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10 situações que você precisa

saber sobre demissão por


justa causa
Entenda quais são os 10 motivos mais comuns que podem levar a essa
ação extrema e saiba como reagir a elas sem errar!
eBook: 10 situações que você precisa saber sobre demissão por justa causa

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eBook: 10 situações que você precisa saber sobre demissão por justa causa

Índice
Introdução 04
Situação 1 06
Situação 2 08
Situação 3 11
Situação 4 14
Situação 5 17
Situação 6 19
Situação 7 22
Situação 8 24
Situação 9 27
Situação 10 31
Conclusão 34

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Introdução

A chamada demissão por justa causa está prevista na legislação


trabalhista (CLT, art. 482) e esta é uma informação que a maioria das
pessoas já sabe.

Mas quais as situações que podem levar a essa ação extrema, que
impede que o colaborador, ao ser demitido, receba alguns direitos que
também estão previstos na legislação, tais como as indenizações pela
rescisão do contrato e a autorização para sacar o FGTS?

A ideia é de que somente casos extremos possibilitem esse tipo de


providência por parte do empregador, uma medida que, no entanto, não
deixa de ser traumática para ambos os lados e que, quase sempre,
culminam em problemas que somente serão solucionados na Justiça do
Trabalho!

Por isso, para os colaboradores, é de grande importância buscar


compreender quais condutas por eles praticadas, no exercício de sua
atividade laboral, correm o risco de serem consideradas motivos para sua
demissão por justa causa.
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De outro lado, as empresas devem ter regras muito claras a respeito das
condutas que exigirão de seus funcionários e, além disso, um
conhecimento o mais acurado possível do que preveem as normas
trabalhistas!

Para facilitar a sua compreensão e conhecimento sobre os motivos que


mais culminam em demissões por justa causa, preparamos esse e-book
com as 10 situações mais comuns em que elas poderão ocorrer!

Trata-se, portanto, de um pequeno manual que servirá tanto para


colaboradores quanto empregadores no cuidado de se inteirarem da
maneira mais direta possível do que devem e não devem fazer naquele
drástico momento em que terão de lidar com as situações de
desligamento na empresa!

Boa leitura!

Equipe do escritório Meliunas & Morais Advogados Associados

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Situação 1

Ato de improbidade
(art. 482, “a” da CLT)
eBook: 10 situações que você precisa saber sobre demissão por justa causa

O que é outro colega de trabalho ausente, justificar faltas com


atestados médicos falsos dentre outras práticas.

improbidade? Trata-se de um motivo


absolutamente capaz de gerar a
demissão por justa causa?
Improbidade, via de regra, é todo ato consistente em uma Sim, desde que existam evidências suficientes ou
ação ou omissão, dolosa ou culposa praticada pelo mesmo provas concretas (como testemunhas) que
empregado, que revela desonestidade, abuso de confiança, demonstrem a veracidade dos fatos.
fraude ou má-fé, com a finalidade de alcançar uma
vantagem para si ou para outra pessoa, causando, com isso,
um prejuízo à empresa.

Dentre essas condutas podemos citar como exemplo a


prática de furto (seja de informações, dados, utensílios,
produtos, etc.), de adulteração de documentos pessoais ou
pertencentes ao empregador, etc.

Também caracteriza improbidade deixar documentos e


dados confidenciais para livre acesso dos funcionários,
invadir o computador dos colegas de trabalho, espionar por
câmeras indiscretas seus colegas, marcar cartão de ponto de Fonte da imagem: http://www.informaabc.com.br/arquivos/83/conteudo/posts/355323.jpg

