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UniCeuma Teoria do comércio internacional

UniCeuma – Centro Universitário do Maranhão

Comércio Exterior

Módulo 1

Carlos César Ronchi

ccronchi@ibest.com.br

Comércio Exterior Carlos César Ronchi


UniCeuma Programa do módulo

Conceito e evolução da economia internacional.

Mecanismos do comércio internacional: conceitos fundamentais.

Teorias do comércio internacional: demandas por divisas,


ofertantes de divisas.

Modelo clássico e neoclássico.

Teoria do ciclo de vida do produto.

Modelo geral do comércio.

Economias de escala e comércio internacional

Comércio Exterior Carlos César Ronchi


UniCeuma Teoria do comércio internacional

• Neste módulo, vamos estudar as teorias e políticas do comércio


internacional. O módulo será dividido por semanas de estudos, ou seja,
toda semana será lançado uma parte do módulo para seu conhecimento
e estudo. Fique atento! Sua participação será monitorada.
• O sucesso da educação semi-presencial depende da organização pessoal.
Sugerimos que para a compreensão do módulo, você dedique 20 horas de
estudos. Para cada parte então 04 horas semanais.

• Conteúdo deste módulo:


• A economia internacional – divisões;
• Os fundamentos econômicos do comércio;
• A estrutura econômica mundial;
• Obstáculos para o desenvolvimento econômico;
• Análise do quadro estrutural brasileiro;
• Políticas monetárias.

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UniCeuma Objetivos do módulo

• Os objetivos que deverão ser alcançados ao final deste módulo,


envolvem:

• Explicar e debater o papel do comércio exterior para coordenar


o desenvolvimento econômico mundial;

• Debater o cenário da economia brasileira e as suas relações em


um mundo global;

• Analisar as estruturas econômicas das maiores nações.

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UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

EVOLUÇÃO DA ECONOMIA INTERNACIONAL


POR QUE DEVEMOS ESTUDAR O PASSADO

• “Para predizer o que vai acontecer é preciso saber o que ocorreu antes” ( Machiavel)

• Se o mundo de hoje é caracterizado por um desenvolvimento tecnológico muito grande, por


que estudar o passado?

• Na verdade, os instrumentos mudaram, mas o condutor desses instrumentos, o homem, pouco


mudou. As ambições, as frustrações, o desejo de vencer, continuam os mesmos.

• Aprendemos que a Economia é uma ciência social. Aprendemos também que as Ciências Sociais
não são experimentais, isto é, não se pode fazer experiências no campo da Economia, como se
faz no da Física.

• Exemplificando, se deixarmos cair um lápis, estaremos provando experimentalmente que


existe a lei da gravidade.

• Se dissermos que excesso de moeda provoca a inflação, não devemos emiti-la para verificar
experimentalmente
Comércio Exterior se isso é verdade. Carlos César Ronchi
UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

DE QUE TRATA A ECONOMIA INTERNACIONAL?


• A Economia Internacional utiliza os mesmos métodos fundamentais
de análise que outras áreas de estudo da economia, pois os motivos
e comportamentos dos indivíduos e das empresas no Comércio
Internacional são iguais aos das transações internas de um País.
• O assunto de interesse da Economia Internacional, portanto,
consiste em temas originados em problemas especiais da interação
econômica entre os estados soberanos.

Conceito de economia internacional


• Parte da teoria Econômica que estuda as relações entre os
países, as quais envolvem transações com mercadorias,
transações com serviços e transações financeiras.

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UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

OBJETO DE ESTUDO DA ECONOMIA INTERNACIONAL

• Trata da interdependência econômica entre nações(afetada pelas relações


políticas, sociais, culturais, militares);
• Fluxo de bens, serviços e o pagamento de uma nação e o resto do mundo e
políticas para regular esses fluxos;
• Abordagem microeconômica – teorias e políticas do comércio
internacional analisa situações individuais das nações e produtos específicos;
• Abordagem macroeconômica da economia internacional – mercado de
câmbio, balanço de pagamentos e políticas de ajuste que afetam renda
interna, preços – macroeconomia aberta ou finanças internacionais;
• A análise econômica internacional difere de econômica regional.

