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E-Book | Como criar arranjos de Fingerstyle

Escrito por Leo Eymard


E-Book | Como criar arranjos de Fingerstyle
Escrito por Leo Eymard

Como começar a criar arranjos de


Fingerstyle

Quando alguém cria uma versão que propõe elementos diferentes de


gravações e execuções anteriores, essa pessoa está criando um arranjo. Portanto,
versões de músicas tocadas apenas por um violão e que originalmente são
gravadas por outros instrumentos, podem ser chamadas - entre outros nomes -
de arranjos de Fingerstyle. Tocar fingerstyle é muito bom! Poder criar arranjos de
fingerstyle é algo ainda melhor, e muita gente tem vontade de saber como se
preparar para isso. Neste ebook você verá alguns passos para começar a criar seus
próprios arranjos de fingerstyle. Vamos lá!

1 - Ouvir música com ouvido de arranjador

Um arranjador é uma pessoa que cria arranjos e para conseguir criar essas
versões o primeiro passo é começar a ouvir música com ouvido de arranjador.
O violão é um instrumento incrível e que tem muitos recursos. Usando
apenas um violão é possível criar versões de músicas que originalmente foram
gravadas utilizando vários instrumentos. Ele é capaz de sintetizar bateria, baixo,
instrumentos harmônicos, vocais e muito mais. Por isso, antes de criar os arranjos,
é preciso preparar o ouvido para conseguir ouvir esses instrumentos
separadamente. O objetivo aqui é desenvolver uma "escuta inteligente".
Coloque a música para tocar, eleja um instrumento específico e foque
apenas nele. Esse é o principal exercício dessa parte. Ouça quantas vezes forem
necessárias. O objetivo aqui é direcionar a escuta. Quando fazemos isso, estamos
trabalhando a percepção musical e absorvendo os elementos da música de forma
organizada. Portanto, use e abuse dessa forma de ouvir de maneira concentrada.
Trabalhe a "escuta inteligente". Ela é fundamental para que o ouvido comece a
trabalhar a nosso favor, de forma seletiva e organizada.
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E quando conseguir ouvir uma música inteira direcionando a escuta


apenas para um determinado instrumento, repita a gravação e faça o mesmo
com os outros instrumentos. Procure identificar elementos que se comunicam e
que fazem sentido juntos. Isso é ouvir música com ouvido de arranjador e esse
é o primeiro passo para que a gente desenvolva a habilidade de criar arranjos.

2 - Entender e identificar alguns dos elementos musicais básicos


(melodia, harmonia, ritmo).

Melodia, harmonia e ritmo são termos musicais que podem ter diversas
conotações. Mas aqui, no segundo passo, o objetivo não é encontrar a melhor
definição para cada um desses conceitos e assim associar esses nomes a
elementos que fazem parte de uma música. Com as orientações a seguir você vai
entender a importância deles para nossos arranjos e será capaz de identificar
esses elementos básicos com mais clareza. Vamos lá!
Na grande maioria dos casos, as músicas possuem uma melodia principal
que é feita pela voz do cantor ou da cantora. Este talvez seja o elemento mais
evidente num arranjo. Portanto, para ouvir a melodia de uma música,
concentre-se nos vocais e no som das notas musicais que criam ela.
A harmonia, de forma bem simplificada pro nosso conteúdo aqui, é o
conjunto de acordes da música. Portanto, para aprender a harmonia basta
identificar os acordes. Isso pode ser feito através da escuta - para todos que têm
intuito de treinar e melhorar o ouvido - ou utilizando cifras, método que funciona
também e é a forma que exige menos da percepção musical. Mas não se
esqueça: para criar arranjos é preciso trabalhar o que eu chamo de ouvido de
arranjador e isso é feito através da escuta, da tentativa e da repetição.. É um
processo que exige paciência mas que gera benefícios incríveis.
Os acordes são feitos principalmente por instrumentos harmônicos como o
violão, o teclado e a guitarra, e desses, um importante elemento da harmonia é o
baixo, que toca as notas graves dos acordes e que vai ser importante para a
criação de arranjos Fingerstyle.
Por fim, para identificar o que chamaremos de ritmo de acompanhamento
foque na bateria, nos instrumentos percussivos e nas batidas do violão. Essa parte
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também, a partir do momento em que acostumamos o ouvido a selecionar o que


