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Filmagem

audiovisual
Natanael R Souza

Projeto Criar Tv
2020
Linguagem audiovisual
A linguagem audiovisual é composta por outras três
linguagens - verbal, sonora e visual - que, conjugadas,
transmitem uma mensagem específica. A leitura dessa
linguagem pressupõe o conhecimento dos seus elementos,
seus códigos e processo de construção.
Semiótica
Esta área está relacionada aos estudos dos signos, ou seja,
consistem em todos elementos que representam algum
significado e sentido para o ser humano, inclusive as
linguagens verbais e não-verbais.
Noções de Enquadramentos
A noção de enquadramento é a mais importante da linguagem
cinematográfica. Enquadrar é decidir o que faz parte do filme em
cada momento de sua realização. Enquadrar também é determinar o
modo como o espectador perceberá o mundo que está sendo criado
pelo filme. Quem enquadra bem, com senso narrativo e estético,
escolhendo acertadamente como as coisas e as pessoas são
filmadas em cada plano do filme, tem meio caminho andado para
contar uma boa história com o cinema. Quem não sabe enquadrar
está desperdiçando uma ferramenta fundamental da linguagem do
seu filme e deveria procurar outra coisa pra fazer na vida.
O enquadramento depende de três elementos: o plano, a altura do
ângulo e o lado do ângulo. Esse “plano” que aparece agora não é
aquele mesmo “plano” de que falamos há pouco (tudo que está entre
dois cortes). Plano é uma das palavras mais comuns e mais
escorregadias do cinema. Além de ser uma noção da estrutura do filme,
ele também é o principal componente do enquadramento. Basicamente,
poderíamos dizer que escolher o plano é determinar qual é distância
entre a câmera e o objeto que está sendo filmado, levando em
consideração o tipo de lente que está sendo usado.
No começo do cinema, os americanos criaram três tipos básicos de planos, que ainda hoje resolvem,
embora de modo tosco, a maioria dos nossos problemas de enquadramento. Para simplificar, vamos
considerar que a câmera está utilizando uma objetiva normal, que “vê” as coisas do mesmo modo que
um olho humano (ângulo visual de mais ou menos 90%).

(a) PLANO ABERTO


(“LONG SHOT”) – a
câmera está distante do
objeto, de modo que ele
ocupa uma parte pequena
do cenário. É um plano de
AMBIENTAÇÃO.
(b) PLANO MÉDIO (“MEDIUM
SHOT”) – a câmera está a uma
distância média do objeto, de
modo que ele ocupa uma parte
considerável do ambiente, mas
ainda tem espaço à sua volta. É
um plano de
POSICIONAMENTO e
MOVIMENTAÇÃO.
(c) PLANO FECHADO
(“CLOSE-UP) – a câmera
está bem próxima do
objeto, de modo que ele
ocupa quase todo o
cenário, sem deixar
grandes espaços à sua
volta. É um plano de
INTIMIDADE e
EXPRESSÃO.
Quem determina, quais planos usar?
Determinar qual é o plano (noção principal de enquadramento) em cada plano
(noção de estrutura do filme) que será rodado é responsabilidade do diretor, que
normalmente ouve o diretor de fotografia. Os dois têm que falar a mesma
linguagem. Se eles se entenderem bem com esses três conceitos (“aberto”,
“médio” e “fechado”) nada mais é necessário. Ajustes finos podem ser feitos com
variantes (“um pouco mais aberto”, “um pouco mais fechado”, etc.).
(a) PLANO GERAL (PG)
– Com um ângulo visual
bem aberto, a câmera
revela o cenário à sua
frente. A figura humana
ocupa espaço muito
reduzido na tela. Plano
para exteriores ou
interiores de grandes
proporções. Também
chamado, na intimidade,
de “Geralzão”.
(b) PLANO DE
CONJUNTO (PC) – Com
um ângulo visual aberto, a
câmera revela uma parte
significativa do cenário à
sua frente. A figura
humana ocupa um espaço
relativamente maior na
tela. É possível reconhecer
os rostos das pessoas
mais próximas à câmera.
Também poderíamos
chamá-lo de “Geralzinho”.
(c) PLANO MÉDIO (PM)
– A figura humana é
enquadrada por inteiro,
com um pouco de “ar”
sobre a cabeça e um
pouco de “chão” sob os
pés.
(d) PLANO
AMERICANO (PA) – A
figura humana é
enquadrada do joelho
para cima.
(e) MEIO PRIMEIRO
PLANO (MPP) – A figura
humana é enquadrada
da cintura para cima.
(f) PRIMEIRO PLANO
(PP) – A figura humana
é enquadrada do peito
para cima. Também
chamado de “CLOSE-
UP, ou “CLOSE”.
(g) PRIMEIRÍSSIMO
PLANO (PPP) – A
figura humana é
enquadrada dos
ombros para cima.
Também chamado de
“BIG CLOSE-UP” ou
“BIG-CLOSE”.
(h) PLANO DETALHE
(PD) – A câmera
enquadra uma parte do
rosto ou do corpo (um
olho, uma mão, um pé,
etc.). Também usado
para objetos pequenos,
como uma caneta sobre
a mesa, um copo, uma
caixa de fósforos, etc.
Altura do ângulo
Os outros dois componentes do enquadramento dependem do ângulo que a
câmera está em relação ao objeto filmado.Em relação à ALTURA DO ÂNGULO,
são três posições fundamentais:
(a) ÂNGULO
NORMAL – quando
ela está no nível dos
olhos da pessoa que
está sendo filmada.
(b) PLONGÉE (palavra
francesa que significa
“mergulho”) – quando a
câmera está acima do
nível dos olhos, voltada
para baixo. Também
chamada de “câmera
alta”.
(c) CONTRA-
PLONGÉE (com o
sentido de “contra-
mergulho”) – quando a
câmera está abaixo do
nível dos olhos, voltada
para cima. Também
chamada de “câmera
baixa”.
Há uma possível confusão com um outro tipo de enquadramento,
quando a câmera está numa posição inferior, mas seu ângulo é
normal (não está virada para cima). Nesse caso, que poderíamos
chamar de “ponto de vista de uma barata”, não se trata de um
contra-plongée.

