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Educação e Formação para Adultos

Resíduos sólidos urbanos

Formador: José Póvoa


Setembro de 2009
Resíduos sólidos
Resíduos sólidos
Objectivo:

Sensibilizar os formandos para a necessidade de se


adoptar um modelo de gestão ambiental para a Cidade
que tenha em vista a prevenção (redução, reutilização e
recuperação), a valorização material (reciclagem
material e orgânica) e a valorização energética dos
resíduos sólidos
Introdução

Os resíduos sólidos urbanos são misturas de materiais com


origem nas habitações, comércio e serviços. Em média
apresenta a seguinte composição (INE,1995).

têxteis finos
4.4% 11.0% outros
metais 5.3%
3.6%
vidro
5.5%

plástico
12.4%
orgânicos
fermentáveis
papel e cartão 37.8%
20,0%
Introdução

A produção de resíduos sólidos urbanos em Portugal, tem vindo a


aumentar significativamente nos últimos anos.

Ano Produção de RSU (kg/habitante.dia)

1980 0.570
1993 0.925
1998 1.300
Gestão de RSU

A situação relativa à gestão de RSU em Portugal até 1995

Tratamento e destinos finais dos RSU em


1995
Co mpo st a g e m
R e c ic la g e m
9%
4%

A t e rro
14%

Li x e i ra s
73%
Gestão de RSU

No quotidiano do cidadão:
1 - Há mais infraestruturas disponíveis para a recolha selectiva:
 Ecopontos (vidro, papel, embalagens, pilhas)
 Ecocentros
 Farmácias
 Óleos usados
 Consumíveis de informática
 Baterias de automóvel

2 - Há um alargamento da capacidade instalada de contentores de


recolha indiferenciada.
Gestão de RSU - O que se verifica?

 Os cidadãos e as organizações continuam a consumir,


usar e deitar fora a larga maioria dos materiais de
embalagem (papel, metal, vidro e especialmente plástico) (o
DL 366/A-97 e Directiva 94/62/CE apontam para a
necessidade do aproveitamento destes resíduos).

 Os ecopontos são insuficientes ou os materiais


depositados não têm um escoamento atempado ou
apresentam falta de qualidade no material recolhido ou
ainda apresentam custos incomportáveis.
Gestão de RSU – Que limitações?

 O aterro de orgânicos fermentáveis dá origem a


formação de líquidos e gases que necessitam de ser
extraídos e tratados (o Decreto Lei 152/2002 de 5 de Maio
restringe a colocação em aterro de resíduos
biodegradáveis);

 A presença de orgânicos fermentáveis reduz o poder


calorífico dos resíduos e portanto a eficiência do processo
de incineração.
Gestão de RSU – Que limitações?

 A incineração indiscriminada dá origem a materiais


indesejáveis (metais, gases ácidos, micropoluentes orgânicos
(dioxinas e etc.) que encarecem e dificultam o processo de
tratamento.

 A reciclagem indiscriminada dos diferentes materiais


pode ser indesejável quando comparada à utilização de
matérias primas virgens pois há custos ambientais e
económicos muito importantes associados aos processos de
reciclagem.
Gestão de RSU

Então o que é necessário para criar e


manter um sistema de gestão de RSU
sustentável?

ou

«O que fazer com o que se pretende


deitar fora?»
Gestão de RSU

A resposta é simples:

«Colocar cada resíduo no seu lugar !!!»

mas atenção, isto não significa fundamentalismo, mas


apenas fazer aquilo que está razoavelmente ao nosso
alcance, e de acordo com a importância ambiental do
material em causa.

exemplo: separar uma pilha é muito mais importante que uma
embalagem de iogurte.
Gestão de RSU - Voltemos ao princípio...

Ora reconsideremos...

 De acordo com a Lei de Lavoisier :


"Na Natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se
transforma”

 Uma técnica não é boa nem má;

 Cada tipo de resíduo deve ter uma técnica de


gestão mais adequada sob os pontos de vista ambiental e
económico.
Gestão de RSU
Hierarquia das operações de gestão

Prevenção

Tratamento

Confinamento
Gestão de RSU - PREVENÇÃO

Prevenção
 redução
 reutilização
 recuperação
Prevenção - Redução

A redução consiste em produzir menores quantidades de


lixo, quer através da diminuição do consumo, quer na
economia de embalagens desnecessárias.

O que posso eu fazer?


