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FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ (FEPAR)

CURSO: TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

3° MÓDULO: MONITORAMENTO AMBIENTAL DE


ÁREAS URBANAS

PROFESSOR VALDIR VOLOCHEN


GEÓGRAFO
valdir_volochen@yahoo.com.br
O ESPAÇO URBANO
O QUE É O ESPAÇO URBANO
• O espaço urbano agrega diferentes usos da
terra justapostos entre si.
Quatro momentos de apreensão do espaço
urbano:
 fragmentado;
 articulado;
 reflexo da sociedade;
 condicionante social.
O QUE É O ESPAÇO URBANO

O espaço urbano capitalista é um


produto social, resultado de ações
acumuladas através do tempo, e
engendradas por agentes que produzem e
consomem o espaço. São agentes sociais
concretos, e não um mercado invisível
sobre um espaço abstrato.
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO
• Os agentes de produção do espaço urbano
são:
 Os proprietários dos meios de produção;
 Os proprietários fundiários;
 Os promotores imobiliários;
O Estado;
 Os grupos sociais excluídos.
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO
• Os proprietários dos meios de produção

 Apresentam-se como grandes consumidores de


espaço;

 Necessitam de infra-estrutura;

 Conflito com a especulação fundiária;

 Modela a cidade.
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO
• Os proprietários fundiários

 Interessam-se que a terra tenha o uso mais


remunerador possível (comercial/residencial);

 Estão fundamentalmente interessados no valor


de troca em sobreposição ao valor de uso da
terra;

 Diferencial de ocupação em relação ao uso


residencial;

 urbanização de status (amenidades);


QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO
• Os proprietários fundiários

 apropriação da
natureza;
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO
• Os proprietários fundiários

 urbanização
popular
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO

 ÁREAS IRREGULARES
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO
• Os promotores imobiliários
Conjunto de agentes responsáveis pelas seguintes
operações:
 Incorporação; realiza a gestão do capital na fase
de sua transformação em mercadoria, em imóvel;
 Financiamento;
 Construção ou produção do imóvel;
 Comercialização do capital-mercadoria em
capital-dinheiro.
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO
• Os promotores imobiliários

 Desinteresse na produção de habitações


populares, devido à baixa renda dos mesmos.

 A estratégia dos promotores imobiliários é


basicamente:

 Produzir residências para a demanda solvável


da população
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO

A ação dos promotores imobiliários se faz


correlacionadas a:
 Preço elevado da terra e alto status do bairro;

 Acessibilidade, eficiência e segurança dos


meios de transporte;

 Amenidades naturais ou socialmente


produzidas.
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO

Obter ajuda do Estado para tornar solvável a


produção de residências para satisfazer a
demanda não-solvável.

COHABs

Ratificação da pobreza
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO
• O Estado
 O Estado atua como proprietário fundiário
quando mantêm terras públicas como reserva
fundiária para uso futuro, ou mesmo para
negociações com outros agentes sociais;
 Como promotor imobiliário através de órgãos
como a COHAB;
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO
O Estado
 Como agente regulador do espaço urbano com
ações como:
- regulamentação do uso do solo urbano;
- impostos fundiários e imobiliários que variam
segundo a dimensão do imóvel, uso do solo e
localização;
- investimento público na produção do espaço,
através de obras de drenagem, desmontes,
aterros e implantação de infra-estrutura;
- mecanismos de crédito à habitação.
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO
• O Estado
Através de implantação
e manutenção de infra-
estrutura os imóveis das
áreas mais nobres
tornam-se cada vez mais
valorizados, aumentando
a segregação residencial
das cidades capitalistas.
QUEM PRODUZ O ESPAÇO
URBANO
• Os grupos sociais excluídos
• Vítimas da segregação sócio espacial
• Sintomas da exclusão: habitação, subnutrição,
doenças, baixo nível de escolaridade, desemprego
ou subemprego, violência etc;
• A lógica das favelas;
• Evolução das favelas.
RMC E O LESTE DO AGLOMERADO
METROPOLITANO: algumas contradições

Baseado no texto de
FIRKOWSKI (2004)
A análise da RMC e do Aglomerado Metropolitano deve
partir do ano de 1995, quando a região ganha maior
complexidade nas relações entre:
o urbano;
o econômico;
o social.

Esta maior complexidade deve-se a uma forte presença do


Estado, onde passa a viabilizar projetos industriais de grande
envergadura transformadora.

Ex.: a implantação de três grandes montadoras de veículos:


Renault, Audi/Volkswagem e Chrysler.
A RMC
apresenta hoje
uma população
de mais de 3
milhões de
habitantes.
A RMC é constituída por 27 municípios, abrangendo uma
vasta área compreendida entre os estados de Santa Catarina
e São Paulo.

Nesta região, observa-se um maior entrelaçamento sócio-


econômico entre os municípios vizinhos à metrópole
Curitiba e relações mais tênues com o restante dos
municípios periféricos.

O Aglomerado Metropolitano compreende uma única


mancha urbana composta por 12 municípios e que possuem
relações sócio-econômicas mais intensas com a metrópole,
com destaque para a migração pendular.

