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MACROECONOMIA II

MACRO BÁSICA:
DETERMINAÇÃO DA
RENDA NACIONAL
MODELO IS-LM
(Economia Fechada)
Froyen: Capítulos 5 a 8
Manual de Macro – Cap. 5
Blanchard: Capítulos 3, 4 e 5

Prof. Andrés Vivas Frontana


A CURVA IS – MERCADO DO PRODUTO

Especificação do modelo do mercado do produto,


em uma economia fechada:
(1) Condição de Equilíbrio: Y = C + I + G
(2) Renda Disponível: YD = Y – T
(3) Consumo: C = c0 + c.YD
(4) Investimento: I = I0 – a.r
(5) Tributação: T = t0 + t.Y
(6) Gasto do Governo: G = G*
A CURVA IS – MERCADO DO PRODUTO

Solução algébrica do modelo  substituindo as


equações (2) a (6) na condição de equilíbrio (1):
Y = c0 – c.t0 + I0 + G* _ a .r
1 – c.(1 – t) 1 – c.(1 – t)
Esta equação é chamada de Curva IS.
• Ela representa o equilíbrio do mercado do produto,
relacionando a renda real (Y) à taxa de juros (r).
• No mercado de bens e serviços, quanto maior a taxa
de juros, menor a renda (há uma relação inversa entre
a renda nacional e a taxa de juros real no mercado do
produto).
A CURVA LM – MERCADO DE MOEDA

 Especificação do modelo do mercado monetário,


em uma economia fechada :
(1) Condição de equilíbrio: MS = MD

(2) Demanda monetária: MD = k.Y – m.i

(3) Oferta monetária: MS = M*/P

(4) Preços constantes: P = P0 (inflação esperada e = 0)


A CURVA LM – MERCADO DE MOEDA
Solução algébrica do modelo  substituindo as equações (2)
a (4) na condição de equilíbrio (1):
i = – (M*/P0) + k .Y
m m
(em que i = r + e; supõe-se aqui que e = 0)
Esta equação é chamada de Curva LM.
Ela representa o equilíbrio do mercado de moeda.
 Pela curva LM, há uma relação direta entre a renda
nacional (Y) e a taxa de juros (nominal ou real) no mercado
monetário: quanto maior a renda, maior a taxa de juros.
 Isto decorre do fato de que, mantida constante a oferta de
moeda (MS), um aumento da renda (Y) aumentará a demanda
transacional por moeda (Mt), elevando a taxa de juros (i, r).
O MODELO IS-LM – EQUILÍBRIO SIMULTÂNEO

A solução algébrica do sistema de duas equações


fornece os valores de equilíbrio de Y e de i.
IS: Y = c0 – c.t0 + I0 + G* _ a .r
1 – c(1 – t) 1 – c(1 – t)
LM: i = – (M*/P0) + k .Y
m m
Trata-se de um sistema com duas equações (IS e LM) e
duas incógnitas, Y e i (r = i – e, ou i = r + e). A solução
do modelo determina endogenamente os valores de Y e i.
OBS: c0, c, t0, t, I0, a, k, m são parâmetros considerados constantes no
curto prazo. G* e M*/P são variáveis de política, exógenas ao modelo.
O MODELO IS-LM – EQUILÍBRIO SIMULTÂNEO

Representação gráfica do equilíbrio simultâneo dos


dois mercados:
r, i
(taxa de
juros) O modelo IS-LM mostra
LM que existe apenas uma
combinação da taxa de
juros real (r0) e do valor
da renda nacional (Y0)
E
que satisfaz o equilíbrio
(r, i)0
nos mercados do
produto e da moeda
simultaneamente
(ponto E).
IS

Y0
Y (produto)
EXERCÍCIO

Deduza as equações das curvas IS e LM e


calcule a renda e a taxa de juros de
equilíbrio da seguinte economia:

C = 3 + 0,8YD
T = 2 + 0,2Y
I = 10 – 5r
G=6
MD = 0,25Y – 4i
MS = 8
O MODELO IS-LM – EQUILÍBRIO SIMULTÂNEO

Desequilíbrios e reajustamentos:

r, i
(taxa de
LM
juros)

