Você está na página 1de 151

Modernismo

2ª fase
(1930 – 1945)
Poesia
Contexto Histórico .
O período que abrange toda a década de 30 e a
primeira metade dos anos 40 do século XX caracteriza-
se por mudanças profundas no cenário nacional,
decorrentes de transformações políticas internas e
de fatores externos. Entre eles, são importantes: a
queda da bolsa de Nova Iorque (1929), que fez cair
assustadoramente o preço do café, nosso principal
produto de exportação, levando fazendeiros à
bancarrota –
era a ruína econômica de uma boa parte da elite; a
ascensão de Getúlio Vargas; a Revolução
Constitucionalista de 1932; a aprovação da Lei de
Segurança Nacional, que garantia ao governo a
repressão de quaisquer atividades consideradas
subversivas; a implantação do Estado Novo; a censura
aos meios de comunicação imposta pelo DIP; o início
da Segunda Guerra Mundial. Devemos lembrar ainda
do Fascismo de Benito Mussolini na Itália (1922/1943)
e a invasão de Hitler à Polônia, dando início à II Guerra
Mundial.
Maturidade e alargamento

Na poesia da Geração de 30, houve a


consolidação das liberdades formais, conquistadas
pela geração anterior, que, somada ao
descompromisso em protagonizar uma revolução
estética permitiram tanto o cultivo dos versos
brancos e livres como o das formas tradicionais.
Grandes e inesquecíveis talentos surgiram no cenário
brasileiro desse período.
Quanto aos temas, observa-se uma grande
preocupação social decorrente da tensão política
que envolvia o mundo e que eclodiu na II Grande
Guerra. O medo, a incerteza, a perplexidade, a
sensação de abismo tomou conta da produção de
30, bem como uma tendência à espiritualidade.
Se de um lado se configura uma inquietação de
caráter universalizante, de outro, surge uma poesia
intimista. A coexistência dessa com aquela só não é
antitética, em virtude de esse intimismo acabar por
resvalar também no universal, fato facilmente
compreensível dado o momento histórico: a angústia e
os dilemas individuais refletem o contexto histórico
mundial. Nesse momento, a poesia religiosa é
notavelmente cultivada, em especial pelos articuladores
da revista Festa, de caráter espiritualista católico e neo-
simbolista. Aliás, nessa fase, frequentemente os
recursos simbolistas são mesclados às técnicas
propostas pela Geração de 22.
Em síntese

Nas décadas de 1930 e 40, a poesia brasileira


vivia um de seus melhores momentos. Tratava-se de
um período de maturidade e alargamento das
conquistas modernistas da primeira geração.
Maturidade porque já não havia necessidade de
escandalizar os meios culturais acadêmicos. Sem
radicalismos e excessos, os poetas sentem-se à
vontade tanto para escrever um poema com versos
quanto para fazer um soneto, sem que isso significasse
voltar ao Parnasianismo.
A poesia da segunda geração modernista foi,
essencialmente, uma poesia de questionamento: da
existência humana, do sentimento de “estar-no-
mundo”, das inquietações social, religiosa,
filosófica, amorosa. Carlos Drummond de Andrade é
o poeta que melhor representa o espírito dessa
geração, e sua produção poética encontra-se num
dos pontos mais altos da nossa literatura.
Principais poetas
Murilo Mendes
Olhar irreverente dos primeiros
modernistas;
Recuperação de textos do Quinhentismo;
Tendência religiosa como consolo para a
existência humana;
Influências surrealistas.
Texto I
Canção do exílio

Minha terra tem macieiras da Califórnia


onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
Texto II
Pré-história

Mamãe vestida de rendas


Tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém:
Cai no álbum de retratos.
Jorge de Lima
 Multiplicidade de temas (o negro, a
sociedade, Deus, a infância,...),
semelhante a Murilo Mendes;

 Tom coloquial e afetividade.


Texto III
Mulher proletária

Mulher proletária - única fábrica


que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
0 operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção, a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.
Vinícius de Moraes
Poeta social, sensual, transcendente;

Tematizou o amor e a mulher;

Influências simbolistas;

Uso do soneto, da rima e da metrificação;

Religiosidade e angústia associada à oscilação entre


matéria e espírito;

Poesia do cotidiano e dos relacionamentos amorosos;


Texto IV
Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto


Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento


Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante


Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Moraes
UFRJ 2008 - Texto V
Como se comportar no cinema
(A arte de namorar)

Poucas atividades humanas são mais agradáveis


que o ato de namorar, e é sobre a arte de praticá-lo
dentro dos cinemas que queremos fazer esta crônica.
Porque constitui uma arte fazê-lo bem no interior de
recintos cobertos, mormente quando se dispõe da
vantagem de ambiente escuro propício. A tendência
geral do homem é abusar das facilidades que lhe são
dadas, e nada mais errado; pois a verdade é que
namorando em público, além dos limites, perturba ele
aos seus circunstantes, podendo atrair sobre si a
curiosidade, a inveja e mesmo a ira daqueles que vão
ao cinema sozinhos e pagam pelo direito de assistir ao
filme em paz de espírito.
Ora, o namoro é sabidamente uma atividade que se
executa melhor a coberto da curiosidade alheia. Se
todos os frequentadores dos cinemas fossem casais de
namorados, o problema não existiria, nem esta crônica,
pois a discrição de todos com relação a todos estaria na
proporção direta da entrega de cada um ao seu namoro
específico. [...] De modo que, uma das coisas que os
namorados não deveriam fazer é se enlaçar por sobre o
ombro e juntar as cabeças. Isso atrapalha demais o
campo visual dos que estão à retaguarda. [...]
Cochichar, então, é uma grande falta de educação
entre namorados no cinema. Nada perturba mais que o
cochicho constante e, embora eu saiba que isso é pedir
muito dos namorados, é necessário que se contenham
nesse ponto, porque afinal de contas aquilo não é casa
deles.
Um homem pode fazer milhões de coisas –
massagem no braço da namorada, cosquinha no seu
joelho, festinha no rostinho delazinha; enfim, a grande
maioria do trabalho de “mudanças” em automóveis não
hidramáticos – sem se fazer notar e, consequentemente,
perturbar aos outros a fruição do filme na tela. Porque
uma coisa é certa: entre o namoro na tela – e pode ser
até Clark Gable versus Ava Gardner – e o namoro no
cinema, este é que é o real e positivo, o perturbador, o
autêntico.
Questão 01
O texto de Vinicius de Moraes, sobre a “arte de
namorar” no cinema, levanta uma hipótese que anularia
a existência da crônica. Transcreva exclusivamente a
oração subordinada adverbial que traduz a referida
hipótese.