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UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

TEMAS RECORRENTES NO ESTUDO DA ECONOMIA


INTERNACIONAL

• OS GANHOS DO COMÉRCIO;
• O PADRÃO DE COMÉRCIO;
• O PROTECIONISMO;
• O BALANÇO DE PAGAMENTOS;
• A DETERMINAÇÃO DA TAXA CAMBIAL;
• A COORDENAÇÃO DAS POLÍTICAS INTERNACIONAIS;
• O MERCADO DE CAPITAIS INTERNACIONAIS.

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UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

• Surgido da simples troca de bens para satisfação das necessidades


individuais ou grupais, o comércio extrapolou as fronteiras dos países,
internacionalizando-se e tornando-se cada vez mais complexo com o
progressivo aumento de interesses de cada país.

• A importância do comércio internacional deu-se, visto que isoladamente,


os países dificilmente conseguem atingir os mesmos níveis globais de
eficiência e crescimento a que têm acesso através de sua participação nos
fluxos internacionais de trocas.

• Muitos países nem mesmo conseguiriam sobreviver se dependessem


exclusivamente de sua própria capacidade de produção.
• Há, portanto, por questões que envolvem desde a sobrevivência de um
país até a satisfação de necessidades menos vitais, fortes motivações que
induzem às trocas internacionais.

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UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

As principais motivações para o comércio internacional:

• desigual ocorrência dos principais recursos naturais;


• diferenças de clima e solo;
• diferença das disponibilidades de capital e trabalho; e
• diferença dos estágios de desenvolvimento tecnológico.

Tal como os indivíduos, os países não podem viver isoladamente: ambos


dependem do funcionamento de um sistema de trocas de recursos
abundantes por recursos escassos para a satisfação de suas
necessidades funcionais. Os acordos internacionais de comércio
procuram objetivar as relações de troca numa permanente busca de
mútua cooperação.

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UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

• Percebe-se que atualmente, nenhuma Nação pode viver isoladamente, visto


que todos os aspectos da economia estão vinculados às economias de seus
parceiros comerciais. O alto grau de interdependência econômica entre as
economias da atualidade refletem a evolução histórica da ordem econômica
e política mundial.

• Facilmente se percebe que o tema está nas rodadas de negociação mundial,


gerando impactos fortes e desiguais entre as Nações e os setores. Empresas,
mão-de-obra, investidores e consumidores sentem as repercussões das
condições econômicas e políticas do comércio em alteração que ocorrem em
outros países. O atual estágio da economia global exige cooperação e
colaboração para lidar com todas estas possibilidades e os problemas.

• Portanto, Nações e empresas necessitam ampliar seus focos no aumento da


competitividade para alcançarem participação significativa e estratégicas no
mercado internacional.

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UniCeuma As razões para o comércio internacional

• Para analisarmos as razões do comércio internacional, podemos imaginar


se uma pessoa decidisse se tornar inteiramente auto-suficiente, ou seja,
produzir seu próprio alimento, suas roupas, e satisfazer todas as suas
necessidades e desejos. Obviamente, que muitas coisas não poderiam ser
realizadas por falta de recursos materiais, tempo, habilidade e
conhecimento.

• Diante dessa situação, surge então a necessidade de se especializar, isto é,


se concentrar na atividade que se executa melhor, de modo a produzir
mais do que o necessário para si mesmo, criando assim excedentes que lhe
permita vender ou trocar para aquisições dos bens que lhe faltam.

• Se isso tem validade para o indivíduo, também é verdadeiro para os países,


que não podendo produzir todas as necessidades e desejos dos seus
habitantes, se especializam nas atividades produtivas para as quais se
encontram mais aptos.

