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Procedimento Arbitral

Roteiro

 Considerações;
 Princípios Informativos do Procedimento Arbitral;
 Cronologia do Procedimento Arbitral;
 Organização da Arbitragem;
 Desenvolvimento da Arbitragem;
Considerações

 Uma das características da arbitragem, e por certo um


atrativo, é exatamente a flexibilidade do procedimento.
 Há liberdade das partes em estabelecer as regras de
desenvolvimento da arbitragem ou adotar aquelas
estabelecidas por uma instituição arbitral, através de sua
eleição para administrar o conflito;
 A meta é a sentença, com qualidade e rapidez.
Dos princípios informativos do procedimento arbitral

 Diz o parágrafo 2° do art. 21 da Lei de Arbitragem: “Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os
princípios do contraditório, da igualdade das partes da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento.”
 Contidos na amplitude que se espera do devido processo legal (art. 5°, LV, CF/1988), exercida a jurisdição na
arbitragem para a solução justa de um conflito, nem mesmo seria necessário ter a lei chamado os princípios do
contraditório e igualdade das partes para a aplicação no procedimento arbitral. Além do destaque na norma
específica, o contraditório tem sua presença reforçada no processo arbitral.
 E a incidência destes princípios se faz em toda a arbitragem.
Lembrando

 O contraditório: representa a possibilidade de informação e de reação sobre questões


relevantes ao julgamento da causa, garantida a apresentação das respectivas provas a seu
respeito.
 A igualdade das partes: por sua vez, manifesta-se pelo tratamento idêntico a ser
propiciado pelo árbitro aos envolvidos, em especial quanto às faculdades para a prática de
atos, quer sejam eles relacionados a manifestação em geral, inclusive relativos à indicação e
impugnação de árbitros, ou a produção de provas.
 Livre convencimento: deve o julgador ter condições plenas de conduzir o procedimento e
julgar sem influência de elementos externos potencialmente comprometedores de sua
autonomia e imparcialidade.
Cronologia do procedimento – Fase I

Instauração da arbitragem: Os primeiros passos são dados


extrajudicialmente, judicialmente ou perante a instituição arbitral, segundo
suas regras, tudo conforme cada caso, de acordo com a origem(cláusulas) e
espécie (institucional ou ad hoc).

(a) etapa preliminar: consiste na provocação da outra parte sobre o conflito,


com a intenção de instaurar a arbitragem, e a tomada de providências para a
indicação e nomeação do árbitro quando for o caso. São, pois, praticados
atos preparatórios da efetiva materialização do procedimento arbitral em
sentido estrito.
 Com origem no compromisso arbitral: já terá como requisito obrigatório a
espécie da arbitragem, que poderá ser avulsa ou institucional (ad hoc).
 Sendo Avulsa: é indispensável a indicação dos árbitros. E assim, a ele deve ser
dirigido o pedido de início da arbitragem, para então, aceito o encargo, e assim
considerada instituída a arbitragem.
 Sendo Institucional: deverá se observar o que diz o regulamento.
 Cláusula vazia ou cláusula patológica: quando a esta é emprestado o mesmo
tratamento daquela, necessárias serão providências preparatórias à efetiva
instauração do juízo arbitral. O que se tem até o momento é apenas o consenso
das partes quanto à exclusão da apreciação do Poder Judiciário.
Da aceitação do(s) árbitro(s)

