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CINEMA RURAL

Prof. Dr. Fernando Biscalchin


BIBLIOGRAFIA
Segundo o autor Caio Aparecido:
 
“Para os anos 50, o rural no cinema seria o outro, este em que pese o paradoxo,
o máximo sinônimo de brasilidade. Mas também havia nessa proposição um
aspecto mercadológico importante: o cinema dito industrial se voltava à temática
rural justamente quando a urbanização das cidades permitia a constatação de um
mercado consumidor, sugerindo que uma das possibilidades de sucesso desses
filmes estaria na suposta afluência nas salas de projeção dessa população recém
chegada do campo e que queria ver nas telas aquilo que já poderia considerar
como passado.”.
 
A maioria dos filmes que traziam a temática Rural eram filmados pela perspectiva
de diretores da alta burguesia paulista.
O Cinema Rural busca retratar as relações divergentes da alta burguesia paulista de
cafeicultores sua “arrogância” com a classe rural, que era vista quase sempre como
“incapazes e não representativos” perante a sociedade. A burguesia se considerava
acima de todos, inclusive do que se dizia respeito a indústria e ao campo, ou seja, a
sociedade industrializada comandava os “caipiras/camponeses ignorantes”.
 
Caio Aparecido relata essa relação em sua obra:
 
“O paulista cafeicultor se entedia uma espécie a parte, galharda e nobre,
sobretudo, distinta do restante do país e da “gentalha” que aqui chegava.
Em contraponto às críticas encontrada em alguns filmes do Cinema Rural ao burguês
industrializado e aos senhores de terras, outras produções enalteciam a camada rica da
sociedade e contava em seus roteiros histórias que vangloriavam a suposta “sagacidade” e
inteligência dos burgueses em relação aos que consideravam “bastardos” sem futuro.
 
Caio Aparecido diz:
 
“Mas, fundamentalmente, ao final de cada fita, mesmo a maior decadência não implica
qualquer tipo de perda, de fato, para a burguesia como classe, pois, por meio de
maquinações do enredo, sempre se dá um jeito para sair vitoriosa. Quer dizer, faz-se no
cinema uma versão estética da aliança histórica que prevaleceria em 1964.”.
O Cinema Rural fora do Brasil representava de forma diferente o contexto do campo, e
além de constantes críticas a sociedade industrial, buscava relatar quase que sempre de
forma documental o cotidiano de uma parcela da sociedade que aparentemente parecia
ter sido esquecida pelos centros urbanos que se industrializavam rapidamente. A intenção
era criar histórias que remetessem a um certo saudosismo e memória de um tempo que
representou o auge econômico do país.
 
ALGUNS FILMES:

https://www.youtube.com/watch?
v=DyvHTddeaYk&list=PLZCm3ZUYUHvS8vqazlHMB72wpVFe_oLBn&index=3
 
https://www.youtube.com/watch?
v=xQ1ppMSCDMc&list=PLZCm3ZUYUHvS8vqazlHMB72wpVFe_oLBn&index=4
 
https://www.youtube.com/watch?v=-
UjFidfF1w4&list=PLZCm3ZUYUHvS8vqazlHMB72wpVFe_oLBn&index=6
Entrevista com Hermani Heffner, conservador chefe na Cinemateca do Museu de
Arte Moderna do Rio de Janeiro:
 
https://www.youtube.com/watch?v=fAmMvpK9cG8
O CANGAÇO
também representa a parte rural da região
nordeste do Brasil, o qual a figura do cangaceiro
dentro da perspectiva cinematográfica era
ilustrada por uma briga entre o bem e o mal, no
mais tradicional estilo de faroeste
hollywoodiano, onde havia até a distinção entre
o cangaceiro herói (branco, inteligente,
destemido e com toques de moralidade) e o
cangaceiro mal (negro, necessitado e com
problemas de autoaceitação). Alguns filmes
romantizavam o cangaço como se tivesse sido
um momento glorioso para a história do nordeste
brasileiro.
Ano: 1953
Direção: Lima Barreto
Porém, não só de estilo norte-americano e
narrativas equivocadas o cangaço era
representado nas telas. Outro grupo de
diretores trabalhavam a figura do
cangaceiro e a temática regional como
uma ameaça que perdurou por muitos anos
no Nordeste e assolava as famílias
necessitadas, famintas e esquecidas do
sertão rural brasileiro.

Ano: 1965 (Docudrama) Ano: 1964


Direção: Paulo Gil Soares Direção: Glauber Rocha
(Cinema Novo)
A MUDANÇA DE
EIXO DO CINEMA
RURAL
Por quase duas décadas (1950-1960) o rural
estava alocado a regiões Norte e Nordeste do
Brasil, por motivos geográficos (Amazonas) e de
baixo desenvolvimento urbano. Por isso a figura
do cangaço e a industrialização das grandes
cidades ditavam as histórias do Cinema Rural.
Entretanto, com a cartunesca representativa de
Amácio Mazzaropi e seu personagem Jeca Tatu, o
caipira do interior, torna-se, a partir do final da
década de 1950, o representante do Cinema Rural.
■ Mazzaropi era cineasta, ator, humorista e
cantor e através da comédia conseguia
construir as críticas necessárias contra o
sistema industrial, a ganância dos grandes
centros burgueses e a presunção da elite.
Ano: 1951 Ano: 1954 Ano: 1951
Direção: Direção: Direção:
Tom Payne José Carlos Alberto
Burle Pieralisi

Ano: 2005
Ano: 1959 Ano: 1963
Direção:
Direção: Direção:
Luiz
Milton Glauco Laurelli
Alberto
Amaral
Pereira

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