MS > MD
YS > YD

MS > MD MS < MD
YS < YD YS > YD

MS < MD
YS < YD
IS
Y (produto)
O MODELO IS-LM – POLÍTICA MONETÁRIA

Eficácia da Política Monetária


A eficácia da Política Monetária será tanto maior
quanto maior for a inclinação da LM e menor a
inclinação da IS.
r, i LM0 LM1
(taxa de
juros)

(r, i)0 E0
E1
(r, i)1
IS

Y0 Y1 Y (produto)
O MODELO IS-LM – POLÍTICA FISCAL

Eficácia da Política Fiscal


A eficácia da Política Fiscal será tanto maior
quanto maior for a inclinação da IS e menor a
inclinação da LM.
r, i IS0 IS1
(taxa de
juros)

E1 LM
(r, i)1
E0
(r, i)0

Y0 Y1 Y (produto)
MODELO IS-LM - EXERCÍCIOS

1. Quais são as possíveis fontes de deslocamentos das curvas IS e LM?


2. Utilize diagramas IS-LM para ilustrar os efeitos sobre o nível de
equilíbrio da renda e sobre a taxa de juros das seguintes políticas:
a) Política fiscal expansionista.
b) Política fiscal contracionista.
c) Política monetária expansionista.
d) Política monetária contracionista.
3. Qual o efeito de um distúrbio no consumo – por exemplo, um
aumento do consumo autônomo devido ao crédito consignado – sobre o
equilíbrio da renda? Como esse distúrbio poderia ser contrabalançado
por meio de política econômica?
4. Quando a política fiscal é mais eficaz, quando a elasticidade juro da
demanda por investimento é alta ou baixa? Mostre graficamente.
5. É correto afirmar que abaixo da curva IS tem-se excesso de oferta de
bens, enquanto abaixo da curva LM tem-se excesso de oferta de
moeda? Por que?
IS-LM – COMBINAÇÃO DE POLÍTICAS

Exemplo 1:
Meta do Tesouro (Política Fiscal): preservar nível de renda.
Banco Central: resolve fazer política monetária restritiva.
r LM2
Resultado:
LM1
r3
3 Y é mantido
2
constante
r sofre grande
r1 1 elevação (r3 > r1)
IS2 Troca de I por G
IS1 (crowding-out)
Y1 Y
IS-LM – COMBINAÇÃO DE POLÍTICAS

Exemplo 2:
Meta do Banco Central: estabilidade dos juros (I cte ou r = rext)
Tesouro: resolve aumentar gastos públicos.
r LM1 Resultado:
LM2 Y sofre grande
2
elevação (Y3>Y1),
1 3 se houver capa-
r1
cidade ociosa
r constante
IS2 (oferta de moeda
IS1 endógena)
Y1 Y3 Y
IS-LM – COMBINAÇÃO DE POLÍTICAS
Exemplo 3:
Meta do Banco Central: manutenção do nível de renda
(manter estabilidade de preços ou das contas externas).
Tesouro: resolve aumentar gastos públicos.
r LM2
Resultado:
LM1 Y é mantido cte
3
r3 r sofre grande
elevação (r3 > r1):
2
crowding-out
r1 1 induzido pela
política monetária
IS2 (troca de I por G).
IS1
Y1 Y
MACROECONOMIA II
MACRO BÁSICA:
DETERMINAÇÃO DA
RENDA NACIONAL –
MODELO DA-OA
DEMANDA AGREGADA
A PARTIR DO MODELO
IS-LM
Froyen: Capítulos 5 a 8
Manual de Macro – Cap. 5
IS-LM – DEDUÇÃO DA DEMANDA AGREGADA

Impacto de uma elevação no nível de preços (P):


Mantido o estoque de moeda (M = cte), ocorrerá uma
redução da oferta real de moeda (M/P), deslocando a LM
para a esquerda, com r, I e Y.
r
LM2 (M1/P2)

LM1 (M1/P1)

r2
P1 < P2
r1

IS
Y2 Y1 Y
IS-LM – DEDUÇÃO DA DEMANDA AGREGADA

Assim, dados os gastos autônomos (IS estável) e mantido


constante o estoque nominal de moeda (M), é possível
obter a função Demanda Agregada (P, Y).
P Ao longo da curva
de Demanda
Agregada (DA),
tanto o mercado
P2
de bens como o
mercado
P1 monetário estão
em equilíbrio,
DA conforme descrito
no Modelo IS-LM
Y2 Y1 Y
IS-LM – INCLINAÇÃO DA DEM. AGREGADA