 A etapa preliminar de instauração da arbitragem tem seu


êxito na aceitação do árbitro indicado ou nomeado. Com
esta aceitação, tem-se a investidura do eleito na
jurisdição relativa àquele conflito. E assim considera
instituída a arbitragem, nos termos do art. 19 da Lei de
Arbitragem, in verbis: “considera-se instituída a
arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for
único ou por todos, se forem vários”.
A exceção de recusa do árbitro
Indicado pela instituição, ou mesmo pela outra parte, o árbitro deve ser isento e
descomprometido, e, assim, deve inspirar confiança de todos os envolvidos, e não
apenas daquele que o elegeu.
A exceção de recusa de um árbitro cabe a qualquer das partes, mas por certo não àquela
que fez a sua indicação, pois, neste caso, evidentemente, se houver dúvida quanto à sua
atuação, bastará não indica-lo, escolhendo outro.
Esta exceção deverá ser apresentada na “primeira oportunidade que tiver de se
manifestar” art.20. Pela previsão legal, a exceção se dirige ao próprio árbitro, ou ao
presidente do tribunal arbitral, com as razões e provas pertinentes (art. 15 da Lei
9.307/1996).
Acolhida a impugnação, o árbitro será substituído por seu suplente, se houver (art. 15,
parágrafo único, c/c arts. 16 e 20, parágrafo 1° da Lei 9.307/1996). Na ausência de
substituto, segue-se a sua indicação ou nomeação como se fez para o árbitro originário,
agora afastado.
A arguição de vícios relativos a competência,
nulidade da convenção
 Tem-se pouca precisão técnica no art.20 em exame, pois refere-se a “competência”, sem especificar a lei o que
nesta se contém. Ainda, confunde o vício da convenção com seu efeito, e, por fim, faz-se omisso quanto à
amplitude com que se podem verificar os defeitos da convenção.
 A interpretação sistemática da Lei, então, sugere que, considerado o princípio kompetenz- kompetenz, já analisado
todas as questões dispostas no art.8°, parágrafo único da Lei devem ser invocadas pelas partes.
 Por outro lado, também neste momento deve ser trazida eventual questão relacionada à formação do juízo arbitral.
Por exemplo, se dúvida houver quanto à instalação de painel ou fixação de árbitro único, diante de eventual
imprecisão da convenção, nesta oportunidade deve ser solucionada, pois, instruída a arbitragem sem esta arguição,
ter-se-á por aceita a forma instaurada.
Efeitos da decisão a respeito dos vícios da
convenção

Reconhecido o vício e pouco importa se daí decorre


a invalidade ou ineficácia da convenção, “serão as
partes remetidas ao órgão do Poder Judiciário
competente para julgar a causa”(art.20).
 AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ARBITRAL.
ALEGAÇÃO DE NULIDADE NA CITAÇÃO.INOCORRÊNCIA. CITAÇÃO
REALIZADA NO ENDEREÇO DO AGRAVANTE CONSTANTE NO
PROCEDIMENTO ARBITRAL.DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO. 1. Através das provas dos autos verifica-se que a citação foi
realizada conforme determinado nos artigos citados acima, ou seja, houve
cumprimento das regras pelo órgão arbitral, sendo que o arbitro seguiu
rigorosamente as disposições do regulamento da câmara arbitral.2. Ou seja, se o
agravante, em tese, mudou de endereço, tinha o dever de mantê-lo atualizado no
procedimento arbitral, pois é válida a notificação encaminhada ao endereço
fornecido orginalmente.3. Portanto, não há nenhuma irregularidade a ser
declarada, na medida em que o regulamento da arbitragem foi integralmente
cumprido, sem lacunas a serem supridas.
 (TJPR - 18ª C.Cível - AI - 1612326-3 - Curitiba - Rel.: Marcelo Gobbo Dalla Dea -
Unânime - - J. 22.02.2017)
A omissão das partes, na primeira oportunidade
de se manifestar.
Quanto a exceção de recusa de árbitro Quanto aos vícios da convenção
 Existindo vícios na convenção, com ou sem
arguição por se revestirem, em princípio, de
 Vedada a arguição posterior no juízo exigências consideradas de ordem pública,
escapam da disponibilidade das partes,
arbitral ou estatal, sob pena de se criar impedindo o seu saneamento pela omissão.
verdadeira insegurança jurídica: a parte  Enquanto nulo o ato não se convalida, e
somente arguirá recusa do árbitro se a mesmo omissa a parte, o vício contamina
decisão não lhe for favorável. todo o procedimento, e compromete,
inclusive, a sentença arbitral que estará
exposta à invalidação nos termos dos arts.
32 e 33
A organização da arbitragem – Fase II

