Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2ª fase
(1930 – 1945)
Poesia
Contexto Histórico .
O período que abrange toda a década de 30 e a
primeira metade dos anos 40 do século XX caracteriza-
se por mudanças profundas no cenário nacional,
decorrentes de transformações políticas internas e
de fatores externos. Entre eles, são importantes: a
queda da bolsa de Nova Iorque (1929), que fez cair
assustadoramente o preço do café, nosso principal
produto de exportação, levando fazendeiros à
bancarrota –
era a ruína econômica de uma boa parte da elite; a
ascensão de Getúlio Vargas; a Revolução
Constitucionalista de 1932; a aprovação da Lei de
Segurança Nacional, que garantia ao governo a
repressão de quaisquer atividades consideradas
subversivas; a implantação do Estado Novo; a censura
aos meios de comunicação imposta pelo DIP; o início
da Segunda Guerra Mundial. Devemos lembrar ainda
do Fascismo de Benito Mussolini na Itália (1922/1943)
e a invasão de Hitler à Polônia, dando início à II Guerra
Mundial.
Maturidade e alargamento
Influências simbolistas;
Vinícius de Moraes
UFRJ 2008 - Texto V
Como se comportar no cinema
(A arte de namorar)
Questão 02
O sufixo (z)inho, empregado repetidamente na
passagem “festinha no rostinho delazinha”, é de enorme
vitalidade na língua. Comprove essa vitalidade, no
plano morfológico, a partir do uso do diminutivo nos
vocábulos da referida passagem.
GABARITO
GABARITO UFRJ 2008
Questão 01
A oração que traduz a referida hipótese é a
seguinte: “Se todos os frequentadores dos cinemas
fossem casais de namorados”.
Questão 02
A vitalidade do sufixo (z)inho no plano morfológico
fica comprovada por sua aplicação não só a bases
nominais (substantivos e adjetivos), como em festa e em
rosto, mas também a outras bases menos usuais, como,
por exemplo, a pronomes, como em (d)ela.
Questão 03
“Porque constitui uma arte fazê-lo bem no interior
de recintos cobertos, mormente quando se dispõe da
vantagem de ambiente escuro propício.”
Substitua o vocábulo em destaque – pouco
usual na língua falada – por outro que preserve o
sentido do termo e a estrutura da frase.
GABARITO
Questão 03
O vocábulo “mormente” pode ser substituído por
principalmente, sobretudo, maiormente.
Texto VI
Desde sempre
Questão 04
No espaço físico da sala de cinema, o eu-lírico
mostra-se dividido entre “a beleza suave de um drama
de amor”, que repercute em sua alma, e “a miséria de
uma comédia de carne”, que apela para seus desejos
carnais: “minha alma recolhe a carícia de um / e a minha
carne a brutalidade do outro”. Desse modo, o poema
apresenta um conflito tipicamente barroco: carne/corpo
versus espírito/alma, construído em diversas passagens
do texto.
Texto VII
O Dia de meu pai
Vinícius de Moraes
(*) Prebenda: tarefa pesada, grande trabalho.
Questão 13
Nesse fragmento em que Vinícius de Moraes
relembra a figura paterna, várias vezes aparecem
palavras em sentido figurado, conotativo. Assinale a
alternativa em que o sentido é literal.
a) “...desincompatibilizou-se com este mundo.”
b) “...operava em seus bolsos de olho grudado nele...”
c) “Teve ele, entre outras prebendas encontradas no seu
modesto, mas lírico caminho, a de ser meu pai.”
d) “Nos entendíamos e amávamos mudamente meu pai e
eu.”
e) “...evitei sempre pisar com ele o terreno das coisas
emocionais...”
GABARITO: D
Questão 14
Metáfora é uma figura de linguagem que consiste
numa comparação abreviada (comparação: este mundo
é como um palco; metáforas: este mundo é um palco;
ele desempenhou bem o seu papel no palco da
existência).