- utilizar produtos de longa duração (ex.: pilhas recarregáveis);
- dar preferência a produtos em embalagem de recarga;

- usar sacos de pano, ou cesto para transportar as compras;

- não adquirir produtos “use e deite fora”;

- dosear a utilização de alimentos ao necessário (um grande


número de doenças têm origem no excesso alimentar);
- escorrer bem as embalagens (não lavar !!!);
Prevenção - Reutilização

A reutilização consiste em voltar a utilizar um dado


material, mesmo que com outra finalidade.

O que posso eu fazer?-


- utilizar o verso das folhas de papel;
- reutilizar os guardanapos de papel para limpar os restos de
comida dos pratos e talheres (juntar aos resíduos orgânicos);
- dar preferência a embalagens com retorno;
- re-encher garrafas de plástico ou vidro (ir à fonte!);
- voltar a usar os sacos de supermercado para as compras ou
ensacar lixos;
Prevenção - Recuperação

A recuperação é aquilo que se designa por conserto;


também pode ser fazer uso de equipamentos “obsoletos”
mas ainda funcionais para tarefas mais elementares
(computadores e impressoras antigas).

O que posso eu fazer?


- seleccionar produtos que possam ser reparados;
- escolher produtos de maior qualidade (mesmo mais caros duram
mais e são susceptíveis de serem consertados);
- reparar os equipamentos avariados em vez de deitar fora;
-
Gestão de RSU - TRATAMENTO

Tratamento

físico-mecânico (triagem e reciclagem)


termoquímico (valorização material e
energética)
biológico (compostagem, digestão
anaeróbia)
Tratamento de RSU - Reciclagem

A reciclagem é uma forma de valorização de resíduos. A


reciclagem de materiais, ao contrário das anteriores,
envolve algum tipo de transformação do material em
instalações apropriadas. O papel, o vidro, o plástico, o
metal, as pilhas, alguns óleos e os próprios orgânicos
fermentáveis são alguns materiais que podem ser
reciclados.

- A operação de reciclagem deverá envolver um menor


consumo de energia, água e de matérias primas que os
processos alternativos de utilização de materiais virgens.
Tratamento de RSU - Reciclagem

O que posso eu fazer?


- fazer uso produtos fabricados com materiais reciclados;
- escolher produtos em embalagens recicláveis;

- dar aos animais os restos de comida;


- fazer a compostagem dos restos orgânicos (resíduos alimentares, cortes
de jardim, verdes do mercado, etc.);
- espalmar as embalagens;

- manter uma caixa para recolha de papel para reciclar (papel amarrotado
não tem interesse para reciclar);
- colocar os materiais nos diferentes contentores (ecopontos);
Reciclagem material

Os ecopontos são constituídos por equipamentos específicos de


cores diferentes em função do grupo de materiais a separar :

Embalagens de plástico, metal e


cartão complexo

Papel e Cartão

Vidro
Reciclagem de papel e cartão

Quase todo o papel que utilizamos é


reciclável, ou seja, pode ser transformado
em papel e cartão novo.

Por cada 1000 Kg de papel reciclado poupa-se o


corte de 20 árvores !!!
Reciclagem de papel e cartão

O que é ou não reciclável ?

É reciclável:
Papel de escrita, jornais, revistas, papel de embrulho,
caixas de cartão, sacos de papel.

Não é reciclável:
Papel autocolante, papel vegetal, papel químico, papel
plastificado, papel sujo com gordura, papel higiénico,
papel de lustro.
Reciclagem de vidro

O vidro é dos materiais de embalagem


mais
antigos e muito utilizado para acondicionar
alimentos e bebidas. Este material pode
ser reciclado infinitamente !

Uma tonelada de vidro velho origina uma tonelada de


vidro novo e ...

… por cada tonelada de vidro reciclado poupa-se


1200 Kg de matéria prima (areias e sílica) e 100 Kg de
fuel !!!
Reciclagem de vidro

O que é ou não reciclável ?

É reciclável:
Garrafas, boiões e frascos de água, sumos e
refrigerantes, vinho, cerveja, produtos de conserva,
vinagre, iogurte, mel e compotas.

Não é reciclável:
Lâmpadas, loiças e cerâmicas, espelhos, pirex,
vidraças, embalagens de perfume e cosmética.
Reciclagem de plástico e metal

A maioria das embalagens de plástico (sacos,


garrafas, caixas, etc.) e metal (latas de bebidas
e conservas) são recicláveis, ou seja, podem ser
transformadas em novos produtos.

Sabia que …

… garrafas de água podem originar solas


de sapatos e que de uma embalagem de iogurte
podem nascer cabides ?
Reciclagem de plástico e metal

O que é ou não reciclável ?

