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Síntese Crítica dos Animes Sob a Visão Católica.

Por Sanford Sanctus Sanctus.

I. Introdução

A seguinte síntese tem por objetivo promover uma visão analítica da estrutura social e
seu funcionamento no mundo moderno, especificamente sobre a razão da indústria
japonesa de animações (animes) ter se expandindo rapidamente no ocidente.
Pretendo próximo ao final, analisar a razão das personagens femininas (popularmente
chamadas de “waifus”, termo esse que é uma variação da palavra do inglês para esposa
(wife) serem tão amadas por todos.

II. A subversão da sociedade ocidental e suas


consequências

Nas últimas décadas (desde assertivamente a década de 60), um grupo específico de


revolucionários ditos pelo nome de “Movimento Feminista” começou um processo
gradativo de subversão dos valores tradicionais referentes a figura feminina (mulher)
na sociedade ocidental. As duas inferências mais relevantes dadas ao clero há figura
feminina são primeiramente, a obediência a Roma e então o preparo moral (aqui se
entende plenamente a tendência natural da mulher a constituir família e ser mãe).

O movimento feminista por sua vez visa subverter a figura feminina a tornar-se
masculina, alterando a naturalidade social tal qual foi estabelecida divinamente.
Notase que desde o crescimento desse movimento (dado o apoio de um certo lobby
que não pretendo citar) que a cultura ocidental, seja em seus filmes, jogos, desenhos,
obras de literatura e arte, pensamento filosófico (praticamente morto) ou em
quaisquer outras áreas de grande relevância social foi tragada ao poço subversivo do
feminismo e tem-se que esse nunca foi de fato, aprovado por qualquer apoio popular.
O resultado disso foi o desgosto generalizado a nova “cultura” ocidental, que é nada
mais senão uma projeção de Satanás para lograr os homens. Além disso, são óbvias as
outras desgraças causadas por isso, como por exemplo a tendência moderna de
desacreditar na castidade, modéstia ou em quaisquer outras virtudes tão simples
quanto.

III. A juventude

A juventude do mundo moderno não tem, em sua grande parte, tradição para se
inspirar. Isso se deve aos fatos citados na Parte Segunda. Vejamos aqui o seguinte:
muitos dos jovens, ainda que de fato minoria, entendem o mundo moderno como de
alguma forma uma idealização falsaria de sociedade. Por sua vez, essa perspectiva tem
se demonstrado a favor do tradicionalismo, ao qual esses mesmos jovens são levados
uma hora ou outra. Todavia, a nova “cultura” ocidental não tem exemplos de tradição,
ela constantemente desacredita nos valores naturais aos homens e os vê como
problemas a serem superados. No mundo moderno não há espaço para uma família
tradicional, de espírito reto, de santidade, há espaço para o erro.
É fato, a própria mídia é infinitamente mais progressista que seus próprios
consumidores. Ao verem a tamanha imposição de padrões tão não naturais as
mulheres a juventude foge, e foge muito, do ocidente. Mesmo nos meios mais
tradicionais do ocidente pode-se achar finalmente, um indivíduo que consome um ou
mais (aqui entendem-se por “mais” um grau menor ao de otaku, que é de certo uma
falha e altamente subversivo) conteúdos ligados a indústria de animação japonesa.

IV. A indústria de animação japonesa em sua história

A indústria de animação japonesa (pelo que consegui pesquisando) teve início em um