Assinale o trecho do texto em que há metáfora.
a)“E como, ao seu tempo, não havia essa engenhosa
promoção de imprensa chamada de ‘O Dia do Papai’...”
b) “...furtos cuidadosamente planejados e executados cedo
de manhã...”
c) “Eu tirava um prazer extraordinário dessas incursões ao
seu quarto...”
d) “Nos entendíamos e amávamos mudamente meu pai e
eu.”
e) “...evitei sempre pisar com ele o terreno das coisas
emocionais...”
GABARITO: E
Texto VIII
UERJ 2008
Uma mulher chamada guitarra
Vocabulário:
1 mot d’esprit – dito espirituoso
2 jactância – arrogância, orgulho, vaidade
3 viola d’amore – viola de amor, antigo instrumento
musical
4 Casals – Pablo Casals, famoso violoncelista do
século passado
5 tremolos – repetições rápidas de uma ou duas
notas musicais
Questão 01
O título do texto de Vinicius de Moraes
estabelece, indiretamente, uma relação de identidade
entre dois elementos.
Tal relação se torna possível pela aplicação do
seguinte mecanismo:
(A) criação de valor ilógico para uma palavra
(B) vinculação de elemento inanimado a uma pessoa
(C) atribuição de característica inusitada a um objeto
(D) transformação de sentido denotativo em metafórico
Questão 02
Algumas estratégias argumentativas são
empregadas para persuadir o leitor de que a opinião do
enunciador é, na verdade, um fato.
A estratégia de persuasão presente nesse texto
não inclui o uso de:
(A) imagem poética
(B) pergunta retórica
(C) interlocução direta
(D) argumento de autoridade
Questão 03
O violão é não só a música (...) em forma de
mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se
inspiram na forma feminina (...), o único que representa
a mulher ideal: (l. 7-12)
Para defender o ponto de vista acima
apresentado, o enunciador organiza o segundo
parágrafo com base em um processo de:
(A) definição
(B) associação
(C) exemplificação
(D) contextualização
Questão 04
A metáfora-base do texto se realiza, em plenitude,
no terceiro parágrafo.
O caráter conferido por esse parágrafo ao texto
pode ser qualificado como:
(A) emotivo
(B) sensual
(C) figurativo
(D) contemplativo
GABARITO
Questão 01
C
Questão 02
D
Questão 03
B
Questão 04
B
Texto IX
Soneto de Fidelidade
Cecília Meireles
Texto XI
Romance XXIV ou da Bandeira da Inconfidência
(...)
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
brilham fardas e casacas,
junto com batinas pretas.
E há finas mãos pensativas,
entre galões, sedas, rendas,
e há grossas mãos vigorosas,
de unhas fortes, duras veias,
e há mãos de púlpito e altares,
de Evangelhos, cruzes, bênçãos.
(...)
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
uns sugerem, uns recusam,
uns ouvem, uns aconselham.
Se a derrama for lançada,
há levante, com certeza.
(...)
Coisas da Maçonaria,
do Paganismo ou da Igreja?
A Santíssima Trindade?
Um gênio a quebrar algemas?
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência.
(...)
LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva,
e sobe, na noite imensa.
E os seus tristes inventores
já são réus — pois se atreveram
a falar em Liberdade
(que ninguém sabe o que seja).
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
(Via @RGuilardi)
Texto XV
Quadrilha
Stop.
A vida parou
Ou foi o automóvel?
Texto XVIII
Hipótese
E se Deus é canhoto
e criou com a mão esquerda?
Isso explica, talvez, as coisas deste mundo.
Texto XIX
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da
janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens
presentes, a vida presente.
Texto XX
Lembranças do mundo antigo
Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo em redor de Clara.
Questão 01
Responda, com uma frase completa, a cada uma
das perguntas abaixo:
a) Qual o sentido, dentro do contexto, da expressão
sublinhada nos versos “Meus amigos todos estão
satisfeitos / Com a vida dos outros.” (v. 6 e 7)?
b) A que estilo de época pertence o texto I ? Justifique sua
resposta.