É reciclável:
Todo o tipo de embalagens de plástico como garrafas, garrafões
e frascos de água, sumos e refrigerantes, vinagre, detergentes,
produtos de higiene, sacos de plástico limpos, esferovite limpa e
invólucros de plástico.

Não é reciclável:
Embalagens de plástico que tenham contido gorduras, por
exemplo: margarina, óleo, manteiga ou banha, cosmética
gordurosa e embalagens de plástico de combustíveis e óleo de
motores.
Reciclagem de pilhas

As pilhas não são recicláveis, mas os metais que as


pilhas contêm podem sê-lo.
As pilhas usadas são resíduos que contém metais
bastante poluentes.
Não existe em Portugal qualquer unidade de
tratamento de pilhas, pelo que estas são
armazenadas, aguardando transporte para unidades
de valorização em países da comunidade europeia.
Há uma sociedade gestora para as pilhas.
Tratamento - Triagem

O que é a triagem ?
A triagem é realizada em instalações apropriadas; trata-se
de um conjunto de operações mecânicas de separação e
acondicionamento dos diferentes componentes presentes nos
resíduos, tendo em conta a sua composição química e o estado
de degradação.
Os resíduos que são sujeitos à operação de triagem têm a sua
origem nos ecopontos. A operação de recolha e transporte
dos resíduos de embalagem a partir dos ecopontos é cara
porque o volume de resíduos é grande mas a massa é pequena.
Os resíduos assim escolhidos são depois enviados para
unidades fabris que realizam a reciclagem propriamente dita.
Tratamento biológico

O que é o tratamento biológico ?

É um conjunto de processos realizadas pela acção


dos organismos biológicos a baixa temperatura,
principalmente bactérias e fungos, na presença de
oxigénio do ar (processos aeróbios) ou na ausência do
oxigénio do ar (processos anaeróbios) permitindo a
recuperação de energia e produzindo um produto rico
em nutrientes, eventualmente útil para a agricultura.
Tratamento biológico - Compostagem

O que é a compostagem ?

A compostagem é um processo biológico de


reciclagem de matéria orgânica e nutrientes,
realizada por microorganismos na presença do
oxigénio do ar, daí resultando a produção de um
fertilizante natural e calor (elimina os
microorganismos patogénicos).

Em condições de ausência de oxigénio, dá-se a


fermentação libertando biogás e maus cheiros.
Tratamento biológico

Que materiais podem ser tratados biologicamente?


Restos de vegetais e frutos, cascas de ovos, podas de
árvores e sebes, ervas, relva cortada, folhas, borras de
café, folhas e saquinhos de chá, restos da preparação de
alimentos, restos de comida cozinhada, alimentos fora de
prazo, papel tissue (guardanapos e lenços de papel), etc.

Que materiais não devem ser compostados?


Papel escrito, excrementos, fraldas, embalagens com
restos de alimentos, metais, vidros, plásticos, pilhas,
têxteis, couros, etc.
Ciclo da vida
O2 CO2 O2
CO2
água atmosfera

Fotossíntese Respiração

Produtores Consumidores
(plantas verdes) (animais)

Solo Água+sais minerais Decompositores


(nutrientes) (bactérias e fungos)

Absorção de água e Mineralização


substâncias minerais Húmus + sais minerais
Tratamento termoquímico

O que é o tratamento termoquímico com valorização material ?


Trata-se de um grupo de processos de reciclagem que decorrem a alta
temperatura, na presença de quantidades limitadas de oxigénio, tendo
em vista a produção de compostos químicos destinados à indústria de
síntese ou de compostos energéticos.

O que é o tratamento termoquímico com valorização energética ?


Trata-se de um grupo de processos de reciclagem que decorrem a alta
temperatura, na presença de oxigénio, tendo em vista a produção de
energia sob a forma de calor.
Tratamento termoquímico

Que materiais podem ser tratados termoquimicamente ?

De um modo geral tudo aquilo que sendo orgânico, já não seja


reutilizável ou reciclável, nomeadamente, papeis sujos ou
degradados, plásticos velhos ou muito sujos, matéria orgânica
fermentável, fraldas descartáveis, espumas e borrachas,
têxteis, resíduos hospitalares contaminados, medicamentos,
cabelos, etc..
Que restrições ?
A utilização de resíduos para efeitos de valorização
energética requer alguma forma de tratamento (separação,
trituração, homogeneização, secagem ) que confira condições
de utilização em sistemas de combustão ou co-combustão
para produção de energia.
Gestão de RSU - ELIMINAÇÃO

Eliminação
 Incineração
 Aterro controlado
 Confinamento técnico
Eliminação - Incineração

O que é a incineração ?