A inclinação da curva de Demanda Agregada


depende dos mesmos fatores que determinam a
eficácia da Política Monetária, pois o impacto de
uma mudança no nível de preços (P) ou no estoque
nominal de moeda (M) é exatamente o mesmo:
altera-se a oferta real de moeda (M/P), provocando
o deslocamento da LM.
Assim, a inclinação da Demanda Agregada
refletirá o impacto da mudança da oferta real de
moeda (M/P) sobre o nível de renda (Y), ou seja, a
variação da renda provocada por um deslocamento
da curva LM.
IS-LM – DEMANDA AGREGADA

Curva de Demanda Agregada – Resumo:

A curva de DA se inclina negativamente porque


uma redução de preços eleva os saldos reais
(M/P) e reduz as taxas de juros, elevando o nível
de equilíbrio dos gastos e do produto.

Tanto a Política Monetária como uma Política


Fiscal expansionistas deslocam a curva de DA
para a direita, elevando o nível de equilíbrio dos
gastos e do produto a cada nível de preços.
MACROECONOMIA II
MACRO BÁSICA:
DETERMINAÇÃO DA
RENDA NACIONAL –
MODELO DA-OA
OFERTA AGREGADA
Manual de Macro – Cap. 7

Prof. Andrés Vivas Frontana


CURVA OA: PREÇOS PASSADOS

Oferta Agregada a partir de preços passados:


é um modelo em que os salários nominais
dependem do salário do período anterior e do
nível de desemprego. Os preços são formados
segundo uma regra de mark-up sobre os custos
diretos (salários).
CURVA OA: PREÇOS PASSADOS

w = w-1 [(1 – ( – N)]


Lei de Okun:  – N =  (YP – Y)
Regra de mark-up: P = w
P = P-1 [(1 – ( – N)]
P = P-1 [(1 – . (YP – Y)]
CURVA OA: PREÇOS PASSADOS

 A relação P = P-1 [1 –   (YP – Y)] pode ser


considerada uma primeira aproximação da curva
de oferta agregada, estabelecendo uma relação
positiva entre o nível corrente de preços e o produto.
P

OA

P-1

YP Y
Se o produto Y estiver abaixo do nível potencial (Y < YP), o nível de preços
corrente ficará abaixo do nível de preços do período anterior.
Se o produto Y estiver acima do nível potencial (Y > YP), o nível de preços
corrente ficará acima do nível de preços do período anterior.
CURVA OA: PREÇOS FUTUROS

Oferta Agregada a partir de expectativas: é


um modelo que considera que os agentes não
formam preços olhando para o passado, mas
para o futuro (Curva de Oferta de Lucas).
CURVA OA: PREÇOS FUTUROS

Curva de Lucas : Y = YP +  (P – Pe) ,  > 0

P
OA
P > Pe  Y > YP
P < P e  Y < YP
Pe P = P e  Y = YP

YP Y
CURVA OA: A CURVA DE PHILLIPS

Curva de Phillips: é uma outra forma


de expressar a curva de oferta agregada
positivamente inclinada. Contudo, ao
invés de relacionar produto e nível de
preços, a curva de Phillips relaciona
inflação e desemprego.
CURVA OA: A CURVA DE PHILLIPS

 A curva de Phillips pode ser deduzida a partir da


curva de oferta agregada obtida com base no
modelo de preços defasados.
 = –  ( – N)
 Já o modelo de preços que incorpora as
expectativas permite deduzir uma versão mais
ampla da curva de Phillips.
 = e –  ( – N) + 
 Com essa nova formulação, é possível discutir
tanto o papel das expectativas quando o dos
choques de oferta sobre a taxa de inflação.
CURVA OA: A CURVA DE PHILLIPS

Choques de oferta e mudanças de expectativas


N

e +  > 0
e +  = 0
e +  < 0
CURVA OA: PHILLIPS E EXPECTATIVAS

 Dois modelos básicos aprofundam a discussão da


formação de expectativas:
1) Modelo de Expectativas Adaptativas, por
meio do qual se chega à versão aceleracionista
(ou Friedman-Phelps) da curva de Phillips; e
2) Modelo de Expectativas Racionais: modelo
que ganha importância a partir dos anos 1970
(destaque para Robert Lucas, Thomas Sargent e
Neil Wallace).
CURVA OA: EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS

A hipótese das expectativas adaptativas diz que


os indivíduos corrigem suas expectativas em
relação ao valor esperado de uma variável de
acordo com os erros que cometeram no passado.
Ex.: se no período anterior o agente subestimou a
taxa de inflação, ele corrigirá sua nova expectativa,
levando em consideração a subestimação.
Essa regra pode ser explicitada pela seguinte
equação:
et = et-1 +  (t-1 – et-1)
sendo  = velocidade de correção das expectativas.
CURVA OA: EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS

et = et-1 +  (t-1 – et-1)


 No caso em que  = 1 (correção instantânea), o
valor esperado de uma variável será sempre o
valor verificado no último período.
 = 1  et = t-1
 Trata-se de uma regra simples muito seguida: os
agentes acham que a melhor forma de prever o
futuro é observar o passado recente.
CURVA OA: EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS

 Neste caso, quando os indivíduos olham o


passado como a melhor forma de prever o futuro,
mesmo que não haja choques de oferta ( = 0) ou
o desemprego se encontre em sua taxa natural
( = N), a inflação tende a se perpetuar no nível
previamente atingido, gerando a chamada
inércia inflacionária.
 Para que a inflação se reduza desse patamar, será
necessário ou um choque deflacionário ( < 0),
ou uma taxa de desemprego acima da natural
( > N), forçando os agentes a reverem suas
expectativas.
CURVA OA: EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS

 Ou seja, simplesmente contamina-se o presente


com os erros do passado, sem levar em conta as
novas informações disponíveis, perenizando-se
os erros.
CURVA OA: EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS

Curva de Phillips e expectativas



Curva de Phillips
3 de Longo Prazo

2

1 1 2

N

e = 2
e = 1
e = 0
CURVA OA: EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS

Taxa de sacrifício: quanto se perde de produto


para reduzir a inflação (Tx.S. = ∆Y/∆π).
• Se, por exemplo, a taxa de sacrifício for igual a 1,
isto significa que para reduzir de um ponto
percentual a taxa de inflação, perde-se um ponto
percentual em termos de produto.
• Nesse caso, se um país decidir reduzir a inflação
de 10% para zero, isso exigirá uma queda de 10
pontos percentuais no produto.
• Esse ajuste poderá ser feito de uma vez
CURVA OA: EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS

 O Modelo das Expectativas Adaptativas sofreu


uma série de críticas por desconsiderar as
informações do presente na formulação das
expectativas, o que seria algo bastante irracional.
 De acordo com a curva de Phillips, este tipo de
regra traz importante conseqüência em termos de
sacrifício envolvido no combate à inflação.
CURVA OA: EXPECTATIVAS RACIONAIS

Expectativas Racionais: os agentes levam em


consideração todas as informações relevantes
disponíveis sobre a variável que está sendo
prevista, maximizando a utilização dessas
informações na formação das expectativas,
inclusive aquelas relacionadas ao comportamento
da política econômica.
CURVA OA: EXPECTATIVAS RACIONAIS

Expectativas Racionais – duas versões:


✓ Versão simples (versão fraca): os agentes fazem
o melhor uso possível das informações de que
dispõem. Ou seja, compreendem como as
variáveis que observam afetarão a variável que
estão tentando prever.
• Os erros do passado deixam de influir nas
expectativas do presente, pois estas são formadas
no conjunto de informações disponíveis hoje.
• Os agentes não incorrem em erros sistemáticos,
ou seja, os erros de diferentes períodos não são
CURVA OA: EXPECTATIVAS RACIONAIS

Expectativas Racionais – duas versões:


 Versão forte: os agentes, em suas expectativas,
sempre acertam, na média, o valor efetivo da
variável. Assim,
E(e) = 
Cov t,t-1 = 0
em que E e Cov são, respectivamente, os
símbolos estatísticos de esperança matemática
(média esperada) e de covariância (medida de
correlação); e  = erro de previsão.
CURVA OA: EXPECTATIVAS RACIONAIS

