◦ (Social)valoriza a materialidade nas relações. O objeto preexiste ao discurso. ◦ (Cultural) Valora o cultural e o discurso, como elementos para apreender o capital simbólico das coisas. Conclusão: Toda História é social e também cultural. A terceira margem: Durval Muniz. ◦ Valorização de uma prática Historiográfica. ◦ Diferença entre fato Histórico(controlado) e Acontecimento(imtempestivo) O Historiador não estuda o objeto, propriamente, mas as representações sociais que tornaram historicamente possível aquele objeto. A História não significa apenas linguagem, mas se constitui nela. A História é discurso, que se apropria do real- natureza para construir a realidade-cultura. ◦ Ex: sexo(natureza) sexualidade(cultura) Falta ao Historiador conhecimento de epistemologia (filosofia) e linguística. Tempo Presente: Presentismo e a História do monumento. ◦ Falsificações e proximidade com o objeto Gama de fontes Tempo como duplo triplo: ◦ Curta(evento), média(conjuntura) e longa duração(estruturas mentais) ◦ Natureza,(cosmológico) psicológico(sujeito) e Tempo da História(que seria a interrelação entre os dois primeiros. Não se confunde o que é fato Histórico(dominado por quem escreve) do que é acontecimento(intempestivo). Conceitos não devem nos confundir ou controlar, mas serem controlados a nosso dispor. “Conceitos são como o som” (DELEUZE) Não averiguamos um objeto tal qual ele é, nos capitalizamos simbolicamente, o que não implica dizer que não fazemos trocas materiais também. Junção das abreviações Fanatic e magazine(MAGALHÃES, 1993). Publicação independente e Amadora. Pequena Tiragem, impressa em Fotocópias Criado na década de 30. Teve seu auge na máxima do punk do “Do it Yourself” De pouca circulação e diagramação difusa e rudimentar. Temporalidade, autoria e lugar caóticos Os primeiros fanzines tiveram como impulso a popularização dos mimeógrafos, máquinas que fizeram com que qualquer pessoa, sem muita habilitação técnica ou investimento, pudesse multiplicar sua publicação e distribuir dentro de suas limitações financeiras para todos aqueles que dela quisessem tirar proveito. O fanzine é uma publicação de apaixonados por um assunto especifico, sendo originada da formação da palavra fan (aficionados) a magazine (revista). Geralmente é aperiódico, com distribuição precária e editado com poucos recursos financeiros. Qualquer pessoa com uma caneta, papel, cola, alguns recortes, imaginação, vontade e o equivalente em dinheiro ao valor de uma carteira de cigarros para pagar as cópias pode editar seu próprio fanzine.(MARCELO BENVENUTTI, em sua obra Faça você mesmo, de e-zine a fanzine) Dimensão das produções Históriográficas do Fanzine. ◦ Psicologia, Educação.
Negligência por parte dos Historiadores.
◦ "Trabalhos inéditos" "Parcos estudos". Obras de relevância: ◦ Trabalhos individuais (CASTELO BRANCO, MORAES, E.O.). ◦ Fanzine: Autoria, Subjetividade e Invenção de Si. Organizada por Cellina Muniz. Para um primeiro momento, interessa arrastar para claridade algumas possibilidades teórico metodológicas do uso do fanzine como fonte Histórica. A palavra de ordem será a interdisciplinaridade. Tomaremos como eixo inicial, o Trabalho de Edwar de alencar castelo Branco. "Artistas diaspóricos, literatos desviados: fanzines, cultura ordinária e literatura menor* Publicado na coletânea cearense “entre Línguas”. o autor dá uma grande contribuição a Historiografia, no que diz respeito ao fanzine como fonte, a nível de Brasil. Objetivo do trabalho: ◦ são vistos como instrumentos através dos quais os homens forjam microrresistências e microliberdades com as quais, sub-repticiamente, procuram subverter a racionalidade panóptica que regula a vida nas cidades. ◦ Bem como chamar a atenção do historiador para possibilidades de uso dessa mídia como fonte. Zine Matraqueio de falas contraditórias e diversas. universos de nãos: ◦ é o não sujeito, o não lugar, o não dito... E o não como uma negação ao nosso modelo de sistema social, mesmo quando este passa uma mensagem positiva, de paz mundial por exemplo. Ela se catapulta no reminiscência no ressentimento a um sistema. Histórias em quadrinhos Temáticos(aspectos subjetivos do zineiro, relação antropofágica com textos de vanguarda, arte e literatura comoexpressão de estado de espírito) ◦ Autoria descentrada e múltipla Amantes do rock Cultura do desbunde(maioria dos fanzines, com bandeiras de luta difusas, intervenções violentas contra aquilo que representa e configura o sistema. ◦ Mosquitos doutrinários(eco do manifesto em largos espaços) Fanzine é um capital simbólico que se coloca no lugar físico como algo disperso. Cosmogonia distinta: “Era tarde demais, eu já estava cercado, fanzines de todo tipo desfilavam à minha frente: quadrinhos, rock, skate, punks, picas, pulos, poesia, ecologia, anarquia, mutantes, colagens, tudo era assunto para zines que vinham de todos os cantos do Brasil e do exterior. [...] Então