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UniCeuma As razões para o comércio internacional

Os contatos surgido na busca do atendimento dessas necessidades geram o


comércio internacional. Alguns pontos básicos movem os interesses de
quem pretende ingressar nesse comércio, que podem ser divididos em dois
grupos que se complementam:

• a) Interesses do país: independentemente de seu grau de crescimento,


todos os países têm necessidades de desenvolver ou importar tecnologia,
fundamental à modernização de seu parque industrial, e,
conseqüentemente, para o aumento de produção e de competitividade de
seus produtos em busca inclusive, de seu mercado internacional. O reflexo
imediato será a tendência à ampliação da oferta de emprego, resultando
no tão desejado desenvolvimento econômico e social.

• b) Interesses das empresas: o comércio exterior pode ser também uma


forma de utilização mais eficiente de sua capacidade de produção. O que
leva ao aperfeiçoamento da qualidade, da tecnologia, da redução dos
custos e melhora dos níveis de lucro.

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UniCeuma A importância do comércio internacional

• A importância do comércio internacional existe porque o intercâmbio, as


pessoas, empresas, regiões e Nações podem se especializar-se na produção
de produtos e serviços e utilizar as receitas dessas atividades para adquirir
de terceiros aqueles itens para os quais têm elevado custo de produção.

• Conclusão: Os parceiros comerciais podem produzir maior volume conjunto


e alcançar maior padrão de vida do que seria possível de outra forma, ou
seja obtendo vantagens comparativas.

• As vantagens comparativas indicam que os cidadãos de cada país podem se


beneficiar empregando maior parte podem se beneficiar empregando
maior parte de seu tempo e recursos produzindo aqueles bens para os
quais existe uma vantagem relativa.

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UniCeuma A importância do comércio internacional

• O comércio é mutuamente benéfico: sempre que houver troca de bens e


serviços, haverá benefícios para os negociadores, afinal os dois lados não
negociariam se não houve lucro para ambos;

• Exportação é aquilo que você vende e importação é aquilo que você


compra: os países exportam bens a fim de comprar importações, de acordo
com as vantagens comparativas e competitivas de cada país;

• Quanto mais baratas as importações, melhor para o país: quando as


importações de uma país custam menos, um certo montante de suas
exportações compra mais importações, aquilo que chamamos de saldo da
balança comercial;
• As entradas tendem a igualar as saídas de moeda: os países vendem para
um país para obter a moeda com a qual vão comprar bens e serviços
daquele mesmo país. O setor de exportações do país local estaria
devastado se seus cidadãos deixassem de adquirir produtos importados.

Obs: É falso o conceito de que exportação é bom e importação é ruim.


Wessels, 2003

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UniCeuma As vantagens do comércio internacional

A globalização da economia tem facilitado o acesso a mercados internacionais,


expondo as empresas a um ambiente cada vez mais competitivo.

Este processo tem propiciado um novo ordenamento econômico e social, bem


como uma nova configuração das nações. Esta situação apresenta uma
série de vantagens, tais como:

• Maior produtividade;
• Redução da dependência das vendas internas;
• Aperfeiçoamento dos recursos humanos;
• Aperfeiçoamento dos processos industriais;
• Imagem do país e das empresas;
• Difusão e absorção de tecnologia, informações, idéias e produtos;
• Aumento das vantagens comparativas;
• Maior intercâmbio de bens, serviços e circulação de riqueza.

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UniCeuma As desvantagens do comércio internacional

Se por um lado há vantagens, não podemos deixar de ressaltar


que essas transformações também apresentam suas
desvantagens, que exigem das Nações uma atenção especial,
tais como:

• Perda de identidade dos países;


• Efeito dominó na economia;
• Aumento do desemprego estrutural;
• Concorrência internacional ampla;
• Excesso de capital volátil especulativo;
• Países pobres tem muito mais dificuldades.