✓ Considerando expectativas racionais, um


choque perfeitamente antecipado não teria
qualquer efeito sobre o produto e a curva de
oferta agregada de curto prazo também seria
vertical (ex. salários corrigidos de acordo com
expectativas de inflação).
✓ Apenas choques não antecipados poderiam ter
algum efeito transitório sobre as variáveis reais.
✓ Com expectativas racionais, não haveria tradeoff
MACROECONOMIA II
MACRO BÁSICA:
ESCOLHA
INTERTEMPORAL
CONSUMO E
ESCOLHA
INTERTEMPORAL
Manual de Macro – Cap. 9
Macroeconomia (Mankiw) – Cap.16

Prof. Andrés Vivas Frontana


FUNÇÃO CONSUMO KEYNESIANA

 Na função consumo keynesiana, a renda


disponível é o principal determinante do
consumo:
C = f(YD)  C = c0 + c.YD
 O fato do consumo depender da renda tem
importante implicação na eficácia da política
fiscal sobre a renda, em decorrência do efeito
multiplicador.
FUNÇÃO CONSUMO KEYNESIANA

 Também com base na função consumo


keynesiana é possível verificar que a razão entre
o nível de consumo C e o nível de renda Y,
conhecida como propensão média a consumir
(PMeC), cai à medida que a renda aumenta.
 Ou seja, famílias de renda mais alta tendem a
poupar mais do que as famílias de baixa renda.
 Isso pode ser visualizado graficamente com o
auxílio de uma diagonal de 45o.
FUNÇÃO CONSUMO KEYNESIANA

C Y = C (reta de 45o)
À medida que a renda
PMeC = C
Y (Y) aumenta, cai a
C Propensão Média a
Consumir (PMeC,
razão entre consumo e
renda).
Portanto, famílias com
renda mais alta tendem
a poupar mais do que as
de baixa renda.
Y
FUNÇÃO CONSUMO KEYNESIANA

Resultados empíricos de Kuznets:


 O formato da função consumo a partir de
orçamentos familiares revela que, se a renda se
eleva, o consumo também se eleva, mas a taxas
decrescentes (há uma maior PMgS nas classes
de renda mais elevadas). Ou seja, a PMeC é
decrescente, dentro da hipótese keynesiana.
 O formato da função consumo de longo prazo,
de acordo com resultados estatísticos, é linear. A
PMgC e a PMeC são iguais (uma reta partindo
da origem) e constantes.
CONSUMO E ESCOLHA INTERTEMPORAL

 Os resultados dos trabalhos empíricos motivaram


uma série de novas explicações para o
comportamento do consumo.
 Grande parte dessas explicações derivaram da
contribuição de Irving Fisher (economista norte-
americano) nos anos 1930, acerca da escolha
intertemporal, que leva em conta os interesses
presentes e futuros nas decisões de consumo.
 Na abordagem intertemporal, as famílias levam
em conta o futuro para decidir quanto consumir e
poupar hoje.
CONSUMO E ESCOLHA INTERTEMPORAL

 Restrição orçamentária intertemporal.


C1 + C2 / (1 + r) = Y1 + Y2 / (1 + r)
 Por essa restrição, o consumo no período 1 mais o
consumo no período 2, descontado pelo fator
(1 + r), tem de ser igual à renda no período 1 mais
a renda no período 2, também descontada por
(1 + r).
 O lado direito da restrição pode ser interpretado
como o valor presente de renda atual e da renda
futura.
CONSUMO E ESCOLHA INTERTEMPORAL

Restrição Orçamentária Intertemporal


C2 Inclinação da reta = – (1 + r)
Todos os pontos são
combinações possíveis para o
consumidor.
. B
Ponto A: consumidor não
poupa e consome exatamente
Y2 . A sua renda no período 1 (P1).
Ponto B: consumidor poupa
em P1 e consome mais em P2.
.C Ponto C: consome mais em P1
(empréstimos) e menos em P2.

Y1 C1
CONSUMO E ESCOLHA INTERTEMPORAL

Para analisar-se a escolha do consumidor, suponha-


se que suas preferências quanto à alocação do
consumo possam ser representadas por curvas de
indiferença convexas em relação à origem.
Consumo no
Período 2

. A

.
B U2
U1
Consumo no
Período 1
CONSUMO E RENDA PERMANENTE

 Principal contribuição da teoria do consumo


baseada na escolha intertemporal: as famílias, nas
suas decisões quanto ao consumo, levam em
conta não apenas a renda presente, mas também
a renda futura.
 Milton Friedman aperfeiçoou essa ideia com a
hipótese da renda permanente.
 Para Friedman, as pessoas tendem a manter um
padrão de consumo estável ao longo do tempo.
CONSUMO E RENDA PERMANENTE