eu me rendi definitivamente ao mundo underground dos fanzines. E não me arrependo” (NOITE-UM FANZINE PARA A ALMA) Fanzines como instrumentos de captura social. Interessa com o fanzine descer ao subterrâneo. Mostra como uma parcela significativa juventude agencia suas práticas e táticas contra uma sociedade panóptica. Ruptura com a condição narcótica da cidade. É ver o ordinário, não pela nuance do vencido, mas pela nuance do astúcia. ◦ LAMBE-SELO No seu exercício de desvendar as práticas culturais contemporâneas, são obervados os risos anônimos, as atitudes do homem ordinário perante ao destino comum de ludíbrio e frustração,forjado pelo poder moderador, as insinuações do ordinário em campos científicos constituídos,as rupturas com línguas artificiais e falares do corpo social, as formas como a língua dominadora ratifica competências, transformando-as em autoridade a medida em que se estende ao ponto de denotar um abuso de poder e assim retirar o indivíduo em sua competência una, para compor uma competência coletiva. (CERTEAU, em a invenção do cotidiano). eles podem nos ajudar a perceber que,sob a sombra das grandes teorias sociais – que apesar de partirem do homem sempre o aniquilam –, pulula um movimento surdo de micro-resistências que fundam micro- liberdades e deslocam as fronteiras da dominação dos poderes sobre a multidão anônima (CASTELO BRANCO) São forjadas criações perecíveis, no intuito de se evitar capturas. A ordem é dada pela burla. É uma astúcia inventiva, o forjar de uma anti- disciplina É o livre consumo dos bens culturais É a ação direta espoliadora Ação direta é a luta sem intermediários, que se dá por roubos, greves, quebra- quebras, invasões, boicotes, sabotagens, não pagamento (descer por trás nos ônibus, pular roletas), saques, pichações e todo o tipo de desrespeito às leis que protegem a propriedade e os donos do poder. A prática da ação direta deve ser dirigida aos verdadeiros inimigos. Roubar o colega não, o supermercado sim( O ditador) Conceito 100 por cento piauiense. Devoração de palavras, frases e conceitos Surf por várias expressões de arte e cultura é dar outra pele, fazer o signo vestir outra coisa. Deslizes sobre línguas concebidas e sintaxes cânones. ◦ Submissão do signo fixo a condições que friccionem e modifiquem seu significado, confudindo o receptor. marcar com nitidez uma diferença em relação às publicações convencionais. (variável) Quebra da relação tradicional e distanciada entre receptor e leitor. Tom jocoso e irônico Apropriação subversiva de procedimentos sintáticos Forte coeficiente de desterritorialização da língua. Modo de endereçamento em razão da popularização dos computadores pessoais e da supermultiplicação dos fluxos de informação, gerando o que alguns chegaram a chamar de "compressão espaço-tempo” Lugar como rede de produção e consumo. Os e-zines são reflexos desmaterializados desse contexto. ◦ Por um lado se colocam como marginais a uma midia corporativista e ressignificam táticas de atuação.(Lambe selo) ◦ Por outro vão sendo absorvido por seu grande potencial em chamar possíveis consumidores. Uma série de espaços que se movem in Between, isto é, entre os espaços mentais e espaços geográficos.A interzona é uma dimensão psicogeográfica - uma margem psicogeográfica - na qual é a percepção psíquica desta cartografia flutuante que transporta o vivenciado para zonas diferentes. É a interconexão do mental e do geográfico. Num certo sentido, não existe mais diferença entre esses dois espaços [...] as interzonas navegam ao longo das metrópoles líquidas compostas apenas de presente. Um presente esmigalhado e esmigalhável. (CANEVASCI, Culturas extremas) A gente troca zine pelo correio de graça um pelo outro, tirando sarro do capitalismo. Somos alternativos, independentes, livres. Em xerox ou off set. [...] Somos muitos, uma verdadeira legião. CUIDADO! Tem revista por aí que sacou a força dos fanzines, a garra, o estilo, a liberdade, e as mil pessoas detrás, gente que lê, gente que faz. Tem revista aí querendo enganar você! Tem revista que quer te confundir, fazer pensar que ela é zine, coloca zine dentro e divulga a gente, e a gente recebe mil cartas de leitores dela que não tem nada a ver. Gasta selo respondendo e deixa de responder pra quem vale a pena. (AD NAUSEAM, PETRÓPOLIS) [A "estratégia"] postula um lugar capaz de ser circunscrito como um próprio e portanto capaz de servir de base a uma gestão de suas relações com uma exterioridade distinta. A nacionalidade política, econômica ou científica foi construída segundo esse modelo estratégico. Denomino, ao contrário, "tática" um cálculo que não pode contar com um próprio, nem portanto com uma fronteira que distingue o outro como totalidade visível. A tática só tem por lugar o do outro. Ela aí se insinua, fragmentariamente, sem apreendê-lo por inteiro, sem poder retê-lo à distância. Ela não dispõe de base onde capitalizar os seus