ano incerto, mas a inferência mais comum que pude achar foi que por volta da década
de 10 a população japonesa teria sido apresentada as animações japonesas, muito
limitadas. Falando de obras, temos alguns clássicos como “Saru Kani Kassen” (lit. “A
Luta Entre o Caranguejo e o Macaco”) em 1917, e “Momotaro” (“O Menino-Pêssego”)
em 1918, que foi o primeiro desenho animado japonês exibido no exterior (na França).
Por um período considerável a maioria das animações eram curta-metragens baseados
em fábulas infantis japonesas. A partir da década de 20 a indústria sofre um aumento
na qualidade de imagem, animação e técnicas. “Uba Sute Yama” (lit. “A Montanha das
Idosas Abandonadas”), produzido por Zenjiro “Sanae” Yamamoto em 1925, foi o
primeiro drama japonês animado, uma espécie de versão curta-metragem em desenho
de “A Balada de Narayama”. Noburo Ofuji, produtor de “Kujira” (lit. “A Baleia”) em 1927
e “Sekisho” (lit. “O Inspetor de Estação”), primeiro desenho animado sonoro japonês
em 1930, firmou a idéia de que a animação não era necessariamente uma arte cômica,
mas uma forma de cinema viável para tratar de temas adultos, dramáticos e eróticos
(ponto de partida para a óbvia degradação moral com os dos ditos “hentais” que se
tem hoje).
Com o aumento do militarismo no Japão e então a ditadura militar até o fim da
Segunda Guerra todos as indústrias de animação japonesa foram censuradas e então
forçadas a produzirem propagandismo militar em animação.

Apesar de sofrer com a limitação na liberdade de expressão, a animação japonesa do


período militar ganhou em evolução técnica, graças ao dinheiro injetado nas produções
pelo governo. Em agosto de 1945, ao se render aos americanos no fim da Segunda
Guerra, o estado de penúria do Japão não permitia a realização de produções regulares
de animação. O governo interino das Forças de Ocupação Aliadas, comandadas pelo
Gen. Douglas MacArthur, promoveria em dez anos mudanças nunca antes feitas na
economia, na política e na sociedade japonesas, alterando profundamente a cultura, o
modo de vida e valores do país. A reforma agrária, a lei anti-truste, a reforma
tributária, o processo de desmilitarização, a constituição e a democratização do Japão,
são fenômenos positivos que curiosamente vieram com a derrota na Guerra. Uma das
conseqüências imediatas do processo de desmilitarização foi a censura implantada
pelos vencedores, agora no sentido de impedir a manifestação e propagação de idéias
ultra-nacionalistas e bélicas. O chamado Departamento de Propaganda das Forças de
Ocupação analisou quase toda a produção cinematográfica japonesa feita durante o
governo militar. As obras consideradas militaristas ou propagandistas, mais da metade
das que foram analisadas, foram condenadas à destruição. De muitos desenhos
produzidos nesse período, restam apenas ilustrações ou relatos de que eles existiram.

Anos mais tarde, a partir da década de 50 o termo “anime” (variação da palavra em


inglês para animação (animation) foi usado pela primeira vez para se referir ao produto
da indústria de animação japonesa. Noburo Ofuji, produzindo de forma independente
e grande grau de experimentação artística, refilmou com novos materiais seu curta
“Kujira” (lit. “A Baleia”) em 1953, exibido no Festival de Cannes e ganhou um prêmio no
Festival de Veneza com “Yurei Sem” (lit. “O Navio Fantasma”), de 1955, contando a
história de um príncipe e sua tripulação que são mortos por piratas e cujos fantasmas
voltam para se vingar de seus executores. Em 1958, através da Toei Dõga, o diretor Taiji
Yabushita realizou “Hakuja Den” (lit. “A Lenda da Serpente Branca”), o primeiro
longametragem em cores do pós-guerra, iniciando o desenvolvimento industrial da
animação no Japão. Sucesso nos cinemas da época, “Hakuja Den” conta a história de
um menino que se apaixona por uma menina que havia encarnado em outra vida como
uma serpente.
V. A expansão da indústria de animação japonesa no
ocidente

Como citado na Parte Segunda, a subversão insustentável e ilógica do ocidente levou


ao afastamento da juventude ocidental do próprio ocidente, e esse é certamente o
ponto principal para a indústria de animação japonesa ter atraído tanto a atenção dos
ocidentais.
Quando olhamos a indústria atual de animação japonesa a primeiro momento vemos
subversão, mas em última analise, ao passo que se pode de alguma forma tirar
cristianismo de quase todas as coisas notamos uma tendência: a indústria continua
acentuando virtudes e comportamento tradicional em algum grau. Quando olhamos
para essas virtudes e analisamos principalmente as personagens femininas vamos
notar que elas soam femininas e parecem femininas, a feminilidade é exaltada na
indústria de animação japonesa de uma forma ou de outra. Quando falamos de
feminilidade, falamos da Santíssima Virgem. Maria é a máxima expressão da
feminilidade, Antonio Maria Sicari em seu livro Ci haChiamati Amici – Laici e consigli
evangelici expressou:

“No momento em que Deus se avizinha do mundo, a feminilidade é chamada a


representar toda a humanidade, toda a criação. A feminilidade é o lugar no qual a
criação inteira se faz acolhida para Deus.”

Deus criou as mulheres para serem esposas submissas, mães virtuosas e donas de casa
alegres em Cristo, para serem em seu ambiente propício, santas.

“FAÇA-SE EM MIM SEGUNDO A TUA PALAVRA” (LC 1, 38)

O “faça-se” de Maria comporta o desejo de Deus para o coração da mulher de hoje,


que precisa corresponder a esse lindo dom de ser mulher que enche o mundo de
beleza, ternura, sensibilidade, doação e alegria.

No “faça-se” de Maria, a beleza da dignidade da mulher é realçada pela liberdade de


escolher fazer a vontade de Deus. A mulher que se deixa guiar por Deus realiza o
sentido profundo da feminilidade, pois tem uma intuição particular para descobrir
como amar, algo próprio da mulher que pode em cada situação e adversidade amar,
amar como Maria amou.
Voltando as waifus, para não começar a dissertar muito sobre a Santíssima Virgem e
perder-me do foco dessa crítica, podemos inferir duas coisas. Primeiro, que elas na
máxima expressão de feminilidade falham, já que ignoram completamente na
produção dessas obra os valores cristãos. E em segundo, que elas expressam partes
necessárias a feminilidade, em destaque a castidade, mesmo no caso das personagens
mais lascivas em aparência. Aqui vou dar um exemplo, temos a figura da Albedo de
Overlord, é uma súcubos (sim, isso é obviamente um problema, a idealização de um
demônio como feita nesse anime é completamente errônea e condenável) mas,
virgem. Sim, virgem de fato, isso é revelado pela mesma em um dos episódios da obra,
o que é impactante ao público, já que ela em questão tem a aparência obviamente
feita para incitar aos pecados da luxúria (corpo curvilíneo e etc, não vou entrar em
descrições em si, por razões cabíveis).

Nesse sentido, achamos outras características cristãs em diversas outras personagens,


como em Azumanga Daioh, especialmente na personagem “Sakaki-san” (sobrenome
desconhecido). Sakaki é bonita indiscutivelmente (e sim, possui corpo curvilíneo, ainda
que felizmente ao fato do anime ser de 2002 isso não tenha sido tão ressaltado como
podiam ter sido feito atualmente), é alta (isso é potencialmente preferencial), tem
olhos, formato do rosto, cabelo e entre outras características que fazem ela uma
mulher preferível a muitos homens, e isso ajuda de fato a se apegar a ela. Não é burra,
o que a deixa mais agradável, ao passo que todos devem concordar que pessoas
minimamente inteligentes são sempre mais relacionáveis. Quanto a sua personalidade
e modo de portar, Sakaki tem tendência a seriedade, o que é algo bom, como o próprio
educador e ordenado São João Batista de La Salle escreve em seu livro “As Regras de
Cortesia e de Civilidade Cristã”. Sakaki frequentemente demonstra apreço por coisas
fofas, o que inspira certo espírito protetor em que a vê. Suas reações são femininas em
essência, como a tendência a ficar corada e se sensibilizar em dados momento, no
mesmo livro citado anteriormente, La Salle defende que isso são coisas mais cabíveis as
mulheres do que aos homens. No mais, ela se porta com modéstia e cortesia em suas
ações.

Essas características que são encontradas com facilidade na indústria de animação


japonesa fizeram com que a juventude ocidental, corresse aos animes.