Questão 02
O sufixo (z)inho, empregado repetidamente na
passagem “festinha no rostinho delazinha”, é de enorme
vitalidade na língua. Comprove essa vitalidade, no
plano morfológico, a partir do uso do diminutivo nos
vocábulos da referida passagem.
GABARITO
GABARITO UFRJ 2008

Questão 01
A oração que traduz a referida hipótese é a
seguinte: “Se todos os frequentadores dos cinemas
fossem casais de namorados”.

Questão 02
A vitalidade do sufixo (z)inho no plano morfológico
fica comprovada por sua aplicação não só a bases
nominais (substantivos e adjetivos), como em festa e em
rosto, mas também a outras bases menos usuais, como,
por exemplo, a pronomes, como em (d)ela.
Questão 03
“Porque constitui uma arte fazê-lo bem no interior
de recintos cobertos, mormente quando se dispõe da
vantagem de ambiente escuro propício.”
Substitua o vocábulo em destaque – pouco
usual na língua falada – por outro que preserve o
sentido do termo e a estrutura da frase.
GABARITO

Questão 03
O vocábulo “mormente” pode ser substituído por
principalmente, sobretudo, maiormente.
Texto VI
Desde sempre

Na minha frente, no cinema escuro e silencioso


Eu vejo as imagens musicalmente rítmicas
Narrando a beleza suave de um drama de amor.
Atrás de mim, no cinema escuro e silencioso
Ouço vozes surdas, viciadas
Vivendo a miséria de uma comédia de carne.
Cada beijo longo e casto do drama
Corresponde a cada beijo ruidoso e sensual da comédia
Minha alma recolhe a carícia de um
E a minha carne a brutalidade do outro.
Eu me angustio.
Desespera-me não me perder da comédia ridícula e falsa
Para me integrar definitivamente no drama.
Sinto a minha carne curiosa prendendo-me às palavras
implorantes
Que ambos se trocam na agitação do sexo
Tento fugir para a imagem pura e melodiosa
Mas ouço terrivelmente tudo
Sem poder tapar os ouvidos.
Num impulso fujo, vou para longe do casal impudico
Para somente poder ver a imagem.
Mas é tarde. Olho o drama sem mais penetrar-lhe a beleza
Minha imaginação cria o fim da comédia que é sempre o
mesmo fim
E me penetra a alma uma tristeza infinita
Como se para mim tudo tivesse morrido.
Questão 04
Autores e obras de um determinado período podem
apresentar – nos níveis da forma ou do conteúdo –
padrões estéticos e ideológicos caracterizadores de um
outro momento histórico. Partindo de tal afirmação, pode-
se dizer que o texto VI, embora escrito por um poeta do
século XX, apresenta um conflito tipicamente barroco.
Descreva esse conflito com base em elementos
extraídos do texto.
GABARITO

Questão 04
No espaço físico da sala de cinema, o eu-lírico
mostra-se dividido entre “a beleza suave de um drama
de amor”, que repercute em sua alma, e “a miséria de
uma comédia de carne”, que apela para seus desejos
carnais: “minha alma recolhe a carícia de um / e a minha
carne a brutalidade do outro”. Desse modo, o poema
apresenta um conflito tipicamente barroco: carne/corpo
versus espírito/alma, construído em diversas passagens
do texto.
Texto VII
O Dia de meu pai

Faz hoje nove anos que Clodoaldo Pereira da


Silva Moraes, homem pobre mas de ilustre estirpe,
desincompatibilizou-se com este mundo. Teve ele, entre
outras prebendas(*) encontradas no seu modesto, mas
lírico caminho, a de ser meu pai. E como, ao seu tempo,
não havia essa engenhosa promoção de imprensa
chamada de “O Dia do Papai”, eu quero, em ocasião,
trazer nesta crônica o humilde presente que nunca lhe
dei quando menino; não só porque, então, a data não
existia, como porque o pouco numerário que eu
conseguia, quando em calças curtas, era furtado às
suas algibeiras; furtos cuidadosamente planejados e
executados cedo de manhã, antes que ele se levantasse
para o trabalho, e que não iam além de uma moeda
daquelas grandes de 400 réis.
Eu tirava um prazer extraordinário dessas
incursões ao seu quarto quente de sono, e operava em
seus bolsos de olho grudado nele, ouvindo-lhe o doce
ronco que era para mim o máximo. Quem nunca teve
um pai que ronca não sabe o que é ter pai.
Se Clodoaldo Pereira da Silva e eu trocamos dez
palavras durante a sua vida foi muito. Bom dia, como
vai, até a volta — às vezes nem isso. Há pessoas com
quem as palavras são desnecessárias. Nos
entendíamos e amávamos mudamente meu pai e eu.
Talvez pelo fato de sua figura emocionar-me tanto, evitei
sempre pisar com ele o terreno das coisas emocionais,
pois estou certo de que, se começássemos a falar,
cairíamos os dois em pranto, tão grandes eram em nós
os motivos para chorar (...)

