão ou, se for o caso, do acordo
homologado na separação consensual;
c) requerer, no caso de dúvida, a juntada aos autos de certidão de casamento atualizada, a fim de constatar a eventual
existência de averbação do restabelecimento da sociedade conjugal.

14. Ação de divórcio direto litigioso ou consensual

Cumpre ao Ministério Público observar:


a) o decurso de prazo mínimo previsto para a propositura da ação;
b) fiscalizar se foi promovida a tentativa de conciliação;
c) os requisitos legais da inicial, nos termos do art. 40, § 2º, da Lei nº 6.515, de 26. 12. 77.

15. Ação de fixação e modificação de guarda de filhos ou de regime de visitas

Recomenda-se ao Promotor de Justiça não concordar, de regra, sem prévia audiência de justificação, com a concessão de
medida liminar de modificação de guarda ou de regime de visitas, ou mesmo com o pedido de busca e apreensão.

16. Ação de investigação de paternidade e investigação oficiosa - cumulação com alimentos

a) nas ações de investigação e negatória de paternidade, recomenda-se ao Promotor de Justiça requerer a realização do
exame hematológico, bem como concordar com o requerimento da elaboração do exame de DNA pelo Perito da confiança
do Juiz, desde que as partes comprometam-se a arcar com as despesas em caso de impossibilidade da sua realização
ocorrer na rede pública;
b) nos procedimentos administrativos de averiguação oficiosa da paternidade, intervém o Ministério Público no interesse
do incapaz;
c) o procedimento administrativo de averiguação oficiosa da paternidade revela a indisponibilidade do direito do incapaz, e
ainda que a mãe não queira declinar quem seja o suposto pai, não pode dispor do direito de averiguação oficiosa;
d) em procedimento de averiguação oficiosa da paternidade, quando o suposto pai não atender a notificação, ou
atendendo, negar a alegada paternidade, havendo elementos suficientes, deverá ser intentada a ação de investigação de
paternidade;
e) é conveniente que a ação de investigação de paternidade seja cumulada com alimentos, quando no interesse de
incapaz, por questão de economia processual;
f) em ação de investigação de paternidade cumulada com alimentos, quanto a estes não pode a parte suportar a demora
do processo, sendo possível o requerimento liminar de antecipação dos efeitos da tutela, a título de alimentos provisórios,
em qualquer fase do processo, desde que haja prova da verossimilhança das alegações, conjugando-se o art. 7º, da Lei
n.º 8.560/92 (cognição exauriente), com o art. 4º, da Lei n.º 5.478/68 (cognição sumária).

17. Suprimento de idade para casamento

O Ministério Público, nos processos de suprimento de idade para casamento, além da comprovação da idade, deve
observar a prova, por laudo médico, da gravidez e da capacidade física e mental para a consecução do matrimônio.

18. Separação de corpos e de bens

Nos processos de suprimento de idade para casamento, inexistindo falta de condições de coabitação, faz-se necessário a
separação de corpos, fixando-se o regime obrigatório da separação de bens.

19. Razão da intervenção do Ministério Público no direito sucessório

O Ministério Público, nos procedimentos de jurisdição voluntária e demais causas concernentes às disposições de última
vontade, é chamado a intervir como custos legis, nos moldes do inc. II do art. 82 do CPC.

20. Causas concernentes a disposições de última vontade que exigem a intervenção do Ministério Público

a) procedimento de abertura, registro e cumprimento do testamento cerrado;


b) procedimento da confirmação do testamento particular, marítimo, nuncupativo ou codicilo, e de sub-rogação de vínculos;
c) procedimentos da extinção de usufruto e fideicomisso;
d) procedimento dos inventários, independente do rito, desde que haja testamento;
e) ações declaratórias de nulidade do testamento;
f) ações anulatórias de testamento;
g) ações declaratórias de nulidade de cláusulas testamentárias;
h) ações de anulação de partilha, desde que fundada em testamento;
i) ações que visem redução de liberalidades;
j) ações do legatário para haver entrega de legado;
k) ações de desapropriação ou outras que recaiam sobre bens vinculados.

21. Testamento ou codicilo

O Ministério Público, nos processos de aprovação e registro de testamento, deve observar:


a) a juntada aos autos da certidão de óbito do testador e, nos casos de testamento particular, cerrado e de codicilo, os
originais;
b) a existência de poderes especiais do procurador do testamenteiro;
c) as audiências de aprovação de testamento particular, atentando para o cumprimento das disposições legais pertinentes,
zelando para que as questões intrínsecas do testamento sejam discutidas no inventário, procedimento em que se faz a sua
execução.

22. Ação de anulação de testamento

O Ministério Público, nas ações de anulação parcial ou total de testamento, deve observar a citação de todos os
interessados, inclusive o testamenteiro compromissado, bem como zelar pela oitiva das testemunhas do testamento e, se
for o caso, do oficial público que o lavrou.

23. Inventário com testamento

Nos inventários com testamento, o Ministério Público deve, além de zelar para que sejam respeitadas as disposições de
última vontade do de cujus :
a) requerer a juntada de cópia autêntica do testamento;
b) fiscalizar a citação dos herdeiros e testamenteiro compromissado;
c) havendo cláusula testamentária restritiva, requerer a comprovação das dívidas declaradas com o propósito de evitar o
esvaziamento do monte em detrimento dos vínculos;
d) zelar para que os vínculos testamentários sejam consignados no auto de adjudicação ou no esboço de partilha,
incidindo sobre imóveis;
e) requerer o depósito em conta judicial, tratando-se de quinhão gravado constituído de dinheiro, exigindo comprovação
nos autos.

24. Procedimentos cautelares - intervenção

Nos procedimentos cautelares, oficiar em todas as medidas, ainda que preparatórias ou inominadas, quando deva o
Ministério Público intervir na ação principal.

25. Interdições

Nos pedidos de interdição e nos processos em que o interdito for interessado:


a) requerer, quando for o caso, a nomeação de Advogado para promover ou assumir a defesa do interdito;
b) ter em consideração, ao se manifestar sobre pedido de nomeação de curador provisório, a conclusão de eventual laudo
médico oficial, em caso de interdição de segurado da Previdência Social;
c) zelar para que, quando possível, a perícia seja realizada por médico psiquiatra, preferencialmente de estabelecimento
público;
d) fiscalizar para que a sentença de interdição seja registrada, bem como para que seja averbada a que puser termo à
interdição ou determinar a alteração de curador ou dos limites da curatela;
e) exigir, no caso de compra, alienação ou permuta de bens no interesse do incapaz, rigorosa apuração do respectivo
valor.
REGISTROS PÚBLICOS

1. Motivo da intervenção do Ministério Público no direito registrário

A razão da intervenção do Ministério Público na questão registrária depreende-se da indisponibilidade de interesses onde,
por força de norma constitucional, o Parquet é obrigado a intervir.

2. Intervenção nos feitos de retificação de registros imobiliários

A participação do Ministério Público, nos moldes do § 3º do art. 213 da Lei n.º 6.015, de 1973, nos pedidos de retificação, é
obrigatória sempre na qualidade de fiscal da lei.

3. Intervenção nos feitos de averbação de registros imobiliários

Não há dispositivo legal que imponha a intervenção do Ministério Público no procedimento de averbação. Entretanto,
havendo procedimento administrativo, não sendo possível o oficial ex oficio praticar o ato da averbação, o Ministério
Público intervirá em defesa dos interesses indisponíveis envolvidos no funcionamento do sistema registrário.

4. Intervenção nos feitos de cancelamentos de registros imobiliários

A intervenção do Ministério Público não é prevista em lei. Entretanto, a Promotoria de Registros Públicos, por força das
regras genéricas do art. 1.105 c/c o art. 82, ambos do CPC, poderá intervir nas hipóteses do art. 250 da Lei de Registros
Públicos.

5. Intervenção nos feitos de retificação de registro civil de pessoas naturais

O § 1º do art. 109 da Lei n.º 6.015, de 1973, contempla a participação do Ministério Público.

6. Pedidos de alteração de nomes

Nos pedidos de alteração de nome, o Promotor de Registros Públicos deve observar os seguintes documentos:
a) certidão de nascimento atualizada do requerente;
b) relação dos últimos domicílios do requerente, bem como certidões, conforme o caso, dos Cartórios Distribuidores Cível
e Criminal da Justiça Estadual e Federal, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho, da Justiça Militar, dos Cartórios de
Protesto e de outros documentos necessários para impedir que a alteração visada possa facultar o descumprimento de
responsabilidades legais.

7. Reconhecimento voluntário de paternidade

O reconhecimento de paternidade poderá ser feito voluntariamente através de documento público ou particular,
dispensando a anuência do outro genitor que, discordando, poderá utilizar-se dos instrumentos processuais próprios para
impugnar.

8. Legitimidade do Ministério Público para propor ação de investigação de paternidade

O Ministério Público, nos termos do art. 2º, § 5º, da Lei nº 8.560, de 29.12.92, tem legitimidade para ajuizar ação de
investigação de paternidade.

9. Intervenção nos feitos de averbação de registro civil de pessoas naturais


Há necessidade da intervenção do Ministério Público quando se trate de pedido de averbação, por força do art. 97 da lei
registrária.

10. Intervenção nos feitos de cancelamento de registro civil de pessoas naturais

Não há norma expressa prevendo a intervenção do Ministério Público nos casos de cancelamento de registro civil.
Entretanto, considerando que o procedimento pode assumir, conforme a situação, outros desdobramentos (procedimento
administrativo, procedimento de jurisdição voluntária), a Promotoria de Registros Públicos, por força das regras dos arts.
1.105 e 82, ambos do CPC, poderá intervir.

11. Habilitação de casamentos

Nos procedimentos de habilitação de casamento o Ministério Público deve fiscalizar:


a) as declarações que devem constar do memorial;
b) os documentos que devem instruí-la;
c) a afixação da publicação dos proclamas de casamento, exigido na hipótese de nubentes domiciliados em diferentes
distritos, e certidão relativa à remessa do edital para publicação;
d) a comprovação da homologação da sentença, no caso de um dos contraentes ser separado judicialmente ou divorciado;
e) a autenticação de certidões de nascimento, casamento ou de óbito, pela autoridade consular brasileira do local de
origem, quando for o caso.

12. Dispensa dos proclamas

Cabe ao Ministério Público fiscalizar os pedidos de dispensa dos proclamas, restringindo-os rigorosamente às hipóteses
legais, exigindo, quando conveniente, prova da ocorrência do motivo invocado.

13. Trasladação de assento de casamento

Deve o Promotor de Justiça, nos pedidos de trasladação de pedidos de assento de casamento, observar:
a) certidão estrangeira do casamento, no original, legalizada pelo consulado brasileiro no país de origem;
b) a tradução oficial da certidão estrangeira por tradutor juramentado;
c) certidão de nascimento de inteiro teor, e atualizada, do cônjuge brasileiro para possibilitar a verificação de possíveis
averbações anteriores ao casamento estrangeiro;
d) documento de identidade do cônjuge estrangeiro em que conste seu estado civil.

14. Trasladação de assento de nascimento

Nos pedidos de trasladação de assento de nascimento, a Promotoria de Justiça de Registros Públicos deve observar:
a) certidão estrangeira do nascimento, no original, legalizada pelo consulado brasileiro no país de origem;
b) certidão de nascimento ou documento que comprove a nacionalidade brasileira de um dos genitores;
c) declaração de residência.

15. Outras hipóteses de intervenção do Ministério Público

a) registro tardio de nascimento;


b) averbação de patronímico de concubino;
c) conversão da união estável em casamento;
d) averbação de escritura de adoção nos moldes do Código Civil;
e) averbação de reconhecimento de filho.

INCAPAZES E AUSENTES
1. Razão da intervenção do Ministério Público pelos incapazes

O fundamento da intervenção do Ministério Público pelos incapazes está na indisponibilidade de direitos. O que torna
indisponível o direito de que é titular o incapaz é a falta, real ou presumida, de desenvolvimento mental suficiente que lhe
permita a autodeterminação no mundo do direito.
O art. 5º da Lei n.º 7.853/89 estabelece que a matéria pertinente às deficiências é de interesse público, devendo, em
qualquer demanda, ainda que individual, ajuizada por pessoa portadora de deficiência, contar com a intervenção
ministerial, desde que a matéria verse sobre a deficiência, em qualquer de suas modalidades: física, motora ou mental.

2. Fundamentação legal

Segundo o art. 82, I, do Código de Processo Civil, há intervenção do Ministério Público “nas causas em que há interesses
de incapazes”.

