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NEGÓCIOS JURÍDICOS

PROF. DENIS DE SOUZA LUIZ


www.denis-souza.blogspot.com.br
PLANO DE VALIDADE
REQUISITOS PARA A VALIDADE
Art . 104 A validade do negócio jurídico requer:
I – agente capaz;
II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III – forma prescrita ou não defesa em lei”.

O negócio jurídico é uma emissão volitiva dirigida a um


determinado fim.
Para que produza todos os efeitos, é necessário que se
revista de certos requisitos fáticos referentes à pessoa
do agente(capacidade do agente), ao objeto da relação
(a licitude do objeto) e à forma da emissão da vontade
(forma prescrita em lei).
A CAPACIDADE DO AGENTE

É a aptidão para intervir em negócios jurídicos como


declarante ou declaratário. A incapacidade de
exercício é suprida, porém pelos meios legais: a
representação e a assistência: (CC, art.1.634, V)
Para que o negócio jurídico ganhe plena eficácia
produzindo todos os seus efeitos, exige a lei que ele
seja praticado por agente capaz.
Por agente capaz há que se entender a pessoa
capaz ou emancipada para os atos da vida civil.
OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL,
DETERMINADO OU DETERMINÁVEL

A licitude está inserida no conceito. É o objeto que não


atenta contra a lei a moral e os bons costumes.
A possibilidade: O objeto também tem que ser possível.
Quando impossível o negócio é nulo.
Impossibilidade física: é a que emana de leis físicas ou
naturais; deve ser absoluta. Impossibilidade jurídica:
quando o ordenamento jurídico proíbe negócios à respeito
de determinado bem (art. 426).
O objeto também tem que ser determinado ou
determinável.
A FORMA
A vontade, manifestada pelas pessoas, pode ser verbal, por
escrito, ou através de gestos. Em numerosos casos a lei exige
das partes uma forma especial. A regra geral é a forma livre.
“A validade da declaração de vontade – diz o art. 107 do
CC - não dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir”.
Todas as exceções devem ser respeitadas, ou seja, se a lei
impuser forma especial, esta deverá ser atendida.
Por exemplo, a compra de uma casa à vista, deve ser através
da escritura pública. Se realizada por instrumento particular,
não tem validade, porque a lei impõe uma forma (CC, artigo
108)
PLANO DA EFICÁCIA

ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO


JURÍDICO
São elementos dispensáveis para a celebração do
negócio jurídico.
Têm como objetivo modificar uma ou algumas
consequências naturais dos negócios jurídicos.
São declarações acessórias de vontade.
•Condição.
•Termo.
•Encargo ou modo.
CONDIÇÃO
Condição é uma cláusula que subordina o efeito jurídico ao
efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. A
incerteza deve ser objetiva e não subjetiva. (art. 121)
Enquanto não realizada a condição, o ato não pode ser
exigido.
Assim, a promessa de pagar quantia a alguém, se concluir
curso superior, não pode ser exigida enquanto não ocorrer o
evento.
A condição atinge os efeitos dos negócios jurídicos se assim
desejarem os agentes. Uma vez que o ato sob condição
apresenta-se como todo unitário, não deve a condição ser
encarada como cláusula acessória.
ELEMENTOS DA CONDIÇÃO

 Voluntariedade: a cláusula tem que ser


voluntária.
 Futuridade: que o acontecimento a que
subordina a eficácia ou a resolução do ato jurídico
seja futuro.
 Incerteza: que o acontecimento a que subordina
a eficácia ou a resolução do ato jurídico deve ser
incerto. Ex. Pagarei a dívida se a colheita não me
trouxer prejuizo.
NEGÓCIOS JURÍDICOS QUE NÃO
ACEITAM CONDIÇÃO

Os negócios jurídicos que não aceitam condição são


os chamados ‘atos puros’.