queremos ouvir, passa a ser clara como identificar melodias. O arranjo como um
todo e a conexão entre os instrumentos também diz muito sobre o ritmo. Ouça e
sinta-o. Se possível, cante e batuque junto. A voz e o corpo são instrumentos
poderosos na memorização e contribuem muito com o desenvolvimento do
nosso ritmo interno.

3 - Aprender a tocar um elemento de cada vez e construir o arranjo

por etapas.

Após todo o processo inicial trabalhando a base da criação de arranjos, que


têm a ver diretamente com a forma como ouvimos música e como separamos os
elementos dela, chegou a hora de começar a executar. A seguir você verá um
breve exemplo com a música "Tempo Perdido", da banda Legião Urbana, e terá
ideia de como funciona cada uma das etapas. A sugestão é que os elementos da
música sejam aprendidos na seguinte ordem:

1) Melodia: Como já foi falado, a melodia é o elemento musical que na


maioria dos casos é o mais evidente, e por isso, a proposta é que ela
seja aprendida primeiro, seja através da tentativa de tirar de ouvido
ou através de alguma notação específica por exemplo, tablatura ou
partitura.
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Ex:
E|----------------------------------------------------|
B|----------------------------------------------------|
G|-0-0-----------------0------------------------------|
D|-----4-2-4---4-2-4----------------------------------|
A|----------------------------------------------------|
E|----------------------------------------------------|

E|----------------------------------------------------|
B|----------------------------------------------------|
G|----------------------------------------------------|
D|---4---4-2-4------5--4-2---2-0-2--------------------|
A|----------------------------------------------------|
E|----------------------------------------------------|

(essa melodia é referente aos 2 primeiros versos da música: "Todos os dias


quando acordo, não tenho mais o tempo que passou..")

2) Baixo: O baixo é o instrumento do arranjo que na maioria das vezes


toca as notas mais graves da harmonia. Ouvir as notas do extremo
grave, é algo que não é tão exigente. Portanto, logo após a melodia,
a ideia é seguir tentando ouvir essas notas graves tocadas pelo baixo.
Dica: para conseguir ouvir bem as notas do baixo use fones de
ouvido ou caixas de som bem equilibradas que possibilitem a escuta
das notas de forma clara. Outra possibilidade é aprender o baixo
através das cifras. As notas mais graves dos acordes da cifra
geralmente são as notas tocadas pelo baixo. Quando essa etapa
estiver concluída, o próximo passo é juntar baixo e melodia. É nesse
momento que o arranjo começa a tomar forma.
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Ex:
E|----------------------------------------------------|
B|----------------------------------------------------|
G|-0-0-----------------0------------------------------|
D|-----4-2-4---4-2-4----------------------------------|
A|-------3----------------0---------------------------|
E|----------------------------------------------------|

E|----------------------------------------------------|
B|----------------------------------------------------|
G|----------------------------------------------------|
D|---4---4-2-4------5--4-2---2-0-2--------------------|
A|-2--------------------------------------------------|
E|---------------------0------------------------------|