 Esse padrão de consumo depende do que


Friedman chamou de renda permanente, isto é,
aquela renda que as famílias esperam receber ao
longo de suas vidas.
 Alterações no consumo, segundo essa teoria, são
devidas a alterações na renda permanente.
CONSUMO E RENDA PERMANENTE

 Alterações temporárias da renda (sazonalidades)


não implicariam aumento do consumo.
 Assim, alterações transitórias na renda teriam
pouco ou nenhum efeito sobre o consumo, pois as
pessoas tendem a poupar ou despoupar quando
ocorrem alterações temporárias na renda,
mantendo com isso um padrão estável de
consumo ao longo do tempo.
MODELO DE CICLO DE VIDA

 Outra contribuição sobre o consumo baseada na


escolha intertemporal de Fisher deve-se a Franco
Modigliani, também nos anos 1950, conhecida
como modelo do ciclo de vida do consumo e da
poupança.
 De acordo com esse modelo, as pessoas decidem
o quanto poupar e o quanto consumir de acordo
com as expectativas sobre a renda durante todo
seu período de vida.
 A idéia é que, ao longo da vida, a renda dos
consumidores tende a sofrer variações
significativas.
MODELO DE CICLO DE VIDA

 Jovem: renda menor;


Maturidade: consolidação da vida profissional e
renda maior;
Velhice: renda tende a sofrer queda significativa
(impossibilidade de continuar trabalhando).
 Quando jovens, as pessoas tendem a despoupar
ou tomar empréstimos, já que esperam ter renda
maior no futuro.
 No auge da vida profissional, pagam os
empréstimos e ainda poupam para manter o
padrão de vida na velhice.
CONSUMO E ESCOLHA INTERTEMPORAL

 A abordagem da escolha intertemporal permitiu à


macroeconomia uma visão mais aprofundada do
consumo.
 Se para Keynes o consumo era função da renda
corrente, outras teorias sugerem que o consumo
também é influenciado por taxa de juros, renda
permanente, riqueza e expectativas quanto ao
comportamento da renda futura.
MACROECONOMIA II
MACRO BÁSICA:
ESCOLHA
INTERTEMPORAL

INVESTIMENTO
Manual de Macro – Cap. 10

Prof. Andrés Vivas Frontana


INVESTIMENTO

 As decisões de investimento são feitas pelas


empresas. Como estas são, em última instância,
propriedade das famílias (reais detentoras dos
fatores de produção da economia), a decisão de
investir pode ser considerada como parte das
decisões das famílias sobre como alocar o
consumo no presente e no futuro.
DECISÃO DE INVESTIR

 Restrição orçamentária intertemporal das


famílias, considerando-se o investimento.
C1 + C2 / (1 + r) = (Y1 – I1) + Y2 / (1 + r)
 A riqueza W das famílias é maximizada quando
dW/dI = 0. Para que isso ocorra, é preciso que:
PMgK = (1 + r)
 Portanto, a produtividade marginal do capital no
segundo período (PMgK) deve ser igual ao custo
do capital (1 + r) para que sua riqueza seja
maximizada.
DECISÃO DE INVESTIR

 Pode-se estender o modelo de dois períodos para o


caso mais geral, considerando-se vários períodos,
bem como a depreciação.
PMgKt + 1 = r + d
em que r + d = custo do capital.
TEORIA q

Valor de Mercado do Capital Instalado


q = ———————————————————
Custo de Reposição do Capital Instalado

 O numerador do q de Tobin é o valor do capital


da economia determinado pelo mercado de
ações.
 O denominador é o preço desse capital caso
fosse adquirido hoje.
TEORIA q

 Se q > 1, vale a pena investir, pois a valorização da


empresa no mercado de ações mais do que
compensa o custo de reposição, ou o custo de se
aumentar o estoque de capital.
 Neste caso, os proprietários podem fazer crescer o
valor de mercado das ações de suas empresas
adquirindo maior quantidade de capital.
 Se q < 1, não haverá incentivos ao investimento,
pois o mercado de ações valoriza o capital em
menos do que o seu custo de reposição.
 Neste caso, os proprietários não farão a reposição
do capital conforme ele se desgastar.
MACROECONOMIA II
MACRO BÁSICA:
ESCOLHA
INTERTEMPORAL