São condições não aceitas pelo direito:


a) não se casar;
b) exílio ou morada perpétua em determinado lugar;
c) exercício de determinada profissão;
d) seguimento de determinada religião;
e) aceitação ou renúncia de herança;
f) reconhecimento de filho;
g) emancipação.
CLASSIFICAÇÃO
Há várias espécies de condição, as quais podem ser
classificadas:
1.quanto à licitude;
2.quanto à possibilidade;
3.quanto à fonte de onde promanam;
4.quanto ao modo de atuação.

1. Quanto à licitude:
lícitas: são lícitas, em geral, “ todas as condições não
contrárias à lei, à ordem público ou aos costumes” (art. 122,
CC.)
Ilícita: serão ilícitas todas as que atentarem contra proibição
expressa ou virtual do ordenamento jurídico, a moral ou os bons
costumes. Ex. é ilícita a condição que obriga alguém a mudar de
religião.
CLASSIFICAÇÃO
2. Quanto à possibilidade: possíveis e impossíveis
As condições impossíveis podem ser:

a) fisicamente impossíveis: as que não podem ser cumpridas


por nenhum ser humano. Ex. Te dou R$ 100,00 se tocares o
céu com o dedo.
a) juridicamente impossíveis: as que esbarram em proibição
expressa do ordenamento jurídico ou ferem a moral e os bons
costumes.
Ex. a condição de adotar pessoa da mesma
idade(CC,art.1.619) ou a de realizar negócio que tenha por
objeto herança de pessoa viva (CC,art.426).; a condição de
cometer crime ou de se prostituir.
EFEITOS DAS CONDIÇÕES
IMPOSSÍVEIS
Desde que a impossibilidade física seja genérica, não
restrita ao devedor, têm-se por inexistentes quando
resolutivas, isto é, serão consideradas não escritas.

Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições


impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer
coisa impossível.

ATENÇÃO! O que se reputa inexistente é a cláusula


estipuladora da condição e não o negócio jurídico
subjacente, cuja eficácia não fica prejudicada.
EFEITOS DAS CONDIÇÕES
IMPOSSÍVEIS
Quando a condição é suspensiva, a eficácia do
contrato está a ela subordinada. Se o evento é
impossível, o negócio jamais alcançará a necessária
eficácia.

Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são


subordinados:
I - as condições física ou juridicamente impossíveis,
quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.
RESUMO DOS EFEITOS

Quando resolutivas: são consideradas


inexistentes, não escritas, permanecendo válido o
negócio jurídico subjacente.
Quando suspensivas: invalidam a cláusula
condicional e contaminam todo o contrato, que, por
essa razão, não pode subsistir. O mesmo sucede
com as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita e
com as incompreensíveis ou contraditórias.
3. QUANTO À FONTE DE ONDE PROMANAM
OU QUANTO À PARTICIPAÇÃO DOS
CELEBRANTES
Causais, potestativas, mistas, promíscuas e perplexas ou
contraditórias)