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Situação 2

Incontinência de conduta
ou mau procedimento
(art. 482 “b” da CLT)
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Da antiética ao
menosprezo, desrespeitando valores básicos de
civilidade (que podem caracterizar o assédio

assédio…
moral), a prática de atos libidinosos dentro da
empresa (que, por sua vez, podem culminar em
Você sabe quão importante é a preservação de uma assédio sexual quando envolve relações
boa conduta no ambiente de trabalho?
hierárquicas), o uso inapropriado do veículo ou
Tais situações podem ser as mais amplas e, por isso, outro bem fornecido exclusivamente para o
mais difíceis de serem comprovadas. Trata-se, trabalho, geralmente sendo este desviado em
basicamente, de condutas consideradas imorais ou benefício próprio sem autorização do empregador, o
que ferem a ética da empresa, sobretudo, aí acesso a sites inapropriados no ambiente de
incluídas situações que possam envolver assédio trabalho dentre diversas outras situações.
sexual ou moral. Nesse sentido, podemos dizer que
são aqueles comportamentos praticados por certos É motivo garantido para
funcionários que acabam gerando situações demissão por justa causa?
desagradáveis e que acabam prejudicando o
ambiente de trabalho como um todo, sobretudo a Não, necessariamente. Como se pode verificar, a
relação interpessoal com colegas e gestores. caracterização do que vem a ser um “mau
procedimento” pode dar margem para muitas
Podemos citar como exemplos desse tipo de interpretações. Afinal, o que é uma conduta imoral?
comportamento as ofensas praticadas quase que O que é uma conduta antiética? Essas definições não
diariamente contra colegas ou subordinados, são muito claras para a maioria das pessoas e isso
tratando as pessoas com arrogância, prepotência ou não seria diferente para o empregador ou mesmo

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para o empregado. Aliás, somente muito incontinência de conduta ou mau procedimento no


recentemente é que as empresas brasileiras ambiente de trabalho deverão estar devidamente
passaram a se conscientizar sobre a importância de demonstrados por meio de testemunhas ou outros
se prevenir ou coibir condutas consideradas como meios de prova (como mensagens de e-mails
assédio moral ou sexual no ambiente de trabalho. demonstrando o mau comportamento do
Em tais casos, via de regra, as vítimas são os funcionário ou o histórico de acessos a sites
colaboradores ou colaboradoras e não o contrário, pornográficos, por exemplo) para que a demissão
embora existam casos e casos. Além disso, tal como seja justificada.
foi dito na situação anterior, os atos que envolvem

Fonte: http://almeidaconsultores.com/wp-content/uploads/2016/06/09a13.jpg

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Situação 3

Negociação habitual
(art. 482, “c” da CLT)
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Renda extra no
aumento de renda, desde que essa atividade
também acarrete algum tipo de prejuízo ao

trabalho…
empregador.

Observe! Se a venda de quitutes tira a atenção de


Será que é uma boa ideia? Isso é causa para demissão?
colegas de forma constante do trabalho, fazendo
Parem um pouquinho pra vocês pensarem: diante com o rendimento destes diminua, é possível que
do cenário de crise que parece longe de acabar, não se caracterize o motivo da demissão por justa
tem se tornado raro o fato de muitos trabalhadores causa.
precisarem de uma segunda fonte de renda para
Existe, ainda, nessa mesma hipótese, a prática de
conseguirem arcar com todas as suas despesas e
certas atividades que vão um pouco além, ou seja,
obrigações financeiras. Nesse sentido, aquele
compreende os casos onde o empregado abre ou
colaborador que exerce uma atividade qualquer
exerce atividade concorrente às da própria
para conseguir uma renda extra (a venda de doces
empresa. Exemplo: o funcionário que abre seu
em sua repartição, por exemplo) poderá sofrer uma
próprio negócio, no mesmo ramo de atividade da
punição por isso? É esse o tipo de dilema que
empregadora e passa a usar os contatos de clientes
poderá surgir em tais casos!
que estavam sob sua responsabilidade para
Quando se fala em “negociação habitual”, desde oferecer os seus serviços ao invés dos da empresa!
que não autorizada pelo empregador, está se falando
Esse é mais um motivo que pode gerar, com
das atividades em que o colaborador pratica o
certeza, a demissão por justa causa? Em partes.
comércio ou qualquer outra atividade visando o