GABARITO
a) O eu lírico refere-se a uma situação em que seus
amigos encontram-se satisfeitos com a vida, mas não
com a deles, como seria de se esperar. Ao dizer que
estão “satisfeitos com a vida dos outros” , insinua que:
1) seus amigos vivem falando dos outros; 2) seus
amigos comparam suas vidas com as dos outros, o que
pode implicar tanto que não estejam satisfeitos com as
suas próprias vidas, quanto que invejam as vidas
alheias.
b) Modernismo, porque trata de um tema ligado à vida
cotidiana, usando uma linguagem informal em estrofes
assimétricas, sem preocupação com uma metrificação
rígida.
UERJ 2008 – 2º exame de qualificação
Texto II
Coração numeroso
Foi no Rio.
Eu passava na Avenida quase meia-noite.
Bicos de seio batiam nos bicos de luz estrelas
inumeráveis.
Havia a promessa do mar
e bondes tilintavam,
abafando o calor
que soprava no vento
e o vento vinha de Minas.
Meus paralíticos sonhos desgosto de viver
(a vida para mim é vontade de morrer)
faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente
na Galeria Cruzeiro quente quente
e como não conhecia ninguém a não ser o doce vento
mineiro,
nenhuma vontade de beber, eu disse: Acabemos com isso.
Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas
autos abertos correndo caminho do mar
voluptuosidade errante do calor
mil presentes da vida aos homens indiferentes,
que meu coração bateu forte, meus olhos inúteis choraram.
O mar batia em meu peito, já não batia no cais.
A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu
a cidade sou eu
sou eu a cidade
meu amor.
Questão 06
O título Coração numeroso expressa o vínculo
final do eu lírico tanto com o Rio de Janeiro quanto com
Minas Gerais.
Em relação a esses lugares, o título revela a
seguinteatitude do eu lírico:
(A) temer os dois
(B) valorizar a ambos
(C) preferir um ao outro
(D) abandonar um pelo outro
Questão 07
O poema de Drummond pode ser dividido em duas
partes em que se manifestam sentimentos de exclusão
e de identificação em relação ao Rio de Janeiro.
O verso que demarca a mudança de sentimento
do eu lírico é:
(A) “Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas”
(v. 15)
(B) “O mar batia em meu peito, já não batia no cais.” (v. 20)
(C) “A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu” (v. 21)
(D) “meu amor.” (v. 24)
Questão 08
Minas Gerais é um espaço privilegiado de lembrança
no poema.
A relação de pertencimento que o eu lírico estabelece
com tal espaço está sintetizada em:
(A) “e bondes tilintavam,” (v. 5)
(B) “faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente” (v. 11)
(C) “voluptuosidade errante do calor” (v. 17)
(D) “mil presentes da vida aos homens indiferentes,” (v. 18)
Questão 09
O discurso poético se caracteriza pelo uso de recursos
que abrem ao leitor a possibilidade de múltiplas
interpretações.
A dupla possibilidade de leitura de uma mesma
palavra é o recurso que provoca essa multiplicidade em:
(A) “Eu passava na Avenida quase meia-noite.” (v. 2)
(B) “Bicos de seio batiam nos bicos de luz
estrelasinumeráveis.” (v. 3)
(C) “Meus paralíticos sonhos desgosto de viver” (v. 9)
(D) “na Galeria Cruzeiro quente quente” (v. 12)
GABARITO
Questão 06
B
Questão 07
A
Questão 08
B
Questão 09
C
Manoel de Barros
Questão 02
É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar
seres e coisas considerados, em geral, de menor
importância no mundo moderno. No poema de Manoel
de Barros, essa valorização é expressa por meio da
a) linguagem denotativa, para evidenciar a oposição entre
elementos da natureza e da modernidade.
b) rebuscada de neologismos que depreciam elementos
próprios do mundo moderno.
c) hiperbólica, para elevar o mundo dos seres
insignificantes.
d) simples, porém expressiva no uso de metáforas para
definir o fazer poético do eu-lírico poeta.
e) referencial, para criticar o instrumentalismo técnico e o
pragmatismo da era da informação digital.
