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REMUNERAÇÃO

Salário e remuneração
CONCEITO E DISTINÇÕES

Salário e remuneração correspondem à contraprestação pecuniária


paga ao empregado em decorrência da sua prestação de serviços.
Remuneração é gênero, do qual salário é espécie.
Remuneração é o conjunto de todas as verbas recebidas pelo
empregado como contraprestação pelos serviços prestados,
abrangendo aquela que é paga pelo próprio empregador (salário),
como aquelas pagas por terceiros (gorjetas).
Qualquer outro pagamento feito ao empregado por terceiros, como
contraprestação pelos serviços prestados, como as gueltas, também se
inclui na remuneração.
CONCEITO E DISTINÇÕES

▪ Salário é uma das parcelas da remuneração, equivalente ao valor


pago diretamente pelo empregador ao empregado como
contraprestação decorrente da relação de emprego, abrangendo os
períodos de prestação de serviços, o tempo à disposição do
empregador e os períodos de interrupção do contrato de trabalho
(art. 457, CLT).
▪ O valor do salário abrange as parcelas contraprestativas que o
empregador paga ao empregado
▪ Artigo 457- Compreendem-se na remuneração do empregado, para
todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente
pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que
receber.
▪ § 1o Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações
legais e as comissões pagas pelo empregador.
▪ § 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de
custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro,
diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração
do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não
constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e
previdenciário
GORJETA

▪ Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada


pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela
empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinada à
distribuição aos empregados (§ 3º, art. 457, CLT).
▪ As gorjetas, no sentido próprio do termo, são aquelas dadas
espontaneamente pelos clientes aos empregados do
estabelecimento.
▪ Considera-se como gorjeta imprópria a que é cobrada do cliente
na nota de serviços
▪ Artigo 457-
▪ § 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente
dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela
empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à
distribuição aos empregados.
▪ § 4o Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo
empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a
empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho
superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas
atividades.
GORJETA

▪ As gorjetas integram a remuneração para todos os efeitos legais (art.


457, caput, CLT). No entanto, de acordo com o entendimento
adotado pelo TST, as gorjetas não servem de base de cálculo para os
seguintes direitos:
▪ ■ aviso prévio; ■ adicional noturno; ■ horas extras; ■ repouso
semanal remunerado.
▪ Súmula 354, TST: “As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de
serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a
remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as
parcelas de aviso-prévio, adicional noturno, horas extras e repouso
semanal remunerado.”
GORJETA

▪ OBSERVAÇÃO: Outra modalidade de pagamento feito por terceiro


ao empregado são as chamadas gueltas. Constituem-se em forma
de pagamento típico do comércio e têm a finalidade de incentivo de
vendas. Os fabricantes, como forma de incentivar o vendedor da loja
a oferecer seus produtos aos clientes, pagam-lhe um determinado
valor por cada venda realizada.
▪ O entendimento prevalecente na doutrina e na jurisprudência é no
sentido de conferir natureza retributiva às gueltas e,
consequentemente, considerá-las como valor integrante da
remuneração do empregado. “A onerosidade reside na oportunidade
que o empregador concede ao empregado para auferi-la, à
semelhança do que ocorre com a gorjeta”.
CARACTERES DO SALÁRIO

▪ As características do salário são os traços distintivos que permitem


que se reconheça em um determinado pagamento a natureza de
contraprestação decorrente da relação de emprego. A enumeração
destes caracteres do salário não é feita de forma pacífica.
▪ Segundo Mauricio Godinho Delgado, são características do salário:
▪ caráter alimentar — o salário tem por finalidade suprir as
necessidades pessoais e essenciais do trabalhador e de sua família.
Qualquer que seja o valor do salário, o fato é que se constitui na fonte
de sustento do trabalhador e de sua família;
CARACTERES DO SALÁRIO