3. Identificação do “interesse de incapaz”

A demonstração de interesse de incapaz num processo evidencia-se quando qualquer das pessoas previstas nos art. 5º e
6º do Código Civil figure no pólo ativo ou passivo da relação processual.

4. Momento da intervenção do Ministério Público

A legitimação do Ministério Público para dar assistência ao incapaz pode surgir tanto no momento inicial do procedimento,
quando o incapaz esteja no pólo ativo, como em momento posterior, como o de seu comparecimento em Juízo, ou após o
decurso do prazo para a contestação.

5. Ausência de intervenção do Ministério Público

Em regra, gera nulidade absoluta.

6. Conflito de interesses - curador especial - nomeação

Verificar se ocorre o conflito de interesses previsto no art. 9º, inciso I, do Código de Processo Civil, requerendo, se
necessário, a nomeação de curador especial, abstendo‑se o Promotor de Justiça de atuar nesta condição.

7. Curadoria de incapazes - cautelas prévias

Nos feitos em que o Promotor de Justiça oficie como Curador de Incapazes, recomenda-se:
a) verificar se há legitimidade para sua intervenção, requerendo faça-se prova da existência da incapacidade (juntada de
certidão de nascimento, de prova de interdição ou ausência, etc.) ou, ao menos, de fundada suspeita daquela;
b) nos casos de fundada suspeita de incapacidade, requerer a aplicação analógica do disposto no art. 218 do Código de
Processo Civil.

8. Réu preso

Não há razão para nomear curador especial ao réu preso se este contestou a ação através de Advogado constituído.

9. Réu revel

A intervenção do Ministério Público é obrigatória tratando-se de réu revel citado por edital, não prejudicando a nomeação
de curador especial, cuja ausência acarreta a nulidade do processo.

10. Importâncias pertencentes a interditos - processo único


Zelar para que as importâncias pertencentes ou devidas aos interditos fiquem depositadas no próprio processo de
interdição, sob movimentação e fiscalização subordinadas ao Juízo respectivo.

11. Importâncias pertencentes a incapazes - depósito

Cuidar para que as importâncias pertencentes a menores e demais incapazes ou ausentes, sejam depositadas em conta
judicial, com juros e correção monetária, em nome daqueles e à ordem do Juízo, preferencialmente em estabelecimento
oficial de crédito, velando pela respectiva comprovação nos autos e, quando for o caso, pela responsabilização de quem
de direito.

12. Aquisição de bens em benefício de menores - cautelas

Em se tratando de aquisição de bens em nome de menores, é sempre de bom alvitre a juntada ao processo de certidões
negativas do Cartório Distribuidor, em nome dos proprietários, visando preservar os interesses dos incapazes adquirentes.
A existência de distribuição de protesto, por exemplo, não recomendaria a transação imobiliária, dada a possibilidade, não
remota, de ajuizamento de ações visando a anulação do negócio jurídico por fraude à execução ou contra credores.

MASSAS FALIDAS

1. Razão da intervenção do Ministério Publico

O fundamento da intervenção do Ministério Público na fiscalização das massas falidas assenta-se na indisponibilidade do
interesse circunscrito à necessidade de se proteger o crédito, como instituição básica da estrutura econômica. A lei
processual exige a intervenção do Ministério Público para atuar como custos legis, haja vista que as normas do processo
falimentar, sendo de direito público, devido ao interesse social, devem ser resguardadas.

2. Cautelas da Promotoria de Massas Falidas

O Promotor de Justiça, no processo falimentar, deve observar a:


a) competência do juízo;
b) prova da qualidade de comerciante do requerente ou do requerido;
c) regularidade da representação processual;
d) regularidade da citação.

3. Providências do MP após prolatada a sentença

Após tomar ciência da sentença que decretou ou não a falência, cabe ao Promotor de Justiça:
a) verificar se a sentença preenche os requisitos legais;
b) diligenciar no sentido da imediata publicação do edital para convocação dos credores, bem como para que o síndico
seja compromissado;
c) requisitar expedições de ofícios à Junta Comercial para obtenção das certidões necessárias;
d) acompanhar a tomada de declarações do falido;
e) zelar para que o síndico inicie imediatamente a arrecadação e demais providências que o caso concreto possa exigir.

4. Fiscalização das informações do falido

O falido, nos moldes do artigo 34, inciso Vl, da Lei de Falências, tem o dever de prestar, verbalmente ou por escrito, as
informações reclamadas pelo Ministério Público sobre as circunstâncias e fatos que interessam à falência.

5. Prisão civil do falido


A prisão civil do falido poderá ser decretada, por ordem do Juiz ou a requerimento do Promotor de Justiça, em duas
hipóteses:
a) descumprimento dos deveres impostos pela Lei de Falências (art. 35);
b) no caso de não juntar aos autos a relação de credores (§1º, artigo 60).

6. Destituição do síndico

O síndico, nos moldes do artigo 66, da Lei Falimentar, poderá ser destituído pelo Juiz, de ofício, a requerimento do
representante do Ministério Público ou de qualquer credor, nos seguintes casos:
a) exceder quaisquer dos prazos legais;
b) infringir quaisquer outros deveres que lhe foram impostos;
c) defender interesses contrários aos da massa.

7. Providências concernentes à persecução criminal

Os artigos 103 e seguintes da Lei Falimentar são dispositivos legais que fazem referência à atuação ministerial no âmbito
da persecução criminal de natureza falimentar.

8. Falências - responsabilidade criminal

Como os crimes falimentares prescrevem em 02 (dois) anos, contados da data em que deveria estar encerrada a falência
(Súmulas 147 e 592 do STF; artigos 132, § 1º e 199, parágrafo único do DL 7.661/45), o Promotor de Justiça deve tomar
as providências cabíveis no sentido de fiscalizar as obrigações do falido (art. 34) e a regular instauração do inquérito
judicial (artigos 103, § 1º, 14, parágrafo único, inc. V; 80; 63, inc. V; 66; 68 e 69, §§ 3º e 5º) e, no caso de oferecimento de
denúncia ao Juízo da falência, no prazo de 05 (cinco) dias (artigos 108 e 109, § 2º), observar a Súmula 564 do STF.

MANDADO DE SEGURANÇA

1. Observações indispensáveis ao oficiar como fiscal da lei

a) verificar se estão presentes as condições da ação e os pressupostos processuais de regularidade de instauração e


desenvolvimento válido da relação processual, especialmente examinando se há legitimidade do impetrante e da
autoridade coatora, se o pedido tem amparo legal, se existe para o impetrante o interesse de agir e se o juiz tem
competência originária ou adquirida para a ação;
b) zelar pela regularidade da representação processual do impetrante, observando, quando se tratar de pessoa jurídica, se
o outorgante do mandato tinha poderes para tanto, em face dos atos constitutivos da sociedade;
c) velar pela regularização do processo, requerendo, quando for o caso e preliminarmente à apresentação de
pronunciamento final, a notificação do impetrante para promover a citação dos litisconsortes necessários;
d) lembrar que o ajuizamento da ação de mandado de segurança exige prova pré-constituída da existência do direito
líquido e certo, não comportando dilação probatória;
e) somente apresentar requerimentos de diligências excepcionalmente e de forma fundamentada, no caso de se tratar de
providência indispensável ao exame do pedido;
f) apreciar cada uma das defesas argüidas contra a impetração, bem como todas as questões de fato e de direito trazidas
aos autos e consideradas juridicamente pertinentes;
g) pronunciar-se sempre sobre as questões de mérito, propondo, conforme o caso, a concessão ou a denegação da
segurança, ainda que haja convencimento acerca de possível causa processual de extinção do processo sem julgamento
do mérito.

2. Cautelas ao oficiar como impetrante

a) elaborar cuidadosamente a petição inicial, expondo com clareza os fatos e fundamentos jurídicos do pedido, indicando
os textos legais pertinentes, atribuindo valor à causa e postulando, quando for o caso, a concessão de liminar;
b) anexar à petição inicial todos os documentos necessários;
c) comunicar a impetração à Procuradoria-Geral de Justiça, com a remessa de cópia da inicial, para possibilitar o
acompanhamento posterior em segunda instância.

AÇÃO POPULAR

1. Exigências legais

Ao analisar a adequação da petição inicial às exigências legais, verificar especialmente:


a) a presença dos requisitos previstos no art. 282 do Código de Processo Civil;
b) se o autor fez prova da cidadania, juntando cópia do título de eleitor ou documento equivalente;
c) a competência do Juízo;
d) se a inicial está convenientemente instruída com os documentos indispensáveis, ou, na hipótese contrária, se o autor
popular comprovou haver tentado obtê-los, sem sucesso, e requereu a requisição judicial dos mesmos;
e) se foram incluídos no pólo passivo as pessoas jurídicas e todos os responsáveis pelo ato impugnado , com a
qualificação mínima que permita a regular citação;
f) se foi requerida a citação dos beneficiários conhecidos do ato impugnado, sugerindo que ela se faça por edital na
hipótese em que a dificuldade da realização da diligência ou a multiplicidade de beneficiários possa dificultar a tramitação
do processo.
g) requerer vista dos autos ao tomar conhecimento do ajuizamento da ação, caso os mesmos não lhe tenham sido
encaminhados desde logo.

2. Litispendência - reunião dos processos

Verificar a eventual existência de outras ações populares contra as mesmas partes e com os mesmos fundamentos,
postulando, em qualquer fase, a reunião dos processos no Juízo prevento.

3. Manifestação inicial

Após o aperfeiçoamento de todas as citações:


a) manifestar-se sobre todas as questões processuais pertinentes, ainda que não tenham sido argüidas, evitando, nesta
fase, qualquer exame do mérito;
b) pronunciar-se sobre as provas requeridas, propondo o indeferimento daquelas de manifesta impertinência;
c) sugerir, na hipótese em que se apresentar duvidosa a pertinência da prova, seja determinado à parte interessada que
justifique a sua necessidade;
d) examinar a pertinência da produção de prova pericial que tenha sido requerida, cuidando para que sejam deferidos
apenas os quesitos diretamente relacionados com o objeto da ação, formulando outros, se entender conveniente;
e) requerer a produção de provas necessárias que não tenham sido propostas pelas partes;
f) acompanhar a produção das provas, zelando para que sejam colhidas com celeridade;
g) adotar as providências necessárias à apuração de responsabilidade criminal, quando a prova oferecer elementos que
indiquem, em tese, a prática de ilícito penal;
h) requerer a adoção do rito abreviado quando as partes não postularem produção de provas ou se todas tiverem sido
indeferidas, zelando para que se lhes confira oportunidade para o oferecimento de alegações finais.

4. Audiência - memoriais - desistência do autor

a) oferecer manifestação final, em audiência ou por meio de memorial, examinando todas as questões de mérito;
b) se o autor popular desistir da ação ou der causa à extinção do processo sem julgamento do mérito, promover o
seguimento da ação e assumir o pólo ativo, desde que entenda injustificável a desistência ou o abandono; ou, ainda, expor
as razões pelas quais reputa inconveniente o prosseguimento da ação, postulando a extinção do processo;
c) promover, no caso de omissão do autor, a execução da sentença condenatória.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

1. O ajuizamento da ação civil pública

A ação civil pública deverá seguir os princípios do Código de Processo Civil, observadas as particularidades trazidas pela
Lei Federal n.º 7.347/85 e pela parte procedimental do Código de Defesa do Consumidor, atentando sempre para os
requisitos da petição inicial e lembrando que admite pedido de condenação, declaratório ou constitutivo.

2. Princípio da obrigatoriedade

A atuação do Ministério Público está condicionada ao princípio da obrigatoriedade, o que indica que somente poderá
postular a extinção da ação civil pública sem julgamento do mérito quando, no curso do processo, surgir fato novo que
descaracterize a situação vigente à época do ajuizamento da ação e que faça cessar a lesão ou a ameaça de lesão ao
interesse tutelado.

3. Liminar e tutela antecipada

a) atentar para o cabimento de liminar e de pedido de tutela antecipada;


b) ao pleitear a concessão de liminar ou tutela antecipada, postular também o arbitramento de cominação adequada para a
hipótese de descumprimento da obrigação ou multa diária, sugerindo o seu valor;
c) na hipótese de a liminar ou a tutela antecipada ser postulada em desfavor do Poder Público, zelar por sua oitiva prévia,
no prazo de 72 (setenta e duas) horas , ressalvada a possibilidade da lesão se concretizar nesse período.