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UniCeuma A divisão dos países

• a) Países industrialmente avançados:


• Estes países têm economias de mercado bem-desenvolvidas, baseadas em estoques
de bens de capital, tecnologias avançadas e trabalhadores qualificados.
• Renda per capita média aproximada: US$30.000.
• Número de participantes: 26 países.
• Principais nações: EUA, Japão, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e a maioria dos
países europeus.

• b) Países em desenvolvimento:
• Os demais países do mundo, localizados principalmente na América Latina, Ásia e
África são chamados de em desenvolvimento.
• Número de participantes: 126 países.
• Em geral, estes países têm índice de analfabetismo alto, grau de desemprego alto,
as exportações basicamente agrícola, com baixo valor agregado. Cerca de ¾ da
população do mundo vivem nestes países.

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UniCeuma O crescimento do comércio internacional

O crescimento do comércio mundial pode ser associado à pelo menos dois


aspectos importantes:

1) O grande boom do capitalismo verificado logo após o fim da Segunda


Grande Guerra, quando os países necessitavam reconstruir seus parques
produtivos; e

2) A criação do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade - Acordo


Geral sobre Tarifas e Comércio) em 1947 e sua posterior transformação na
OMC (Organização Mundial do Comércio) em 1995, que deu grande
impulso para o fim de protecionismos existentes em quase todos os países.

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UniCeuma Tarefa: Teoria do comércio internacional

MACROECONOMIA ABERTA
E COORDENAÇÃO DE POLÍTICAS INTERNACIONAIS

ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

COMERCIAIS – OMC
FINANCEIRAS – FMI, BIRD (BANCO MUNDIAL)
DESENVOLVIMENTO – BID

MERCADO DE CAPITAIS INTERNACIONAL

 CRESCIMENTO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL É ACOMPANHADO PELO


CRESCIMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS INTERNACIONAL

 MERCADO DE CAPITAIS INTERNACIONAL LIGA OS MERCADOS DE


CAPITAIS NACIONAIS

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UniCeuma Resumo: Teoria do comércio internacional

• A teoria moderna do comércio preocupa-se principalmente com a


determinação da base, da direção e dos ganhos do comércio.

• A teoria do comércio afirma que, se na ausência de comércio os custos


comparativos (preços) de dois produtos diferem entre as Nações, ambas
podem beneficiar-se com o comércio internacional.

• Os ganhos com o comércio originam-se de níveis de produção e consumo


maiores resultantes da divisão do trabalho e especialização internacionais.

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UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

Comércio Internacional: aspectos gerais

A globalização econômica empreendeu um processo de interdependência entre as


nações do globo, especialmente nas esferas econômicas e comerciais. O intercâmbio
comercial tornou-se fundamental para as metas e políticas macroeconômicas ao
passo que desenhou um cenário de dinamismo e competitividade internacional.
Nesta conjuntura, os países especializam sua produção nacional em um padrão de
comércio para o qual se encontra mais eficiente, auferindo valor agregado aos seus
produtos e, conseqüentemente, maiores possibilidades de ganhos reais nas relações
de troca.

Os benefícios e ganhos oriundos das transações comerciais em nível internacional se


materializam através das Exportações (vendas de bens e/ou serviços para outros
países) e das Importações (compras de bens e/ou serviços de outros países).

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UniCeuma Teoria do comércio internacional: políticas comerciais

Teoria das Vantagens Absolutas: Defendida por Adam Smith, economista clássico adepto do Livre-
Comércio, esta teoria baseia-se na especialização produtiva (o país deve especializar-se na produção
de bens que tivessem o menor custo produtivo), na produtividade dos fatores de produção
(determinantes do custo produtivo) e na utilização da mão-de-obra como fator competitividade nas
transações comerciais.

