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ESCRITORAS

PIAUIENSES
 A aceitabilidade das mulheres nas escolas foi algo tardio
 A mentalidade que vigorou por muito tempo foi que a principal função da
mulher era de casar e ter filhos
 “É visível o motivo de tamanha vigilância sobre os corpos das moças e de a
instrução ser algo secundário, quando feita deveria ser por alguém confiável,
pois a prioridade eram suas honras, pautadas na virgindade e no silêncio,
porque então se compreendia que seus corpos não eram dignos da escola ou da
publicidade, mas como a “moeda de troca” na manutenção do interesse de seus
pais, das finanças de seus maridos, da influência de seus amigos e da herança
dos filhos” (MENDES, p,8 2018).
 Somente em 1827 as meninas foram aceitas nas escolas
 Virginia Woolf
 Simone de Beauvoir

 Principais temáticas:
  Luta pela igualdade
  Critica ao patriarcalismo
  Critica a limitação imposta a mulher
ALVINA FERNANDES
GAMEIRO (1917-1999)
A escrita que conquistou a crítica literária;
A autora navega entre uma linguagem rebuscada e
simples;
Um olhar cuidadoso sobre o sertão.
OBRAS
15 contos que o destino escreveu (1970);
A Vela e o temporal (1957);
Chico Vaqueiro no meu Piauí (1971);
Contos do sertão do Piauí (1988),
Curral de serras (1980);
O Vale das Açucenas (1963);
Orfeão de sonhos (1967).
SONETO
Para escrever um verso eu pretendi contente
Gravá-lo com ardor, imprimindo matiz;
Mas da cástalia fonte eu me tornei descrente
E Homero ficou surdo às queixas que lhe fiz.

Ao fitar, no entanto, o teu olhar ardente,


Num misto de prazer e de emoções sutis,
Tive a mesma impressão calórico fremente
Que teve Dante em vendo a linda Beatriz.
E, lembrando de ti, quis dar rima a meu verso,
Vislumbrando surpreso o teu sorriso cambiante
Repleto de magia e de volúpia imerso.

E que poder que tens! Santo Deus, quem resisti?!...


....Dai-me o Dom da poesia, a fim de que lhe cante
A beleza que, enfim, nos seus olhos existe!
CHICO VAQUEIRO DO MEU
PIAUÍ
O Vaqueiro de pé, tem ares de um vigia,
erguido no terreiro, amarrado à magia,
de um sonho fascinante, eivado de poesia…
Em palor o clarão da tarde se resume;
já começa a dançar no espaço o vaga-lume;
as estrelas no céu acenderam seu lume
até que o dia surja entre os braços da aurora.
Diáfana beleza empolga o campo a fora
e o concerto do vento está parando agora.
A noite vai tomando o coração da mata;
a gentil açucena em néctar se desata.
Apenas, no silêncio, há notas de sonata,
que os sapos, em mil sons, rouquejam sem parar,
pois têm cada vivente em meio de saudar,
mostrando aos corações um jeito de agradar…
AMÉLIA
CAROLINA DE
FREITAS
BEVILÁQUA
VIDA E OBRA

