Beatriz Nascimento introduziu o conceito de "paz quilombola" em 1976, argumentando que os quilombos não eram apenas locais de resistência, mas também produziam conhecimento e cultura dentro de uma resistência inteligente à opressão. Ela via os quilombos como espaços que permitiam a continuidade da civilização africana durante a escravidão e produziam períodos de "paz" entre os ataques dos escravocratas. Sua perspectiva foi inovadora para a historiografia da época.
Beatriz Nascimento introduziu o conceito de "paz quilombola" em 1976, argumentando que os quilombos não eram apenas locais de resistência, mas também produziam conhecimento e cultura dentro de uma resistência inteligente à opressão. Ela via os quilombos como espaços que permitiam a continuidade da civilização africana durante a escravidão e produziam períodos de "paz" entre os ataques dos escravocratas. Sua perspectiva foi inovadora para a historiografia da época.
Beatriz Nascimento introduziu o conceito de "paz quilombola" em 1976, argumentando que os quilombos não eram apenas locais de resistência, mas também produziam conhecimento e cultura dentro de uma resistência inteligente à opressão. Ela via os quilombos como espaços que permitiam a continuidade da civilização africana durante a escravidão e produziam períodos de "paz" entre os ataques dos escravocratas. Sua perspectiva foi inovadora para a historiografia da época.
CONCEITO DE QUILOMBO Em 1976, Beatriz Nascimento, há 43 anos, introduz academicamente o conceito de “paz quilombola”, indo contra todos os estudos da época.
Isto quer dizer que ela não via os quilombos como
algo sempre focado para resistência. Não, não era isso. Ela os via produzindo conhecimento, olhares, movimentos estudados, dentro uma resistência inteligente à ação repressiva oficial escravocratas. •Isto porque, na guerra colonial, entre escravos e escravocratas, o quilombo produzia “paz”, segundo ela, ou seja, o processo civilizacional africano não deixava de coexistir no campo de batalha.
•Uma sacada diferente e inovadora na historiografia,
podemos dizer assim. •Beatriz, assim, vai mais longe, além da perspectiva teórica dos historiadores oficiais e não oficiais dos anos 1970.
•Beatriz não reduz os quilombos a um mero local de
resistência ao escravismo. Ela diz outra coisa, ela dá outro fundamento aos quilombos. Foi a pioneira no estudo critico dos quilombos no Brasil, talvez, podemos alegar aqui, a mais importante intelectual feminina negra da história do Brasil.
A historiadora Beatriz Nascimento (1942-1995), nasceu, em Sergipe,
e veio morar no Rio de Janeiro com os pais e irmãos aos oito anos, onde, aqui, se formou em História, na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Dos anos 1970 aos 1990, se destacou como a mais fulgurante
intelectual e militante afro feminina da história negra. Foi uma das fundadoras do Grupo de Trabalho André Rebouças da Universidade Federal Fluminense (UFF) e também do Centro de Estudos Afro-Asiáticos (CEAA) da Universidade Cândido Mendes(UCAM). Recentemente, a Editora Filhos da África, de São Paulo, lançou o livro “Beatriz Nascimento, quilombola e intelectual: possibilidade nos dias da destruição”, reunindo sua história de vida e seus escritos impactantes sobre quilombos, negros, mulheres, militância, escravidão. AS FUGAS Este pequeno estudo se propõe, de forma simplificada, o demonstrar que a fuga, longe de ser espontaneísmo ou movido por incapacidade para lutar, é, antes de mais nada, a decorrência de todo um processo de reorganização e contestação da ordem estabelecida. É o coroamento de uma série de situações e etapas nas quais estão jogo diversos fatores: físicos, materiais, psicossociais, ideológicos e históricos. AS ETAPAS A característica peculiar de Palmares e da maior parte dos grandes quilombos é que, num primeiro momento, são os homens quem primeiro fogem. Estes homens quando do surgimento do quilombo, na sua forma acabada, vão constituir os chefes de campo, dirigentes de vários mocambos, distribuídos pela designação de importância, conforme as sem aptidões militares de seus chefes. Assim, podemos presumir que a fuga é motivada por uma necessidade de resistência e não para acomodação. O quilombo, portanto, não pode ser reduzido a fuga. Esta é uma etapa; etapa para se compreender a luta, ainda que neste momento seja evidente que não se organizou a repressão da sociedade oficial. Isto diminui o peso da expressão “negro fujão”. Não é uma fuga espontânea do sentido de anarquia e desorganização, pelo contrário, o fato de que são os primeiros os homens a fugirem prova que ela está voltada para uma organização de combate à sociedade negada.
Destarte, podemos concluir que, vivendo ainda sob o regime escravista
oficial, o quilombo ou seus correlatos são tentativas vitoriosas de reação ideológica, social, político militar, sem nenhum romantismo irresponsável. GOVERNO (...) a fuga surge como decorrência de um processo iniciado na fazenda ou lugares onde se encontravam grupos de homens trabalhando sob o regime escravista. Eles a empreendiam conscientes de que o rompimento com a sociedade só poderia ser feito dentro de uma luta. Isto se torna patente com o exemplo de Palmares, onde os homens saem primeiro para organizar a resistência, constituindo-se naquilo que Edison carneiro, citando Nina Rodrigues, diz que é o governo nas mãos dos que dá prova de maior valor e astúcia, isto é, nas mãos dos mais capazes para a luta. PAZ
(...) presumivelmente nas matas, o quilombo começa a
organizar sua estrutura social interna, autônoma e articulada com o mundo externo. Entre um ataque e outro da repressão oficial ele se mantém ora retroagindo, ora se reproduzindo. Este momento chamaremos de “paz quilombola”, pelo caráter produtivo que o quilombo assume como núcleos de homens livres, embora potencialmente passiveis de escravidão. Pensamos que, pela duração no tempo e pela expansão no espaço geográfico brasileiro, o quilombo é um momento histórico brasileiro de longa duração e isto graças a esse espaço de tempo que chamamos de “paz”, embora muitas vezes ela não surja na literatura existente. Creio que o escravo negro brasileiro tivesse podido deixar um relato escrito, com certeza, teríamos mais fontes da “paz’ quilombola do que guerra.
Fonte: Beatriz Nascimento, quilombola e intelectual:
possibilidade nos dias da destruição (Filhos da África, São Paulo, 2018)
A Escolarização do Corpus Negro: Processos de Docilização e Resistência nas Teorias e Práticas Pedagógicas no Contexto de Ensinoaprendizagem de Artes Cênicas
Da Diáspora Negra ao Território de Terra e Águas: Ancestralidade e Protagonismo de Mulheres na Comunidade Pesqueira e Quilombola Conceição de Salinas-BA