3) Acordes (ou harmonia): Do ponto de vista da percepção musical é a


parte que exige mais do ouvido. Tirar acordes de ouvido requer
muita paciência e repetição. O intuito é ouvir os acordes quantas
vezes forem necessárias para que todas as notas sejam identificadas.
Isso exige muito treino e dedicação. Por outro lado, as cifras também
funcionam como um facilitador nesse momento, pois através dela é
possível saber quais são os acordes da música. A sugestão é que
todos tentem, pelo menos um pouco, ouvir os acordes algumas
vezes tentando identificá-los. É um exercício que contribui muito
com a melhora da escuta. Vale a pena investir um pouco de tempo
nisso. Por fim, confira os acordes com a cifra e junte, melodia, baixo
e acordes. O arranjo fica ainda mais legal. Para isso é importante
encontrar os desenhos dos acordes no braço do violão que fiquem
na mesma região que a melodia e que o baixo, para poder conseguir
tocar tudo ao mesmo tempo.
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Ex:
C Am
E|-------0----------------0---------------------------|
B|-------1----------------1---------------------------|
G|-0-0---0-------------0--2---------------------------|
D|-----4-2-4---4-2-4------2---------------------------|
A|-------3----------------0---------------------------|
E|----------------------------------------------------|

Bm Em
E|-2-------------------0------------------------------|
B|-3-------------------0------------------------------|
G|-4-------------------0------------------------------|
D|-4-4---4-2-4------5--4-2---2-0-2--------------------|
A|-2-------------------2------------------------------|
E|---------------------0------------------------------|

4) Ritmo: O ritmo de acompanhamento é o último elemento a ser


acrescentado ao arranjo. Aqui os elementos percussivos se juntam
aos demais, e a partir desse momento, a base do arranjo estará
completa, com melodia, baixo, harmonia e ritmo. Juntos eles
compõem o arranjo. Para que essa etapa do processo seja
bem-sucedida, é preciso muita atenção no início da preparação da
construção do arranjo, quando devemos focar apenas em ouvir os
instrumentos separadamente. Principalmente no momento de
concentrar na bateria e nos instrumentos percussivos, para
conseguir assim criar elementos rítmicos, como arpejos, batidas e
levadas, que sejam parecidos com o ritmo de acompanhamento
percebido durante a escuta. Construir essa base de forma sólida faz
toda a diferença na etapa final, portanto valorize todos os momentos
do processo.
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Ex:

C Am
E|-------0------------------0----------0--------------|
B|-------1------------------1---1------1---1----------|
G|-0-0---0-------------0----2-----2----2-----2--------|
D|-----4-2-4---4-2-4--------2----------2--------------|
A|-------3-x-3---x-3-x-3-x--0-x-0---x--0-x-0---x------|
E|---------x-----x---x---x----x-----x----x-----x------|

Bm Em
E|-2---------2---------0---------0--------------------|
B|-3---------3---------0---------0--------------------|
G|-4---------4---------0---------0--------------------|
D|-4-4---4-2-4------5--4-2---2-0-2--------------------|
A|-2-x-2---x-2-x-2--x--2-x-----x-2--------------------|
E|---x-----x---x----x--0-x-0---x-0--------------------|

Dicas finais:

Antes de finalizar vale citar mais 2 pontos importantes e que ajudam muito
no processo de criação de arranjos de fingerstyle:

1 ) Saber como as notas musicais se organizam e como encontrá-las no


violão.
2) Entender como funciona o braço do violão.

Ao conhecer as notas e entender como elas se organizam no violão,


aumentamos muito as possibilidades de exploração do instrumento, o que facilita
a escolha das melhores tonalidades para criar os arranjos, a melhor região para
tocar, qual digitação escolher e muito mais. É algo que se for trabalhado em
conjunto com as outras orientações passadas nesse ebook, certamente
contribuirão muito com o processo de criação de arranjos de fingerstyle.
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Portanto, se você se enquadra na lista de pessoas que querem se


desenvolver nesse assunto, mãos à obra. Aproveite as dicas, ouça músicas com
ouvido de arranjador e comece a desenvolver seus próprios arranjos seguindo os
passos citados acima. Lembre-se que é um processo gradativo e que no começo
o esforço é maior que o resultado, mas com o tempo isso se inverte e tudo fica
mais prazeroso e divertido.
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