Vinícius de Moraes
(*) Prebenda: tarefa pesada, grande trabalho.
Questão 13
Nesse fragmento em que Vinícius de Moraes
relembra a figura paterna, várias vezes aparecem
palavras em sentido figurado, conotativo. Assinale a
alternativa em que o sentido é literal.
a) “...desincompatibilizou-se com este mundo.”
b) “...operava em seus bolsos de olho grudado nele...”
c) “Teve ele, entre outras prebendas encontradas no seu
modesto, mas lírico caminho, a de ser meu pai.”
d) “Nos entendíamos e amávamos mudamente meu pai e
eu.”
e) “...evitei sempre pisar com ele o terreno das coisas
emocionais...”
GABARITO: D
Questão 14
Metáfora é uma figura de linguagem que consiste
numa comparação abreviada (comparação: este mundo
é como um palco; metáforas: este mundo é um palco;
ele desempenhou bem o seu papel no palco da
existência).
Assinale o trecho do texto em que há metáfora.
a)“E como, ao seu tempo, não havia essa engenhosa
promoção de imprensa chamada de ‘O Dia do Papai’...”
b) “...furtos cuidadosamente planejados e executados cedo
de manhã...”
c) “Eu tirava um prazer extraordinário dessas incursões ao
seu quarto...”
d) “Nos entendíamos e amávamos mudamente meu pai e
eu.”
e) “...evitei sempre pisar com ele o terreno das coisas
emocionais...”
GABARITO: E
Texto VIII
UERJ 2008
Uma mulher chamada guitarra

Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a


guitarra, ou violão, era “a música em forma de mulher”.
A frase o encantou e ele a andou espalhando como se
ela constituísse o que os franceses chamam um mot
d’esprit1. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada
disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos. O violão é
não só a música (com todas as suas possibilidades
orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de
todos os instrumentos musicais que se inspiram na
forma feminina – viola, violino, bandolim, violoncelo,
contrabaixo –, o único que representa a
mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço
alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e
ancas plenas; cultivada, mas sem jactância2; relutante
em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama;
atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de
caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e
apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e
até mulheres-contrabaixo.
(...) Divino, delicioso instrumento que se casa tão
bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos
da natureza, induz ao maravilhoso abandono! E não é à
toa que um dos seus mais antigos ascendentes se
chama viola d’amore3, como a prenunciar o doce
fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo
melodioso acento de suas cordas... Até na maneira de
ser tocado – contra o peito – lembra a mulher que se
aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada,
parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome
toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame
acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser
nunca totalmente sua.
Ponha-se num céu alto uma Lua tranquila. Pede
ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas
só se por trás dele houvesse um Casals4. Um
bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seus
tremolos5, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que
pede então (direis) uma Lua tranquila num céu alto? E
eu vos responderei: um violão. Pois dentre os
instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o
violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.
Para viver um grande amor.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1984.
Vinicius de MORAES

Vocabulário:
1 mot d’esprit – dito espirituoso
2 jactância – arrogância, orgulho, vaidade
3 viola d’amore – viola de amor, antigo instrumento
musical
4 Casals – Pablo Casals, famoso violoncelista do
século passado
5 tremolos – repetições rápidas de uma ou duas
notas musicais
Questão 01
O título do texto de Vinicius de Moraes
estabelece, indiretamente, uma relação de identidade
entre dois elementos.
Tal relação se torna possível pela aplicação do
seguinte mecanismo:
(A) criação de valor ilógico para uma palavra
(B) vinculação de elemento inanimado a uma pessoa
(C) atribuição de característica inusitada a um objeto
(D) transformação de sentido denotativo em metafórico

Questão 02
Algumas estratégias argumentativas são
empregadas para persuadir o leitor de que a opinião do
enunciador é, na verdade, um fato.
A estratégia de persuasão presente nesse texto
não inclui o uso de:
(A) imagem poética
(B) pergunta retórica
(C) interlocução direta
(D) argumento de autoridade

Questão 03
O violão é não só a música (...) em forma de
mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se
inspiram na forma feminina (...), o único que representa
a mulher ideal: (l. 7-12)
Para defender o ponto de vista acima
apresentado, o enunciador organiza o segundo
parágrafo com base em um processo de:
(A) definição
(B) associação
(C) exemplificação
(D) contextualização

Questão 04
A metáfora-base do texto se realiza, em plenitude,
no terceiro parágrafo.
O caráter conferido por esse parágrafo ao texto
pode ser qualificado como:
(A) emotivo
(B) sensual
(C) figurativo
(D) contemplativo
GABARITO

Questão 01
C
Questão 02
D
Questão 03
B
Questão 04
B
Texto IX
Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu seu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Escritora intuitiva;
Inclinação neo-simbolista;
Espiritualidade e musicalidade;
Poesia reflexiva e filosófica, tematizando a transitoriedade
da vida e a fugacidade do tempo e das coisas;
Reflexões sobre questões de natureza política e social;
Imagens da natureza e do infinito;
Revisitação da Inconfidência Mineira.
Texto X
Motivo

Eu canto porque o instante existe


e a minha vida esta completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,


não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.


Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles
Texto XI
Romance XXIV ou da Bandeira da Inconfidência

(...)
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
brilham fardas e casacas,
junto com batinas pretas.
E há finas mãos pensativas,
entre galões, sedas, rendas,
e há grossas mãos vigorosas,
de unhas fortes, duras veias,
e há mãos de púlpito e altares,
de Evangelhos, cruzes, bênçãos.
(...)
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
uns sugerem, uns recusam,
uns ouvem, uns aconselham.
Se a derrama for lançada,
há levante, com certeza.
(...)
Coisas da Maçonaria,
do Paganismo ou da Igreja?
A Santíssima Trindade?
Um gênio a quebrar algemas?
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência.
(...)
LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva,
e sobe, na noite imensa.
E os seus tristes inventores
já são réus — pois se atreveram
a falar em Liberdade
(que ninguém sabe o que seja).

Liberdade, essa palavra


Que o sonho humano alimenta
Que não há ninguém que explique
E ninguém que não entenda.
Texto XII
Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,


assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?"
Carlos Drummond
de Andrade

“Vai, Carlos! Ser gauche na vida”.


“A poesia é
incomunicável.
Fique torto no seu canto”.
Interiorano de Minas Gerais;
Linguagem carregada de lucidez e ironia;
Poeta do “estar-no-mundo” e do “gauchismo”;
Cultivou poesia social, metalinguística, memorialista,
filosófica,...;

Sua poesia pode ser assim dividida:

1ª fase: Poemas mais apegados às influências da


Geração de 22: versos brancos e livres, prosaísmo,
coloquialismo, humor, predomínio do “eu”.Família e
cidade natal com saudosismo;
Questionamento do sentido da vocação literária e da
função social do poeta;
Desencontro entre o ser e o mundo (gauchismo);
2ª fase: Poemas com predomínio de temas sociais, como
o Estado Novo e a Segunda Guerra Mundial; linguagem
um pouco mais clássica.

3ª fase: Poemas com temas sociais e individuais; reúne


versos rimados e metrificados, com outros em versos
brancos e livres; questionamento do sentido da vida e
das coisas, antíteses, paradoxos e contradições.

4ª fase: Poemas cujos temas sintetizam as fases


anteriores; ocorra a retomada do humorismo da primeira
fase; experimentos formais que incluem o Concretismo.
Existe ainda uma quinta, desenvolvida a partir da
década de 1970. Nas últimas obras, Drummond cultivou
a memória, os amigos, o amor a Lígia Fernandes, e
seguiu com o questionamento da vida, dos homens e de
si mesmo, mas também apresentou uma novidade: um
livro de poemas eróticos: O Amor Natural.
Texto XIII
Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto


desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens


que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode


é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo


se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Carlos Drummond de Andrade


Texto XIV
José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.

José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,

você é duro, José!


Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Piadas Nerd

E agora, José? O teclado quebrou, o anti-


vírus expirou, a internet caiu, o windows travou.
E agora, José? #DIAdaPOESIA

(Via @RGuilardi)
Texto XV
Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo


que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o


convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
Fernandes
que não tinha entrado na história.
Texto XVI
Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Texto XVII
Cota zero

Stop.
A vida parou
Ou foi o automóvel?
Texto XVIII
Hipótese

E se Deus é canhoto
e criou com a mão esquerda?
Isso explica, talvez, as coisas deste mundo.
Texto XIX
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da
janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens
presentes, a vida presente.
Texto XX
Lembranças do mundo antigo
Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo em redor de Clara.

As crianças olhavam para o céu: não era proibido.


A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã!!!
Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!
UFF 2000
Texto I
Rio de Janeiro

Fios nervos riscos faíscas.


As cores nascem e morrem
Com impudor violento
Onde meu vermelho ? Virou cinza.
Passou a boa ! Peço a palavra !
Meus amigos todos estão satisfeitos
Com a vida dos outros.
Fútil nas sorveterias.
Pedante nas livrarias...
Nas praias nu nu nu nu nu nu .
Tu tu tu tu tu no meu coração.
Mas tantos assassinatos, meu Deus.
E tantos adultérios também.
E tantos tantíssimos contos-do-vigário ...
(Este povo quer me passar a perna .)
Meu coração vai molemente dentro do táxi.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de


Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p.11.

Questão 01
Responda, com uma frase completa, a cada uma
das perguntas abaixo:
a) Qual o sentido, dentro do contexto, da expressão
sublinhada nos versos “Meus amigos todos estão
satisfeitos / Com a vida dos outros.” (v. 6 e 7)?
b) A que estilo de época pertence o texto I ? Justifique sua
resposta.

GABARITO
a) O eu lírico refere-se a uma situação em que seus
amigos encontram-se satisfeitos com a vida, mas não
com a deles, como seria de se esperar. Ao dizer que
estão “satisfeitos com a vida dos outros” , insinua que:
1) seus amigos vivem falando dos outros; 2) seus
amigos comparam suas vidas com as dos outros, o que
pode implicar tanto que não estejam satisfeitos com as
suas próprias vidas, quanto que invejam as vidas
alheias.
b) Modernismo, porque trata de um tema ligado à vida
cotidiana, usando uma linguagem informal em estrofes
assimétricas, sem preocupação com uma metrificação
rígida.
UERJ 2008 – 2º exame de qualificação
Texto II
Coração numeroso

Foi no Rio.
Eu passava na Avenida quase meia-noite.
Bicos de seio batiam nos bicos de luz estrelas
inumeráveis.
Havia a promessa do mar
e bondes tilintavam,
abafando o calor
que soprava no vento
e o vento vinha de Minas.
Meus paralíticos sonhos desgosto de viver
(a vida para mim é vontade de morrer)
faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente
na Galeria Cruzeiro quente quente
e como não conhecia ninguém a não ser o doce vento
mineiro,
nenhuma vontade de beber, eu disse: Acabemos com isso.
Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas
autos abertos correndo caminho do mar
voluptuosidade errante do calor
mil presentes da vida aos homens indiferentes,
que meu coração bateu forte, meus olhos inúteis choraram.
O mar batia em meu peito, já não batia no cais.
A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu
a cidade sou eu
sou eu a cidade
meu amor.

