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PROF.

ª MARIA PAULA DALTRO LOPES

CLÍNICA V - PROCESSO PENAL: DA


PRISÃO EM FLAGRANTE
AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
CONTATO

daltrolopes@uni9.pro.br
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EMENTA

Auto de prisão em flagrante. Audiência de custódia. Relaxamento de


prisão em flagrante. Liberdade provisória.
Imposição de medidas cautelares diversas da prisão. Conversão de
prisão em flagrante em preventiva. Denúncia.
Queixa-crime. Juízo de admissibilidade da acusação. Resposta à
acusação. Audiência de instrução e julgamento.
Sentença. Apelação. Sessão no tribunal. Sustentação oral. Habeas corpus
(tribunais locais, STJ e STF). Medicina legal
aplicada ao processo penal. Criminologia.
OBJETIVO GERAL DA DISCIPLINA
Estruturar o conjunto de conhecimentos técnicos mínimos, habilidades e
atitudes correlacionadas entre si que em ação conjunta agregam valor ao
desenvolvimento prático dos profissionais do direito no âmbito do Direito
Processual Penal, em uma perspectiva interdisciplinar.

COMPETÊNCIA: conjunto de conhecimentos técnicos, habilidades e atitudes correlacionadas entre si que


em ação
conjunta agregam valor ao desenvolvimento e compreensão de um tema, capacitando o discente a
realização de algo.
Ser competente é ser capaz de utilizar e de aplicar o CHA em uma situação de trabalho concreta.
CONHECIMENTOS (SABER): engloba os saberes teóricos.
HABILIDADES (SABER FAZER): é a dimensão prática na medida em que emprega o conhecimento adquirido,
realizando alguma atividade ou tarefa.
ATITUDES (QUERER FAZER): é a predisposição pessoal em praticar ou não alguma conduta.
TEORIA - O aluno receberá casos práticos oriundos de processos criminais e deverá
realizar as atividades
propostas pelo professor na sala do futuro, conforme metodologia supracitada.

PRÁTICA - O aluno deverá elaborar as peças profissionais solicitadas pelo professor


ao longo do semestre.

ESTÁGIO - Visitas aos órgãos públicos, para acompanhamento de audiências,


julgamentos e outros atos
processuais relevantes. O aluno deverá preencher relatórios referentes aos atos
que tenha
efetivamente acompanhado.
O modelo do relatório será disponibilizado ao aluno nas primeiras aulas do
semestre.
 -Formalidades da prisão em flagrante (arts. 304 a 310 do CPP).
 -Polícia Judiciária (arts. 4º a 23 do CPP e Lei nº 12.830/13).
 -Lavratura de auto de prisão em flagrante. Termo Circunstanciado.
 -Visita e comunicação do advogado com cliente preso. Parlatório.
 Estrutura dos estabelecimentos prisionais (Lei nº 7.210/84).
 -Prerrogativas profissionais do advogado (art. 7º, III, XIV, XXI, §§ da Lei nº
8.906/94).
 -Habeas Corpus.
POLÍCIA JUDICIÁRIA (ARTS. 4º Dispõe sobre a investigação
A 23 DO CPP E LEI Nº criminal conduzida pelo
12.830/13). delegado de polícia.
Prisão em flagrante. Conceito e espécies. Relaxamento. Prisão
temporária. Conceitos. Fundamentos. Procedimento.

DA PRISÃO EM FLAGRANTE

Edilson Mougenot, identifica três momentos distintos da prisão em flagrante:

- a captura da pessoa encontrada em situação de flagrância


- a lavratura do auto pela autoridade competente
- e se encerra com o recolhimento do conduzido ao cárcere (custódia).

PRISÃO CAPTURA

- pode ser realizada por policiais ou qualquer um do povo. Trata-se da detenção do indivíduo que
acabou de cometer um crime, não importando a natureza da infração (se de menor potencial
ofensivo ou não), nem as qualidades do agente (imputável ou inimputável).

- O objetivo principal da prisão-captura é proteger o bem jurídico que está sendo lesado com
a conduta criminosa.
CONDUÇÃO COERCITIVA

- Sempre que uma pessoa estiver em situação de flagrância, ela poderá


ser detida e conduzida até a Delegacia de Polícia, onde a autoridade
policial analisará a legalidade da prisão.

