Você está na página 1de 3

Este momento histórico-social é tido como um período de transição.

Marca a passagem
do fim da Idade Média para a Idade Moderna.
Com o crescimento das cidades e do comércio, o regime feudal enfraqueceu. Os servos
podiam vender sua colheita e conseguir dinheiro para pagar os serviços que deviam ao
senhor feudal; podiam ir para a cidade ou conhecer novas terras. O desejo de liberdade
se concretizava.

Os senhores feudais, aos poucos, foram perdendo suas terras e seus servos. Neste
momento, o rei, que era uma autoridade simbólica, fortalece-se, à medida que se aliava
a uma classe social emergente, a burguesia, formada por artesãos e comerciantes,
detentores do dinheiro, que viviam nas cidades.
No momento em que o rei consegue centralizar o poder, tendo como alicerce a teoria do
dinheiro divino, à igreja Romana interessa defender a estrutura feudal, por possuir uma
quantidade bastante grande de terras.
Com isso, a igreja deixou de ser a única responsável pelo monopólio da cultura,
formando-se bibliotecas fora dos mosteiros e dos conventos.

São também frutos dessa época os humanistas, homens cultos e admiradores da cultura
antiga. Eram individualistas, davam maior importância aos direitos de cada indivíduo do
que à sociedade. Acreditavam no progresso, rejeitando a hierarquia feudal.
Através do contexto histórico, podemos perceber que o homem da época rompe com o
sistema feudal e com a visão teocêntrica do mundo determinada pela igreja e vai em
busca de si mesmo, de novas descobertas e novos valores.
O momento é de transição.

O homem começa a se valorizar, sem contudo abandonar por completo o temor a Deus e
a submissão.
A literatura, como está intimamente engajada no momento histórico-social, vai gerar
produções literárias que refletem esse período conflitante no qual o homem do século
XV viveu.

A data que marca o início do Humanismo em Portugal é o ano de 1418, quando


D.Duarte nomeia Fernão Lopes como guardador da Torre do Tombo, e termina quando
Sá de Miranda retorna da Itália, em 1527, empreendendo em Portugal a campanha em
prol da cultura clássica.
Como principal manifestação literária, encontramos:

Teatro

Durante a época medieval, o teatro era essencialmente religioso, limitando-se a


representações litúrgicas do Natal e da Páscoa.
No Humanismo, o teatro segue um novo rumo, com as peças de Gil Vicente, que se
utiliza do alegórico-religioso para construir caricaturas profanas. Critica as várias
camadas da sociedade: povo, nobreza e principalmente o clero, condenando a luxúria e
os abusos dos padres.
Gil Vicente acredita que a verdadeira salvação do homem encontra-se na pureza do
espírito.

Gil Vicente (1465?-1536?)


Gil Vicente critica, em sua obra, de forma impiedosa, toda a sociedade de seu tempo,
desde o papa, o rei o alto clero, até a mais baixa classe social: os feiticeiros, as
alcoviteiras e os agiotas.
Acreditando na função moralizadora do teatro, colocou em cena fatos e situações que
revelavam a degradação dos costumes, a imoralidade dos frades, a corrupção no seio da
família, a imperícia dos médicos, as práticas de feitiçaria, o abandono do campo para se
entregar às aventuras do mar.

Sua crítica tem um objetivo: reaproximar o homem de Deus. Nesse sentido, Gil Vicente
se revela um homem de espírito e formação medieval, expressando uma concepção
teocêntrica, numa época de profundas transformações sociais e culturais.
Gil Vicente escreveu mais de quarenta peças. Dentre elas, destacamos:

- Monólogo do vaqueiro
- Auto da alma
- Trilogia das barcas ( do Inferno, do Purgatório, da Glória).
- Farsa de Inês Pereira.
- Quem tem farelos?
- O velho da horta.
- Auto da índia

HUMANISMO = TEOCENTRISMO X ANTROPOCENTRISMO

Algumas manifestações

- Teatro

O teatro foi a manifestação literária onde ficavam mais claras as características desse
período.

Gil Vicente foi o nome que mais se destacou, ele escreveu mais de 40 peças.

Sua obra pode ser dividida em 2 blocos:

Autos: peças teatrais cujo assunto principal é a religião.

“Auto da alma” e “Trilogia das barcas” são alguns exemplos.

Farsas: peças cômicas curtas. Enredo baseado no cotidiano.

“Farsa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da horta”, “Quem tem farelos?” são alguns
exemplos.

Poesia

Em 1516 foi publicada a obra “Cancioneiro Geral”, uma coletânea de poemas de época.

O cancioneiro geral resume 2865 autores que tratam de diversos assuntos em poemas
amorosos, satíricos, religiosos entre outros.
Prosa

Crônicas: registravam a vida dos personagens e acontecimentos históricos.

Fernão Lopes foi o mais importante cronista(historiador) da época, tendo sido


considerado o “Pai da História de Portugal”. Foi também o 1º cronista que atribuiu ao
povo um papel importante nas mudanças da história, essa importância era,
anteriormente atribuída somente à nobreza.

Obras

“Crônica d’El-Rei D. Pedro”

“Crônica d’El-Rei D. Fernando”

“Crônica d’El-Rei D. João I”

Você também pode gostar