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Conforme se viu, a atividade exercida pelo


empregado precisa reunir algum dos requisitos que
a tornem motivo para justa causa: a) desautorização
por parte do empregador; b) constituir ato de
concorrência; c) gerar prejuízos ao serviço. Existem
Fonte da imagem: http://www.casadacorujabrigadeiros.com.br/media/user/images/original/casa_da_coruja_brigadeiros_z5.png

muitos casos que uma ou mais atividades além


daquelas exercidas pelo funcionário são toleradas e,
em alguns casos, até mesmo incentivadas pelas
próprias empresas por considerarem uma prática
benéfica e incapaz de gerar prejuízo. Casos, por
exemplo, de professores que, além das aulas
regulares, oferecem aulas particulares. De forma
semelhante aos casos anteriores, para que a
demissão ocorra será necessário reunir provas de “Não demonstrada a prática de
que atividade paralela exercida pelo empregado conduta que por sua gravidade
está lesando a empresa de algum modo! torne insustentável a manutenção
do vínculo empregatício não cabe
rescisão do contrato por justa
causa.”
TRT-4 - RO: 00003978420125040751 RS 0000397-
84.2012.5.04.0751, Relator: REJANE SOUZA PEDRA, Data
de Julgamento: 26/06/2014, 1ª Vara do Trabalho de
Santa Rosa

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Situação 4

Condenação Criminal
(art. 482, “d” da CLT)
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Empregado:
confiança para o seu empregador? Dificilmente.
Portanto, são situações como essas é que autorizam

preso!
que o empregador proceda à demissão por justa
causa do seu empregado? Na maioria dos casos,
E agora? Demitir ou não demitir? Com ou sem justa causa? sim!
Analisemos: como um empregado, condenado e
Todavia, há de se observar que isso somente será
cumprindo sua pena poderá exercer sua atividade
possível de forma garantida se a condenação for
laboral? Esse colaborador, uma vez que possua uma
definitiva (transitada em julgado) e desde que
ficha criminal, continuará a passar algum tipo de
impossibilite o cumprimento do contrato de

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trabalho pelo empregado. Observem que estes Dessa forma, esse é um motivo
aspectos, embora bem objetivos, são muito
garantido para demissão?
importantes e devem ser analisados caso a caso.
Sim, sobretudo diante da impossibilidade de
Há situações em que, muito embora ocorra a
cumprimento do contrato de trabalho por estar
condenação definitiva (porque não cabe mais
cumprimento pena em regime fechado. Além do
nenhum recurso), esta não vem a ser executada, ou
mais, mesmo que não seja esse o caso, é possível
seja, há casos em que o cumprimento da pena é
que, como dito antes, tenha havido um sério abalo
suspenso. Nesses casos, o funcionário não poderá
na relação de emprego, motivo pelo qual, mesmo
ser dispensado por justa causa porque não ficará
nos casos em que o condenado possa ter liberdade
privado do direito de ir e vir e, portanto, poderá
condicional, prisão domiciliar ou ter permissão para
continuar se locomovendo até o estabelecimento do
trabalhar, dificilmente um empregador o acolherá
empregador para exercer suas atividades laborais
em sua empresa de volta.
normalmente.

ENTENDA! Neste caso a demissão irá ocorrer NÃO


pelo fato puro e simples de haver uma condenação
do empregado, mas SIM pela total incapacidade do
seu comparecimento ao trabalho em razão de ter de
cumprir sua pena em regime fechado.