Teoria das Vantagens Comparativas: Defendida por David Ricardo, economista clássico também
adepto do Livre-Comércio, esta teoria apresenta a mesma lógica teórica da Teoria das Vantagens
Absolutas porém os custos produtivos são analisados de forma comparativa e não absoluta.

Curvas de Possibilidades de Produção: Teoria fundamentada na indicação de várias possibilidades de


produção máxima de uma nação. A Taxa Marginal de Transformação (TMT), também conhecida como
Custo de Oportunidade, indica a quantidade de um produto que uma nação deve deixar de produzir
para conseguir uma unidade adicional de outro produto.

Teoria de Heckscher-Ohlin: A teoria ressalta o papel que a dotação de fatores exercem como
determinante básico da vantagem comparativa de um país. A competitividade de um país está
diretamente relacionada aos recursos produtivos específicos e particulares.

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UniCeuma Teoria do comércio internacional: políticas comerciais

Os adeptos do Protecionismo destacam algumas razões conforme


seguem:

• O comércio internacional não beneficia igualmente todos os países (comportamento


da demanda e valorização diferenciada dos produtos);

• Diferentes graus de industrialização e desenvolvimento tecnológico dos países;

• O crescimento do Comércio Internacional, principalmente quanto aos serviços, tem


feito aparecer novos problemas;

• Necessidade de proteger a economia nacional de ações especulativas ou


predatórias;

• Resposta ao comércio não eqüitativo e ao dumping;

• Defesa contra o dumping social.

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UniCeuma Teoria do comércio internacional: políticas comerciais

Koenow (2006) considera como exemplos de doutrinas protecionistas:

Protecionismo como função regulatória do Estado: O protecionismo justifica-se


como regulador das forças alheias ao mercado e das pressões oligopólicas sobre os
preços;
Protecionismo em prol do desenvolvimento industrial: Proteção à indústria nacional,
especialmente às indústrias nascentes;
Protecionismo devido ao déficit no Balanço Internacional de Pagamentos: Ajustes
na Balança Comercial;
Protecionismo por razões políticas ou comerciais: Proteção de ramo da atividade
produtiva nos quais não possuem vantagens comparativas.

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UniCeuma Teoria do comércio internacional: políticas comerciais

As principais características do Livre-Cambismo são:

Mercado Livre, em que o Estado não intervém de nenhuma forma, inclusive


tabelando os preços ou criando barreiras alfandegárias;

Livre Concorrência, em que os preços se formam em função do próprio mercado;


conseqüentemente, subsistem somente as empresas eficientes;

Iniciativa Individual, em que qualquer indivíduo pode exercer a função que quiser, o
que não ocorre no regime corporativista;

Desregulamentação, em que o Estado deve remover todos os obstáculos legais que


cerceiam a atividade econômica;

Divisão Internacional do Trabalho, isto é, países devem produzir somente aquilo


que for economicamente mais conveniente e, por meio do comércio internacional,
trocarão seus excedentes. Com isso haverá diminuição de custos e maior bem-estar
social;

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UniCeuma Teoria.do comércio internacional: políticas comerciais

As teorias mais contemporâneas que abordam o Crescimento e Desenvolvimento Econômico dão


ênfase à primazia do avanço técnico como suporte ao processo de intercâmbio comercial. Tem havido
um considerável esforço em desenvolver novos produtos e processos na perspectiva de melhorar o
desempenho produtivo e, por conseqüência, diminuir os níveis de vulnerabilidade externa do país nas
esferas comercial, produtivo-tecnológica e monetário-financeira. Nesta perspectiva, a Economia
Dinâmica reaviva a forte ligação entre complexo tecnológico e o crescimento econômico voltado para
o incremento das exportações.

SOUZA (1999), explica que não há uma definição, universalmente aceita, para crescimento e
desenvolvimento econômico. Entende-se por Crescimento Econômico como uma variação quantitativa
do produto agregado, implicando em aumento da renda nacional, da arrecadação fiscal e das
oportunidades de investimento público e privado. Assim, o crescimento econômico precede um
conjunto sistemático de programas e ações estruturais, conhecidas como políticas comerciais, que
visam aumentar a participação do país no comércio internacional.