4. Competência absoluta e jurisdição

a) observar que a competência para o julgamento de ação civil pública é absoluta, do Juiz do local em que o dano ocorreu
ou deveria ocorrer;
b) caso a ação seja de competência da Justiça Federal , atentar para o fato de que, inexistindo Vara Federal na comarca,
seu julgamento caberá ao Juiz Estadual, investido de jurisdição federal;
c) nas ações versando sobre interesses difusos e coletivos da infância e juventude, a competência absoluta será a do Juiz
do local em que foi ou deveria ter sido praticada a ação danosa.

5. Instrução e cautelas administrativas

a) instruir os autos da ação civil pública com o inquérito civil ou com o procedimento preparatório, conforme o caso;
b) manter na Promotoria de Justiça cópia da petição inicial, bem como das primeiras peças dos autos do inquérito civil, do
procedimento preparatório e da própria ação civil pública;
c) remeter ao Centro de Apoio Operacional respectivo, cópias da petição inicial, das decisões liminares e sentenças
proferidas nas ações civis públicas propostas, cuidando para que conste da remessa informações acerca da Vara para a
qual a ação foi distribuída, além do número dos respectivos autos.

6. Tramitação e perícias

a) observar rigorosamente os prazos processuais para manifestação, que no caso são próprios, importando em preclusão
o seu descumprimento;
b) proceder ao acompanhamento regular da tramitação do processo por intermédio de consultas ao cartório respectivo;
c) observar que na ação civil pública não há adiantamento de custas, honorários periciais, emolumentos ou qualquer outra
despesa. Não cabe, igualmente, condenação em honorários advocatícios no caso da ação ajuizada pelo Ministério Público
ser julgada improcedente;
d) indicar assistente técnico sempre que deferida a produção de prova pericial, formulando quesitos. A indicação de
assistente técnico deverá recair, preferencialmente, em profissional integrante do corpo técnico de apoio ao Ministério
Público , em funcionário de órgão público ou em profissional de confiança do Promotor de Justiça, com capacitação na
matéria. Colher, junto ao profissional indicado, subsídios para a formulação dos quesitos.
7. Celebração de acordo

a) no caso de celebração de acordo no curso da ação civil pública, zelar para que todas as medidas necessárias para a
integral reparação do dano, ou sua efetiva prevenção, sejam contempladas, valendo-se de aconselhamento técnico, se
entender conveniente;
b) o Ministério Público somente poderá transigir quanto ao prazo, forma e modo de cumprimento da obrigação;
c) a transação celebrada nos autos da ação civil pública não se sujeita a reexame ou homologação pelo Conselho Superior
do Ministério Público;
d) inserir, no termo de transação, sempre que cabível, cominação para a hipótese de descumprimento das obrigações
assumidas e submeter a transação à homologação judicial.

8. Condenação e execução

a) zelar para que toda condenação em dinheiro reverta para o fundo de reparação dos interesses difusos lesados;
b) na hipótese da ação civil pública ter por objeto ato de improbidade administrativa, a condenação em dinheiro deverá
reverter para a pessoa jurídica prejudicada pelo ato ilícito e não para o fundo;
c) observar que, nas hipóteses de tutela de interesses individuais, ainda que homogêneos, os particulares lesados terão
preferência no recebimento das verbas objeto da condenação;
d) ajuizar a ação de execução assim que se convencer de que o réu, mesmo condenado, não cumprirá voluntariamente a
sentença, observando os procedimentos previstos no Código de Processo Civil.

9. Atuação como fiscal da lei na Ação Civil Pública

a) assumir o pólo ativo da relação processual sempre que houver desistência ou abandono injustificados da ação civil
pública. No caso de entender justificado o abandono ou a desistência, manifestar-se fundamentadamente a respeito,
expondo os motivos pelos quais não irá assumir o pólo ativo da demanda, devolvendo os autos para decisão;
b) impugnar a transação celebrada entre autor e réu da ação civil pública sempre que entender esteja havendo disposição
do conteúdo material da demanda, de sorte a impossibilitar a integral reparação do dano. A oposição poderá ser oferecida,
quer mantendo o Ministério Público a posição de fiscal da lei, quer pedindo sua habilitação no pólo ativo da demanda,
como litisconsorte do autor. A impugnação oferecida como fiscal da lei não obsta a homologação judicial do acordo,
competindo ao Ministério Público recorrer da decisão, se for o caso. Na hipótese de a impugnação ser formulada pelo
Ministério Público na qualidade de litisconsorte, o acordo não poderá ser homologado;
c) promover a execução da sentença que julgou procedente a ação civil pública se o autor não o fizer no prazo de 60
(sessenta) dias, contado de seu trânsito em julgado.

FUNDAÇÕES

1. A fiscalização do Ministério Público

As fundações privadas e as entidades ou organizações de assistência social que tenham sede ou que atuem no território
do Estado do Paraná estão sob a fiscalização do Ministério Público Estadual.

2. Atividade do Ministério Público na fiscalização das fundações

O Ministério Público, em matéria fundacional, exerce atividade administrativa e judicial.

3. Atribuições da Promotoria de Fundações

Nos moldes do art. 67, inciso XII, da Lei Complementar Estadual n.º 85/99, caberá ao Ministério Público:
a) fiscalizar e inspecionar as fundações;
b) requerer:
- que os bens doados, quando insuficientes para constituir a fundação, sejam convertidos em títulos de dívida pública, se
de outro modo não tiver disposto o instituidor;
- a remoção dos administradores das fundações nos casos de negligência ou prevaricação, e a nomeação de quem os
substitua, salvo o disposto nos respectivos estatutos ou atos constitutivos;
- notificar quaisquer responsáveis por fundações que recebam legados, subvenções ou outros benefícios para prestarem
contas de sua administração e, em caso de desatendimento, promover a ação própria;
- promover o seqüestro dos bens das fundações ilegalmente alienados e as ações necessárias à anulação dos atos
praticados sem observância das prescrições legais ou estatutárias;
- examinar as contas das fundações e promover a verificação de que trata o art. 30, parágrafo único, do Código Civil;
- elaborar os estatutos das fundações, se não o fizerem aqueles a quem o instituidor acometeu o encargo;
- velar pelas fundações e oficiar nos processos que lhes digam respeito;
- dar ciência ao Procurador-Geral de Justiça das medidas que tiver tomado no interesse das fundações, remetendo as
respectivas peças de informação;
- exercer outras atribuições que lhe sejam conferidas em lei ou regulamento.

4. Órgão do Ministério Público com atribuições

Terá atribuições para fiscalizar as fundações, o órgão do Ministério Público Estadual onde se situa a sede da instituição.

5. Cautelas da Promotoria de Fundações

Antes da lavratura da escritura de instituição de qualquer fundação, o membro do Ministério Público deverá observar se
todos os requisitos legais foram preenchidos, procedendo, se necessário, às eventuais correções no projeto do estatuto,
adequando-o ao interesse público.

6. Elementos constitutivos do ato de instituição de fundações

O ato de instituição de fundações será formalizado através de escritura pública, observando-se:


a) forma solene de instituição (escritura pública ou testamento);
b) dotação especial de bens livres;
c) suficiência dos bens ao atendimento dos fins da fundação;
d) finalidade;
e) licitude e possibilidade do objeto;
f) a existência de estatutos ou designação de pessoa que os elabore dentro do prazo estipulado pelo instituidor;
g) caráter de liberalidade do ato;
h) inexistência de fins lucrativos;
i) designação e sede da instituição.

7. Prazo para o Ministério Público

O prazo do Ministério Público, para analisar o pedido de instituição de fundação, será de 15 (quinze) dias, conforme dispõe
o art. 1201 do CPC.

8. Intervenção do Ministério Público

O Ministério Público deverá intervir como anuente na escritura de instituição de fundação cuja finalidade e estatuto tenham
sido previamente aprovados, bem como em todas as escrituras em que houver interesse de fundação.

9. Procedimentos especiais de jurisdição contenciosa

O Ministério Público deverá intervir nos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa ou voluntária em que houver
interesse de fundação, sob pena de nulidade do processo.

10. Prazo de requisição de documentos de interesse de fundações

O membro do Ministério Público deverá requisitar, no prazo de 06 (seis) meses do término do exercício financeiro, balanço
contábil, relatório das atividades desenvolvidas, cópias das atas das eleições dos órgãos administrativos e outros
documentos de interesse da fundação, para fiscalizar o cumprimento das normas estatutárias, bem como a destinação de
seus recursos.

11. Visitas às fundações

O membro do Ministério Público, com o objetivo de observar o desenvolvimento das atividades das fundações, deverá
realizar visitas periódicas.

12. Vacância dos órgãos dirigentes da fundação

O membro do Ministério Público deverá, com os meios ao seu dispor, tomar providências visando o preenchimento dos
órgãos dirigentes da fundação, em caso de vacância.

13. Aquisição ou venda de bens pelas fundações

Cabe ao Ministério Público fiscalizar a avaliação prévia de bens imóveis ou de considerável valor que devam ser
adquiridos ou alienados pela fundação.

14. Alteração dos estatutos

A alteração dos estatutos das fundações depende da aprovação do Ministério Público.

ACIDENTES DO TRABALHO

1. Atuação da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do Trabalhador

A Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do Trabalhador prestará atendimento e orientação às vítimas de acidentes de
trabalho e aos seus beneficiários, como também promoverá a instauração de Inquérito Civil Público, Ação Civil Pública e
Execução de Termo de Compromisso, desde que existam possíveis danos ao meio ambiente de trabalho.

2. Interesse tutelado

A atuação do Ministério Público na área de acidentes de trabalho visa à proteção do interesse individual (ações
acidentárias e indenizatórias) e interesse coletivo circunscrito a toda coletividade trabalhadora que almeja a garantia da
implantação de normas de segurança necessárias à eliminação de riscos à saúde e à integridade física e mental do
trabalhador.

3. Mecanismos de atuação do Ministério Público

Identificando situação que mereça ações preventivas do Ministério Público, o Promotor de Justiça poderá dispor da
prerrogativa de promover inquérito civil, termo de ajuste de conduta, ação civil pública. Em relação ao interesse individual,
desde que preenchidos os requisitos legais (art. 64 e 68 do CPP), e em havendo dano à saúde do trabalhador, promoverá
a ação acidentária e indenizatória.

4. Atribuições da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do Trabalhador

Ante a complexidade da matéria acidentária e indenizatória e a conseqüente necessidade de especialização, há


cumulação de persecução penal e civil nas atribuições da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do Trabalhador.
Cumpre ao Promotor de Justiça:
a) propor ações de indenização decorrente de ato ilícito, na qualidade de substituto processual do trabalhador vítima de
acidente de trabalho;
b) propor ações acidentárias, na qualidade de assistente;
c) instaurar o inquérito civil, para a defesa do meio ambiente do trabalho;
d) requisitar a instauração de inquérito policial, quando ocorrer óbito em acidentes de trabalho;
e) atuar em conjunto com instituições afins (INSS, Ministério do Trabalho, Secretaria Municipal de Saúde, Sindicatos, etc.),
objetivando contribuir com a prevenção de acidentes de trabalho e para a promoção de políticas públicas.

5. Proposição da ação acidentária

O Ministério Público tem legitimidade para propor a ação acidentária, assistindo o infortunado do trabalho contra o Instituto
Nacional do Seguro Social (Leis n.ºs 6.367/76 e 8.213/91).

6. Rol documental necessário ao ajuizamento da ação acidentária

Em regra, a ação acidentária deverá ser ajuizada com os seguintes documentos:


a) cópia da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CPTS), especialmente das páginas onde constem a identificação do
trabalhador, o registro do contrato de trabalho, os últimos salários percebidos e eventual anotação de acidente e doença;
b) comunicação do acidente de trabalho (CAT);
c) cópia do C. I. C. e da cédula de identidade (RG);
d) parecer médico, especialmente nos casos de doença profissional e de alguns acidentes típicos, o qual poderá ser obtido
junto ao CEMAST (Centro Metropolitano de Apoio à Saúde do Trabalhador) ou qualquer outro órgão público que mantenha
convênio de cooperação com o Ministério Público, e, nos outros municípios, junto à Vigilância Sanitária.

7. Ausência de comunicação do acidente ao INSS

A CAT não é requisito para ajuizar a ação acidentária, mesmo porque o trabalhador não pode ser penalizado pela desídia
do empregador, que é responsável pela emissão de tal documento. Contudo, o Promotor de Justiça deve diligenciar no
sentido de que outros órgãos ou profissionais preencham a CAT (Vigilância Sanitária ou médico que prestou atendimento).