Carlos Drummond de Andrade


moriconi, Italo (org.). Os cem melhores poemas brasileiros
do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Questão 06
O título Coração numeroso expressa o vínculo
final do eu lírico tanto com o Rio de Janeiro quanto com
Minas Gerais.
Em relação a esses lugares, o título revela a
seguinteatitude do eu lírico:
(A) temer os dois
(B) valorizar a ambos
(C) preferir um ao outro
(D) abandonar um pelo outro

Questão 07
O poema de Drummond pode ser dividido em duas
partes em que se manifestam sentimentos de exclusão
e de identificação em relação ao Rio de Janeiro.
O verso que demarca a mudança de sentimento
do eu lírico é:
(A) “Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas”
(v. 15)
(B) “O mar batia em meu peito, já não batia no cais.” (v. 20)
(C) “A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu” (v. 21)
(D) “meu amor.” (v. 24)

Questão 08
Minas Gerais é um espaço privilegiado de lembrança
no poema.
A relação de pertencimento que o eu lírico estabelece
com tal espaço está sintetizada em:
(A) “e bondes tilintavam,” (v. 5)
(B) “faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente” (v. 11)
(C) “voluptuosidade errante do calor” (v. 17)
(D) “mil presentes da vida aos homens indiferentes,” (v. 18)

Questão 09
O discurso poético se caracteriza pelo uso de recursos
que abrem ao leitor a possibilidade de múltiplas
interpretações.
A dupla possibilidade de leitura de uma mesma
palavra é o recurso que provoca essa multiplicidade em:
(A) “Eu passava na Avenida quase meia-noite.” (v. 2)
(B) “Bicos de seio batiam nos bicos de luz
estrelasinumeráveis.” (v. 3)
(C) “Meus paralíticos sonhos desgosto de viver” (v. 9)
(D) “na Galeria Cruzeiro quente quente” (v. 12)
GABARITO

Questão 06
B
Questão 07
A
Questão 08
B
Questão 09
C
Manoel de Barros

“Não gosto de palavra acostumada”


Manoel de Barros (1917) nasceu em Cuiabá e
publicou sua primeira obra, “Pecado”, em 1937.
Fazendeiro, homem culto, o poeta vive isolado no
Pantanal, mas perfeitamente informado da grande poesia
feita no Brasil e no exterior. Embora ligado
cronologicamente à geração de 30, o autor trilha um
percurso pessoal.
Como toda grande poesia, a de Barros trata do
destino d homem, do medo da morte, da sombra da
infância se projetando no adulto, da busca da felicidade e
consequente contencioso de frustrações e da face oculta
de um Deus (creia-se ou não nele) que nos perseguem
vida afora.
Texto XXI
VI
Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença
delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor,
esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável,
o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida
um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? - ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em
estradas -
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas
e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
agramática.
Texto XXII
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá, onde a criança
diz:
eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
Funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele
delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta,
que é a voz
De fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.
Questão 01
Estabeleça uma relação entre o poema e a seguinte
frase, também de autoria de Manoel de Barros: "Não
gosto de palavra acostumada".
GABARITO
Ao afirmar que “não gosta de
palavra acostumada”, entende-se que
tal palavra é aquela acostumada à
denotação, ao sentido do dicionário;
para se fazer poesia, a conotação, ou
seja, a linguagem figurada se faz
necessária (“o verbo tem que pegar
delírio”).
Texto XXIII
O Provedor

Andar à toa é coisa de ave.


Meu avô andava à toa.
Não prestava pra quase nunca.
Mas sabia o nome dos ventos
E todos os assobios para chamar passarinhos.
Certas pombas tomavam ele por telhado e passavam
as tardes frequentando o seu ombro.
Falava coisas pouco sisudas que fora escolhido para
ser uma árvore.
Lírios o meditavam.
Meu avô era tomado por leso porque de manhã dava
bom-dia aos sapos, ao sol, às águas.
Só tinha receio de amanhecer normal.
Penso que ele era provedor de poesia como as aves
e os lírios do campo.
Simulado Novo Enem Inep
Texto I
O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.


Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In.


PINTO, Manuel da Costa.
Antologia comentada da poesia brasileira do século 21.
São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.

Questão 02
É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar
seres e coisas considerados, em geral, de menor
importância no mundo moderno. No poema de Manoel
de Barros, essa valorização é expressa por meio da
a) linguagem denotativa, para evidenciar a oposição entre
elementos da natureza e da modernidade.
b) rebuscada de neologismos que depreciam elementos
próprios do mundo moderno.
c) hiperbólica, para elevar o mundo dos seres
insignificantes.
d) simples, porém expressiva no uso de metáforas para
definir o fazer poético do eu-lírico poeta.
e) referencial, para criticar o instrumentalismo técnico e o
pragmatismo da era da informação digital.
Questão 03
Considerando o papel da arte poética e a leitura
do poema de Manoel de Barros, afirma-se que
informática e invencionática são ações que, para o
poeta, correlacionam-se:
a) ambas têm o mesmo valor na sua poesia.
b) arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas
maneiras que o homem encontra para dar sentido à
própria vida.
c) a capacidade do ser humano de criar está condicionada
aos processos de modernização tecnológicos.
d) a invenção poética, para dar sentido ao desperdício,
precisou se render às inovações da informática.
e) as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso à
poesia resta o silêncio da não comunicabilidade.
GABARITO