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Situação 5

Desídia
(art. 482, “e” da CLT)
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O que é desídia?
o serviço, agindo de forma desleixada, etc.) de seu
colaborador está se tornando habitual,
primeiramente convide-o para um diálogo ou uma
Uma das modalidades mais comuns de dispensa por conversa franca para que possa tomar ciência até
justa causa é a desídia. O que vem a ser isso? Trata- mesmo do que possa estar motivando-o a agir dessa
se do exercício das atividades laborais por parte do forma. Caso ele persista, mesmo depois dessa
empregado que atua com desatenção ou comunicação informal, o caminho deverá ser a
desinteresse constante, desleixo com as obrigações emissão de uma advertência por escrito servindo
contratuais, negligência e relapso, má vontade, esta de alerta e como aviso final para que o
omissão, desatenção e improdutividade de forma empregado melhore o seu desempenho em suas
habitual. Para que fique caracterizada a desídia, funções, sob pena de sofrer a dispensa por justa
porém, é necessário que tal comportamento do causa.
trabalhador seja reiterado ou, como dito, habitual,
frequente. Isso significa, portanto, que se o
empregado prestar seus serviços de modo desidioso
por uma única vez não poderá ser punido com a
demissão por justa causa.

Portanto, de que forma deverá a empresa agir


em situações como essa? A sugestão é que o
empregador, ao notar que o comportamento
desidioso (chegando sempre atrasado, protelando o

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Situação 6

Embriaguez habitual
ou em serviço
(art. 482, “f” da CLT)
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Embriaguez no trabalho: vício ou doença?


Embriaguez x trabalho!

A embriaguez, como muitos sabem, nada mais é do pois, em muitos casos, ao dirigir-se embriagado para
que um sintoma ocasionado pela ingestão excessiva o emprego, estará colocando em risco não apenas a
de bebidas alcoólicas ou outra substância sua vida como também a de outros funcionários,
entorpecentes como a maconha, a cocaína, o crack bem como de diversas outras pessoas que dele
etc. É um problema muito sério enfrentado com dependam. Imagine-se, por exemplo, o caso de um
muita regularidade por muitas pessoas e que, motorista de ônibus que apresente esse terrível
justamente por ser mais comum do que pensamos, hábito! Nesse aspecto, um acerto do legislador...
quase sempre poderá afetar o ambiente de
Por outro lado, devemos pensar que, conforme
trabalho. Quando isso ocorre, qual o procedimento
entendimento da própria Organização Mundial de
correto a tomar nessas ocasiões? O fato de um
Saúde, o alcoolismo é uma doença. Portanto, será
empregador encontrar seu empregado
que a única medida a ser tomada em casos
apresentando sinais de embriaguez durante o
semelhantes será a dispensa do empregado por
serviço possibilita que este o desligue de imediato
parte do empregador? Será essa a finalidade
da empresa?
pretendida pelo legislador e será esse o
Pois bem, inicialmente deve ser salientado que a entendimento que hoje é adotado pelos nossos
embriaguez é sim um justo motivo para demissão Tribunais do Trabalho?
do empregado. Por outro lado, deve-se também
lembrar que essa medida foi tomada como
mecanismo de proteção do próprio trabalhador
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Em suma: todo tipo de Portanto, vale um alerta: é importante que os

embriaguez motiva a empregadores passem a ser mais criteriosos na


contratação de seus empregados para evitar problemas
dispensa por justa causa? futuros a respeito. Além, disso, uma vez descoberto esse
Não necessariamente. O referido dispositivo da CLT tipo de problema de seu empregado, deverá analisar
(art. 482, “f”) diz que será motivo para a dispensa ainda mais criteriosamente a sua situação para decidir
por justa causa tanto a embriaguez habitual quanto se o caso é de simples embriaguez em serviço ou se tal
a embriaguez em serviço. Ocorre que essa que comportamento decorre de alcoolismo que merece
chamamos de “habitual” poderá ser considerada algum tipo de tratamento médico e encaminhamento ao
equivalente ao alcoolismo, ou seja, o indivíduo não INSS a fim de que este tenha a oportunidade de se
bebe ou não consome a droga porque ele a deseja, reabilitar antes de tomar uma decisão inadvertida.
mas sim por ser portador de uma enfermidade. Por
essa razão, não poderá ele ser punido com a “Segundo os dados mais recentes da
demissão. Esse tem sido o entendimento adotado OMS, os adultos brasileiros bebem,
pela Justiça do Trabalho. Em muitos casos, por em média, 8,7 litros de álcool puro
ordem judicial, funcionários que foram demitidos
por ano. Embora essa quantidade já
tenha sido maior em pesquisas
por embriaguez têm obtido, inclusive, o direito de anteriores, o país continua sendo
voltar a trabalhar na empresa, restabelecendo o um dos principais consumidores de
vínculo empregatício e, ainda, podendo exercer o bebidas alcoólicas das Américas e
direito de pleitear o ressarcimento de danos ultrapassa a média mundial.”
materiais e morais contra o dono da empresa pela
Fonte: http://www.alcoolismo.com.br/o-alcool/e-preciso-
responsabilidade em ter agravado o seu vício. acabar-com-o-prestigio-social-de-beber-alcool/