VI. A última instância é cristã.

Essa fuga do mundo ocidental decadente até as obras japonesas é em ultima análise o
anseio que o homem tem de Deus. O pastor de Hipona (Santo Agostinho de Hipona)
deixa claro nas suas obras que o ser humano é composto pela união da alma e do
corpo. Segundo esta linha de pensamento agostiniana, o homem não pode ser
estudado e nem compreendido na sua totalidade sem estas duas dimensões. Este
ponto é frisado por Santo Agostinho no diálogo com Navígio, onde explicita sua
doutrina acerca desse assunto:

“Parece-vos evidente que somos compostos de uma alma e de um corpo? Como todos
concordam, exceto Navígio que declarou ignorar esse assunto, eu disse-lhe: Não sabes
nada, absolutamente... Sabes igualmente que tens um corpo? Concordou. Já sabes,
portanto, que és composto de um corpo e de uma alma”.

O doutor de Hipona, quando define o homem, faz questão de distingui-lo das outras
criaturas pela racionalidade, ou seja, capacidade intelectiva. Santo Agostinho afirma
que o ser humano é portador de uma alma imortal. Para ele, esta é responsável pelo
governo das faculdades humanas.

Na sua explanação sobre a origem do homem, o teólogo hiponense assegura que o ser
humano teve sua origem em Deus, único capaz de preencher as expectativas terrenas e
celestes que todo homem traz consigo. Isso o exímio teólogo sempre ensinou. Ele tinha
como base sua própria história pessoal. O santo pastor depois de sua conversão ao
cristianismo passou a assegurar que somente em Deus está a autêntica felicidade.
Observando a vasta obra da criação, nela sobressai o homem que ocupa um lugar
singular no plano de Deus. O ser humano e o universo inteiro tiveram sua origem na
bondade do Criador.

Ao fato, o anseio de amor perfeito do homem pode sim, levar a indústria de animação
japonesa. Os animes expressão as virtudes cristãs querendo ou não quando o fazem
acidentalmente e isso inflama a alma de quem assiste, sabendo ou não. Essa chama,
que vê no anime alguma parte da perfeição de Deus, anseia por mais. Quando
licitamente direcionada, leva quem assiste a se atrair naturalmente ate as obras
certamente levianas, mas que expressam com maior exatidão as virtudes lícitas ao
cristão. Quando ilicitamente direcionada, o espírito orgulhoso do pecado se sobressai a
naturalidade das coisas e então ou se vê obras tendencialmente pecaminosas
(destaque para a luxúria) ou de fato, obras pecaminosas.
VII. Considerações.

Para finalizar, numa perspectiva tradicional sim, animes deveriam ser criminalizados ou
simplesmente proibidos (aqui falo de censura), pois tudo deve caminhar a Deus. É fato,
o pecado é proibido por Deus e por tanto devem os homens em concordância com a
vontade divina proibirem a liberdade ao pecado. Os animes que eu citei anteriormente
(Azumanga Daioh e Overlord) são pecaminosos em algum nível e deveriam ser evitados
(principalmente Overlord, essa obra é ridícula de ruim). Pessoalmente, apoiaria uma
re-animação de Azumanga Daioh sob os princípios católicos, onde provavelmente o
maior público fosse feminino, já que evidentemente a obra se destaca pela presença
das protagonistas. Admito que poderia escrever mais em cada uma das partes, mas
não vejo o porque despender tempo para isso. Salve Maria.

Fontes e bases para a crítica:

o Bem aventurada é a serva do senhor: a construção da feminilidade das mulheres através do


discurso Mariano;
o O Homem e a Sociedade em Santo Agostinho;
o A Visão da Igreja Católica Romanizadora Sobre a Mulher na Província do Grão-Pará, Finais do
Século XIX; o As Regras de Cortesia e
de Civilidade Cristã; o “Why People Like
Anime Girls” do Pax Tube; o Revista Ave-
Maria: Mulher como Maria;
o “História da Animação Japonesa” de Cristiane A. Sato, formada em direito pela Universidade de
São Paulo, pesquisadora de mangá e animê, presidente da ABRADEMI
(www.culturajaponesa.com.br).

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