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Fichas de esquemas
1. Contexto histórico no Japão
1.1 Década de 1930
1.2 Desenrolar da Segunda Guerra Mundial
2. A “Lei do cinema”
3. Misoguchi Kenji (até 1945)
3.1 Principais obras
4. Naruse Mikio (até 1945)
4.1 Principais obras
5. Reviravolta: derrota e ocupação
5.1 Novo contexto histórico
5.2 Mudanças no cinema
6. Mizoguchi Kenji no pós-guerra
6.1 Trilogia da liberação feminina
6.2 “Mulheres da Noite”, o realismo de Kenji
7. Naruse Mikio no pós-guerra
7.1 A reinvenção do diretor
Fichas de transcrições
“[...] Embora frustrado, o golpe acarretou o enfraquecimento dos partidos
políticos e a consolidação do protagonismo dos militares na vida política, sob o
olhar benevolente do Imperador. Os japoneses já haviam se estabelecido na
Manchúria, norte da China, desde 1931. De forma teatral, abandonaram a Liga
das Nações em 1933, recusando-se ao julgamento de sua política
expansionista pela entidade.” (p.2)
“Em 1939 foi aprovada a ‘Lei do cinema’, que teve como objetivo ‘racionalizar’ a
indústria e refletir o óbvio interesse do governo em direcionar ideologicamente
a produção cinematográfica. Depois de muita discussão, foram criados três
conglomerados de estúdios e feitas as necessárias fusões. A orientação era
realçar valores como lealdade incondicional ao Imperador, disposição
permanente para sacrifícios pessoais, absoluta devoção à cultura
genuinamente japonesa e a exaltação de uma frugalidade inerente ao ethos
nacional. A ação restritiva incidia na pré-produção, no exame dos roteiros
propostos e a adequação aos parâmetros definidos na lei, de modo a evitar
desperdícios de tempo e recursos.” (p.2)
“Segundo o crítico Tadao Sato, Mizoguchi não era nem um ativo defensor da
guerra, nem tampouco um opositor das políticas governamentais. Não
obstante, sua opção pelos filmes geidomono – onde o protagonista, homem ou
mulher, é praticante de alguma das artes tradicionais japonesas, como kabuki,
bunraku (teatro de bonecos), e danças – revelava tendência a enaltecer valores
nacionalistas, que convergiam com política cinematográfica. Suas decisões
criativas mostram o pragmatismo de um profissional produtivo, imerso em um
ambiente carregado ideologicamente. Além disso, sublinhe-se que, entre 1937
e 1943, Mizoguchi presidiu a Associação de Diretores de Cinema Japoneses,
atuando também como Comissário Cinematográfico no Gabinete.” (p.3)
“Por outro lado, hábitos anteriormente banidos das telas, como beijar em
público, passaram a ser estimulados: o primeiro beijo na boca nas telas
japonesas, dispositivo fundamental para a narrativa clássica do cinema, só foi
acontecer entre nacionais do Japão em produções locais de 1946, por
‘pressão’ dos censores. A diretrizes do SCAP também incentivavam produtores
e diretores a tratar de assuntos como democratização; direitos civis (sobretudo
o das mulheres), sindicalismo pacífico e reforma agrária; reincorporação de
combatentes; e liberdade de opinião.” (p. 6)
Ficha de apreciação
O autor do texto mescla os acontecimentos histórico-sociais da Segunda
Guerra Mundial com as mudanças ocorridas na indústria cinematográfica
japonesa. É um tanto incomum haver espaço para debater filmes das décadas
de 30 e 40, especialmente as produções asiáticas, porém um território,
primeiramente, atípico adquire compreensão e entendimento no decorrer da
leitura. Apesar de serem diretores pouco conhecidos, e com filmes,
praticamente, perdidos e esquecidos, a narrativa leve de Lanari consegue gerar
interesse nas obras da respectiva época com simples contextualizações, que
abrangem os estilos próprios de Mizoguchi e Nasure e as mudanças no país.