Questão 02
D
Questão 03
B
Mário Quintana
Mario Quintana foi um importante escritor,
jornalista e poeta gaúcho. Nasceu na cidade de Alegrete
(Rio Grande do Sul) no dia 30 de julho de 1906.
Trabalhou também como tradutor de importantes obras
literárias. Com um tom irônico, escreveu sobre as coisas
simples da vida, porém buscando sempre a perfeição
técnica.
Sua infância foi marcada pela dor e solidão, pois
perdeu a mãe com apenas três anos de idade e o pai
não chegou a conhecer (morreu antes de seu Viveu na
cidade natal até os 13 anos de idade. Em 1919, mudou-
se para a cidade de Porto Alegre, onde foi estudar no
Colégio Militar. Foi nesta instituição de ensino que
começou a escrever seus primeiros textos literários.
Já na fase adulta, Mario Quintana foi trabalhar na
Editora Globo. Começou a atuar na tradução de obras
literárias. Durante sua vida traduziu mais de cem obras
da literatura mundial.
Entre as mais importantes, traduziu “Em busca do
tempo perdido” de Marcel Proust e “Mrs. Dalloway” de
Virgínia Woolf. .
Com 34 anos de idade lançou-se no mundo da
poesia. Em 1940, publicou seu primeiro livro com
temática infantil: “A rua dos cataventos”. Volta a publicar
um novo livro somente em 1946 com a obra “Canções”.
Dois anos mais tarde lança “Sapato Florido”. Porém,
somente em 1966 sua obra ganha reconhecimento
nacional. Neste ano, Mario Quintana ganha o Prêmio
Fernando Chinaglia da União Brasileira dos Escritores,
pela obra “Antologia Poética”. Neste mesmo ano foi
homenageado pela Academia Brasileira de Letras.
Ainda em vida recebeu outra homenagem em Porto
Alegre. No centro velho da capital gaúcha é montado, no
prédio do antigo Hotel Majestic, um centro cultural com o
nome de Casa de Cultura Mário Quintana.
Faleceu na capital gaúcha no dia 5 de maio de 1994,
deixando um herança de grande valor em obras
literárias.
Simulado Novo Enem
Texto I
Elegia

Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer com


elas...
Uma velhinha sozinha numa gare.
Um sapato preto perdido do seu par: símbolo
da mais absoluta viuvez.
As recordações das solteironas.
Essas gravatas de um mau gosto tocante
que nos dão as velhas tias.
As velhas tias.
Um novo parente que se descobre.
A palavra "quincúncio".
Esses pensamentos que nos chegam de súbito nas
ocasiões mais impróprias.
Um cachorro anônimo que resolve ir seguindo a gente
pela madrugada na cidade deserta.
Este poema, este pobre poema
sem fim...
Vocabulário
Elegia - s.f.(a) Composição poética ou música
consagrada ao luto e a tristeza.
Gare - do francês, estação de estrada-de-ferro.

Questão 01
O eu-lírico estrutura seu poema através,
principalmente, da (do):
a) Dialética
b) Silogismo
c) Exemplificação
d) Gradação
e) Sofisma
Questão 02
Observando-se o título do poema, podemos
relacioná-lo, diretamente, pelo campo semântico e pelo
contexto às palavras (retiradas do poema):
a) “triste” / “nunca”
b) “viuvez” / “pobre”
c) “velhas” / “pensamentos”
d) “poema” / “anônimo”
e) “pobre” / “mau”
Questão 03
Muitas poesias modernistas são repletas de
coloquialismo e de traços de afetividade.
Há exemplo de coloquialismo e traços de afetividade
em todos os versos abaixo, exceto:
a) Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer com
elas...
b) As recordações das solteironas.
c) Este poema, este pobre poema
d) Uma velhinha sozinha numa gare.
e) A palavra "quincúncio".
GABARITO
Gabarito comentado

Questão 01 (Intelecção) – C
A estrutura do poema dá-se pela exemplificação: do
verso 2 ao verso 14 o eu-lírico vai definindo, através de
exemplos, as coisas com as quais a gente nunca sabe o
que fazer.

Questão 02 (Intelecção) – B
O significado de elegia é do mesmo campo
semântico de “viuvez”, “pobre” (luto, tristeza). Vale
lembrar ainda que, em relação ao contexto, a palavra
“pobre” pertence a esse campo de significado.

Questão 03 (Níveis de linguagem) - E


Nas demais alternativas, há exemplos de
coloquialismo (“solteironas”, “gente” e a estruturação da
alternativa a, repleta de repetição de negação) e
afetividade (“velhinha”, “pobre”).
UFRJ 99
Texto V
O circo o menino a vida

A moça do arame
Equilibrando a sombrinha
Era de uma beleza instantânea e fulgurante!
A moça do arame ia deslizando e despindo-se.
Lentamente.
Só para judiar.
E eu com os olhos cada vez mais arregalados
Até parecerem dois pires:
Meu tio dizia:
“bobo!”
Não sabes
Que elas sempre trazem uma roupa de malha por
baixo?
(Naqueles voluptuosos tempos não havia maiôs nem
biquínis...)
Sim! Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos
virgens
Segredava-me
Sempre:
“Quem sabe?”
Eu tinha oito anos e sabia esperar.
Agora não sei esperar mais nada
Desta nem da outra vida.
No entanto
O menino
(que não sei como insiste em não morrer em mim)
ainda e sempre
apesar de tudo
apesar de todas as desesperanças,
o menino
às vezes segreda-me baixinho
“Titio, quem sabe?...”
Ah, meu Deus, essas crianças!
Questão 08
Releia os versos 9 a 17.
A expressão “Naqueles voluptuosos tempos” (verso
13) marca uma posição do eu-lírico em relação ao
passado.
Considerando essa posição do eu-lírico em
relação ao passado, explique o emprego dos
parênteses no verso 13.

