Você está na página 1de 18

Sistema de Tratamento de Aguas

Residuais
• Introdução
Genericamente e em gíria ambiental “tratamento de aguas residuais”
significa remoção da carga orgânica (CQO ou CBO5) e nutrientes
(N e P).
Regra geral todos os sistemas de tratamento são sequencialmente
compostos por:
1. Tratamento primário – físico–químico para remoção de objectos
por gradagem/ crivagem de sólidos suspensos de dimensão
supra – coloidal e de gorduras;
2. Tratamento secundário – biológico para remoção da carga
orgânica e, nalguns casos, de N e P.
3. Tratamento terciário (ou de afinação) – mais comum ser fisico –
químico, mas também pode ser biológico ou os dois
simultaneamente.
• Eficiência de tratamento

E a % de contaminante, removido da agua durante o tratamento.


– Paramentos comuns
CBO5
CQO
Sólidos suspensos totais (SST)/ sólidos voláteis totais (SVT)
Turvação (NTU)
Nutrientes: N e P
Carga orgânica: contagem totais/ coliformes fecais/ E. Coli

• Operações unitárias

– Tratamento aeróbio por lamas activadas

O processo e baseado na actividade de uma complexa comunidade microbiana (sobre


tudo heterotrófico) que obtêm energia através da oxidação do carbono orgânico
(CBO) por respiração aeróbia.
No tanque de arejamento também existem geralmente
microrganismos aeróbios autotroficos que convertem amónia
a nitrato – processo designado por nitrificação.

Através da actividade de microrganismos heterotroficos e


autotroficos o processo remove CBO e N, respectivamente,
das aguas residuais em tratamento.

Estes microrganismos crescem no tanque de arejamento na


forma de agregados (flocos); a biomassa activa constituída
por estes flocos e designada “lamas activadas”.

Para a formação de flocos e remoção de CBO pelos mesmos, o


tanque de arejamento ou o tanque secundário têm de ser
continuamente arejados por injecção de ar.
A remoção da CBO é feita por degradação desta e
por absorção dos compostos ou partículas
coloidais que constituem os flocos.

O tratamento secundário compreende duas


operações unitárias: tanque de arejamento e o
tanque secundário.

A agua clarificada sai da estaçao de tratamento


mas as lamas decantadas são em parte
recicladas.
• Flocos
Os flocos são conglomerados formados por:
1. Células bacterianas vivas e mortas
2. Protozoarios
3. Partículas inorgânicas
4. Partículas sub-coloidais absorvidas a superfície
As lamas devem ser constituídas por flocos com
uma dimensão e densidade que proporcionem
uma boa decantação no decantador
secundário.
Esta característica e geralmente testada com base
no índice de sedimentação das lamas (SVI).
Os problemas mais comuns na decantação dos
flocos são:
1. Excesso de organismos filamentosos (baixo
SVI):
• Baixa concentração de O2 no tanque secundário
• Excessiva ou insuficiente carga orgânica biodegradavel
• Baixo pH no tanque secundário
2. Flocos não decantam devido a acumulação de
bolhas grossas no seu interior.
3. Flocos de reduzido tamanho ficam em
suspensão
4. Formação de espuma associada a flocos.
• Amonificação Nitrificação
NO2-