 Causais: são as que dependem do acaso, do fortuito, de


fato alheio à vontade das partes ou da vontade exclusiva de
terceiros.Ex. te darei tal quantia se chover amanhã.
 Potestativa: são as que decorrem da vontade ou do poder
de uma das partes, que pode provocar ou impedir sua
ocorrência. As condições potestativas dividem-se em:
• puramente potestativas.
• simplesmente potestativas.
QUANTO À FONTE DE ONDE PROMANAM OU
QUANTO À PARTICIPAÇÃO DOS
CELEBRANTES
Puramente potestativas: são consideradas ilícitas pelo art.
122 do C.C. por sujeitarem todo o efeito do ato ao puro arbítrio
de uma das partes.
Ex. se eu quiser, se eu levantar o braço, se me aprouver...
Dependem de mero capricho.
Simplesmente potestativas: são admitidas por dependerem
não só da manifestação de vontade de uma das partes como
também de algum acontecimento ou circunstância exterior que
escapa ao controle.
Ex. Se fores a Roma. Tal viagem não depende somente da
vontade, mas também da obtenção de tempo e dinheiro.
QUANTO À FONTE DE ONDE PROMANAM OU
QUANTO À PARTICIPAÇÃO DOS CELEBRANTES
Mistas: são as condições que dependem simultaneamente da
vontade de uma das partes e da vontade de um terceiro.
Ex. Te darei uma certa quantia se casares com tal pessoa ou se
constituíres sociedade com fulano.
Promíscuas: as condições puramente potestativas podem perder
esse caráter em razão de algum acontecimento inesperado ou causal
que venha a dificultar sua realização.
Ex. é de início puramente potestativa a condição de escalar
determinado morro, mas perderá esse caráter se o agente,
inesperadamente, vier a padecer de algum problema físico que
dificulte e torne incerto o implemento da condição. Nesse caso, a
condição se torna promíscua.
Perplexas ou contraditórias: as que não fazem sentido e deixam o
intérprete perplexo sem entender o propósito da estipulação.
Ex. instituo A meu herdeiro universal se B for meu herdeiro universal.
4. QUANTO AO MODO DE ATUAÇÃO
• (SUSPENSIVA e RESOLUTIVA)

a) Suspensiva – a eficácia do negócio jurídico fica


suspensa até a implementação de evento futuro e incerto.
As partes protelam o negócio temporariamente a eficácia,
quando o evento futuro e incerto acontecer o negócio se
realiza.
Ex. “Te darei uma quantia se te graduares no curso
superior“.
Condição suspensiva é mera expectativa de direito.
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à
condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não
se terá adquirido o direito, a que ele visa.
4. QUANTO AO MODO DE ATUAÇÃO

Resolutiva – é a que subordina a ineficácia do


negócio a evento futuro e incerto. Quando ocorre o
evento futuro e incerto extingue-se os efeitos do
negócio jurídico.
É aquela condição que deseja que certo contrato
seja extinto, logo que se verificar um determinado
fato, o seu acontecimento faz terminar os efeitos do
negócio, 127, CC.
Ex: Custeio os teus estudos até te formares.
TERMO
Termo é o dia ou momento em que começa ou se extingue
a eficácia do negócio jurídico, podendo ter como unidade de
medida a hora, o dia, o mês ou o ano. É a cláusula
contratual que subordina a eficácia do negócio jurídico a
evento futuro e certo.
Termo inicial (ou suspensivo ou dies a quo) aquele a partir
do qual se pode exercer o direito; O termo inicial suspende
o exercício, mas não a aquisição do direito (art. 131, CC)

Termo final (ou extintivo ou dies ad quem) aquele no qual


termina a produção de efeitos do negócio jurídico.o termo
final resolve seus efeitos.

PRAZO é o lapso de tempo compreendido entre o termo


inicial e o termo final.
CONTAGEM DO PRAZO: Regra geral

Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário,


computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o
do vencimento.
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á
prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo
quinto dia.
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual
número do de início, ou no imediato, se faltar exata
correspondência.
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a
minuto
ATENÇÃO

Não confundir termo inicial com condição


suspensiva.

Na condição suspensiva configura-se uma mera


expectativa de direito.

No termo inicial, configura-se um direito adquirido


conforme preceituam os arts. 125 e 131 do CC.
Encargo ou modo
Cláusula acessória, em regra, descreve atos de liberalidade inter
vivos ou causa mortis , que impõe ônus ou obrigação a uma
pessoa contemplada pelos referidos atos.
O encargo não suspende a aquisição ou exercício de direito.
Ex. faço doação a instituição, impondo-lhe o encargo de prestar
determinada assistência a necessitados; faço legado de
determinada quantia a alguém, impondo-lhe o dever de construir
monumento em minha homenagem; etc.
Obs. Art. 555 CC. “A doação pode ser revogada por ingratidão
do donatário ou por inexecução do encargo”.
Obs. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível,
salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso
em que se invalida o negócio jurídico.

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