CONURBAÇÃO
Municípios
conurbados
Em meados de 1981, realizou-se em Curitiba o Seminário: “A
Região Metropolitana de Curitiba do ano 2000”, promovido
pela COMEC – Coordenação da Região Metropolitana de
Curitiba.
Neste Seminário, discutiu-se as possibilidades de crescimento
populacional e econômico da RMC com destaque para a
setorização da indústria e a criação de Áreas de
Preservação e/ou Conservação Ambiental.
Quanto à indústria, previa-se:
• a sudoeste de Curitiba, a consolidação da CIC;
• a oeste, a ampliação das indústrias do Centro Industrial de Araucária
(CIAR) e a Refinaria Getúlio Vargas da Petrobrás;
• a noroeste, o fortalecimento das indústrias cerâmicas de Campo Largo;
• ao norte, o fortalecimento das indústrias de processamento do calcário
em Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul.
Plano de
dinamização
da Indústria
Neste contexto de planejamento da COMEC, idealizou-se:
o setor leste da RMC teria um uso e ocupação limitado
diante da necessidade da conservação dos recursos hídricos
da região;
o setor sul de Curitiba teria uma ocupação urbana limitada
devido a existência de terrenos alagadiços decorrentes da
planície de inundação do rio Iguaçu.

Projetos não condizentes com a realidade atual.


Hoje, verificam-se nitidamente muitas áreas em Conflitos de
Uso do Solo diante do que foi planejado em meados de 1981,
tais como:
a porção leste (São José dos Pinhais) apresenta duas
montadoras de automóveis como a Renault, Audi/Volkswagen
e seus diversos fornecedores;

PNEUS PAINÉIS DIVERSOS

VIDROS RENAULT FREIOS

PARACHÓQUES ESTOFADOS MOTORES


Imediações da Renault, e no segundo plano, a região
conhecida como Mananciais da Serra.
Pátio de carga e descarga da Renault, geração
de tráfego pesado.
Algumas contradições sobre a instalação da Renault e sua
localização:
• Em 18 de março de 1996, o prefeito de São José dos Pinhais
assinou a Lei 03/96, que criava o Distrito Industrial de São
José dos Pinhais, “destinado preferencialmente à
implantação de empreendimentos vinculados ao setor
automotivo”, distrito que se localizava em Área de
Preservação de Mananciais, às margens do rio Pequeno, de
acordo com o Decreto Estadual nº 2.964/79;
• Em 6 de maio de 1996, por meio dos Decretos 1.751, 1.752,
1.753 e 1.754, o governo estadual altera os limites da área de
preservação existente a favor dos empreendimentos, criando
as APA’S: Rio Pequeno, Iraí e Piraquara.
Logo, a lei municipal se opôs à lei estadual por cerca de 2
meses. Portanto, o trâmite foi totalmente ilegal.
Outro exemplo de ilegalidade, de acordo com URBAN
(1999), refere-se à instalação do grupo francês Trèves, o
qual iria fornecer forros e tapetes para a Renault.

A empresa instalou-se dentro da APA do Rio Iraí (Quatro


Barras) sem o devido Estudo Prévio de Impacto
Ambiental.

Além de que, a prefeitura de Quatro Barras devolveria o


dinheiro investido pela empresa na aquisição do terreno por
meio de 36 parcelas mensais consecutivas a partir de 1º de
janeiro de 2000.
Vista da APA do Iraí, região onde
se instalou o Grupo Trèves.
Algumas contradições
Outras contradições de Uso e Ocupação do Solo:
• Ainda a leste, observam-se inúmeras ocupações irregulares
e loteamentos clandestinos, evidenciando a presença de uma
população com renda paupérrima e forçada a habitar
terrenos insalubres;

• Coexistindo com estas ocupações irregulares, verificam-


se condomínios de classe média e alta, evidenciando a
presença de uma população que foge do caos da metrópole e
paga por uma vivência mais próxima a ambientes
conservados;

Qualidade de vida comprada


A vinda das montadoras
automobilísticas trouxe
prosperidade, mas
também intensificou a
pobreza.
Favela Guarituba em
Piraquara – cerca de 45 mil
habitantes.
Alphaville Graciosa –
privilégio para poucos.
• Ao norte de Curitiba, verifica-se uma intensa ampliação da
pobreza, com destaque para as áreas conurbadas da
metrópole com Almirante Tamandaré, Colombo e Campo
Magro;
• Ao sul, observa-se o município de Fazenda Rio Grande,
totalmente desprovido de infra-estrutura social, mesmo
diante de um intenso crescimento urbano (1996-2000 = 8,4%
a.a.);
• No interior da metrópole, é notável a coexistência de um
intenso fluxo de capitais investidores (CityMarketing) com
ocupações irregulares e insalubres.
Produtos do City Marketing de Curitiba
durante a era Jaime Lerner.
Uma ilha de
prosperidade em
meio à miséria?
Será que somos
excluídos ou
incluídos do
sistema
capitalista?
Vila Pinto ou Vila
das Torres – uma
das maiores
favelas de
Curitiba.
Importante!!!
Citação de Milton Santos (1994):

“o Estado intervém, direta ou indiretamente, nas relações de


trabalho, estimula de forma seletiva e freqüentemente
discriminatória as diversas atividades, estabelece os usos do
solo, impondo regalias e interdições, e cria, até mesmo,
zonas especiais, como distritos industriais ou as próprias
Regiões Metropolitanas. Cada parcela do território urbano é
valorizada (ou desvalorizada) em virtude de um jogo de
poder exercido ou consentido pelo Estado.”

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