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Tópico 8
Reacções de Oxidação-Redução
Química Geral – Licenciatura em Engenharia Civil
Faculdade de Engenharias e Ciências Naturais - 1º Ano - 1º Semestre - Ano lectivo 2008/2009
Sumário do Tópico 7
Reacções de oxidação-redução
Um grupo muito extenso de reacções químicas envolve a transferência de electrões de uma
espécie (espécie redutora) para outra (espécie oxidante).
Exemplo
Corrosão do ferro pelo oxigénio para originar óxido de ferro (II) é uma reacção redox.
O ferro cede 2 electrões, é a espécie redutora ou agente redutor
O oxigénio que recebe os 2 de electrões é a espécie oxidante ou agente oxidante
O ferro foi oxidado (pelo oxidante) e o oxigénio foi reduzido (pelo redutor)
Verificando se há alteração dos números de oxidação dos elementos presentes nas espécies
envolvidas na reacção
um elemento que vê o seu número de oxidação diminuir (ganha 1 ou mais electrões): está na
espécie reduzida, o agente oxidante!
Exemplo
2 Fe(s) + O2(g) 2 FeO(s) é uma reacção redox
n.o.: 0 0 +2 -2
Fe é o agente redutor (foi oxidado, o n.o. do elemento Fe aumentou de 0 para +2)
O2 é o agente oxidante (foi reduzido, o n.o. Do elemento O diminui de 0 para -2)
H2SO4(aq) + NaHO(aq) Na2SO4(aq) + H2O(l) não é uma reacção redox!
n.o.: +1 +6 -2 +1 +1 -2 +1 +6 -2 +1 -2
Nenhum dos elementos viu ou seu n.o. modificar-se. Trata-se de uma típica reacção ácido-base
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O número de oxidação de qualquer elemento numa substância elementar é zero (0). O número de
oxidação de um elemento num ião elementar é igual à carga do ião.
Exemplos
o número de oxidação o O em O3 é 0! O número de oxidação do Pb em Pb2+ é +2!
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Exemplo
Reacção redox global: 2 Fe(s) + O2(g) 2 FeO(s)
Semi-reacção de oxidação: Fe(s) Fe2+ + 2 e-
Semi-reacção de redução: O2 + 2 e- O2-
Repare-se na posição dos electrões: antes da seta na redução e depois da seta na oxidação!
Cátodos e Ânodos
Contrariamente ao que acontece com outros tipos de reacção,
que requerem contacto entre reagentes para que a reacção se dê,
as semi-reacções das reacções redox podem ser separadas fisicamente.
O local onde se dá a oxidação chama-se ânodo
O local onde acontece a redução chama-se cátodo
Exemplo
Quando se liga electricamente um varão de ferro com outro de cobre
e se mergulha o conjunto em água salgada, ocorre oxidação (corrosão)
do ferro, mas o cobre não é atacado.
Explicação
O conjunto varão de ferro/varão de cobre/água salgada e ligação eléctrica constitui uma pilha
de corrosão em o varão de ferro é o ânodo, onde acontece a oxidação do ferro:
Fe(s) Fe2+(aq) + 2 e-
O varão do cobre funciona como cátodo, onde acontece a reacção de redução do oxigénio:
O2(g) + 2 e- O2-(aq)
O varão de cobre permanece intacto porque o Cu não participa de qualquer reacção! Repare-se
que processo global é
2 Fe(s) + O2(g) 2 FeO(s)
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O2-
Exemplo
No exemplo anterior, no ânodo estabelece-se o equilíbrio Fe2+ O2
Fe
Fe(s) Fe2+(aq) + 2 e- Pt
Fe 2+ O2-
entre as formas reduzida (Fe) e oxidada (Fe 2+) do ferro. Fe e Fe2+ formam um par redox ou
eléctrodo.
No cátodo estabelece-se o equilíbrio
O2(g) + 2 e- O2-(aq)
entre as formas oxidada (O2) e reduzida O2- do oxigénio. O2 e O2- constituem outro par redox ou
eléctrodo.
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No exemplo anterior, porque é que a reacção anódica (de oxidação) é a dissolução do ferro e
não a do cobre?
Fe(s) Fe2+(aq) + 2 e-
é mais extenso (mais deslocado para o lado do catião dissolvido em água) que o equilíbrio
Cu(s) Cu2+(aq) + + 2 e-
Ou seja, o cobre é um metal mais inerte (tem mais inércia) para dissolução em água por esta
via. O ferro é um mais activo que o cobre!
A inércia ou actividade de um metal para a dissolução electrolítica em água pode ser antecipada
se se conhecer as constantes de equilíbrio de reacções como as mostradas acima ou, mais
comodamente, através do potencial eléctrico do par M n+/M em relação a um dado eléctrodo
(par redox) de referência.