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Situação 7

Violação de segredo da
empresa
(art. 482, “g” da CLT)
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Você sabe o que é espionagem industrial?


E se, para bisbilhotar uma empresa, a concorrência resolve atrair justamente um empregado que lá trabalha? O que fazer?

A violação de segredo da empresa ocorre nas seja, tudo aquilo que, via de regra, é mantido em
situações em que o empregado passa para um segredo e fora do conhecimento público. É, em
terceiro ou mesmo para outra empresa concorrente suma, o que chamamos de espionagem industrial.
informações sigilosas, ou seja, compartilha sem a
FIQUE ATENTO (A)! Para que a justa causa fique
expressa autorização do empregador algum tipo de
caracterizada em tais casos, será preciso
informação relacionada (desde uma senha de e-mail
demonstrar que a violação de segredo da empresa
até dados sobre custos, maquinário, processos
efetivamente gerou um prejuízo e, além disso, que
seletivos, etc.) aos interesses do seu empregador, ou
foi fruto de um ato de má-fé do empregado, ou seja,
a empresa deverá provar que sofreu uma perda real
em decorrência da violação do segredo praticada de
forma proposital por parte de seu empregado.

Trata-se de uma situação em que fica garantida a


demissão? Sim, desde que demonstrado, por meio
de provas concretas, que os dados confidenciais da
empresa foram repassados por má-fé do empregado
para terceiros, causando um prejuízo real!

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Situação 8

Ato de indisciplina ou de
insubordinação
(art. 482, “h” da CLT)
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Todo ato de insubordinação forma pessoal para o empregado em questão que se


recusa a cumpri-la. A diferença fundamental,
poderá ensejar a demissão portanto, está nesse caráter de pessoalidade da
por justa causa? ordem emanada do empregador. Se for uma
determinação dirigida a todos os empregados, o
desrespeito praticado por algum dos empregados.
Primeiramente, muito embora o ato de indisciplina irá caracterizar um ato de indisciplina e não de
seja, de certa forma, muito semelhante ao ato de insubordinação!
insubordinação, será que podemos identificar
alguma distinção entre ambas? Vejamos: Casos típicos de indisciplina envolvem aquelas
determinações tanto de ordem legal quanto interna
O empregado que age, segundo as normas da CLT, de das empresas no que diz respeito ao uso dos
forma indisciplinada é aquele que desrespeita ou equipamentos de segurança nos locais ou tarefas
descumpre uma determinada ordem, dada de forma especificamente determinadas para tanto. Agora,
geral, seja pelo superior ou seja pelas próprias imagine que o superior ou chefe determine que um
normas legais, inclusive aquelas da adotadas empregado lhe entregue determinado equipamento
internamente pela própria empresa. para ser supervisionado e este não cumpre essa
ordem que foi dada diretamente a ele. Nesse caso,
Por outro lado, o ato de insubordinação quando a
claramente estará configurada a conduta de
desobediência ou descumprimento envolve uma
insubordinação!
ordem direta que foi dirigida a ele pelo empregador
ou superior hierárquico. Neste caso, a ordem pode Assim, vamos retomar a pergunta que fizemos
ser verbal ou escrita, desde que direcionada de inicialmente: todo ato de insubordinação poderá
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ensejar a demissão por justa causa? Depende! É


