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Filósofo, epistemólogo e poeta francês.

Licenciado em Matemática e Letras.


Trabalhou inicialmente como professor de física e química.
Dedicou-se a estudar filosofia como autodidata.

Em 1930, iniciou sua carreira como professor universitário na Faculdade


de Letras de Dijon e, de 1940 a 1954, foi professor de História e Filosofia
da Ciência na Universidade de Sorbonne.
Obras: “Ensaio sobre o conhecimento aproximado”(1928); “A intuição do
instante”(1935); “A formação do espírito científico. Contribuição para uma
psicanálise do conhecimento objetivo” (1938); “A Psicanálise do fogo”
(1938); “A Filosofia do não” (1940); “A água e os sonhos. Ensaio sobre a
imaginação da matéria” (1942); “O ar e os sonhos: ensaio sobre a
imaginação do movimento” (1943); “A Terra e os sonhos da vontade.
Ensaio sobre a imaginação das forças” (1948); “A Terra e os sonhos do
repouso. Ensaio sobre as imagens da intimidade” (1948); “A Poética do
Espaço” (1957); “A Poética do Devaneio” (1961).
Epistemologia das ciências
“[...] a ciência do século passado oferecia-se
como um conhecimento homogêneo, como a
ciência do nosso próprio mundo, no contato da
experiência cotidiana, organizada por uma
razão universal e estável [...] “ (p. 15)
Ciência experimental das instruções: pesem,
meçam, contem, desconfiem do abstrato.
Paradigma Científico Moderno
Paradigma Científico Moderno

observação generalização lei


Epistemologia das ciências
• A nossa captação imediata do real é um dado
confuso, provisório, convencional.
• É a reflexão que dará um sentido ao fenômeno
inicial, sugerindo uma sequência orgânica de
pesquisas, uma perspectiva racional das
experiências.
• O conhecimento científico é sempre a reforma
de uma ilusão.
• (p. 22 e 28)
A formação do
espírito científico: contribuições para uma
psicanálise do conhecimento (BACHELARD,
1996)

“Quando o espírito se apresenta à cultura


científica, nunca é jovem. Aliás, é bem velho,
porque tem a idade de seus preconceitos.
Aceder à ciência é rejuvenescer
espiritualmente, é aceitar uma brusca mutação
que contradiz o passado”. (p.14)
“... pode-se com certeza dizer que uma
cabeça bem feita é infelizmente uma
cabeça fechada. É um produto de escola”.
(p.20)
Tarefa da filosofia científica (p.13):
• “... psicanalisar o interesse... derrubar qualquer
utilitarismo... voltar o espírito do real para o
artificial, do natural para o humano, da
representação para a abstração...”
• “O amor pela ciência deve ser um dinamismo
psíquico autógeno...”
• “... a ciência é a estética da inteligência”.
Obstáculo Epistemológico

• “[...] é no âmago do próprio ato de conhecer que


aparecem, por uma espécie de imperativo
funcional, lentidões e conflitos. É aí que
mostraremos causas de estagnação e até de
regressão, detectaremos causas de inércia às quais
daremos o nome de obstáculos epistemológicos. O
conhecimento do real é luz que sempre projeta
algumas sombras. Nunca é imediato e pleno. As
revelações do real são recorrentes. O real nunca é
"o que se poderia achar" mas é sempre o que se
deveria ter pensado”. (p.17)
“Em primeiro lugar, é preciso saber formular
problemas. E, digam o que disserem, na vida científica
os problemas não se formulam de modo espontâneo. É
justamente esse sentido do problema que caracteriza o
verdadeiro espírito científico. Para o espírito científico,
todo conhecimento é resposta a uma pergunta. Se não
há pergunta, não pode haver conhecimento” (p.18).
• “É assim que, em todas as ciências
rigorosas, um pensamento inquieto
desconfia das identidades mais ou menos
aparentes e exige sem cessar mais precisão
e, por conseguinte, mais ocasiões de
distinguir. Precisar, retificar, diversificar são
tipos de pensamento dinâmico que fogem da
certeza e da unidade, e que encontram nos
sistemas homogêneos mais obstáculos do
que estímulo. Em resumo, o homem movido
pelo espírito científico deseja saber, mas
para, imediatamente, melhor questionar”
(p.21).
• “[...] captar os conceitos científicos em
sínteses psicológicas efetivas, isto é, em
sínteses psicológicas progressivas,
estabelecendo, a respeito de cada noção,
uma escala de conceitos, mostrando como
um conceito deu origem a outro, como está
relacionado a outro” (p.22).
• “[...] toda cultura científica deve começar,
por uma catarse intelectual e afetiva...
colocar a cultura científica em estado de
mobilização permanente, substituir o saber
fechado e estático por um conhecimento
aberto e dinâmico, dialetizar todas as
variáveis experimentais, oferecer enfim à
razão, razões para evoluir” (p.24).
• Experiências corriqueiras, “conhecimento vulgar” – O
espírito científico deve formar-se contra a Natureza
(p.29).
• O ensino do conhecimento científico moderno dá
pouco espaço para a história das ideias. (p. 31 e 34).
• Satisfação imediata da curiosidade – era das
facilidades (p. 36).
• Justaposição de conceitos x variabilidade –
racionalização das experiências deve acontecer num
jogo de razões múltiplas que negam as certezas, o a
priori , os fatos (p. 52).
• Fracasso do empirismo inventivo (p.69)
• A psicanálise do conhecimento objetivo deve examinar com
cuidado as seduções da facilidade para que se possa chegar a
abstração dinâmica. (p.69-70)
• Particular – conhecimento em compreensão x Universal –
conhecimento em extensão: paradas epistemológicas – onde
está o movimento? – união da experiência com a razão na
construção dos objetos epistemológicos (p. 76-77)
•A idéia de uma natureza homogênea, harmônica, tutelar, apagou todas
as singularidades, todas as contradições (p.103).
• Pragmatismo: realidade dada – indução utilitária (p.114, 117 e 119)
• Substancialismo: mito do interior (p.117)
“O ser humano é naturalmente um fator de interiorização privilegiado.
Parece que o homem pode sentir e conhecer diretamente as
propriedades íntimas de seu ser físico. A obscuridade do eu sinto
predomina sobre a clareza do eu vejo. O homem tem consciência de ser,
por seu corpo tomado de um vago sentimento, uma substância”. (p.154)
“O espírito científico não pode satisfazer-se apenas com ligar os
elementos descritivos de um fenômeno à respectiva substância, sem
nenhum esforço de hierarquia,- sem determinação precisa e detalhada
das relações com outros objetos”. (p.122)
“Toda a valorização das substâncias pelo tempo passado em sua
preparação, tudo isso precisa ser expurgado do pensamento científico.
Para conseguir psicanalisar o conhecimento objetivo, é indispensável
desvalorizar o produto do trabalho paciente”. (p.149)
Libido e conhecimento objetivo
O apetite é mais brutal, mas a libido é mais poderoso. O apetite é imediato;
à libido, porém, correspondem os longos pensamentos, os projetos a longo
prazo, a paciência. [...] O apetite se extingue no estômago saciado. A
libido, mal acabou de ser satisfeita, reaparece. [...] A tudo o que dura em
nós, direta ou indiretamente, liga-se a libido. (p. 225).

Infelizmente os educadores não colaboram para essa tranquilidade! Não


conduzem os alunos para o conhecimento do objeto. Emitem mais juízos
do que ensinam! Nada fazem para curar a ansiedade que se apodera de
qualquer mente diante da necessidade de corrigir sua maneira de pensar e
da necessidade de sair de si para encontrar a verdade objetiva. (p. 258)

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