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Integração Latino-

Americana e o Mercosul
Como e por que surgiu o Mercosul
• “Mercosul” já é um termo tão comum em notícias sobre
política, economia e, provavelmente, no seu próprio dia a dia de
trabalho com logística, que pode parecer que o bloco econômico
sempre existiu. Mas não é bem assim — em 2018, ele completa 27
anos, e já passou por muitas mudanças desde que foi instituído.
• Esforços para aproximar econômica e politicamente países da América
Latina não são novos: ainda na década de 40, foi criada a 
Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) e, na década de 60,
a instituição da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC)
flertou com a ideia de um Mercado Comum, que foi frustrada pela
rigidez dos termos da associação.
Histórico do Mercosul
• Duas décadas depois, nos anos 80, as crises inflacionárias e a saída
recente de regimes autoritários formaram um cenário econômico e
político semelhante na Argentina e no Brasil, e os dois países
estreitaram relações a partir do Programa de Integração e
Cooperação Econômica (PICE), em 1986. A relação se tornou ainda
mais próxima após o Tratado de Integração, Cooperação e
Desenvolvimento, de 1988, que estipulava um prazo de dez anos até a
formação de uma zona de livre-comércio entre os países.
Histórico do Mercosul
• Os anos 90 modificaram esse panorama e trouxeram uma
necessidade mais urgente de coordenação comercial e social na
América Latina. Argentina e Brasil passaram a mirar o
estabelecimento de um Mercado Comum e oficializaram esse desejo
com a assinatura da Ata de Buenos Aires, que estipulou em quatro
anos o prazo para a redução de tarifas de importação entre os países.
• Paraguai e Uruguai juntaram-se ao processo e o acordo entre os
quatro países (chamados de Estados Parte) culminou no 
Tratado de Assunção, assinado em 1991. É ele que estabelece a
criação do Mercosul e já estipula os termos gerais seguidos pelo
bloco.
Quais países participam?
• Nas décadas seguintes, Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e
Suriname tornaram-se Estados Associados (sem participação decisória
em reuniões do bloco). Em 2012, a Venezuela tornou-se um Estado
Parte, mas, em 2016, teve os direitos suspensos. A suspensão foi
reforçada em 2017, com a definição oficial de que apenas Estados
democráticos podem participar efetivamente do bloco.
• Já a Bolívia está em vias de ser oficializada como Estado Parte, e 
tudo indica que, em breve, vai se juntar aos quatro países originais do
bloco.
Qual é o papel do Brasil no Mercosul
• Desde o começo do bloco e durante todo o percurso dele até agora, o Brasil
ocupou uma posição de liderança entre os Estados Parte. Dadas as devidas
proporções, pode-se comparar a importância política e econômica do país
no Mercosul com a atual relevância da Alemanha na União Europeia.
• O destaque do país é evidente até quando se avalia as dimensões
geográficas e demográficas do bloco:
• com 12 milhões de km², o Mercosul abrange cerca de 72% da América do
Sul e tem uma área, aproximadamente, três vezes maior que a da União
Europeia. O Brasil ocupa mais de 65% desse espaço;
• a população do bloco chega aos 275 milhões de habitantes, dentre os quais,
cerca de 70% são brasileiros.
Papel do Brasil no Mercosul
• O Mercosul equivale à quinta maior economia mundial (PIB de R$ 2,7 trilhões),
e as trocas comerciais internas no bloco cresceram 12 vezes desde a instituição
dele (dados apontam um pico de US$ 13 bilhões em 2013).
• Nesse cenário, as exportações brasileiras e o saldo comercial no interior do
bloco aumentam todos os anos. Enquanto 56% das exportações brasileiras para
o mercado fora do bloco são de bens industrializados — o restante sendo de
matérias-primas —, o índice chega a 84% no Mercosul.
• Existem duas perspectivas diferentes sobre a relação do Brasil com o Mercosul. 
Uma parte das análises sobre a questão de que ela é majoritariamente benéfica
para o país, pois fortalece a economia regional, aumenta o intercâmbio de
tecnologia entre eles e, claro, favorece as exportações, especialmente do Brasil.