8. Elementos constitutivos da petição inicial da ação acidentária

A petição inicial deverá ser assinada pelo acidentado e/ou seus dependentes/beneficiários, bem como pelo Promotor de
Justiça, constando na mesma o seguinte:
a) o salário percebido pelo acidentado à data do acidente ou do afastamento;
b) o número do benefício de natureza previdenciária, se for o caso;
c) os períodos de tratamento, com data de eventual alta médica, identificando-se as agências que procederam os
benefícios;
d) quesitos médicos.

9. Intervenção do Ministério Público

O Promotor de Justiça intervém nas ações acidentárias nos moldes do art. 82, III, e art. 83, ambos do Código de Processo
Civil.

10. Intervenção do Ministério Público como custos legis

Intervindo o Ministério Público como fiscal da lei nos processos que versem sobre acidentes de trabalho, recomenda-se,
logo na primeira oportunidade, requerer:
a) a juntada aos autos dos documentos essenciais (cópia da carteira de trabalho, comunicação do acidente, etc.), caso
não tenha sido providenciado pelo acidentado;
b) a expedição de ofício à empregadora solicitando informações salariais e médicas referentes ao acidentado;
c) junto ao INSS, o prontuário médico do acidentado, bem como informes sobre os benefícios concedidos, períodos de
tratamento, data ou previsão de alta, renda mensal inicial de cada benefício concedido, coeficientes de atualização e
valores pagos;
d) perícia médica;
e) apresentação de quesitos.
11. Proposição da ação indenizatória

O Promotor de Justiça poderá interpor ou não ação civil reparatória por ato ilícito contra o empregador, tendo este incidido
em dolo ou culpa na ocorrência de acidente de trabalho (arts. 159; 1521, III; 1537; 1538 e 1539, do Código Civil c/c arts. 81
e 602, I e II, do Código de Processo Civil e art. 68 do Código de Processo Penal).
Devem acompanhar a petição inicial, documento de identificação do trabalhador e termo de declaração que autorize o
Ministério Público a atuar como substituto processual, entre outros.
Cumpre observar que atuando como substituto processual o Ministério Público é o autor, e tem os mesmos ônus
processuais que o demandado (apresentar quesitos, rol de testemunha, especificar provas, alegações finais, recorrer, etc.)
Face à possibilidade do pedido ser julgado improcedente recomenda-se que não se postulem honorários advocatícios na
petição inicial.

12. Persecução criminal da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do Trabalhador

A Promotoria de Justiça tem atribuições para proceder apuração da responsabilidade criminal do empregador ou de seus
prepostos quando há situação de risco grave e iminente à vida e/ou saúde do trabalhador no ambiente de trabalho, ou
quando não há cumprimento de normas de segurança e higiene do trabalho (art. 19, § 2º, da Lei n.º 81.213/91e art. 132 do
Código Penal).
Havendo necessidade de prova pericial a ser produzida antecipadamente, recomenda-se a ao membro do Ministério
Público que se manifeste favoravelmente à antecipação.

13. Laudos periciais e esclarecimentos

Ao Promotor de Justiça cumpre examinar os laudos periciais, observando se o perito e os assistentes técnicos indicados
pelas partes responderam aos quesitos formulados, devendo requerer os esclarecimentos necessários quando da omissão
ou lacuna dos laudos.

14. Vistoria dos locais de trabalho

Cumpre ao Ministério Público, em caso de doença do trabalho ou moléstia profissional, e acidentes típicos (óbito ou lesão
corporal), requerer a realização de vistoria de trabalho ou suprir sua ausência com outras provas, nos casos de real
impossibilidade. Esta solicitação pode ser dirigida à Delegacia Regional do Trabalho ou à Vigilância Sanitária municipal.

15. Inquérito civil público

Caso o laudo pericial indique irregularidades no meio ambiente de trabalho, deverá o Promotor de Justiça instaurar
inquérito civil público, com o fim de se adequar o meio ambiente de trabalho às normas legais.
Para a audiência que terá por escopo a assinatura do Termo de Compromisso entre as partes, recomenda-se que o
Promotor de Justiça convoque, além do perito que elaborou o laudo, os representantes das autoridades sindicais da
categoria.

16. Cautelas na alegações finais

Nas ações acidentárias recomenda-se ao Promotor de Justiça mencionar expressamente:


a) o beneficio a ser concedido;
b) a data de seu início;
c) o critério para cálculo do salário de benefício;
d) os períodos determinados para concessão;
e) as eventuais compensações;
f) o critério de atualização (indicar índices de correção);
g) o critério para cálculos dos juros e honorários.

Nas ações indenizatórias recomenda-se ao Promotor de Justiça mencionar expressamente:


a) o termo inicial e final da indenização por danos materiais;
b) o momento para o pagamento dos danos morais e demais verbas;
c) as eventuais compensações;
d) o critério de atualização (indicar índices de correção);
e) o critério para cálculos dos juros e honorários.

Ao tomar ciência da sentença, examinar se todos os benefícios, acessórios e, sendo o caso, as verbas indenizatórias
postuladas, foram concedidos corretamente, interpondo, em hipótese contrária, o recurso cabível.

17. Execução de Sentença

Na execução de sentença, conferir as contas apresentadas pela parte ou pelo contador, impugnando-as quando em
desacordo com a decisão e interpondo recurso quando configurado prejuízo ao trabalhador.
Tratando-se de ação acidentária ou indenizatória ajuizada pelo Ministério Público, a inicial de execução deve ser
acompanhada de memória de cálculo que poderá ser solicitado para um auditor/contador, pertencente ao quadro de
funcionários do Ministério Público.

18. Transações lesivas ao trabalhador

É dever do Ministério Público discordar das transações lesivas aos interesses dos trabalhadores, tendo em vista que o
direito é irrenunciável, possuindo natureza alimentar.

19. Atuação extrajudicial - interação da Promotoria de Justiça

Recomenda-se ao Promotor de Justiça:


a) participar das reuniões do Conselho Estadual de Saúde ou Comissões de Saúde do Trabalhador;
b) acompanhar as políticas públicas implementadas nos municípios pertencentes à comarca, referentes da saúde do
trabalhador;
c) ao assumir suas funções na comarca, inteirar-se da legislação local (leis orgânicas dos municípios e leis municipais
extravagantes) acerca da medicina e segurança no ambiente do trabalho;
d) incentivar a criação de Comitê de Óbito e Amputações, visando facilitar a atuação ministerial no campo da prevenção
dos acidentes de trabalho.

INFÂNCIA E JUVENTUDE

1. Comunicação aos órgãos de proteção da criança e do adolescente

Ao assumir o cargo de Promotor de Justiça da Infância e da Juventude, o membro do Ministério Público deverá comunicar,
por ofício, aos membros do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho Tutelar.

2. Recomendações ao Promotor de Justiça da Infância e Juventude

Cumpre ao Promotor de Justiça com atuação na Infância e Juventude:


a) inteirar-se da legislação municipal relacionada à política de atendimento à infância e à juventude, especialmente a que
institui e regula o funcionamento do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente e ao Conselho Tutelar, bem como
das deliberações tomadas pelo primeiro;
b) promover as medidas judiciais cabíveis em caso de incompatibilidade da lei municipal com os preceitos do ECA e das
Constituições Federal e Estadual;
c) garantir, com os meios ao seu dispor, a lisura e a forma democrática de escolha e eleição dos conselheiros tutelares,
tendo em vista a efetiva representatividade dos eleitos;
d) participar, sempre que possível, das reuniões dos Conselhos Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente, tanto
no sentido de fiscalizar a atuação de tais órgãos deliberativos e controladores das ações do Executivo Municipal, como no
sentido de estimular e provocar a expedição de deliberações e resoluções normativas, relativas às políticas públicas e
programas de governo a serem implementados, ampliados e/ou mantidos na área da infância e juventude;
e) zelar para que no plano orçamentário plurianual, na Leis de Diretrizes Orçamentárias e na Lei Orçamentária anual do
município, a área da infância e juventude seja contemplada com a “preferência na formulação e execução das políticas
sociais públicas” e com a “destinação privilegiada de recursos públicos” previstas no art. 4º, parágrafo único, letras “c” e
“d”, da Lei n.º 8.069/90, como decorrência do princípio constitucional da absoluta prioridade à criança e ao adolescente,
insculpido no art.227, caput, da Constituição Federal, notadamente através da previsão de recursos suficientes à criação,
ampliação e manutenção das políticas e programas de atendimento previstos nos arts.90, 101, 112 e 129, todos da Lei n.º
8.069/90, de modo a atender as demandas existentes no município.

3. Arquivo da legislação municipal pertinente

Cabe ao Promotor de Justiça organizar e manter em arquivo, na Promotoria, a legislação municipal relativa ao Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, ao Conselho Tutelar e ao Fundo Municipal, e as deliberações e
resoluções do Conselho Municipal relacionadas à política de atendimento e ao processo de escolha dos representantes da
sociedade civil junto ao órgão e dos conselheiros tutelares.

4. Auto de apreensão e apresentação de adolescente

Em não sendo grave o ato infracional praticado, a liberação do adolescente aos pais ou responsável pode ser feita
diretamente pela autoridade policial, sob termo de compromisso de sua apresentação ao representante do Ministério
Público.
Tratando-se de auto de apreensão em flagrante, deve ser feita, em regra, no mesmo dia ou em vinte e quatro horas, de
acordo com o artigo 175, §§ 1º e 2, do ECA, permanecendo a necessidade de plantão nos fins de semana e dias feriados.
A liberação e entrega do adolescente apreendido aos pais ou responsável, se não for o caso de internação provisória,
independe de autorização judicial, podendo ser efetuada diretamente pelo agente ministerial, mediante termo.

5. Relatório de investigação

Excluída a ocorrência de flagrante, e sendo a autoria conhecida desde o início, a autoridade policial encaminhará
diretamente ao representante do Ministério Público relatório das investigações e demais documentos.

6. Remissão ministerial

Observados os preceitos do artigo 126 do ECA, a remissão poderá ser concedida qualquer que seja a natureza do ato
infracional, sendo que, caso inclua medida sócio-educativa em meio aberto a ser cumprida pelo adolescente, dado o
caráter transacional do ato, deverá ser colhido o seu expresso consentimento e o de seus pais ou responsável.

7. Revisão da remissão

Nos moldes do artigo 128 do ECA, a medida aplicada através da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer
tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.
Não pode o Juiz, de ofício, alterar ou suprimir as medidas sócio-educativa e/ou protetivas ajustadas pelo representante do
Ministério Público com o adolescente em sede de remissão, cabendo à autoridade judiciária, em caso de discordância,
apenas a remessa dos autos, por despacho fundamentado, ao Procurador-Geral de Justiça, na forma do previsto no
art.181, § 2º, da Lei n.º 8.069/90.
Caso assim não proceda, deve o agente ministerial interpor correição parcial da decisão respectiva.

8. Liberdade assistida

A liberação é feita sob termo de compromisso de apresentação do adolescente ao representante do Ministério Público, no
mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato.

9. Medidas sócio-educativas

O rol das medidas sócio‑educativas descrito no artigo 112 do ECA é taxativo, ou seja, é vedada a imposição de medidas
diversas daquelas enunciadas neste dispositivo.

10. Promoção de arquivamento


O representante do Ministério Público promoverá o arquivamento dos autos de ato infracional quando:
a) estiver demonstrada, desde logo, a inexistência do fato;
b) não constituir o fato ato infracional;
c) estiver comprovado que o adolescente não concorreu para a prática do fato.

11. Ato infracional imputado a criança

Cuidando-se de ato infracional imputável a criança, o Promotor de Justiça não promoverá o arquivamento, mas o remeterá
ao Conselho Tutelar (artigo 136, inciso I, ECA), e, à falta deste, à Autoridade Judiciária, nos termos do artigo 262 do ECA.

12. Representação

Não sendo caso de arquivamento ou remissão deverá o órgão do Ministério Público oferecer representação à Autoridade
Judiciária, visando à aplicação de medida sócio-educativa. A representação é a peça formal pela qual tem início o
procedimento sócio-educativo. Toda ação sócio-educativa, independentemente do ato infracional praticado, é pública
incondicionada, e somente o Ministério Público poderá oferecer representação, não se aplicando à espécie as regras de
procedibilidade previstas nas leis penal e processual penal.