A incineração é um processo que consiste na destruição dos


resíduos a alta temperatura, na presença do oxigénio do ar
(combustão), geralmente com recuperação de energia.
A incineração permite a redução do volume de resíduos. Este
tipo de sistema só tem utilidade para eliminar resíduos
combustíveis, não apresentando vantagens para materiais
como vidro e metais (inertes) ou orgânicos fermentáveis
(teor de humidade elevado).
A Directiva 2000/76/CE de 4 de Dezembro, estabelece as
condições de incineração e co-incineração de resíduos.
Eliminação - Incineração

Que materiais podem ser incinerados ?

De um modo geral tudo aquilo que sendo orgânico, já não seja


reutilizável ou reciclável, nomeadamente, papeis sujos ou
degradados, plásticos velhos ou muito sujos, matéria orgânica
fermentável, fraldas descartáveis, espumas e borrachas,
têxteis, resíduos hospitalares contaminados, medicamentos,
cabelos, etc..

Que materiais não devem ser incinerados com os RSU?


Não devem ser incinerados materiais orgânicos contendo na
sua composição halogenados (cloro, fluor) ou alguns metais
(óleos de motor usados), alguns tipos de resíduos
hospitalares.
Eliminação - Aterro Controlado

O que é um aterro controlado (ou sanitário) ?


Um aterro controlado é uma “instalação de eliminação utilizada
para a deposição controlada de resíduos acima ou abaixo da
superfície natural”, de acordo com o DL nº. 239/97, em que :
- o local deverá apresentar-se impermeabilizado;
- os resíduos são espalhados, compactados e cobertos com terra;
- existe controlo sistemático das águas de lixiviação e dos gases
produzidos ;
- existe monitorização do impacto ambiental durante a
operação e após o seu encerramento.
Gestão Ambiental e CIDADANIA

Qual é a proposta?

 Adoptar atitudes preventivas.


 Para que cada resíduo seja valorizado é necessário mantê-lo
razoavelmente separado.
 Garantir o encaminhamento adequado de acordo com a sua
natureza.

É necessário ser um

Cidadão Responsável
Gestão Ambiental dos lixos domésticos

Bio-resíduos Tóxicos (pilhas, Lixo indiferenciado,


Recicláveis
(vidro,papel, (alimentos,relva,podas, medicamentos) não recicláveis
embalagens) guardanapos de papel)

Ecoponto,ecocentro Ecoponto Pilha de estrume, Pilhões,lojas, Ecoponto


(vidrão, papelão, (bio-resíduos) compostor doméstico, farmácias (lixo indiferenciado)
embalão) alimentação animal

Indústria de Horta, Incineração


reciclagem jardim,campo, Armazenagem, Aterro
Tratamento floresta Tratamento
biológico físico-químico
Gestão Ambiental em casa e no
local de trabalho

Objectivos ambientais (exemplos):

 Definir objectivos ambientais no local de trabalho e em casa.


 Definir uma estratégia para concretizar os objectivos.
 Dar o exemplo (instalação de um balde só para lixos orgânicos em casa; ter
uma caixa para o papel usado junto à secretária; instalação 1 pilha de
compostagem num parque ou jardim; cuidar de uma horta ou jardim para
utilização do composto).
 Armazenar temporariamente.
 É preciso ser exigente mas não é necessário ser
fundamentalista.
Matéria legal

Gestão – DL239/97 de 9 de Setembro, estabelece as regras a


que está sujeita a gestão de resíduos, e estabelece/define a
terminologia relacionada com resíduos.

Postura Municipal (exemplo) - Aviso Nº1743/99 (2ªsérie) da


Câmara Municipal de Aveiro, Apêndice Nº34-II Série, Nº69
de 23/3/1999, pp20-34. Trata-se de um exemplo de postura
Municipal que regulamenta a intervenção das diferentes entidades
na área da Higiene e Salubridade Urbana; apresenta uma proposta
de tarifação de RSU.
Matéria legal

Tratamento – Portaria 15/96, de 23 de Janeiro, aprova os tipos


de operações de eliminação e valorização de resíduos.
- Directiva 2000/76/CE do Conselho de 4 de Dezembro,
estabelece as condições de incineração e co-incineração de
resíduos.
- Decreto Lei 152/2002 de 5 de Maio (Directiva 1999/31/CE
do Conselho de 26 de Abril de 1999) relativa à deposição de
resíduos em aterros.
- Decisão da Comissão 2001/688/CE de 28 de Agosto, estabelece
os critérios ecológicos para atribuição do rótulo ecológico
comunitário aos correctivos e aos suportes de cultura.

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