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CONFLITO DE JURISDIÇÃO

COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL

Poder do Estado somente pode ser exercido dentro do seu próprio território. Somente excepcionamente
poderá exercer poder fora de seu território. ( P. Da Territorialidade).

Certos atos processuais eventualmente podem ser realizados em outro Estado, como p.ex. Coleta de
provas, oitiva de uma testemunha ou execução de uma sentença, realização de uma citação, de uma
perícia.

Daí, surge a necessidade da cooperação jurídica internacional.

São formas de cooperação jurídica internacional:

CARTAS ROGATÓRIAS,

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRO

EXTRADIÇÃO;

AUXÍLIO DIRETO.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz
parte ...:

Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se configurar
manifesta ofensa à ordem pública.

Não poderá um ato de cooperação violar Norma Pùblica

AUTORIDADES CENTRAIS - Intermediários (recebem pedidos de cooperação vindo do


exterior ou enviando pedidos brasileiros a outros Estados).

§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de


designação específica.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua portuguesa.

Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira somente poderá ser juntado
aos autos quando acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via
diplomática ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

CARTAS ROGATÓRIAS

Pedido feito por um juiz de um Estado ( Estado rogante) ao Judiciário de outro Estado
( Estado rogado), para colaborar na prática de atos processuais. ( Ex. Citações, intimações,
coletas de provas).

Fala-se em rogatórias ativas e passivas. Sua tramitação poderá se dar pelas autoridades
centrais ou por vias diplomáticas. ( Possível sua tramitação inclusive por meio eletrônico:
Art.2 da lei 11.419/2006.

Se o Estado rogado recusar a citação por rogatória, será tido por inacessível e viabilizará
citação por edital -Art.256§1º do CPC.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Rogatórias recebidas pelo Brasil – rogatórias passivas

O cumprimento de rogatória pelo Brasil não é automático. Depende de autorização da


autoridade brasileira competente, por meio do EXEQUATUR.

A concessão do exequatur no Brasil é de competencia do Superior Tribunal de Justiça (STJ),


nos termos do art.105 I ‘i’ da CF.

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas


rogatórias;

STJ irá deliberar sobre a concessão ( ex. Autenticidade dos documentos, se ofende a
soberania nacional (ex: rogatória que vise executar bens da União), a dignidade da pessoa
humana ou a ordem pública), mas sem adentrar ao mérito da causa. Mero juízo de delibação.

Cumprimento da carta rogatória, após o exequatur, será feito pela Justiça Federal.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta


rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Permite que uma decisão judicial proferida em um Estado possa ser executada em
outro Estado;

Sentença proferida em Países Estrangeiros somente surtirá seus efeitos no Brasil


após ser homologada pela autoridade competente, sendo que, atualmente, quem
possui competência para tanto é o STJ (Superior Tribunal de Justiça)

STJ também exercerá tão somente um juízo de delibação ( não adentrará ao


mérito).

Uma vez homologada a sentença estrangeira é considerada título executivo


judicial.
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

REQUISITOS PARA A HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Art. 15 DA LINDB.  Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna


os  seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
( Não será homologado se a competência é exclusiva do Estado Brasileiro);
b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução
 no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo STJ.

A SENTENÇA HOMOLOGADA PELO STJ TAMBÉM DEVERÁ SER EXECUTADA PELA JUSTIÇA FEDERAL.
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

REQUISITOS PARA A HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Art. 963 DO CPC. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão:

I - ser proferida por autoridade competente;

II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia;

III - ser eficaz no país em que foi proferida;

IV - não ofender a coisa julgada brasileira;

V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em


tratado;

VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.

.
AUXÍLIO DIRETO
(Arts.28 a 34 do NCPC)

Auxílio direto é o instrumento por meio do qual se cumpre determinada


solicitação de autoridade estrangeira sem que pra isso precise passar por
pelo STJ.

Fundamentados em tratados internacionais ou reciprocidade.

Art. 28 do CPC: “Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer


diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser
submetida a juízo de delibação no Brasil.” ( Não há decisão judicial do
Estado que pede o auxílio).

É muito utilizado em vias administrativas, o pedido de cooperação


internacional é encaminhado pela autoridade central estrangeira à
autoridade central brasileira, o Ministério da Justiça, para posterior
distribuição à autoridade brasileira competente que pode ser o Ministério
Público, a Polícia Federal, entre outros, conforme artigo 29 do CPC.  