13. Elementos da representação

A representação deverá conter os elementos constantes do artigo 181, § 2º, do ECA, não devendo ser previamente
especificada a medida sócio-educativa a ser aplicada, pois tal solução não depende apenas da conduta infracional em si
considerada, mas também de elementos outros que deverão ser apurados no decorrer do procedimento, inclusive através
de uma avaliação técnica idônea.

14. Internação provisória

A internação provisória tem por fundamento a gravidade do ato infracional e sua repercussão social, das quais deflui a
necessidade de garantir a segurança pessoal do adolescente ou da ordem pública. Trata-se de medida excepcional, que
exige exaustiva fundamentação, não se confundindo com a prisão preventiva ou temporária de imputáveis, tampouco
obedecendo os requisitos legais para o decreto destas.

15. Prazo para conclusão do procedimento

Estando o adolescente internado, o prazo para conclusão do procedimento não poderá, em nenhuma hipótese, ultrapassar
quarenta e cinco dias, que deverão ser contados da data da efetiva privação de liberdade do jovem, e não do decreto da
medida de internação provisória.

16. Procedimento sócio-educativo

O procedimento para apuração de ato infracional praticado por adolescente tem por objetivo a rápida aplicação das
medidas sócio-educativas e/ou protetivas que melhor atendam as necessidades pedagógicas do jovem, razão pela qual
não se deve limitar à apuração da autoria e materialidade da infração, mas, ao contrário, receber preferência de instrução
e julgamento em relação a similares instaurados contra imputáveis.

17. Sentença sócio-educativa

A sentença sócio-educativa deve atender aos mesmos requisitos exigidos no artigo 381 do CPP, aplicado subsidiariamente
ao procedimento de apuração de ato infracional atribuído a adolescente, por força do disposto no artigo 152 do ECA.

18. Sentença sancionatória

A sentença sancionatória poderá compreender medidas sócio-educativas próprias (artigo 112, inciso I a Vl, ECA) e
impróprias (artigo 112, inciso VII c/c art. 101, incisos I a Vl, do ECA), a cujo cumprimento obrigatório não poderá o
adolescente se furtar, sob pena de incidência do disposto no art.122, inciso III e § 1º, da Lei n.º 8.069/90.
Observar ainda que:
a) a apuração da presença dos requisitos do art.122, inciso III, da Lei n.º 8.069/90 (reiteração e falta de justificativa para o
descumprimento da medida sócio-educativa anteriormente imposta), para fins de aplicação da internação-sanção, por
força do disposto no art. 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal, e art.110 da Lei n.º 8.069/90, deve ocorrer em
procedimento contraditório, no qual se garanta ao adolescente a ampla defesa, inclusive por intermédio de Advogado;
b) por se aplicar, mesmo à internação prevista no art.122, inciso III, da Lei n.º 8.069/90, o princípio constitucional da
brevidade, não é possível a fixação, desde logo, pela decisão que decreta a medida privativa de liberdade respectiva, de
prazo para sua duração, notadamente quando este for o máximo previsto no art.122, § 1º da Lei n.º 8.069/90;
c) em razão do princípio constitucional da excepcionalidade da internação, essa medida sócio-educativa somente poderá
ser imposta após a comprovação da efetiva impossibilidade da aplicação de outras (em meio aberto ou semiliberdade) ao
adolescente, não sendo a gravidade do ato infracional praticado e/ou a falta de programas sócio-educativos alternativos no
município, motivos que, isoladamente, autorizam aquela solução extrema.

19. Recursos do ECA

O sistema recursal do Código de Processo Civil é aplicável às ações e procedimentos que tramitem na Justiça da Infância
e da Juventude. As disposições recursais do CPC que forem incompatíveis com as regras peculiares do ECA não podem
ser aplicadas aos procedimentos nele previstos.

20. Apuração de irregularidades de atendimento

As entidades de atendimento governamentais e não-governamentais são obrigadas a inscreverem seus programas no


CMDCA e a obedecer determinados critérios em seu atendimento, objetivando a garantia dos direitos das crianças e
adolescentes. Daí que a inobservância desses direitos enseja sua apuração, nos moldes do artigo 191 e seguintes do
ECA.
Cabe ao Ministério Público a fiscalização periódica dessas entidades, zelando também para seu devido cadastramento
junto ao CMDCA.

21. Apuração de infração administrativa

O procedimento disciplinado nos artigos 194 a 197 do ECA tem por objetivo apurar infrações às normas de proteção à
criança e ao adolescente, bem como à respectiva imposição de penalidade administrativa (multa e fechamento do
estabelecimento por até quinze dias ).
A multa administrativa deve ser fixada em salários-de-referência, que posteriormente deverão ser corrigidos por cálculo do
contador judicial para valores atuais, e não em salários-mínimos, com os quais aqueles, embora hoje extintos, não se
confundem. Observe-se também que o prazo de prescrição da multa administrativa é de 05 (cinco) anos, por ser
considerada uma “receita não tributária”, sendo inaplicável à espécie o prazo prescricional previsto no art.114 do Código
Penal.

22. Portarias Judiciais - observações

Quanto à Portarias Judiciais expedidas com base no art. 149 da Lei n.º 8.069/90, recomenda-se:
a) as portarias judiciais somente podem ser expedidas nas hipóteses restritas do art.149, inciso I, da Lei n.º 8.069/90 (o
inciso II do citado dispositivo refere-se apenas às situações que comportam alvarás), em sede de procedimento específico,
embora inominado, instaurado de ofício ou a requerimento do Ministério Público, Conselho Tutelar ou qualquer outro
interessado, tendo por fundamento o disposto no art.152 da Lei n.º 8.069/90;
b) a intervenção do representante do Ministério Público no procedimento que resulta na expedição da portaria judicial
(assim como no caso do alvará), é obrigatória , sob pena de nulidade do ato;
c) para que possa ser atendido o disposto no art.149, §§ 1º e 2º, da Lei n.º 8.069/90, é imprescindível a realização, pelo
corpo de comissários de vigilância da infância e juventude e outras autoridades públicas encarregadas da fiscalização de
estabelecimentos comerciais (vigilância sanitária, bombeiros etc.), de vistorias e sindicâncias em cada um dos
estabelecimentos a serem atingidos pelo ato judicial, que deverão ser indicados nos procedimentos e ter sua situação
individualizada pela decisão respectiva, contra a qual, por possuir forma e natureza jurídica de sentença, cabe recurso de
apelação.

23. Guarda e tutela em situação de risco

A Justiça da Infância e Juventude somente será competente para apreciar pedidos de guarda e tutela em estando a
criança ou adolescente em situação de risco, na forma do previsto no art. 98 da Lei n.º 8.069/90, o que de regra não
ocorrerá em pedidos nos quais se pretende regularizar a posse de fato já exercida pelo aspirante à medida.

24. Competência para adoção de criança e adolescente

A adoção de criança ou adolescente rege-se segundo as regras do ECA, sendo competente a Vara da Infância e
Juventude, independentemente da situação jurídica dos adotandos.

25. Constituição do vínculo da adoção

Em se tratando de criança e adolescente, o vínculo da adoção constitui-se por sentença e é irrevogável, não sendo
possível a efetivação por escritura pública.

26. Cadastro central de adoção

A habilitação, perante o Juízo da Infância e Juventude, de pessoas ou casais interessados em adotar, decorre da
necessidade de se aferir suas condições materiais, psicológicas e morais, bem como o preparo e motivação para a
obtenção da medida, sendo imprescindível a intervenção de equipe técnica habilitada.
A previsão legal da criação de um cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção e daquele contendo a relação de
crianças e adolescentes em condições de serem adotados, visa dar transparência e permitir um controle da forma como a
medida vem sendo aplicada. Tem por finalidade, também, controlar a estrita observância à ordem de inscrição
estabelecida no primeiro (ressalvada a hipótese de parentesco entre adotante-adotando ou outros motivos plenamente
justificados). Esses objetivos são reputados imprescindíveis à moralização do instituto e à própria credibilidade da Justiça
da Infância e Juventude.
A relação de crianças e adolescentes em condições de serem adotados, caso inexistentes pretendentes na comarca, deve
ser encaminhada ao cadastro central existente junto à Comissão Estadual Judiciária de Adoção – CEJA.

27. Idade máxima permitida para a adoção

À data do pedido, o adotando não pode ter idade superior a dezoito anos, salvo se já estiver sob guarda ou tutela dos
adotantes, hipótese em que poderá conceder-se a adoção até aquele completar vinte e um anos.

28. Idade do adotante e do adotando

O adotante deve ter pelo menos vinte e um anos e a diferença de idade entre ele e o adotando há de ser de, no mínimo,
dezesseis anos, ressalvado que, no caso de adoção por cônjuges ou concubinos, basta que um deles atenda a tais
requisitos e fique demonstrado que o deferimento da medida apresenta reais vantagens ao adotando.

29. Adoção por concubinos

É permitida a adoção por homem e mulher que vivam em concubinato, desde que comprovada a estabilidade da família,
nos moldes do artigo 42, § 2º, do ECA.

30. Adoção por divorciados ou separados judicialmente

Os divorciados ou separados judicialmente, estando de acordo sobre a guarda e o regime de visitas, podem adotar
conjuntamente, quando o estágio de convivência tenha se iniciado na constância da sociedade conjugal, consoante o
artigo 42, § 4º, do ECA.

31. Adoção post mortem

A adoção será efetivada post mortem quando, induvidosa a manifestação de vontade, o requerente vier a falecer no curso
do procedimento já instaurado especificamente para obtenção daquela medida, nos termos do artigo 42, § 5º, do ECA.
32. Adoção de adolescente e criança

Na adoção de adolescente é necessário o seu consentimento. Na adoção de criança, esta, sempre que possível, deverá
ser previamente ouvida, considerando-se sua opinião.

33. Adoção internacional

Tratando-se de adoção internacional, recomenda‑se ao Promotor de Justiça:


a) certificar-se de que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou do adolescente em família
substituta brasileira, através da obtenção de certidão, junto ao cartório competente, da inexistência de pessoas ou casais
nacionais cadastrados interessados em adotar, bem como junto ao Cadastro Central mantido pela CEJA;
b) zelar para que haja transparência na escolha do pretendente estrangeiro e respeito à ordem de inscrição junto à
Comissão Judiciária de Adoção Internacional (CEJAI);
c) observar a juntada do procedimento original do pedido de habilitação concedido pela CEJAI;
d) recorrer da decisão que conceder a custódia de criança a estrangeiro residente no exterior que não comprove estar
habilitado à adoção perante a CEJAI, zelando para que, quando do recebimento do recurso, seja observado o disposto no
art. 198, inciso VI, da Lei n.º 8.069/90.

34. Estágio de convivência em adoção internacional

Deve o Promotor de Justiça, sendo o caso de adoção internacional, zelar para que o estágio de convivência seja cumprido
integralmente em território nacional, nos moldes do artigo 46, § 2º, do ECA.

35. Destituição do pátrio poder

Ocorrendo graves violações dos deveres inerentes ao pátrio poder, e verificada a absoluta inviabilidade da manutenção ou
retorno, ao menos de imediato, da criança ou adolescente à família de origem, recomenda-se ao Promotor de Justiça
ajuizar a ação de destituição ou suspensão do pátrio poder.
Em sendo o caso de suspensão do pátrio poder, sempre preferível à destituição, zelar para que esta seja decretada por
prazo determinado, ao longo do qual deve ser a família encaminhada para programas específicos com vistas à sua
restruturação, na forma do previsto no art.129 da Lei n.º 8.069/90.

36. Família substituta

a) tendo em vista o contido nos arts. 4º, caput, 6º, 19, 23 e parágrafo único, bem como da inteligência dos arts. 25 usque
27 e 129, todos da Lei n.º 8.069/90, que privilegiam a manutenção, o quanto possível, da criança ou adolescente no seio
de sua família natural, e também considerando que o direito fundamental à convivência familiar pertence àqueles, não
podendo ser objeto de disposição por parte de seus pais ou responsável, o consentimento destes à colocação de seus
filhos em família substituta não é motivo que, por si só, autoriza a aplicação, de plano da medida respectiva;
b) em tal situação, devem ser os pais avaliados e orientados por profissionais, bem como encaminhados a programas
específicos de apoio e promoção à família (que, se inexistentes, devem ter sua implementação providenciada pelo
CMDCA), de modo que se lhes apresentem alternativas que permitam a manutenção dos filhos em sua companhia.
c) deve-se evitar a concretização, sem justo motivo, das chamadas “adoções intuitu personae” (nas quais os pais indicam
a pessoa ou casal para qual querem “doar” seus filhos), na medida em que tal indicação, além de ser ilegal e imoral, dada
a indisponibilidade do pátrio poder e do fato de a criança ou adolescente não serem objetos de propriedade de seus pais,
pode esconder o verdadeiro “comércio” de uma vida humana, considerado crime pelo art. 238 da Lei n.º 8.069/90.
d) mesmo caso a criança não tenha a paternidade previamente reconhecida, é necessário que, antes de se acatar o
consentimento da mãe à adoção por terceiro (após esgotadas as tentativas de manutenção dos vínculos com a mesma),
seja o suposto pai notificado a manifestar-se acerca da paternidade que lhe é atribuída, que, se confirmada, lhe dará
preferência à manutenção da criança em sua companhia.