Ultrapassados os incidentes relativos à fixação da


jurisdição arbitral, e à nomeação do árbitro(ou
tribunal), parte-se para uma nova etapa dentro da
cronologia do procedimento a organização da
arbitragem.
 Embora não previsto em lei, muitos regulamentos estabelecem uma
primeira audiência, ou reunião, entre os interessados e o árbitro para a
assinatura de um termo de arbitragem ou ata de missão. A inspiração
desta providência, pelo que se noticia, vem de regras internacionais de
arbitragem, nas quais prevê a realização do terms of reference muito mais
detalhado e abrangente do quanto se tem por aqui.
 Finalidade do terms of reference:
 Explicitar a convenção arbitral;
 Fixar o objeto da arbitragem e
 Estabelecer o cronograma provisório da arbitragem.
A falta de assinatura no termo de
arbitragem
 Vem agora a questão da recusa de uma das partes em assinar o instrumento.
Levando-se me conta a doutrina , facultativa a sua celebração, já se percebe que a arbitragem seguirá
independentemente deste termo, respeitando-se nesta situação, os limites da convenção, na interpretação dada pelo
árbitro , com as regras procedimentais por ele estabelecidas.
 Havendo recusa de uma das partes, ou ambas à assinatura do termo, tudo o que nele se contém pode ser objeto de
decisão do árbitro. Assim não importa o nome, mas o fato é que as deliberações, enquanto tais, consensuais ou por
determinação do árbitro passam a ser imperativas.
Desenvolvimento da arbitragem

Fase postulatória

 Necessárias, então, nesta fase, as chamadas “alegações


iniciais”, nas quais o solicitante apresenta, detalhadamente, a
fundamentação pertinente à sustentação de seus alegados
direitos e específica os respectivos pedidos.
Desenvolvimento da arbitragem
Dos atos processuais
 Pelas partes, suas manifestações são escritas, acompanhadas de documentos, sem maiores exigências formais
ou burocráticas, admite-se, quando assim convencionado ou regulamentado pela entidade, o peticionamento
eletrônico, mantendo virtual todo o procedimento(como já se faz no processo judicial).
 Costuma-se exigir que sejam apresentadas tantas cópias quantos forem os envolvidos no procedimento, além
do respectivo protocolo.
 As intimações ou comunicações são feitas geralmente por envio ao escritório do advogado através de carta
registrada ou entrega pessoal.
 As decisões interlocutórias do árbitro são designadas, geralmente por ordem processual
 Raros são os despachos de expediente, pois o procedimento tende a decorrer espontaneamente.
Desenvolvimento da arbitragem

Da revelia
 A revelia no processo civil, representa a situação objetiva em que o réu deixa de apresentar defesa. O
fato em si, ausência de contestação, é isolado. Porém, faz a lei processual sua ligação ao campo das
provas, estabelecendo o Código os efeitos da revelia.
 Já na arbitragem a preservação do juízo arbitral mesmo diante da revelia, tem sua razão de ser.
Por diversas oportunidades até agora ressaltou-se a importância de tudo na arbitragem ser feito de
comum acordo, e espontaneamente.
 Em síntese, na arbitragem a revelia, representa
deixar de praticar atos durante o procedimento
(não indica árbitro, ausência de defesa, falta na
audiência, omissão na produção de provas, etc.)
e para qualquer uma das partes
(solicitante/solicitados);
Conciliação

 Artigo 21, parágrafo 4° da Lei de Arbitragem.


 Já entre nós prestigiada a cultura da conciliação, certamente não se
limitará o árbitro à tentativa de acordo no início do procedimento. É
claro e imperioso que a todo instante lhe é facultado buscar a
composição das partes, dispondo-se a intermediar as tentativas em
audiência. A conciliação então permeia todo o procedimento
arbitral.
 Havendo acordo entre as partes (ainda que parcial) será proferia a
sentença homologatória.

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