- Destaca-se que na lavratura do auto de prisão em flagrante, a pessoa


responsável pela efetivação desta fase recebe o nome de “condutor”,
mas, vale dizer, nem sempre o condutor será a mesma pessoa
responsável pela prisão-captura.

- É o que ocorre, por exemplo, nos casos em que a própria vítima é


responsável pela detenção do criminoso, sendo a Polícia Militar
posteriormente acionada apenas para realizar a sua condução até o
Distrito Policial.
AUDIÊNCIA PRELIMINAR DE APRESENTAÇÃO E
GARANTIAS

AUDIÊNCIA - Esta etapa da prisão em flagrante concretiza a determinação


DE
constante no Pacto de São José da Costa Rica no sentido de que
CUSTÓDIA
toda pessoa presa deve ser conduzida, sem demora, à presença
do juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer, de
maneira atípica, funções judiciais.

- Trata-se, sem dúvida, de uma garantia para o conduzido,


representando um avanço do sistema pátrio se comparado aos
demais países, onde o preso chega a ser apresentado ao juiz até 48
horas após a sua captura.

- Audiência de Custódia, criada através da Resolução n°213/2015,


do Conselho Nacional de Justiça

ARTIGO 310 - redação nova dada Lei nº 13.964/19


COMUNICAÇÃO DA PRISÃO AO JUIZ LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE

- Com o encerramento dos procedimentos de Polícia - Trata-se de uma fase da prisão em flagrante cuja atribuição é
Judiciária, que documentam e legitimam a prisão em praticamente exclusiva do delegado de polícia.
flagrante, o delegado de polícia deve enviar o auto no
prazo máximo de 24 horas ao Poder Judiciário para - Caberá a esta autoridade atuar como um defensor dos
que a legalidade de prisão seja novamente analisada, direitos individuais das pessoas envolvidas na ocorrência,
desta vez, pela autoridade judicial. analisando a situação, decidir, fundamentadamente, sobre a
legalidade da prisão.

- Salientamos acima que a lavratura do auto de prisão em


flagrante é de atribuição praticamente exclusiva do delegado
de polícia.
ART. 310, §3º DO
CPP, QUE
- EXCEPCIONALMENTE, O AUTO TAMBÉM PODERÁ SER
PERMITIU AO LAVRADO PELO JUIZ DE DIREITO, QUANDO A INFRAÇÃO FOR
MAGISTRADO COMETIDA NA SUA PRESENÇA E DURANTE O EXERCÍCIO DE
NÃO REALIZÁ- SUAS FUNÇÕES. CONTUDO, ESSE EXEMPLO É MUITO RARO,
UMA VEZ QUE AS AUTORIDADES JUDICIAIS ACABAM
LA MEDIANTE ENVIANDO O CASO PARA A DELEGACIA DE POLÍCIA
JUSTIFICATIVA
IDÔNEA.
- se o conduzido assinar o termo de compromisso previsto na Lei
9.099/95, não poderá ser lavrado o auto de prisão em flagrante,
CRIMES DE
MENOR mas apenas um termo circunstanciado da ocorrência.
POTENCIAL
OFENSIVO - Contudo, se ele se recusar, o auto deverá ser elaborado, haja
vista que o TC é condicionado a assinatura do referido termo

RECOLHIMENTO AO CÁRCERE
- Após a lavratura do auto de prisão em flagrante, não
TC sendo possível a concessão de fiança pelo delegado de
polícia ou, se concedida, o preso não tiver condições de
pagá-la, o conduzido/indiciado será recolhido ao cárcere,
onde ficará à disposição do Poder Judiciário.
HIPÓTESES CONCEITO E ESPÉCIES
DE PRISÃO
EM
FLAGRANT Artigo 302 do CPP, em rol taxativo:
E
“Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;

II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que


façam presumir ser ele autor da infração.”
a) flagrante próprio (art. 302, I e II do CP): é a hipótese em que o agente é surpreendido praticando o crime (ou
logo após cometê-lo)

b) flagrante impróprio (art. 302, III do CP): também chamado de quase flagrante. É a situação em o autor da
infração é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
presumir ser autor da infração

c) flagrante presumido ou ficto (art. 302, IV do CP): trata-se de hipótese em que, logo depois do crime, alguém é
encontrado com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam com que se presuma ser, essa pessoa, a
autora da infração. Não há perseguição.

d) flagrante preparado ou provocado: é a situação em que o autor do crime é induzido a praticar o ato, em
cenário montado para tal fim.