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UniCeuma Teoria do comércio internacional: políticas comerciais

O Tratamento Tributário aplicado ao Comércio Internacional são conhecidos como


Direitos Aduaneiros. Costa (2004) explica que “os Direitos Aduaneiros trata-se do
conjunto de normas jurídicas que disciplinam as relações decorrentes da atividade
estatal destinada ao controle do tráfego de pessoas e bens pelo território aduaneiro, bem
como à fiscalização do cumprimento das disposições pertinentes ao comércio exterior”.
Definem a nomenclatura e regula a aplicação do sistema tarifário nas importações e
exportações.

Seu objetivo é disciplinar os controles de ingressos e saídas de veículos, pessoas e


mercadorias, em harmonia com os tratados internacionais e, ainda, atendendo aos
interesses pátrios de intervenção na política de comércio exterior.

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UniCeuma Teoria do comércio internacional: Barreiras tarifárias

As barreiras tarifárias são aplicadas através de alíquotas sobre as importações dos bens. Quando
utilizadas pelos governantes, estas barreiras, também conhecidas como Aduaneiras, apresentam
alguns efeitos considerados mais comuns sobre a economia, a saber:

Efeitos sobre a produção: A tarifa pode aumentar a produção do bem protegido à custa de uma
redução do bem não protegido e mesmo de uma redução do bem-estar econômico, devido à
intervenção sobre a alocação eficiente de recursos que poderia ser obtida com o livre
funcionamento do mercado.

Efeitos sobre o consumo: A tarifa tende a reduzir o consumo do bem protegido, devido ao
efeito-renda (a renda real diminui) e ao efeito-substituição (o bem relativamente mais caro é
menos procurado). Por outro lado, o efeito sobre o consumo do bem não-protegido é ambíguo,
dependendo das magnitudes dos efeitos-renda e substituição. De qualquer forma, há uma
distorção no padrão de consumo.

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UniCeuma Teoria do comércio internacional: políticas comerciais

Efeitos sobre a receita do governo: Se a tarifa não for demasiadamente elevada, a


receita do governo aumenta. Fatores políticos definirão o destino e utilização destes
recursos.

Efeitos sobre a concorrência: Com a tarifação, a concorrência do mercado tende a


diminuir e os produtores internos terão perderão eficiência pelo baixo interesse em
inovar e/ou diminuir seus preços.

Efeitos sobre o balanço de pagamentos: Em curto prazo, obtém-se superávit


comercial, embora as quantidades envolvidas de exportação e importação sejam
menores.

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UniCeuma Teoria do comércio internacional: barreiras Não-tarifárias

As Barreiras Não-Tarifárias às importações são, simploriamente, restrições


burocráticas normais, ou seja, não são regras especificamente baixadas
contra as importações. São:
• cotas (restrições quantitativas a certo número ou valor de importações),
• comércio estatal (direitos de monopólio estatal de importação),
• controles cambiais (restrições administrativas sobre as transações que
envolvem divisas, necessitando de permissão do Banco Central),
• proibição de importações (tal como sob a forma de reserva de mercado), e
• leis de compra de produtos nacionais (havendo similares nacionais, estes
devem ser preferidos aos importados).

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UniCeuma Teoria do comércio internacional: barreiras Não-tarifárias

Os principais obstáculos não-tarifários são:

Restrições quantitativas: Quotas (em quantidade ou valor) de importação ou de exportação. Pode ser
utilizado concomitantemente com a tarifa; é considerada a barreira comercial mais importante.
Contingentes para complementar a produção interna, quando esta for insuficiente para atender ao
consumo interno.
Licenças prévias para importar ou exportar o produto.
Intercâmbio: alguns países condicionam a compra de determinado produto à venda de certa
quantidade de outro produto que lhes favoreça.
Subsídios: concessão de isenção fiscal e empréstimos subvencionados aos exportadores do país, bem
como empréstimos a juros baixos concedidos a compradores estrangeiros de maneira a estimular as
exportações do país.
Suspensão ou proibição de importações.
Restrições de câmbio.