É claro que o conceito não serve só para filmar pessoas. Você pode
enquadrar um carro, um navio, ou uma casa, em ângulo normal,
plongée, ou em contra-plongée.
Lado do Ângulo
(a) FRONTAL – a câmera está em linha reta com o nariz da pessoa filmada.

(b) 3/4 – a câmera forma um ângulo de aproximadamente 45 graus com o nariz da pessoa filmada. Essa
posição pode ser realizada com muitas variantes.

(c) PERFIL – a câmera forma um ângulo de aproximadamente 90 graus com o nariz da pessoa filmada.
O perfil pode ser feito à esquerda ou à direita.

(d) DE NUCA – a câmera está em linha reta com a nuca da pessoa filmada. É um dos ângulos preferidos
do cineasta Gus Van Sant, usado até à exaustão em “Elefante” (2003).
(a) FRONTAL (c) PERFIL – a
– a câmera câmera forma
está em linha um ângulo de
reta com o aproximadamen
nariz da te 90 graus com
pessoa o nariz da
filmada. pessoa filmada.
O perfil pode
ser feito à
esquerda ou à
direita.

(d) DE NUCA – a
(b) 3/4 – a câmera câmera está em
forma um ângulo de linha reta com a
aproximadamente 45 nuca da pessoa
graus com o nariz da filmada. É um dos
pessoa filmada. Essa ângulos preferidos
posição pode ser do cineasta Gus
realizada com muitas Van Sant, usado
variantes. até à exaustão em
“Elefante” (2003).
E agora o que eu faço com tudo
isso ??
A combinação do PLANO, da ALTURA DO ÂNGULO e do LADO DO ÂNGULO
determinará o seu enquadramento. Vamos dar alguns exemplos completos:
Plano americano, contra plongée,
quase perfil
Meio primeiro plano, contra plongée,
3/4
Primeiro plano, contra plongée, 3/4
Primeiríssimo plano, plongée, perfil
Meio primeiro plano, plongée, perfil
Primeiríssimo plano, normal, 3/4
Uma outra noção importante é o EXTRA-QUADRO, aquilo que não
está sendo mostrado pela câmera, mas que pode ser imaginado
pelo espectador, ou registrado pelo som. Dizemos que alguém ou
alguma coisa está FORA DE QUADRO (FQ), ou OFF, quando não
está visível naquele enquadramento, mas faz parte da história. Em
livros sobre linguagem de cinema, as expressões FORA DE
QUADRO e OFF assumem significados distintos,
Movimentos no quadro, da
câmera e da objetiva
(a) Movimentos dentro do quadro – com a câmera parada, pessoas e objetos mudam de posição,
tanto lateralmente quanto afastando-se ou aproximando-se da câmera (ou numa combinação dessas
duas possibilidades).

É comum que uma pessoa não esteja dentro do quadro quando a câmera é ligada e entre depois, ou
que saia do quadro durante a tomada. Nós chamamos esses movimentos com os singelos termos
ENTRAR EM QUADRO (pela direita, ou pela esquerda) e SAIR DE QUADRO (pela direita, ou pela
esquerda). Também é comum que alguém se aproxime da câmera, “aumentando de tamanho”, ou se
afaste, “diminuindo de tamanho”. Você pode simplesmente dizer AFASTAR-SE DA CÂMERA, ou
APROXIMAR-SE DA CÂMERA, ou, se quiser impressionar alguém da equipe com seus
conhecimentos de inglês, usar os termos TAIL-AWAY (alguém ou alguma coisa afasta-se da câmera)
e HEAD-ON (alguém ou alguma coisa vem de encontro à câmera).
(b) Movimentos da câmera – quando a câmera movimenta-se (e ela pode fazer isso de
várias maneiras diferentes), você muda o enquadramento (que fica mais aberto, mais
fechado, ou se desloca lateralmente).