A degradação dos
compostos orgânicos C-NH2

azotados (e.g., proteínas, NO3-

ácidos nucleicos, ureia) óxico


Amonificação N2

da matéria viva dá lugar à anóxico


NH3 Fixação
de
azoto
libertação de amónia NO2- C-NH2
Amonificação

(NH4+ a pH neutro),
processo que se designa NO
N2O
por amonificação. N2

Desnitrificaçã
o
• Nitrificação Contudo, o nitrito é tóxico para a
A amónia é muito estável em célula e, para evitar a sua
ambiente anóxico (redutor), acumulação, esta rapidamente
pelo que é esta a forma de processa a oxidação do nitrito
azoto que mais abunda no a nitrato:
sapropel. Contudo em NO2- + ½ O2  NO3-
condições aeróbias as
Bacteria nitrificantes oxidam a Até muito recentemente a
amónia a nitrato. Estas nitrificação foi vista como um
espécies aeróbias obrigatórias processo estritamente
(e.g., Nitrosomonas spp., anaeróbio, mediado por
Nitrospira spp.) espécies quimolitoautotróficas
quimolitotróficas são aeróbias obrigatórias.
autotróficas Contudo, recentemente foi
(quimolitoautotróficas). demonstrada a oxidação da
Geralmente a nitrificação ocorre amónia a nitrato em condições
em duas fases, na primeira anaeróbias através de um
das quais é formado nitrito: processo designado por
Anammox, cuja bioquímica e
mecanismos são ainda
NH3 + 1½ O2  NO2- + H+ + H2O desconhecidos.
Muitos microrganismos aeróbios
• Desnitrificação (e.g., Bacillus spp.,
Desnitrificação é um processo Pseudomonas spp.) são
catabólico através do qual também capaz de respirar
muitas células aeróbias nitrato, para o que dispõem de
facultativas heterotróficas ou uma cadeia de transporte de
quimolitotróficas (e.g., electrões que, pelo menos
Bacteria, Archaea e fungos), parcialmente, difere da que é
quando limitadas em O2, utilizada na respiração
reduzem NO3- a compostos aeróbia. A redução
azotados gasosos NO (óxido desassimilatória de nitrato é
nítrico), N2O (óxido nitroso) e designada por desnitrificação.
N2 (azoto molecular): Assim, pode-se dizer que o azoto
entra na biosfera através da
fixação biológica (ou química)
NO 3  NO 2  NO  N 2 O  N 2 de di-azoto (N2) atmosférico e
reentra na atmosfera pela
desnitrificação.
• Remoção de fósforo
O processo de lamas activadas permite efectuar a
remoção de compostos de fósforo de uma forma
integrada no processo de tratamento da água
(em simultâneo com a remoção da matéria
orgânica e/ou outros nutrientes).
O modo de funcionamento dos microrganismos.
De uma forma simplista:
• Microrganismos aeróbios : necessitam de oxigénio (O2 e/ou
NO3−).
• Microrganismos anaeróbios : necessitam de ausência de
oxigénio.
• Microrganismos facultativos : podem funcionar com e sem
oxigénio (alteram o seu metabolismo).
• Num processo de tratamento convencional os
microrganismos dominantes são aeróbios. No
entanto, investigações demonstraram que os
microrganismos facultativos podem remover da
água cerca de 3× mais fósforo que os
microrganismos aeróbios.
• Assim, se a água residual contiver quantidades
elevadas de fósforo, para que o tratamento seja
efectivo, nas lamas, interessa promover o
crescimento de microrganismos facultativos em
vez de aeróbios.
• Para gerar lamas com microrganismos
facultativos algumas ETAR’s possuem tanques
anaeróbios onde colocam todas ou parte das
lamas recicladas. O objectivo é eliminar os
microrganismos aeróbios menos eficientes.
• Dar vantagem adicional aos microrganismos
facultativos para que a sua população aumente
e se torne dominante nas lamas é uma boa
opção.
• Fornecendo alimento em condições anaeróbias
os microrganismos facultativos continuam
activos, a alimentar-se e a reproduzir-se.
• O processo integrado para a remoção de fósforo
pode ser implementado segundo duas formas
diferentes (as mais vulgares):
• Processo de corrente principal: todas as
lamas recicladas são tornadas anaeróbias.
• Processo de corrente lateral: parte das
lamas recicladas são tornadas anaeróbias.
• 1. Processo de corrente principal.

(Descrição do Processo de Tratamento)


• 2. Processo de corrente lateral.
Neste processo, só parte das lamas recicladas são tornadas
anaeróbias

(Descrição do processo de tratamento)


• Digestores anaeróbios
Em termos tecnológicos podem ser projectados
diferentes tipos de instalações de digestão
anaeróbia de acordo com os resíduos a tratar ou
consoante o modelo de gestão de resíduos
orgânicos adoptado
São estes os modelos mais comuns: digestores
para unidades pecuárias e indústrias agro-
alimentares; co-digestores em estações de
tratamento de águas residuais (ETAR) e em
sistemas de gestão de resíduos sólidos;
instalação colectiva para vários produtores
agrícolas e/ou industriais.
• O elemento central de uma instalação de
digestão anaeróbia é o reactor (digestor
anaeróbio), que consiste fundamentalmente
num tanque fechado onde os microrganismos
decompõem, em anaerobiose total, os resíduos
orgânicos com que entram em contacto e
produzem biogás que depois é aproveitado para
alimentar geradores eléctricos ou para aquecer
água.
Consoante existe ou não desfasamento entre a
alimentação do digestor e a descarga do
resíduo tratado os digestores são classificados
em contínuos e descontínuos
• Principais parâmetros no desempenho da digestão anaeróbia
Como principais parâmetros operacionais que influenciam o desempenho
da digestão anaeróbia e que se revela fundamental levar em consideração
aquando do concepção e dimensionamento dos projectos de digestão
anaeróbia podem referir-se a:

– temperatura,
– a mistura/agitação da massa,
– o tempo de retenção hidráulico
– a carga orgânica aplicada ao reactor.

É ainda necessário avaliar o desempenho da tecnologia de digestão anaeróbia


utilizada, recorrendo-se para tal a parâmetros como a eficiência de remoção da
matéria orgânica, que permite aferir a quantidade de matéria orgânica
decomposta pelos microrganismos durante o processo, ou a produção e
composição do biogás, que permitem avaliar o estado de eficiência do processo,
e  a rentabilidade prevista do processo de tratamento.

Existe um conjunto de factores que influenciam a eficiência da digestão anaeróbia e


que devem, por conseguinte, ser devidamente monitorizados e controlados:

Você também pode gostar