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UniCeuma Teoria do comércio internacional: barreiras Não-tarifárias

Regulamentos técnicos e administrativos, na forma de fitossanitários e veterinários com a


exigência de vacinas, inspeção veterinária, etc....
Formalidades consulares, tais como exigências burocráticas desnecessárias ao intercâmbio
comercial.
Controles monetários, sob forma de intervenção na taxa de câmbio.
Barreiras ecológicas.

Dumping: venda de produtos com valores menores que o seu valor normal
Dumping persistente: também chamado de Discriminação Internacional de Preços, trata-se da
venda de produtos no exterior por um valor menor do o praticado no mercado interno.
Dumping predatório: venda de produtos por um preço inferior ao custo de produção para
eliminar concorrência.
Dumping esporádico: venda ocasional de um produto à preços inferiores para descarregar um
excedente não previsto.
Dumping social: venda de produtos a preços inferiores pela utilização de mão-de-obra mais
barata.
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UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

• Conforme apresentado na parte 01 deste módulo, o mundo atualmente


apresenta-se cada vez mais interligado, principalmente do ponto de vista
econômico. As relações econômicas assumem um papel importante,
dentro dessas, os fluxos comerciais e financeiros.

• Uma das questões mais importantes: O que leva os países a


comercializarem entre si?

• Muitas explicações podem ser levantadas, tais como:

• A diversidade de condições de produção (O Canadá, por exemplo


produzir bananas); a possibilidade de redução de custos (economia de
escala). A economia explica o comércio internacional através do princípio
das vantagens comparativas.

• O princípio das vantagens comparativas sugere que cada país deve se


especializar na produção daquela mercadoria em que é relativamente
mais eficiente, ou seja, que tenha um custo relativamente menor.

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UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

• Conclusão sobre o princípio das vantagens comparativas:

• a) Um país deve vender os bens que os outros valorizam com um


maior preço relativo;

• b) Um país deve comprar os bens que os outros países estão


dispostos a vender a um menor preço relativo.

• Assim sendo, fica evidenciado a especialização dos países na


produção de diferentes bens, a partir da qual concretiza-se o
processo de troca entre eles.

• Vale ressaltar que as duas partes envolvidas não negociam a não


ser que ambas esperem obter benefícios e que por meio das
transações comerciais, os dois países podem ficar com mais do que
tinham antes do comércio internacional.

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UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

Explicando a lei das vantagens comparativas em um exemplo simples


entre dois países:
País Produto de 1 unidade de recurso Preço relativo do
Alimento Roupa alimento

Brasil 5 10 2
País A 2 8 4
 No exemplo acima, o Brasil tem uma vantagem absoluta em produzir
alimentos, tem um menor preço relativo para produzir alimentos (2 versus 4
do País A). O contrário também é verdadeiro, o País A tem a vantagem
comparativa de produzir roupas;

 De acordo com a lei das vantagens comparativas o Brasil deve produzir e


exportar alimentos e o País A deve produzir e exportar roupas.

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UniCeuma Introdução : Teoria do comércio internacional

• Cada país deve produzir mais do bem em que tem menor preço
relativo de produção;

• A produção mundial aumentará quando todos os países produzem


os bens para os quais têm vantagens comparativas de produção;

• Por meio das transações comerciais, dois países podem ficar com
mais do que tinham antes do comércio internacional;

• Os termos de troca de um bem vão estar entre os preços relativos


antes da negociação dos dois países.