possível que, em algumas situações, diante da
ocorrência de algum conflito preexistente entre
empregado e empregador ou entre aquele e um
determinado gerente ou chefe de repartição, o
descumprimento de uma determinada ordem tenha
sido pratica como uma forma de responder a
desmandos, humilhações ou perseguições praticada
contra o empregado. Deve-se ficar muito atento para
tais tipos de situação pois poderão dar ensejo à
acusação de assédio moral. Todavia, havendo provas
concretas, inclusive testemunhais, de que a prática
da insubordinação é corriqueira por parte do
empregado, a demissão por justa causa é garantida.

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Situação 9

Abandono de emprego
(art. 482, “i” da CLT)
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A prestação de serviço é a contrapartida do


colaborador na relação de trabalho. Portanto, trata-
se de elemento básico do contrato de trabalho de
modo que se este, de forma contínua e habitual sem
motivo justificado, não comparece para exercer sua
atividade, consequentemente estará descumprindo
“His cetero impedit ancillae ea, id sua obrigação e, assim, possibilitando que tal
vitae iracundia pro. Et mea comportamento culmine em sua dispensa por justa
causa.
minimum dissentias
complectitur. Solum adversarium Sendo assim, diante de um aspecto tão fundamental
uc sed.” e objetivo, tendo em vista que se trata do
comparecimento pessoal do empregado ao local de
DE TAL, Fulano trabalho para exercer as atividades para as quais foi
designado, de quanto seria a quantidade de dias
para ficar caracterizado o abandono de emprego?
Além disso, exige-se que fique demonstrada a
vontade (expressa ou tácita) do empregado em
deixar de trabalhar na empresa em que se encontra
vinculado pela relação de trabalho?

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Para responder à primeira indagação, não temos


resposta dada de forma expressa pela legislação
trabalhista uma vez que esta não dispõe a respeito
do prazo máximo de ausência injustificada para
caracterização do abandono de emprego. No
entanto, por conta da existência de reiteradas
decisões a respeito na Justiça do Trabalho, os
Tribunais passaram a estipular uma regra geral no
sentido de se configurar o abandono os casos em
que as faltas ultrapassem o período de 30 (trinta)
dias ininterruptos. A jurisprudência também irá
reconhecer o abandono de emprego quando
surgirem evidências de que tal fato ocorreu mesmo
que não tenham decorrido os trinta dias, por
exemplo, quando existe a comprovação de que o
empregado já trabalha em um outro local.

Como deve agir o empregador em tais casos?


Inicialmente, diante da constatação das faltas
reiteradas do empregado, aconselha-se à empresa
enviar um comunicado por escrito (de preferência
via correio com Aviso de Recebimento ou uma

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notificação extrajudicial, podendo, no entanto, ser


por qualquer meio em que se prove o recebimento) Saiba mais!
ao empregado para que ele possa comparecer ao
Principalmente no setor bancário, há muitos
trabalho ou então justificar os motivos de suas
funcionários que entram em licença médica devido a
faltas. Tal providência é de suma importância até
problemas de depressão ou estresse e são vistos em
mesmo para que fiquem claros os motivos e a
fotos em praias, SPAs, entre outros lugares
intenção do empregado em relação às suas
relaxantes. Neste e em outros casos, as viagens
ausências, demonstrando-se, com isso, quais suas
podem ser partes integrantes do tratamento, mas
reais intenções. A demonstração desse aspecto
que deve ser devidamente comprovado pelo médico.
subjetivo também é levada em conta para a
Salvo em casos de licença médica, abandono de
caracterização do abandono. Se houver a recusa do
emprego é bem fácil de ser comprovado pelo
comparecimento ou mesmo o silêncio na resposta à
empregador.
comunicação, caberá ao empregador demiti-lo por
justa causa.

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Situação 10

Ofensa moral ou física


praticada no ambiente
de trabalho
(art. 482, “j” e “k” da CLT)
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Preliminarmente, imperioso que você saiba as


diferentes formas de ofensa que essa situação
poderá gerar!