 Art.29 CPC -A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão


estrangeiro interessado à autoridade central, cabendo ao Estado
requerente assegurar a autenticidade e a clareza do pedido.
O mesmo ocorre no caso do auxílio direto ativo.
EXERCÍCIOS

1) PFN 2012- A competência constitucional para conceder o exequatur


às cartas rogatórias é privativa do Supremo Tribunal Federal, não
podendo lei ordinária ou tratado internacional excepcionar a regra. V
ou F

2). Advogado BND 2006 - Carta Rogatória é aquela expedida a juiz


subordinado ao Tribunal que emana. V OU F

3) Compete aos juízes federais processar, após o exequatur, a execução


das cartas rogatórias. V ou F.
EXERCÍCIOS

5) TRF 2017 – Na ausência de designação de outro órgão, pelo tratado ou


instrumento de cooperação internacional, o Ministério da Justiça exercerá
as funções de autoridade central. V ou F

6) TRF 2011 – Situação I: Bernardo, juiz federal, recebeu carta rogatória


da França para ouvir o depoimento de testemunha brasileira de roubo
ocorrido em Paris;
- Situação II: Michelle, juíza francesa, recebeu carta rogatória
do Brasil para citar Manoel, brasileiro residente em Paris, em processo de
divórcio em curso no Brasil.

Apenas a situação II é caso de carta rogatória ativa.V ou F.


CONFLITO DE JURISDIÇÃO ( 3º OBJETO DO DI
PRIVADO):

COMPETÊNCIA INTERNACIONAL: Refere-se a atribuição do


Judiciário de um Estado de examinar processos judiciais que
envolvam relações jurídicas com conexão internacional.

Pode ocorrer conflito positivo de jurisdição, quando os Direitos


Internos de dois ou mais Estados definem que seus respectivos
Judiciários como sendo os internacionalmente competentes.
Ou conflito negativo, quando definirem que nenhum juiz é o
competente.
LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL

Competência concorrente ( não exclui a possibilidade do processo


tramitar também em outro país).

Competência exclusiva
COMPETÊNCIA CONCORRENTE
Art. 21 do CPC.  Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;


II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único.  Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa
jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.

I – Ex: mãe brasileira propõe divórcio em face de estrangeiro domiciliado no Brasil;

II Ex: Contrato cuja obrigação tenha que ser cumprida no Brasil;

III- Ex: Avião Norte Americano, sobrevoando território Brasileiro, se choca com aeronave
Brasileira, que cai. A família das vítimas ajuiza ação no Brasil contra a empresa norte-
americana buscando indenização por danos morais e materiais. Segundo o direito
brasileiro, o juiz brasileiro. Fato ocorreu no Brasil.

TEM COMPETÊNCIA CONCORRENTE PORQUE O ACIDENTE OCORREU NO TERRITÓRIO


BRASILEIRO.

https://www.youtube.com/watch?v=ifTaHh-tsRU
COMPETÊNCIA CONCORRENTE:

Obs1 : Reputa-se domiciliado no Brasil, a Pessoa Jurídica Estrangeira


que aqui tenha agência, filial ou sucursal ( art.88.§ único do CPC).

Obs 2: Caso venha a ser julgado no exterior, a decisão estrangeira


poderá vir a valer no Brasil, desde que homologada pelo STJ;
No mesmo sentido, tem-se o art.12 da LINDB:

Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o


réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou o pagamento de
indenização por danos morais à irmã de uma das vítimas do acidente com
o voo 1907, envolvendo um avião da Gol e o jato Legacy, em 2006. Os
ministros da 4.ª Turma, seguindo o entendimento do relator do processo,
ministro Luís Felipe Salomão, mantiveram a condenação da companhia
aérea, mas reduziram o valor da indenização de R$ 190 mil para R$ 120
mil. Geralmente, as empresas aéreas negociam as indenizações apenas
com pais, filhos ou companheiros de vítimas.

A decisão a favor da irmã abre precedente para que outros parentes


pleiteiem uma indenização.

O boeing da Gol ia de Ma­­naus (AM) para o Rio, com previsão de fazer


uma escala em Brasília (DF). Ao sobrevoar a Região Norte do país, ele
bateu no Legacy da empresa de táxi aéreo americana ExcelAire. Os 154
ocupantes do avião morreram. Os destroços do boeing caíram em uma
mata fechada, a 200 km do município de Peixoto de Azevedo (MT). Mes­
mo avariado, o Legacy, que transportava sete pessoas, conseguiu
pousar em segurança em uma base na Serra do Ca­­chimbo (PA).

http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/stj-manda-gol-inde
nizar-irma-de-vitima-1laa31fl2ybz2yeyosx8h03m6
Art. 22.  Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e
julgar as ações:
I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de
bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;

II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver


domicílio ou residência no Brasil;

III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à


jurisdição nacional.

I.a - Caso da Cíntia.


I.b - réu tem, por ex. Imóvel no Brasil.
II - Compra um celular da Sansung que vem estragado.
III- Contratantes estipulam em um contrato. Aqui, as partes podem
estabelecer o judiciário brasileiro como competente. Pode ser um
contrato de um Chines com um Italiano.
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de
qualquer outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; ( direitos reais)

II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de


testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no
Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou
tenha domicílio fora do território nacional; ( sucessão).