proveitos, reparar suas expansões e assegurar uma independência em face das circunstâncias. O "próprio" é uma vitória do lugar sobre o tempo. Ao contrario, pelo fato de seu não-lugar, a tática depende do tempo, vigiando para "captar no vôo" possibilidades de ganho. O que ela ganha, não o guarda. Tem constantemente que jogar com os acontecimentos para os transformar em ocasiões. Sem cessar, o fraco deve tirar partido de forças que lhe são estranhas(CERTEAU, p.46-47.) O problema do fanzine aperiódico. O discurso do autor implícito na obra ◦ “os zines tem a nossa cara, não precisa assinar pra saber quem fez”. Problemas de tempo, lugar e autoria. Variáveis de caso para caso. Quanto a autoria, essa categoria deve ser vista de modo atípico(CONTRA O AUTOR INDIVIDUALIZADO): ◦ Fios da vida X Fios da obra. ◦ Ironia na noção de autor. ◦ Fim do copyright Os fanzines costumam se esforçar para marcar com nitidez uma diferença em relação as publicações convencionais Relação de estranhamento e resistência para com as publicações convencionais. Fanzines operam uma apropriação subversiva dos procedimentos sintáticos e enunciativos Transformam a língua através de um forte coeficiente de desterritorialização. ◦ Ser um outro de si mesmo. Um estrangeiro na própria língua. “É por isso que é tão inconveniente, tão grotesco, opor a vida e a escrita de Kafka, supor que ele se refugia na literatura por falta, fraqueza, impotência diante da vida. (…) viver e escrever, arte e vida, só se opõem do ponto de vista de uma literatura maior. Kafka, mesmo morrendo, é atravessado por um fluxo de vida invencível, que lhe vem tanto de suas cartas, de suas novelas, de seus romances, quanto de seu inacabamento mútuo por razões diferentes, e comunicantes, intercambiáveis. Condições de uma literatura menor. (…) Tudo é riso, a começar pelo Processo. Tudo é político, a começar pelas cartas a Felice” (DELEUZE, KAFKA POR UMA LITERATURA MENOR. 76-78). Os fanzines dialogam sobretudo de duas camadas de tempo sobrepostas: Tempo como duplo triplo: ◦ Curta(evento), média(conjuntura) e longa duração(estruturas mentais) ◦ Natureza,(cosmológico) psicológico(sujeito) e Tempo da História(que seria a interrelação entre os dois primeiros. Migalhas, fagulhas pequenos gestos a problematizar o cotidiano ◦ Do micro para o macro. É possível perceber duas camadas de tempo que sobrepostas, revelam o modo como os produtores de fanzines agenciam as multiplicidades das qualidades objetivas do tempo. Quando o zineiro conversa consigo mesmo enquanto é interpelado pelo tempo, a dimensão temporal é subjetiva, como no caso a seguir: Numa outra dimensão em que os zineiros fazem um percurso exterior a si mesmos, o tempo é uma entidade que problematiza o cotidiano com pequenos gestos, que obrigam a macropolítica escorregar para o micro, ou arrastam um reflexão sobre o passar do tempo para a claridade. Por meio de um caos de teorias e sensações, o fanzine anarcopunk visa criar possibilidades de estabelecer um "grau zero" na formação do sujeito. Quando nos tornamos adultos, uma série de responsabilidades nos acomete: Devemos prestar contas a um corpus social e buscar uma definição que se assemelhe ao molde da linha de desejo padrão. Ser bem casado, constituir família e filhos, ter um bom emprego, trabalhar e poupar para ter um alto padrão de vida, cursar faculdade que gera status perante um grupo social, são algumas das características que compõem esse desejo padrão. Pegamos conceitos prontos. Demora um tempo se libertar de ideias preconcebidas, de mitos, traumas, marcas, frustrações, valores, normas,...de objetos, coisas, pessoas...e mesmo assim ainda nos leva algo de nós, um pedaço de nós...depois de tudo, descobrimos que não era tudo, que há a nossa vida...uma vida longa .(ENQUANTO NÓS VAMOS PASSANDO., n.1, 2003.) O pensamento sem imagem não seria o pensamento do desastre, que passa sempre por uma escrita poema, ou uma escrita dançarina, possuída ou tomada por um alfabeto que é puro ritmo, um alfabeto que ama rabear a imagem? Um ritmo é uma onda que leva as figuras, expressões, narrativas, descritivas, a velocidade que ao mesmo tempo, as faz e as desfaz. E esse movimento, que gagueja ficção e defecção, é o que constitui o pensamento sem imagem, o pensamento-poema. O poema porvir. O pensamento nômade como uma maneira de conceber o mundo, de experimenta-lo em sua potência, ligado a recusa de uma filosofia linear, de uma só passagem que convocaria um imaginário sedentário (LINS, 2013,p.13). È o estar porvir. o fanzine a extrema expressão de uma negação, fazendo com que as existências punks sejam o reduto do excêntrico, um campo da batalha constante. Trazer para o âmbito da reflexão Historiográfica esses fragmentos de discurso que articulados a gritos, gestos, atitudes, astúcias e intrigas, trazem consigo fragmentos de uma realidade da qual fazem parte e a qual estão constantemente ajudando a constituir.