▪ caráter “forfetário” — o salário constitui-se em uma obrigação


absoluta do empregador que não pode deixar de ser cumprida. O
salário não está atrelado à sorte do empreendimento do
empregador, razão pela qual, mesmo diante de situações de
dificuldades financeiras, o empregador não se exime do dever de
pagar os salários de seus empregados. No contexto da relação de
emprego, os riscos da atividade econômica são assumidos pelo
empregador (art. 2º, CLT).
▪ Ocorrendo, porém, a cessação das atividades da empresa, os salários
só são devidos até a data da extinção;
CARACTERES DO SALÁRIO

▪ Súmula 173, TST: “Extinto, automaticamente, o vínculo empregatício


com a cessação das atividades da empresa, os salários só são devidos
até a data da extinção.”
▪ indisponibilidade — o salário não pode ser objeto de renúncia ou de
transação por parte do empregado, pois se insere no conjunto de
direitos indisponíveis que lhe são assegurados pelo ordenamento
jurídico;
▪ periodicidade — o salário constitui-se em obrigação sucessiva,
renascendo após cada cumprimento. Por ter a finalidade de manter o
sustento do trabalhador e de sua família, o salário deve ser pago em
períodos cuja duração é preestabelecida pelo legislador (art. 459,
CLT);
CARACTERES DO SALÁRIO

▪ irredutibilidade — em razão do seu caráter alimentar, o salário não pode


ser reduzido. A fonte de sustento do trabalhador e de sua família não pode
ser reduzida por ato unilateral ou bilateral. A irredutibilidade como
característica do salário foi relativizada pelo texto constitucional, que
passou a permitir como exceção a sua redução, desde que mediante
convenção ou acordo coletivo de trabalho (art. 7º, VI, CF);
▪ persistência ou continuidade — a obrigação de pagamento do salário é
sucessiva, perdurando enquanto vigorar a relação de emprego. Trata-se,
portanto, de obrigação persistente e revestida de continuidade no tempo.
“No âmbito jus trabalhista, nem a teoria da imprevisão ou mesmo a força
maior seriam capazes, por si somente, de desobrigar o empregador de
responder por sua obrigação de pagar a obrigação contínua e persistente
dos salários obreiros”
CARACTERES DO SALÁRIO

▪ natureza composta — o salário compõe-se não só de uma parcela básica


(saláriobase), mas também de diversas outras frações econômicas de
natureza salarial (adicionais, gratificações, comissões etc.)
▪ tendência à determinação heterônoma — o valor do salário é fixado
mediante o exercício da vontade unilateral ou bilateral das partes
contratantes. No entanto, à vontade das partes somam-se expressões de
vontade externa decorrentes de normas jurídicas. Assim, a vontade das
partes é restringida, por exemplo, pela fixação por lei ou por normas
coletivas de valores mínimos de salários (salário mínimo, salário
profissional, salário normativo, piso salarial), devendo, ainda, obedecer às
determinações normativas no que diz respeito aos reajustes a serem
aplicados aos salários, fixados por normas coletivas;
CARACTERES DO SALÁRIO

▪ pós-numeração — o salário é pago após a prestação dos serviços


pelo empregado, ou seja, o pagamento é feito em relação a um
período vencido, e não em relação a período vincendo.
▪ essencialidade — o salário é da essência do próprio contrato de
trabalho. A onerosidade é característica essencial do pacto laboral;
▪ reciprocidade — a causa do salário reside no fato de alguém atuar
como empregado e, nessa condição, colocar-se à disposição do
empregador, prestando-lhe serviços. O empregado presta serviços, e
o empregador paga salário como contraprestação. Esta característica
é chamada por uma parte da doutrina de “caráter sinalagmático” do
salário;
CARACTERES DO SALÁRIO

▪ sucessividade — que nada mais é do que a característica da


persistência ou continuidade indicada por Godinho: o salário é pago
em função de uma obrigação assumida pelo empregado em uma
relação jurídica que se prolonga no tempo e, por tal razão, a cada
cumprimento, renasce enquanto obrigação contratual.

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