Papel do Brasil no Mercosul
• Já os críticos do bloco o apontam como uma união aduaneira
imperfeita, em que os membros advogam mais em causa própria,
muitas vezes, do que em favor de benefícios para todas as partes. 
Para quem se alinha a essa perspectiva, as diferenças econômicas
entre os países mais ricos do bloco, Brasil e Argentina, causariam um
desequilíbrio na relação entre eles.
• Problemas logísticos de infraestrutura, os custos elevados de
transporte e os eventuais sobressaltos políticos e econômicos dos
países também dificultam uma negociação mais forte no bloco.
O que você precisa saber na prática
• Para quem trabalha com logística e comércio exterior no dia a dia, alguns pontos
sobre a relação do Brasil com o Mercosul merecem destaque. Veja três aspectos
que devem ser levados em consideração:
• Isenção do Imposto de Importação
• O Imposto de Importação, fator fundamental nas transações aduaneiras, não é
levado em consideração para muitos produtos que circulam entre os países do
Mercosul.
• Mas isso não significa que qualquer mercadoria esteja isenta: para que
sejam beneficiadas, é necessário que tenham um “índice de nacionalização” de,
no mínimo, 60%. Ou seja, 60% do produto precisa ter sido produzido em um dos
países membros, e isso deve ser comprovado a partir do Certificado de Origem.
Tarifa Externa Comum
• A Tarifa Externa Comum (TEC) é a tarifa aduaneira estabelecida pelos países do
Mercosul para importação de produtos de países externos, como uma estratégia para
aumentar a competitividade dos mercados do bloco. Ela pode variar, em geral, de 0% a
20%.
• Alguns produtos, entretanto, podem ter uma tarifa com outros valores, e estão
organizados na Lista de Exceções de cada país. Podem também ocorrer mudanças
temporárias de TEC, como já foi o caso do aumento para 35% da tarifa do setor
automotivo no Brasil e na Argentina. Essas mudanças são oficializadas em cada país
duas vezes ao ano: 1º de janeiro e 1º de julho. A variação também é aplicada à
importação dos ex-tarifários.
• Os produtos que circulam no bloco são parametrizados segundo a Nomenclatura
Comum do Mercosul (NCM), de que já falamos no post sobre dicas de importação. Ela
padroniza os códigos de cada um.
Acordos e novidades
• É importante se manter atento aos acordos firmados pelo Mercosul que já estão vigentes e àqueles
que estão em fase de negociação, afinal, eles apontam nichos e oportunidades de negócio.
• O Itamaraty lista quatro acordos extrarregionais em vigência:
• Acordo de Livre Comércio Mercosul–Israel: vigorando desde 2010, ele foi o primeiro realizado pelo
Mercosul fora da América e já responde por 95% do comércio entre os países;
• Acordo de Comércio Preferencial Mercosul–Índia: desde 2010, há redução de tarifas de 10%, 20% e
até 100%. Vale ficar de olho nas constantes propostas para aumentar as linhas tarifárias incluídas no
acordo;
• Acordo de Comércio Preferencial Mercosul–SACU: o acordo com a União Aduaneira da África Austral
(SACU, que inclui a África do Sul) entrou em vigor em 2016 e dá margem de preferência de até 100%
para mais de mil linhas tarifárias;
• Acordo de Livre Comércio Mercosul–Egito: é um dos mais recentes acordos do Mercosul, em vigor
desde 2017. O comércio entre os países já está isento de cerca de um quarto das tarifas, e a previsão
é que, em dez anos, esteja quase 100% isento.
Acordos e Novidades
• Também há negociações para aproximação da Palestina. O que mais
vem chamando atenção no cenário dos acordos é o 
diálogo com a União Europeia, com quem o bloco busca um
alinhamento há mais de duas décadas.
• Ficar por dentro dessas discussões é muito importante para quem
trabalha com logística — e a relação do Brasil com o Mercosul é
apenas um exemplo do universo amplo de assuntos que temos a
discutir.
O que o Brasil mais Exporta
O que o Brasil mais Importa

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