CONSUMIDOR
1. Razão da intervenção do Ministério Público

Cabe ao Ministério Público, por disposição constitucional, promover a defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos afetos às relações de consumo. O Ministério Público, nos moldes do artigo 92, do Código de Defesa do
Consumidor, atuará sempre como custos legis, se não ajuizar a respectiva ação coletiva.

2. Do consumidor

O CDC se aplica a toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Equipara-se ao consumidor a coletividade que intervenha na relação de consumo; as vítimas dos acidentes de consumo,
bem como todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas contratuais e comerciais nas relações de
consumo.

3. Extensão das relações de consumo

As relações de consumo circunscrevem-se a bens móveis e imóveis, materiais e imateriais, assim como a qualquer
atividade fornecida no mercado mediante remuneração, inclusive pelas pessoas jurídicas de direito público, direta ou
indiretamente, e as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária.

4. Comunicação aos órgãos de defesa do consumidor

Ao assumir o cargo de Promotor de Justiça do Consumidor, o membro do Ministério Público, além de oficiar aos órgãos de
proteção ao consumidor, deverá certificar-se da existência de organizações não-governamentais e outras entidades que
possam auxiliá-lo em sua função.

5. Formalização de convênios

O Promotor de Justiça do Consumidor, havendo necessidade, poderá sugerir à Procuradoria-Geral de Justiça a realização
de convênios objetivando a obtenção de apoio técnico aos órgãos de execução.

6. Atribuição da Promotoria de Justiça da Capital

Consoante dispõe o artigo 93, inciso II, do CDC, no caso de dano a interesses individuais homogêneos com dimensão
regional ou nacional, ressalvada a competência da Justiça Federal, as atribuições para apuração e eventual ajuizamento
de medidas judiciais são da Promotoria de Justiça do Consumidor da Capital.

7. Lesão individual

Havendo lesão de natureza individual, o Promotor de Justiça deverá encaminhar o consumidor para atendimento pelo
Procon.

8. Inexistência de órgão de proteção ao consumidor

Não havendo na comarca órgão local de proteção aos interesses do consumidor, deve o Promotor de Justiça atendê-lo e,
se houver necessidade, expedir notificação ao reclamado designando audiência para tentativa de acordo. Realizado o
acordo, o Promotor de Justiça deverá documentá-lo e homologá-lo, nos termos do artigo 57, parágrafo único, da Lei n.º
9.099/95. Não sendo possível a formalização do acordo, instruir o reclamante a constituir Advogado ou deduzir sua
pretensão diretamente perante o Juizado Especial Cível.

9. Intervenção do MP nas ações individuais

O Ministério Público somente intervirá nas ações de interesses individuais que versem sobre relações de consumo
ocorrendo as hipóteses previstas pelo artigo 82 do CPC.
10. Revisão de cláusulas contratuais

Nos contratos em geral é cabível a revisão de cláusulas contratuais abusivas, ainda que inexista vício do ato jurídico.

11. Prevalência dos interesses do consumidor

A Lei n.º 8.078/90 prevê expressamente que o consumidor é a parte hipossuficiente da relação jurídica, razão pela qual as
divergências de interpretação dos contratos devem ser resolvidas sempre a seu favor.

12. Responsabilidade civil do fornecedor

A responsabilidade civil do fornecedor, de acordo com o sistema de tutela das relações de consumo, é objetiva e se dá nos
artigos 12, 14, 18 e 20 do CDC, dentre outros.

13. Suspensão do prazo decadencial

Nos termos do artigo 26, § 2º, inciso III, da Lei n.º 8.078/90, a instauração de inquérito civil suspende o prazo decadencial
na hipótese de vício do produto ou do serviço.

MEIO AMBIENTE E PATRIMÔNIO CULTURAL

1. Comunicação aos órgãos de proteção ao meio ambiente

Ao assumir a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, oficiar aos órgãos estaduais, municipais e entidades de proteção
ambiental, comunicando o fato e solicitando apoio para o exercício de suas funções.

2. Solicitações à Prefeitura Municipal

Oficiar à Prefeitura Municipal, solicitando o envio da Lei Orgânica do Município, do Código de Edificações e de Posturas,
bem como de legislação regendo eventuais unidades de conservação criadas e mantidas pelo município, e rol do
tombamento de bens pelo Poder Público local.

3. Relações com os órgãos de proteção ambiental

O Promotor de Justiça com atribuições ambientais deverá, periodicamente, manter reuniões com os órgãos de proteção
ambiental, visando à avaliação permanente das condições ambientais da comarca.

4. Contato com profissionais especializados

Deve o Promotor de Justiça manter contato com profissionais especializados das diversas ciências envolvidas na defesa
do patrimônio ambiental, com o propósito de obter apoio técnico quando necessário.

5. Cumulação da persecução penal e civil

No exercício das atribuições de Promotor de Justiça Ambiental, atentar para a cumulação das persecuções penal e civil.

6. Instauração de investigação

Ao tomar conhecimento de atos atentatórios ao patrimônio ambiental, cumpre ao membro do Ministério Público instaurar
investigação, através de inquérito civil ou procedimento preparatório, para a cabal apuração dos fatos.

7. Vistorias

Havendo necessidade de vistoria para a instrução do procedimento investigatório, o Promotor de Justiça deverá fazer-se
acompanhar de técnico vinculado a órgão público, que tenha atribuições para a elaboração de laudo.

8. Notificação e compromisso de ajustamento de conduta

Carreadas as provas necessárias, notificar o degradador objetivando o compromisso de ajustamento de conduta, na forma
do artigo 5º, § 6º, da Lei Federal nº 7.347/85.

9. Tutela do patrimônio cultural

O Promotor de Justiça deve observar que o patrimônio cultural é constituído de bens de valor artístico, estético, turístico,
arqueológico, paleontológico e paisagístico.

10. Tombamento

Observar que o tombamento não constitui, mas apenas declara a importância cultural de determinado bem, razão pela
qual mesmo os bens desprovidos de tombamento podem ser protegidos através da ação civil pública. A abertura de
procedimento para tombamento implica a exigência de preservação.

11. Obras em bens tombados

Zelar para que qualquer obra ou atividade realizada nos bens tombados tenham a chancela da entidade preservacionista
responsável pelo tombamento.

12. Objeto de tombamento

O tombamento pode incidir em bens móveis e imóveis (construções isoladas, conjuntos urbanos, bairros, cidades e
espaços naturais).

13. Procedimento investigatório na tutela do patrimônio cultural

Lesado o bem integrante do patrimônio cultural, deve o Promotor de Justiça instaurar procedimento investigatório,
adotando as medidas necessárias para sua reparação integral ou, se for o caso, para indenização, devendo ser oficiado à
entidade preservacionista, solicitando a realização de vistoria e do laudo pertinente.

14. Audiências públicas - participação

Recomenda-se ao Promotor de Justiça participar de todas as audiências públicas relacionadas ao Estudo Prévio de
Impacto Ambiental e seu Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), nos municípios que fazem parte da comarca.

15. Centro de Apoio - cópias de denúncias

O Promotor de Justiça deve remeter cópia de denúncias oferecidas na comarca ao Centro de Apoio Operacional das
Promotorias do Meio Ambiente.

16. Autos de infração ambiental - requisição aos órgãos ambientais

Cumpre ao Promotor de Justiça requisitar cópia dos autos de infrações ambientais lavrados pelos órgãos ambientais,
dentre eles o Instituto Ambiental do Paraná - IAP e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, para verificação de eventuais
indícios de crimes previstos na Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1.998.

PESSOA IDOSA E PORTADORA DE DEFICIÊNCIA

1. MP na defesa das pessoas idosas e portadoras de deficiência

Cabe ao Ministério Público exercer a defesa dos direitos e garantias constitucionais das pessoas idosas e portadoras de
deficiência, através de medidas administrativas e judiciais, partindo-se da garantia da própria acessibilidade, mediante a
remoção de barreiras arquitetônicas onde há exigência legal de asseguramento do acesso.

2. Atendimento das pessoas idosas e portadoras de deficiências

Cumpre ao Promotor de Justiça atender às pessoas idosas e portadoras de deficiência, recebendo representações ou
petição de qualquer pessoa ou entidade por desrespeito aos direitos assegurados nas Constituições Federal e Estadual,
bem como em legislações extravagantes.

3. Deslocamento do Promotor de Justiça para fazer o atendimento

Tratando-se de pessoas portadoras de deficiência, o membro do Ministério Público, quando necessário, deverá deslocar-
se ao domicílio da mesma com o escopo de avaliar a extensão do seu problema, adotando a medida mais adequada à
solução.

4. Visitas a estabelecimentos

Cabe ao Ministério Público realizar visitas e fiscalizar periodicamente os estabelecimentos que prestem serviço ao idoso,
bem como à pessoa portadora de deficiência. Sempre que possível, quando da fiscalização dos estabelecimentos que
abriguem pessoas idosas e portadoras de deficiência, fazer-se acompanhar da autoridade policial, de integrantes da
Vigilância Sanitária e de outros órgãos públicos, para o fim de eventual autuação ou mesmo interdição da entidade, pois a
proliferação de asilos clandestinos, especialmente, tem exposto a risco a saúde, o bem-estar e a vida de idosos usuários.
Lembrar que a Política Nacional do Idoso prevê o internamento em asilo como exceção.
Quanto ao internamento em asilo, observar ainda a proibição do art. 18 do Decreto 1.948/96, quanto à permanência em
instituições asilares, de caráter social, de idosos portadores de doenças que exijam assistência médica permanente ou
enfermagem intensiva, cuja falta possa agravar ou pôr em risco sua vida ou a vida de terceiros.

5. Trabalho da pessoa portadora de deficiência

Verificar se os municípios que compõem a comarca têm previsão legal da reserva de vagas nos concursos públicos, com
critérios de admissão, agindo, em caso negativo, para a correta regulamentação desse direito.

6. Ensino à pessoa portadora de deficiência

Atentar para que a educação destinada à pessoa portadora de deficiência ocorra preferencialmente na rede regular de
ensino, consubstanciado no denominado ensino inclusivo.

7. Acesso a documentos

Ao membro do Ministério Público é permitido examinar quaisquer documentos, expedientes, fichas e procedimentos
relativos ao idoso e à pessoa portadora de deficiência, atentando para o sigilo do seu conteúdo.

8. Cumulação da persecução civil e criminal


No exercício das atribuições da Promotoria de Justiça dos idosos e portadores de deficiência, há cumulação da
persecução penal e civil. Assim, é permitido ao membro do Ministério Público requisitar a instauração de inquérito policial e
realizar diligências investigatórias, bem como ajuizar a ação penal e a ação civil pública para a defesa dos interesses das
pessoas idosas e portadoras de deficiência.

9. Procedimentos administrativos e inquéritos civis

Cabe ao Ministério Público, no exercício da defesa dos direitos da pessoa idosa e portadora de deficiência, instaurar
procedimentos administrativos ou, se for o caso, inquéritos civis.

10. Representação à autoridade competente

Cumpre ao Ministério Público representar à autoridade competente para a adoção de providências que visem sanar
omissões, prevenir ou corrigir irregularidades no tratamento de pessoas idosas e portadoras de deficiência, promovendo,
ainda, no âmbito de suas atribuições, o efetivo cumprimento das normas concernentes à preservação dos seus interesses.

11. Conselho do idoso e da pessoa portadora de deficiência

Cabe ao membro do Ministério Público implementar a criação ou o aperfeiçoamento dos Conselhos do Idoso e da Pessoa
Portadora de Deficiência.

12. Relações com os conselhos do idoso e da pessoa portadora de deficiência

Deve o membro do Ministério Público estreitar relações com os Conselhos do Idoso e da Pessoa Portadora de Deficiência,
bem como com outras entidades voltadas à promoção da política de bem-estar dessas pessoas, com o objetivo de, em
conjunto, buscar soluções satisfatórias aos seus interesses.