Questão 09
“Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos
virgens
segredava-me
sempre:
“Quem sabe?...” ( versos 14 a 17 )
“o menino
às vezes
segreda-me baixinho
“Titio, quem sabe?...” ( versos 27 a 30 )
Observando o emprego dos tempos verbais nos
vocábulos sublinhados acima, explique o que é a
infância na concepção do poema.
GABARITO

Questão 08
O emprego dos parênteses revela que, no verso
13, o eu-lírico faz um comentário (ou dá uma explicação)
sobre o passado, do qual se distancia.

Questão 09
A partir do emprego dos tempos verbais, verifica-
se que, na concepção do poema, a infância é um estado
permanente no eu-lírico.
UERJ 2004 LP/LB
Texto III
Função

Me deixaram sozinho no meio do circo


Ou era apenas um pátio uma janela uma rua uma esquina
Pequenino mundo sem rumo
Até que descobri que todos os meus gestos
Pendiam cada um das estrelas por longos fios invisíveis
E havia súbitas e lindas aparições como aquela das longas
tranças
E todas imitavam tão bem a vida
Que por um momento se chegava a esquecer a sua cruel
inocência de bonecas
E eu dizia depois coisas tão lindas
E tristes
Que não sabia como tinham ido parar na minha boca
E o mais triste não era que aquilo fosse apenas um jogo
cambiante de reflexos
Porque afinal um belo pião dançante
Ou zunindo imóvel
Vive uma vida mais intensa do que a mão ignorada que o
arremessou
E eu danço tu danças nós dançamos
Sempre dentro de um círculo implacável de luz
Sem saber quem nos olha atenta ou distraidamente do
escuro...

(QUINTANA, Mário. Antologia poética. Rio


de Janeiro: Editora do Autor, 1966.)
Questão 06
No poema de Mário Quintana, a vida é uma
encenação num palco ou picadeiro, e o homem um
joguete submetido aos caprichos da sorte.
Esta ideia é expressa metaforicamente pelo
seguinte trecho:
(A) “todos os meus gestos / Pendiam (...) das estrelas por
longos fios invisíveis” (v. 4 - 5)
(B) “por um momento se chegava a esquecer a sua cruel
inocência de bonecas” (v. 8)
(C) “Vive uma vida mais intensa do que a mão ignorada
que o arremessou” (v. 15)
(D) “E eu danço tu danças nós dançamos” (v. 16)
Questão 07
Dentre os traços formais presentes neste poema,
aquele que não caracteriza a estética do Modernismo
brasileiro é:
(A) emprego de adjetivação dupla
(B) ausência de sinais de pontuação
(C) uso de versos desprovidos de rima
(D) aproveitamento da sintaxe coloquial

Questão 08
Do início ao verso 12, o poema apresenta
exclusivamente formas verbais no tempo passado. No
verso 15, porém, o poeta introduz o tempo presente.
O valor estilístico desta modificação do tempo do
verbo é:
(A) retratar o movimento rotativo do pião
(B) fazer uma reflexão de validade permanente
(C) produzir um contraste irônico entre o circo e a vida
(D) registrar um fato ocorrido no momento da narração
Questão 09
Nos segmentos a seguir foram introduzidas
pequenas alterações, que aparecem sublinhadas.
A alternativa em que a alteração modifica o
sentido do trecho original é:
(A) “meus gestos / imitavam as estrelas” (v. 4 - 5)
(B) “as quais não sabia como tinham ido parar na minha
boca” (v. 11)
(C) “apenas um jogo mutante de reflexos” (v. 12)
(D) “Porque na verdade um belo pião dançante” (v. 13)
Questão 10
Alguns vocábulos do texto aparecem abaixo
seguidos de uma análise gramatical.
Esta análise está incorreta na seguinte alternativa:
(A) “havia” (v. 6) – está na terceira pessoa do singular, por
se tratar de verbo impessoal
(B) “Que” (v. 8) – é conjunção consecutiva, por introduzir o
efeito do fato expresso no verso 7
(C) “fosse” (v. 12) – é forma do pretérito imperfeito do
subjuntivo, por exprimir hipótese
(D) “atenta” (v. 18) – está no feminino, por constituir um
exemplo de silepse de gênero
GABARITO

Questão 06
A
Questão 07
A
Questão 08
B
Questão 09
A
Questão 10
D
UERJ 2007 Instrumental
Olho as minhas mãos

Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas


Porque são minhas. Mas é tão esquisito distendê-las
Assim, lentamente, como essas anêmonas do
fundo do mar...
Fechá-las, de repente,
Os dedos como pétalas carnívoras!
Só apanho, porém, com elas, esse alimento
impalpável do tempo,
Que me sustenta, e mata, e que vai secretando
o pensamento
Como tecem as teias as aranhas.
A que mundo
Pertenço?
No mundo há pedras, baobás1 , panteras,
Águas cantarolantes, o vento ventando
E no alto as nuvens improvisando sem cessar.
Mas nada, disso tudo, diz: “existo”.
Porque apenas existem...
Enquanto isto,
O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos
Palavras mágicas,
Fazemos
Poemas, pobres poemas
Que o vento
Mistura, confunde e dispersa no ar...
Nem na estrela do céu nem na estrela do mar
Foi este o fim da Criação!
Mas, então,
Quem urde eternamente a trama de tão velhos
sonhos?
Quem faz – em mim – esta interrogação?