Questão 03
Considerando o papel da arte poética e a leitura
do poema de Manoel de Barros, afirma-se que
informática e invencionática são ações que, para o
poeta, correlacionam-se:
a) ambas têm o mesmo valor na sua poesia.
b) arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas
maneiras que o homem encontra para dar sentido à
própria vida.
c) a capacidade do ser humano de criar está condicionada
aos processos de modernização tecnológicos.
d) a invenção poética, para dar sentido ao desperdício,
precisou se render às inovações da informática.
e) as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso à
poesia resta o silêncio da não comunicabilidade.
GABARITO
Questão 02
D
Questão 03
B
Mário Quintana
Mario Quintana foi um importante escritor,
jornalista e poeta gaúcho. Nasceu na cidade de Alegrete
(Rio Grande do Sul) no dia 30 de julho de 1906.
Trabalhou também como tradutor de importantes obras
literárias. Com um tom irônico, escreveu sobre as coisas
simples da vida, porém buscando sempre a perfeição
técnica.
Sua infância foi marcada pela dor e solidão, pois
perdeu a mãe com apenas três anos de idade e o pai
não chegou a conhecer (morreu antes de seu Viveu na
cidade natal até os 13 anos de idade. Em 1919, mudou-
se para a cidade de Porto Alegre, onde foi estudar no
Colégio Militar. Foi nesta instituição de ensino que
começou a escrever seus primeiros textos literários.
Já na fase adulta, Mario Quintana foi trabalhar na
Editora Globo. Começou a atuar na tradução de obras
literárias. Durante sua vida traduziu mais de cem obras
da literatura mundial.
Entre as mais importantes, traduziu “Em busca do
tempo perdido” de Marcel Proust e “Mrs. Dalloway” de
Virgínia Woolf. .
Com 34 anos de idade lançou-se no mundo da
poesia. Em 1940, publicou seu primeiro livro com
temática infantil: “A rua dos cataventos”. Volta a publicar
um novo livro somente em 1946 com a obra “Canções”.
Dois anos mais tarde lança “Sapato Florido”. Porém,
somente em 1966 sua obra ganha reconhecimento
nacional. Neste ano, Mario Quintana ganha o Prêmio
Fernando Chinaglia da União Brasileira dos Escritores,
pela obra “Antologia Poética”. Neste mesmo ano foi
homenageado pela Academia Brasileira de Letras.
Ainda em vida recebeu outra homenagem em Porto
Alegre. No centro velho da capital gaúcha é montado, no
prédio do antigo Hotel Majestic, um centro cultural com o
nome de Casa de Cultura Mário Quintana.
Faleceu na capital gaúcha no dia 5 de maio de 1994,
deixando um herança de grande valor em obras
literárias.
Simulado Novo Enem
Texto I
Elegia
Questão 01
O eu-lírico estrutura seu poema através,
principalmente, da (do):
a) Dialética
b) Silogismo
c) Exemplificação
d) Gradação
e) Sofisma
Questão 02
Observando-se o título do poema, podemos
relacioná-lo, diretamente, pelo campo semântico e pelo
contexto às palavras (retiradas do poema):
a) “triste” / “nunca”
b) “viuvez” / “pobre”
c) “velhas” / “pensamentos”
d) “poema” / “anônimo”
e) “pobre” / “mau”
Questão 03
Muitas poesias modernistas são repletas de
coloquialismo e de traços de afetividade.
Há exemplo de coloquialismo e traços de afetividade
em todos os versos abaixo, exceto:
a) Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer com
elas...
b) As recordações das solteironas.
c) Este poema, este pobre poema
d) Uma velhinha sozinha numa gare.
e) A palavra "quincúncio".
GABARITO
Gabarito comentado
Questão 01 (Intelecção) – C
A estrutura do poema dá-se pela exemplificação: do
verso 2 ao verso 14 o eu-lírico vai definindo, através de
exemplos, as coisas com as quais a gente nunca sabe o
que fazer.
Questão 02 (Intelecção) – B
O significado de elegia é do mesmo campo
semântico de “viuvez”, “pobre” (luto, tristeza). Vale
lembrar ainda que, em relação ao contexto, a palavra
“pobre” pertence a esse campo de significado.
