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Universidade Salvador – UNIFACS

Programa de Pós-Graduação
Especialização em Psicologia Organizacional

ESTRESSE OCUPACIONAL:
Um Estudo de Caso com Professores de
Escolas Públicas em Salvador - Bahia

Cristina A. A. Pinheiro
Eliana Bárbara G. da Cruz
Jane Cléia A. Sena
Sylvanna Maria V. G. Silva

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INTRODUÇÃO
O tema do presente trabalho se insere no contexto do
Trabalho e Saúde Mental voltado para o fenômeno do
estresse ocupacional.

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OBJETIVOS
Geral  Analisar a relação entre
organização e as condições de trabalho dos
professores da rede estadual de ensino
fundamental e a produção de estresse
ocupacional, sendo escolhidas como locus da
investigação duas escolas de ensino
fundamental e médio localizadas no Município
de Salvador-Bahia.

Específico  Analisar a organização do


trabalho e as condições do trabalho; identificar
os níveis de estresse ocupacional; relacionar os
fatores vinculados à organização do trabalho
com a produção do estresse.
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HIPÓTESE

A hipótese central foi de que a


organização e as condições do
trabalho dos docentes são
percebidas como fatores que
influenciam a formação de estresse
ocupacional.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

TRABALHO E SAÚDE: a perspectiva do


estresse ocupacional nos docentes

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MÉTODO - Introdução

A pesquisa se baseia num estudo de caso de natureza


descritiva em duas unidades escolares da rede
estadual de ensino da Cidade do Salvador.
Critério de escolha: baixo custo, pouca complexidade e
exigência de tempo.
Natureza da escolha: intencional (facilidade de acesso
para a coleta de dados).

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MÉTODO - Contexto

Colégio Estadual Renan Baleeiro (Águas


Claras / 2300 estudantes / 5a à 8a e Ensino
Médio / 64 professores)
Colégio Estadual Dalva Matos (Lobato /
1770 estudantes / 75 professores / 7a e 8a,
Ensino Médio e Aceleração)

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MÉTODO - Participantes
Aproximadamente 40% do total de
professores de cada unidade escolar,
perfazendo um total de 47 professores nas
duas escolas.
A escolha foi intencional dependendo da
disponibilidade de cada docente

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MÉTODO - Instrumento
Questionário Auto-aplicável

-Parte 1: Informações sócio-demográficas


(tempo de profissão; carga horária e qtde
de turmas)

-Parte 2: Características do trabalho


(organização, ambiente, condições e
Gerenciamento)

-Parte 3: Avaliação da Saúde Mental


(SRQ-20 – Self Report Questionnaire)

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ANÁLISE DOS DADOS

As informações sobre os
trabalhadores
das escolas A e B foram agrupadas
e analisadas como uma única
unidade.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização dos Participantes
55% possui 5 a 10 anos de profissão;
55% trabalha em outra escola;
53% tem jornada de trabalho de 35 a 40
horas, acumulando mais de 9 turmas;

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ambiente de Trabalho: 48% respondeu que não


é competitivo;50% que existe cooperação;
Organização do Trabalho: sempre pode escolher
o modo de trabalhar (71%); o modo de realizar
as tarefas (71%), a ordem das tarefas (67%), e
às vezes pode tomar muitas decisões individuais
(62%).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Condições de Trabalho
CONDIÇÕES DE TRABALHO

r esponsabi l i dade

esper a

vol ume e r i t mo el evado

i nt er r upção
SEMPRE
concent r ação i nt ensa
AS VEZES
pedi dos conf l i t uosos
NUNCA
excessi vo

ar duo

r api dez

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Alguns itens deste aspecto são percebidos como


sempre precários; outros, às vezes, são dificultadores.
Os professores percebem sua atividade condições
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bastante exigentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONDIÇÕES INSATISFATÓRIAS NO TRABALHO