DIREITOS HUMANOS

1. Ministério Público e direitos humanos

A principal missão do representante do Ministério Público, na atualidade, é o compromisso pela manutenção do Estado
Democrático, e este compromisso somente se efetiva com a observância da Constituição e dos instrumentos de Direitos
Humanos, sejam eles aderidos ou aceitos tacitamente pela comunidade jurídica internacional.

2. Ministério Público e a pedagogia dos direitos humanos

As atribuições constitucionais do Ministério Público exigem que cada um de seus membros se converta num verdadeiro
pedagogo dos Direitos Humanos, com o fito de defender a comunidade bem como os princípios fundamentais da
cidadania.

3. Ministério Público e sociedade civil

O Ministério Público deve estreitar relações com a sociedade civil, representada pelas Organizações Não-Governamentais,
visando, além de uma interação dinâmica para a proteção dos direitos fundamentais da sociedade, a formação de uma
nova mentalidade com vistas à plenitude da defesa da causa de proteção internacional dos direitos humanos.

4. Organismos de defesa dos direitos humanos no âmbito interno


O Ministério da Justiça, órgão do Poder Executivo Federal, na sua estrutura administrativa possui o Conselho de Defesa
dos Direitos da Pessoa Humana e o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, como órgãos de defesa dos
Direitos Humanos.

5. Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana

Tem a incumbência de preservar e garantir a aplicação dos direitos fundamentais da cidadania para, através de
sindicâncias, apurar responsabilidades. Este Conselho visa executar medidas práticas para viabilizar a inviolabilidade dos
direitos indisponíveis e essenciais ao ser humano, como a criação da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, pasta
responsável pelo Programa Nacional de Direitos Humanos, lançado no ano de 1996 pelo governo federal.

6. Conselho Nacional de Política Criminal e Penintenciária

É um órgão vinculado ao Ministério da Justiça, responsável pelo direcionamento das políticas públicas em matéria de
execução penal, com sede na capital da República. Trata-se de um colegiado composto por 13 membros nomeados pelo
Ministro da Justiça, para um mandato de dois anos. Incumbe ao CNPCP: propor diretrizes de política criminal quanto à
prevenção do delito, administração da justiça criminal e execução das penas e medidas de segurança; promover a
avaliação periódica do sistema criminal para a sua adequação às necessidades do país; estimular e desenvolver a
pesquisa criminológica; estabelecer os critérios para a elaboração da estatística criminal; inspecionar e fiscalizar os
estabelecimentos prisionais; representar à autoridade competente para a interdição de estabelecimento penal, instauração
de sindicância ou processo administrativo, em caso de violação das normas referentes à execução penal.

7. A Proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil

O Brasil, nos moldes dos princípios constitucionais, participa do Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos,
cuja base jurídica iniciou-se com a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Declaração Americana de
Direitos e Deveres do Homem, ambas de 1948.

8. Brasil faz parte do Sistema das Nações Unidas e dos Estados Americanos

A inclusão do Brasil no Sistema das Nações Unidas e dos Estados Americanos deu-se mediante adesão voluntária aos
principais Tratados de Direitos Humanos, com o propósito de poder beneficiar-se de mecanismos auxiliares de esforços
nacionais para a defesa e a promoção dos direitos humanos.

9. Obrigação do Estado brasileiro às convenções de proteção

O Estado brasileiro, como integrante do Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos, obriga-se juridicamente
tanto em relação à substância dos tratados quanto a colaborar com os principais mecanismos de supervisão do
cumprimento das obrigações convencionais, tais como a Comissão de Direitos Humanos (CDH) da ONU e a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA, cujo trabalho consiste na tramitação de petições sobre denúncias de
violações que seguem um modelo quase judicial.

10. Órgãos do sistema interamericano de proteção dos Direitos Humanos

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos são os órgãos
encarregados da proteção dos direitos fundamentais no sistema interamericano, nos termos estabelecidos pela
Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

11. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos

A Comissão é um organismo autônomo da OEA, cuja função principal é promover a observância e a defesa dos direitos
humanos, bem como servir de órgão consultivo da OEA. É um organismo com faculdades legais, diplomáticas e políticas,
estabelecido em 1959, na Quinta Reunião de Consulta dos Ministros de Relações Exteriores em Santiago, Chile.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem as seguintes funções:
a) dar curso às denúncias individuais quando se alega uma violação aos direitos humanos;
b) preparar informes sobre a situação dos direitos humanos nos Estados membros da OEA;
c) realizar estudos e propor medidas a serem tomadas pela OEA com o objetivo de fomentar o respeito aos direitos
humanos.

12. A Corte Interamericana de Direitos Humanos

A Corte Interamericana de Direitos Humanos é um órgão de caráter jurisdicional criado pela Convenção Americana com o
objetivo de supervisionar o seu cumprimento.
A Corte tem duas funções:
a) contenciosa: a função contenciosa refere-se à sua capacidade de resolver casos em virtude do estabelecido nos art. 61
e seguintes da Convenção.
b) consultiva: circunscreve-se à capacidade para interpretar a Convenção e outros instrumentos internacionais de direitos
humanos.

13. Reconhecimento da Corte Interamericana de Direitos Humanos pelo Brasil

O Brasil, através do Decreto Legislativo nº 89, 1998, publicado no D.O.U em 04/12/1998, reconheceu a competência
contenciosa da Corte Interamericana de Direitos Humanos em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação da
Convenção Americana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partir do reconhecimento, de acordo com o previsto no
§ 1º do art. 62 desse instrumento internacional.

14. Conseqüências do reconhecimento da competência da Corte Interamericana de Direitos Humanos

A Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma instituição judicial e autônoma, com a finalidade de aplicar e
interpretar a Convenção Americana de Direitos Humanos. A adesão do Brasil à Corte implica aceitar sua jurisdição
contenciosa no julgamento de casos que envolvam violações dos direitos humanos. Submetidas à consideração da Corte,
esta dispõe de autoridade para exigir do Estado violador que garanta ao lesionado o direito violado e/ou o pagamento de
uma indenização justa.

15. Corte Internacional de Justiça da ONU

É o principal órgão judiciário da ONU, com jurisdição que compreende todos os casos que lhe forem submetidos referentes
a matéria especialmente prevista na Carta e em outros Tratados. Cada Estado-membro das Nações Unidas compromete-
se a conformar-se com a sentença da Corte. Em caso de uma das partes deixar de cumprir as obrigações impostas em
virtude da decisão proferida, está previsto o direito de recurso ao Conselho de Segurança da ONU, para a execução de
medida que achar necessária.

16. Amplo alcance das obrigações convencionais de proteção no Estado brasileiro

As disposições dos tratados de direitos humanos vinculam não só o governo brasileiro, mas também e sobretudo os
Poderes, os órgãos e os agentes do Estado, ou seja, o alcance das obrigações internacionais de proteção aos direitos
fundamentais do ser humano circunscrevem-se não somente ao Poder Executivo, mas também aos Poderes Legislativo e
Judiciário. Faz-se necessário que todas as unidades da federação e suas respectivas instituições se convençam da
necessidade e do valor da instância internacional para o aperfeiçoamento do regime interno de tutela dos direitos
humanos.