Na PANORÂMICA (ou PAN), a câmera movimenta-se sobre seu eixo, para cima, para
baixo, para a direita, para a esquerda, ou obliquamente. Alguns livros preferem chamar
de panorâmica apenas quando o movimento é no eixo horizontal, e TILT quando é no
vertical.

No TRAVELLING (ou TRAV), a câmera “viaja”, isto é, desloca-se, na mão do operador,


sobre um carrinho, sobre uma grua, em qualquer direção.

(c) Movimentos de objetiva – usando uma lente do tipo ZOOM, você modifica o ângulo
visual durante a tomada. Quando “aproxima” a imagem temos o ZOOM-IN, quando
“afasta”, o ZOOM-OUT.
Níveis de linguagem
cinematográficas
(a) a CÂMERA OBJETIVA simplesmente mostra o que acontece na sua frente, sem identificar-se com
qualquer personagem em particular. É, a grosso modo, o equivalente a você escrever em “terceira
pessoa”: “Clarissa aproxima-se do pobre rapaz e dá-lhe um beijo inesquecível”. Temos dois
personagens, e a cena é vista por um narrador que está fora da ação. No cinema, esse narrador é a
câmera, que, numa posição neutra, mostra a aproximação de Clarissa e o beijo.

(b) a CÂMERA SUBJETIVA assume um dos personagens, passando a comportar-se segundo seu ponto
e vista e seus movimentos. É o equivalente a você escrever: “Eu me aproximo do pobre rapaz e dou-lhe
um beijo inesquecível”. Temos dois personagens, mas agora a câmera passa a funcionar como se
estivesse “dentro da cabeça” de Clarissa e observasse o mundo com seus olhos.
(1) PM – um HOMEM e uma MULHER LOURA, de perfil, olham um para o outro.
É um plano de câmera objetiva, usado para posicionar os personagens.
(2) PP – A Mulher Loura caminha olhando para o Homem. Travelling para trás.
Mais um plano de câmera objetiva.
(3) MPP – a Mulher Loura entra em quadro pela direita e coloca a mão no ombro
do Homem. Câmera objetiva.
(4) PP – uma MULHER MORENA observa os dois, que estão em primeiro plano,
fora de foco. Contra-plongée. Sem dúvida, câmera objetiva. Funciona como
DETERMINANTE do próximo plano e, quem sabe, também do anterior.
(5) MPP (mais fechado que o 4) – Homem e Mulher Loura estão ainda mais
próximos. Plongée. É um PV (Ponto de vista) da Mulher Morena. É câmera
subjetiva.
(6) PP – do casal. Contra-plongée. Mulher Morena está ao fundo, em P). O beijo
vai acontecer. É novamente câmera objetiva.
Corte, Montagem, pontuação,
continuidade.
(a) CORTE – o plano “A” é imediatamente sucedido pelo plano “B”;

(b) FADE-OUT e FADE-IN – no final de um plano, a imagem escurece (FADE-OUT). Ou,


no começo de um plano, a imagem surge do negro (FADE-IN);

(c) FUSÃO – o plano “A” é sucedido pelo plano “B” de forma gradual;

(d) OUTROS EFEITOS – Os planos “A” e “B” sucedem-se através da manipulação de


luz, de cenários ou, muito mais comum, por efeitos computadorizados na ilha de edição.
Quando corta, o montador está organizando e dando ritmo ao filme.
Além disso, ele deve tomar cuidado com a CONTINUIDADE, isto é,
a sensação que o espectador tem de que a história segue em
frente “naturalmente”, sem dar pulos incômodos ou que
desorientam a narrativa. É claro que você pode querer exatamente
isso: incomodar e desorientar o espectador. De qualquer maneira, é
melhor fazer isso conscientemente e preparar-se para as reações
do público (e elas virão, pode ter certeza…).
três relações de cortes mais
comuns da continuidade.

(a) CUT-IN – sempre que o plano “B”, em enquadramento mais fechado, mostra parte do
quadro do plano “A”. É preciso muito cuidado com a continuidade.
(b) PULL-BACK – sempre que o plano “B”, em enquadramento mais aberto, mostra o
que o plano “A” já mostrara. Também é preciso cuidado com a continuidade.
(c) CUT-AWAY – quando o plano “B” leva a uma imagem que não pertence nem está
contida no plano “A”. Não há continuidade direta. Relaxe.
Equipamentos
● Uma câmera para gravar as imagens;
● Microfones para captar o áudio do seu vídeo;
● Equipamentos de iluminação;
● Suportes para os equipamentos;
● Um computador com placa de captura;
● Um software de edição de vídeos;
● Lentes de foco fixo (como a famosa 50 mm);
● Lentes zoom;
● Olho de peixe;
● Grande angular.
Prática
audiovisual
Criação de set de filmagem
Roteiro, Scat ou doc em uma lauda.
Tirinhas usadas para scat e roteiro
Definição de Equipe

Decupagem
Pré produção

Produção

Des Produção

Pós Produção
Montagem Cenário

Ensaio / passagem
Gravação
Primeiro corte
Corte Final/
Créditos.

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