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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA - EEL


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS - DEMAR

Disciplina Pirometalurgia

Professor: Carlos Angelo Nunes


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Balanço de Energia

A 1a lei estabelece que energia não pode ser criada nem destruída. Ao se
realizar um balanço de energia não se torna necessário conhecer como as
transformações se processam dentro do volume de controle, mas apenas
dados colhidos junto a superfície de controle. A expressão genérica do
balanço é:

Ee = Es + E

Energia que entra através Energia que sai através Energia acumulada no
da superfície de controle da superfície de volume de controle
controle

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 Energia calorífica
 Elétrica
 Eletromagnética
 Trabalho tipo pressão-
Energia volume
 Energia associada as
fluxos de matéria (cinética,
potencial, interna)

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Proposta de realização de um balanço de energia:

Superfície de
Controle

NC, T1 NCO, T3

Regime
Estacionário

NO2, T2 NCO2 , T4

Problema: NC e NO2 representam os fluxos de matéria, em kmols por unidade de tempo, que
entram no volume de controle e, T 1 e T2, suas respectivas temperaturas em Kelvin. N CO, NCO2, T3 e
T4 têm significados semelhantes, apenas se referindo a fluxos saintes. O objetivo é determinar
quais são as perdas térmicas do processo em regime permanente, no qual inexistem acúmulo de
matéria e energia.

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A primeira consideração a ser feita é que os fluxos de matéria não são indepedentes, mas existem

relações precisas entre eles devidas à lei de conservação de massa.

Balanço de carbono: NC = NCO + NCO2

Balanço de oxigênio: NO2 = NCO2 + NCO/2

Ee  E S
N C .H o C ,T1  N O2 .H o O2 ,T2  Q  N CO2 .H o CO2 ,T3  N CO .H o CO ,T4 (1)

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T1


H o C ,T1  H o C ,TR   Cp C dT  H o C ,TR  H o C ,T1  H o C ,TR 
TR
T2


H o O2 ,T2  H o O2,TR   Cp O2 dT  H o O2 ,TR  H o O2 ,T2  H o O2 ,TR 
TR
T3


H o CO2 ,T3  H o CO2 ,TR   Cp CO2 dT  H o CO2 ,TR  H o CO2 ,T3  H o CO2 ,TR 
TR
T4

H o
CO ,T4 H o
CO ,TR 
  Cp CO dT  H o CO ,TR  H o CO ,T4  H o CO ,TR 
TR

Substituindo as expressões acima na equação (1)

  
N C .H o C ,TR  N C . H o C ,T1  H o C ,TR  N O2 .H o O2 ,TR  N O2 . H o O2 ,T2  H o O2 ,TR  
  
Q  N CO2 .H o CO2 ,TR  N CO2 . H o CO2 ,T3  H o CO2 ,TR  N CO .H o CO,TR  N CO . H o CO,T4  H o CO ,TR 
(2)
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Considerando as relações expressas pelos balanços de oxigênio e

carbon abaixo e substituindo em (2):

Balanço de carbono: NC = NCO + NCO2

Balanço de oxigênio: NO2 = NCO2 + NCO/2

   
N C . H o C ,T1  H o C ,TR  N O2 . H o O2 ,T2  H o O2 ,TR 
   
 Q  N CO2 . H o CO2 ,T3  H o CO2 ,TR  N CO . H o CO ,T4  H o CO ,TR 

   1 
 N CO2 H o CO2 ,TR  H o O2 ,TR  H o C ,TR  N CO . H o CO ,TR  H o O2 ,TR  H o C ,TR 
2
 

   
N C . H o C ,T1  H o C ,TR  N O2 . H o O2 ,T2  H o O2 ,TR 
   
 Q  N CO2 . H o CO2 ,T3  H o CO2 ,TR  N CO . H o CO ,T4  H o CO ,TR 
 N CO2 .H o f (CO2 , TR )  N CO .H o f (CO, TR )
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Representam as variações de
H o f (CO2 , TR ), H o f (CO, TR )
entalpia de formação de CO2 e
CO, respectivamente, à
temperatura TR.