(QUINTANA, Mário. Apontamentos de história


sobrenatural. Porto Alegre: Globo, 1984.)
Vocabulário
1 baobá – árvore comum em regiões secas, rica em
reservas de água.
Questão 06
No poema de Mário Quintana, a sensação de
deslocamento no mundo vivenciada pelo eu lírico
origina-se da falta de explicação para a existência.
Essa problemática emerge a partir de uma
inquietação relacionada aos seguintes temas:
(A) religião e violência
(B) arte e engajamento
(C) imaginação e mudança
(D) temporalidade e finitude

Questão 07
As figuras de linguagem são recursos comumente
utilizados no texto poético como meio de afastar-se do
significado literal das palavras.
A caracterização da figura de linguagem
sublinhada está adequadamente indicada em:
(A) “Os dedos como pétalas carnívoras!” (v. 5) – ironia
(B) “Como tecem as teias as aranhas.” (v. 8) – metáfora
(C) “No mundo há pedras, baobás, panteras,” (v. 11) –
metonímia
(D) “Águas cantarolantes, o vento ventando” (v. 12) –
hipérbole

Questão 08
Além de funcionar como elemento de ligação
entre termos de mesmo valor, o conectivo e foi utilizado
no texto, algumas vezes, para exprimir o efeito de
aceleração contínua.
Esse conectivo foi empregado para produzir tal
efeito em:
(A) “Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o
pensamento” (v. 7)
(B) “E no alto as nuvens improvisando sem cessar.” (v. 13)
(C) “E, cheios de esperança e medo,” (v. 18)
(D) “Mistura, confunde e dispersa no ar...” (v. 24)
Questão 09
A metalinguagem pode ser percebida quando, em
uma mensagem, a linguagem passa a ser o próprio
objeto do discurso.
A metalinguagem não está presente na seguinte
alternativa:
(A) “A que mundo / Pertenço?” (v. 9 - 10)
(B) “Fazemos / Poemas, pobres poemas” (v. 21 - 22)
(C) “Foi este o fim da Criação!” (v. 26)
(D) “Quem faz – em mim – esta interrogação?” (v. 29)
GABARITO

Questão 06
D
Questão 07
C
Questão 08
A
Questão 09
A
UERJ 2011 Instrumental
Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam


não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
MÁRIO QUINTANA
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005.
Questão 01
“E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...” (v. 10-12)
De acordo com esses versos, um dos efeitos da
compreensão da leitura é :
(A) alimentar o leitor com novas perspectivas e opções
(B) revelar ao leitor suas próprias sensações e
pensamentos
(C) transformar o leitor em uma pessoa melhor e mais
consciente
(D) deixar o leitor maravilhado com a beleza e o
encantamento do poema
Questão 02
O texto é todo construído por meio do emprego de
uma figura de estilo.
Essa figura é denominada de:
(A) elipse
(B) metáfora
(C) metonímia
(D) Personificação

Questão 03
“Eles não têm pouso
nem porto” (v. 6-7)
Os versos acima podem ser lidos como uma
pressuposição do autor sobre o texto literário.
Essa pressuposição está ligada ao fato de que a
obra literária, como texto público, apresenta o seguinte
traço:
(A) é aberta a várias leituras
(B) provoca desejo de transformação
(C) integra experiências de contestação
(D) expressa sentimentos contraditórios
GABARITO

Questão 01
B
Questão 02
B
Questão 03
A
UNIRIO 2007
Texto II
Auto-retrato

No retrato que me faço


— traço a traço —
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore ...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança ...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão ...
e, desta lida, em que busco
— pouco a pouco —
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança ...
Corrigido por um louco!

Mário Quintana

Questão 06
Além da ênfase indicada pelo recurso gráfico dos
travessões, os versos
“— traço a traço —”
e
“— pouco a pouco —”,
indicam ser o eu-lírico dotado de muita
a) reverência.
b) timidez.
c) perseverança.
d) tristeza.
e) infantilidade.

Questão 07
Nos versos
“ de que nem há mais lembrança
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão ...”,
a progressão textual indica ocorrência de
a) causa e consequência.
b) ordenação espacial.
c) sequência temporal.
d) enumeração de detalhes.
e) relação de retificação.

Questão 08
No caderno Prosa e Verso do jornal O Globo, de 29
de julho deste ano, em reportagem comemorativa ao
centenário de Mário Quintana, lê-se que o poeta “Dizia que
não tivera infância, mas o espírito de guri traquinas e
silencioso perdurou ao longo dos seus 87 anos.”. No poema
Auto-retrato, essa temática ocorre, consolidada
principalmente no verso “ Um desenho de criança” (v. 13 ).
O último verso do poema “ Corrigido por um
louco!” (v. 14) em relação a todo o poema indica
a) repressão.
b) descuido.
c) empenho.
d) método.
e) ingenuidade.

Questão 09
A leitura de vários poemas de Mário Quintana
permite observar um olhar lírico que aproxima
elementos da natureza a etapas da vida, como ocorre
na primeira estrofe do texto II.
O conjunto de versos que ratifica essa leitura é
a) “ Os arroios são rios guris...
Vão pulando e cantando dentre as pedras...”
( os arroios)
b) “ Não sei que paisagem doidivanas
Mistura os tons ... aceita ...desacerta...”
( A Rua dos Cataventos)
c) “ Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!”
( Obsessão do Mar Oceano)
d) “ O grilo procura
No escuro
O mais puro diamante pedido”
( Poema)
e) “ O meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Onde vêm pousar as andorinhas. “
( Poeminha sentimental)
GABARITO

Questão 06
C
Questão 07
C
Questão 08
A
Questão 09
A

Você também pode gostar