e) flagrante esperado: Consiste no ato de esperar a ocorrência do delito, para que seja possível a prisão em
flagrante do criminoso. Não é ilegal.

f) flagrante prorrogado ou retardado: como já comentado anteriormente, a autoridade policial e os seus agentes
tem o dever legal de efetuar a prisão de quem se encontre em flagrante delito. Contudo, em situações
excepcionais, previstas na legislação, pode o agente público deixar de efetuar a prisão em flagrante, quando, para
a investigação criminal, for mais interessante a prisão em momento posterior.
A doutrina tem entendido que o “logo depois”, do flagrante
presumido, comporta um lapso temporal maior do que o “logo
após”, do flagrante impróprio.
“LOGO
DEPOIS”

A polícia, com o intuito de prender arrombadores de


automóveis, estaciona um “carro isca” em local ermo,
com um “notebook” em seu interior, e, sem seguida,
permanece em campana, aguardando eventual
criminoso.

Caso alguém venha a arrombar o automóvel, a prisão em


flagrante será ilegal, pois se trata de crime impossível (art.
17 do CP), ficando afastada a tipicidade da conduta??????
A Lei 12.850/13 (“Lei das Organizações Criminosas”),
em seu art. 8o, traz previsão expressa de flagrante
retardado (intitulado “Ação Controlada” no texto
FLAGRANTE legal).
RETARDADO
A Lei 11.343/06 (“Lei de Drogas”), em seu art. 53, II,
também autoriza o flagrante prorrogado. O flagrante
retardado não se confunde com o esperado, pois,
neste, o agente é obrigado a efetuar a prisão em
flagrante no primeiro momento em que ocorrer o
delito, não podendo escolher um momento posterior
que considerar mais adequado, enquanto, no
prorrogado, o agente policial tem a discricionariedade
quanto ao momento da prisão.
FLAGRANTE FORJADO: é o caso em que o flagrante é criado.
No flagrante provocado, o agente pratica fato que é
considerado crime, mas é atípica a conduta, pois não passa
ILEGALID de mero fantoche nas mãos de quem o induziu a praticar o
ADE ato. No forjado, a suposta pessoa em flagrante não praticou
qualquer ato. Exemplo: policial que implanta grande
quantidade de cocaína no interior de um veículo, e, em
seguida, prende o seu condutor em flagrante, por tráfico de
drogas.

https://recordtv.r7.com/jornal-da-record/videos/exclusivo-pms-forjam-flagrante-em-carro-e-colo
cam-inocente-na-cadeia-21082019
RELAXAMENTO DA
PRISÃO EM FORMALIDADES
FLAGRANTE
a) O preso deverá ser informado de seus direitos, entre
os quais o de permanecer calado (vide Art. 5º, inciso
LXIII da CF c/c Art 8º, item 2, alínea "g" do Decreto
678/92);
NOTA DE CULPA, conforme previsão expressa b) Direito de assistência da família e de advogado (Art.
do Art. 306 § 2º do Código de Processo Penal. A 5º, inciso LXIII c/c Art 306 do CPP);
nota de culpa é documento que possibilita c) O preso tem direito à identificação dos responsáveis
assegurar o direito do preso de saber quem são os
por sua prisão ou por seu interrogatório policial;( Art. 5º,
responsáveis por sua prisão, bem como o nome do
condutor e os das testemunhas.
inciso LXIV, c/c Art. 306 § 2º do CPP);
d) Direito à que seja respeitada sua integridade física e
A remessa do auto de prisão em flagrante moral e de não ser submetido à tortura (Art. 5º, incisos
deverá ser efetivada até no máximo 24 (vinte III e LXIX da CF); 
quatro) horas contadas do momento da captura e) Direito de informar o o nome de seu advogado, ou na
do preso conforme o disposto no Art. 306 § 1º do falta remessa de cópia integral do auto à defensoria
CPP. pública (Art. 306 § 1º do CPP); etc.
Prerrogativas profissionais do advogado (art. 7º, III, XIV, XXI, §§ da Lei nº
8.906/94).

Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).


Art. 7º São direitos do advogado:

III –comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes
se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que
considerados incomunicáveis;
XIV – examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem
procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda
que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;;
XXI -assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta
do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios
e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da
respectiva apuração:
a) apresentar razões e quesitos;
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos
direitos de que trata o inciso XIV.

§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do
advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou
da finalidade das diligências.

§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de


autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno
investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do
responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa,
sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente.

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