Primeiramente, fala-se em ofensa moral. Dentro


dessa primeira hipótese, podemos encontrar três Ofensa moral (calúnia,
espécies diferentes, todas elas com previsão
expressa no Código penal: a) calúnia (art. 138 do
difamação ou injúria) ou física
CP); b) difamação (art. 139 do CP); c) injúria (art. praticada no ambiente de
140 do CP).
trabalho contra colegas,
Você sabe quais são as diferenças entre elas? Não?
Então vamos a uma rápida explicação.
empregador ou contra
superior hierárquico
A calúnia é aquele tipo de ofensa em que o
empregado atribui ao seu empregador ou colegas de (art. 482, “j” e “k”, CLT)
trabalho a prática de algum crime, sabendo que isso
nunca ocorreu. Por exemplo, o empregado, com
raiva de seu chefe depois de receber uma
advertência, começa a espalhar pela repartição um
boato falso de que ele estaria desviando recursos da
empresa!

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Já a difamação, diferentemente da calúnia, é um visando essa finalidade diz em redes sociais que sua
tipo de ofensa em que o ofensor (empregado) chefe é uma “ladra desonesta”.
imputa à vítima (colegas, empregador ou superior
Nota-se que, enquanto a calúnia e a difamação
hierárquico) a prática de alguma conduta
referem-se a fatos determinados (criminosos e
desabonadora, porém não criminosa,
desonrosos, respectivamente), a injúria refere-se a
independentemente ser verdadeiro ou falso.
fatos vagos ou indeterminados ou mesmo como já
Assim, o empregado que espalha fofocas na
disse antes ofensas relativas a uma característica
repartição referindo-se a colegas ou chefes, publica
negativa relacionada ao ofendido!
fatos desonrosos ou vexatórios a respeito desses em
redes sociais ou propala boatos que ouviu de Por fim, além da ofensa moral, essa também poderá
terceiro sobre essas mesmas pessoas estará ocorrer fisicamente, no ambiente de trabalho ou
incorrendo na prática da difamação. fora dele, sendo que a agressão somente não irá
culminar em demissão se essa for praticada em
Finalmente, a injúria que, a depender do caso,
legítima defesa.
poderá ser o mais grave dos crimes contra a honra
previsto no CP (quando envolver ofensas relativas à
raça, cor, etnia, religião, etc.), consiste naquela
prática em que o ofensor (o empregado) imputa
contra o ofendido alguma característica negativa
(via de regra algum tipo de xingamento ou
imprecação) com o fim de atingir sua dignidade ou
decoro. Imagine a situação em que o empregado,

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CONCLUSÃO
E
DÚVIDAS FREQUENTES
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1, Improbidade, via de regra, é toda 4. Para que empregador proceda à preciso demonstrar que a violação
ação ou omissão, dolosa ou culposa demissão por justa causa do de segredo da empresa
praticada pelo empregado, que empregado condenado efetivamente gerou um prejuízo e,
revelam desonestidade, abuso de criminalmente, está deverá ser além disso, que foi fruto de um ato
confiança, fraude ou má-fé, com a definitiva, transitada em julgado! de má-fé do empregado
finalidade de alcançar uma
vantagem para si ou para outra 5. O empregador, ao verificar que o 8. Deve-se ficar muito atento para
pessoa, causando, com isso, um comportamento desidioso de seu as situações de indisciplina e
prejuízo à empresa. colaborador está se tornando insubordinação pois poderão dar
habitual, primeiramente buscará ensejo à acusação de assédio moral.
2. A caracterização do que vem a ser informa-lo a não agir dessa forma. Todavia, se a prática da
um “mau procedimento” pode dar Caso ele persista, o caminho deverá insubordinação é corriqueira, a
margem para muitas interpretações. ser a emissão de uma advertência, demissão por justa causa é
Afinal, o que é uma conduta imoral sob pena de sofrer a dispensa por garantida.
ou antiética? Essas definições não justa causa
são muito claras para a maioria das 9. Para os Tribunais, regra geral, o
pessoas e isso não seria diferente 6. Descoberto o vício de seu abandono ocorrerá quando as faltas
para o empregador ou mesmo para empregado, deverá o empregador ultrapassem o período de 30
o empregado. analisar ainda mais criteriosamente (trinta) dias ou quando surgirem
a sua situação para decidir se o caso evidências de que o empregado já
3. Quando se fala em “negociação é de simples embriaguez em serviço trabalha em um outro local.
habitual”, a atividade exercida pelo ou se tal comportamento decorre de
empregado precisa reunir algum alcoolismo que merece de 10. Ofensa moral (calúnia,
dos requisitos que a tornem motivo tratamento médico para fins de se difamação ou injúria) ou física
para justa causa: a) desautorização reabilitar antes de tomar uma praticada no ambiente de trabalho
por parte do empregador; b) decisão inadvertida. contra colegas, empregador ou
constituir ato de concorrência; c) contra superior hierárquico não irá
gerar prejuízos ao serviço. 7. Para que a justa causa fique culminar em demissão por justa
caracterizada em tais casos, será causa se for em legítima defesa.
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conduta praticada pelo empregado