Outra alternativa para o balanço: Realização de um processo imaginário (lembrar que


energia é uma função de estado e sua variação independe do caminho através do qual
uma determinada transformação é realizada). Para utilização desta alternativa,
recomenda-se o seguinte esquema:
Realizar um balanço de massa, o mais perfeito possível;
Escolher, de acordo com as conveniências, a temperatura de referência.
Normalmente, TR=298,15, mas às vêzes a escolha de uma temperatura característica
do processo pode simplificar;
Criar um processo imaginário no qual os fluxos entrantes (reagentes) são resfriados
ou aquecidos até a temperatura TR, reagem à TR para formar os fluxos saintes
(produtos), sendo estes aquecidos ou resfriados desde T R até suas respectivas
temperaturas de saída;
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Separar as contribuições devidas às etapas do item anterior de modo a contabilizar como:

ENTRADA:
“Calor contido” nos fluxos entrantes, se a temperatura do fluxo é superior a T R;
“Calor contido” nos fluxos saintes, se a temperatura do fluxo é inferior a T R;
Entalpia de processos (formação de soluções, dissoluções) e/ou reações exotérmicas;
Outras fontes de energia (elétrica, por exemplo)

SAÍDA:
“Calor contido” nos fluxos saintes, se a temperatura do fluxo é superior a T R;
“Calor contido” nos fluxos entrantes, se a temperatura do fluxo é inferior a T R;
Reações e/ou processos endotérmicos;
Perdas;
Outras formas de retirada de energia, todas as contribuições em módulo.

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Exercício:
1) Ao queimar-se 1 mol de Carbono (graf; 500o C; 1 atm) com oxigênio puro (600o C; 1
atm), formou-se 0,5 mol de CO(g) e 0,5 mol de CO2(g) na temperatura de 2000o C e 1 atm.
Calcule as possíveis perdas térmicas do processo.

Dados:    
N C . H o C ,T1  H o C ,TR  N O2 . H o O2 ,T2  H o O2 ,TR 

H f (CO,g)298K = - 110,52 kJ.mol


o -1    
 Q  N CO2 . H o CO2 ,T3  H o CO2 ,TR  N CO . H o CO ,T4  H o CO ,TR 
 N CO2 .H o f (CO2 , TR )  N CO .H o f (CO, TR )
Hof (CO2,g)298K = - 393,51 kJ.mol-1

 Dados de Cp,m em J.mol-1.K-1

 Cp,m (C,s-graf) = 17,14 + 4,26.10-3.T – 8,78.105.T -2

Cp,m (CO,g) = 28,38 + 4,1.10-3.T – 0,46.105.T -2

Cp,m (O2,g) = 29,93 + 4,18.10-3.T – 1,67. 105.T -2

Cp,m (CO2,g) = 44,1 + 9,03.10-3.T – 8,53. 105.T -2 10


2) Em um experimento de redução aluminotérmica, reagiu-se 160 g de Fe 2O3(s) (puro) com Al(s) (puro) em quantidades
estequiométricas. Estes materiais estavam na forma de pó e no início da reação se encontravam na temperatura ambiente e
pressão de 1 atm. Considerando que a reação ocorra completamente, sob pressão constante de 1 atm, formando Fe e Al 2O3

puros, determine o estado final do sistema (ex. Fe(s)+Al2O3(s); Fe(l)+Al2O3(s); Fe(l)+Al2O3(l)) e a temperatura final,
considerando 20% de perda da energia liberada na reação. A energia fornecida ao sistema para dar ignição à mistura é
considerada desprezível. Os valores de Cp são considerados constantes para simplificação dos cálculos. Dados:

Hof,298 (Al2O3,s ) = - 1675 kJ.mol-1

Hof,298 (Fe2O3,s) = - 825 kJ.mol-1

Cp (Fe-, Fe-, Fe-) = 38 J.mol-1.K-1

Cp (Fe-líquido) = 46 J.mol-1.K-1.

Cp (Al2O3-sólido) = 125 J.mol-1.K-1.

Cp (Al2O3-líquido) = 192 J.mol-1.K-1.

Htransformação (Fe- => Fe-) = 1087 J.mol-1

Htransformação (Fe- => Fe-) = 1017 J.mol-1

Htransformação (Fe- => líquido) = 13980 J.mol-1

Htransformação (Al2O3(s)=>Al2O3(l))) = 112000 J.mol-1

Ttransformação (Fe-=>Fe-) = 912oC

Ttransformação (Fe- => Fe-) = 1394oC


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o

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