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UniCeuma Exemplos das vantagens comparativas

Especialização resultante de vantagens naturais


Itália Vinho
México Tomates
Arábia Saudita Petróleo
Estados Unidos Milho
Brasil Açúcar; soja; algodão
Especialização resultante de vantagens adquiridas
Japão Automóveis
Coréia do Sul Navios
Suíça Relógios
Estados Unidos Aviões e softwares
Reino Unido Serviços financeiros

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UniCeuma Teoria neoclássica do comércio internacional

• Enfatiza a diferença entre a produtividade relativa da mão-de-obra


entre os países para explicar as vantagens comparativas, ou seja, o
país que tivesse uma indústria com produtividade relativa maior da
mão-de-obra exportaria o produto desta indústria.
• Coloca no centro da explicações para a existência do comércio
internacional a diferença relativa de dotação de fatores de produção
(capital e trabalho) entre países.

• As hipóteses centrais desse modelo:


• Concorrência perfeita em todos os mercados;
• Existência de dois fatores de produção: capital e trabalho;
• O conhecimento tecnológico está livremente pelo mundo;
• Existem produtos que usam intensamente capital e outros mão-de-
obra.

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UniCeuma Teoria neoclássica do comércio internacional

• Nessas condições é possível uma outra explicação para o comércio internacional:

• Os países com abundância relativa de capital tenderiam a exportar produtos que


usam intensivamente capital, enquanto os países com abundância relativa de
mão-de-obra exportariam os produtos com mão-de-obra intensiva.

• Conclusão: países ricos, com abundância de capital, a taxa de retorno do capital é


menor, enquanto países pobres os salários são menores .

• Conclusão:
• O modelo de comércio internacional não seguiu esta teoria pois o que se observa
é que uma parcela significativa de troca de produtos ocorre com produtos
diferenciados;

• Deve-se considerar a economia de escala e as estruturas de mercado imperfeitas.

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UniCeuma Teoria do ciclo de vida do produto

• Procura explicar o comércio internacional com base no progresso


tecnológico e nas etapas da vida de um produto.

• Novos produtos e processos produtivos tenderiam a surgir nos


países ricos devido à demanda por produtos sofisticados e pela
existência de capacidade empresarial e de mão-de-obra altamente
especializada para trabalhar em pesquisa e desenvolvimento.
• Os padrões do comércio mundial seriam explicados pelas várias
etapas da vida de um produto:
• no nascimento: as vantagens comparativas estariam nos países
desenvolvidos;
• na maturidade: nos países em desenvolvimento.

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UniCeuma Teoria concorrência monopolística

• A teoria da concorrência monopolística indica que é possível


incorporar economias de escala e diferenciação de produto para
explicar a existência de um importante comércio intra-indústria.

• O modelo admite a existência de uma grande número de empresas


produzindo produtos diferenciados em diferentes países.

• Como existe economia de escala, nenhum país produzirá todas as


variedades de bens.

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UniCeuma Teoria do oligopólio

• Estrutura de determinado bem ou serviço que os produtores


desejam vender, em determinado período de tempo.

• Normalmente são modelos de duopólio nos quais se especifica se


o produto é homogêneos ou diferenciados e se existem efeitos
dinâmicos sobre os custos, pesquisa, desenvolvimento e efeitos de
aprendizagem.

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UniCeuma Referências: Teoria do comércio internacional

• Quer saber mais? Pesquise e leia:

• CARBAUGH. Robert. Economia Internacional, São Paulo: Thomson, 2004.


• BAUMANN, Renato, CANUTO, Otaviano, GONÇALVES, Reinaldo. Economia
Internacional, Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
• CARVALHO, Maria A.; SILVA César. Economia Internacional, São Paulo: Saraiva,
2000;
• KRUGMAN, Paul R., OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e política,
São Paulo: Makron Books, 1999;
• Professores da USP, Manual de Economia, São Paulo: Saraiva, 2003;
• ROSSETTI José P., Introdução à Economia, São Paulo: Atlas, 2002.

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