SEMPRE
27 46 28 A S V EZES
NUNCA

Em média, 73 % dos educadores avaliaram


que às vezes ou sempre estas condições insatisfatórias
ocorrem, conforme segue na figura acima.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONDIÇÕES SATISFATÓRIAS NO TRABALHO

SEMPRE
64 26 2 A S V EZES
NUNCA

64% sempre identificam no seu trabalho condições


satisfatórias, tais como: condição de aprender coisas novas;
permitir inovação e oportunidade para desenvolver suas
próprias aptidões.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estresse Ocupacional
Observou-se maior
percentual de ocorrência
RESULTADO DO SRQ-20
de estresse nos professores
que: possuem de 5 a 10
21%
anos de profissão (45%); 0 a 6 respostas
afirmativas
trabalham em outra
7 a 13 respostas
unidade escolar (73%); afirmativas
79%
tem carga horária semanal
de 35 a 40 horas (45%);
trabalham com mais de 9
turmas (73%).
(SINPRO 20,1%)
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO ENTRE OS

TRABALHADORES COM INDICAÇÃO DE ESTRESSE PSÍQUICO


SEMPR ÀS NUNC
PERCENTUAL DE PROFESSORES
ITEM E VEZES A

0 55 18
O trabalho requer muita rapidez
O trabalho é muito árduo 18 27 27

É solicitado a trabalhar excessivamente 9 36 27

É objeto de pedidos conflituosos por parte dos outros 0 36 36

O trabalho necessita de longos períodos de concentração intensa 30 40 0

As tarefas são interrompidas antes de completadas 0 55 18

Volume e ritmo do trabalho elevado 36 27 9

A espera de trabalho de outras pessoas prejudica o ritmo do trabalho 9 55 9

Tem bastante responsabilidade relativa ao trabalho 64 9 0

MÉDIA PERCENTUAL 18 38 16

Seu trabalho dá condições para aprender coisas novas 45 27 0

É permitida inovação na execução do trabalho 55 18 0

Tem oportunidade de desenvolver suas próprias aptidões 55 18 0

MÉDIA PERCENTUAL 52 21 0

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES SOBRE O TRABALHO DOCENTE

SATISFAÇÃO COM O TRABALHO

0%

37% SEMPRE
AS VEZES
63% NUNCA SATISFAÇÃO COM O TRABALHO

0%

41% SEMPRE
PROFESSORES COM ESTRESSE AS VEZES
59% NUNCA

TOTAL DOS PROFESSORES

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diante das condições precárias de trabalho, salário,
reconhecimento social, grandes responsabilidades assumidas,
Codo (1999) indaga por que alguém ainda quer um tipo de
trabalho como este. Ainda de acordo com o autor a razão para
tal acontecimento é: um trabalho que desafia e estimula, ao
mesmo tempo possibilita a descoberta de potencialidades,
proporciona prazer na sua realização, modificando quem o
executa. Assim, apesar de ter sido encontrado um índice
elevado de sintomas de estresse ocupacional (21% dos
professores pesquisados), percebe-se ainda a satisfação no
trabalho.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A hipótese foi a de que a organização e as condições do
trabalho dos docentes são percebidas por estes profissionais
como fatores que influenciam a ocorrência de estresse
ocupacional.
Fica confirmada a existência de estresse psíquico na população
estudada, contudo observa-se tênue relação da percepção
destes profissionais sobre a organização do trabalho, sendo
mais evidente a percepção de algumas condições precárias de
trabalho (grande responsabilidade, eventual necessidade de
concentração elevada e espera pelo trabalho de outras
pessoas).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chama atenção o diagnóstico de autonomia sobre aspectos da
atividade sobre as quais os docentes não controlam (escolha de
período de férias e possibilidade de se ausentar do local de
trabalho) ; talvez seja sinal de absenteísmo observado nesta
categoria (Reinhold, 1985; Neves, 2000).
O acúmulo de turmas por professor é bastante significativo e
parece ser associado a estresse ocupacional.
Diante dos achados deste estudo, torna-se pertinente cada vez mais
estudar e propor ações que permitam o desenvolvimento do
profissional de educação.

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