III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável,


proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
( família)

Os três incisos estão relacionados a imóveis.


No mesmo sentido:

Art.12§1º DA LINDB:

art. 12 - § 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das


ações relativas a imóveis situados no Brasil.
Art. 964.  Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de
competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira.

Parágrafo único.  O dispositivo também se aplica à concessão do exequatur à


carta rogatória.

Art. 965.  O cumprimento de decisão estrangeira far-se-á perante o juízo


federal competente, a requerimento da parte, conforme as normas
estabelecidas para o cumprimento de decisão nacional.

Parágrafo único.  O pedido de execução deverá ser instruído com cópia


autenticada da decisão homologatória ou do exequatur, conforme o caso.
Art. 24.  A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da
mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em
contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.

Parágrafo único.  A pendência de causa perante a jurisdição brasileira


não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando
exigida para produzir efeitos no Brasil.

.
CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO:

Possível nas situações elencadas no ar.63 do CPC, nos quais as partes podem
eleger o foro onde será proposta ação oriunda dos direitos e obrigações.

Deve constar de instrumento escrito e deve aludir expressamente a


determinado negócio jurídico.

Competência exclusiva não pode ser derrogada por cláusula de eleição de foro
estrangeiro.
Art. 25.  Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o
julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo
estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.

§ 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência


internacional exclusiva previstas neste Capítulo.

Podem estabelecer o foro competente, a não ser que seja o caso de


competência exclusiva. Pode ser estipulado nas hipóteses de competência
concorrente.
Ex; Estipulou que o foro é Itália, mas ajuiza no Brasil. O réu tem que alegar
a incompetência em contestação, sob pena de aceitar tacitamente.
Extingue o processo sem julgamento de mérito.
Pode uma ação julgada por um juízo estrangeira prevalecer frente a nacional?

R. Sim. Se for homologada antes do trânsito em julgado da sentença


brasileira.
EXERCÍCIOS:

1)DPU 2010- Por constituírem forma de cooperação internacional clássica, as


cartas rogatórias estrangeiras serão cumpridas no Brasil, independentemente
de se referirem ou não a processos de competência exclusiva dos Tribunais
superiores. V OU F

2) PFN 2012- No Brasil, os instrumentos de cooperação jurídica internacional


são o auxílio direto, a homologação de sentença estrangeira, a carta rogatória
e a extradição . V ou F

3) MPF – Procurador da República 2015 – O auxílio direto consiste em espécie


de cooperação jurídica internacional na qual o juiz do Estado requerido é
provocado a proferir decisão sujeita somente a juízo de delibação e não a juízo
de cognição plena. V ou F


EXERCÍCIOS:

4) TRF 2 2017
I– Decisão de urgência, proferida pelo juiz estrangeiro antes da sentença,
poderá ser executada no Brasil por meio da carta rogatória.

II- Ainda que o litígio envolva apenas pessoas de direito privado e interesses
privados, a carta rogatória deve ser cumprida por juiz federal;

III- Mesmo quando a matéria envolva tema de competência exclusiva da


jurisdição nacional, é juridicamente viável a concessão de exequatur à carta
rogatória estrangeira, que não vincula posterior homologação de sentença a
ser proferida.

a) Apenas a assertiva I é falsa;


b) Apeans a assertiva II é falsa;
c) Apenas a assertiva III é falsa;
d) Todas as assertivas são falsas;
e) Todas as assertivas são verdadeiras.

EXERCÍCIOS:
5) DPU 2001 – O processo de homologação de sentença estrangeira perante o
STJ não admite exame de matéria de fundo ou apreciação de questões
pertinentes ao mérito. V ou F.

6) TRF 2017 . A sentença estrangeira só pode ser homologada no Brasil se a


autoridade que a prolatou tiver jurisdição internacional exclusiva. V ou F.

7) TRF 2017 – A homologação de sentença estrangeira e a execução de


rogatória submetem-se à compatibilidade com a ordem pública brasileira,
matéria a ser apreciada pelo juiz federal, no chamado juízo prévio de
delibação. V ou F.


EXERCÍCIOS:
9) DPU 2010 – É absoluta a competência internacional brasileira em ação
relativa a imóvel situado no Brasil; V ou F

10) TRT 2013 -Com base no art.88 do CPC ( Competência Concorrente), podemos
deduzir que a decisão proferida por autoridade judiciária estrangeira sobre
matérias elencadas no artigo retrocitado produzirá efeitos no Brasil, após
homologada pelo STF. V ou F

11) AGU 2015 – A autoridade judiciária brasileira é competente, com exclusão


de qualquer outra autoridade, para conhecer de ações relativas a imóveis
situados no Brasil. V ou F.

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