A moça do arame
Equilibrando a sombrinha
Era de uma beleza instantânea e fulgurante!
A moça do arame ia deslizando e despindo-se.
Lentamente.
Só para judiar.
E eu com os olhos cada vez mais arregalados
Até parecerem dois pires:
Meu tio dizia:
“bobo!”
Não sabes
Que elas sempre trazem uma roupa de malha por
baixo?
(Naqueles voluptuosos tempos não havia maiôs nem
biquínis...)
Sim! Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos
virgens
Segredava-me
Sempre:
“Quem sabe?”
Eu tinha oito anos e sabia esperar.
Agora não sei esperar mais nada
Desta nem da outra vida.
No entanto
O menino
(que não sei como insiste em não morrer em mim)
ainda e sempre
apesar de tudo
apesar de todas as desesperanças,
o menino
às vezes segreda-me baixinho
“Titio, quem sabe?...”
Ah, meu Deus, essas crianças!
Questão 08
Releia os versos 9 a 17.
A expressão “Naqueles voluptuosos tempos” (verso
13) marca uma posição do eu-lírico em relação ao
passado.
Considerando essa posição do eu-lírico em
relação ao passado, explique o emprego dos
parênteses no verso 13.
Questão 09
“Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos
virgens
segredava-me
sempre:
“Quem sabe?...” ( versos 14 a 17 )
“o menino
às vezes
segreda-me baixinho
“Titio, quem sabe?...” ( versos 27 a 30 )
Observando o emprego dos tempos verbais nos
vocábulos sublinhados acima, explique o que é a
infância na concepção do poema.
GABARITO
Questão 08
O emprego dos parênteses revela que, no verso
13, o eu-lírico faz um comentário (ou dá uma explicação)
sobre o passado, do qual se distancia.
Questão 09
A partir do emprego dos tempos verbais, verifica-
se que, na concepção do poema, a infância é um estado
permanente no eu-lírico.
UERJ 2004 LP/LB
Texto III
Função
Questão 08
Do início ao verso 12, o poema apresenta
exclusivamente formas verbais no tempo passado. No
verso 15, porém, o poeta introduz o tempo presente.
O valor estilístico desta modificação do tempo do
verbo é:
(A) retratar o movimento rotativo do pião
(B) fazer uma reflexão de validade permanente
(C) produzir um contraste irônico entre o circo e a vida
(D) registrar um fato ocorrido no momento da narração
Questão 09
Nos segmentos a seguir foram introduzidas
pequenas alterações, que aparecem sublinhadas.
A alternativa em que a alteração modifica o
sentido do trecho original é:
(A) “meus gestos / imitavam as estrelas” (v. 4 - 5)
(B) “as quais não sabia como tinham ido parar na minha
boca” (v. 11)
(C) “apenas um jogo mutante de reflexos” (v. 12)
(D) “Porque na verdade um belo pião dançante” (v. 13)
Questão 10
Alguns vocábulos do texto aparecem abaixo
seguidos de uma análise gramatical.
Esta análise está incorreta na seguinte alternativa:
(A) “havia” (v. 6) – está na terceira pessoa do singular, por
se tratar de verbo impessoal
(B) “Que” (v. 8) – é conjunção consecutiva, por introduzir o
efeito do fato expresso no verso 7
(C) “fosse” (v. 12) – é forma do pretérito imperfeito do
subjuntivo, por exprimir hipótese
(D) “atenta” (v. 18) – está no feminino, por constituir um
exemplo de silepse de gênero
GABARITO
Questão 06
A
Questão 07
A
Questão 08
B
Questão 09
A
Questão 10
D
UERJ 2007 Instrumental
Olho as minhas mãos
Questão 07
As figuras de linguagem são recursos comumente
utilizados no texto poético como meio de afastar-se do
significado literal das palavras.