DÍVIDA E DÉFICIT
PÚBLICO
Manual de Macro – Cap. 11

Prof. Andrés Vivas Frontana


ESCOLHA INTERTEMPORAL
Segundo o modelo keynesiano, uma política fiscal
expansionista mediante corte dos impostos (T)
tem, via efeito multiplicador, importante efeito
sobre o produto (Y), já que eleva a renda
disponível das famílias (YD) e o consumo
agregado (C).
Considerando-se, porém, que esse corte nos
impostos seja financiado via endividamento
público, e que essa dívida deverá ser paga no
futuro com a cobrança de mais impostos, o
resultado do modelo keynesiano pode não ser
válido.
ESCOLHA INTERTEMPORAL

As famílias, diante de sua restrição orçamentária


intertemporal, poderão simplesmente economizar
o corte para o pagamento dos impostos no futuro.
Essa lógica pode ser mais bem entendida com
base na Restrição Orçamentária Intertemporal
do Governo.
ESCOLHA INTERTEMPORAL

Restrição orçamentária intertemporal do


governo:
T1 + T2 / (1 + r) = G1 + G2 / ( 1 + r)
Restrição orçamentária intertemporal das
famílias para o modelo de dois períodos,
modificada pela inclusão dos impostos:
C1 + C2/(1 + r) = Y1 + Y2/(1 + r) – [T1 + T2/( 1 + r)]
Ou seja, o consumo vitalício da família é igual ao
valor atual da produção menos o valor atual dos
impostos.
ESCOLHA INTERTEMPORAL

Restrição orçamentária intertemporal das famílias


para o modelo de dois períodos, modificada pela
inclusão dos impostos:
C1 + C2/(1 + r) = Y1 + Y2/(1 + r) – [T1 + T2/( 1 + r)]
Ou seja, o consumo vitalício da família é igual ao
valor atual da produção menos o valor atual dos
impostos.
EQUIVALÊNCIA RICARDIANA
Com base nessa restrição, chega-se a uma
importante conclusão:
Se os impostos hoje são reduzidos em T e se vale
a restrição orçamentária intertemporal do governo,
ou seja, os impostos deverão subir amanhã em
T . (1 + r), não há variação no valor atual dos
impostos e, conseqüentemente, não haverá
alteração no consumo das famílias hoje.
Nesse caso, as famílias irão economizar o valor da
redução dos impostos para pagar o aumento futuro
destes.
Essa idéia é conhecida como equivalência
ricardiana.
CURVA DE LAFFER

A Curva de Laffer mostra a relação entre receita


tributária e taxa de impostos (carga tributária).
A Curva de Laffer diz que um aumento na taxa
de impostos eleva a receita tributária até
determinado ponto (máximo). A partir daí, maiores
taxas reduzem a receita tributária.
CURVA DE LAFFER

Se vale a Curva de
Receita
Laffer, o grande desafio
tributária
do governo consiste em
descobrir em que ponto
ele está na curva.
 Se estiver à esquerda
de tmax, poderá aumentar
sua receita com a
elevação das taxas.
 Se estiver à direita,
isso não será possível

tmax Taxa de
impostos
CURVA DE LAFFER

Pelo menos dois motivos podem explicar esse


comportamento:
1) um aumento nos impostos representa redução
no retorno sobre cada hora adicional de trabalho.
Isso pode, a partir de determinado ponto, levar as
pessoas a trabalhar menos, buscando mais lazer.
Ou seja, o imposto tem um efeito distorcido sobre
a opção entre renda e lazer; e
2) taxas de impostos muito altas podem criar
incentivos à sonegação, ou levar as pessoas a
procurar atividades cuja tributação é menor.
TRAJETÓRIA DA DÍVIDA PÚBLICA

(1+ i)
dt = dt-1 * —–––––––––––––– – h – s
(1 + g) . (1 + π)
d = razão dívida/PIB
i = taxa de juros
g = taxa de crescimento do PIB real
π = taxa de inflação
h = resultado fiscal/PIB, ou (T – G)/PIB
s = senhoriagem (variação da base monetária, isto é,
papel moeda em poder do público e reservas
bancárias, como proporção do PIB)
OBS.: Déficit Público = dt - dt-1 (variação da dívida)

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