Exemplos H2
Potenciais padrão de alguns eléctrodos (pares redox)
relativos ao ENH, a 298,15 K, Pt Fe
E0(Fe2+/Fe) = -0,44 V RT H+ Fe2+
E0(Cu2+/Cu) = +0,34 V
0
EOx / Re d ln K Re d ENH Fe2+/Fe
E (O2/O ) = 1,25 V
0 2- nF
Quanto maior for E0, maior será a constante de equilíbrio da respectiva reacção de redução.
É pois fácil perceber porque é que o ferro é oxidado num meio aquoso arejado e o cobre não!
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Hipótese:
1. o ferro dissolve-se segundo a reacção:
Fe(s) Fe2+(aq) + 2 e- E0anod = E0(Fe2+/Fe) = - 0,44 V/ENH
2. o Cu2+ é reduzido a Cu que se deposita sobre o prego, segundo
Cu2+(aq) + 2 e- Cu(s) E0(Cu2+/Cu) = + 0,34 V
Ecel = E0cat – E0anod = +0,34 V – (-0,44 V) = +0,78 V > 0 => hipótese é verdadeira
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Poder oxidante
A tabela de potenciais padrão permite também fazer comparações entre o poder oxidante ou
redutor das espécies oxidadas ou reduzidas dos diferentes pares redox.
É evidente que quanto mais elevado for o potencial padrão do par redox, E 0(Ox/Red), maior
será a tendência para a reacção se dar no sentido da redução (equilíbrio mais deslocado para o
lado de Red), ou seja, maior será o poder oxidante da espécie oxidada do par, Ox, e menor será
o poder redutor da espécie reduzida, Red.
Quanto maior E0(Ox/Red), maior KRed, maior poder oxidante de Ox, menor poder redutor de
Red!
Quando se juntam 2 pares redox a tendência é reagirem para originar uma espécie oxidada com
menor poder oxidante e uma espécie reduzida com menor poder redutor.
Exemplo
Compare-se o poder oxidante das espécies oxidadas e o poder redutor das espécies reduzidas
dos pares Cu2+/Cu e Fe2+/Fe e analise-se o exemplo anterior à luz desta comparação.
Resolução
E0(Cu2+/Cu) = +0,34 V/ENH E0(Fe2+/Fe) = -0,44 V/ENH
E0(Cu2+/Cu) > E0(Fe2+/Fe) Cu2+ tem poder oxidante superior ao do Fe2+ e Fe tem pode
redutor mais elevado que o de Cu. Por isso é natural que o Cu 2+ se converta em Cu e Fe em
Fe2+, ou seja o o ferro dissolve-se e o cobre deposita-se à superfície do ferro que fica cobreada
3. Equilibra-se cada um dos esquemas quanto ao O, acrescentando moléculas de H 2O ao membro que tem
menos átomos de O;
5. Equilibra-se cada um dos esquemas quanto ao H, acrescentando iões H + ao membro que tem menos átomos
de H;
6. Neste ponto os esquemas devem estar acertados em termos de quantidades químicas. O balanço de cargas
faz-se acrescentando convenientemente electrões, e-, a um dos membros da equação;
7. Determina-se o mínimo múltiplo comum (m.m.c.) entre número de electrões que aparecem nas 2 semi-
equações e multiplica-se cada delas pelo factor adequado para que o número de electrões nela seja igual ao
m.m.c.;
8. Soma-se algebricamente as duas semi-equações para se obter equação global eliminando os electrões e
todas as espécies que aparecem em ambos os membros.
Quando a reacção se dá em meio alcalino, não devem aparecer na equação global iões H + que devem ser
substituídos pelo equivalente algébrico H 2O – HO-. Nesses casos tem que se ter o cuidado de somar
(algebricamente) as moléculas assim introduzidas as que já existiam e mudar de membro ao grupo HO - para
não aparecerem na equação final parcelas negativas.
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Resolução
a)
Processo anódico (oxidação do cobre)
E0(Cu2+/Cu) = + 0,34 V/ENH
Processo catódico (redução do NO3-)
E0(NO3-/NO) = + 0,96 V/ENH)
Ecel = E0cat – E0anod = +0,96 V – (+0,34 V) = +0,62 V > 0 => reacção espontânea
Nota:
Lembre-se o potencial do par H+/H2, E0(H+/H2) = 0,0 V/ENH, não é suficiente para obrigar à
oxidação do cobre. Todavia a presença de NO 3-, nas soluções de HNO3 possibilita essa
oxidação. O mesmo não acontece nas soluções de HCl porque os iões Cl - não são oxidantes,
mas sim redutores e fracos! E0(Cl2/Cl-) =+1,36 V/ENH (consulte-se a tabela no slide 11).
Portanto só haveria tendência para o processo ocorrer no sentido Cl 2 → Cl-, mas como o Cl2
não está presente , este processo não pode acontecer.
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Corrosão de metais
Fala-se de corrosão quando ocorre degradação (das propriedades) do material devido a sua
interacção (química) com o meio envolvente.