Amélia Carolina de Freitas


Beviláqua nasceu na fazenda
Formosa, em Jerumenha, no
Piauí, no dia 07 de Agosto de
1860, filha do Desembargador
José Manuel de Freitas de D.
Teresa Carolina de Freitas.
Amélia teve nove irmãos.
VIDA E OBRA
 Em 1889, publicou trabalhos em jornais de Recife e na Revista do Brasil de São
Paulo. Atuou, também, como redatora oficial da revista Lyrio, de Recife, em 1902.
 Obras publicadas:
 ROMANCES: Através da vida (1906); Silhouettes (1906); Vesta (1908); Angústia
(1913); Açucena (1921); Jeannete (1933); Contra a sorte (1933).
 CONTOS: Alcione (1902); Milagre de Natal (1928); Flor do orfanato (1931).
 ENSAIOS: Aspectos (1905); Instrução e educação da infância (1906); Literatura
e direito (1907); Impressões (1929); A Academia Brasileira de Letras (1930);
Divagações sobre a consciência (1931); Alma universal (1935); Jornada pela
infância (1940) .
 TRADUÇÃO: Palavra de um Solitário, de Luis de Robert, tradução de Amélia
Beviláqua; Palestra literária (1937).
VIDA E OBRA
 O Piauí, na época em que Amélia nasceu, caracterizava-se pelas grandes
fazendas de criação de gado, situadas no centro e no sul do Estado.
 Quando solteira, morou na cidade, na época em que seu pai exerceu os cargos
de Juiz e de Governador Interino. Por pouco tempo, depois de casada, residiu
nessa cidade, quando Clóvis Beviláqua pertencia a equipe de seu governo do
General Taumaturgo de Azevedo, primeiro presidente do Piauí.
Foi sob a Influência do
marido, Clóvis Beviláqua,
e do irmão, João Alfredo
de Freitas, que Amélia
Beviláqua “tomou grande
paixão pelas Letras”.
 Em O Lyrio, foram publicados poemas, contos crônicas, critica literária das
principais escritoras nordestinas e de algumas do Rio de Janeiro, além de
traduções de poemas, na maioria de poetas franceses, e algumas fotos de
mulheres atuantes na literatura ou na ciência.
 O Lyrio apresentava um perfil pluralista – característica observada em suas
páginas.
 Autora de uma obra volumosa, Amélia Beviláqua foi crítica literária, cronista,
ensaísta, romancista, poetisa e contista.
À MARGEM DO GURGUÉIA
No seu queixoso e brando murmúrio, E rio desce e corre velozmente,
Caudaloso e veloz – das cabeceiras Espumando, feroz, vermelho e quente,
Até a barra – vem descendo o rio Tudo após si deixando desolado!
Em correntezas, límpidas, ligeiras! E eu, a quem tua ausência mais crucia,
Como o rio conduzo, noite e dia,
Que profundo rumor de cachoeiras! O coração de mágoas inundado!
Águas cantando em meigo desafio
Lembram canções de alegres ceifadeiras
Nas noites outonais de ameno estio!
ENXERTO DE ANGÚSTIA
“O antigo smart, criador de tantos sonhos, o insubmisso antifeminista, não
tinha mais rebeldias.
Tudo estava morto. Cada vez mais abatido, os olhos mais fundos, cercados
de olheiras, refletindo uma palidez doentia, todo o semblante ensombrado de
tristeza, andava num verdadeiro combate com os acontecimentos de sua vida.
Apenas rompia a aurora, se preparava para sair. Não se reunia a pessoa
alguma, caminhava por toda a cidade, horas inteiras, procurando no exercício
forçado, algum alento para esquecer os rigores, com que tratava a mulher.”
JUDITH ALVES SANTANA
(1924-1988)
 Historiadora, Poetisa, Cronista e comerciária.
 Obras: Salmos do meu destino, O Padre Freitas de Piripiri,
História Alegre de Nossa Gente.
 Suas poesias e crônicas não foram reunidas.
 Pertenceu à Academia Parnaibana de Letras e à do Vale do
Longá
 A autora buscou a compreensão da vida, mas humildemente,
sequiosa de ternura e de liberdade. Usa o conto a modo de dar
ao próximo a noção profunda de espiritualidade, em ânsias de
perfeição com que burila as rimas de poemas admiráveis. (A.
Tito Filho)
 Todo o amor dessa suave poetisa, criatura de Deus, por isso, procura espalhar o bem,
parece transferir-se, sublimada e simbólico, para o amor à humanidade. Dir-se-ia, da
forma que disse de Gabriela Mistral, que ninguém lê os versos de Judith Santana sem que
lhe queira bem, retribuindo-lhe a fé nos destinos do homem e na imensa compaixão de
Cristo.
LUIZA AMELIA DE QUEIROZ
 A princesa da poesia romântica do Piaui
 Nascida em Piracuruca-Pi em 26 de Dezembro de 1838
 Luiza Amélia de Queiros Brandão, é considerada a primeira poetisa piauiense. recebera
apenas conhecimentos básicos, ampliando “suas perspectivas intelectuais, graças a
esforço próprio”.
 Durante vida publicou poemas em jornais e revistas, sendo um deles o Almanaque de
Lembranças Luso- Brasileiro. No primeiro aniversario de sua morte, “a poetisa foi
homenageada com edição única do jornal Poliantéia”.
 Patrona da cadeira 28 da Academia Piauiense de Letras, da Academia Parnaibana de
Letras e da Academia de Letras da Região de Sete Cidades; de acordo com Ponte “a
contemporaneidade desconhece a obra de Luiza Amélia”.

Luiza Amélia publicou dois livros ainda viva, estudiosos afirmam que é um feito notável
devido a mulher ter varias restrições na sociedade do século XIX. Seus poemas são de
estilo romântico, tem elementos como, nacionalismo e patriotismo, religiosidade,
subjetividade e sentido passional. Porém trazem expressões de anseios femininos,
abordando os limites da mulher na sociedade oitocentista e suas angustias. Eis um trecho
dos poemas que ela retrata isso:

A Mulher
A mulher que toma a pena
Para em lira a transformar,
É, para os falsos sectários,
Um crime que os faz pasmar!
Transgride as leis da virtude [...]
 Seus poemas, segundo estudiosos, têm influencia de diversos autores. Desde Clodoaldo
Freitas até Casimiro de Abreu, neles são encontrados discursos das futuras militâncias
feministas. Manifestos sobre o preconceito que essas sofriam na sociedade patriarcal, o
pequeno trecho do poema citado, ilustra bem essas inquietações. Em um de seus poemas
ela a descreve fisicamente:

“ D'estrutura elegante,porte airoso


E a tez levemente amorenada.
A boca não pequena e narcada,
O olhar meigo, triste e langoroso.
O cabelo corrido mas lustroso.
Moldan a face descorada;
O nariz regular, fronte elevedada
Promete um gênio grandioso.”
REFERÊNCIAS
BRITO Augusto, Luiza, uma poetiza..., disponível emhttp://www.piracuruca.com/colunatexto.asp?codigo
_=224&codigo_1=O%20Memorista. Visitado em 25/12/2012.

MENDES, Ailton Vasconcelos. Luiza Amélia de Queiroz. In: MENDES, Algemira de Macêdo. ROCHA,
Olivia Candeia Lima. Antologia de Escritoras Piauienses (Século XIX à Contemporaneidade). Teresina:
Fundação Cultural do Piauí-FUNDAC/Fundação de Apoio Cultural do Piauí-FUNDAPI,2009,p.50-78.

PONTE, Ailton Vasconcelos. Luíza Amélia de Queiroz, Parnaíba, Jornal Norte do Piauí,04 a 10 de Abril
de 2003.

PONTES, Maria do Rosário. A Arvore: Um Arquétipo da verticalidade(contributo para um estudo


simbólico da vegetação). Revista da Faculdade de Letras,Línguas e Literaturas,Porto,54,1998.p 197-219.
SILVA, Erika Ruth Melo da; MENDES, Algemira de Macedo. O lugar da autoria feminina piauiense e
o construto na história da literatura: algumas considerações. São Luiz, 2018.

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