Dúvidas frequentes! acarreta violação séria e irreparável
risco de perder seu emprego e
todas as garantias que se esvaem
das obrigações contratuais. Além em caso de demissão por justa
1. Uso de celular no ambiente de
disso, a punição deve ocorrer tão causa.
trabalho. Não há normas na
logo se tome conhecimento do ato
legislação que que disciplinem o uso
ou fato praticado pelo trabalhador, 4. Justa causa do empregador existe?
de celular no ambiente de trabalho,
sendo a punição proporcional ao Sim, existe! Está prevista de forma
mas o entendimento que prevalece é
prejuízo causado. expressa no art. 483 da CLT e são
aquele que reconhece as horas do
trabalhador como pertencentes ao essas as causas da chamada
3. Medidas protetivas do empregado rescisão indireta. É o oposto do
empregador. O empregado, então, e do empregador. Pode ser
deve respeitar as regras para que se dá com a demissão por justa
considerada uma medida de bom causa pois, nesse caso, quem dá os
manter a produtividade, sendo senso praticada pelo empregador a
permitido o uso sem quaisquer motivos para a quebra do contrato
emissão advertências verbais e/ou é o empregador. Com isso, o
restrições apenas nos intervalos escritas ou até a suspensão para
para refeições e descanso! empregado passa a ter o direito de
tentar educar o empregado, antes de pedir o desligamento da empresa e,
se partir para uma medida extrema mesmo assim, manter todos os
2. Elementos para a justa causa.
como a demissão por justa causa. direitos trabalhistas decorrentes da
Havendo dúvida no momento de se
Há, todavia, casos e casos! Diz-se tal rescisão contratual, como resgate
decidir se a situação em que se
medida como sendo protetiva do FGTS, multa rescisória, etc.
encontra o empregado se enquadra
porque tanto o empregador quanto Dentre as hipóteses de justa causa
ou não em algum caso de demissão
o empregado poderão se beneficiar do empregador, podemos citar:
por justa causa, deve-se analisar a
dela. O empregador poderá usá-las
situação como um todo e então • Exigir serviços superiores às suas forças;
para demonstrar (como meio de • Tratamento dado pelo empregador ou por seus
verificar se estão presentes os
prova) que o empregado praticou e superiores hierárquicos com rigor excessivo;
seguintes elementos: a) gravidade; • Perigo manifesto de mal considerável;
admitiu a falta cometida. Para o • Não cumprimento pelo empregador das
b) atualidade; c) proporcionalidade.
empregado, tal medida poderá obrigações do contrato;
O empregador deverá evitar o • Prática de ato lesivo contra a honra do
servir de alerta para que ele reveja empregado pelo empregador ou seus prepostos;
excesso de punição, analisando se a
seu comportamento e não corra o • Etc.

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