1 PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça ; Corregedoria-Geral do Ministério Público. Ato Conjunto n.º 1, de 10 de abril de
2000. Regimento das correições, inspeções e estágio probatório, art. 28, inc. IV.
2 PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça ; Corregedoria-Geral do Ministério Público. Ato Conjunto n.º 1, de 10 de abril
de 2000, art. 27, inc. III.
3 Ibid., art. 27 e 28.
4 PARANÁ. Lei complementar n.º 85, de 27 de dezembro de 1999. Lei orgânica do Ministério Público do Paraná, art.
155, inc. XV.
5 Em razão do volume de processos existentes e com o propósito de otimizar o tempo e a necessária intervenção do
Ministério Público, não é incomum o lançamento de cotas manuscritas de pequena expressão pelos lidadores da cena
forense. Há quem o faça sob esse argumento — compreensível — da maior praticidade e celeridade. Outros, pelo apego à
plástica singular e identidade personalíssima que emana do rico movimento produzido pelo punho escritor, principalmente
aqueles que se orgulham — também com irrepreensível motivação — de possuírem caligrafia de padrão modelar. Cumpre,
entretanto, reconhecer que nem sempre o cursivo espelha apreciável morfologia, reproduzindo moldes caligráficos
elegantes e facilmente legíveis. A despeito da existência ou não de tal riqueza estética, é mister referir que a
recomendação de se evitar cotas e manifestações manuscritas tem por objetivo propiciar uma maior visibilidade
institucional dentro do processo, o que se obtém mediante a utilização do logotipo e dos elementos formais puros e
abstratos complementares, como o emblema e a identificação do Ministério Público e da respectiva Promotoria de Justiça.
Lançada na fórmula impressa, a manifestação ocupará lugar de destaque dentro do processo, podendo-se, facilmente, ao
folheá-lo, identificar a intervenção (ou as várias intervenções) do órgão do Ministério Público. Torna-se fácil e agradável,
então, avaliar de forma mais fiel o conteúdo e a intensidade da presença do próprio Promotor de Justiça dentro do feito.
Quando grafada em cursivo, ao contrário, muitas vezes se tem dificuldade em encontrar o pronunciamento do agente
ministerial, pois de regra está entremeado aos termos e carimbos notariais, quando não em exíguos e desprestigiados
campos marginais do papel-suporte. Essa dispensável parcimônia, além de revelar uma certa leniência ou acomodação,
imprime também um caráter personalista à intervenção. Neste aspecto, vale lembrar que o Promotor de Justiça oficia,
sempre, em nome do Ministério Público. Ainda que se grafe com letra vistosa e bem legível, há que observar a
impessoalidade e a impossibilidade de se estabelecer, a partir desse critério imantado de juízo de valor (letra virtuosa ou
garatujas), uma regra ou recomendação condicionada à qualidade plástica da grafia.
6 BRASIL. Lei n.º 8.625, de 12 de fevereiro de 1993. Lei orgânica nacional do Ministério Público, art. 41, IV, e
PARANÁ. Lei complementar n.º 85..., art. 153, IV.
7 BRASIL. Lei n.º 8.625..., art. 43, III.
8 PARANÁ. Lei complementar n.º 85..., art. 108 e PARANÁ. Conselho Superior do Ministério Público. Regimento
interno, de 12 de setembro de 2001, art. 23.
9 BRASIL. Lei n.º 8.429, de 2 de junho de 1992. Lei da improbidade administrativa, art. 13.
10 PARANÁ. Conselho Superior do Ministério Público. Regimento interno..., art. 26.
11 PARANÁ. Lei complementar n.º 85..., art. 132.
12 PARANÁ. Conselho Superior do Ministério Público. Assento n.º 25, de 12 de março de 1991.
13 PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Resolução n.º 627, de 6 de maio de 1998, art. 2º.
14 PARANÁ. Corregedoria-Geral do Ministério Público. Recomendação n.º 02, de 18 de fevereiro de 1999.
15 PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça ; Corregedoria-Geral do Ministério Público. Ato Conjunto n.º 1, de 10 de abril
de 2000.
16 BRASIL. Lei n.º 4.737 de 17 de julho de 1965. Código eleitoral, art. 36, 37, 158 - 169.
17 PARANÁ. Lei complementar n.º 85..., art. 155, inc. XIX
18 PARANÁ. Corregedoria-Geral do Ministério Público. Ato n.º 1, de 7 de fevereiro de 2000
19 PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça ; Corregedoria-Geral do Ministério Público. Ato Conjunto n.º 1, de 10 de abril
de 2000.
20 BRASIL. Lei n.º 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Código civil, art. 1533.
21 BRASIL. Lei n.º 8.625..., art. 10, inciso X e PARANÁ. Lei complementar n.º 85..., art. 19, inciso XIX.
22 PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Resolução n.º 129, de 10 de fevereiro de 1993 e PARANÁ. Procuradoria-
Geral de Justiça. Resolução n.º 1.181, de 23 de outubro de 1996.
23 BRASIL. Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988, art. 129, inc. VI e VIII.
24 “Não basta o risco potencial, aferido pela natureza e sede das lesões, para caracterizar o perigo de vida, pois este só
deve ser reconhecido por critérios objetivos comprobatórios do perigo real a que ficou sujeita a vítima”...”O diagnóstico
necessita fundamentar a probabilidade letal, não bastando a natureza e local das lesões”...”Não basta que o laudo afirme o
perigo de vida, sendo necessária a descrição dos sintomas objetivos” (DELMANTO, Celso. Código penal comentado. 5.
ed. Rio de Janeiro : Renovar, 2000. p. 256).
25 PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça ; Corregedoria-Geral do Ministério Público. Ato Conjunto n.º 1, de 21 de
setembro de 2001. (disponível no site institucional).
26 É sempre preciso e atual o ensinamento do prof. Paulo Cláudio TOVO, no sentido de que a “narrativa da denúncia ou
história do fato deve, em princípio, responder a cada uma destas indagações: Quem? Fez o que? A quem? Onde?
Quando? Por quê? Como (com que meios ou instrumentos)?” (TOVO, Cláudio. Apontamentos e guia prático sobre a
denúncia no processo penal brasileiro, Porto Alegre : S. A. Fabris, 1986. p. 50.).
27 A providência de requerer o regular processamento até final julgamento da ação é a de melhor técnica, tendo em vista
que somente com a instrução é que o Ministério Público, dependendo do que for produzido, poderá requerer a condenação
ou a absolvição do acusado.
28 Insiste-se na observação, basicamente, no sentido de orientar a instrução processual, de modo a evitar
procrastinação e transtornos advindos da dificuldade de localização. Além disso, insta ponderar que: a) a plena
qualificação inibe o risco da ocorrência de homonímia no chamamento; b) a regular intimação (vide casos especiais do art.
221, § 3º, do CPP), torna possível a condução coercitiva (art. 218); c) constando a idade, a possibilidade de afastamento
ou o internamento da testemunha, há condições de postular, sem detença, a antecipação de depoimento (art. 225), ou a
oitiva onde estiver (art. 220); d) a integral qualificação no rol também permite a identificação de vizinhos (que podem
indicar o paradeiro da testemunha não encontrada), ou de parentes (pelo mesmo motivo anterior e na hipótese de recusa a
depor - art. 206); e) da mesma forma, previne o Escrivão quanto à expedição de cartas precatórias; f) ainda, consabido
que se oferece a incoativa logo depois de apurado exame do Inquérito Policial, momento em que o Promotor de Justiça
detém, via de regra, precisa e segura informação sobre a atual localização das partes, podendo, nesta perspectiva,
fornecer endereço alternativo, coletado, muita vez, doutra parte do caderno informativo (v.g., do relatório da autoridade
policial); e g) por fim, de posse de tais informes, alistados na proemial, o titular da ação penal terá melhores condições de
analisar, com celeridade e até na própria audiência, a necessidade ou conveniência de eventual desistência ou
substituição de testemunha, por outra ou alguma referida (art. 209, § 1º).
29 BRASIL. Decreto-lei 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de processo penal, art. 158.
30 BRASIL. Decreto-lei 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de processo penal, art. 155.
31 BRASIL. Decreto-lei 3.689. Código de processo penal, art. 372.
32 BRASIL. Decreto-lei 3.689. Código de processo penal, art. 222.
33 Ibid., art. 366.
34 Vide PARANÁ. Corregedoria-Geral do Ministério Público. Recomendação n.º 6, de 16 de agosto de 1999.
35 A insistência na invocação da regra do in dubio pro societate nas alegações visando a pronúncia (fase do art. 408, do
CPP), pode, eventualmente, ser mal interpretada pela Defesa, no sentido de que foi reconhecida a existência de dúvida
por parte da Promotoria de Justiça em relação ao quadro probatório que se formou nos autos, surgindo assim um
argumento a ser explorado em plenário do Júri. Ainda que este falso raciocínio possa ser facilmente rebatido, corre-se,
desnecessariamente, o risco de ser aceito por algum jurado. Demais disto, convém relembrar que comprovação da tese
defensiva constitui ônus exclusivo da defesa (BRASIL. Decreto-lei 3.689. Código de processo penal, art. 156 do CPP).
36 BRASIL. Decreto-lei 3.689. Código de processo penal, art. 461.
37 Conforme redação dada pela: PARANÁ. Emenda constitucional n.º 7, de 24 de abril de 2000.
38 BRASIL. Constituição federal, de 5 de outubro de 1988, art . 129, inciso VIII, última parte e BRASIL. Lei n.º 8.625, art.
43, inciso III.
39 PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Resolução n.º 412, de 1º de abril de 1997 e PARANÁ. Procuradoria-Geral de
Justiça. Resolução n.º 413, de 1º de abril de 1997.
40 PARANÁ. Secretaria de Estado da Fazenda ; Ministério Público. Norma conjunta n.º 1, de 2 de março de 2001.
41 Tal providência é necessária tendo em vista o disposto no art. 34 da lei 9.249/95, que considera extinta a punibilidade
dos crimes contra a ordem tributária do agente que pagar integralmente o imposto e demais encargos devidos à
Fazenda Pública, antes do recebimento da denúncia. O parcelamento do débito tributário não é suficiente para ensejar a
extinção da punibilidade, conforme jurisprudência dominante.
42 Esclareça-se que o comerciante é obrigado a manter registradas todas as entradas e saídas de mercadorias de seu
estabelecimento em livros específicos (Livro de Registro de Entrada de Mercadorias e Livro de Saída de Mercadorias),
onde são lançados, entre outros dados, o valor do imposto creditado em decorrência da aquisição de mercadorias (no livro
REM) e do imposto pago, em decorrência da venda de mercadorias (no livro RSM), bem como um terceiro livro,
denominado Livro de Apuração de ICMS, no qual é lançado o valor do imposto resultante da diferença entre o valor
creditado e o valor pago. Finalmente, o valor obtido na apuração final de um exercício fiscal (mês) é lançado na GIA, que é
um documento emitido pelo comerciante e endereçado ao fisco, onde é apresentado o resultado do imposto apurado e
indica se existe “saldo credor” (que será transportado para o exercício seguinte, na coluna “créditos”) ou se há
imposto a recolher.
43 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Inquérito - Questão de Ordem n.º 1028/RS. Diário da Justiça da União, Brasília,
p. 30606, 30 ago. 1996.
44 BRASIL. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966. Código tributário nacional, art. 154, par. único.
45 PARANÁ. Tribunal de Justiça. Habeas-corpus n.º 53.748-2. Relator: Des. Tadeu Costa. (confirmado em grau de recurso
pelo STJ).
46 ANDREAS, Eisele. Crimes contra a ordem tributária. São Paulo : Dialética, 1998. p. 221.
47 Na forma do art. 228 da RICMS, qualquer documento fiscal só poderá ser impresso mediante prévia autorização da
repartição fazendária competente do fisco estadual, ressalvados os casos de dispensa previstas no próprio regulamento. A
autorização será concedida por solicitação do estabelecimento gráfico à Agência de Rendas de sua jurisdição, através de
“Autorização de Impressão de Documentos Fiscais - AIDF”, que conterá, em outras informações: número de ordem,
nome, endereço e número da inscrição estadual e no CGC, do estabelecimento gráfico, nome, endereço e
números da inscrição estadual e no CGC, do usuário dos documentos fiscais a serem impressos, etc.
48 O ICMS é pago em moeda e em créditos, e o montante a pagar é sempre o resultado de uma subtração que tem por
minuendo a quantia a pagar a título de tributo e por subtraendo o total de créditos acumulados nas operações anteriores.
O ICMS é pago mês a mês ao final do período de apuração, e não em cada operação realizada. O contribuinte deve
somar todos os créditos provenientes das entradas de mercadorias, bens ou serviços tributados ou tributáveis por meio do
ICMS, sendo que depois deve somar todos os débitos decorrentes das saídas de mercadorias ou serviços tributados ou
tributáveis, sendo que o resultado da operação, se positivo, deve ser pago pelo contribuinte ao fisco, se negativo permite
que escriture esse crédito no novo período de apuração (sistema de conta gráfica fiscal).
49 Extraído dos comentários de YAMAMOTO, Paulo ; TORRES, Giancarlo S. A. Substituição tributária. Curitiba:
SEFA//CRE/IGF, 1996.
50 PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Ato n.º 158, de 15 de dezembro de 2000.
51 Expressão opino: constata-se que se usa, ainda, por influência da antiga praxis judiciária, em diversas passagens, a
expressão “...opino...”. A propósito, a aposição das ressalvas “opino, s.m.j., ou sub censura” (até já se registrou
alhures: “é humildemente o parecer”), como se a promoção ministerial carregasse dose de indulgência, pode propalar a
imagem de um Ministério Público distante, indiferente, burocrático e débil, quando, na verdade, a importância da atuação
ministerial deve ser exibida inclusive na função de custos legis no processo, mediante atuar com esmero e firme -
requerendo, promovendo, propondo, etc. - de maneira que o pronunciamento deve ser dotado, sobretudo, de firme
convicção e conseqüente poder de convencimento.
52 BRASIL. Lei n.º 4.717, de 29 de junho de 1995. Lei da ação popular, art. 1º, § 3º.
53 Ibid., art. 5º.
54 Ibid., art. 1º, §§ 4º a 7º.
55 Ibid., art. 1º.
56 BRASIL. Lei n.º 4.717..., art. 6º.
57 BRASIL. Lei n.º 4.717..., art. 7º, § 2º, inc. II.
58 Ibid., art. 5º, § 3º.
59 BRASIL. Lei n.º 4.717..., art. 7º, inc. V.
60 Ibid., art. 9º.
61 BRASIL. Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de proteção e defesa do consumidor, art. 81–100, 103-104.
62 BRASIL. Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de processo civil, art. 282.
63 BRASIL. Lei 7.347, de 24 de julho de 1985. Lei dos interesses difusos, art. 3º, combinado com BRASIL. Lei 8.078...,
art. 83 e BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente, art. 212.
64 BRASIL. Lei 7.347..., art. 12 ; BRASIL. Lei 5.869... Código de processo civil, art. 273 ; Lei 8.078... Código de
proteção e defesa do consumidor, art. 84, § 3º.
65 BRASIL. Lei 7.347..., art. 11 ; BRASIL. Lei 8.078... art. 84, § 4º.
66BRASIL. Lei 8.437, de 30 de junho de 1992. Dispõe sobre concessão de medidas cautelares contra atos do poder
público, art. 2º.
67 BRASIL. Lei 7.347..., art. 2º.
68 BRASIL. Constituição federal..., art. 109.
69 BRASIL. Ibid., art. 109, § 3º.
70 BRASIL. Lei 8.069..., art. 209.
71 BRASIL. Lei 7.347..., art. 18 ; BRASIL. Lei 8.078..., art. 87.
72 Consultar o Centro de Apoio Operacional respectivo.
73 BRASIL. Lei 5.869... Código de processo civil, art. 269, inc. III.
74 BRASIL. Lei 7.347..., art. 13.
75 BRASIL. Lei n.º 8.429... , art. 18.
76 BRASIL. Lei 8.078..., art. 99, 100.
77 BRASIL. Lei 5.869... Código de processo civil, art. 499, § 2º.
78 Ibid., art. 48.
79 BRASIL. Lei 7.347..., art. 15.
80 PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Resolução n.º 1050, de 11 de agosto de 1997.
81 PARANÁ. Corregedoria-Geral do Ministério Público. Recomendação n.º 4, de 13 de maio de 1999.
82 BRASIL. Lei 8.069..., art.151, 186, § 4º.
83 BRASIL. Lei 8.069..., art.110, in fine, e 113.
84 BRASIL. Lei 8.069..., art. 111, inciso III e 207.
85 Insculpido em BRASIL. Constituição Federal... art. 227, § 3º, inciso V, primeira parte e reproduzido em BRASIL. Lei
8.069..., art. 121, caput , e § 2º, primeira parte.
86 Insculpido em BRASIL. Constituição Federal... art. 227, § 3º, inciso V, segunda parte e reproduzido em BRASIL. Lei
8.069..., art. 121, caput.
87 BRASIL. Lei 8.069..., art. 90, parágrafo único.
88 Ibid., art. 95.
89 Ibid., art. 91.
90 BRASIL. Lei 8.069..., art. 258.
91 BRASIL. Lei 8.069..., art. 152, in fine, e art. 202.
92 Ibid., art. 204.
93 BRASIL. Lei 8.069..., art. 199.
94 Observar BRASIL. Lei 8.069..., art. 29 e BRASIL. Lei n.º 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Código civil..., art. 378.
95 BRASIL. Lei 8.069..., art. 50 e §§.
96 Ibid., art. 29, 43.
97 BRASIL. Lei 8.069..., art. 50, § 1º.
98 Observar BRASIL. Lei 8.069..., art. 45 e §§.

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