A caracterização da figura de linguagem
sublinhada está adequadamente indicada em:
(A) “Os dedos como pétalas carnívoras!” (v. 5) – ironia
(B) “Como tecem as teias as aranhas.” (v. 8) – metáfora
(C) “No mundo há pedras, baobás, panteras,” (v. 11) –
metonímia
(D) “Águas cantarolantes, o vento ventando” (v. 12) –
hipérbole
Questão 08
Além de funcionar como elemento de ligação
entre termos de mesmo valor, o conectivo e foi utilizado
no texto, algumas vezes, para exprimir o efeito de
aceleração contínua.
Esse conectivo foi empregado para produzir tal
efeito em:
(A) “Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o
pensamento” (v. 7)
(B) “E no alto as nuvens improvisando sem cessar.” (v. 13)
(C) “E, cheios de esperança e medo,” (v. 18)
(D) “Mistura, confunde e dispersa no ar...” (v. 24)
Questão 09
A metalinguagem pode ser percebida quando, em
uma mensagem, a linguagem passa a ser o próprio
objeto do discurso.
A metalinguagem não está presente na seguinte
alternativa:
(A) “A que mundo / Pertenço?” (v. 9 - 10)
(B) “Fazemos / Poemas, pobres poemas” (v. 21 - 22)
(C) “Foi este o fim da Criação!” (v. 26)
(D) “Quem faz – em mim – esta interrogação?” (v. 29)
GABARITO
Questão 06
D
Questão 07
C
Questão 08
A
Questão 09
A
UERJ 2011 Instrumental
Os poemas
Questão 03
“Eles não têm pouso
nem porto” (v. 6-7)
Os versos acima podem ser lidos como uma
pressuposição do autor sobre o texto literário.
Essa pressuposição está ligada ao fato de que a
obra literária, como texto público, apresenta o seguinte
traço:
(A) é aberta a várias leituras
(B) provoca desejo de transformação
(C) integra experiências de contestação
(D) expressa sentimentos contraditórios
GABARITO
Questão 01
B
Questão 02
B
Questão 03
A
UNIRIO 2007
Texto II
Auto-retrato
Mário Quintana
Questão 06
Além da ênfase indicada pelo recurso gráfico dos
travessões, os versos
“— traço a traço —”
e
“— pouco a pouco —”,
indicam ser o eu-lírico dotado de muita
a) reverência.
b) timidez.
c) perseverança.
d) tristeza.
e) infantilidade.
Questão 07
Nos versos
“ de que nem há mais lembrança
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão ...”,
a progressão textual indica ocorrência de
a) causa e consequência.
b) ordenação espacial.
c) sequência temporal.
d) enumeração de detalhes.
e) relação de retificação.
Questão 08
No caderno Prosa e Verso do jornal O Globo, de 29
de julho deste ano, em reportagem comemorativa ao
centenário de Mário Quintana, lê-se que o poeta “Dizia que
não tivera infância, mas o espírito de guri traquinas e
silencioso perdurou ao longo dos seus 87 anos.”. No poema
Auto-retrato, essa temática ocorre, consolidada
principalmente no verso “ Um desenho de criança” (v. 13 ).
O último verso do poema “ Corrigido por um
louco!” (v. 14) em relação a todo o poema indica
a) repressão.
b) descuido.
c) empenho.
d) método.
e) ingenuidade.
Questão 09
A leitura de vários poemas de Mário Quintana
permite observar um olhar lírico que aproxima
elementos da natureza a etapas da vida, como ocorre
na primeira estrofe do texto II.
O conjunto de versos que ratifica essa leitura é
a) “ Os arroios são rios guris...
Vão pulando e cantando dentre as pedras...”
( os arroios)
b) “ Não sei que paisagem doidivanas
Mistura os tons ... aceita ...desacerta...”
( A Rua dos Cataventos)
c) “ Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!”
( Obsessão do Mar Oceano)
d) “ O grilo procura
No escuro
O mais puro diamante pedido”
( Poema)
e) “ O meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Onde vêm pousar as andorinhas. “
( Poeminha sentimental)
GABARITO
Questão 06
C
Questão 07
C
Questão 08
A
Questão 09
A