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3 JOÃO
Autoria
Essa é a terceira carta canônica de reconhecida autoria do apóstolo João, desde os primórdios
da Igreja, e atestada por vários dos chamados pais da Igreja. Nos primeiros versículos de 2 João,
assim como em 3 João, o autor se identifica da mesma forma humilde e pastoral: “o presbítero”
ou “ancião”. Outras semelhanças internas ainda são bem visíveis, como as expressões “amo na
verdade” ou “amo por causa da Verdade”, no primeiro versículo das duas cartas, e “andando na
verdade” no quarto verso de ambas, bem como desfechos muito parecidos.
Propósitos
Jesus e o apóstolo Paulo já haviam dado instruções sobre como a Igreja deveria ser cordial e
generosa no recebimento dos obreiros cristãos que realizavam árduo trabalho itinerante, levando
de cidade em cidade a Palavra de Deus e a sã doutrina. Alguns falsos mestres, no entanto, estavam
tentando negociar influências políticas e religiosas, bem como lucrar com suas viagens e palestras.
O objetivo do autor, nessa sua segunda carta, é elogiar e encorajar o irmão Gaio por sua hospitali-
dade e sustento aos discípulos
p de João,, verdadeiros mestres na Palavra. Esses irmãos haviam sido
maltratados, em uma das igrejas da Ásia, por um líder carnal e autoritário chamado Diótrefes, que
excomungava qualquer membro da comunidade que se mostrasse amável e generoso para com
os missionários enviados pelo apóstolo. A carta de João é também uma advertência à arrogância e
prepotência dos ditadores.
1 Diferentemente de 2 João, esta carta não é direcionada primeiramente a um grupo de crentes, mas para um indivíduo e
discípulo (v.4) chamado Gaio. Nome bastante comum na época e região de João (1Co 1.14; Rm 16.23; At 19.29; 20.4).
2 O coração pastoral de João se alegrava ao constatar que seus filhos na fé (discípulos) estavam vivendo de acordo com a
sã doutrina do Evangelho de Cristo.
3 João louva a visão missionária e a dedicada hospitalidade de Gaio, atitudes que muito encorajaram os verdadeiros
missionários do Senhor (2Jo 7-11), ainda que estrangeiros na província da Ásia (Rm 12.13; Hb 13.2; 1Pe 4.9; 1Tm 5.10; 3.2; Tt
1.8). Os mestres itinerantes enviados por João foram rejeitados por Diótrefes, líder tirano de uma das igrejas da região, que,
inclusive, excomungava os cristãos que dessem abrigo aos mensageiros enviados por João.
4 Até hoje, muitos judeus ortodoxos se referem a Deus por meio de um de seus muitos títulos honrosos: Hashem “o Nome”,
como sinal de reverência, e crendo que assim evitam mencionar o nome do Senhor em vão. Os missionários enviados por
João foram fiéis ao princípio de não aceitar ofertas dos gentios (aqui enfatizando o sentido de incrédulos e pagãos, além de
não judeus). A obra de Deus deve ser sustentada pelo povo de Deus, pois o mundo que não quer receber o Senhor, também
não deve financiar a igreja e os projetos de evangelização. Sustentar os obreiros do Senhor é um privilégio dos crentes, pois
estão investindo nas vidas dos que levam “o Nome” ao mundo, especialmente aqueles que se dedicam integralmente à obra
e não têm outra fonte de sustento (1Tm 5.17-18), e porque esta é uma boa e prática maneira de nos tornarmos cooperadores
missionários com Deus (Rm 15.24; Fp 4.15-19).
5 Embora essa pareça ser a igreja chamada de “senhora eleita” (2Jo 1), a carta na qual João pede à igreja liderada por
Diótrefes, para receber sua comitiva de missionários, não foi preservada. É possível que Diótrefes simplesmente a tenha
destruído, já que seu personalismo era maior do que seu amor pelo Senhor e sua obra (Cl 1.18,19).
6 A prática contínua do bem deve ser uma característica do cristão sincero e prova moral do seu novo nascimento (1Jo
2.3-29; 3.4-10; 5.18).
inclusive a própria Verdade testemunha dizer, todavia não desejo fazê-lo com
a seu favor. E nós também testemunha- tinta e pena.
mos; e sabes que o nosso testemunho é 14 Anseio, porém, ver-te em breve, e en-
verdadeiro.7 tão poderemos conversar face a face.
15 Paz seja contigo! Os amigos te cum-
Considerações finais e bênção primentam. Saúda os amigos daí, pessoa
13 Há ainda muito que gostaria de te por pessoa.8
7 Demétrio recebeu aprovação, quanto à sua vida e ministério, de três fontes: uma reputação ilibada diante daqueles que não
são cristãos (1Tm 3.7); plena aprovação do Espírito Santo em seu coração (1Jo 3.21) e um testemunho de honra ao mérito da
parte do seu mestre e líder espiritual (Fp 2.19-30).
8 João se despede não apenas com um simples e tradicional desejo de shãlôm, “paz” em hebraico, mas com uma verdadeira
impetração de bênção apostólica (Jo 14.27; 20.19; Gl 1.3; Ef 1.2).