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O Partido dos Trabalhadores fez-se representar por Valter Pomar (Secretário de Relações
Internacionais), Joaquim Soriano (Secretário-Geral), Neila Batista (Secretária-adjunta de
Assuntos Institucionais), Rafael Pops (Secretário da Juventude) e os dirigentes nacionais
Rachel Marques e Flavio Koutzzi.
Todavia, o documento do XIII Encontro do Foro de São Paulo diz toda a verdade quando confessa que
não existem duas esquerdas diferentes, uma “moderada” (Lula, Kirchner, Tabaré Vasquez e
Bachelet) e outra “radical” (Fidel Castro, Chavez e Evo Morales), mas uma só esquerda . O
documento diz textualmente, anotem: “A maquinaria político ideológica da direita (...) tenta dividir
os governos progressistas em dois grupos: a esquerda moderna e a esquerda atrasada, com a intenção
de apagar os muitos objetivos comuns que unem nossos governos e partidos. Essa diferença é falsa e
o que existe na verdade é uma diversidade de estratégias que respondem às realidades e condições de
luta que existem em cada país”.
Quando da criação do
Foro de São Paulo, em 1990,
apenas o governo cubano estava entregue aos comunistas. Hoje, 16 anos depois, diversos partidos de
esquerda, entre os quais alguns que participaram da sua fundação, estão no Poder em seus países -
Nicarágua, Venezuela, Bolívia, Uruguai e Brasil -, sendo que Michele Bachelet, Nestor Kirchner e
Rafael Corrêa chegaram ao poder com o decisivo apoio de partidos pertencentes ao Foro.
A Declaração Final do Encontro concluiu que “Os povos da América Latina e do Caribe deverão sentar
as bases para a derrota integral do neoliberallismo patriarcal e avançar na construção da alternativa
ao sistema imperante. Isso requer uma ação articulada e uma relação respeitosa e complementar entre
os partidos, movimentos e coalizões políticas de esquerda e a diversidade de organizações e
movimentos populares e sociais (...) Uma ampla frente de luta que integre todos os setores populares
e democráticos afetados pelas políticas do modelo dominante. Nas novas condições históricas que
vivem a América Latina e o Caribe, os partidos membros do Foro se sentem comprometidos a
devotar todos os nossos esforços políticos, materiais e solidariedade para fazer realidade esta grande
oportunidade histórica de derrotar o Neoliberalismo e entrar no caminho da construção de uma nova
sociedade, justa e democrática (...) O Foro de São Paulo se compromete a defender os processos de
mudanças em marcha e utilizar toda a nossa capacidade internacionalista e solidária com Cuba, os
governos democráticos e a luta dos povos".
Ao ler o trecho acima, não
podemos deixar de recordar que
em junho de 1991, no México, o II Encontro do Foro, que abordou o tema “A América Latina e o Caribe
em face da Reconstrução Hegemônica Internacional”, foi precedido de uma reunião preparatória,
também no México, em março de 1991, que definiu, mediante acordo, que a partir do II Encontro
seria firmado o conceito do CARÁTER CONSULTIVO e DELIBERATIVO dos Encontros. Isso
significa que as decisões aprovadas em plenárias e constantes das Declarações finais passaram, a
partir de então, a ser consideradas DELIBERATIVAS, isto é, DECISÓRIAS EM TERMOS DE
ACEITAÇÃO E CUMPRIMENTO pelas delegações e partidos participantes, subordinando-os,
portanto, aos ditames do Foro nas ações a serem desenvolvidas em nível internacional e nos
respectivos países. Não é segredo que tais deliberações obedecem a uma política internacionalista,
com vistas à implantação do socialismo no continente, fato que transfere para um segundo plano os
interesses nacionais e fere os princípios da soberania e autodeterminação. A Lei Orgânica dos
Partidos Políticos e a Constituição da República definem que “A ação do partido tem caráter
nacional e é exercida de acordo com o seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou
governos estrangeiros” (artigo 17 da Constituição e item II, artigo 5º da LOPP).
A Justiça Eleitoral, os demais partidos políticos, a imprensa do país e o Congresso Nacional permanecem
inertes e fingem ignorar esse pequeno detalhe.
Um ponto interessante sobre como funciona o Foro de São Paulo, à semelhança de todos os partidos
comunistas do mundo: o texto-base dessa Declaração Final foi redigido pelo Grupo de Trabalho –
uma espécie de Comissão Executiva do Foro – composto por representantes do PRD mexicano, PC
Cubano, Frente Farabundo Marti de El Salvador e Partido dos Trabalhadores, em reuniões realizadas
na Colômbia, em 21/23 de abril de 2006 e Uruguai, em 18/20 de agosto de 2006, e apresentada ao
XIII Encontro, realizado cinco meses depois, como um prato-feito.
As delegações participantes se
limitaram a fazer
as seguintes propostas que permitiriam lograr que o Foro seja um instrumento mais eficaz e
permanente para articular o trabalho político dos partidos e movimentos membros: a
publicação de um boletim eletrônico mensal; a constituição de uma escola continental de
formação política; a realização anual de um festival político-cultural; a criação de um
observatório eleitoral; o desenvolvimento de uma política dirigida à juventude e de
promoção da arte e cultura. A implementação dessas propostas será discutida pelo Grupo
de Trabalho.
Para concluir, frase extraída do texto “Foro de São Paulo, uma Versão Anestésica”: “Você acha mesmo
que a organização que planejou e dirigiu a mais espetacular e avassaladora expansão esquerdista já
observada no continente é um nada, um nadinha, no qual só radicais de direita ou teóricos da
conspiração poderiam enxergar alguma coisa?”
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