A corrosão evidencia uma estabilidade termodinâmica relativamente baixa do sistema formado
pelo material e o meio envolvente em relação aos produtos dessa mesma interacção química.
Exemplo
Em presença de água e oxigénio metais como o ferro formam com aquelas substâncias sistemas
termodinamicamente instáveis em comparação com o hidróxido de ferro que se formam nas
respectivas reacções:
A corrosão dos metais em ambientes contendo espécies oxidantes, como o oxigénio, explica-se
facilmente:
Metais cedem facilmente seus electrões do último nível: são bons redutores!
Viu-se que um bom redutor reage facilmente com um bom oxidante para dar redutores e
oxidantes mais fracos
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Custos da corrosão
A corrosão dos metais, e não só, implica enormes custos para as economias nacionais que se
traduzem em:
- paragens não programadas (fora do período de manutenção)
- reposição ou reparação do equipamento corroído
- sobredimensionamento
- adopção de medidas de prevenção e controlo da corrosão
- não cumprimento de contratos com clientes
- contaminação do produto
- contaminação do ambiente
- acidentes com perdas de vidas humanas ou mutilação
- perda de confiança dos clientes
- gasto irracional de recursos (minerais, energéticos)
> de 5-6% do PIB! (em países com consciencialização anticorrosiva mais baixa)
Corrosão de estruturas de betão armado tem peso significativos nos custos de manutenção deste
tipo estruturas
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Por isso tendem a cair para níveis de energia mais baixos (princípio da energia mínima).
A forma “metálica” dos metais é rara ou antinatural! O que é natural é o metal corroído.
Exemplo
O ferro metálico não é natural, natural é a ferrugem!
Repare-se no mobiliário da sala da aulas: é maioritariamente feito em aço, pelo menos na parte
estrutural. Mas o aço está recoberto por tinta ou metal mais resistente à corrosão.
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Tipos de corrosão
A Pilha de Corrosão
A corrosão é um fenómeno electroquímico, por isso, pode ser representada por uma célula
electroquímica, pilha de corrosão (célula galvânica). Para haver corrosão, tem que existir uma
pilha de corrosão:
Electrólito Superfície do metal
Transporte de iões Fluxo de iões Transporte de electrões
Ex.: película de humidade
e-
Cátodo
Ânodo
Onde ocorre a redução
Onde ocorre a oxidação
Uma substância consome electrões
Metal perde electrões
Ex: O2(s) + 2H2O + 4 e- 4 HO-(aq)
Ex: Fe(s) Fe2+(aq) + 2 e-
A ausência de qualquer um dos elementos da pilha impede o funcionamento da mesma. Para
evitar a corrosão, basta eliminar, pelo menos, um elemento da pilha!
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Reacções anódicas
Oxidação do metal (equação generalizada):
M(s) Mn+(aq) + n e-
Exemplos
Fe(s) Fe2+(aq) + 2 e-
Al(s) Al3+(aq) + 3 e-
Reacções catódicas
Soluções de ácidos ou soluções ácidas
Redução dos ioes H+: 2 H+(aq) + 2 e- H2(g)
Redução do oxigénio: O2(g) + 4 H+(aq) + 4 e- 2 H2O(l)
Frequentemente, os iões formados em cada uma das reacções juntam-se para formar um composto
pouco solúvel, o produto de corrosão visível.
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Soluções possíveis
substituição do metal (exemplo: aço macio por aço inoxidável), pintura, protecção catódica,
protecção anódica, inibidores de corrosão
Possíveis soluções
usar metais tão próximos quanto possível nas “séries galvânicas” (de potenciais de eléctrodo) no
meio, usar anilhas de material isolante para separar os metais, pintar a zonas de fronteira.
A corrosão galvânica está na base da protecção catódica por ânodo sacrificial, em que se usa
um 2º metal, menos nobre, que se desgasta (sacrifica) em vez do que se pretende proteger.
Outra forma de protecção catódica: protecção catódica por corrente imposta. Impõe-se uma
corrente com auxílio de fonte de corrente contínua e ânodos inertes para fornecer os electrões.
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Limpeza frequente, tapar interstícios com tinta, evitar situações de retenção prolongada de
águas ou humidade, usar soldadura contínua em vez de parafusos e rebites, usar metais menos
susceptíveis (Exemplo: usar aço inoxidável AISI 316, em vez de AISI 304)
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É auto-catalítica.
Soluções possíveis
As mesmas aplicáveis à corrosão interstiial. Nunca usar materiais que se sabe serem
susceptíveis a este tipo de corrosão num dado meio (exemplo: aço AISI 304 em água do mar!)
Soluções possíveis
Redução de tensões residuais por tratamento térmico, retirar
agentes agressivos do meio, usar inibidores e revestimentos
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O CO2 contribui ainda para a lixiviação das argamassas devido à formação de bicarbonato de
cálcio, mais solúvel que o hidróxido de cálcio origina.
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Corrosão Útil
- Soldadura alumino-térmica